APLICAÇÃO_DA_LEI_PENAL_NO_ESPAÇO_-_MATERIAL_DE_APOIO

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05/07/2019
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Direito Penal
Parte Geral
Prof. Paulo Igor
Aplicação da Lei 
Penal no espaço
1) TERRITÓRIO BRASILEIRO
O território brasileiro é a SOMA entre o ESPAÇO FÍSICO (geográfico) e o ESPAÇO JURÍDICO
(físico por equiparação, por ficção, por extensão ou território flutuante).
ESPAÇO FÍSICO
O espaço físico brasileiro é constituído pelo espaço terrestre, marítimo e aéreo sujeito à
soberania do Estado Brasileiro.
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ESPAÇO FÍSICO BRASILEIRO
ESPAÇO TERRESTRE ESPAÇO MARÍTIMO ESPAÇO AÉREO
É composto pelo
solo e seu
respectivo subsolo,
e pelos rios, lagos e
ilhas.
É composto pelo mar territorial,
assim definido como a faixa de 12
milhas marítimas de largura que
corre ao longo de toda a costa
Brasileira, medidas a partir da
baixa-mar do litoral continental e
insular brasileiro.
É o espaço aéreo
sobre os espaços
terrestre e marítimo.
ESPAÇO JURÍDICO
O art. 5º, §§ 1º e 2º do CP, enunciam os locais que devem ser considerados extensão do
território nacional:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
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§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
EMBARCAÇÕES E AERONAVES
BRASILEIRAS ESTRANGEIRAS
PÚBLICAS OU A 
SERVIÇO DO BRASIL
PRIVADAS
PÚBLICAS OU A 
SERVIÇO DO PAÍS 
DE ORIGEM
PRIVADAS
Serão consideradas 
território brasileiro 
onde quer que se 
encontrem!
Só serão território 
brasileiro se estiverem 
em alto-mar ou no 
espaço aéreo 
correspondente!
NUNCA serão 
território brasileiro!
Somente serão 
consideradas território 
brasileiro se estiverem 
em voo ou pouso em 
território nacional 
(aeronaves), ou 
navegando ou 
atracadas 
(embarcações) em mar 
territorial brasileiro.
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2) PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE:
Definido o que se considera território nacional brasileiro, deveremos agora determinar
qual a lei penal deve ser aplicada àqueles crimes cometidos nesse território. Nesse
sentido, diz o art. 5º do CP:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
REGRA: TERRITORIALIDADE (art. 5º do CP)
EXCEÇÕES:
INTRATERRITORIALIDADE:
EXTRATERRITORIALIDADE:
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2.1. Embaixadas estrangeiras em território nacional
Muito se questiona sobre a natureza jurídica do território pertencente às embaixadas.
# A embaixada estrangeira em território brasileiro é considerada extensão do território
que representa?
NÃO! O CP não faz nenhuma ressalva expressa nesse sentido, logo, se a EMBAIXADA DE
QUALQUER PAÍS está DENTRO DO ESPAÇO FÍSICO BRASILEIRO, será considerada
TERRITÓRIO NACIONAL BRASILEIRO!
2.2. Direito de passagem inocente
De acordo com o direito de passagem inocente, sempre que um NAVIO estrangeiro de
propriedade privada estiver APENAS DE PASSAGEM pelo MAR TERRITORIAL BRASILEIRO,
sem nenhuma intenção de aí atracar, NÃO DEVE SER APLICADA A LEI PENAL BRASILEIRA
aos crimes praticados a bordo desse navio.
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3) LOCAL DO CRIME
Inicialmente definimos o que constitui território brasileiro, em seguida qual a lei que
deve ser aplicada aos crimes nele cometidos, agora precisamos definir quando se
considera praticado o delito no território brasileiro.
João, situado em Brasília-DF, com a intenção de matar o seu desafeto José, que se
encontra em Portugal, prepara uma carta bomba e a remete a José, que ao abrir a
correspondência vem a óbito na hora em decorrência da explosão.
Nessa situação hipotética, temos um crime de homicídio, cuja conduta foi praticada no
Brasil e cujo resultado foi obtido no exterior (Portugal).
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# Podemos dizer que esse delito de homicídio praticado por João ocorreu no Brasil?
Teoria da atividade: Considera praticado o crime no local da conduta (ação ou omissão
delituosa).
Teoria do resultado: Considera praticado o crime no local do resultado do crime.
Teoria da ubiquidade: Considera praticado o crime no local da conduta ou no local do
resultado.
O Brasil adota a teoria da ubiquidade em relação à aplicação da lei penal no espaço.
Veja o art. 6º do CP:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Ou seja, considera-se praticado o crime em território brasileiro sempre que a conduta ou
resultado delituoso tenha ocorrido, ao menos em parte, em território nacional.
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ATENÇÃO!
A teoria da ubiquidade é utilizada para definir se podemos afirmar que o crime foi
praticado em território brasileiro diante de uma situação que envolva dois países
diferentes.
Caso estejamos diante de crime praticado em território brasileiro cuja ocorrência tenha
envolvido duas comarcas distintas, a regra para definição do juízo competente será
definida pela teoria do resultado, nos termos do art. 70 do CPP:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
4) EXTRATERITORIALIDADE
Quando a infração penal ocorre no território brasileiro, concluímos que, em regra, será
aplicada a Lei Brasileira e, excepcionalmente, será aplicada uma lei estrangeira
(intraterritorialidade).
E se a infração penal foi praticada fora do território nacional brasileiro, existe a
possibilidade de aplicação da Lei Brasileira em alguma hipótese?
SIM! São os casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira, que no código penal
estão previstos no art. 7º.
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4.1) Princípios justificadores da aplicação da lei penal brasileira a crimes praticados no
estrangeiro
Quando o crime ocorre em território nacional aplicamos a lei penal brasileira por essa
razão, e por isso justificamos essa aplicação com base no princípio da territorialidade.
Todavia, aos crimes praticados fora do território brasileiro não faz sentido utilizar o
princípio da territorialidade como justificativa.
Por essa razão, surge a necessidade de aplicação de outros princípios atinentes à lei
penal no espaço. Haverá outras justificativas para aplicar a lei penal brasileira aos crimes
praticados fora do nosso território.
a) Princípio da defesa ou real ou da proteção
Aplica-se a lei brasileira quando o bem jurídico lesado (ou colocado em perigo) for
brasileiro.
Exemplo: Se um argentino mata um brasileiro, estando ambos na Holanda, de acordo
com o princípio da defesa ou real, será aplicada a lei brasileira. Isso porque essa será a lei
do local da nacionalidade do bem jurídico atacado (vida: brasileira)!
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b) Princípio da personalidade ou nacionalidade ativa
Aplica-se a lei brasileira quando o sujeito ativo for brasileiro.
Exemplo: Se um brasileiro mata um argentino, estando ambos na Holanda, de acordo
com o princípio da nacionalidade ou personalidade ativa, será aplicada a lei brasileira.
Isso porque essa será a lei do local da nacionalidade do sujeito ativo (autor do delito:
brasileiro)!
c) Princípio da personalidade ou nacionalidade passiva
Aplica-se a lei brasileira quando o sujeito passivo for brasileiro.
Exemplo: Se um argentino mata um brasileiro, estando ambos na Holanda, de acordo
com o princípio da nacionalidade ou personalidade passiva, será aplicada a lei brasileira.
Isso porque essa será a lei do local da nacionalidade do sujeito passivo (vítima do delito:
brasileiro)!
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d) Princípio da representação (do pavilhão, dabandeira, da substituição)
Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações
privadas brasileiras, quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Exemplo: João, cidadão brasileiro, a bordo de um navio privado matriculado no Brasil
ancorado na Alemanha, pratica o delito de homicídio contra Carlito Tevez, cidadão
argentino. As autoridades alemãs não conseguiram impedir o regresso de João ao Brasil.
Nesse caso, segundo o princípio da representação, aplica-se a lei penal brasileira a João.
e) Princípio da justiça universal ou justiça cosmopolita
Aplicar-se-á a lei penal brasileira quando for encontrado em território brasileiro o autor
de delito previsto em tratado internacional que o Brasil tenha se comprometido a
reprimir de maneira uniforme por meio de tratados internacionais.
Exemplo: Jamaicano que tenha praticado o delito de tráfico de drogas na Guatemala e
tenha sido encontrado no Brasil, receberá os rigores da Lei penal brasileira.
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EXTRATERRITORIALIDADE
OBSERVAÇÃO: A extraterritorialidade da lei penal brasileira somente tem aplicação aos CRIMES
praticados fora do nosso território, sendo inaplicável às contravenções penais.
INCONDICIONADA CONDICIONADA HIPERCONDICIONADA
A lei penal brasileira será aplicada
aos fatos praticados no
estrangeiro ainda que o agente já
tenha sido absolvido ou
condenado no estrangeiro.
(art. 7º, I c/c §1º do CP).
A aplicação da lei penal
brasileira aos fatos praticados
no estrangeiro dependerão do
concurso de algumas
condições imprescindíveis.
(art. 7º, II c/c §2º do CP).
A aplicação da lei penal brasileira
aos fatos praticados no
estrangeiro dependerão do
concurso de algumas condições
imprescindíveis.
(art. 7º, §3º do CP).
EXTRATERITORIALIDADE INCONDICIONADA:
São as hipóteses previstas no art. 7º, I, do CP. Será alcançado pela lei brasileira o agente que 
cometer crime:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
ATENÇÃO:
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, 
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
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Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA:
São as hipóteses previstas no art. 7º, II, do CP. Será alcançado pela lei brasileira o agente que
cometer um crime:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
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As CONDIÇÕES para que a lei se aplique aos delitos previstos na extraterritorialidade
condicionada da lei penal são previstas no art. 7º, §2º, do CP. São elas:
I) entrar o agente no território nacional;
ATENÇÃO: Trata-se de condição de procedibilidade da ação penal.
II) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
III) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
OBSERVAÇÃO: Os requisitos para autorização da extradição estão previstos no art. 82, da
Lei 13.445/17 (Lei de migração). Dentre outros requisitos, os crimes devem ser punidos
com pena de prisão igual ou superior a 2 anos.
IV) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
V) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
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EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA:
É a hipótese prevista no art. 7º, §3º, do CP. Será alcançado pela lei brasileira o agente
estrangeiro que cometer um crime contra brasileiro fora do território brasileiro, desde que:
Cumpra todos os requisitos do art. 7º, II, do CP (requisitos da extraterritorialidade
condicionada);
Não tenha sido pedida ou tenha sido negada a sua extradição;
Haja requisição do Ministro da Justiça;