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Estudo da cidade de Feliz

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I Fórum Microrregional de Gestão Ambiental – Município de Feliz
Tema: Regularização Fundiária e Ambiental em Áreas de Preservação Permanente
Palestrante: Adalberto Bairros Kruel, advogado e procurador do Município de Feliz, OAB/RS 85.064.
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus de Santo Ângelo/RS; pós-graduado em Direito Administrativo pela Universidade Anhanguera.
E-mail: akruel@feliz.rs.gov.br
Considerações iniciais acerca do Direito Ambiental
 
 
De acordo com a resolução Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA n.º 306:2002: “Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
 
Constituição da República promulgada em 1988. Constituição Verde. Primeira Carta Constitucional a prever um Capítulo específico para o Meio Ambiente. Também conferiu maior atuação aos Municípios.
Da Constituição da República
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
 
Atenção:
O Município é ente fiscalizador e sujeito fiscalizado.
Princípios do Direito Ambiental
 
A palavra princípio significa o alicerce, a base ou o fundamento de alguma coisa. Na ideia de princípio está a acepção de início ou de ponto de partida.
 
Princípios destacados do Direito Ambiental no plano da regularização fundiária ambiental:
 
1) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público na Proteção do Meio Ambiente
2) Princípio da Prevenção
3) Princípio da precaução
4) Princípio do poluidor-pagador
5) Princípio da garantia do desenvolvimento econômico e social ecologicamente equilibrado
6) Princípio da prevalência da natureza (in dubio pro natura)
7) Princípio da função social e ambiental da propriedade
8) princípio da Proporcionalidade
Principais normas incidentes para fins de análise da atuação do Município na regularização fundiária em Área de Preservação Permanente:
 
1) Constituição da República
2) Lei Complementar n.º 140/2011
3) Lei n.º 6.938/1981
3) Lei n.º 10.257/2001 (Estatuto das Cidades)
4) Lei 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica)
5) Lei n.º 11.977/2009
6) Lei n.º 12.651/2012 (Código Florestal)
7) Lei Estadual n.º 11.520/2000 (Código Estadual de Meio Ambiente do RS)
8) Resolução CONSEMA/RS n.º 269/2012
9) Resolução CONSEMA/RS n.º 288/2014
10) Plano Diretor Participativo do Município de Feliz (Lei n.º 3.052, de 29/06/2015)
Novo regramento, a partir de 02/06/2017: Lei de Conversão da MP 759/2016 (pendente de sanção – em 31/05/2017)
Definição legal de APP pelo Novo Código Florestal (Lei n.º 12.651/2012 )
 
Art. 3o  Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Conforme art. 4º do Novo Código Florestal:
 
Da Delimitação das Áreas de Preservação Permanente
Art. 4o  Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:      (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro (http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-recursos-hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html)
Características da APP:
1) É uma área e não mais uma floresta;
2) Coberta ou não por vegetação nativa protegida;
3) De forma permanente;
4) Com funções ambientais específicas e diferenciadas;
5) A supressão indevida em APP obriga o proprietário da área, o possuidor ou o ocupante, a qualquer título, a recompor a vegetação, tratando-se de obrigação real transmitida aos sucessores.
As atuais áreas de preservação permanentes em zona urbana...
Seriam assim?
Ou assim?
Fonte: https://py3cvsclaudio.wordpress.com/tag/arroio-diluvio/.
Na Feliz é assim:
Conceito de regularização fundiária e evolução legislativa:
	Lei 11.977/09
	Plano Diretor Participativo do Município de Feliz
(art. 2.º, XIV)	MP 759/206
	Art. 46.  A regularização fundiária consiste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.  
(texto revogado pela MP 759/2016	XIV- Regularização fundiária: consiste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos, moradias e atividades irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; 	Art. 8º  Ficam instituídas normas gerais e procedimentos aplicáveis, no território nacional, à Regularização Fundiária Urbana - Reurb, a qual abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de núcleos urbanos informais. 
A Regularização Fundiária já disciplinada na Lei Federal n.º 11.977/2009 é incentivada pelo próprio Ministério Público do Rio Grande do Sul:
  
A regularização fundiária integra o conteúdo da ordem urbanística, que é um direito difuso, nos termos do que dispõe o Estatuto da Cidade.
Dito de outra forma, atuar em regularização fundiária não é uma possibilidade para os governos municipais, mas uma necessidade, um poder-dever decorrente da ordem jurídica que coloca este tema entre as políticas públicas de competência municipal. (grifou-se)
Disponível em: <http://www.urbanismo.mppr.mp.br/arquivos/File/MPRScartilha_regularizacao_fundiria.pdf >Acesso em: 31de maio 2016.
Conforme a Cartilha do Ministério Público/RS:
 
2.6 Os Atores Envolvidos na Regularização
- Município
- Ministério Público
- Defensoria Pública ou Serviço de Assistência Jurídica dos Municípios
- Registro de Imóveis
- Poder Judiciário
- Ocupantes da área
- Câmara Municipal
 
Município: Cabe ao Município ordenar o uso do solo. Ele é o prin­cipal ator, pois deve aprovar os projetos, mesmo que a regularização seja feita por outras entidades. Ao realizar um programa de regularização fun­diária, é importante que os representantes do Município, na medida do possível, tentem um contato prévio com os demais atores, sensibilizando-os da importância da questão.
Da Regularização fundiária em área de preservação permanente
 
Regularização fundiária de interesse social dos núcleos urbanos informais
Do Código Florestal (Lei n.º 12.651/2012):
Art. 64.  Na regularização fundiária de interesse social dos assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.
Art. 64.  Na regularização fundiária de interesse social dos núcleos urbanos informais inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei específica de Regularização Fundiária Urbana. (Redação dada pela MedidaProvisória nº 759, de 2016) (grifou-se)
 
Do art. 64 do Código Florestal:
§ 1o  O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições ambientais em relação à situação anterior com a adoção das medidas nele preconizadas.
§ 2o  O estudo técnico mencionado no § 1o deverá conter, no mínimo, os seguintes elementos:
I - caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;
II - especificação dos sistemas de saneamento básico;
III - proposição de intervenções para a prevenção e o controle de riscos geotécnicos e de inundações;
IV - recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;
V - comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental, considerados o uso adequado dos recursos hídricos, a não ocupação das áreas de risco e a proteção das unidades de conservação, quando for o caso;
VI - comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada pela regularização proposta; e
VII - garantia de acesso público às praias e aos corpos d'água.
Regularização fundiária de interesse específico dos núcleos urbanos informais
Art. 65.  Na regularização fundiária de interesse específico dos assentamentos inseridos em área urbana consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.
Art. 65.  Na regularização fundiária de interesse específico dos núcleos urbanos informais inseridos em área urbana consolidada e que ocupem Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da lei específica de regularização fundiária urbana. (Redação dada pela Medida Provisória nº 759, de 2016) (grifou-se)
§ 1o  O processo de regularização ambiental, para fins de prévia autorização pelo órgão ambiental competente, deverá ser instruído com os seguintes elementos:
I - a caracterização físico-ambiental, social, cultural e econômica da área; 
II - a identificação dos recursos ambientais, dos passivos e fragilidades ambientais e das restrições e potencialidades da área; 
III - a especificação e a avaliação dos sistemas de infraestrutura urbana e de saneamento básico implantados, outros serviços e equipamentos públicos; 
IV - a identificação das unidades de conservação e das áreas de proteção de mananciais na área de influência direta da ocupação, sejam elas águas superficiais ou subterrâneas; 
V - a especificação da ocupação consolidada existente na área; 
VI - a identificação das áreas consideradas de risco de inundações e de movimentos de massa rochosa, tais como deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras definidas como de risco geotécnico; 
VII - a indicação das faixas ou áreas em que devem ser resguardadas as características típicas da Área de Preservação Permanente com a devida proposta de recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização; 
VIII - a avaliação dos riscos ambientais; 
IX - a comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental e de habitabilidade dos moradores a partir da regularização; e 
X - a demonstração de garantia de acesso livre e gratuito pela população às praias e aos corpos d’água, quando couber. 
§ 2o  Para fins da regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado. 
§ 3o  Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e cultural, a faixa não edificável de que trata o § 2o poderá ser redefinida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento. 
A experiência felizense:
Plano Diretor Participativo do Município de Feliz PPD Feliz (Lei n.º 3.052, de 29 de junho de 2015)
 
Facultatividade para o Município de Feliz (art. 41 do Estatuto das Cidades).
 
Audiência pública antes do encaminhamento do Projeto de Lei (por parte do Poder Executivo) e também antes de eventuais emendas (por parte do Poder Legislativo).
 
Obediência às normas federais e estaduais.
 
Leitura da realidade: 
- Fauna e flora
- Recursos hídricos
- Real impacto da ocupação humana nas APPs
Percentuais ocupados da APP do Rio Caí nos cinco setores da área urbana consolidada e principais atividades registradas (Empresa Ambiética Assessoria Ambiental LTDA):
	Atividades	100m
	Área (m²)	 %
	Agricultura	89.801	13,07
	Açudes	4.774	0,69%
	Moradias	44.340	6,45%
	Estradas	41.910	6,10%
	Vegetação	506.168	73,68%
	Atividades	50m
	Área (m²)	 %
	Agricultura	35.987	9,71%
	Açudes	355	0,10%
	Moradias	6.806	1,84%
	Estradas	15.886	4,29%
	Vegetação	311.475	84,07%
Flexibilização quanto aos mapas constantes do Plano Diretor Participativo e a definição da área de preservação permanente:
 
Art. 57 A definição dos critérios de regularização fundiária em zona urbana consolidada do município de Feliz envolveram estudos técnicos da situação das margens do Rio Caí e das microbacias dos arroios Cará, Bananal, Hermes e Escadinhas compondo o Marco Regulatório da presente Lei, assim caracterizados utilizando o Datum SIRGAS, 2000 (IBGE), inseridos na forma de mapas e tabelas.
 Parágrafo Único  As definições que constam dos mapas anexos a esta Lei têm natureza informativa, servindo de diretriz básica para a atuação municipal, e não autorizam afastar questionamento individual, provocado pelo particular ou pela Administração Pública Municipal, sobre as delimitações legais vigentes.
Art. 56 A regularização fundiária deverá:
I- garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado;
II- atender aos dispositivos da legislação federal e às diretrizes da Política de Desenvolvimento Territorial deste Plano Diretor Participativo;
III- observar os seguintes princípios:
a) ampliação do acesso à terra urbanizada pela população de baixa renda, com prioridade para sua permanência na área ocupada, assegurados o nível adequado de habitabilidade e a melhoria das condições de sustentabilidade urbanística, social e ambiental;
 b) articulação com as políticas setoriais de habitação, de meio ambiente, de saneamento básico e de mobilidade urbana, nos diferentes níveis de governo e com as iniciativas públicas e privadas, voltadas à integração social e à geração de emprego e renda;
 c) participação dos interessados em todas as etapas do processo de regularização;
 d) estímulo à resolução extrajudicial de conflitos;
 e) concessão do título preferencialmente para a mulher.
Importante previsão legislativa da legislação local:
Art. 59 Para os lotes não ocupados e situados em área urbana consolidada, com matrículas individualizadas, que recolhem Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, inseridos nas áreas de preservação permanente até 30 de julho de 2014 será admitida sua regularização ambiental, permitidas reformas e construções que garantam, no mínimo 50% de área livre, sendo obrigatória a recuperação das funções ambientais, na mesma porcentagem de ocupação, com plantios de árvores nativas compatíveis.
Parágrafo Único  Nos casos de presença de áreas de banhado em zona urbana será obrigatória a preservação e recomposição das faixas marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de largura mínima de 5 (cinco) metros.
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE INTERESSE SOCIAL (PPD – Feliz)
Art. 62 O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização fundiária de interesse social em Áreas de Preservação Permanente, ocupadas até 30 de julho de 2014, inseridas em área urbana consolidada, desde que o Estudo e o Projeto Técnico comprovem que esta intervenção não amplia a degradação ambiental e implica a melhoria das condições sócio-ambientais emrelação à situação de ocupação irregular anterior.
Art. 63 O Projeto de Regularização Fundiária de Interesse Social - PRFIS deverá considerar as características da ocupação e da área ocupada observando os parâmetros urbanísticos e ambientais específicos, além de identificar os lotes, as vias de circulação, as áreas destinadas a uso público, as medidas compensatórias e mitigadoras dos impactos identificados.
Art. 64 Para a regularização fundiária de interesse social de lotes inseridos em área urbana consolidada e que ocupam áreas de preservação permanente será admitida por meio de procedimento de licenciamento ambiental pelo órgão municipal de Projeto de Regularização Fundiária, nos termos da Lei Federal nº 12.651/2012 e na forma da Lei Federal n.º 11.977/09 ou mediante a celebração de Termo de Compromisso Ambiental, nos termos da Lei Federal nº 9.605/98.
      § 1° Os assentamentos de interesse social a serem licenciados não poderão estar localizados em área inundável, considerada de risco geológico e de nascentes comprovado por estudo técnico específico elaborado por profissional legalmente habilitado, emitindo-se a devida ART.
      § 2° Os assentamentos de interesse social situados em áreas de preservação permanente com funções ambientais preservadas somente serão objeto de licenciamento ambiental quando não houver alternativa locacional ou se tratar de atividade existente anteriormente a 30 de julho de 2014.
      § 3° O estudo técnico referido no art. 62 deverá ser elaborado por profissional legalmente habilitado, contendo no mínimo, os seguintes elementos:
       I- documentação comprobatória de título da propriedade;
       II- caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada, contemplando a apresentação de plantas topográficas, em escala compatível, com curvas de metro em metro, demarcação das manchas vegetais, drenagens, córregos, banhados ou áreas úmidas, estruturas de apoio (escolas, postos de saúde) e dos equipamentos urbanos, serviços e equipamentos públicos necessários;
       III- especificação dos sistemas de saneamento básico existente e a ser adotado;
       IV- proposição de intervenções para o controle de riscos geotécnicos e de inundações, contemplando obras de engenharia onde couber;
       V- a indicação das faixas ou áreas em que deverão ser resguardadas as características típicas da Área de Preservação Permanente com a devida proposta de recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;
       VI- recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização através de metodologia a ser definida, contemplando medidas mitigadoras e compensatórias adequadas;
       VII- comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-ambiental, considerados o uso adequado dos recursos hídricos, das ações de saneamento e monitoramento da qualidade ambiental;
       VIII- comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada pela regularização proposta;
       IV- comprovante de pagamento ou declaração de isenção do pagamento da compensação ambiental definida para regularização fundiária e descritas na presente norma e demais disposições legais pertinentes.
Seção VI
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE INTERESSE ESPECÍFICO 
Art. 67 A Regularização Fundiária de Interesse Específico - RFIE de construções, moradias unifamiliares, multifamiliares, atividades comerciais, industriais e de serviços dependerá da análise e da aprovação do projeto de que trata o art. 61 pelos setores da administração municipal com a emissão das respectivas licenças construtivas, do habite-se e ambiental.
Art. 68 O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização fundiária de interesse específico em Áreas de Preservação Permanente, ocupadas até 30 de julho de 2014 e inseridas em área urbana consolidada, desde que o estudo e o Projeto técnico comprovem que esta intervenção não implica novas agressões ao meio ambiente com a melhoria das condições urbanísticas, econômicas e sociais em relação à situação de ocupação irregular anterior.
Requisitos: art. 71.
Art. 71 O Projeto de Regularização Fundiária previsto no artigo 68 deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições urbanísticas e ambientais em relação à situação anterior, contemplando as medidas de recuperação exigíveis, acompanhadas de laudo estrutural atestando a estabilidade e segurança das construções e atividades, elaborado por profissional habilitado, emitindo-se a devida ART, contendo no mínimo as seguintes informações e documentos:
I- título de propriedade atualizada em até três meses, contrato ou outro instrumento de posse da área;
II- caracterização físico-ambiental, social, cultural e econômica da área;
III- identificação dos recursos ambientais, dos passivos e fragilidades e das restrições e potencialidades da área;
IV- especificação e a avaliação dos sistemas de infraestrutura urbana e de saneamento básico implantados, outros serviços e equipamentos públicos;
V- especificação e detalhamento da ocupação consolidada na área através de plantas, projetos e memoriais, acompanhados das ARTs e dos dispositivos de tratamento dos esgotos existentes, apresentando-se comprovante de manutenção do mesmo nos últimos 12 meses;
VI- identificação da existência de áreas consideradas de risco de inundações e de deslizamentos, queda e rolamento de blocos ou outras definidas como de risco geotécnico e das medidas técnicas de engenharia cabíveis para regularização;
VII- indicação das faixas ou áreas, com suas medidas, coordenadas georreferenciadas de seus limites e confrontantes em que deverão ser resguardadas as  características típicas da Área de Preservação Permanente com a devida proposta de recuperação e daquelas não passíveis de regularização;
VIII- a avaliação dos riscos ambientais da atividade ou empreendimento acompanhado de ART do responsável técnico;
IX- a comprovação do pagamento da compensação ambiental definida para regularização fundiária, conforme disposições definidas no presente Decreto.
    
§ 1° O Laudo Técnico realizado por profissional legalmente habilitado deverá prever as condições necessárias para promover a segurança das construções, atividades e serviços visando à redução de riscos, considerado o disposto no parágrafo único do art. 3º da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.
    
§ 2° As medidas técnicas de engenharia e segurança deverão considerar os aspectos construtivos, destacadamente as fundações, materiais utilizados, necessidades de adequações e implantação de infraestrutura básica.
§ 3° As definições estabelecidas nos §§ 1° e 2° serão apresentados na forma de  projeto técnico estrutural, contemplando as plantas, memoriais descritivos e cronograma físico financeiro de obras e serviços a serem realizadas visando a regularização fundiária da construção, atividade ou serviços.
§ 4° O projeto de regularização fundiária deverá ser protocolado na Prefeitura Municipal acompanhado de toda a documentação exigida.
PROCESSO judicial n.º 0007387-24.2012.4.03.6112, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (24/06/2014)
 
2.5 Da APP aplicada às áreas urbanas consolidadas.
 
Conforme já mencionado anteriormente, a regra geral de que no Rio Paraná a APP é de 500 metros cede em face da regra específica prevista no novo Código Florestal.
 
Confira-se: 
"Art. 64. Na regularização fundiária de interesse social dos assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009. 1o O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições ambientais em relação à situação anterior com a adoção das medidas nele preconizadas.
Art. 65. Na regularização fundiária de interesse específico dos assentamentos inseridos em área urbana consolidada e que ocupam Áreas de PreservaçãoPermanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.(...) 2o Para fins da regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso dágua, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado. 3o Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e cultural, a faixa não edificável de que trata o 2o poderá ser redefinida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento."
 Ora, isto significa dizer que o novo Código Florestal admitiu expressamente a possibilidade de que áreas urbanas consolidadas, tal qual o Bairro Beira Rio, no Município de Rosana, possam ser objeto de regularização ambiental, mediante a aprovação de projeto de regularização fundiária, nos termos da Lei 11.977/2009 e de acordo com o cumprimento dos requisitos previstos no próprio Código Florestal, mantendo-se, nestes casos, APPs específicas e inferiores à regra geral prevista no art. 4º, do novo Código Florestal.
 
De fato, formalizada a regularização ambiental, que deve ser objeto de ação da municipalidade, nada obsta que a área de preservação permanente, mesmo em Rios como o Paraná, seja de 15 metros, no mínimo.
 
Este é expresso comando do 2º, do art. 65, da Lei 12.651/2012 (novo Código Florestal).
 
Confira-se novamente: "Para fins da regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado".
 
No Município de Feliz temos atualmente:
	18 regularizações ambientais aprovadas.
	2 aprovações de novas intervenções em Área de Preservação Permanente.
	5 contestações do perímetro da área de preservação permanente procedentes.
A norma da MP 759/2016 é mais ampla e genérica:
Art. 9º  Para fins desta Medida Provisória, consideram-se: 
I - núcleos urbanos - os adensamentos com usos e características urbanas, ainda que situados:
a) em áreas qualificadas como rurais; ou 
b) em imóveis destinados predominantemente à moradia de seus ocupantes, sejam eles privados, públicos ou em copropriedade ou comunhão com ente público ou privado; 
II - núcleos urbanos informais - os clandestinos, irregulares ou aqueles nos quais, atendendo à legislação vigente à época da implantação ou regularização, não foi possível realizar a titulação de seus ocupantes, sob a forma de parcelamentos do solo, de conjuntos habitacionais ou condomínios, horizontais, verticais ou mistos; e 
III - ocupantes - aqueles que detenham área pública ou que possuam área privada, a qualquer título, de unidades imobiliárias situadas em núcleos urbanos informais. 
§ 1º  Para fins de Reurb, os Municípios poderão dispensar as exigências relativas ao percentual e às dimensões de áreas destinadas ao uso público ou ao tamanho dos lotes regularizados, assim como a outros parâmetros urbanísticos e edilícios. 
§ 2º  Os núcleos urbanos informais situados em áreas qualificadas como rurais poderão ser objeto da Reurb, desde que a unidade imobiliária tenha área inferior à fração mínima de parcelamento, prevista na Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972.  (inferior ao módulo rural)
§ 3º  Constatada a existência de área de preservação permanente, total ou parcialmente, em núcleo urbano informal, a Reurb observará, também, o disposto nos arts. 64 e 65 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, hipótese para a qual se torna obrigatória a elaboração de estudos técnicos que justifiquem as melhorias ambientais em relação à situação anterior, inclusive por meio de compensações ambientais, quando for o caso. 
Objetivos da MP 759/2016: art. 10.
A MP 759/2016 manteve os dois tipos de regularização fundiária: de interesse social (denominada Reurb-S) ou de interesse específico (denominada Reurb-E).
Exigências para o Reurb-S:
A MP 759/2016 prevê isenção de custas quanto aos emolumentos cartorários para o registro imobiliário dos atos concernentes à primeira concessão da Reurb-S (art. 11, 1 §1º).
	Lei 11.977/09	MP 759/2016
	Exigia tempo mínimo de posse mansa e pacífica (5 anos) e a localização do assentamento em ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) ou em áreas públicas declaradas de interesse para implantação de projetos de regularização fundiária de interesse social.
(texto revogado)	I - Reurb de interesse social - Reurb-S - aplicável a núcleos urbanos informais ocupados predominantemente por população de baixa renda, observado o disposto em ato do Poder Executivo federal; e 
Novo conceito de núcleos urbanos consolidados, conforme MP 759/2016:
	Lei 11.977/09	MP 759/2016
	Art. 47.  Para efeitos da regularização fundiária de assentamentos urbanos, consideram-se:           
I – área urbana: parcela do território, contínua ou não, incluída no perímetro urbano pelo Plano Diretor ou por lei municipal específica;            
II – área urbana consolidada: parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados:           
a) drenagem de águas pluviais urba          nas; 
b) esgotamento sanitário;           
c) abastecimento de água potável;           
d) distribuição de energia elétrica; ou           
e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos;   
(texto revogado)	Art. 21.
§ 3º  São núcleos urbanos informais consolidados:
I - aqueles existentes na data de publicação desta Medida Provisória; e
II - aqueles de difícil reversão, considerados o tempo da ocupação, a natureza das edificações, a localização das vias de circulação e a presença de equipamentos públicos, entre outras circunstâncias a serem avaliadas pelos Municípios ou pelo Distrito Federal. 
Na prática, a MP 759/2016 acrescentou 07 anos em relação ao regime anterior ditado pela Lei 11/977/2009, quanto à regularização fundiária em APPs:
	Lei 11.977/2009
(art. 54, § 1º)	Plano Diretor Participativo do Município de Feliz
(arts. 59, 62, 64, §2º e 68)	MP 759/2016
(art. 21, § 3º, I)
	Núcleos consolidados até 07/07/2009	Ocupação até 30/07/2014	Núcleos consolidados até 23/12/2016
Uma mensagem final...
“Daqui a duzentos ou trezentos anos, ou mesmo mil anos – não se trata de exatidão – haverá uma nova vida. Nova e feliz. Não tomaremos parte dessa vida, é verdade...
 Mas é para ela que estamos vivendo hoje. É para ela que trabalhamos e, se bem que soframos, nós a criamos. 
E nisso está o objetivo da nossa existência aqui.”
(Tchekhov, Três irmãs)
Obrigado pela atenção!

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