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APOSTILA DE FILOSOFIA PROFESSORES: jeferson schoenstatt e larissa monteiro Apresentação Esta apostila tem o intuito de apresentar os assuntos de Filosofia, de maneira contextualizada e informal, de acordo com as demandas manifestadas em provas como o ENEM e vestibulares. Cada conteúdo abordado terá uma lista de exercícios e indicações de materiais complementares, para que impulsione os seus estudos e mostre que a Filosofia, além de ser importante para essas provas, é importante também para a nossa vida cotidiana. Aproveitem esse material que foi feito com muito carinho e dedicação por nós, professores Jeferson e Larissa. Bons estudos e estaremos aqui à disposição de vocês! Sumário 1. Origens da Filosofia Ocidental 2. Pré-Socráticos 3. Sócrates e os Sofistas 4. Platão e Aristóteles 5. Helenismo 6. Filosofia Medieval 7. As Origens da Modernidade 8. O Aprofundamento da Modernidade 9. Racionalismo e Empirismo 10. Contratualistas 11. Immanuel Kant 12. Iluminismo 13. Positivismo 14. Liberalismo 15. Marxismo 16. Existencialismo 17. Escola de Frankfurt 18. Filosofia Contemporânea 1. Origens da Filosofia Ocidental Quando trata-se de falar sobre o surgimento da filosofia, alguns filósofos e historiadores falam que começou na Grécia Antiga, outros já dizem que no Oriente surgiram vários pensamentos que podem ser considerados filosóficos, e que de fato, podem ter surgido em vários lugares em diferentes períodos, mas neste tópico será trabalhado o pensamento filosófico ocidental, que é o foco das provas e vestibulares. Então, para começar a falar da filosofia ocidental, é importante entender as explicações que se utilizavam até chegar na mais conhecida Filosofia Grega. Mito e Senso Comum Na Antiguidade Clássica, especificamente na Grécia Antiga, a origem das coisas e do mundo eram explicadas a partir de mitologias. As mitologias eram histórias que eram contadas para explicar os fatos e os fenômenos da natureza, os sentimentos e comportamentos humanos. Tudo isso representado pelos deuses, que apesar de serem divindades, tinham características antropomórficas, se aproximando mais da realidade das pessoas. E a partir dos mitos, vinha o senso comum, como forma de pensamento não racional, que era passado de geração em geração, com um teor mais cultural de se explicar ou contar algo. Mas, com o passar do tempo, esses recursos não estavam mais sustentando como respostas das inúmeras perguntas que o ser humano fazia. E assim, foram aparecendo alguns pensadores que começaram a fazer indagações e questionamentos com o objetivo de buscar respostas mais racionais sobre a origem das coisas e do mundo: os Pré-Socráticos, que serão vistos no próximo tópico. Materiais complementares: - Contos e Lendas da Mitologia Grega - https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/11157.pdf Lista de Exercícios 1. (VESTIBULAR UnB 1/2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogam a descontinuidade entre ambos. A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos. Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou seus predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao mito foi retomada. Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a opção que expressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga. A) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão liberada da religiosidade. https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/11157.pdf B) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada imaginativamente, e a filosofia caracteriza-se como explicação racional que retoma questões presentes no mito. C) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a filosofia, também fundamentada no rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga. D) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida. 2. (VESTIBULAR UnB 2/2013) Ora, entre os antigos, normas de vida e exercícios espirituais formavam a essência da “filosofia”, não da religião, e a religião estava mais ou menos separada das ideias sobre a morte e o além. Havia seitas, que eram filosóficas, pois a filosofia era a matéria de seitas que propunham convicções e normas de vida a quem elas pudessem interessar; um indivíduo se tornava estoico ou epicurista e se conformava mais ou menos a suas convicções. Paul Veyne. O Império Romano In: Philippe Ariès e Georges Duby. História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010 p. 201 (com adaptações). Das informações do texto depreende-se que o saber filosófico: A) foi precursor da organização de crenças em religiões B) era formado, inicialmente, por ideias relacionadas à espiritualidade e à conduta humana. C) resultou, dado seu caráter normativo, no segregacionismo dos povos nos primórdios da humanidade. D) predominava entre os povos antigos, porque contemplava discussões sobre a morte e o mundo não visível, o além. GABARITO 1. B 2. B 2. Pré-Socráticos Os pré-socráticos foram os pioneiros no pensamento filosófico ocidental, e eles buscavam uma explicação racional e sistemática sobre a origem do mundo e da natureza ( physis). Eles buscavam um princípio elementar no qual serviria de ponto de partida para tudo que existe, conhecido como arché (ou princípio universal). E podem ser classificados em quatro escolas: jônica, itálica, eleata e pluralista. Escola Jônica: ● Tales de Mileto (624-546 a.C.) Considerado o primeiro filósofo da physis, ele acreditava que o princípio elementar de todas as coisas era a água. Para Tales, a água era a essência de tudo, que poderia ser encontrada de todos os jeitos em qualquer estado, e que, sem ela, só existiria a morte. ● Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) Acreditava que o infinito era a substância primordial de todas as coisas, e por ter uma matéria ilimitada, isso poderia possibilitar a transformação de qualquer corpo, como a sua construção ou destruição. ● Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.) Anaxímenes já dizia que era o ar que provia a origem de tudo, pois, habitava tudo que cercavaos seres vivos e era indispensável para a vida humana. ● Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) Considerado o pai da Dialética, ele acreditava que a natureza estava em constante mudança, e por isso, nada permanecia a mesma coisa, e que tudo flui e gera transformações, assim como o fogo, a sua arché, como fator importante de metamorfose. Escola Itálica: ● Pitágoras de Samos (582-497 a.C.) Pitágoras, além de filósofo era matemático, e por tal influência, sua arché era os números, dado que a natureza poderia ser decifrada por números, trazendo ordem e harmonia, como por exemplo a música. Escola Eleata: ● Parmênides de Eléia (530-460 a.C.) Diferente dos outros filósofos pré-socráticos, ele não elaborou exatamente um princípio elementar, e sim uma organização racional que se baseava no ser, ou seja, é a essência que faz o ser existir, que a partir da imobilidade do ser se tem uma espécie de algo universal e infinito, o qual o torna sempre idêntico a si mesmo já que é imutável. Escola Pluralista: ● Empédocles de Agrigento (495-430 a.C.) Foi o primeiro a formular a teoria dos quatro elementos primordiais - ar, água, terra e fogo - que juntos formariam um elo de equilíbrio, baseado em uma relação de amor e ódio. ● Anaxágoras de Clazômenas (500-428 a.C.) Acreditava em uma teoria pluralista em que as coisas eram formadas por “homeomerias”, que também eram chamadas de sementes, as quais eram consideradas elementos infinitos em número e tempo, em que tudo era formado por tudo. ● Leucipo de Abdera (500-420 a.C.) e Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) Foram os responsáveis pelo princípio de que a natureza era composta por átomos, que seriam elementos microscópicos, infinitos e indivisíveis que constituem os seres e os objetos. Materiais complementares: - A importância da Escola Jônica para a construção da racionalidade - http://www.pucrs.br/edipucrs/XSalaoIC/Ciencias_Humanas Lista de Exercícios 1.(ENEM 2016) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo — terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo —, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa. DIÓGENES. In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967. O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem A) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza . http://www.pucrs.br/edipucrs/XSalaoIC/Ciencias_Humanas B) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras da democracia. C) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior. D) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis 2.(ENEM 2016) Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das A)investigações do pensamento sistemático. B)preocupações do período mitológico. C)discussões de base ontológica. D) habilidades da retórica sofística. E)verdades do mundo sensível. GABARITO 1. A 2. C 3. Sócrates e os Sofistas Continuando ainda na Antiguidade Clássica, neste tópico será trabalhado sobre Sócrates, o marco importante na filosofia grega antiga, que tratará de assuntos bem diferentes dos primeiros filósofos. Sócrates foi um filósofo que vivia em Atenas. Nasceu em 470 a.C. e morreu em 399 a.C., oriundo de uma família humilde, sua mãe era parteira e seu pai era artesão, e foi mestre de Platão e Xenofonte. Diferente dos pré-socráticos, como citado anteriormente, começou a focar mais nas questões acerca do ser humano. Ele traz uma necessidade de uma filosofia mais antropológica, ou seja, o centro das suas reflexões era as relações humanas, se dedicando a essência humana. Método Socrático Sócrates vivia no meio dos jovens, conversando e indagando as pessoas para testar o seu conhecimento e perceber até que ponto aquele indivíduo tinha consciência da sua ignorância. A partir disso, ele criou o método socrático. Esse método foi desenvolvido por meio de um diálogo de perguntas e respostas, chamado de “maiêutica”, que tinha o objetivo de mostrar as pessoas que apesar de achar que sabe tudo, ainda não conhece tudo que acreditava conhecer. O termo “maiêutica” foi inspirado pelo trabalho da mãe, que era parteira e trazia uma nova vida ao mundo, e tomando tal posição, acreditava que por meio daquele método poderia trazer ao mundo novas ideias e pensamento a aqueles que o seguiam. Sócrates utilizava muito da dúvida e da ironia para compor esse método, e também, prezava pela oralidade, não deixando nada registrado. Com isso, ele mostra que é fundamental sempre buscar o conhecimento de si mesmo, para poder entender a verdade do mundo. A verdade interior é inerente a cada tipo de pessoa. A famosa frase “Conhece-te a ti mesmo” retrata bem isso, o nascimento de uma filosofia que traz uma auto reflexão, um olhar para si mesmo. E por causa disso, a insistência de Sócrates pela busca do autoconhecimento, e reconhecer a sua ingenuidade perante ao mundo, foi considerado mais sábio de todos, como traz a famosa frase: “ Só sei que nada sei”. Julgamento e morte de Sócrates Um jovem ateniense chamado Meleto, acusa Sócrates de corromper a juventude de Atenas, denunciando-o de incitar os jovens a questionarem os políticos sobre suas ações, deixando-os insatisfeitos, e de não acreditar na religião e nos deuses gregos. Sócrates, então, apresenta um comportamento diferente sobre a sua defesa no julgamento e simplesmente decidiu aceitar o destino que o tribunal iria decidir. Acabou sendo condenado à morte, morrendo envenenado. Sofistas Os sofistas surgiram logo após dos pré-socráticos, quando a democracia já era considerada o sistema político da época, e por causa disso, precisavam de pessoas com uma boa oratória, para ter bons argumentos para serem defendidos em público. O termo “sofista” significa sábio. Eles eram bem convincentes, persuasivos e às vezes até manipulativos, com intuito de enganar as pessoas. Eram famosos por se considerarem sábios universais e prestavam seus serviços para quem poderia bancar com eles. Os sofistas também acreditavam na verdade relativa, ou seja, não existia apenas uma resposta para tudo no universo, pois poderiam existir várias verdades, de acordo com o contexto que vivemos e a cultura que compartilhamos. Alguns sofistas conhecidos:Hípias, Pródico, Antístenes, Trasímaco, Górgias e Protágoras. Materiais complementares: - Sócrates (Filme Completo) - https://www.youtube.com/watch?v=5TaaT30L8yg - Apologia de Sócrates - Monólogo Julgamento de Sócrates (Trechos) https://www.youtube.com/watch?v=z3KnTwUy_-s (trecho 01) https://www.youtube.com/watch?v=EvARijA897Q (trecho 02) https://www.youtube.com/watch?v=tsczZwxrwsk (trecho 03) https://www.youtube.com/watch?v=ybCMIrTC1jU (trecho 04) Lista de Exercícios 1. (UEM-PR) Sócrates representa um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Assinale a(s) alternativa(s) incorreta(s). A) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia. B) Ao proceder em suas investigações, Sócrates partia sempre de sua “dúvida metódica”. C) Sócrates sempre buscava pessoas em praça pública para dialogar e questionar. D) A célebre frase de Sócrates, que caracterizava parte de seu método é: “só sei que nada sei”, por isso questionava as ideias de seus interlocutores. E) Para fazer com que os seus interlocutores enxergassem a verdade por si próprios, Sócrates praticava o método “maiêutico” (assinalado por ele), ou “parto das ideias”, no qual ele demonstrava os erros e opiniões comuns entre os homens. https://www.youtube.com/watch?v=5TaaT30L8yg https://www.youtube.com/watch?v=z3KnTwUy_-s https://www.youtube.com/watch?v=EvARijA897Q https://www.youtube.com/watch?v=tsczZwxrwsk https://www.youtube.com/watch?v=ybCMIrTC1jU 2. (UEM) Sócrates foi um dos mais importantes filósofos da antiguidade. Para ele, a filosofia não era um simples conjunto de teorias, mas uma maneira de viver. Sobre o pensamento e a vida de Sócrates, assinale o que for incorreto. A) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia em questionar e em investigar a natureza dos princípios e dos valores que devem governar a vida. Assim se comportando, Sócrates contraiu inimizades de poderosos que o executaram sob a acusação de impiedade e de corromper a juventude. B) Nas conversações que mantinha nos lugares públicos da Atenas do século V a.C., Sócrates repetia nada saber para, assim, não responder às questões que formulava e motivar seus interlocutores a darem conta de suas opiniões. C) A maiêutica socrática é a arte de trazer à luz, por meio de perguntas e de respostas, a verdade ou os conhecimentos mais importantes à vida que cada pessoa retém em sua alma. D) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade nasce de um acordo ou de um contrato social, Sócrates escreveu a República, na qual demonstra ser o homem um animal político. E) Sócrates acreditava que passar a vida filosofando, isto é, a examinar a si mesmo e a conduta moral das pessoas. 3. (Colégio Pedro II) Pode-se dizer que o conjunto das idéias sofistas (tal como apresentado por Platão) se opõe ao propósito teórico dos pré-socráticos no tocante a que: A) os sofistas investigam o nomos buscando saber por que tudo é como é e os pré-socráticos voltam-se para a physis ocupando-se com saber como o princípio perpassa o múltiplo. B) os sofistas entendem que a linguagem representa a realidade e os pré-socráticos buscam as regras da linguagem. C) os sofistas especulam sobre a origem de todas as coisas e os pré-socráticos admitem a possibilidade da verdade. D) os sofistas não defendem a possibilidade de verdades universais e os pré-socráticos buscam o princípio de todas as coisas. 4. (CONUPE) Assinale a alternativa INCORRETA. A) Alguns preceitos são os fundamentos da filosofia socrática: "Conhece-te a ti mesmo" e "Sei que nada sei" são as duas expressões que ninguém no pensamento ocidental jamais duvidou que fossem de Sócrates. B) A ironia platônica consiste em simular aprender alguma coisa de seu interlocutor, para levá-lo a descobrir que não conhece nada no domínio do que pretende ser sábio. C) Os famosos "sofistas" do século V a. C são, muitas vezes, estrangeiros. O movimento de pensamento que eles representam mostra-se ao mesmo tempo como uma continuidade e como uma ruptura em relação ao que os precede. Sofista é o mestre ou o professor de uma arte ou técnica ou ofício. A palavra sofista não tem o sentido pejorativo, que veio a adquirir muito mais tarde, em Atenas. D) Os sofistas, inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo, pedagogos. E) Os pensadores cristãos nunca se cansaram de comparar Sócrates e Jesus: ambos foram condenados por seus ensinamentos, ambos compareceram aos tribunais e não se defenderam, ambos nada deixaram escrito, ambos criaram uma posteridade sem limites, e tudo o quanto sabemos de ambos depende de fontes indiretas, escritas depois de estarem mortos. 5. (UEM/2008 Adaptado) – Sócrates representa um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Assinale a alternativa correta. A) Sócrates, para não ser condenado à morte, admitiu, diante dos seus juízes, que não gostava de debater. B) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a sonegação. C) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria, com isso, sinalizar a necessidade de adotar uma nova atitude diante do conhecimento e apontar um novo caminho para a sabedoria. D) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro pelos seus ensinamentos. E) Discípulo de Aristóteles, Platão utilizou, como protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre. 6. (FUNCAB) Os sofistas, mestres da retórica e da oratória, opunham-se aos pressupostos de que as leis e os costumes sociais eram de caráter divino e universal. Deu-se assim, entre eles, o: A) Racionalismo. B) Ceticismo filosófico. C) Relativismo. D) Naturalismo. E) Cientificismo. 7. (CONUPE) Na Grécia antiga, principalmente na cidade de Atenas no século V a.C., desenvolveu-se uma corrente de pensadores conhecidos como Sofistas. Tidos como “sábios”, eram pagos para ensinar os jovens principalmente a arte da argumentação. Abaixo, CONSIDERE as afirmações sobre a importância que esta (arte) tinha em seu pensamento. I – Os sofistas não acreditavam na verdade absoluta, para eles o importante era conseguir convencer os outros de suas ideias. II – Os sofistas acreditavam que uma boa argumentação era a única maneira de se chegar ao conhecimento da verdade absoluta. III – Os sofistas acreditavam que através dos argumentos era possível se chegar à melhor solução em cada caso. A) Apenas a I é falsa. B) Apenas a III é verdadeira. C) Apenas a II é falsa. D) Apenas a II é verdadeira. E) Apenas a I é verdadeira. 8. (FUNCAB) A filosofia de Sócrates se estrutura em torno da sua crítica aos sofistas, que, segundo ele, não amavam a sabedoria nem respeitavam a verdade. O ataque de Sócrates à sofística NÃO tem como pressuposto a ideia de que: A) A verdade das coisas é obtida na vida cotidianados homens e, portanto, pode ser múltipla e inacabada. B) O conhecimento verdadeiro só pode ser resultado de um diálogo contínuo do homem com os outros e consigo mesmo. C) A ciência (epistéme) é acessível a todos os homens, contanto que estejam dispostos a renunciar ao mundo das sensações. D) O confronto de opiniões na política democrática afasta a possibilidade de se alcançar a sabedoria. E) O autoconhecimento é a condição primária de todos os outros conhecimentos verdadeiros. 9. (ENEM 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na A) Contemplação da tradição mítica. B) Sustentação do método dialético. C) Relativização do saber verdadeiro. D) Valorização da argumentação retórica. E) Investigação dos fundamentos da natureza. 10. (UNCISAL 2011) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia A) Transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense. B) Transmitia conhecimentos de natureza científica. C) Baseava-se em uma contemplação passiva da realidade. D) Ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão. E) Procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica. GABARITO 1. A e B 2. D 3. D 4. B 5. C 6. C 7. E 8. A 9. B 10 . D 4. Platão e Aristóteles Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, foi o primeiro autor a unir as ideias de dois autores pré-socráticos (Heráclito e Parmênides). Através das duas opiniões, Platão vai formar uma síntese, que conhecemos como Teoria das Ideias. Para Platão, existem dois mundos: mundo material e mundo das ideias. O mundo material também é chamado de mundo sensível, já que é o mundo dos sentidos e das ilusões, que estão sempre nos enganando. Para ele, o mundo material seria uma cópia imperfeita do mundo das ideias. Já o mundo das ideias, por outro lado, é o mundo inteligível, perfeito, onde entendemos que as coisas são verdadeiras e puras em sua essência. Inclusive, em um primeiro momento, a nossa alma está em um mundo inteligível. Quando nascemos, o nosso espírito migra do mundo inteligível para o sensível. Nesta transição, todo nosso conhecimento é esquecido. Desta forma, à medida que vamos adquirindo conhecimento ao longo da vida, é a nossa alma se lembrando que já viu no mundo inteligível. Mito da Caverna Platão conta no mito que alguns homens estavam acorrentados, presos dentro de uma caverna, e só conseguiam olhar para o fundo da caverna e para as sombras que eram projetadas ali. Um dia, um homem é solto. Ao investigar uma luz que saía por uma brecha, descobriu que havia uma saída; e conseguiu sair. Depois de quase ser cegado pelo sol, o homem percebeu que fora da caverna, as coisas eram reais e verdadeiras, e que na verdade, as sombras não eram reais, já que se tratavam apenas de ilusões e distorções da realidade. Por conta da situação confortável onde viviam seus companheiros de caverna, ele foi morto, já que preferiram não acreditar e se manterem apegados às sombras. Esse homem é Sócrates, sendo uma das homenagens mais lindas de Platão para o seu mestre: aquele homem que saiu da caverna, questionou todos, não aceitou as verdades pré-estabelecidas e decidiu questionar, abrir os olhos e se esclarecer. Aristóteles Já Aristóteles (384-322 a.C.) vai se diferenciar da filosofia de seu mestre Platão, através da negação do dualismo platônico. Para Aristóteles, a divisão de dois mundos não era tão exata, e que na verdade, existia apenas um mundo, mas diferentes formas de conhecimentos. Nós podemos conhecer o mundo através dos sentidos, mas também a partir da razão. A razão pensa o mundo e pode acessar a essência dos seres, mas ela precisa utilizar seus sentidos, já que é através dele que captamos atributos e qualidades dos seres do nosso mundo. Aristóteles também vai falar que todo ser é formado por matéria e forma, podendo sempre se utilizar de movimentos que fazem se transformar em outro ser (ato e potência). Segundo Aristóteles, todo ato e potência vieram do que ele chamou de Primeiro Motor Imóvel, sendo o ponto de partida do universo, que deu origem a todas as coisas, sendo o responsável por todas as relações de causa e efeito. Teoria das Quatro Causas Uma das teorias mais famosas de Aristóteles é a Teoria das Quatro Causas, que são as perguntas que nos ajudam a ter uma noção do objeto material que pretendemos conhecer. Causa formal: qual é a forma do objeto? Causa material: de que matéria o objeto é feito? Causa eficiente: o que originou aquele ser? Causa final: qual a natureza final dele? Aristóteles acreditava que a natureza final dos seres humanos era a eudaimonia, sendo esta a boa consciência, felicidade que era fruto de uma boa política e plena vida ética em sociedade. Materiais Complementares: - A República, de Platão - http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf - Ética a Nicômaco, de Aristóteles - https://abdet.com.br/site/wp-content/uploads/2014/12/%C3%89tica-a-Nic%C3 %B4maco.pdf - Escola de Atenas, de Rafael Sanzio - https://i.ytimg.com/vi/gBtmYf4bWoA/maxresdefault.jpg Lista de Exercícios: 1. (Enem 2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como: A) busca por bens materiais e títulos de nobreza. B) plenitude espiritual e ascese pessoal. C) finalidade das ações e condutas humanas. http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf https://i.ytimg.com/vi/gBtmYf4bWoA/maxresdefault.jpg D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.E) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 2. (Enem 2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele é de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ln: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 {adaptado). Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que: A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses. B) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade. C) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. D) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente. E) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum. 3. (Unespar 2015) Um dos textos mais importantes da história da filosofia que trata do tema da moral e da ética é a Ética a Nicômaco, de Aristóteles. Nesta obra, o pensador analisa a natureza e o caráter das ações humanas e, ao final, sugere que há um bem supremo, que é a finalidade última das ações humanas. Este bem supremo é: A) A virtude; B) A justiça; C) A felicidade; D) A liberdade; E) O meio termo. 4. (ENEM 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: “Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”. Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente. PLATÃO. Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972 Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica: A) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos B) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele C) descrever corretamente as características do objeto observado D) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser E) identificar outro exemplar idêntico ao observado 5. Universidade Estadual de Goiás (UEG) 2010 O mundo grego no século IV a. C. era marcado por uma estrutura de cidades-Estado dispersas pelo território helênico. Essa fragmentação política levou os filósofos a procurarem estabelecer uma ideia sobre as formas de governo que fossem as mais adequadas. Entre essas ideias, pode-se destacar A) a democracia racional, defendida por Demócrito B) a oligarquia comercial, defendida por Sócrates C) a aristocracia rural, defendida por Heráclito D) o governo de filósofos, defendido por Platão GABARITO 1. C 2. C 3. C 4. D 5. D 5. Helenismo Em um período marcado por muitas guerras e invasões entre as próprias cidades gregas, por volta do século IV a.C; o helenismo vai ser caracterizado como período ético, definido pela diversidade e mistura de culturas. Diante dessa globalização, os autores helenísticos estão preocupados com a busca pela ataraxia. Em grego, significa serenidade, paz de espírito. Nós teremos o surgimento de quatro escolas filosóficas que vão tentar desenvolver a paz de espírito, mostrando que ela não é um lugar ou alguém que você encontra, nem mesmo uma paz de espírito exterior, mas uma paz interior, que está dentro de nós. Cinismo: Criado por Diógenes de Sínope (413 - 323 a.C.), o cinismo vai ser inspirado da palavra “cyno”, que significa cão, em grego. Diógenes se inspirou no afeto e na autenticidade canina, tendo em vista que os cães expressam amor, independente de cor ou poder aquisitivo. Diógenes também acredita que as convenções sociais são aceitas inconscientemente por nós e nos transformam de uma forma negativa, fazendo-nos achar que ter sucesso é acumular bens e títulos pessoais, quando, na verdade, a paz de espírito está dentro de nós e só depende de como enfrentaremos as situações da vida. Epicurismo: Epicuro (341 - 271 a.C.) diz que os seres humanos são animais e é normal que sempre busquem a fuga das dores e a presença do prazer, mas devemos tomar muito cuidado, pois a busca dos prazeres não deve ser feita de uma forma imediata e exagerada, tendo em vista que pode nos fazer mal. Para Epicuro, por exemplo, uma ótima forma de aproveitar os prazeres cotidianos é ter uma qualidade de alimentação. Comer bem não significa comer muito, mas ter qualidade no momento que você está desfrutando do alimento. Bem como ter bons amigos não significa ter muitos. Ou seja, para Epicuro, a temperança é algo que nos vai trazer a paz de espírito. Estoicismo: Embora tenha surgido na Grécia, o estoicismo foi até o Império Romano, com Marco Aurélio (121 - 180), conhecido como imperador filósofo. Sêneca (4 a.C. - 65) e Zenão (489 - 430 a.C) também figuraram entre os grandes nomes desta linhagem. Os estóicos dizem que a busca pela ataraxia vai ser feita através da apatia, sendo esta a supressão dos sentimentos destrutivos. Para os estóicos, portanto, o estoicismo será chamado de “filosofia da coragem”, já que a coragem se faz extremamente necessária no ato de ignorar sentimentos negativos (como a raiva, o ódio e a culpa) e que nos corroem por dentro. Ainda, segundo os estóicos, devemos aceitar o que não podemos mudar, tendo a coragem de fazer um domínio próprio, suportando as adversidades e mantendo a paz de espírito. Ceticismo Pirrônico: Pirro de Élis (365 - 270 a.C.), grande companheiro de Alexandre, o Grande, ao viajar para o oriente e ter contato com os iogues tibetanos, percebeu que diante de todos os problemas cotidianos, os iogues mantinham a paz de espírito em um estado inabalável. Pirro chegou à conclusão de que os monges nunca se preocupavam em ter a última palavra, nem a verdade absoluta como fundamento. Quando pensamos ser os donos da razão, acabamos deixando muitas considerações de lado, desprezando outras razões e criando inimizades. O pirronismo nos recomenda, no caso de duas razões opostas, a suspensão do julgamento (ou juízo). Materiais complementares: - Alexandre, o Grande - A História de um Mito (Documentário) - https://www.youtube.com/watch?v=YbNo-4uWETc&feature=youtu.be- Alexandre, o Grande e Diógenes - https://miro.medium.com/max/2560/1*Uu9F5SkHwC8Nfz7bGeqDYA.jpeg - A difusão da cultura grega e a busca pela felicidade - https://colegiopxsflamboyant.com.br/Documentos/Capitulo5.pdf Lista de Exercícios 1. (FGV) O período helenístico foi marcado por grandes transformações na civilização grega. Entre suas características, podemos destacar: A) O desenvolvimento de correntes filosóficas que, diante do esvaziamento das atividades políticas das cidades-Estado, faziam do problema ético o centro de suas preocupações visando, principalmente, o aprimoramento interior do ser humano. B) Um completo afastamento da cultura grega com relação às tradições orientais, decorrente, sobretudo, das rivalidades com os persas e da postura depreciativa que consideravam bárbaros todos os povos que não falavam o seu idioma. C) A manutenção da autonomia das cidades-Estado, a essa altura articuladas primeiro na Liga de Delos, sob o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do Peloponeso, liderada por Esparta. D) A difusão da religião islâmica na região da Macedônia, terra natal de Felipe II, conquistador das cidades-Estado gregas. E) O apogeu da cultura helênica representado, principalmente, pelo florescimento da filosofia e do teatro e o estabelecimento da democracia ateniense. 2. (UECE) O período helenístico foi marcado pela troca de ricas experiências culturais e caracterizou-se, também, pela difusão da cultura e das ideias gregas no Egito e em todo o Oriente Próximo. https://www.youtube.com/watch?v=YbNo-4uWETc&feature=youtu.be https://miro.medium.com/max/2560/1*Uu9F5SkHwC8Nfz7bGeqDYA.jpeg Os valores e os ideais propostos pelas correntes filosóficas nesse período valorizavam A) o empenho social e civil, o amor à pátria, a competição econômica e a tolerância. B) o individualismo e a ausência de angústias e de paixões, obtida por meio da autodisciplina. C) o espírito competitivo, a participação na vida política, o individualismo e um particular prejuízo na vida moral. D) a austeridade, a perspectiva da vida após a morte, o amor à pátria e o empenho social. 3. (UFPR) Sobre o período helenístico (séculos IV a II a.C.) é correto afirmar: A) Com a rápida conquista territorial feita pelos macedônios, liderados especialmente por Alexandre Magno, houve a difusão da cultura grega do Egito até a Índia, por meio da adoção da koiné, uma variante mais simples do grego. Ocorreu a fusão entre culturas orientais e a cultura grega, além da construção de polos culturais, como Alexandria. Esse período deixou uma influência duradoura, que se manteve também dentro dos limites do Império Romano. B) Foi um longo período de desenvolvimento econômico, em que a agricultura foi incentivada por todos os territórios conquistados por Alexandre Magno. O objetivo desse imperador era rivalizar com o Império Romano, estabelecendo em Alexandria um governo despótico e centralizador. Nesse período, a cultura grega se expandiu do Egito até a China. C) Foi marcado pelas conquistas de Alexandre Magno, que teve dificuldades em expandir o seu governo, por conta da resistência dos romanos e dos persas. Apesar de ter reinado por décadas, Alexandre Magno não conseguiu manter a independência grega, perdendo seus territórios para o nascente Império Romano. D) Foi um período de decadência cultural, em que manifestações culturais gregas misturaram-se a influências de outras culturas conquistadas pelos exércitos de Alexandre Magno. Devido ao seu rápido crescimento, o império helenístico permitiu que as culturas e costumes locais se preservassem em troca de lealdade política. Isso levou ao fim da língua, da filosofia, do teatro e da arquitetura gregas. E) Foi uma era de violência endêmica e de escravidão dos povos conquistados por Alexandre Magno, o que explica sua breve duração. Logo após a morte de Alexandre, o império se dividiu e foi conquistado pelos persas. Dessa forma, o projeto de difusão da cultura grega foi abandonado, deixando alguns poucos monumentos e bibliotecas pelo Oriente. 4. (UECE) O fenômeno conhecido como Helenismo designa convencionalmente o período em que a cultura grega se difundiu em diferentes partes do mundo antigo, pelo mediterrâneo, pela Ásia, pela Síria, pela Fenícia, etc. e daí, tem-se o florescer de um modelo cultural em filosofia, economia, religião, ciência e arte. Este período que também se caracteriza pela intensa troca de experiências culturais entre dominadores e dominados começou a partir do(a) A) morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C. B) tomada de poder por Filipe II da Macedônia, em 359 a.C. C) declínio da polis, com o fim da guerra do Peloponeso. D) adoção do pensamento platônico como o modelo de cidade governada por filósofos. 5. (UNIFOR-CE) Culturalmente, o resultado das campanhas de Alexandre foi a fusão da cultura grega com a oriental, transformando uma e outra numa nova expressão, que se denominou helenismo. Sobre a cultura helenística pode-se afirmar que: A) manteve e consolidou os ideais grego de beleza, equilíbrio e harmonia retratado nas obras clássicas de escultura, pintura e arquitetura. B) deixou como legado a ideia de leis e princípios universais regulando a natureza, as quais podem ser conhecidas pelo pensamento humano. C) desenvolveu o monumentalismo, pessimismo, negativismo e relativismo, abandonando a concepção clássica de que o “homem é a medida de todas as coisas”. D) tratou a história com espírito científico, separando as lendas dos fatos, buscando suas causas e seu fim, na tentativa de fazer uma análise equilibrada dos fatos. E) baseou-se nos princípios do cristianismo, influenciando as ideias religiosas dos povos conquistados. 6. (UFTM-MG) O rei Filipe II, da Macedônia, conquistou as enfraquecidas cidades gregas. Foi, porém, seu filho Alexandre Magno quem ampliou os domínios e formou o Império Helenístico, cujo legado cultural manifestou-se na A) helenização da Ásia e na criação do primeiro alfabeto fonético. B) expansão da democracia grega na Ásia e na anulação do antropocentrismo. C) difusão do helenismo na Ásia e na sua mistura com costumes orientais. D) criação das primeiras leis escritas e na fundação de cidades gregas. E) invenção da arquitetura utilitarista e na fusão da cultura grega com a oriental. 7. (FUVEST SP) “Alexandre desembarca lá onde foi fundada a atual cidade de Alexandria. Pareceu-lhe que o lugar era muito bonito para fundar uma cidade e que ela iria prosperar. A vontade de colocar mãos à obra fez com que ele próprio traçasse o plano da cidade, o local da Ágora, dos santuários da deusa egípcia Ísis, dos deuses gregos e do muro externo.” Flávio Arriano. Anabasis Alexandri (séc. I d.C.). Desse trecho de Arriano, sobre a fundação de Alexandria, é possível depreender A) o significado do helenismo, caracterizado pela fusão da cultura grega com a egípcia e as do Oriente Médio. B) a incorporação do processo de urbanização egípcio, para efetivar o domínio de Alexandre na região. C) a implantação dos princípios fundamentais da democracia ateniense e do helenismo no Egito. D) a permanência da racionalidade urbana egípcia na organização de cidades no Império helênico. E) o impacto da arquiteturae da religião dos egípcios, na Grécia, após as conquistas de Alexandre. 8. (CEFET-PR) “Momento de transição entre o esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana e caracterizou-se pela difusão da civilização grega, mas preservando elementos de origem oriental, persa e egípcia, numa vasta área que se estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, foi a concretização do ideal de Alexandre difundir a cultura grega aos territórios que conquistava.” Trata-se do: A) Helenismo. B) Pan-Macedonismo. C) Estoicismo. D) Cosmopolitismo Clássico. E) Epicurismo. 9. (Fundação Carlos Chagas – 2010 – SP) O termo ataraxia designa o ideal da imperturbabilidade ou da serenidade da alma, em decorrência do domínio sobre as paixões ou da extirpação destas. (Abbagnano, N. Dicionário de filosofia) O termo ataraxia está fortemente ligado ao A) epicurismo e estoicismo. B) hermetismo e ao congruísmo. C) jansenismo e ao laxismo. D) idealismo transcendental. E) materialismo. 10. (MSCONCURSOS – 2011 – RS) Em 322, após a morte de Alexandre Magno, o sucessor deste decide expulsar de Samos todos os colonos atenienses, entre os quais a família inteira de Epicuro. Os historiadores da cultura convencionaram designar Helenismo as atividades culturais desenvolvidas no período transcorrido entre a morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., e o fim da república romana, em 31 a.C., quando Augusto (vencedor da batalha de Actium, em 27 a.C.) se torna imperador de Roma. A designação refere-se à presença dominante da língua e da cultura gregas em todo o mundo conhecido, numa difusão sem precedentes cuja causa inicial foi a convicção de Alexandre, aluno de Aristóteles, de que por seu intermédio a Grécia devia cumprir uma missão civilizatória sobre todos os povos da terra. A língua grega transformou-se na koiné, dialeto comum em todas as terras conquistadas por Alexandre, e Alexandria, no Egito, tornou-se a capital cultural da Antiguidade, papel que conservou mesmo quando Roma ocupou o lugar de centro político e econômico de um império que se estendia do Próximo Oriente ao Sul da Europa, do Mediterrâneo ao Atlântico. Embora o termo Helenismo pareça indicar apenas a hegemonia da cultura grega, na realidade, exprime a comunicação intensa entre as criações culturais helênicas e as orientais enquanto submetidas a um mesmo e único poder central, ligadas por rotas comerciais e tendo como ponto de encontro Alexandria e, mais tarde, Roma. Muitos preferem usar a expressão alexandrinismo para acentuar o papel que a dinastia dos Ptolomeus conferiu a Alexandria como centro de confluência da cultura grega e da oriental, com a criação do Museu e da Biblioteca, espaços destinados às atividades do conhecimento e das artes. No caso da história da filosofia, fala-se em período helenístico para designar os três grandes sistemas filosóficos predominantes nessa época. São eles: A) Ceticismo, epicurismo e estoicismo. B) Epicurismo, neoplatonismo e patrística. C) Neoplatonismo, ceticismo e patrística. D) Escolástica e epicurismo. E) Ceticismo e escolástica. GABARITO 1. A 2. B 3. A 4. A 5. C 6. C 7. A 8. A 9. A 10 . A 6. Filosofia Medieval Na transição do Período Clássico Antigo para a Idade Média, com a consolidação do domínio da Igreja Católica sobre os feudos, teve-se uma necessidade de uma reformulação de um pensamento filosófico desenvolvido acerca dos preceitos religiosos, de forma que o conhecimento estivesse mais próximo da fé cristã. Com a filosofia medieval, a imagem da época de “Idade das Trevas” foi desmitificada, já que era um termo usado de maneira equivocada. Depois de muita perseguição do Império Romano sobre Cristianismo, este só foi realmente oficializado em Roma durante o século II, já apresentando um grande número de seguidores, levando aproximadamente 200 anos para se expandir por completo pela Europa. Logo mais, o Império Romano do Ocidente entra em decadência, dando início a Idade Média, que teve seu auge do séc. VIII a XIV. A Filosofia Medieval pode ser divida em quatro escolas: Apostólica, Apologética, Patrística e Escolástica . Apostólica: Nos séculos I e II, foi desenvolvida esta vertente que consistia na forte defesa e propagação dos ensinamentos cristãos, em espaços que eram considerados pagãos. Esses ensinamentos eram baseados nas epístolas dos apóstolos, e um dos nomes mais conhecidos era Paulo de Tarso, o apóstolo, que tinha vários escritos que poderiam ser encontrados no Novo Testamento da Bíblia. Apologética: Já pelo século III e IV, a filosofia medieval passa por um processo que estava relacionada a apologias. Eles utilizavam desse recurso para defender fortemente a fé cristã, a ponto de negar totalmente o paganismo. Os nomes que mais se destacavam eram Justino Mártir (100 d.C.- 165 d.C.) e Tertuliano (160 d.C.- 220 d.C.). Tanto a Apologética quando a filosofia Apostólica serviram como base de influência para as vertentes seguintes. Patrística: Formada pelos primeiros padres da filosofia cristã, iniciou sua escola com base nas primeiras cartas divulgadas de Pedro e Paulo - cartas que eram o princípio da religião cristã - fundou as primeiras regras da Igreja como instituição, além do evangelho cristão. Teve como principal filósofo Santo Agostinho de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho. Santo Agostinho Agostinho de Hipona (354 d.C. - 430 d.C) era filho de comerciantes, tinha estudado filosofia e retórica, e diferente dos outros clérigos, se converteu tardiamente ao cristianismo (aproximadamente 30 anos), tornando-se assim sacerdote. Inspirado pelas teorias platônicas, ele reinterpretou a Teoria das Ideias dentro dos seus estudos que conciliavam fé e razão. Acreditava que o reino dos céus era o que Platão chamava de Mundo Inteligível, ou seja, era o reino perfeito, o real, o famoso “paraíso” que a Igreja tanto pregava para seus fiéis. Já o reino dos homens, na teoria platônica o Mundo Sensível, mesmo que seja a imagem e semelhança de Deus, era onde habitava o pecado, a imperfeição e as falhas. Então, Agostinho afirmava que a salvação é atingida através da conversão, da aceitação de Deus e da meditação. Esta era a relação do ser humano com Deus. Fé e razão podem estar unidas, desde que a fé prevaleça a razão. “É preciso crer para poder compreender.” Ele também formulou outras produções filosóficas como o conceito de vida, que consistia em ser uma noção de dádiva divina; teve também os estudos sobre o conceito de verdade (o ser humano se empenha para buscar o conhecimento da verdade, além de trabalhar com questões que o homem não consegue resolver, como por exemplo, a morte) e o problema do mal (o mal é a ausência de Deus, quanto mais o indivíduo se afasta de Deus, mais ele fica perto do mal; e justamente por ele ter a oportunidade de escolher se quer ficar perto ou não de Deus, ele tem o direito do livre arbítrio). Escolástica: Filosofia desenvolvida pelos teóricosdas primeiras escolas e universidades cristãs, tinham o objetivo de impulsionar as formações em massa de futuros padres, para proporcionar pesquisas intelectuais e científicas em prol da Igreja, já que ela tinha bastante força na Europa. As escolas e universidades cristãs promoviam estudos em duas categorias: a Trivium (gramática, lógica e retórica) e a Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). O filósofo que mais se destacou nessa escola foi São Tomás de Aquino. São Tomás de Aquino Tomás de Aquino (1226 - 1275) sempre teve uma educação dominicana, já então se preparando para a formação do sacerdócio. Foi aluno do filósofo e professor religioso Alberto Magno, que reconheceu a sua capacidade intelectual e sendo importante em sua formação intelectual cristã. Sendo fortemente influenciado por Aristóteles, Tomás de Aquino reune os estudos aristotélicos, rompendo com a proibição de alguns textos que tinham sido proibidos pela Igreja, trazendo um valor mais agregado para o pensamento cristão. Tomás de Aquino pensava que o mundo sensível é capaz de gerar conhecimento para compreender a fé cristã e a existência de Deus. Com isso, ele se fundamenta na Teoria das Quatro Causas de Aristóteles para provar a existência de Deus por cinco vias: 1- Primeiro Motor Imóvel: Deus é o motor que iniciou e o que causou tudo que se tem movimento, pois, nenhum corpo se move sozinho; 2- Primeira Causa Eficiente: Deus dá os motivos e efeitos de tudo existir; 3- Contingente Necessário: As origens e as formas do mundo tem um motivo. 4- Graus de Perfeição: Deus é parâmetro para tudo (maior e menor, forte e fraco); 5- Governo Supremo: Existe uma ordem racional no mundo cuja tem uma finalidade para existirmos; há vida após a morte. Ele defendia também a atuação das ciências inserida em uma formação intelectual contra as heresias da Igreja, conciliando a fé e a razão. Materiais complementares: - Filosofia Medieval Ilustrada - https://www.youtube.com/watch?v=EIGiCMbPz60 - As Cinco Vias de São Tomás de Aquino para provar a existência de Deus - https://portalconservador.com/as-cinco-vias-de-sao-tomas-para-provar-a-exist encia-de-deus/ - O Nome da Rosa (Filme Completo) - https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ&feature=youtu.be Lista de Exercícios 1. (UFF 2012) A grande contribuição de Tomás de Aquino para a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da razão natural, inclusive a respeito de certas questões da religião. Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a verdades da revelação que a razão humana não consegue alcançar, por exemplo, entender como é possível Deus ser uno e trino. A segunda modalidade é composta de verdades que a razão pode atingir, por exemplo, que Deus existe. A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor expressa o pensamento de Tomás de Aquino. a) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade. b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à revelação da verdade que Deus lhe concede. c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar certas verdades por seus meios naturais. d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades acerca de Deus. https://www.youtube.com/watch?v=EIGiCMbPz60 https://portalconservador.com/as-cinco-vias-de-sao-tomas-para-provar-a-existencia-de-deus/ https://portalconservador.com/as-cinco-vias-de-sao-tomas-para-provar-a-existencia-de-deus/ https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ&feature=youtu.be e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer d’Ele. 2. (UFU 2010) A filosofia de Agostinho (354 –430) é estreitamente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão). (PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983, p.77.) Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento de Platão. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças: a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano. b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que vivemos. c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do corpo. d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um. 3. (ENEM 2018) Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” AGOSTINHO. Confissões, São Paulo: Abril Cultural, 1984. A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo de reflexão filosófica sobre a(s) a) essência da ética cristã. b) natureza universal da tradição. c) certezas inabaláveis da experiência. d) abrangência da compreensão humana. e) interpretações da realidade circundante. 4. (ENEM 2015) Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. pois sendo Ele fonte suprema de Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado). Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus. b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal. e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal. 5. (ENEM 2018) Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe.Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o queexiste apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente. TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002. O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos. b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé. c) explicar as virtudes teologais pela demonstração. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados. e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas. 6. (SEEDUC UNB 2013) O pensamento ético-cristão, nomeadamente em Agostinho e Tomás, retoma a ética platônico-aristotélica, mas a redimensiona no horizonte da compreensão bíblica. Considerando esse assunto, assinale a opção correta acerca da referida ética cristã. a) A felicidade é o fim último do homem; e a virtude, o meio para o homem alcançar a felicidade. Além disso, a felicidade suprema pode ser alcançada nesta vida. b) O homem é imagem e semelhança de Deus, dotado de inteligência, livre-arbítrio e de domínio sobre os seus atos. Ele abraçará não somente as virtudes naturais, mas também as virtudes sobrenaturais da graça, como fé, esperança e caridade. c) Virtude é uma questão de dever e, dessa forma, não possui relação com felicidade, visto que o cumprimento do dever é penoso para o homem, e a felicidade é um sentimento de contentamento pleno. d) A justiça e a prudência são as virtudes supremas; além destas virtudes, que estão ao alcance do homem, não há outras. e) A felicidade consiste no prazer e no bem-estar material. 7. (ENEM 2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual. 8. (UFU 09/2002) A Patrística, filosofia cristã dos primeiros séculos, poderia ser definida como A) retomada do pensamento de Platão, conforme os modelos teológicos da época, estabelecendo estreita relação entre filosofia e religião. B) configuração de um novo horizonte filosófico, proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da materialidade. C) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os moldes teológicos da época. D) criação de uma escola filosófica, que visava combater os ataques dos pagãos, rompendo com o dualismo grego. 9. (Uncisal 2012) A filosofia de Santo Agostinho é essencialmente uma fusão das concepções cristãs com o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, Agostinho de Hipona afirma existirem verdades superiores e inferiores, sendo as primeiras compreendidas a partir da ação de Deus. Como se chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação de Deus que leva o homem a atingir as verdades superiores? a) Teoria da Predestinação. b) Teoria da Providência. c) Teoria Dualista. d) Teoria da Emanação. e) Teoria da Iluminação. 10.(ENEM 2012) TEXTO I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam- se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). TEXTO II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”. GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que a) eram baseadas nas ciências da natureza. b) refutavam as teorias de filósofos da religião. c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) postulavam um princípio originário para o mundo. e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. GABARITO 1. C 2. D 3. D 4. D 5. B 6. B 7. C 8. A 9. E 10. D 7. As Origens da Modernidade Com a crise do feudalismo, as constantes críticas sobre a Igreja Católica, com a tomada de Constantinopla pelo Império Otamano, o período medieval foi entrando em decadência. Esses são os primeiros passos para uma nova era, a Modernidade. Durante o século XIII, acontece um fenômeno chamado Renascimento Cultural e Urbano, no qual a Europa começa a entrar em crise - devido a fome, a peste e as guerras - algumas mudanças desse processo foram acontecendo como o crescimento das cidades, as trocas comerciais ficaram mais frequentes e novos grupos sociais estavam sendo formados, conhecidos como “burgos”. Vale lembrar também que isso refletiu no meio das artes, na filosofia e na ciência. Todas essas mudanças influenciaram em um processo de transição do período medieval para o que seria chamado de moderno. No âmbito da filosofia, há filósofos que devem ser citados, pois foram importantes nessa passagem de fase, o Giordano Bruno, Erasmo de Roterdão e Thomas More. Giordano Bruno Nascido na Itália, em 1548 e morreu em 1600. Ele era filósofo, matemático e teólogo. Entrou na vocação religiosa muito cedo, tornando-se sacerdote aos 24 anos. Por ter exposto ideias diferentes do que dizia a Igreja, acabou sendo acusado de heresia, tendo que deixar a Itália. Logo mais, ele abandona o sacerdócio. Nos anos seguintes, acabou sendo queimado vivo pela Inquisição.Giordano fora muito influenciado por Nicolau Copérnico (1473 - 1543), pela sua Teoria Heliocêntrica, durante o século XVI na Inglaterra. Sua filosofia era baseada em uma reinterpretação do neoplatonismo e em Nicolau Cusa (1401 - 1464). Ele afirmava que a realidade natural e o meio espiritual eram a mesma coisa, porque Deus habitava em tudo e em todos, fazendo com que a sua dimensão fosse questionada, já que não poderia ser algo determinado e limitado, trazendo assim a conclusão de que Deus e o universo eram infinitos. Além disso, Bruno também questionava a divindade de Jesus Cristo e a virgindade de Maria, deixando a Igreja mais contrariada com as suas ideias. Erasmo de Roterdã Erasmo foi um filósofo, escritor e teólogo humanista holandês, nascido em 1466 e faleceu em 1536, na Holanda. Apesar de ter dedicado sua vida a teologia, criticava fortemente a vida monástica, o clero e a Igreja. Por ser muito envolvido na área da educação, defendia o conhecimento dos clássicos, além de acreditar que a Igreja deveria se separar da função educacional. Ele também foi um dos responsáveis por ter dado um embasamento intelectual de seus pensamentos críticos para a Reforma Protestante. Escreveu a famosa obra, Elogio da Loucura, publicada em 1511, que fora dedicada a seu a amigo, Thomas More (1478 - 1535). A obra contém um tom satírico, sobre os séculos XV e XVI, criticando as instituições religiosas, os costumes, crenças e comportamentos que a sociedade, não só daquela época, mas de um modo atemporal, reproduzem por serem passados de geração em geração. Thomas More More (1478 - 1535) foi um filósofo, diplomata e estadista inglês, além de ter sido chanceler no reinado de Henrique VIII. Era muito amigo íntimo de Erasmo de Roterdã. Em 1516 publicou a sua obra mais simbólica, A Utopia, fazendo críticas a sociedade inglesa da sua época, criando uma “utopia” de uma sociedade inglesa perfeita, sem desigualdades e mazelas sociais, que habitava em uma ilha, porém, inalcançável já que tudo fazia parte de uma idealização. Além disso, foi contra a Reforma Protestante, defendendo os preceitos da Igreja. Materiais complementares: - Entrevista com Bruno Borges desaparecido no Acre - https://youtu.be/to_RvhNc3dk - Episódio da série “American Gods” - https://youtu.be/dpBjph1T3Ls - Livro “Elogio da Loucura” - http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/erasmo.pdf - Vídeo sobre o “Elogio da Loucura” - https://www.youtube.com/watch?v=j8owY1ZGguc - Livro “A Utopia” http://funag.gov.br/biblioteca/download/260-Utopia.pdf https://youtu.be/to_RvhNc3dk https://youtu.be/dpBjph1T3Ls http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/erasmo.pdf https://www.youtube.com/watch?v=j8owY1ZGguc http://funag.gov.br/biblioteca/download/260-Utopia.pdf 8. O aprofundamento da Modernidade A partir da breve introdução sobre a transição da Idade Média para a Idade Moderna, os acontecimentos que proporcionaram essa passagem, os filósofos que foram marcantes para todo esse processo, veremos com mais detalhes os marcos importantes e os filósofos que estavam inseridos na época moderna. - A invenção da prensa dos tipos móveis, por Gutenberg por volta de 1430, tornando-se um marco inicial para as imprensas,o que auxiliou na disseminação das publicações, atingindo o máximo de pessoas possíveis,para modificar e moldar um novo pensamento moderno; - Um dos primeiros a revolucionar a ciência com uma nova teoria foi Nicolau Copérnico (1473 - 1543), com a teoria heliocêntrica; - Esse período trouxe a constante busca do conhecimento racional e científico, aprofundando nas pesquisas científicas como Galileu Galilei e Johannes Kepler; - Galileu Galilei (1564 - 1642): foi um marco nas áreas da física e matemática, desenvolvendo o movimento dos corpos e a descobertas dos satélites e planetas, além de ser responsável pela a criação do método científico; - Johannes Kepler (1571 - 1630): foi um dos responsáveis pela revolução científica, formulando as “Leis de Kepler” que descrevem o movimento dos astros celestes de acordo com a teoria heliocêntrica; - Duas teorias do conhecimento surgiram no período moderno: Racionalismo e Empirismo, que serão abordadas no próximo módulo; - No âmbito da filosofia política, o primeiro que se destaca é Nicolau Maquiavel; - Nicolau Maquiavel (1469 - 1527): importante filósofo renascentista, é considerado pai da ciência política moderna, separando a política da ética como forma de aprofundar melhor nos seus estudos políticos. Em 1532, ele publica a sua famosa obra O Príncipe, o qual basicamente dizia que o pensamento político não devia recorrer aos segmentos religiosos, prezando pela legitimidade e autonomia do poder; - Logo mais, surgem as teorias contratualistas, com Thomas Hobbes (1588 - 1679), John Locke (1632 - 1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778); - Aproximadamente no final da modernidade, o Iluminismo foi uma nova fase na era da razão, com foco em uma filosofia mais lógica e antropocêntrica, colocando em evidência a racionalidade humana como uma nova forma de se relacionar com o mundo; - O iluminismo foi essencial para a consolidação da filosofia moderna e na constituição de uma próxima estação da filosofia, o que seria conhecida como filosofia contemporânea; - Montesquieu (1689 - 1755): sua filosofia era voltada para a moral, os costumes e a política. Por ser totalmente contrário ao absolutismo, era a favor de um Estado liberal que tivesse um sistema de leis cujo haveria uma separação dos poderes do poder público (executivo, legislativo e judiciário), para que não acontecesse abusos de autoridade. - Outros nomes que são importantes a serem citados são Voltaire e Alexis de Tocqueville, que foram considerados defensores do Princípio da Liberdade Humana, sendo responsáveis pela fundação do pensamento liberal no final da era moderna; - Voltaire (1694 - 1778): Junto com John Locke, começaram suas análises acerca da liberdade individual; - Alexis de Tocqueville (1805 - 1859): Por ter participado do processo de independência dos Estados Unidos, seu pensamento já envolvia a liberdade da formação da América na formação dos EUA; - Denis Diderot (1713 - 1784) e Jean le Rond D'Alembert (1717 - 1783) foram os criadores da enciclopédia, onde reuniram todos os saberes que existia no mundo, deixando acessível e atingível a todos, com o intuito de promover uma evolução moral e intelectual da sociedade através do conhecimento; - Immanuel Kant (1724 - 1804) e seu Ceticismo; - Friedrich Hegel (1770 - 1831) com seu Sistema Totalizante e a formação do espírito científico. Materiais Complementares: - “O Príncipe” de Maquiavel - http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/principe.pdf - Frase do Galileu: “ Eppur si muove” - http://revistagiz.sinprosp.org.br/?p=6817 - Introdução ao pensamento de Hegel - https://youtu.be/tN58Q6gYw1s Lista de Exercícios 1. (UNESP 2020) Do nascimento do Estado moderno até a Revolução Francesa, ou seja, do século XVI aos fins do século XVIII, a filosofia política foi obrigada a reformular
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