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FRATURAS DA TÍBIA E DO TORNOZELO

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FRATURAS DOS OSSOS DA PERNA 
Aula 04 – Profº Tiango 
FRATURAS DIAFISÁRIAS DA TÍBIA 
A tíbia é o osso longo que mais sofre fratura exposta, pois sobre sua parte ântero-medial, há apenas pele e uma 
camada fina de tecido subcutâneo, predispondo às fraturas expostas em traumas de maior energia. 
EPIDEMIOLOGIA 
Ocorre predominantemente entre 20-40 anos de idade, mais em homem; 40% são decorrentes de acidentes de 
transito, 30% do esporte. 25% são expostas (Anderson e Gustillo III – fratura considerada suja, com mais de 10 cm de 
extensão, muitos fragmentos e muita lesão de partes moles). 
DIAGNÓSTICO: 
Deformidade angular, mobilidade anormal, encurtamento do membro, dor local, deformidade por edema. 
Atentar para: 
 Perfusão distal e pulsos periféricos 
 Sensibilidade 
 Presença de ferimentos que possam indicar se é fratura exposta 
→ Radiografas SEMPRE dois planos (AP + P). Cuidar lesões associadas em outras partes (lesões ligamentares no joelho, 
fraturas ou lesões no tornozelo, lesões neurológicas ou vasculares). 
CLASSIFICAÇÃO AO: 
1) AONDE: 4 (tíbia), 2 (diáfise). 
a) 4 grandes partes: (1) úmero; (2) rádio/ulna; (3) fêmur; 
(4) tíbia/fíbula. 
b) Em cada parte: (1) proximal; (2) diáfise/ média; (3) 
distal. 
 
2) O QUE: A (traço simples), B (traço segmentar, fragmento 
em asa de borboleta – ainda mantém contato entre 
estruturas), C (multifragmentar, cominutiva – acima de 3 
fragmentos e não mantem contato com os fragmentos 
principais). 
 
TRATAMENTO: manutenção da vascularização, mobilidade precoce. 
Fraturas geralmente preferimos tratamento cirúrgico!! O tratamento com gesso leva tempo, dá muita alteração. 
Prognóstico: relacionado com a “personalidade da fratura” - Nicoll: 
 Grau de desvio inicial da fratura – grande energia; 
 Gravidade da cominuição/fragmentação; 
 Lesão de partes moles – importante pela vascularização – irrigam periósteo e também, através das artérias 
nutrícias, que penetram no forame nutrício, entram nos canais de Volkmann, entrando no sistema haversiano de 
circulação para aporte vascular dos ossos, importante na consolidação (muita lesão em partes moles irá prejudicar 
a consolidação). Em alguns casos, não ocorre corte da pele, mas ocorre compressão tão grande, que ocorre 
necrose, sendo necessário enxertia de pele e até retalho muscular com M. gastrocnêmios. 
 
 
Quanto maior a energia do trauma = pior o grau de desvio da fratura, maior número de fragmentos e maior lesão de 
partes moles – pior prognóstico (pior consolidação e pior resposta ao tratamento) 
CONSERVADOR - gesso cruro-podálico (ou inguino-podálico) por 4-6 semanas + PTB (ou suro-podálica) por 6-8 
semanas (pode caminhar). Maior risco de rigidez em joelho e tornozelo, atrofia muscular. Estabilidade relativa, 
estabilização secundária, com calo ósseo. 
 
 
 
 
 
 
 
HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA: Padrão-ouro!!! Princípio de estabilidade relativa, consolidação secundária, com 
formação de calo ósseo. Minimamente invasiva e permite deambulação no pós-operatório. Biológico (não 
desperiostizo o foco). 
PLACAS E PARAFUSOS EM PONTE: estabilidade relativa, biológica, com calo ósseo. Segundo tratamento preferencial. 
PLACAS E PARAFUSOS (colocando todos os parafusos e compressão dos fragmentos): estabilidade absoluta (sem calo 
ósseo), não biológico, artificial cirúrgico (consolidação primária, artificial). Última opção de tratamento!!!!!! 
 
FRATURAS DA TÍBIA PROXIMAL - “TÍBIA PLATEAU” 
Planalto medial é côncavo e o platô lateral é convexo. Existe inclinação de 10 a 15° para a posterior. Corresponde a 1-
8% das fraturas. Fraturas no platô lateral são mais frequentes. 
Se fratura de platô medial (isolada ou associada) = risco de lesão da poplítea (compressão ou esmagamento) com 
agressão ao endotélio vascular e formação de trombo (24-48h da internação do paciente) !!! Nessas fraturas de platô 
medial, sugere-se fazer terapia para TVP, não somente profilaxia e a realização de angiografia!! 
Ocorrem por queda de altura com pernas abertas ou fechadas: 
 Estresse em varo – fratura em platôs mediais 
 Estresse em valgo – fratura de platôs laterais 
EPIDEMIOLOGIA 
Ocorre lesão ligamentar em 25% dessas fraturas e lesão meniscal em 45%. Também ocorre lesão da artéria poplítea, 
da camada íntima do endotélio vascular (trombose e isquemia), do nervo fibular (ramo do ciático). 
DIAGNÓSTICO 
Deformidade angular, mobilidade anormal, encurtamento do membro, dor local, deformidade por edema. 
Atentar para: 
 Perfusão distal e pulsos periféricos 
 Sensibilidade 
 Presença de ferimentos que possam indicar se é fratura exposta 
→ Cuidar lesões associadas e radiografar sempre!! 
Figura 1. Gesso cruro-
podálico 
Figura 2. PTB – gesso abaixo do joelho 
 
 
CLASSIFICAÇÃO AO: 
 AONDE: 4 (tíbia) e 1 (proximal) 
 O QUE: A – extra articular, B – articular unifocal ou parcial, C – articular completa (ambos os platôs). 
Classificação de Schatzker: IV em diante – todas elas têm acometimento do platô medial = todas tem risco de lesão 
da poplítea!!! (SABER) 
 
TRATAMENTO 
Redução anatômica, estabilidade absoluta (fará desperiostização), manutenção da vascularização (manterá, mesmo 
com a desperiostização, pela região, que possui mais células jovens e grande área de vascularização), permite 
mobilidade precoce. 
ESTABILIDADE ABSOLUTA: se é articulação, não podemos ter movimento 
no foco de fratura, sem formar calo ósseo!!!! Mesmo se for em região 
mais distal da articulação (metáfise), pois precisamos impedir que tenha 
modificação da angulação da articulação (pois provoca mudança na 
distribuição de cargas, levando a artrose). 
 Uso de placas e parafusos: redução e estabilização. Pode mobiliar 
precocemente, mas não pode apoiar. 
CONSERVADOR: apenas se desvio < 2mm ou quando não existir 
instabilidade importante na articulação (sem lesão ligamentar). Mas é 
ruim de calcular isso, precisamos de um TC à disponibilização. É difícil de 
usar!!! Imobilização de 8-12 semanas (maior parte sem apoio) – 6 
semanas com gesso cruro-podálico; após pode iniciar mobilização, mas 
sem carga/apoiar peso até completar 3 meses. 
 
FRATURA DO PILÃO TIBIAL “PLAFOND, PILON” 
Problema da região – é pouco vascularizada!!! 
 Lembrando: Áreas pouco vascularizadas – clavícula, região subtrocanterica, pilão tibial, escafoide. 
 Causas de prejuízo à vascularização relacionado ao paciente: tabagismo, etilismo, infecção local, nutrição. 
Acometem a epífise e metáfise distal da tíbia. Nas fraturas da tíbia distal, grande parte das vezes acomete a superfície 
articular do tornozelo (um ou mais traços intra-articulares) – podendo levar a rigidez ou artrose entre os componentes. 
Podem estar acompanhadas de lesão da Sindesmose – contato da articulação tíbio-fibular, ou seja, é onde a tíbia 
encosta na fíbula. 
EPIDEMIOLOGIA 
 5-10% das fraturas da tíbia 
 <1% das fraturas de MMII 
 
 
 São trauma de alta energia principalmente, e traumas de baixa energia ocorre principalmente por cisalhamento 
ou rotação em idosos 
CLASSIFICAÇÃO 
 AONDE: 4 (tíbia) e 3 (distal) 
 O QUE: B – articular unifocal ou parcial, C – articular completa. “A” não é sempre considerada como fratura de 
pilão tibial, pois não tem traços articulares – algumas literaturas a incluem e outras não. 
DIAGNÓSTICO 
Deformidade angular, mobilidade anormal, encurtamento do membro, dor local, deformidade por edema. 
Atentar para: 
 Perfusão distal e pulsos periféricos 
 Sensibilidade 
 Presença de ferimentos que possam indicar se é fratura exposta 
→ Cuidar lesões de partes moles, radiografar sempre!! 
→ TC é mandatória para planejamento cirúrgico!! 
TRATAMENTO 
ESTABILIDADE ABSOLUTA - redução anatômica com compressão entre fragmentos e consolidação primária. 
CONSERVADOR - em desuso, uso para fraturas sem desvio, observa energia do trauma e lesões de partes moles. 
Cuidar: no momento da fratura pode estar apenas edemaciado sem desvio;
mas com o tempo pode ocorrer a formação 
de flictena (retenção de líquido, descolamento da camada superficial da pele com formação de bolha – indica 
gravidade da lesão; sinal de gravidade!! Maior gravidade ainda quando há formação de flictena hemorrágico – 
descolamento por acúmulo de sangue) !!! Por isso que na maioria das vezes em fratura de pilão tibial, mesmo que vá 
operar em alguns dias e ainda não esteja com flictena, a indicação é sempre colocar de fixador externo (para permitir 
que ocorra estabilização sem impedir que o edema seja drenado) ao invés de usar tala de gesso. 
Então, sempre se preconiza nas fraturas de pilão tibial se coloque um fixador externo – se formar a flictena, a fratura 
já está estabilizada – controle de danos, estabilidade absoluta, pronta para a segunda intervenção (cirúrgica) – operar 
gentilmente após redução do edema, pois é uma área problemática. Usado na emergência, para a fixação e 
possibilidade de redução do edema. 
FRATURAS DO TORNOZELO 
Articulação talocrural é a mais importante (envolve a extremidade inferior 
da tíbia e seu maléolo medial, o maléolo lateral da fíbula e o corpo do 
tálus) 
Tem elasticidade conferida pela sindesmose (união pela tíbia e fíbula, tem 
um grau de movimento). 
 
 
Complexidade pela presença de vários ligamentos 
 
 
 
 
 
 
 O talofibular anterior é o mais lesionado, sempre é lesionado em entorse do tornozelo (seja por distensão, 
microrupturas ou ruptura completa. 
 As fraturas e lesões ligamentares do tornozelo são as mais frequentes do MMII. 
Ocorre por forças de impacto e torcionais. Pisadas em falso no caminhar ou correr, práticas de esportes, trânsito, uso 
de salto alto. 
EPIDEMIOLOGIA 
 9-10% de todas as lesões e fraturas do corpo e apenas 2% das fraturas são expostas. 
 65% são unimaleolares, 25% são bimaleolares, 5-10% trimaleolares. 
Pacientes com maiores predisposições: 
 IMC elevado 
 Tabagista 
 Mulheres idosas 
 DM 
DIAGNÓSTICO 
Deformidade, edema, hematoma, mobilidade anormal, dor – nos sugerem fratura ou lesão ligamentar. 
Atentar: 
 Perfusão distal e pulsos periféricos 
 Sensibilidade 
 Presença de ferimentos 
REGRAS DE OTTAWA AKLE RULES: indica necessidade ou não de RX 
1. Perguntar sobre acidente: a capacidade de apoiar o pé – dor localizada sem conseguir apoiar a perna por pelo menos 
dois passos com cada perna. 
2. Apalpar: borda posterior dos maléolos, base do 5º metatarsal e do navicular. 
 Dor somente na borda anterior dos maléolos costuma ser por lesão de ligamentos!!! Se tiver dor na palpação 
posterior aos maléolos é muito mais indicativo de fratura. 
 Indica-se realização do RX se não conseguir apoiar o pé OU se tiver dor à palpação da borda posterior dos 
maléolos, do 5 metatarso ou do navicular → pois possivelmente haverá fratura e haverá necessidade de cirurgia. 
 Se não tivesse dificuldade para apoiar o pé, nem dor à palpação não se necessitaria realizar RX (realizaria-se 
imobilização, e o paciente receberia orientações e retorno para reavaliação), mas na prática, sempre preferimos 
fazer RX para ficar tranquilo e não sofrer processos. 
 RX sempre em dois planos (AP + Perfil). 
 
 
CLASSIFICAÇÃO: uni, bi ou trimaleolares. 
 
 
 
 
 
OBS: Fraturas Weber B, C, bimaleolares etc – podem provocar a abertura do espaço claro-medial, que causa 
deslocamento entre o tálus e a tíbia, ou seja, ocorre uma subluxação – podendo haver lesão dos ligamentos que 
mantêm a sindesmose. 
Lembrar: para que a pinça articular funcione satisfatoriamente, a fíbula precisa: 
 Ter comprimento e rotação normais (não posso ter desvios) 
 Estar corretamente posicionada no sulco da tíbia 
 Estar fixada à tíbia, através da sindesmose. 
TRATAMENTO 
ESTABILIDADE ABSOLUTA (é o indicado) - envolvimento da região da sindesmose (Teste de Cotton para ver se a região 
da sindesmose está lesionada – havendo necessidade de fixação cirúrgica da sindesmose). 
CONSERVADOR: há mais espaço para o tratamento conservador → se não tiver desvio: Imobilização por 2 meses!! 
Tala gessada suropodálica por 1-2 semanas, após bota gessada por 6-7 (para completar 8 semanas no total da 
imobilização). Consegue recuperar muito bem com fisioterapia. 
CIRÚRGICO: para fraturas deslocadas – articulares ou de extremidades. Redução anatômica e estabilidade absoluta 
com uso de placas e parafusos com compressão de fragmentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação AO ou Dannis-weber: de acordo com a posição em 
relação com a sindesmose. 
 Todas do tipo C (acima da sindesmose/proximais): opera sempre; 
 Tipo B (em cima da sindesmose) se tiver desvio opera – tende a 
desviar e abrir espaço na medial (espaço claro-medial); 
 Tipo A (infrasindesmose/distais) raramente opera, pois raramente 
desloca. 
 
 
 
COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS DE OSSOS DA PERNA 
IMEDIATAS 
Infecções, distrofia simpaticorreflexa (principalmente pilão e tornozelo – edema, enrijecimento, palidez, sudorese, 
hiperemia do membro, dor intensa impedindo a movimentação; tratamento com bloqueio com medicação e 
fisioterapia), deiscência de sutura (platão tibial), lesão vascular (lesão poplítea, Schatzker 4 em diante), lesão 
neurológica, síndrome compartimental (principal). 
 SÍNDROME COMPARTIMENTAL: 5 Ps – ocorre pelo edema das estruturas lesadas e pelo próprio sangramento, 
que chega a um ponto em que não consegue mais distender a fáscia, ocorrendo compressão das estruturas e 
fechamento da microcirculação, levando a necrose tecidual. 
1º. Pain – de origem isquêmica que não melhora com a retirada da tala/dor a mobilização passiva (dorsiflexão) 
- é o primeiro sintoma; 
2º. Paralisia; 
3º. Parestesia (pela lesão neurológica); 
4º. Palidez; 
5º. Pulsos ausentes (último sintoma que desaparece, não podemos esperar isso para diagnosticar). 
O tratamento é com FASCIOTOMIA (cortes medial e lateral). Corte lateral abre compartimento lateral e anterior e 
corte medial abre os compartimentos posteriores superficial e profundo. Na dúvida, faz fasciotomia se eu tenho 
suspeita e não consigo ter certeza. Para testar se músculos não estão necrosados: ao pegar o músculo com pinça, ele 
deve responder com miofasciculações ou ao estimular eletricamente com eletrocautério 5 ou 10, ele deve tremer ou 
ao realizar cortes, ele deve sangrar. 
TARDIAS 
Infecção, artrose, distrofia (mais comum recente), consolidação viciosa, pseudoartrose.

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