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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais Texto do Filme “Persépolis” Persépolis é uma animação autobiogarfica de Marjane Satrapi, que revela as profundas transformações ocorridas na sociedade iraniana após a revolução islâmica comandada pelo Aiatolá Khomeini. A trama se desenvolve a partir da construção da identidade da menina Marjane, de nove anos de idade, e que sempre foi influenciada por militantes de esquerda, que estavam presentes no seu cotidiano familiar e lutaram contra o sistema dominante. Nascida em 1969, Satrapi conta sua história até 1994, quando mudou pela segunda vez do Irã com destino à Europa. Antes disso, ela narra, a partir da relação com sua politizada família, a percepção e o modo pelo qual ela entendia sobre os acontecimentos relacionais à derrubada do Xá Reza Pahlavi, em 1979, e a subida ao poder dos líderes xiitas. A infância de Marjane é marcada pelas figuras de familiares que lutaram contra o sistema dominante. O pai da mãe, nascido príncipe numa dinastia derrotada, tornou-se comunista. O seu tio Anouche aderiu ao Partido Democrático do Azerbaijão, um partido que apoiou a URSS, enquanto estava estudando marxismo na Rússia, e quando voltou para o Irã foi preso no governo do Xá Reza Pahlevi e depois morto pelo governo seguinte. E a avó acreditava na integridade, na luta pelos inocentes e na coragem. Marjane, a princípio, não entende a revolução, pois na escola aprendeu que o Xá foi escolhido por Deus e não entende por que sua família não o apoiava; por isso, ela se interessa em conhecer um pouco mais sobre a história de seus ancestrais. A revolução era vista e ensinada como uma promessa de liberdade, de pôr fim a uma era de sucessões hereditárias e instaurar a república. No entanto, isso foram somente promessas. Os primeiros acontecimentos são apresentados ao espectador a partir do ponto de vista de uma criança, as causas da revolução Islâmica, são explicadas pelo pai de Marjane, na tentativa de fazer a filha compreender que o Xá não foi escolhido por Deus. A revolução Islâmica aconteceu em 1979, por uma insatisfação popular em relação ao Xá Reza Pahlevi. Foi um governo de abertura a cultura ocidental, de modernização, as mulheres tiveram direito ao voto, priorizou os setores agrícolas e concederam a exploração do Petróleo pela Inglaterra. Segundo o pai de Marjane, foi a concessão do petróleo que fez com que a Inglaterra apoiasse e transformasse o Xá em um grande ditador. A Inglaterra teve participação no golpe de estado que Projeto “Cinema e ensino de história” Disciplina: História Turma: 3º ano Administração Aluno(a): Ana Flávia Norberto Umbelino Data de Entrega: 31/05/2020 Professora: Luciane Silva de Almeida flavi Retângulo flavi Retângulo levou o pai do Xá ao poder, no treino dos torturadores da Savak pela CIA e na venda de armas pelos países ocidentais a ambos os lados da guerra Irão-Iraque. A repressão a oposição e as denúncias de corrupção do governo, fez com que as pessoas saíssem as ruas em prol da derrubada do Xá. O governo que se segue é do aiatolá Ruhollah Khomeini, onde começa uma política nacionalista e antiocidental promovida pelo novo governo teocrático do Irã. A revolução não atendeu as expectativas do povo e a repressão contra aqueles que lutaram no governo do Xá ficou mais acirrada, muitos foram mortos. Marjane denuncia essa repressão na escola quando a professora tenta defender o governo de Khomeini. Anos depois em 1989, Khomeini falece, e o Irã encontra um novo líder supremo, o aiatolá Khamenei, mas mesmo assim o Irã continuou com uma política de forte repressão. À medida que Marjane cresce e a revolução avança, e Persépolis vai adquirindo um tom mais dramático e mais trágico. A passagem do tempo é construída a partir do desenvolvimento de Marjane. Todos esses acontecimentos históricos são relatados no filme sob o ponto de vista da menina, acompanhando o seu amadurecimento pessoal. Há uma parte do filme em que ela expõe as mudanças do seu corpo, de forma divertida, mas expressa um momento de transição. A política anti-ocidentalização é representada no filme a partir da adolescente que gosta de Iron Maiden e broche de Michael Jackson. Além do crescimento de Marjane, outro artifício usado por Marjone Satrapi e Vincent Paronnaud para delimitar o tempo foi a cor. O tempo real pouco representado no filme é colorido, enquanto as lembranças são em preto e branco. E as guerras e conflitos que ela não participou ativamente, mas que fazem parte da construção da sua identidade, são representados por sombras. Nesse contexto, as escolas deixaram de ser laicas, de forma assimilar ao Estado. Um Estado laico diferencia-se de um Estado teocrático, no âmbito do qual o poder religioso e o político se fundem, que é o caso da Arábia Saudita e do Irã. Em um Estado laico, não se admite qualquer ação governamental ou estatal justificada por meio de assuntos religiosos, entende-se que toda e qualquer visão religiosa de mundo deve ser respeitada e que a liberdade de culto e de crença deve ser garantida. Anos depois a repressão e a intolerância permaneceram e são mostradas a partir das necessidades de Marjane como adulta, que não pode namorar, se maquiar e nem ir a festas com bebidas alcoólicas apesar das festas acontecerem clandestinamente. A revolução tomou um rumo inesperado e se tornou uma revolução islâmica; o medo começou a tomar conta de grande parte da população e as mulheres foram obrigadas a usar véu e roupas que cobriam todo o corpo, representando fortemente a opressão sofrida pelas mulheres no país do Oriente Médio e a objetificação feminina. O cabelo à mostra e as roupas que não condiziam com a moral religiosa eram motivos suficientes para a mulher ser chamada de “vadia”. Andar na rua com um rapaz que não fosse irmão ou pai já era motivo para ser presa e passar por acareação, podendo resultar até mesmo em castigos físicos. A ideia era ocultar o corpo da mulher de forma a não provocar e excitar os homens. De forma análoga aos dias atuais, as mulheres ainda sofrem discriminação social e carregam as marcas de um regime extremamente opressivo, em que mulheres ainda recebem menos do que os homens e infelizmente precisam de leis que criminalizem o feminicídio. A República Islâmica usou todos os recursos ideológicos antidemocráticos, sobretudo a religião, para hostilizar as massas, estabelecer e preservar o seu domínio. O resultado foi uma brutal repressão dos intelectuais e das massas, onde a lei do sangue prevalecia e todos os antirrevolucionários eram extintos do país. Ocorreram muitos bombardeios iraquianos, detenções e execuções de presos políticos, leis mais repressivas, o álcool, as festas e os jogos de cartas foram proibidos; e cada vez mais o Irã se transformava em um país opressivo. A população ou jurava fidelidade pelo regime ou era executada. Marjane teve que se despedir de alguns amigos e familiares e viajou para a Europa para continuar os seus estudos. Sua posição social privilegiada e seus anos de estudo em uma escola secundária francesa fizeram com que fosse mais fácil para ela frequentar uma escola francesa em Viena. A chegada na Europa não foi fácil, ela enfrentou muitos olhares críticos dos mais conservadores e relutantes em conhecer outras culturas, chegando a mentir sobre sua nacionalidade. Sempre que Marjane virava as costas aos seus valores por fraqueza ou medo (seja face ao racismo na Áustria ou aos Pasdaran no Irã), a Avó enfatizava a importância da perseverança nos princípios de uma pessoa, uma vez que ela viu e sabe que os seres humanos, mesmo na mais difícil das situações, têm escolhas. Na Europa, tentou encontrar pessoas que compartilhassem seus ideais, mas encontrou uma realidade diferente da que ela conhecia e descobriu que essas ideias são defendidas de maneira muito diferente, de uma forma muito mais superficial e a partirdo conforto, visto que há uma total falta de conhecimento do Ocidente em relação ao resto do mundo, logo, alguns preconceitos são estabelecidos a partir da ignorância. Marjane não havia experimentado o pior da guerra e nem o sofrimento de seu país, seus problemas haviam sido “ocidentalizados”. Diariamente são mortas centenas de pessoas no Iraque e nós nem sequer fizemos um minuto de silêncio. Durante anos, as classes dominantes imperialistas, com a ajuda consciente ou inconsciente da República Islâmica do Irã, têm retratado os habitantes do Irã e do Médio Oriente como nada mais que fanáticos muçulmanos, um quadro irreal para preparar as mentes ocidentais para o assassinato em larga escala. O filme retrata não apenas a história de Marjane, mas também a história de um povo que presenciou profundas transformações políticas e sociais e precisou se “ajustar” a essa situação. Enfatiza o choque de civilizações e a opressão, além disso, atenta o espectador ao seu papel na mudança, fazendo o refletir sobre a disputa da mente humana no processo de compreensão da realidade. https://amenteemaravilhosa.com.br/hoje-bom-dia-sair-zona-de-conforto/
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