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1 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV aul� 3 - anatomi� Estômago, duodeno e pâncreas Estômago Localização - entre o esôfago e duodeno. *Localização central no abdome superior. Funções: Digestão química e mecânica, absorção da comida ingerida e secreção de hormônios. Relações anatômicas *Possui relação íntima com o omento maior e menor Anteriormente: diafragma, fígado (lobo esquerdo) e parede abdominal anterior Posteriormente: bolsa omental (saco menor), pâncreas, rim esquerdo e glândula adrenal, baço e artéria esplênica Superiormente: esôfago e diafragma Inferiormente e lateralmente: mesocólon transverso Divisão anatômica •Cárdia - Esfíncter. Transição esôfago → estômago. •Fundo - dilatação superior do estômago. Está ao nível do orifício cárdico. •Corpo - maior porção. •Antro - produção de HCL •Piloro - Esfíncter, anel muscular. Abre-se durante o esvaziamento gástrico. Camadas •Mucosa - possui rugosidades (pregas gástricas) - Desaparecem durante a distensão gástrica •Submucosa •Muscular (3 camadas de músculo) - Longitudinal externa - Circular média - Oblíqua interna •Serosa - peritônio visceral *Musculatura lisa, realização da peristalse. Irrigação arterial 2 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV ✓Artérias gástricas, artérias gastro-omentais, artérias gástricas curtas, artérias gástricas posteriores, artéria gastroduodenal Curvatura menor Aorta abdominal ⇩ Tronco celíaco ⇩ Artéria hepática comum ⇩ Artérias gástricas direita e esquerda Curvatura maior Artéria gastroduodenal e esplênica ⇩ Artérias gastro-omentais direita e esquerda Fundo e parte superior do corpo do estômago Artéria esplênica ⇩ Artérias gástricas curtas ⇩ Artéria gástrica posterior Parte pilórica Artéria hepática comum ⇩ Artéria gastroduodenal Drenagem venosa - semelhante a irrigação arterial. •Veia porta •Veia esplênica •Veias mesentéricas superiores Drenagem linfática •Linfonodos gástricos, gastro-omentais, pilóricos, celíacos *Muito ampla - possui muitas cadeias linfáticas. Neoplasia gástrica Neoplasias gástricas são agressivas. Como a drenagem linfática é muito ampla podem haver metástases para diversas partes do corpo. - Linfadenectomia ampla: Durante o procedimento cirúrgico é necessário ressecar todas as cadeias linfáticas possíveis próximas ao estômago para evitar que possíveis células neoplásicas se distribuam para outros tecidos Inervação •Parassimpática: nervo vago (NC X) - Responsável pela motilidade gástrica, produção de HCL no antro e relaxamento do esfíncter pilórico durante o esvaziamento gástrico - Sensação de dor, plenitude, náusea •Simpática: plexo celíaco (T5-T12) - É responsável por inibir a motilidade gástrica e contrair o esfíncter pilórico (previne o esvaziamento gástrico) ✓Nervo vago direito - Ramo posterior - Inerva a porção posterior ✓Nervo vago esquerdo - Ramo anterior - Inerva a porção anterior do estômago + piloro Vagotomia - secção do nervo vago 3 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV - Indicação: redução da produção de HCL Uso clínico: em casos de perfuração por úlceras gástricas - Durante a cirurgia retira-se a inervação vagal do antro visando diminuir a acidez gástrica e diminuir a chance/ recorrência de úlceras gástricas. Tipos de vagotomias Vagotomia troncular - Secciona o NV antes de sua ramificação. Vantagem - fácil e + rápida de fazer (fácil identificação do tronco) - Utilizada em situações de emergência Desvantagem - retira a inervação muscular do estômago, duodeno e do esfíncter pilórico (relaxamento - o conteúdo do duodeno pode refluir para o estômago e causar gastrite alcalina) - Bile: alcalina *Há uma alteração no funcionamento/ motilidade do estômago. Vagotomia Seletiva - Secção do NV (Tronco gástrico) só do estômago. - Retira a inervação do estômago Vantagem - Preserva o duodeno e piloro. Superseletiva - Secção apenas o ramo do NV que inerva o antro. Vantagem - retira a inervação apenas da área pretendida (antro). Resulta em menos efeitos colaterais. Desvantagem - experiência do cirurgião para identificar ramo, demora do procedimento - Não é utilizada em casos de urgência e emergência Fundoplicatura Utiliza-se o fundo gástrico (dando uma volta pela cárdia) dando um ponto para fortalecer a transição entre o esôfago e estômago (cárdia). - Essa técnica aumenta a pressão esfincteriana e diminui a chance de refluxo. *Utilizada no tratamento para DRGE. Hérnia hiatal A hérnia hiatal é uma protrusão de parte do estômago no mediastino através do hiato esofágico do diafragma. Qualquer parte do estômago pode estar envolvida, mas a situação mais comum é a protrusão da junção esofagogástrica. O fundo gástrico (hérnia hiatal paraesofágica), múltiplas partes ou até todo o órgão podem se herniar para o mediastino, fazendo com que a patologia seja muito variada. Etiologia: trauma, malformações congênitas e cirurgias prévias. - Mais comum: idade avançada, que resulta em enfraquecimento do diafragma e alargamento do hiato esofágico, facilitando protrusões. Pacientes são normalmente assintomáticos, mas podem queixar-se de sintomas inespecíficos como queimação retroesternal (pirose), regurgitação, disfagia, desconforto epigástrico, plenitude pós-prandial e náuseas. Hérnias de hiato assintomáticas são tratadas de maneira conservadora, através do controle dos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico. Hérnias sintomáticas, pelo contrário, requerem intervenção cirúrgica. Cirurgias bariátricas 4 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV Sleeve - gastroplastia vertical. - Faz-se a ressecção da maior parte do estômago, mantém praticamente a curvatura menor - Resseca as artérias gastromental direita e gastroomental esquerda - Redução do volume gástrico - Mantém o trânsito intestinal Bypass - A religação serve para a drenagem da bile e suco pancreático (digestão) *Redução grande da zona de absorção (síndrome de disabsorção) - Paciente pode apresentar diarreia, maior perda de peso Caso clínico 1 Paciente RN, 36 semanas de gestação, parto normal, 2.560kg, evolui nas primeiras horas de vida com vômitos biliosos recorrentes e intolerância alimentar (toda tentativa de mamada evoluía com vômitos). Apresentou na USG 36s: Polidrâmnio Ao exame: Desidratada e distensão abdominal moderada. Solicitado radiografia de abdome: Diagnóstico - Atresia de duodeno •Radiografia - Sinal da dupla bolha (bolha gástrica + bolha duodenal) - Não existe comunicação do duodeno com o restante do intestino - Paciente não libera o mecônio Diagnóstico diferencial: Estenose de piloro - Vômitos não biliosos - Não apresenta o sinal da dupla bolha Engasgos recorrentes Fístula esôfago-traquéia: engasgos recorrentes. O leite passa do esôfago para a traquéia, resultando em engasgos frequentes. Duodeno Localização •Primeira das três partes do intestino delgado. 5 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV •Entre o piloro (estômago) e o jejuno (intestino delgado). Considerações •Apresenta 20-25 cm de comprimento e tem formato de C •Possui íntima relação com a cabeça do pâncreas •Parte mais curta do intestino delgado Função: Neutralização do ácido gástrico, absorção de água, eletrólitos e nutrientes, misturar enzimas pancreáticas e a bile. Divisão anatômica •Parte superior (intraperitoneal) •Parte descendente (retroperitoneal) - 2 porção: papila de vater (drenagem da bile e do suco pancreático) •Parte horizontal •Parte descendente Ângulo de Treitz - Transição entre o duodeno e jejuno ✓Hemorragia digestiva alta - acima no ângulo ✓Hemorragia digestiva baixa - abaixo do ângulo de Irrigação •Artérias pancreaticoduodenais superiores anterior e posterior - (ramos da artéria gastroduodenal) •Artéria pancreaticoduodenal inferior - (ramo da artéria mesentérica superior) •Gastroduodenal superior - (ramo da A. hepática comum) Inervação •Simpática - Plexo celíaco •Parassimpática - Nervo vago Caso clínico 2 Paciente sexo feminino, 43 anos, obesa, da entrada no hospital que você está de plantão com quadro de fortes dores no hipocôndrio direito, do tipocólica, associada a vômitos. Refere já ter tido episódios de dores semelhantes, porém de menor intensidade e duração, bem como, diz ter ido na noite anterior para um rodízio de pizza. Ao exame: dor de forte intensidade em hipocôndrio direito. Quais estruturas anatômicas estão no hipocôndrio direito? Fígado, vesícula, flexura cólica, duodeno Qual desses órgãos é responsável pelo quadro? Vesícula biliar Qual a relação anátomo-fisiológica entre a alimentação da paciente e a dor? Alimentos ricos em lipídios (gordura) estimulam uma maior liberação de bile. - Bile: quebra a gordura em fragmentos menores, facilitando a digestão (não digere a gordura) - Quando há uma maior necessidade da liberação da bile, haverá uma maior 6 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV contração da vesícula (se a paciente apresentar um cálculo, a contração causará dor) Você suspeita de colecistite (inflamação da Vesícula Biliar) Solicita uma Ultrassonografia que confirma sua suspeita: Vesícula repleta de cálculos, sendo um deles impactado no colo da vesícula + espessamento da parede do corpo vesicular, sem outros cálculos nas vias biliares Para o adequado tratamento, encaminha a paciente ao bloco cirúrgico para ser feita a remoção cirúrgica da vesícula biliar. Durante o procedimento, identifica o trígono de callot, remove a vesícula e resolve mais um caso. Como é a estrutura anatômica das vias biliares? •Ducto hepático direito (drena a bile do lado direito) •Ducto hepático esquerdo (drena a bile do lado esquerdo) •Ducto hepático comum •Ducto cístico •Ducto colédoco •Ampola de vater •Papila de vater Cálculos biliares Cálculo no ducto cístico - há a drenagem normal da bile (só não há armazenamento na vesícula) - sem icterícia Cálculo no ducto colédoco, ampola de vater - não há drenagem da bile para o duodeno (há um refluxo da bile para o fígado e posteriormente a corrente sanguínea - Icterícia Bile no sangue - Icterícia (Bb se acumula nas mucosas, resultando em coloração amarelada em pele, olhos, mãos) - Colúria (excreção renal de Bb) - Acolia fecal (ausência dos pigmentos biliares nas fezes) Se o cálculo biliar obstruir a via comum entre a vesícula e o pâncreas (ampola de vater) pode haver pancreatite. A impossibilidade da drenagem do suco pancreático faz com que haja um refluxo dessas enzimas para o parênquima pancreático resultando em uma inflamação. O que é o Trígono de Callot? São marcos anatômicos que facilitam a identificação da artéria cística durante o procedimento cirúrgico (colecistectomia). *Artéria cística - ramo da A. hepática direita Se caso o cirurgião identifique e faça o clampeamento da artéria errada como por exemplo a artéria hepática, pode haver uma interrupção do fluxo sanguíneo para o fígado, resultando em sérias complicações ( isquemia e necrose). 7 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV Limites •Limite superior - Borda inferior do fígado •Limita lateral esquerdo - Ducto hepático comum •Limite lateral direito - Ducto cístico *Não existe veia cística. A vesícula é drenada por um plexo. Síndrome de mirizzi É a compressão externa dos ductos biliares (tumor) ocasionando a obstrução dessas vias. - Pode resultar em icterícia *A obstrução não está nas vias biliares Pâncreas Considerações •Glândula exócrina (suco pancreático) e endógena (insulina e glucagon) Localização •Retroperitoneal •Abrange as regiões abdominal epigástrica, do hipocôndrio esquerdo e uma porção da umbilical Função •Digestão através da libertação de peptidases, lipases, nucleases e amilases •Regulação hormonal pela libertação de insulina (células beta), glucagon (células alfa) e somatostatina (células delta) Relações anatômicas Anterior: Estômago, bolsa omental, mesocólon transverso, artéria mesentérica superior Posterior: Aorta, veia cava inferior, artéria renal direita, veias renais direita e esquerda, vasos mesentéricos superiores, veia esplênica, veia porta hepática, rim esquerdo, glândula suprarrenal esquerda Superior: Artéria esplênica Lateral: Baço Medial: Duodeno (partes descendente e horizontal) Divisão anatômica •Cabeça - possui íntima ligação com o duodeno •Apófise unciforme •Colo •Corpo •Cauda - possui relação com o baço Ducto pancreático principal (Wirsung) - atravessa todo o parênquima pancreático, desde a causa até a cabeça . - Junta-se ao ducto biliar na ampola de vater, desembocando na 2 porção do duodeno através do esfíncter de Oddi Irrigação arterial •Cabeça + apófise unciforme - artérias pancreaticoduodenais superior e inferior, ramos das artérias gastroduodenal e mesentérica superior •Colo - Ramos anterior e posterior da artéria pancreaticoduodenal •Corpo e cauda - artérias pancreáticas 8 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV - São derivadas de ramos das artérias esplênica, gastroduodenal e mesentérica superior Inervação ✓Parassimpática - Nervo vago ✓Simpática - Nervos esplâncnicos maior e menor Drenagem linfática *Muito ampla •Nódulos linfáticos pancreático-esplênicos •Nódulos linfáticos pilóricos •Nódulos linfáticos celíaco Caso clínico 3 Paciente sexo masculino, 73 anos, negro e tabagista, trazido por familiares com história de nos últimos 3 meses terem surgidos os seguintes sintomas: dor em andar superior do abdome (dor em faixa) + perda ponderal significativa nos últimos 3 meses (14kg) + coloração amarelada na pele e nos olhos (icterícia progressiva) + fezes claras (acolia) + urina escura (colúria). Nega febre. Bilirrubina Total: 19,3 (BD: 10,5/BI: 8,8), Fosfatase Alcalina: 691, Gama GT: 316, TGO: 168, TGP: 245; CA 19,9: 217 USG abdome: Dilatação de vias biliares, vesícula dilatada, sem visualização de cálculos nas vias biliares. TC ABDOME a seguir: Qual o diagnóstico? Tumor pancreático - Comprime a via biliar resultando em obstrução (colestase) 9 Anatomia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV
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