Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
86 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Unidade II 5 MOVIMENTO PLANO Neste tópico estudaremos a definição, a identificação e as propriedades do movimento plano. 5.1 Definição “Um sólido descreve movimento plano quando todos os seus pontos movimentam-se em um mesmo plano ou em planos paralelos.” 5.2 Interpretação física e verificação do movimento plano O movimento plano pode ser interpretado como a superposição simultânea de dois movimentos: um de translação e outro de rotação do ponto P estudado em torno de um eixo imaginário (não fixo) passando por outro ponto O do sólido, conforme ilustrado na Figura 68. Figura 68 – Interpretação física do movimento plano A definição e a interpretação deixam bem clara a condição do movimento plano que discutiremos com mais detalhes nos casos a seguir. A figura a seguir, modificada da Figura 2 já apresentada no Tópico 2, representa na verdade um movimento plano. Verifique que os pontos P e Q movimentam-se em um mesmo plano. O sólido possui 87 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS velocidade angular (ω), e os vetores AP e AO possuem uma direção diferente em cada um dos três instantes. O sólido desenvolve concomitantemente translação e rotação, resultando na observação do movimento plano. Figura 69 – Ilustração genérica do movimento plano Voltando ao caso da roda do carro tratado no Tópico 3, que permanece ainda sem explicação final, observe na próxima figura o movimento de rolamento da roda de um carro que se movimenta em linha reta em uma condição normal. Verifique que os pontos O e P movimentam-se em um mesmo plano, e o vetor OP possui em cada um dos três instantes uma direção. A roda translada e rotaciona ao mesmo tempo. Dessa forma, concluímos que a roda nessa condição desenvolve um movimento plano. Figura 70 – Movimento plano desenvolvido pela roda de um veículo que rola no piso Observe agora o caso da figura a seguir, que mostra o esquema de um motor de combustão interna monocilíndrico. O motor é composto por três sólidos móveis: pistão, manivela (ou virabrequim) e biela. Cada um dos três sólidos desenvolve um movimento diferente. Analisando cada um, temos: Figura 71 – Movimento dos sólidos de um motor monocilíndrico 88 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Cada um dos três sólidos desenvolve um movimento diferente. Ao analisá-los, temos: • Pistão: o movimento de translação retilínea do pistão já foi discutido e esmiuçado no Tópico 2 (Figura 5). • Manivela: desenvolve rotação em torno de eixo fixo, como mostrado na próxima figura. Figura 72 – Movimento de rotação em torno de eixo fixo da manivela do motor • Biela: o movimento da biela do motor pode ser observado na figura a seguir. Observe o comportamento do vetor OP indicado. Figura 73 – Movimento plano da biela do motor 89 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS 6 MOVIMENTO PLANO – CÁLCULO DE VELOCIDADES PELO MÉTODO GEOMÉTRICO Existem duas formas de cálculo de velocidades no estudo do movimento plano. A primeira, que iremos tratar neste tópico, é a forma geométrica, que utiliza o conceito do Centro Instantâneo de Rotação (CIR) usado para calcular, de forma geométrica, velocidades lineares de pontos (v) e velocidades angulares de barras (ω). O Método Geométrico (ou forma geométrica) possui uma limitação e não permite calcular acelerações de pontos (a) e acelerações angulares de barras (a). A segunda forma é a vetorial, que permite calcular todas as grandezas cinemáticas associadas ao movimento plano. Será desenvolvida nos Tópicos 7 e 8. 6.1 O Centro Instantâneo de Rotação (CIR) A definição de Centro Instantâneo de Rotação (CIR) é: “Se num determinado instante um ponto do sólido que desenvolve movimento plano possuir velocidade nula (v = 0), este ponto será denominado Centro Instantâneo de Rotação (CIR) do sólido.” Dessa forma, fica estabelecida a principal propriedade do CIR. Para que um ponto seja CIR, obrigatoriamente a sua velocidade deve ser nula (v=0). 6.2 Interpretação simplificada do movimento plano utilizando o CIR Pela utilização do conceito de CIR, o movimento plano que inicialmente era observado como translação + rotação passa a ser interpretado como um movimento exclusivo de rotação, de qualquer ponto P do sólido em torno de um eixo imaginário e que passa pelo CIR no instante de estudo. O leitor deverá ficar muito atento à palavra instante nesse estudo. O CIR é um ponto que possui propriedade instantânea, e como veremos em exemplos, esse ponto ocupará uma posição diferente em cada instante. O próprio nome revela essa propriedade de instante: Centro Instantâneo de Rotação. Observe o mecanismo de três barras ilustrado na figura que segue e a posição que o CIR ocupa em cada instante. 90 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 74 – Posição do CIR em diferentes instantes em um sistema Seja o CIR, obrigatoriamente, sua velocidade deve ser nula (v = 0). Lembrete O CIR possui velocidade nula (vCIR = 0) e ocupa uma posição a cada instante, por isso o nome: Centro Instantâneo de Rotação. 6.3 Métodos geométricos para a determinação do CIR Se num determinado instante um sistema possuir o CIR, ele será determinado por uma das quatro situações a seguir: Observação Nos equacionamentos e nos exercícios utilizaremos a letra I para nos referirmos ao CIR. • Primeira situação: conhecidas as direções das velocidades (não paralelas) de dois pontos do sólido (próxima figura). 91 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS vA = vI + ω . AI mas como a velocidade do CIR, vI = 0 vA = ω . AI vB = vI + ω . BI mas como a velocidade do CIR, vI = 0 vB = ω . BI Figura 75 – Posição do CIR no caso de conhecidas as direções não paralelas das velocidades de dois pontos • Segunda situação: conhecidas as direções das velocidades paralelas e de mesmo sentido de dois pontos do sólido (figura a seguir). Resolvendo por semelhança de triângulos: V AI V BI A B= Figura 76 – Posição do CIR no caso de conhecidas as direções paralelas das velocidades de dois pontos • Terceira situação: conhecidas as direções das velocidades paralelas e de sentidos opostos de dois pontos do sólido (próxima figura). 92 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Resolvendo por semelhança de triângulos: V AI V BI A B= Figura 77 – Posição do CIR no caso de conhecidas as direções paralelas das velocidades de dois pontos • Quarta situação: conhecidas as direções das velocidades paralelas e de sentidos opostos de dois pontos do sólido (figura a seguir). Figura 78 – Caso particular do movimento plano – Ato translatório Nesta quarta situação, o CIR encontra-se no infinito. Este é um caso particular do movimento plano chamado de ato translatório. Neste instante, e somente neste instante, o sólido está desenvolvendo unicamente translação. Assim, neste instante, não há rotação, e a velocidade angular do sólido (ω) é zero. 93 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Como o sólido está desenvolvendo unicamente translação, lembramos a primeira propriedade cinemática da translação, segundo a qual, no sólido em translação, todos os pontos possuem a mesma velocidade. Então: vA= vB = vqualquer ponto do sólido. Temos a equação da velocidade de um ponto P para um sólido que desenvolvemovimento plano utilizando o conceito do CIR. vP = vI + ω . PI Onde: • P é o ponto de interesse. • I é o CIR do sólido. • ω é a velocidade angular do sólido ao qual o ponto P pertence. • PI é a distância entre o ponto de interesse e o CIR. Como a velocidade do CIR é zero (vI = 0), podemos simplificar a equação assim: v v PI v PIP I P= + =ω ω. . Finalmente, o entendimento que o leitor deve ter sobre o CIR é o seguinte: “No instante de estudo, qualquer ponto do sólido está girando em torno de um eixo instantâneo e imaginário que passa pelo CIR.” Essa é a grande simplificação gerada pelo método geométrico do CIR. O movimento plano passa a ser interpretado como um movimento exclusivo de rotação, porém com propriedades que valem somente para o instante observado. Exemplo de aplicação No mecanismo ilustrado na figura a seguir a manivela AB gira no sentido horário e transmite o movimento à biela BC, que, por sua vez, movimenta o cursor C. Ao cursor C só é permitido movimento horizontal. Determinar a posição do CIR da biela BC. 94 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 79 – Mecanismo de transmissão de movimento Para iniciar o exercício, devemos interpretar o mecanismo e entender que a figura anterior representa um instante do ciclo desenvolvido pelo mecanismo. O leitor deve ter a habilidade de imaginar esse mecanismo desenvolvendo um ciclo completo, que está ilustrado na figura a seguir. Figura 80 – Visualização de diversos instantes do movimento do mecanismo Agora vamos analisar o movimento de cada um dos sólidos separadamente: • Manivela AB: desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, pois o ponto A é por onde passa o eixo fixo de rotação. O ponto B sempre se movimentará em torno de A com raio constante equivalente ao comprimento da manivela AB. • Cursor C: conforme explicita o enunciado, “ao cursor C só é permitido movimento horizontal”. Dessa forma, concluímos que o cursor C desenvolve um movimento de translação retilínea. • Biela BC: desenvolve um movimento plano. Para melhor entendimento, imagine o mecanismo em movimento, conforme exposto na figura anterior. Identificado o movimento da biela BC, vamos agora desenhar os vetores velocidade dos pontos B e C, que são os pontos de interesse no sólido (próxima figura). 95 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Figura 81 – Observação do vetor velocidade do ponto B Lembrando que: • A velocidade do ponto B (girante) é sempre tangente à trajetória circular descrita pelo ponto e que a tangência em relação a esta gera a consequente perpendicularidade em relação à linha que define o raio de giro do ponto (RB). Como a manivela AB é um sólido reto, sua própria estrutura representa o raio de giro do ponto B. • Ao cursor C só é permitido movimento horizontal, em virtude da barra-guia. Dessa forma, observando o conjunto e o sentido de vB, deduzimos o sentido de vC. O próximo passo é identificar em qual das quatro situações, citadas na teoria, este caso se enquadra. Observando que as velocidades vB e vC não são paralelas, facilmente concluímos que estamos na primeira situação. Vamos ao método para determinar a posição do CIR. Desenhamos uma reta perpendicular a cada um dos respectivos vetores velocidade dos pontos, passando por estes. O cruzamento das duas retas perpendiculares nos indica a posição do CIR da biela BC (próxima figura). Assim: Figura 82 – Localização do CIR da biela BC 96 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II A interpretação do CIR deve ser: no instante ilustrado, qualquer ponto da biela BC está girando em torno do eixo imaginário e instantâneo que passa pelo CIR. Dessa forma, o movimento plano (translação + rotação) desenvolvido pela biela BC foi simplificado em um movimento exclusivo de rotação de qualquer ponto do sólido em torno do eixo que passa pelo CIR. Devemos lembrar, porém, que a posição do CIR é válida somente para o instante ilustrado. Exemplo de aplicação Imagine agora o mesmo mecanismo do exemplo anterior em um outro instante, no qual a disposição dos corpos é diferente, conforme a figura que segue. Determinar a posição do centro instantâneo de rotação da biela BC para esse novo instante. Figura 83 – Mecanismo de transmissão de movimento Os movimentos de cada um dos corpos permanecem inalterados e foram explicados no exemplo anterior. Vamos desenhar os vetores velocidade dos pontos B e C, lembrando as explicações detalhadas no exemplo anterior (figura a seguir). Temos: Figura 84 – Observação dos vetores velocidade Identificando em qual das quatro situações este caso se enquadra e observando que as velocidades vB e vC não são paralelas, concluímos que estamos na primeira situação. 97 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Passamos ao método de determinação da posição do CIR. Como explicado no exemplo anterior, o cruzamento das duas retas perpendiculares aos vetores velocidade de cada um dos pontos nos indica a posição do CIR da biela BC (figura a seguir). Assim: Figura 85 – Localização do CIR da biela BC O leitor deve estar muito atento ao conceito cinemático envolvido no CIR. No instante ilustrado na próxima figura, todo e qualquer ponto da biela BC, não somente B e C, está girando em torno do eixo imaginário e instantâneo que passa pelo CIR. Cada ponto possui um raio de giro e, em consequência, uma velocidade diferente. Figura 86 – Vetores velocidade dos pontos da biela BC Lembrete Uma vez observado o CIR de um sólido, o significado deste ponto é: no instante de visualização, qualquer ponto do sólido está girando em torno de um eixo imaginário que passa pelo CIR. Saiba mais Acesse a Minha Biblioteca e consulte os livros: BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R.; CORNWELL, J. P. Mecânica vetorial para engenheiros: dinâmica. 9. ed. Porto Alegre: McGraw Hill, 2012. Cap. 15. p. 950. 98 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para engenharia: dinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. Cap. 5. p. 268. Exemplo de aplicação Imagine agora o mesmo mecanismo em um outro instante (figura a seguir). Determinar a posição do centro instantâneo de rotação da biela BC para esse novo instante. Figura 87 – Mecanismo de transmissão de movimento Na mesma sequência dos exemplos anteriores, temos: Figura 88 – Observação dos vetores velocidade 99 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Passando ao método de determinação da posição do CIR, temos: Figura 89 – Localização do CIR da biela BC Observamos que o CIR nessa condição está no infinito. Concluímos que nesse instante a biela BC está desenvolvendo ato translatório. Assim, a velocidade angular do sólido (ω) é zero, e vB= vC = vqualquer ponto da biela BC. Exemplo de aplicação A barra AB ilustrada na figura a seguir tem comprimento 0,8 m e se desloca com as extremidades apoiadas em duas superfícies, conforme ilustrado. O extremo A da barra se desloca para a direita, com velocidade constante vA = 3,5 m/s. Para o instante ilustrado, quando o ângulo entre a barra e o plano horizontal é θ = 30o, calcular a velocidade do ponto B. Figura 90 – Sólido desenvolvendo movimento plano Observados os dois vetores velocidade dos pontos A e B, traçamos as retas perpendiculares aos vetores velocidade, passando por cada um dos pontos. O cruzamento das duas retas nos dá a posição do CIR (próxima figura). 100 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do dia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 91 – Localização do CIR da barra AB Observamos agora os ângulos necessários para a resolução do exercício de forma geométrica (figura a seguir). Figura 92 – Observação dos ângulos necessários para a resolução Equacionando o exercício, temos: Ponto A: vA = vI + ωAB . AIAB mas como vI = 0, temos: vA = ωAB . AIAB Ponto B: vB = vI + ωAB . BIAB mas como vI = 0, temos: vB = ωAB . BIAB Os segmentos AIAB e BIAB são lados de um triângulo equilátero: AIAB = 0,8 m BIAB = 0,8 m 101 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Então: vA = ωAB . AIAB 3,5 = ωAB . 0,8 ωAB = 4,38 rad s vB = ωAB . BIAB vB = 4,38 . 0,8 vB = 3,51 m s Exemplo de aplicação As barras AB, BC e CD são articuladas entre si conforme ilustrado na próxima figura. Pelas articulações A e D, passam eixos fixos. No instante ilustrado, a barra AB gira com velocidade angular ωAB = 10 rad/s, no sentido anti-horário. Determinar: a) A velocidade angular da barra BC (ωBC). b) A velocidade angular da barra CD (ωCD). Figura 93 – Mecanismos de três barras Neste exemplo de aplicação é apresentada uma forma de resolução em que o sistema é desmontado, cada um dos sólidos é observado separadamente e, depois, volta-se ao sistema montado. Observe o leitor que essa é uma forma um pouco mais detalhada que facilita o entendimento. Inicialmente analisamos que tipo de movimento cada uma das barras está desenvolvendo: • Barra AB: desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, pois o ponto A é por onde passa o eixo fixo de rotação. O ponto B sempre se movimentará em torno de A com raio constante equivalente ao comprimento da barra AB. 102 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Desmontando o sistema e observando somente a barra AB (figura a seguir), temos: Figura 94 – Barra AB isolada do sistema • Barra CD: também desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, pois o ponto D é por onde passa o eixo fixo de rotação. O ponto C sempre se movimentará em torno de D com raio constante equivalente ao comprimento da barra CD. Desmontando o sistema e observando somente a barra CD (próxima figura), temos: Figura 95 – Barra CD isolada do sistema 103 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Observação O vetor velocidade do ponto C foi deduzido observando-se o conjunto montado. Como o ponto B possui velocidade horizontal para a direita, estará empurrando o ponto C para baixo. • Barra BC: desenvolve movimento plano. Desmontando o sistema, observando somente a barra BC e os vetores velocidade dos pontos B e C já obtidos pela análise das barras AB e CD separadamente (figura a seguir), temos: Figura 96 – Barra CD isolada do sistema Identificando em qual das quatro situações este caso se enquadra e observando que as velocidades vB e vC não são paralelas, concluímos que estamos na primeira situação. Vamos ao método de determinação da posição do CIR. O cruzamento das duas retas perpendiculares aos vetores velocidade de cada um dos pontos nos indica a posição do CIR da barra BC (figura a seguir). Assim: Figura 97 – Determinação do CIR da barra BC 104 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Voltando ao conjunto montado (figura a seguir), temos: Figura 98 – Posição do CIR da barra BC no conjunto montado Vamos à resolução matemática do exercício, em que o equacionamento dos três corpos fica: • Barra AB (rotação em torno de eixo fixo) Para a barra AB podemos calcular a velocidade do ponto B que gira em torno de A. Partindo de v = ω . R e substituindo os valores, temos: vB = ωAB . AB vB = 10 . 0,35 vB = 3,5 m s • Barra BC (movimento plano) Para a barra BC podemos calcular as velocidades dos pontos B e C que giram em torno do CIR. Partindo de: vP = vI + ωsólido . PI Ponto B: vB = vI + ωBC . BIBC mas como vI = 0, temos: vB = ωBC . BIBC Substituindo o valor de vB já obtido e observando no enunciado que o segmento BIBC vale 0,1 m, temos a resposta do item a): 3,5 = ωBC . 0,1 ωBC = 35 rad s Ponto C: vC = vI + ωBC . CIBC mas como vI = 0, temos: vC = ωBC . CIBC Substituindo o valor de ωBC já obtido e observando no enunciado que o segmento CIBC vale 0,12 m, temos: 105 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS vC = 35 . 0,12 vC = 4,2 m s • Barra CD (rotação em torno de eixo fixo) Para a barra CD podemos calcular a velocidade angular, pois já temos a velocidade do ponto C. Partindo de v = ω . R e substituindo os valores, temos a resposta do item b): vC = ωCD . CD 4,2 = ωCD . 0,25 ωCD = 16,8 rad s Exemplo de aplicação A roda ilustrada na figura que segue possui raio R = 0,2 m e gira com velocidade angular ω π= 2 rad s no sentido horário. Seu centro se desloca com velocidade vC = 0,2 m/s para a direita. Determinar: a) O CIR da roda. b) Se a roda escorrega ou não. c) A velocidade do ponto da roda (P) em contato com o piso. Figura 99 – Roda desenvolvendo movimento plano A roda em questão pode desenvolver o movimento de rolamento, que é um movimento plano, de duas formas: escorregando ou sem escorregar. Como não sabemos se a roda está ou não escorregando, vamos partir de uma hipótese inicial para a resolução do exercício e posteriormente vamos testar a hipótese para ver se está ou não correta. 106 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Hipótese inicial: a roda rola sem escorregar. Partindo da hipótese de que a roda rola sem escorregar, lembramos que a condição cinemática para que isso ocorra é a de que o ponto de contato da roda com o piso (P) deve ter a mesma velocidade do piso. Como o piso está parado, sua velocidade é zero. Então, temos: vP = Vpiso = 0. Continuando o raciocínio que partiu da hipótese inicial, se a velocidade do ponto P for zero, ele será o CIR da roda (próxima figura). Lembramos que a condição para que um ponto seja o CIR de um sólido é que tenha velocidade nula. Então, temos: Figura 100 – Posição do CIR segundo a hipótese Neste momento devemos testar a hipótese. Um ponto de teste da hipótese pode ser o cálculo da velocidade do ponto P que supostamente é o CIR. Se a velocidade resultar zero, a hipótese estará correta. Se a velocidade for diferente de zero, a hipótese estará errada. Vamos ao cálculo para o teste da hipótese: vC = vP + ω . CP A velocidade do ponto P será mantida como incógnita. Observando que o segmento CP é o próprio raio (R) da roda, temos: vC = vP + ω . R Substituindo os valores: 0,2 = vP + π 2 . 0,2 vP = - 0,114 m s 107 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS A velocidade do ponto P resultou um valor diferente de zero. Conclusões: • O ponto P não é o CIR da roda. • A hipótese inicial está errada. A roda está escorregando – resposta do item b). • A velocidade do ponto P tem intensidade de 0,114 m/s e aponta para a esquerda – resposta do item c). Assim, temos: Figura 101 – Velocidade do ponto P que está escorregando Observamos que esse cenário se encaixa na terceira situação. Iniciamos o método para determinação do CIR. Traçando uma reta perpendicular ao vetor velocidade do ponto C, passando por esse ponto (figura a seguir), temos: 108 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 102 – Processo de determinação do CIR da roda Traçando a segunda reta, que toca as pontas dos vetores vC e vP, temos alocalização do CIR no cruzamento das duas retas (próxima figura) – resposta do item a). Figura 103 – Processo de determinação do CIR da roda 109 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Falta saber a localização exata do CIR na roda. Voltando ao equacionamento, já sabendo que P não é o CIR, temos a resposta do item a): vC = vI + ω . CI 0,2 = vI + π 2 . CI CI = 0,127 m O CIR está localizado a 0,127 metros em relação ao centro da roda, ou a 0,073 m em relação ao piso. Exemplo de aplicação No sistema de três barras ilustrado na figura a seguir, a barra CD possui velocidade angular ωCD = 6 rad/s no sentido anti-horário. Determinar para o instante ilustrado, utilizando o método geométrico: a) A velocidade do ponto E. b) A velocidade angular da barra AB. Figura 104 – Mecanismo de três barras Inicialmente devemos observar que tipo de movimento que cada uma das barras descreve: • Barra AB: desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, que está em A. • Barra BC: desenvolve movimento plano. • Barra CD: desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, que está em D. 110 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Observando os vetores velocidade dos pontos B e C (próxima figura), temos: Figura 105 – Vetores velocidade dos pontos B e C Os vetores velocidade dos pontos B e C possuem direções distintas. Logo, estamos na primeira situação. O cruzamento das duas retas perpendiculares aos vetores velocidade de cada um dos pontos nos indica a posição do CIR da barra BC (figura a seguir). Assim: Figura 106 – Determinação do CIR da barra BC Devemos agora desenhar o vetor velocidade do ponto E, que é uma das incógnitas. Lembrando o conceito do CIR, entendemos que no instante ilustrado todo e qualquer ponto da barra BC, inclusive o ponto E, está girando em torno de um eixo imaginário e instantâneo que passa pelo CIR. Assim, definindo o raio de giro do ponto E, conseguimos visualizar seu vetor velocidade que tem direção perpendicular à linha que define o raio de giro do ponto E (figura a seguir). 111 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Figura 107 – Determinação do vetor velocidade do ponto E Vamos à resolução matemática do exercício, em que o equacionamento dos três corpos fica: • Barra CD (rotação em torno de eixo fixo) Para a barra CD podemos calcular a velocidade do ponto C, que gira em torno de D. Partindo de v = ω . R e substituindo os valores, temos: vC = ωCD . CD vC = 6 . 0,6 vC = 3,6 m s • Barra BC (movimento plano) Para a barra BC podemos calcular as velocidades dos pontos B, C e E que giram em torno do CIR. Partindo de vP = vI + ωsólido . PI: Ponto B: vB = vI + ωBC . BIBC mas como vI = 0, temos: vB = ωBC . BIBC Ponto C: vC = vI + ωBC . CIBC mas como vI = 0, temos: vC = ωBC . CIBC Ponto E: vE = vI + ωBC . EIBC mas como vI = 0, temos: vE = ωBC . EIBC Para o cálculo dos segmentos BIBC , CIBC e EIBC devemos fazer algumas observações trigonométricas, conforme mostrado nas duas próximas figuras. Figura 108 – Observação dos triângulos para o cálculo dos segmentos faltantes 112 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 109 – Observação dos triângulos e dos segmentos faltantes Utilizando a relação trigonométrica tangente no triângulo retângulo, calculamos o segmento CIBC . tg cat op cat adj CIBC30 0 6 º . . . . , = = CIBC = 0,346 m Aplicando o Teorema de Pitágoras, calculamos os segmentos BIBC e EIBC . Assim: BI BI m EI EI m BC BC BC BC = + = = + = 0 6 0 346 0 692 0 3 0 346 0 458 2 2 2 2 , , , , , , Voltamos agora ao equacionamento das velocidades de cada um dos pontos e calculamos as incógnitas: Ponto C: vC = ωBC . CIBC 3,6 = ωBC . 0,346 ωBC = 10,4 rad s2 Ponto E: vE = ωBC . EIBC vE = 10,4 . 0,458 Resposta do item a): vE = 4,76 m s Para o cálculo da velocidade angular da barra AB, precisamos da velocidade do ponto B. Ponto B: vB = ωBC . BIBC vB = 10,4 . 0,692 vB = 7,2 m s Equacionando a barra AB, que desenvolve rotação em torno de eixo fixo, partindo de v = ω . R, temos: vB = ωAB . AB 113 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Para o cálculo do segmento AB, aplicamos a relação trigonométrica seno ao triângulo ilustrado (figura a seguir). Figura 110 – Visualização do triângulo retângulo para o cálculo do segmento AB sen cat op hip AB 30 0 6 º . . . ,= = AB = 12 m Voltando ao equacionamento da barra AB, temos a resposta do item b): vB = ωAB . AB 7,2 = ωAB . 1,2 ωAB = 6 rad s Exemplo de aplicação No instante ilustrado na figura a seguir, a barra AB possui velocidade angular de 3 rad/s, que cresce à taxa de 2 rad/s2. Para o instante ilustrado, calcular: a) A velocidade angular da barra BC. b) A velocidade do bloco deslizante C. 114 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 111 – Sistema de transmissão de movimento Vamos resolver este exercício pelo método geométrico. Inicialmente devemos observar que tipo de movimento cada um dos sólidos descreve. • Barra AB: a barra AB desenvolve movimento de rotação em torno de eixo fixo, onde o eixo fixo está em A. • Barra BC: a barra BC desenvolve movimento plano. • Bloco C: o bloco C desenvolve movimento de translação retilínea. 115 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Observando os vetores velocidade dos pontos B e C (figura a seguir), temos: Figura 112 – Visualização dos vetores velocidade dos pontos B e C Os vetores velocidade dos pontos B e C possuem direções distintas. Logo, estamos na primeira situação. O cruzamento das duas retas perpendiculares aos vetores velocidade de cada um dos pontos nos indica a posição do CIR da barra BC (figura a seguir). Assim: 116 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 113 – Localização do CIR da barra BC Lembrando o conceito do CIR: no instante ilustrado, qualquer ponto da barra BC está girando em torno de um eixo imaginário e instantâneo que passa pelo ponto IBC. Dessa forma, ocorre a simplificação do movimento plano em um movimento exclusivamente de rotação, porém com propriedades instantâneas. O leitor deve observar que o método geométrico, em algumas situações, pode representar uma forma de resolução não tão simples. Neste exemplo, o CIR localiza-se em uma posição mais complexa, sendo necessária a aplicação de ferramentas geométricas um pouco mais elaboradas, além da visualização dos ângulos. Vamos ao equacionamento do exercício para definição das incógnitas. • Barra AB (rotação em torno de eixo fixo) 117 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Para a barra AB podemos calcular a velocidade do ponto B que gira em torno de B. Partindo de: v = ω . R, temos: vB = ωAB . AB • Barra BC (movimento plano) Para a barra BC podemos calcular as velocidades dos pontos B e C que giram em torno do CIR. Partindo de: vP = vI + ωsólido . PI Ponto B: vB = vI + ωBC . BIBC mas como vI = 0, temos: vB = ωBC . BIBC Ponto C: vC = vI + ωBC . CIBC mas como vI = 0, temos: vC = ωBC . CIBC As incógnitas são os segmentos BIBC e CIBC . Para determinação desses segmentos, devemos fazer algumas observações trigonométricas. Vamos à observação dos ângulos. O triângulo 3, 4, 5 indicado no enunciado (próxima figura) nosfornece, por meio de cálculos, o ângulo de inclinação da velocidade do bloco C em relação à horizontal. Assim: Figura 114 – Determinação do ângulo θ tgθ = 3 4 θ = atg 3 4 θ = 36,87º Então, podemos observar outros ângulos no triângulo formado pela figura a seguir. 118 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Figura 115 – Observação dos ângulos do triângulo obtusângulo Calculando os ângulos faltantes, temos: tgβ = 0 7 0 5 0 5 , , , + β = atg 12 0 5 , , β = 67,38º δ + β + 90º = 180º δ + 67,38º + 90º = 180º δ = 22,62º 119 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Aplicando a Lei dos Senos ao triângulo obtusângulo formado (figura a seguir), temos: Figura 116 – Aplicação da Lei dos Senos sen BC sen BI sen CIBC BC 36 87 120 51 22 62, , ,° = ° = ° Aplicando o Teorema de Pitágoras, temos: BC2 = 1,22 + 0,52 BC = 1,3 m Voltando à Lei dos Senos: sen sen BI sen CI BI BC BC BC 36 87 13 120 51 22 62 0 6 13 0 861 , , , , , , , ° = ° = ° = = 00 385, CIBC Calculamos os segmentos BIBC e CIBC , assim: BIBC = 1,865 m CIBC = 0,834 m 120 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Voltando ao equacionamento das barras AB e BC, temos: vB = ωAB . AB vB = 3 . 0,7 = 2,1 m s vB = ωBC . BIBC 2,1 = ωBC . 1,865 Resposta do item a): ωBC = 1,12 rad s vC = ωBC . CIBC vC = 1,12 . 0,834 Resposta do item b): vC = 0,934 m s Saiba mais Acesse a Minha Biblioteca e consulte os livros: BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R.; CORNWELL, J. P. Mecânica vetorial para engenheiros: dinâmica. 9. ed. Porto Alegre: McGraw Hill, 2012. Cap. 15. p. 936. MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para engenharia: dinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. Cap. 5. p. 268. Resumo Nesta unidade, vimos que movimento plano = translação + rotação. Utilizando-se o conceito do CIR, o movimento plano simplifica-se em somente de rotação em torno de eixo fixo, porém, valendo apenas para o instante de observação. 121 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a CINEMÁTICA DOS SÓLIDOS Aprendemos ainda que vCIR = zero. Vimos também que todo e qualquer ponto do sólido está girando em torno de um eixo instantâneo e imaginário que passa pelo CIR no instante de estudo. Então, o cálculo das velocidades resume-se ao mesmo cálculo feito para a velocidade de um ponto girante: vP = ω . PI
Compartilhar