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Turismo e Agroturismo

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1 
 
SUMÁRIO 
1 TURISMO ................................................................................................... 4 
2 CONCEITO DE TURISMO .......................................................................... 4 
3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO .............................................................. 6 
4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO ............................................................ 10 
5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE, 
VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA ........................................................... 11 
6 TURISMO RURAL .................................................................................... 12 
7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL ...................................... 13 
8 AGROTURISMO ....................................................................................... 14 
9 DEFINIÇÃO: ............................................................................................. 14 
10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO ........................................................ 16 
11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA ............................................................. 17 
12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL ....................................... 18 
13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL............................................................ 20 
14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL ......................................... 23 
15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL .................................... 26 
16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL ...... 28 
17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA .... 32 
17.1 Identificação e inserção da unidade de produção ........................... 32 
17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção ....................... 33 
17.3 Aspectos econômicos e financeiros ................................................ 33 
18 ATRATIVOS TURÍSTICOS .................................................................... 34 
18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, 
necessariamente, de paisagens com recursos turísticos extraordinários: ............. 36 
 
2 
 
18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a 
outros segmentos: ................................................................................................. 36 
18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos 
núcleos emissores: ................................................................................................ 37 
19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL ............................................ 37 
20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL ......................................................... 38 
21 ESTRUTURA TURÍSTICA ..................................................................... 40 
22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO 
VISITANTE 41 
23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO .............................. 44 
24 AGROINDÚSTRIA ................................................................................. 46 
25 AGROINDUSTRIA: PRODUTOS ORGÂNICOS .................................... 49 
26 SISTEMAS ............................................................................................ 50 
27 NORMATIZAÇÃO .................................................................................. 50 
28 CERTIFICAÇÃO .................................................................................... 52 
29 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA .................................................................. 55 
29.1 1) Entenda ....................................................................................... 57 
29.2 2) Prepare a documentação ............................................................ 57 
29.3 3) Pague a taxa ............................................................................... 57 
29.4 4) Inicie o pedido ............................................................................. 57 
29.5 5) Acompanhe ................................................................................. 58 
30 VALORES DOS PRODUTOS ORGÂNICOS ......................................... 58 
31 PREÇOS DOS ORGÂNICOS ................................................................ 60 
32 ESTRUTURA DE MERCADO................................................................ 60 
33 AGROINDÚSTRIA DO QUEIJO ............................................................ 61 
34 Mercado mineiro .................................................................................... 64 
34.1 Características do queijo ................................................................. 64 
 
3 
 
35 TURISMO CULTURAL .......................................................................... 65 
36 ARTESANATO ...................................................................................... 67 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 71 
 
 
 
 
4 
 
1 TURISMO 
O turismo é visto como um dos fenômenos sociais mais importantes do nosso 
tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas 
motivações. Apresenta distintos conceitos tratados de formas abrangentes, pois cada 
área o conceitua do seu ponto de vista. Essa observação pode ser compreendida de 
forma clara nas definições de Beni (2007, p. 34) que identifica que no campo 
acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais há três dimensões para o 
conceito de turismo: a econômica, a técnica e a holística. 
O turismo está envolto por uma série de ideias e conceitos ligados ao tema 
viagens e ao deslocamento. Pode remeter ao turista a ideia de férias, ao 
empreendedor a ideia de lucro, aos trabalhadores a ideia de geração de emprego e 
renda e à comunidade autóctone a ideia de desenvolvimento local (PANOSSO 
NETTO, 2010). 
O crescimento da atividade do turismo faz com que muitos autores o observem 
de maneiras diferentes. Como uma indústria [...] “muito mais que uma indústria de 
serviços, é fenômeno com base cultural, com herança histórica, meio ambiente 
diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações 
interculturais” (MOESCH, 2000, p.20). O somatório que esta dinâmica sociocultural 
gera parte de um fenômeno recheado de objetividade-subjetividade, que vem a ser 
consumido por milhões de pessoas (MOESCH, 2000). 
O turismo é entendido por Fonseca Filho (2007) como uma “prestação” de 
serviços e, portanto, deve ser diferenciado do termo indústria que passa a ideia de 
que a “indústria do turismo” produz de maneira seriada seguindo um determinado 
padrão, sendo que na realidade o produto turístico, por ser a somatória de serviços, 
infraestruturas e equipamentos turísticos, não é produzido aos moldes das indústrias, 
é intangível e impossível de ser estocado. 
2 CONCEITO DE TURISMO 
A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas 
raízes pela história. Vários conceitos de turismo foram elaborados ao longo do tempo 
 
5 
 
para definir essa atividade. Na década de 40, Hunziker e Krapf, citados por Ignara 
(2003. p.12), definiam turismo como: […] o conjunto das inter-relações e dos 
fenômenos que se produzem como consequências das viagens e das estadas de 
forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que 
eles se vinculem a alguma atividade produtiva. 
Em 1963, reúne-se em Roma a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Turismo e as Viagens Internacionais para tentar um consenso sobre o conceito de 
turismo. Dessa forma, se elabora o primeiro conceito de turismo: 
Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente daquele 
de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer uma ocupação 
remunerada, e por um período de tempo de pelo menos 24 horas 
Esse conceito sofrerá várias modificações ao longo dos anos, incorporando, 
principalmente elementos provenientes das pesquisas quantitativas. Atualmentea 
Organização Mundial do Turismo – OMT assim define a atividade do turismo: 
O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve o 
movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência habitual, 
geralmente por prazer. (NACIONES UNIDAS / UNWTO, s/d, p. 1). 
Uma definição bem mais recente foi proposta por Mathieson e Wall, citados por 
Ignara (2003. p.13), para os quais o turismo poderia ser considerado como: […] 
movimento temporário de pessoas para locais de destinos externos a seus lugares de 
trabalho e moradia, às atividades exercidas durante a permanência desses viajantes 
nos locais de destino, incluindo os negócios realizados e as facilidades, os 
equipamentos e os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes. 
Uma das definições brasileiras mais conhecidas de turismo é a do pesquisador 
Mario Carlos Beni, que entende o turismo como [...] “um elaborado e complexo 
processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço” (Beni, 2007, p. 
35). 
Em termos da legislação, pode-se considerar a Lei nº 11.771 de 17 de setembro 
de 2008, que dispõem sobre a Política Nacional do Turismo e o define como: 
“atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares 
diferentes do seu entorno um período inferior a 1 ano, com finalidades de lazer, 
negócios ou outros”. 
 
6 
 
Também há o entendimento de que o turismo possui ciclos de vida próprios, 
com fases diferentes e sequenciadas. Para Butler (1980), as destinações turísticas 
tem um ciclo de vida próprio. A partir de um entendimento orgânico, o autor afirma que 
há, primeiramente, um estágio de exploração da localidade. Nesse estágio o futuro 
destino não possui infraestrutura específica ao atendimento dos viajantes que, em 
pequenos números, não alteram o ambiente físico e social e geram pouca ou nenhuma 
importância econômica para a localidade. 
O segundo estágio apresentado por Butler (1980) é chamado de engajamento 
ou envolvimento, pois é nesse momento que surgem algumas facilidades aos 
viajantes e se inicia o processo de difusão do local. 
O estágio seguinte é o de desenvolvimento. Nessa fase o mercado local, por 
meio de propaganda feita em centros emissores de turistas, divulga produtos e 
serviços destinados a atender à crescente demanda e, assim, a localidade se define 
como um destino turístico. Nessa fase é comum que o número de turistas exceda o 
número de habitantes do local. 
O quarto estágio é o de consolidação, caracterizado pela diminuição do 
crescimento do número de turistas e da manutenção e estabilidade do número 
absoluto de visitantes – que ainda é maior do que o número de habitantes. Butler 
(1980) aponta o quinto estágio como uma fase de estagnação caracterizada pela 
percepção dos problemas (ambientais, sociais e econômicos) relacionados ao 
elevado número de turistas em relação aos recursos disponíveis no local. Para o autor, 
os problemas criados pelo turismo afastam os turistas, fazendo com que o destino 
“saia da moda”. (SCÓTOLO; PANOSSO NETTO, 2014, p.41). 
3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO 
A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas 
raízes pela história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas 
civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda 
Guerra Mundial, que evoluiu como consequência dos aspectos relacionados à 
produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar 
resultante da restauração da paz no mundo (RUSCHMANN, 1997). 
 
7 
 
 
Fonte: blogdeacebedo.blogspot.com.br 
O turismo iniciou-se no século XVII, quando os primeiros sinais de crescimento 
industrial começaram a afetar a vida estabelecida há séculos. 
O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a 
secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo 
conceito de que viajar era uma forma de educação. 
No decorrer dos séculos, os homens viajaram de acordo com seus meios 
materiais disponíveis, seus conhecimentos adquiridos e suas convicções em vigor. 
Houve momentos mais propícios à prática das viagens e momentos menos propícios. 
Um dos momentos favoráveis é este que está se vivendo nas últimas décadas. 
As viagens, uma das manifestações do lazer, fazem parte da programação da grande 
maioria das pessoas, sobretudo para aquelas que vivem em países desenvolvidos 
(Figura 2). 
O século XX abriu as portas para a prática do turismo em grande escala, graças 
às transformações proporcionadas pela Revolução Industrial. O turismo passa a 
integrar a vida das nações. 
 
8 
 
 
Fonte: guia.folha.uol.com.br 
Segundo a Confederação Nacional do Comércio do Rio de Janeiro, a história 
do turismo no Brasil começa em 1904, com a aprovação da primeira lei de incentivos 
fiscais para a construção de hotéis no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O turismo 
começou a se firmar no país como atividade de grande importância socioeconômica. 
A chegada do primeiro grupo organizado de turistas ao Rio de Janeiro, a bordo 
do vapor Byron, em julho de 1907, desperta a curiosidade da população e é notícia de 
destaque nos jornais. Também no ano de 1907, dois importantes avanços legais 
trouxeram impactos altamente positivos para a atividade turística: o direito a férias 
remuneradas (já assegurado na Europa décadas antes) e a isenção de impostos aos 
cinco primeiros grandes hotéis da cidade. E em 1908, exatamente um século depois 
da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, pode-se dizer que a hotelaria 
brasileira atingia sua maioridade, com a inauguração do Hotel Avenida, símbolo da 
hotelaria carioca (CNC, 2007, p. 27). 
Grandes alterações urbanas promovidas no Rio e em São Paulo, 
especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o 
conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização 
e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do 
país. Assumindo papel de destaque na paisagem paulistana, surgem os hotéis 
Excelsior, Terminus e São Paulo (CNC, 2007, p. 28). 
 
9 
 
Nos anos de 1920, a próspera capital paulista vivia uma Belle Époque, com a 
inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo 
de embelezamento da cidade (Figura 3). Bons exemplos dessa fase são o Hotel 
Terminus, na Avenida Prestes Maia, com mais de 200 quartos, e o Hotel Esplanada, 
com 250 quartos. Construído ao lado do Teatro Municipal, o Esplanada tornou-se o 
ponto de encontro da elite paulistana. Outro marco da época é o Hotel Central, na 
Avenida São João, o primeiro hotel de quatro pavimentos na cidade (CNC, 2007, p. 
27). 
Passados cinco séculos desde o desembarque dos primeiros estrangeiros nas 
terras brasileiras, o Turismo representa hoje o terceiro produto de exportação na 
balança comercial brasileira, abaixo apenas da soja em grão e do minério de ferro, 
com uma arrecadação em torno de US$ 4 bilhões somente com a entrada de turistas 
estrangeiros. No setor doméstico, os desembarques totalizaram 24,3 milhões de 
passageiros nos primeiros sete meses do ano, indicando um aumento de quase 20% 
Com relação ao ano anterior. Hoje, a cadeia produtiva do turismo continua a 
fazer história e a promover o desenvolvimento do Brasil. (CNC, 2007). 
O turismo, uma prática social que se consolida com a modernidade, é apontado 
como um dos fenômenos mais importantes de nosso tempo, acessível a cada vez 
mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações — desfrutar momentos 
de prazer, realizar negócios, cuidar da saúde ou participar de eventos num lugar 
distante do habitual. Trata-se de um fenômeno histórico complexo que causa impactos 
na economia, no planejamento e na gestão de localidades, nas condições de 
mobilidade, nas políticas de preservação ambiental, nas relações de hospitalidade e 
alteridade (CASTRO, 2013, p.2) 
Apesarda recente popularização mundial da prática do turismo, o turismo rural 
e pesquisas sobre tal modalidade, tem origem no final do século XIX na Europa 
(Áustria e Suíça), porém, assim como outras modalidades de turismo dessa época, 
estava restrito às elites. Em virtude do desenvolvimento econômico pautado na 
industrialização e das conquistas trabalhistas nos países europeus, ambos ocorridos 
na década de 1950, a partir do fim da Segunda Guerra, o turismo rural desponta como 
atividade planejada, com destaque para a França, Espanha e Itália. 
 
10 
 
4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO 
O grande desenvolvimento da atividade turística nos últimos anos criou a 
necessidade de se elaborarem classificações para melhor compreender as inúmeras 
e diferentes características das viagens, e também para possibilitar a quantificação do 
setor em termos comparáveis entre países, ou mesmo regiões. 
Todavia, a própria dinâmica se confirma como um obstáculo na classificação 
do turismo e, por consequência na elaboração de categorias que sejam 
suficientemente abrangentes. Nesse sentido, a Conferência Internacional de 
Estatísticas do Turismo organizada pela OMT em 1991, e cujas recomendações foram 
posteriormente adotadas pela Comissão Estatística das Nações Unidas, teve os 
seguintes objetivos: 
O desenvolvimento de uma definição uniforme e integrada e de um sistema de 
classificação das estatísticas do turismo. 
A implementação de uma metodologia para determinação do impacto 
econômico do turismo e do desempenho dos vários setores da indústria. 
O estabelecimento simultâneo de um meio de diálogo entre os governos e a 
indústria turística e um programa coerente de coleta de informação turística. 
Basicamente a prática do turismo é composta por três formas: 
Turismo Interno: praticado por residentes de um determinado país que viajam 
unicamente no interior desse país. 
Turismo Receptivo: compreende-se todo o conjunto de serviços de apoio e 
assistência destinados à recepção de pessoas provenientes de outras regiões do país 
ou do exterior. 
Turismo Emissor: caracteriza-se pelo movimento de pessoas que viajam para 
fora do local habitual de residência, atraídas pelas ofertas de outras regiões do país 
ou do exterior. 
É importante ressaltar que existem países ou regiões que se caracterizam no 
setor de viagens como receptivos, outros como emissivos. Conforme dados da 
Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo receptivo mundial tem crescido 
com maior rapidez nos países em desenvolvimento, tanto com relação à entrada de 
turistas quanto em ingresso de divisas, fator que demonstra melhor distribuição de 
recursos econômicos entre países nessa atividade. 
Arthur
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Arthur
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Arthur
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11 
 
Atualmente, as formas de se praticar as atividades relacionadas ao turismo 
podem ser divididas em relação à organização da viagem como: turismo individual ou 
turismo organizado. 
O turismo individual é aquele praticado em viagens sem a intervenção de uma 
empresa (agência de viagens especializada). Os viajantes tomam as devidas 
providências por conta própria: documentação, reserva nos meios de transporte, 
hospedagem, levantamento de material sobre o destino, roteiros entre outros itens. 
Nesse caso, não é possível estabelecer previamente um orçamento preciso. 
5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE, 
VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA 
 Veranista: indivíduos que habitualmente passa o verão fora do local 
onde reside. 
 Viajante: São os indivíduos que se deslocam entre dois ou mais lugares 
dentro ou fora do país. 
 Visitante: São as pessoas que se deslocam para um lugar diferente de 
onde mora. O tempo de permanência deve ser inferior a 12 meses. 
 Excursionista: todo o indivíduo que em sua viagem permanece um 
tempo inferior a 24 horas fora do local em que residência, mas sem pernoitar. 
Com a finalidade de recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, 
peregrinação religiosa ou negócio. 
 Turistas: toda pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião entra 
em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo 
superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte, 
saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio. 
Arthur
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Arthur
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12 
 
 
Fonte: Gonçalo Lopes, 2010 
6 TURISMO RURAL 
Conforme afirma Sousa (2000), o turismo no meio rural é uma atividade que 
deve ser economicamente sustentável, ecologicamente correta, socialmente justa e 
verdadeiramente rural. 
A visão simplista do rural como agrícola vai ficando totalmente superada, pelo 
menos como campo de análise, já que novas funções vão sendo consolidadas e 
incorporadas nas estratégias de reprodução de muitas das famílias que habitam esse 
espaço. (ELESBÃO, 2007, p. 58). 
O deslocamento de pessoas das áreas urbanas para as rurais, possuem 
aspectos motivadores. A motivação que ocasiona o deslocamento do turista ao mundo 
rural está ligada ao imaginário rural dos urbanos e à busca por espaços com valores 
ecológicos, simbólicos e culturais a apreciar, bem como por lugares autênticos, com 
belas paisagens, com níveis mais baixos de poluição, ruídos e agitação que as 
cidades, no intuito de resgatar a nostalgia da vida próxima à natureza, a memória e 
 
13 
 
as raízes históricas no passado, de obter novas experiências e conhecimentos. 
(FUCKS; SOUZA, 2010, p. 100). 
O Turismo Rural caracteriza-se por satisfazer as necessidades de todos os 
envolvidos, ou seja, de quem oferece e de quem recebe, promovendo uma alternativa 
de desenvolvimento para as comunidades rurais por meio da diversificação dos polos 
turísticos, como oportunidade de novas fontes de renda, de diminuição do êxodo rural, 
como intercâmbio cultural e consciência ecológica. (SANTOS, 2004, p. 30). 
A especificidade do Turismo Rural é a produção agropecuária da propriedade 
rural convertida em produto turístico. 
7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL 
A atividade do Turismo Rural deve ser obrigatoriamente em harmonia com os 
seguintes interesses: 
 Da comunidade local 
 Do turismo 
 Do meio ambiente 
A harmonização destes fatores significa garantir a sustentabilidade da atividade 
através dos três elementos básicos: 
 Elementos culturais/antrópicos 
 Elementos ecológicos 
 Elementos econômicos 
O turismo, enquanto forma moderna de intercâmbio material entre o homem e 
a sua natureza externa, se comparado à agricultura, por exemplo, altera 
substancialmente tal interação ao inserir mudanças qualitativas ao nível das relações 
de trabalho, tendo em vista que a natureza preservada se configura como um 
importante atrativo turístico. Diante disso, tem-se uma nova forma de incorporação do 
trabalho humano ao espaço (BEDIM, 2008, p.11). 
 
14 
 
8 AGROTURISMO 
Dentro da realidade brasileira, o desenvolvimento de regiões rurais deve ser 
entendido como fundamental para a sociedade como um todo e como uma das poucas 
possibilidades restantes para a superação do quadro desordenado de desequilíbrio 
econômico, social, ambiental e territorial que se alastra por todo o país (Guzzatti: 
Tures, 2011). 
Segundo Turnes (1996), as diretrizes norteadoras deste processo de 
desenvolvimento rural devem considerar que: 
a) A agricultura familiar deve ser a base de um novo modelo; 
b) A cooperação e a solidariedade entre os atores sociais locais são 
fundamentais para a manutenção da sustentabilidade dos processos de 
desenvolvimento; 
c) A melhoria da qualidade de vida das populações rurais, através da criação 
de infraestrutura social, é um fator determinante para a perenidade dos projetos 
econômicos locais; 
d) A geração de oportunidades de ocupação da mão de obra e renda deve 
constituir-se em meta estratégica. Neste sentido, a revalorização dos espaços locaisdeve prever a criação de novas oportunidades de trabalho, priorizando as populações 
mais jovens. 
9 DEFINIÇÃO: 
Agro Turismo é uma modalidade de turismo praticada no meio rural, por 
agricultores familiares dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes 
do meio urbano. 
Arthur
Realce
 
15 
 
 
Fonte: demalaecuia.net 
Os agricultores, mantendo suas atividades agropecuárias, oferecem serviços 
de qualidade, valorizando e respeitando o meio ambiente e a cultural local (PARRA; 
CHEHADE, 2006). 
Os estudos de Campanhola et al. (2000) indicam ser o agroturismo “as 
atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às 
atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, 
em menor ou maior intensidade, devem ser entendidas como parte de um processo 
de agregação de serviços aos produtos agrícolas e bens não-materiais existentes nas 
propriedades rurais (paisagem, ar puro, etc.), a partir do ‘tempo livre’ das famílias 
agrícolas, com eventuais contratações de mão-de-obra externa.” 
Beni (2002, p. 32) apresenta o seguinte conceito de agroturismo: “[...] 
deslocamento de pessoas para espaços rurais, em roteiros programados ou 
espontâneos, com ou sem pernoite, para fruição dos cenários e observação, vivência 
e participação em atividades agropastoris.” 
O conceito seguinte do pesquisador Guzzati, 2003, pressupõe, de forma clara, 
o intercâmbio dos agricultores familiares com o visitante. O agroturismo “é um 
segmento do turismo desenvolvido no espaço rural por agricultores familiares 
organizados, dispostos a compartilhar seu modo de vida, patrimônio cultural e natural, 
mantendo suas atividades econômicas, oferecendo produtos e 80 serviços de 
qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a cultura local e proporcionando 
bem estar aos envolvidos” (GUZZATTI, 2003, p. 53). 
 
16 
 
10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO 
A incessante busca de modelos e estratégias, para reforçar a ideia de 
desenvolvimento do agroturismo, faz com tenhamos princípios a serem seguidos, nos 
quais vemos abaixo: 
• A recepção dos turistas pelos agricultores familiares é parte integrante da 
atividade do estabelecimento rural; 
• Os agricultores familiares que recebem turistas desejam mostrar o seu 
trabalho e o meio ambiente onde vivem (contato com os animais, conhecimento sobre 
plantas, o ritmo da estação do ano etc.); 
• A recepção e convívio do agricultor e sua família com o turista ocorre num 
clima de troca de experiências e de respeito mútuo; 
• O agroturismo deve praticar preços acessíveis; 
• O agroturismo se constitui num fator de desenvolvimento local, contribuindo 
para manter o meio rural "vivo" - demográfica, cultural e ambientalmente – com 
perspectivas de futuro para os seus jovens; 
• O agricultor garante a qualidade dos produtos e dos serviços oferecem; 
• Os serviços de agroturismo são oferecidos em habitações adaptadas, 
oferecendo conforto, higiene e segurança; 
• Os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos agricultores 
familiares. 
É preciso ressaltar que essa modalidade de turismo é moderna e profissional, 
sem perder a ruralidade. De acordo com (VILARINHO, 1998) o turismo rural familiar 
que valoriza o meio ambiente e a cultura local, torna-se uma opção para o 
desenvolvimento rural, contemplando os setores econômicos capazes de criar 
atividades comerciais alternativas, como o objetivo de proporcionar a manutenção da 
população nos seus locais de origens. Assim o turismo rural apresenta a possibilidade 
de gerar empregos num curto espaço de tempo e a um custo razoavelmente baixo, se 
comparado aos demais setores econômicos. 
 
17 
 
11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA 
No contexto brasileiro, Bricalli (2005, p. 41) afirma que “todos os 
empreendimentos que proporcionem lazer, recreação, descanso ou qualquer outra 
atividade ligada ao turismo, desde que estejam localizados em áreas rurais, podem 
ser classificados como turismo no espaço rural”, de modo que o turismo no 
espaço/meio rural abrange diversas modalidades turísticas. 
Essas modalidades criam diferentes formas de nomear essa atividade turística, 
entretanto, existe diferenças conceituais entre turismo rural e agroturismo. Carla 
Novaes (2004, p. 5) apresenta a definição de turismo rural da Organização Mundial 
do Turismo (OMT), que também destaca o turismo como atividade complementar e 
integrada à agropecuária. “O Turismo Rural refere-se a lugares em funcionamento 
(fazendas ou plantações) que complementam seus rendimentos com algumas 
atividades turísticas, oferecendo geralmente alojamento, refeições e oportunidades de 
adquirir conhecimentos sobre as atividades agrícolas”. 
Um conceito apresentado pela Embratur em 1998, entendia o turismo rural 
como o “conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido 
com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e 
promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. (EMBRATUR, 1998, p. 
14). 
O conceito de turismo no espaço rural também é adotado pelo governo federal, 
e abrangeria todos “os equipamentos localizados na área rural que desenvolvem 
atividades de lazer, recreação, esportivas, de eventos, não apresentando, 
necessariamente, vínculo com a produção agropecuária e a cultura rural. ” (PNTRAF, 
2004, p. 7). A experiência do Brasil demonstra que as diversas iniciativas de turismo 
que são realizadas no meio rural podem conviver de forma democrática. 
Além disso, muitas parcerias são possíveis, sendo baseadas em princípios de 
complementariedade entre ações de turismo rural e agroturismo. No entanto, isso só 
é possível quando está claro as diferenças e a possibilidade de coexistência entre os 
diferentes segmentos de turismo desenvolvidos no espaço rural. 
A expansão do agroturismo, segmento relativamente novo no Brasil, insere-se 
no momento em que o setor turístico passa por um profundo processo de 
transformação para adequar-se às novas exigências de um mercado, que não está 
 
18 
 
interessado somente nos pacotes e destinos mais badalados – e padronizados. Esta 
nova tendência, a procura por experiências diferenciadas, muitas vezes de forma 
independente, faz com que as operadoras de turismo se especializem cada vez mais 
na oferta de produtos segmentados. Isso contribui diretamente para a consolidação 
de novos nichos, como turismo religioso, histórico, de montanha, entre tantas outras 
denominações. 
De forma geral, entendemos que o agroturismo apresenta todos os atributos do 
turismo rural, sobretudo pelo fato de ser uma atividade realizada no espaço rural, e ter 
como principais atrativos as atividades agropecuárias, os produtos para-agrícolas e o 
modo de vida rural. Ocorre, porém, que o diferencial do agroturismo em relação ao 
turismo rural diz respeito à participação direta e/ou indireta do turista em atividades 
comuns dos agricultores, como plantio, colheita, ordenha, entre outras. Nesse sentido, 
toda a oferta de agroturismo poderia ser classificada como turismo rural, porém, nem 
toda a oferta de turismo rural pressupõe a existência do agroturismo”. (CANDIOTTO, 
2007, p. 197. 
O pesquisador Beni (2002) afirma que dois aspectos distinguem o agroturismo 
do turismo rural: 
1. A produção agropastoril é a maior fonte de renda da propriedade do 
agroturismo, de modo que o turismo gera uma receita complementar. 
2. As próprias atividades agropastoris constituem o principal diferencial 
turístico, de modo que o turista pode participar ou não da rotina da propriedade. 
12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL 
Há pessoas que moram na cidade, outras que moram no campo. 
As pessoas que moram na cidade formam a comunidade urbana e as pessoas que 
vivem no campo formam a comunidade rural. Na comunidade urbana, há muitas 
coisas em comum, por exemplo, alguns serviços como eletricidade, água e esgoto 
tratados, transportes coletivos,comunicação, rede de bancos e um comércio muito 
variado. 
Nas cidades, as casas ou apartamentos são construídos bem junto uns dos 
outros. 
 
19 
 
 
Fonte: br.pinterest.com 
A zona rural, também chamada de campo, fica afastada da cidade. As 
habitações são distantes uma das outras e as propriedades, mesmo que pequenas, 
reservam uma privacidade. Os serviços públicos de forma geral, quando existem, são 
precários, essenciais para a organização rudimentar da vida social, como redes de 
eletricidade, telefonia e um comércio incipiente nas vilas dos lugarejos. 
Entretanto, a compreensão tradicional do rural como o lugar do atraso e da 
rusticidade e do urbano como o lugar do progresso e da modernidade, não pode mais 
ser tida como absoluta. Tanto o rural como o urbano tem passado por grandes 
transformações que fazem com que estes espaços tenham características distintas 
dessa visão ultrapassada. O processo de modernização da agricultura, seguido pela 
explosão das facilidades do acesso aos meios de comunicação, transformaram 
profundamente a realidade do meio rural (LINDNER et al, 2009, p.2). 
Essa transformação está relacionada ao crescimento das atividades não-
agrícolas no Brasil. Simultaneamente a isto, diminui a supremacia das atividades 
agrícolas no meio rural. Essa mudança advém do contínuo declínio da capacidade da 
agricultura de manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades 
geradoras de ocupações rurais não-agrícolas (LAURENTI, 2000). 
 
20 
 
Essas atividades não-agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções. 
Dentre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as 
atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e 
aposentadorias rurais. 
Entretanto, as relações entre o rural e o urbano não foram sempre, 
historicamente, definidas pela heterogeneidade ou pela polaridade, mas sim pelo tipo 
de sociedade, agrária ou urbana que vivia em determinado espaço. 
Mesmo os conceitos que se poderiam pensar os mais precisos e objetivos são 
calcados nas representações várias existentes sobre o aspecto da realidade que se 
pretende conceituar. Assim, por exemplo, o conceito de rural utilizado nas pesquisas 
do IBGE (PNADs, Censos...) é o seguinte: o que o município define como rural em 
seu plano diretor. 
Ora, o plano diretor do ordenamento espacial dos municípios é elaborado por 
uma equipe de técnicos, mas é submetido à aprovação das câmaras municipais. Ou 
seja, são critérios políticos que definem, em última análise, o que é urbano e o que é 
rural. 
E os políticos não decidem com base em critérios racionais, mas com base na 
tradição e nas representações que eles têm do que é o rural, já que esta história de 
fazer conceitos precisos e objetivos é um problema das ciências sociais e não da 
política. Concluindo, podemos dizer que o conceito de rural está passando por uma 
reelaboração (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001, p. 77). 
13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL 
Diversos autores escreveram sobre o turismo rural. Você saberia definir o que 
é “meio rural”? Considera-se território rural um espaço físico, geralmente contínuo, 
compreendendo cidades e campos (terrenos fora do perímetro urbano em que 
geralmente predominam as atividades agrícolas ou as pastagens de gado), 
caracterizados por critérios multidimensionais, como: ambiente; economia; sociedade; 
cultura; política e instituições; uma população que, como em todos os lugares do Brasil 
e do mundo, possui grupos sociais diferentes e se relaciona e interage com o meio. 
 
21 
 
 
Fonte: www.smartkids.com.br 
Tais critérios fazem com que os territórios rurais se diferenciem dos territórios 
urbanos, principalmente pela destinação da terra, ou seja, pelo uso que se faz dela, 
notadamente direcionado para as práticas agrícolas, e pela noção de ruralidade, ou 
seja, o valor que a sociedade contemporânea atribui ao meio rural e que contempla 
as características mais gerais desse meio: a produção; a paisagem e a biodiversidade 
(a variedade de espécies animais e vegetais); a cultura e um modo de vida típicos, 
identificados pelas atividades agrícolas, pela cultura comunitária e pela identificação 
com os ciclos da natureza. Também podemos definir turismo no meio rural como: 
"Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consistem em 
atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: 
agroturismo; turismo ecológico ou ecoturismo; turismo de aventura; turismo de 
negócios; turismo de saúde; turismo cultural; turismo esportivo, atividades estas que 
se complementam ou não". (GRAZIANO DA SILVA et al., 1998: 14). 
A base do conceito é a dimensão econômica, o rural se caracteriza por um 
determinado tipo de atividade: a produção de alimentos através da criação de plantas 
e de animais. A esta atividade econômica, estão vinculados todos os outros traços 
que caracterizariam o rural, como a diferença ambiental, já que no rural o contato com 
a natureza é direto e constante, e a própria atividade econômica que lhe é peculiar é 
realizada ao ar livre (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001). 
 
22 
 
 
Fonte: meioambiente.culturamix.com 
A concepção de meio rural aqui adotada baseia-se na noção de território, com 
ênfase no critério da destinação da terra e na valorização da ruralidade. Assim, 
considera-se território um espaço físico, geograficamente definido, geralmente 
contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios 
multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e 
instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se 
relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode 
distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e 
territorial (BRASIL, 2003). 
Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela 
destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas, e na noção de 
ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural. Tal 
valor contempla as características mais gerais do meio rural: a produção 
territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de 
vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a 
identificação com os ciclos da natureza (BRASIL, 2003). 
Não se pretende aprofundar essa discussão, mas destacar que, para os fins 
deste estudo, a definição de rural tem como base características fundamentais das na 
paisagem e na ruralidade. 
 
23 
 
14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL 
A paisagem rural – também composta pelo ser humano, sua cultura, suas 
práticas sociais e de trabalho – é um dos principais fatores de atratividade do Turismo 
Rural. As principais características dessa atividade referem-se a elementos, 
condições e aspectos que compõem a paisagem rural e configuram a ruralidade e 
seus principais atrativos. Conhecer essas características é fundamental para se 
entender a real diferença entre o chamado Turismo no Espaço Rural e o Turismo 
Rural (LOTTICI KRAHL, 2003, p.49 e 50). Elas podem ser abordadas sob a 
seguinte síntese: 
a) Quanto à escala 
. 
Fonte: noticias.uol.com.br 
Pequena escala – uma das principais características do Turismo Rural se refere 
à pequena capacidade de atendimento simultâneo de turistas, de modo a permitir 
atendimento personalizado (sem espera, sem filas, sem barulho, sem aglomerações) 
e a causar menor impacto ao meio. 
http://noticias.uol.com.br/album/bbc/2012/06/01/leitores-da-bbc-retratam-
 
24 
 
b) Quanto à localização 
O empreendimento de Turismo Rural geralmente está situado em locais 
aprazíveis, em propriedades cujas paisagens tipicamente rurais materializem o 
imaginário do turista, em contraponto à paisagem urbana (Figura 10). 
c) Quanto às atividades agropecuárias 
Outra característicabásica do segmento é a manutenção das atividades 
produtivas tradicionais da propriedade e/ou das práticas e costumes relacionados a 
essas atividades, não as abandonando em virtude do sucesso conseguido com o 
turismo. 
 
d) Quanto à qualidade da paisagem 
Conservação dos recursos naturais – manutenção das condições dos 
mananciais, do solo, preservação ou recuperação da flora e da fauna nativas, inclusive 
dos aspectos paisagísticos; 
Conservação das características arquitetônicas e utilização de materiais 
construtivos típicos da região – utilização de materiais, equipamentos e serviços 
turísticos em harmonia com o meio rural; 
Cuidados com as instalações e lidas agropecuárias – cuidados que permitem 
ao turista observar ou participar das rotinas das atividades tradicionais da propriedade, 
sem descaracterizar o processo produtivo em função de sua presença. 
 
e) Quanto aos aspectos culturais 
Manutenção dos elementos e das estruturas tradicionais – manifestações 
folclóricas, culinária, produção artesanal, técnicas construtivas, celebrações, valores, 
modos de vida e ideais das comunidades rurais, além de elementos que referendem 
a história da região e das famílias. 
 
f) Quanto à diversificação dos serviços oferecidos 
A diversidade de serviços oferecidos ao turista depende da especificidade do 
ambiente, da economia, da história, das tradições, da cultura popular, das 
 
25 
 
características étnicas, da exploração agropecuária, em relação à propriedade e à 
região. O que é oferecido ao turista varia em função do que é produzido ou é mais 
característico na propriedade ou na região. 
Assim, pode-se dizer que para ser Turismo Rural, deve-se oferecer ao turista a 
oportunidade de desfrutar das particularidades das propriedades rurais e das 
peculiaridades da região, especialmente aquelas relacionadas às atividades 
agropecuárias. O atendimento precisa ser personalizado, para transmitir a 
hospitalidade do campesino ao visitante. O centro de interesse do turista que se 
desloca para áreas rurais está no conjunto constituído pela atividade produtiva, pela 
natureza e pelo modo de vida, que diferem da paisagem e do ritmo urbano (LOTTICI 
KRAHL, 2003.) (Figura 11). 
 
 
Fonte: romanticoschales.com.br 
Outra característica do segmento é o chamado “empoderamento” das 
comunidades, já que ele é um motivador para que a sociedade se organize para gerir 
a atividade turística de forma participativa. Isso cria um ambiente favorável à 
manutenção das características rurais da região, utilizando os recursos locais e os 
conhecimentos derivados do saber das populações, valorizando-os (LOTTICI KRAHL, 
2003, p 24.). 
 
26 
 
Segundo Perkins e Zimmerman (1995), o empoderamento é uma construção 
que liga forças e competências individuais com sistemas naturais e organizacionais 
de ajuda. Importará, portanto, desenvolver comportamentos proativos de mudança 
social, envolvendo organizações e recursos em torno da construção de comunidades 
responsáveis. O caminho será o da intervenção social e comunitária com indivíduos e 
organizações, consubstanciada em projetos de desenvolvimento, de combate à 
exclusão social, de promoção de direitos, desenhados no, e para, os âmbitos local e 
regional (GONÇALVES et al, 2013). 
15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL 
O agroturismo é uma a atividade que faz o homem e sua família permanecerem 
no campo. Faz preservar e recuperar nosso espaço rural e natural com suas 
características originais. Assim, a interação entre o homem do campo e suas origens 
se mantem, perpetua e também: 
 Promove a preservação e recuperação de nossa história. 
 Alimenta as atividades agrícolas tradicionais. 
 Gera receita para o espaço rural. 
O agroturismo é um segmento que apresenta desenvolvimento em áreas rurais 
produtivas, usando como meio de hospedagem as próprias propriedades, que 
procuram se adequar ao novo hóspede, para atender suas necessidades, mostrando 
como viver em contato direto com o meio ambiente, participando das várias atividades 
agropecuárias desenvolvidas no meio ambiente rural, e mostrando também a 
importância do homem do campo para a sobrevivência do ser humano nos grandes 
centros urbanos. 
Também fazer o turista perceber as inúmeras ofertas de produtos naturais de 
origem local ou regional, mostrando a cultura local, a gastronomia típica e todo o mais 
que a natureza oferece, esperando em troca somente ser preservada. Para que haja 
um desenvolvimento pleno da atividade turística no meio rural é preciso que haja 
harmonia entre a comunidade rural, o meio ambiente e o turismo. Esses elementos 
unidos poderão garantir a sustentabilidade da atividade rural. 
 
27 
 
O desenvolvimento da atividade rural tem que começar com a conscientização 
de que é importante preservar e cuidar, para que se possa explorar deixando que 
gerações futuras possam também preservar, cuidar e explorar. Percebemos que a 
atividade rural vem sendo desenvolvida muitas das vezes, sem a consciência da 
importância da preservação e o cuidado de causar o mínimo dando ao meio ambiente. 
Sabemos que atualmente todos procuram meios de agregar valores aos seus 
produtos, buscar novas fontes de renda a sua produção, sobreviver das suas 
atividades, mas, sem esquecer-se da importância da preservação daquilo que 
exploram, para que continue sustentável. 
Desta forma, a quatro elementos-chave que configuram a sustentabilidade 
(economia, cultura, sociedade e meio ambiente) devem envolver o turismo nas áreas 
rurais com uma importância redobrada, nutrindo e enriquecendo o desenvolvimento 
da atividade turística, ao mesmo tempo em que se configuram na matéria-prima da 
atividade, isto é, nos próprios recursos que favorecem e influenciam na demanda para 
o meio rural (Figura 12). 
 
Fonte: Verrazi, 2008, p 32. 
Neste contexto, a garantia da sustentabilidade do desenvolvimento turístico 
necessita que algumas condições sejam cumpridas, tais como: 
 A participação da sociedade local no desenvolvimento da atividade; 
 
28 
 
 A limitação das capacidades de carga dos atrativos – naturais e 
socioculturais; 
 a atuação sobre as infraestruturas e equipamentos, adaptando-as aos 
recursos turísticos a fim de preservá-los contra possíveis agressões, dentre 
outros. 
Desta forma, o desenvolvimento do turismo rural será racional e embasado na 
filosofia da sustentabilidade, supondo contribuições importantes ao meio rural como: 
 Melhora nas condições de vida da população local; contribuição para a 
reativação econômica de zonas deprimidas; 
 Geração de rendas complementares; incorporação do trabalho 
remunerado da mulher; estabilização da população local ao campo; 
 Manutenção das atividades agropecuárias e artesanais; 
 Manutenção e recuperação do patrimônio arquitetônico tradicional; 
 Conservação do meio ambiente; 
 Enriquecimento cultural da população local. 
16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL 
A industrialização crescente intensificou a urbanização, aumentando a 
destruição da natureza, colocando-a a disposição de poucos homens com seus 
interesses de lucro e poder, desprezando assim o interesse coletivo pela 
sustentabilidade. 
Neste contexto, a cultura rural acabou sendo ignorada ou considerada como 
sinônimo de atraso e retrocesso, e diante disso, cresceu assustadoramente a 
submissão e dependência do campo em relação às cidades. Uma realidade que 
passou a ser imposta a inúmeras comunidades rurais, que se tornaram apenas 
espaços produtores de matérias-primas e produtos direcionados ao consumo da 
sociedade urbano-industrial (ANDRADE, 2012). 
 
29 
 
 
Fonte: www.mda.gov.br 
Assim, o patrimônio ambiental contido nessas comunidades passou a ser 
constantemente utilizado de forma predatória, desrespeitando sua capacidade de 
suportar tais impactos e resultando em problemas socioambientais. Sugiram então 
conflitos entreos espaços rural e urbano e entre grandes produtores rurais, ansiosos 
por lucro, e pequenos agricultores ligados à terra, da qual obtêm o difícil sustento 
(Figura 13). 
Diante desse consumo exacerbado, que gera dilapidação ambiental, 
disparidades sociais, incertezas e ausências de perspectivas, resta ao pequeno 
produtor resistir, mantendo seu vínculo harmônico com a terra de seus ancestrais, ou 
sucumbir, atendendo à voracidade do sistema opressor. Se a alternativa escolhida for 
a segunda, não há outro caminho: a contínua exploração dos recursos naturais até 
sua exaustão, criando o rompimento definitivo com a realidade rural, levando-o a 
procurar por novas oportunidades nas cidades. 
Ao ser expulso, o homem do campo rompe com sua cultura de contato 
sustentável com a terra, levando-o a vislumbrar os atrativos dos grandes centros 
urbanos e a criar fantasias que serão posteriormente transformadas em frustração e 
exclusão. Ao se dirigir à cidade grande em busca de melhorias e sem qualificação, 
sem emprego, sem perspectivas, ele e sua família estarão condenados à inserção nas 
problemáticas periferias, na maioria dos casos sem direito a condições dignas de vida, 
 
30 
 
ampliando os índices de dominação, exploração, degradação e alienação, já tão 
comuns na sociedade atual. 
As populações rurais da que trabalham no agroturismo buscam reinserção 
econômica, social, política e até tecnológica, pela sua reafirmação, redefinição e 
atualização de seus modos de vida e construção de alternativas. 
 
 
Fonte: www.mda.gov.br 
O índice de evasão do campo hoje é cada vez mais expressivo, e os filhos de 
pequenos produtores não apresentam mais a mesma vontade de permanecer no 
campo e trabalhar com a terra, de modo que, migram para a cidade em busca de 
melhores condições de vida. Sendo assim, é preciso que haja pessoas, projetos e 
políticas públicas voltadas para tal problemática, empreendendo ações que propiciem 
soluções eficazes e eficientes para que este quadro seja revertido. 
Para a viabilidade de se realizar o desenvolvimento local através do turismo 
dependeria da equalização de cinco objetivos: 
 Preservação/conservação ambiental; 
 Manutenção da identidade cultural; 
 Geração de ocupações produtivas de renda; 
 Desenvolvimento participativo 
 Qualidade de vida. 
 
31 
 
Alguns elementos importantes são considerados fatores de desenvolvimento 
local e de valorização cultural. 
A manutenção da identidade cultural dos lugares como próprio fator de 
atividade turística; uma construção de uma via democrática para o desenvolvimento 
de certas localidades, articuladas pelo turismo como fator estruturante de valorização 
das suas potencialidades ambientais e culturais, com a participação da população 
local na construção ativa desse processo (BENEVIDES, 2002, p. 25). 
A riqueza cultural de uma comunidade, ao ser preservada como forma de 
manutenção do grupo, é utilizada como fomento ou elemento potencializador para a 
atividade turística, principalmente neste momento onde cresce o interesse pela 
pluralidade étnica e pela diversidade cultural existente nas diversas sociedades. 
 
 
Fonte: www.noticiasjp.com 
Parte-se do pressuposto de que a atividade turística pode contribuir para o 
etno-desenvolvimento local e para o enriquecimento da relação entre turistas e 
residentes, por meio de um aproveitamento balizado nos princípios da 
sustentabilidade cultural (SILVA, 2010, p. 3) 
Assim, o patrimônio cultural implica sentidos de permanência, pertencimento e 
persistência, considerando-se que a produção material e simbólica de uma 
determinada comunidade torna-se elo de identificação do grupo a um ethos cultural 
comum, vetor de transmissão e compartilhamento de memórias individuais e coletivas, 
 
32 
 
e das tradições. Essas são reinterpretadas e reconfiguradas no presente, porém, 
mantendo-se o substrato que lhe deu origem (SILVA, 2010, p. 3). 
17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA 
A administração rural surgiu no começo do século XX junto às universidades 
de ciências agrárias, na Inglaterra e Estados Unidos, nos chamados “land grant” com 
a preocupação de sobretudo, analisar, a credibilidade econômica e as técnicas 
agrícolas (Hoffmann, 1987). 
A administração rural passa por várias transformações estruturais e 
comportamentais frente à nova ordem mundial de globalização, consumindo conceitos 
antigos e reconhecendo suas teorias na busca do aperfeiçoamento organizacional 
para a empresa rural. Nestas perspectivas podemos definir a empresa rural como 
“aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra da 
criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas” (Marion, 
2005 p. 24). 
As novas concepções administrativas atualmente podem definir as bases de 
atuação e desenvolvimento da empresa rural. Assim, é preciso ressaltar alguns 
aspectos importantes de uma unidade de produção: 
17.1 Identificação e inserção da unidade de produção 
Esse aspecto diz respeito à localização e o tipo de inserção da unidade 
produtiva no meio físico e sócio econômico, o que pode influenciar o seu 
desenvolvimento. Nesse sentido, cabe identificar se existem projetos de 
desenvolvimento público ou privado para o desenvolvimento da região. 
Caracterização do meio natural, sua aptidão e capacidade de uso, estado de 
conservação das características físicas e químicas do solo, fertilidade, práticas de 
controle dos processos erosivos perante diferentes condições climáticas e de 
mecanização. 
 
33 
 
17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção 
Composição da Unidade de Produção perante seus equipamentos, instalações, 
máquinas, veículos, terra, mão-de-obra e seu rebanho. Trata-se da gestão pela qual, 
o produtor conduz a sua unidade produtiva, em relação às discussões sobre o que 
produzir como produzir, quais recursos podem ser utilizados, e como dispõem da 
estrutura para realizar a produção (Figura 16). 
17.3 Aspectos econômicos e financeiros 
Através dos resultados físicos da UPA, se conseguem os resultados globais e 
os resultados específicos de cada atividade. Para determinar o fluxo de caixa da 
propriedade durante seu ano agrícola, com entradas e saídas de dinheiro. A 
propriedade nos últimos anos vem evoluindo seu plantel de maquinários para se 
adequar às atividades desenvolvidas, conforme sua necessidade de produção no ano 
agrícola. 
A agricultura está passando por um período de modificações perante novas 
tecnologias expostas, mas hoje grande parte da produção de alimentos está 
concentrada nas pequenas unidades de produção familiar que produzem alimento 
para população. As unidades de produção estão investindo em atividades mais 
seguras que gerem uma renda mensal mais estável e de menos risco para o produtor. 
Buscam-se meios com maior viabilidade econômica e remuneração para o produtor 
(LUCCA; SILVA, 2012, p. 177). 
Dessa forma, as atividades do agroturismo na unidade de produção agrícola 
merecem importância sobre a ação de planejadores comprometidos não somente com 
a conservação dos recursos naturais, como com a geração de renda e melhoria no 
padrão de vida e equidade social para as comunidades locais. O agroturismo é forma 
de geração de renda no meio rural e ainda promove um contato direto dos turistas 
com o dia – a – dia nas propriedades agrícolas, e com os costumes do campo havendo 
assim uma interatividade campo x meio urbano (CEPAGRO, 2007). 
Agroturismo são atividades turísticas que acontecem em ambiente rural, porém 
o local continua a exercer suas atividades agrícolas. Neste caso, o turismo seria uma 
atividade rentável e complementar. 
 
34 
 
18 ATRATIVOS TURÍSTICOS 
Os atrativos turísticos exercem papel fundamental para o desenvolvimento do 
turismo receptivo, uma vez que compõem a oferta turística diferencial de uma 
localidade, ou seja, são os principais responsáveispela atratividade das regiões 
turísticas, que geram os fluxos turísticos. A qualidade da oferta desses atrativos 
impacta diretamente no posicionamento do destino no mercado turístico (SEBRAE, 
2014). 
Enquanto negócio, o atrativo turístico precisa ser gerido como qualquer 
empresa, possuir uma gestão eficaz, ter estrutura mínima para receber clientes, 
oferecendo experiências positivas de forma organizada e profissional, a fim de 
produzir resultados positivos. 
 
Fonte: Sebrae-SP, 2014, p. 9. 
Os atrativos turísticos são únicos e cada um deles possui valor e capacidade 
de atração específicos. Portanto, possuem diferentes características, potenciais e 
estruturas para a recepção de turistas. 
Os atrativos turísticos constituem a oferta turística diferencial de uma 
determinada região turística, pois são responsáveis por promover os fluxos turísticos. 
O consumidor escolhe o destino que irá visitar, em função da experiência turística que 
 
35 
 
esse destino oferece. Ele primeiro decide se deseja praticar atividades de aventura ou 
vivenciar atividades rurais, ou ainda, visitar monumentos históricos e culturais etc., 
entre as inúmeras possibilidades. Na sequência, ele opta pelo destino turístico que 
proporcione as atividades e experiências escolhidas. 
Existe outro tipo de oferta turística: a oferta turística técnica. Ela é composta 
pelos equipamentos e serviços existentes no destino, que dão suporte para o 
desenvolvimento da atividade turística, como: meios de hospedagem, meios de 
alimentação fora do lar, agências de turismo receptivo, manifestações culturais, 
artesanato, serviços de apoio ao turista, entre outros. 
 
Circuito Turístico: Conjunto de recursos e/ou atrativos turísticos, distribuído em 
um espaço geográfico determinado (que apresenta vários eixos de deslocamento, 
permitindo diversos itinerários), que deem identidade peculiar e diferenciada ao local. 
Pode organizar-se formalmente por meio de consórcios ou outras formas associativas. 
A existência de circuitos turísticos conduz à formatação de produtos turísticos atrativos 
e de roteiros, facilitando assim, o acesso da região a mercados consumidores. 
O bom funcionamento do sistema produtivo do turismo receptivo rural ou 
urbano depende da oferta turística diferencial e da oferta turística técnica. Porém, a 
oferta turística diferencial é decisiva para atrair os turistas e iniciar a “engrenagem” 
que movimenta esse sistema. As características do conjunto de atrativos turísticos 
influenciam diretamente na identidade e vocação turística do destino (turismo rural, 
cultural, de aventura, de natureza, entre outros), indicando possibilidades de 
constituição de negócios e das tipologias de turismo que podem ser implementadas e 
consolidadas (Sebrae, 2014). 
Oferta 
turística 
diferencial
Oferta 
turística 
técnica
Circuito 
turístico
 
36 
 
Existe uma tendência atual na busca do natural, do orgânico, do particular, 
fatores que contribuem para a valorização do Turismo Rural. Dessa forma, os 
elementos que o caracterizam devem ser estimulados visando se aprimorar as 
atividades, os produtos e serviços ofertados pelas propriedades rurais. 
A paisagem, a natureza, a cultura, o modo de vida das comunidades 
tradicionais; os processos produtivos, a proximidade e a hospitalidade são os 
principais fatores de atratividade do Turismo Rural. Neste sentido, é preciso identificar, 
na região e no âmbito das propriedades rurais, os atrativos capazes de materializar 
as expectativas e os desejos dos turistas. É preciso, ainda, explorar algumas 
possibilidades oferecidas pelo Turismo Rural, as quais devem ser convertidas em 
vantagens práticas: 
18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, necessariamente, de 
paisagens com recursos turísticos extraordinários: 
Esses recursos são importantes atrativos turísticos, mas a valorização da 
paisagem natural não se restringe apenas à sua existência. O fundamental é que, para 
o turista, a paisagem represente um indicador de que ele está fora do seu ambiente 
de rotina. Assim, a fauna, a flora, a topografia e o uso do solo trazem as marcas da 
cultura e das comunidades residentes, fazendo desses elementos atrativos pelo fato 
de constituírem uma paisagem tipicamente rural e que, portanto, se contrapõem ao 
cotidiano do turista. 
18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a outros 
segmentos: 
Não é preciso, necessariamente, criar estruturas na região e nas propriedades, 
e sim adaptar as que já existem de modo a garantir conforto e segurança aos turistas. 
Tais estruturas podem ser residenciais ou de serviço, mas devem manter suas 
características rústicas. Nesse caso, o turista não busca luxo, e sim autenticidade e 
certa rusticidade, mas com qualidade e conforto. 
 
37 
 
18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos núcleos 
emissores: 
A localização facilita o deslocamento dos visitantes, que podem visitar as 
propriedades rurais, ainda que disponham de apenas um dia ou de um final de 
semana. A curta distância torna o Turismo Rural uma atividade acessível a mais 
pessoas. 
19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL 
Experiência é o conhecimento adquirido pela prática ou observação. Para 
oferecer experiência turística é necessário superar os aspectos triviais e 
convencionais do turismo receptivo, como propiciar a encenação de atores para contar 
história de determinado local turístico. Além do aspecto lúdico e prazeroso, o turista 
rural tem a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, interagir e experimentar 
uma situação que fica marcada por muito tempo. 
A vivência no mundo rural é uma prática que propicia a participação do turista 
em lidas, oficinas ou atividades que sejam atípicas ou incomuns. Portanto, são as 
situações em que o turista realmente participa, se envolve e interage. Ele é mais do 
que um expectador. Um exemplo comum é a participação em oficina culinária, que faz 
parte da visita ao atrativo turístico rural. 
Outros exemplos de experiências e vivências, que podem ser oferecidas nos 
atrativos turísticos rural: 
 Dramatizações para contar uma história, um “causo” uma lenda. 
 Apresentações de grupos culturais (teatro, música e dança) e folclóricos. 
 Gastronomia típica para degustação e participação de oficinas 
culinárias. 
 Reprodução de “atmosfera, ambiente e cenário”, tornando determinado 
local com características temáticas. 
 Oficinas (culinária, cerâmica, vinho, cachaça, artesanato, pintura, queijo, 
pães, bolos e muitas outras). 
 Rotina: participação de plantio ou colheita de produtos, cuidados com 
animais e preparo de refeições ou prato típico. 
 
38 
 
 
Fonte: ooutrolado.com 
20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL 
A vivência do agroturismo é caracterizada por atividades lúdicas e do dia-a-dia 
das propriedades rurais, tais como: ordenha, coleta de ovos, cavalgada, coleta de 
frutas e verduras, gastronomia, entre outras. 
Salles (2006) cita algumas atividades de vivência desenvolvidas nas 
propriedades, tais como: 
 Hortas orgânicas; 
 Hortas medicinais; 
 Pomares; 
 Ordenha; 
 Tosquia; 
 Trato; 
 Trilhas; 
 Cavalgadas; 
 Pesca. 
 
 
39 
 
O perfil do turista que procura pelo turismo rural, enquadra-se como 
mediocêntricos: pessoas motivadas pela quebra da rotina, busca pelo descanso, 
aventura, gastronomia e tratamento de saúde; e experimentais: desejam conhecer e 
experimentar modos de vida diferentes. As características destes perfis é a busca por 
vivenciar novos jeitos de vida, e também a quebra da rotina, fatores encontrados nas 
propriedades rurais, que desenvolvem a atividade turística. Outro fator que caracteriza 
os turistas que buscam por esta atividade é o contato com a natureza (Mtur, 2010). 
A atividade turística de vivência é geradora de novas experiências pessoais e 
sensoriais. Ela promove o encontro com a história, com a cultura,com os valores, 
sabores, momentos e àquele sentimento bucólico ao qual só o campo nos remete. 
Nesse sentido, Sun Tung e Ritchie, (2011, p.1369) afirmam que o papel central dos 
planejadores do turismo é: ''Facilitar o desenvolvimento de um ambiente (ou seja, o 
destino) que aumenta a probabilidade de que os turistas podem criar suas próprias 
experiências memoráveis de turismo”. Os autores ainda definiram experiência turística 
como. 
Uma avaliação individual subjetiva (afetiva, cognitivo e comportamental) de 
eventos relacionados à sua atividade turística que começa antes (ou seja, 
planejamento e preparação), durante (ou seja, no destino), e depois da viagem (ou 
seja, o recolhimento). (Sun Tung e Ritchie, 2011, p. 1369). 
 
 
Fonte: www1.folha.uol.com.br 
 
40 
 
Por fim, o turismo no mundo rural e suas nuances vem apresentando 
considerável crescimento e pode ser uma alternativa para a sustentabilidade e 
sobrevivência dos pequenos agricultores, pois incentiva a diversificação das 
atividades no campo e gera trabalho para os membros da família, mas não se deve 
esquecer que uma atividade como esta deve ser bem planejada, com participação de 
todos os atores envolvidos, para evitar impactos irreversíveis à natureza, e, 
principalmente no que diz respeito à cultura e tradições locais. 
21 ESTRUTURA TURÍSTICA 
A atividade turística requer investimentos em infraestrutura de meios de 
hospedagens e de lazer. É sabido que estes objetos técnicos juntamente com o 
quadro sócio ambiental, caracterizam os lugares turísticos e podem favorecer o seu 
desenvolvimento. Neste contexto, o turismo passa a ter papel fundamental na 
produção do espaço e na valorização do rural, podendo também melhorar a condição 
de vida da população local. Entretanto, para que as comunidades possam usufruir dos 
benefícios gerados pela atividade turística, torna-se necessário preservar não apenas 
os atrativos naturais, mas também a cultura da população local (CORREA, 2006, p.7). 
Em função disso, como outros empreendimentos econômicos, as atividades 
relacionadas a lazer/turismo, também requerem apoio do poder público em diferentes 
escalas, principalmente no que diz respeito a melhoria da infraestrutura viária, 
divulgação, elaboração de normas para regulamentar a atividade, bem como a sua 
fiscalização. Portanto, seu desenvolvimento deve estar alicerçado na interação de 
diferentes atores, tanto público quanto privado, envolvendo as escalas local/regional, 
nacional/global. 
Os equipamentos e serviços turísticos rurais englobam tudo o que está 
relacionado às áreas de recreação, lojas, aos banheiros, aos restaurantes, à estrutura 
de hospedagem, aos vestiários, aos locais de descanso, caminhos, destinação do lixo, 
água, energia elétrica, entre outros (Figura 20). No empreendimento do agroturismo, 
cada área tem um uso específico, conforme suas características e suas necessidades 
estruturais. No entanto, é preciso levar em conta que todas as instalações deverão 
ser projetadas em harmonia com o meio ambiente. 
 
41 
 
22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO VISITANTE 
O meio rural oferece uma série de serviços e atividades aos seus visitantes. 
Neste item, apresentam-se alguns serviços e equipamentos turísticos, bem como 
atividades turísticas que podem ser desenvolvidas nas propriedades rurais ou na 
região: 
a) Serviços e equipamentos turísticos: serviços, edificações e instalações 
indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística e que existem em função 
dela: 
 Hospedagem – estabelecimentos que oferecem alojamento e serviços 
necessários ao conforto do hóspede. No Turismo Rural, as maiores frequências 
são fazenda-hotel/ hotel-fazenda, hospedagem domiciliar (quarto nas 
propriedades rurais, cama e café, alojamento) e pousada; 
 Alimentação – pode ser oferecida por restaurantes tradicionais ou por 
propriedades rurais, que geralmente oferecem café colonial, almoço e jantar 
com pratos típicos, degustação de produtos caseiros; 
 Guiamento, condução e recepção – atendimento e orientação ao turista 
individual ou em grupo, via centro de informações turísticas, agências e 
operadoras de turismo receptivo, guias ou condutores locais (muitas vezes os 
próprios agricultores, artesãos ou proprietários rurais); 
 Transporte no local – serviços específicos para deslocamento no 
destino: ônibus de excursão, vans, traslados, bem como veículos rurais 
(passeio de trator, de charrete). 
b) Atividades que podem ser praticadas pelo visitante: atividades cuja prática 
estão relacionadas ao meio rural, encontradas nas propriedades rurais brasileiras: 
 Atividades agropecuárias 
 Agricultura – cultivo de espécies vegetais úteis para a alimentação 
humana e animal ou como matéria-prima para indústria têxtil, farmacêutica etc. 
Plantação de cereais, frutas, hortaliças, leguminosas etc.; 
 Criação de animais – inclui todos os tipos de manejo de animais: 
bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, suinocultura, piscicultura etc. 
 
42 
 
 Atividades de transformação – referem-se à transformação de matéria-
prima vegetal, animal ou mineral: produção agroindustrial (compotas, doces, 
bebidas, farinhas, panificação, laticínio, ervas, polpas) ou manual (facas, panos 
e bordados, mesas, instrumentos musicais); 
 Atividades ecoturísticas – atividades de interação com a natureza, que 
incentivem o comportamento social e ambientalmente responsável: trilhas, 
observação da fauna (pássaros, borboletas, jacarés, peixes) e da flora 
(espécies vegetais nativas, parques, etc.), caminhadas na natureza, trilhas, 
banhos de cachoeiras e rios, cicloturismo; 
 Aventura – atividades recreativas e não competitivas que envolvem 
riscos controlados e assumidos: arvorismo, bóia-cross, rapel, tirolesa, 
montanhismo, mountain-bike, trekking, turismo fora de estrada; 
 Atividades interativas com gado – abrangem atividades que envolvam a 
interação do homem com cavalo, jumento, burro, boi, carneiro etc para 
desempenho de alguma lida no campo ou para lazer, esporte e aventura: 
ordenha, cavalgadas, campeadas, torneios, comitivas, tropeadas ou outras 
denominações regionais, passeios de carroça, rodeio, hipismo; 
 Pesca – compreende a prática da pesca amadora: pesque-pague, pesca 
em rios, lagos, represas; 
 Atividades esportivas – compreendem os jogos e disputas competitivas, 
com a presença de normas definidas: corrida de moto, de bicicleta, de aventura, 
rali, canoagem, caça e tiro; 
 Atividades pedagógicas – atividades de cunho educativo que auxiliam 
no processo ensino-aprendizagem, comumente promovidas por escolas e 
realizadas pelos respectivos grupos de estudantes. É o chamado Turismo Rural 
Pedagógico, um recurso motivador de aprendizagem, capaz de auxiliar na 
formação dos alunos - reforçando conceitos como o de cidadania, consciência 
ambiental e patrimonial – e de fornecer experiências de vida em grupo: aulas 
práticas interpretativas do ambiente, palestras informativas, vivências e 
experiências variadas nos ambientes visitados, incluindo participação em 
colheitas, ordenhas, trato de animais; 
Atividades culturais 
 
43 
 
Manifestações populares – acontecimentos ou formas de expressão 
relacionados à música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, folclore, saberes e 
fazeres locais, práticas religiosas ou manifestações de fé: rodas de viola, folia de reis, 
crenças, catira, rezas, novenas, “contação de casos”; 
 
 
Fonte: g1.globo.com 
Produção de artesanato – objetos produzidos manualmente ou com 
equipamentos rudimentares, em pequena escala, característicos da produção de 
artistas populares da região, utilizando matéria-prima regional; (Figura 21). 
Observação da arquitetura típica ou histórica – contempla as construções 
típicas do campo (açude, capela, curral, estufa), as técnicas e materiais construtivos 
peculiares ou da região (pau-a-pique, sapé, madeira, pedrae outros) e as construções 
históricas (engenho, alambique, casa de farinha, vinícola); 
Visita a museus e casas de cultura – locais destinados à apresentação, guarda 
e conservação de objetos de caráter cultural ou científico: museu da cachaça, museu 
do folclore, vinícola desativada, moinho; 
Gastronomia – práticas e conhecimentos relacionados com a arte e técnica de 
cozinhar. Relaciona-se com o aprendizado e a degustação de pratos de consumo 
tradicionais da região, utilizando ingredientes locais. 
 
44 
 
23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO 
A qualidade de um serviço é fator determinante no desenvolvimento da 
atividade turística. Entretanto, é um conceito particularmente subjetivo que pode, no 
entanto, ser caracterizado através de alguns indicadores. 
Uma forma de maximizar a chance desta relação, prestadores de serviços — 
turistas ser bem sucedida é estabelecer um referencial de qualidade que garanta 
confiabilidade nesta relação. Para prestar um conjunto de serviços que atenda e/ou 
exceda as expectativas dos clientes faz-se necessário conhecer quais são suas 
necessidades e desejos, e a partir daí, estabelecer critérios que harmonizem as 
práticas relativas a comercialização deste serviço. 
. 
 
Fonte: www.booking.com 
A qualidade de uma experiência turística dependente de uma variedade de 
fatores, o que dificulta a adoção de uma definição clara e precisa. O fato de o produto 
turístico ser o resultado da conjugação de uma série de subsistemas, tanto do ponto 
de vista dos poderes públicos quanto da iniciativa privada, com elementos de natureza 
tangível e intangível, agrava essa dificuldade (MOREIRA, 2010). 
A importância da qualidade na atividade turística vem sendo percebida pelos 
diferentes órgãos que atuam no setor, inclusive por aqueles que se dedicam 
 
45 
 
diretamente à atividade do turismo em área rural, e algumas iniciativas neste sentido 
começam a ser discutidas e implementadas em alguns lugares (Figura 22). 
A qualidade de serviço percebida pelo cliente pode ser considerada como um 
julgamento sobre a superioridade desse serviço que é o resultado das diferenças entre 
as expectativas e as percepções do cliente (Parasuraman et al., 1985; 
Grönroos, 1990). Cronin e Taylor (1922; 1994) defendem que a qualidade do 
serviço deveria estar baseada nas percepções do cliente relativamente aos serviços 
prestados. Para Albrecht e Bradford (1992) a qualidade representa a capacidade que 
um serviço tem para satisfazer uma necessidade, para resolver um problema ou para 
fornecer valor acrescentado. 
Apesar das várias definições sobre o que qualidade realmente significa, um 
denominador comum sobressai: a satisfação das necessidades dos clientes. Assim, 
pode concluir que a qualidade está fortemente relacionada com a satisfação dos 
clientes e está é alcançada quando as expectativas dos clientes igualam ou superam 
as suas experiências e percepções (MOREIRA, 2010). 
O Plano Nacional do Turismo (PNT) para 2003 a 2007, desenvolvido pelo 
ministério do turismo, traz em seu conjunto de programas um pacote voltado para a 
questão da qualidade, denominado macro programa de qualidade do produto turístico. 
Abrangem duas vertentes, uma delas relacionada à normatização da atividade 
turística e outra, referente a um programa de qualificação profissional. 
A ABRATURR — Associação Brasileira do Turismo Rural desenvolveu um 
programa de capacitação com foco na qualidade, que foi incorporado pelo Ministério 
do Turismo e foi apresentado no documento Diretrizes para o Desenvolvimento do 
Turismo Rural no Brasil (2003). Este documento propõe como sua quinta diretriz a 
capacitação voltada para a preparação de agentes e atores envolvidos na atividade 
para atuarem voltados para a qualidade. Indica como estratégias a identificação das 
diferentes necessidades de capacitação; a avaliação de programas, metodologias e 
possíveis parceiros; a elaboração conjunta de políticas, programas e projetos 
específicos de profissionalização; a promoção de 47 cursos de qualificação e 
aperfeiçoamento profissional; o apoio e promoção de cursos e seminários de 
capacitação em desenvolvimento local e regional; o apoio e promoção de eventos 
locais, regionais, nacionais e internacionais. 
 
46 
 
24 AGROINDÚSTRIA 
No final da década de 90 do século XX, surgem programas de estímulo a 
agroindústrias familiares em todo país. A agregação de valor aos produtos da 
agricultura familiar é mais que uma tradição, é uma forma de aumentar a renda das 
famílias rurais, valorizar a cultura e gerar ocupação. A atividade da agroindústria é 
uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o 
beneficiamento do produto “in natura”. Com a implantação do turismo na propriedade, 
isto se potencializa, na medida em que a comercialização do produto pode se dar 
dentro da própria propriedade, suprimindo o custo de distribuição e contribuindo para 
diversificar os atrativos do empreendimento (Figura 23). 
. 
 
Fonte: www.emater.pr.gov.br 
Por meio da agroindústria artesanal, o alimento é processado e conservado, 
sem que haja adição de elementos químicos, como aditivos e conservantes artificiais. 
Isso é possível graças às várias tecnologias que seguem o método tradicional, cultural 
e regional de transformação de alimentos. Com isso, os alimentos duram mais e não 
perdem suas características específicas (cor, sabor e aroma). 
Diversos estudos, tem mostrado que as agroindústrias familiares, de modo 
geral, têm encontrado dificuldades para sua consolidação. Dentre os empecilhos, 
podemos citar como fundamental a incompatibilidade da escala de produção das 
 
47 
 
agroindústrias familiares com as exigências dos grandes circuitos de mercado, 
pautada pela padronização e regularidade no fornecimento (SIVEIRA, 2010). 
Junto a isso, vieram exigências sanitárias buscando a legalização dos 
empreendimentos de processamento artesanal de alimentos, através de investimento 
em instalações e equipamentos, exigidos pela legislação sanitária vigente. 
A pressão da legislação sanitária vigente leva a um processo de substituição 
de procedimentos artesanais de produção por procedimentos industriais, onde o 
fundamento é a padronização do produto, a garantia de que aquela marca não 
apresenta variação nem em qualidade, nem em características do produto, devido a 
procedimentos técnicos e operações de máquinas sob rígido controle, enquanto o 
artesanal é o império do como fazer, da variável humana, da diferenciação (Silveira; 
Heinz, 2005). 
Nesse contexto, surge o problema com a inflexibilidade da legislação diante de 
uma pequena escala de produção e um consumo quase imediato, situação da 
produção artesanal desenvolvida na agricultura familiar. Associando qualidade a 
estrutura física, a legislação condena esta produção artesanal à informalidade, pois 
seria necessário um investimento necessário para sua regularização, além de suas 
possibilidades e interesse. 
E, justamente nas pequenas unidades de processamento de alimentos, “a 
qualidade dos alimentos (...) está mais ligada à qualidade da matéria prima, à saúde 
e higiene das pessoas que manipulam os alimentos, à higiene das instalações, ao 
fluxograma operacional dos trabalhos da agroindústria etc.” (PREZZOTTO, 2002, p.9). 
Diante de tal realidade, “a questão fundamental é quais critérios de qualidade 
devem ser adotados em circuitos locais e regionais de produção, distribuição e 
consumo, considerando que seu contexto é diverso da base epistêmica de que parte 
a legislação sanitária” (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004, p. 219). 
Dessa forma, uma série de estratégias implementadas no sentido de buscar a 
viabilização econômica das propriedades rurais e que, ao mesmo tempo, podem 
aumentar a atratividade turística de determinados territórios, a saber: 
-Beneficiamento e processamento mínimo de matérias-primas de origem 
animal ou vegetal, transformando-as

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