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- -1 PSICOLOGIA JURÍDICA ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PSICOLOGIA JURÍDICA E SEUS INSTRUMENTOS DE TRABALHO Adriana Ferreira Serafim de Oliveira - -2 Olá! Você está na unidade Aspectos epistemológicos da Psicologia Jurídica e seus instrumentos de trabalho. Conheça aqui os aspectos epistemológicos da disciplina Psicologia Jurídica, principais conceitos e instrumentos de trabalho para os psicólogos jurídicos, como também os fundamentos e os métodos da Psicologia Jurídica. Aprenda sobre os casos que são apresentados aos psicólogos jurídicos para elaboração de pareceres. Bons estudos! - -3 1 Noções preliminares Para iniciar, vamos relembrar que a Psicologia Jurídica é uma área da Psicologia ligada ao Direito. São duas áreas diversas que se interligam. A Psicologia Jurídica está relacionada à aplicação do seu conhecimento e da prática da Psicologia no âmbito do Poder Judiciário. Psicologia Forense é um termo usado para se referir à prática psicológica no contexto forense, referente à Psicologia Jurídica. Uma das principais funções do psicólogo jurídico no contexto forense, chamado de psicólogo forense, é auxiliar em questões relacionadas à saúde mental dos envolvidos em um processo judicial. Essa função auxiliar da Justiça se dá por meio de e relativos a estudos sociais de crimes,pareceres laudos análises de personalidades, atuação em Varas da Infância e Juventude, atuação em Varas da Família, entre outros. - -4 1.1 Aspectos epistemológicos da Psicologia Jurídica Nesta seção, iremos procurar responder o que é Psicologia Jurídica e investigaremos seus aspectos epistemológicos. Nesse ponto, vamos relembrar o que significa Psicologia nas palavras de Trindade (2004). Para esse autor, a Psicologia, na contemporaneidade, pode ser definida como o estudo científico do comportamento e dos .processos mentais das pessoas em geral Esse comportamento, em derradeira instância, consiste na caracterização das condutas do ser humano, como falar, caminhar, ler, redigir, nadar, entre tantos outros. Os processos mentais se caracterizam como experiências internas, a saber: sentimentos, lembranças, afetos, desejos e sonhos. Conforme Santos e Pohlenz (2012), a Psicologia Jurídica é uma área da Psicologia que com o Direito econverge faz com que o Poder Judiciário considere os aspectos psicológicos dos sujeitos envolvidos. Para os autores, a Psicologia Jurídica é o específico campo de relações entre as esferas jurídicas e da Psicologia, quanto aos aspectos epistêmicos, explicativos e de pesquisa; ainda, atua em relação à aplicação, à avaliação e ao tratamento de vítimas, testemunhas, infratores, enfim, partes envolvidas no processo judicial (SANTOS; POHLENZ, 2012, p. 12). Revisando o que é Psicologia Jurídica temos que a Ciência da Psicologia é uma apenas, entretanto, divide-se em outros ramos. Um deles é a Psicologia Jurídica, que consiste no estudo do comportamento humano e dos grupos de pessoas em ambientes regulados juridicamente pela criação do espaço interdisciplinar entre Direito e Psicologia, inaugurando um novo estatuto epistemológico. E você, estudante, sabe o que quer dizer epistemologia? Epistemologia (do grego, , “ciência”, + -o- + -epistéme log(o)- + ia), segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, trata-se de um estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas, que visa determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas (FERREIRA, 1986). Clique abaixo e obtenha mais informações. O objeto epistêmico da Psicologia era a da experiência consciente nos seus componentes basilares e a análise dos princípios pelos quais esses elementos formaram a experiência. O psicólogo era odeterminação profissional que atuava em escolas, pesquisas e atendimentos sobre comportamentos, buscando ajustar os distúrbios de personalidade. Ao longo do tempo, as aplicações da Psicologia cresceram e atualmente ela está presente em muitos segmentos da atividade humana. Vale ressaltar que, segundo Santos e Pohlenz (2012), o médico, filósofo e psicólogo alemão Wilhelm Wundt (1832-1920) inaugurou a escola psíquica denominada de estruturalismo, pois visava à compreensão dos fenômenos mentais pela decomposição dos estados de consciência causados pelo ambiente. - -5 Posteriormente, o psicólogo estadunidense John Broadus Watson (1878-1958) propôs novo objeto de estudo para a Psicologia: o comportamento estritamente observável, e descartou os estudos sobre os fenômenos mentais, sensações, imagens ou ideias; o autor norte-americano considerava que o comportamento do homem fornecia os dados sobre ele. Aqui, temos o behaviorismo clássico, também chamado watsoniano, aquele que abandonou os processos mentais no estudo da Psicologia (SANTOS; POHLENZ, 2012). Notem que, para a Psicologia Jurídica, além do comportamento, os processosmentais e o meio em que está inserida a pessoa que está sendo analisada são importantes, e na cronologia histórica o objeto de estudo da Psicologia foi mudando de acordo com quem a estava estudando e dando e recebendo publicidade e credibilidade por seus estudos. Aqui, no contexto da América do Sul, o argentino José Bleger (1922-1972) ensina que essa ciência abrange todas as manifestações do ser humano. É fato que o tratamento psicológico deve ser integral, pois em qualquer reação do homem há inter-relações, por sua própria natureza indivisível. Na junção de todas as manifestações do ser humano, denomina-se a psicologia humana de ciência do comportamento e da experiência. Notem que Bleger o objeto de estudo da Psicologia Jurídica.denomina A Psicologia Jurídica é importante ao Direito e ao Poder Judiciário, pois, para se chegar à justiça, a junção do Direito e da Psicologia é uma boa aliada, já ambas as áreas compartilham o mesmo objeto de estudo, ou seja, o .ser humano Portanto, a Psicologia Jurídica se trata de uma ciência auxiliar do Direito e não questiona o Direito, mantendo-se afastada da questão dos fundamentos e da essência do Direito, pois não pensa o Direito, atendo-se às normas. A partir da Lei 13.105, de 16 de março de 2015, podemos identificar a inserção de outros profissionais, além dos operadores do Direito, nos processos de mediação e conciliação, conforme a seguir: Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços estão compreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar (BRASIL, 2015). Para tanto, os psicólogos jurídicos utilizam a perícia psicológica, que permite incluir no processo judicial informações que são desconhecidas pelo juiz de direito, tendo em vista que ultrapassam seu conhecimento técnico-jurídico. A perícia psicológica serve como meio de prova para o Direito Processual, permitindo que o perito se valha de documentos ou depoimentos de testemunhas, por exemplo (RIBEIRO; ACÁCIO, 2018): - -6 Art. 465 - O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e ficará de imediato o prazo para a entrega do laudo. Art. 473 - [...] §3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia (BRASIL, 2015). O trabalho dos psicólogos jurídicos objetiva para além dos fatos, considerando também a mediação deescutar conflitos familiares, pois é uma das alternativas que objetiva a promoção do olhar para o outro. A Psicologia nesse contexto, principalmente no que se refere à redução do sofrimentorelacionado aos processos, auxilia na .ação de maneira assertiva sobre o conflito A necessidade de auxílio de profissionais de outras áreas para o Direito justifica-se porque há vários componentes psicológicos que rondam a realidade jurídica, pois a maioria das questões envolve problemas emocionais (RIBEIRO, ACÁCIO, 2018). Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /5131c1937cbb2ae18e05fddeaf1d13dd https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5131c1937cbb2ae18e05fddeaf1d13dd https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5131c1937cbb2ae18e05fddeaf1d13dd - -7 2 Conceitos, fundamentos, métodos e instrumentos de trabalho da Psicologia Jurídica Nesta seção, vamos falar sobre os principais conceitos e instrumentos de trabalho na área da Psicologia Jurídica. Para falar sobre os instrumentos de trabalho da Psicologia Jurídica, iniciamos com a , que éPsicologia Forense uma área em particular da Psicologia Jurídica; diz respeito às decisões e aos trabalhos que ocorrem no âmbito dos tribunais e dos julgamentos. A Psicologia Jurídica é emergente área de especialidade da Psicologia, comparada às áreas tradicionais, como a Psicologia Escolar, a Psicologia Organizacional e a Psicologia Clínica. É da especialidade forense a interface com o Direito, resultando encontros e desencontros epistemológicos e conceituais que permeiam a atuação do psicólogo jurídico. Os setores da Psicologia Jurídica são os tradicionais, como a , e inovações como a e a , uma avaliaçãoatuação em fóruns e prisões mediação autópsia psíquica retrospectiva mediante informações de terceiros (FRANÇA, 2004). A Psicologia Jurídica estuda, trata e assessora várias etapas da atividade jurídica, incluindo às vítimas, os infratores e os profissionais do Direito, pois alcança diversos setores e os tradicionais são os Fóruns e as prisões. Atualmente, alcançam também as inovadoras práticas da mediação. Clique abaixo e acompanhe as divisões da Psicologia Jurídica: a) Psicologia Jurídica e o menor. b) Psicologia Jurídica e o Direito de Família. c) Psicologia Jurídica e o Direito Civil. d) Psicologia Jurídica e o Direito do Trabalho. e) Psicologia Jurídica e o Direito Penal. f) Psicologia Judicial ou do Testemunho. g) Psicologia Penitenciária. h) Psicologia Policial. - -8 i) Psicologia Jurídica: prática e instrumentos. França (2004) informa que a perícia produz conhecimento sobre o comportamento do indivíduo analisado. Esse fenômeno é resultado da própria expectativa do campo jurídico, que visa à compreensão do todo do indivíduo por meio do estudo do particular, seu comportamento. A mesma autora informa que outras teorias psicológicas positivas buscam compreender o indivíduo pelo estudo apenas do particular, isolando-o do contexto no qual está inserido. Nessas teorias, a concepção de homem é positivista, entretanto, a autora considera que a Psicologia Jurídica deva adotar outra concepção de homem. Valendo-se dessas teorias e da prática (a análise do paciente), há um para os psicólogosgrande desafio jurídicos e peritos, pois produzem conhecimento levando em consideração os aspectos sócio-históricos, os aspectos da personalidade e os aspectos biológicos que constituem o indivíduo. A autora entende que essa dinâmica constitui um grande desafio. As avaliações psicológicas e as perícias são importantes, mas podem ser repensadas, porque realizar perícia é apenas uma das possibilidades de atuação do psicólogo jurídico, o qual pode atuar fazendo orientações e acompanhamentos, contribuindo para as políticas preventivas, estudando os efeitos do jurídico sobre a subjetividade do indivíduo, entre outras atividades (FRANÇA, 2004). No entendimento de França (2004), a Psicologia Jurídica é uma ciência nova que não teve tempo de apresentar teorias acabadas e definitivas. Isso possibilita a diversidade de objetos, tais como os enumerados abaixo. O comportamento. O inconsciente. A personalidade. A identidade, entre outros. A definição encontrada para unificar os diversos objetos de estudo da Psicologia em geral se baseou na , que é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme vamos nossubjetividade desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural. Trata-se de uma síntese que identifica o ser humano, que iguala e demonstra elementos que o constituem e são experienciados no campo comum da objetividade social. Para a Psicologia Jurídica, esses objetos de estudo respondem e vão além, pois incluem o .estudo do comportamento A autora arremete informando que a Psicologia Jurídica enfoca também as determinações das práticas jurídicas sobre a subjetividade, não apenas o comportamento do indivíduo para explicá-lo de acordo com a necessidade jurídica. Como exemplo, citou sua experiência como psicóloga de um programa de assistência aos egressos do - -9 sistema penitenciário, onde no cotidiano testemunhava as consequências do encarceramento, o que ia além dos comportamentos adquiridos na prisão, mas aliava-se a uma nova forma de pensar e sentir. Os encarcerados passavam a ter impregnadas em sua subjetividade, as quais marcas determinavam a forma de suas .existências Para França (2004), a Psicologia Jurídica deve responder às perguntas e às demandas do Poder Judiciário, contudo, o que não pode ocorrer é a sua estagnação nesse tipo de relação, pois deve transcender as solicitações jurídicas, repensando seu ponto de vista psicológico, questionando-se sobre a correspondência entre prática submetida e conhecimento submetido, uma se traduzindo no outro. Quanto ao trabalho do psicólogo jurídico, este tem em sua profissão a missão de queemitir opiniões técnicas visam estabelecer um de vítimas e dos infratores com os profissionais que atuam no campoelo terapêutico jurídico. Estudiosos da Psicologia Jurídica entendem que a psicologia judicial brasileira necessita crescer na quantidade e qualidade dos profissionais atuantes, com a intensificação da produção e publicação de conhecimento, pois o maior número de pesquisas encontradas dá conta da área da Psiquiatria Forense. Ainda, o psicólogo jurídico deixou de ser apenas um perito encarregado de investigações de cunho técnico e passou a atuar em outras esferas judiciais, o que possibilitou a . Quanto a essahumanização da área transformação, ainda há necessidade de se construir uma relação mais consistente entre as áreas forenses citadas e o lugar do psicólogo na instituição judiciária. Para que aconteça a emissão de opiniões técnicas, o psicólogo busca compreender as razões pelas quais o juiz de direito determinou a intervenção desse profissional. Clique abaixo e acompanhe dois procedimentos empregados por psicológicos jurídicos em suas avaliações. • Testagem Para a realização das avaliações citadas usa-se, entre outros, o processo de , uma atividade dotestagem psicólogo nas investigações com o indivíduo para a verificação da confiabilidade, da validade dos Fique de olho A Psicologia Jurídica é uma área nova e inovadora que contribui para os Direitos Humanos e está em questionamento à medida que estudiosos se debruçam sobre a mesma. • - -10 instrumentos e do modelo teórico utilizado com a finalidade de analisar se respondem ao objetivo do procedimento. • Entrevista Outro instrumento comumente utilizado é a , pois através dela consegue-se obter informaçõesentrevista relevantes sobre a história de vida do indivíduo, e esses dados são importantes no entendimento das motivações que o levaram a praticar determinado ato, crime, ou não. Algumas particularidades são encontradas na prática psicológica pericial, a saber: a ausência da queixa clínica, havendo apenas dúvidas do magistrado, e o fato do objeto de estudo envolver questões jurídico-psicológicas e questões sociais. Essa parceria entre Psicologia e Direito de partilha componentes: • psicológicos (cognitivos,intelectuais e de personalidade); • sociais (capacidade de adesão às normas e aos limites sociais, capacidade de adaptação social, grupo étnico, grupo social e fatores de risco); • jurídicos (grau de periculosidade, grau de responsabilidade e enquadramento em programas de reeducação). Trata-se de uma área que extrapola os horizontes da ciência psicológica quando incorpora os componentes sociais e jurídicos ao caso específico. É importante tratar do que diz respeito o Conselho Federal de Psicologia sobre o trabalho do psicólogo jurídico. O artigo 1º do CFP (2014) informa que são deveres fundamentais do psicólogo: b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente; f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional; g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário; h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho; O artigo 2º do Conselho informa que ao psicólogo é vedado: g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica; • • • • - -11 k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação; O artigo 9º do mesmo Conselho informa que é dever do psicólogo a fim derespeitar o sigilo profissional proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações a que tenha acesso no exercício profissional, e o artigo 10 dá conta de que nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no artigo 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá , baseando suadecidir pela quebra de sigilo decisão na busca do menor prejuízo. O parágrafo único informa que, em caso de quebra do sigilo previsto no do artigo 10, o psicólogo deverácaput restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. O artigo 11 informa que, quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o previsto no Código do CFP (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2014). Perceba que, à primeira vista, a intersecção da Psicologia e Direito parece estranha, porque aparentemente são áreas díspares, entretanto, observando o objeto de estudo, o , ambas são complementares noser humano sentido da Psicologia auxiliar o Direito em suas demandas jurídicas, proporcionando a humanização da área por exemplo, do Direito Penal, que cuida de crimes e penas. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /d14104a442b8a74a41ceea81ba063a08 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/d14104a442b8a74a41ceea81ba063a08 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/d14104a442b8a74a41ceea81ba063a08 - -12 3 A Lei de Execuções Penais e os Direitos Humanos A Lei de Execução Penal (LEP) brasileira, teoricamente, é considerada uma das mais avançadas do mundo por desenvolver medidas que restabeleçam e contribuam para a reintegração do infrator ao convívio social, o que é extremamente significativo para o meio (MONTEIRO, 2016). A possui um papel notório para os infratores, possibilitando, em tese, que eles não reincidam.ressocialização Essa lei oferece uma série de garantias e assistências ao preso. Quando essas garantias são devidamente aplicadas, tanto a sociedade quanto os encarcerados têm muito a ganhar com essa contribuição legislativa (BRASIL, 1984). Os preceitos dos Direitos Humanos estão presentes nessa legislação, e podemos verificar que os casos concretos que interseccionam Psicologia e Direito buscam a aplicação dos direitos e garantias fundamentais. Correlacionando os fundamentos, métodos e instrumentos da Psicologia Jurídica, explanamos sobre casos concretos da atuação de psicólogos na esfera forense que retratam a busca pelo resguardo dos direitos e garantias fundamentais dispostos pelos Direitos Humanos e expressos na Lei de Execução Penal e de Alienação Parental, destacando que muitos outros exemplos são factíveis. Figura 1 - Psicólogo Jurídico em entrevista Fonte: BlurryMe, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem é um plano fechado de duas pessoas conversando. O rosto delas não está aparente; uma delas gesticula e a outra é o Psicólogo Jurídico no papel da escuta em entrevista. - -13 3.1 Casos concretos da Psicologia Jurídica Olá estudantes, agora vamos explanar sobre a Psicologia Jurídica e os Direitos Humanos em relação aos encarcerados. Conforme Monteiro (2016), as origens que desencadeiam o surgimento da pena são remotas, desde o princípio da vida do homem em sociedade. Infelizmente, mesmo a pena possuindo correlações antigas, o sistema prisional brasileiro não é considerado um instrumento satisfatório de recuperação, embora tenha uma boa legislação a respeito, a Lei de Execução Penal. As condições ineficientes do sistema prisional brasileiro não proporcionam circunstâncias ressocializadoras adequadas para os infratores. . IssoNo Brasil, poucos são os programas que visam à não reincidência demonstra que esse cenário necessita ser modificado. Nesse sentido, podemos estudar sobre algumas ações conforme a narrada pela Associação Brasileira de Psicologia Jurídica. A Associação Brasileira de Psicologia Jurídica (ABPJ) publicou em 2019, junto com a UNICEUMA do Maranhão, um material sobre pesquisas de trabalhos de psicólogos jurídicos. O narrado nesse vídeo dá conta de uma pesquisa feita por esses profissionais no Maranhão no sistema prisional. A literatura sobre o sistema prisional brasileiro apresenta em relação à garantia degraves inadequações direitos humanos, previstos em lei. Especificamente em relação à e profissional, aeducação qualificação realidade mostra-se deficiente, pois não são incrementadas as políticas públicas devidas dentro dos presídios. O método apaqueano (método APAC) surge em contraposição ao ocorrido no sistema prisional tradicional, como uma alternativa no cumprimento de pena que se baseia na valorização humana e tem o trabalho no seu tripé, além da família e da religião. Esse método pensa em recursos que viabilizam a reintegração social de apenados, o que recai sobre mais proteção para a sociedade, visto que a reincidência carcerária é minimizada. Fique de olho A realidade prisional brasileira é de superlotação, nível de instrução e classe social baixos e desrespeito aos direitos humanos, uma vez que não são oferecidos os direitos básicos de sobrevivência e educação, conforme assegura a Lei de Execução Penal. - -14 O método APAC visa à qualificação profissional dentro das prisões nesse processo, tendo em vistainterferindo que a promoção de educação para o indivíduo contribui para a viabilização de oportunidades de trabalho. A pesquisa foi realizada na APAC de São Luís – MA. A qualificação profissional e o trabalho fazem parte da metodologia criada pelo advogado brasileiro Mário Ottoboni como um dos elementos do tripé; ele propõe que esse componente deva ter emobjetivos diferentes cada regime prisional, como a laborterapia, promoção de qualificação profissional e utilização do trabalho como gerador de renda. Ao assegurar os direitos humanos aos apenados, o método oferece alternativas, dentre elas o trabalho, para a promoção da reintegração social e minimização da reincidência carcerária. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2016) demonstram umapopulação prisional no Brasil entre condenados em regime fechado de 249.537, para 171.078 vagas, apresentando uma relação de 1,5 presos por vaga. Já no regime semiaberto, a população de apenados é de 101.346 para 67.677 vagas, com a mesma proporção de presos por vagas. O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN, 2014) aponta que o Brasil é o quarto país do mundo com maior população prisional, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. É instituído pela LEP também que , como o direito deos presos devem ter seus direitos humanos básicos assegurados acesso à alimentação, vestimenta, chamamento pelo nome, contato com o mundo exterior, dentre outros, que na prática acabam não sendo garantidos, encontrando-se apenas uma realidade de descaso e desrespeito ao preso. A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) configura-se em um método alternativo de cumprimento da pena, através de uma proposta mais humanizada que objetiva oferecer possibilidades de recuperação e reintegração para o apenado. A APAC é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, com patrimônio e personalidade jurídica própria e tempo de duração indeterminado. A , por ter sido desenvolvida por membros da comunidade católica, apresenta aindametodologia apaqueana um viés religioso. Importante ressaltar que, na APAC, o – denominado neste contexto de “recuperando” – preso , onde segue a estrita disciplina, prezando pelo respeito, pela ordem e peloé responsável pela sua recuperação trabalho. Entendendo trabalho como um empenho que envolve esforço intelectual e corporal, conceitua-se esse componente como algo que se trata de uma ação realizada com um objetivo delineado, que envolve diversas concessões de sentidos e significados e exige uma dedicação para alcançá-lo. Essa dedicação, empenhada para construir o trabalho e alcançar o resultado esperado, envolve fatores como os enumerados abaixo. Intenção. - -15 Motivação. Liberdade. Invenção. Natureza. O trabalho é tido no método APAC como um elemento essencial para a recuperação do apenado, uma vez que o trabalho incentiva a construção de um foco a ser alcançado com a realização de estratégias e se relaciona com o sistema prisional (TJDFT, 2014). Outro caso concreto em que a Psicologia Jurídica atua é com relação ao Direito Civil, discutindo a Psicologia no setor judiciário da vara de família em casos de , demonstrando a importância do psicólogoalienação parental jurídico. Tem-se em vista que há o respaldo jurídico do Novo Código Processual Civil sobre a prática da equipe multiprofissional na qual o psicólogo está inserido, pois o maior interesse nesses casos é o bem-estar da criança e do adolescente, vítimas do contexto narrado no processo judicial. Entre os artigos que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente, destaca-se aqui o artigo 4º e 5º, que se refere ao dever da família no desenvolvimento da criança e sua proteção de qualquer tipo de violência: Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990). O art. 5º da lei sobre Alienação Parental informa sobre o trabalho da psicologia na parte jurídica, tendo em vista que discorre que o juiz de direito, ao tomar conhecimento da prática de alienação, determinará a perícia psicológica ou biopsicossocial, indicando os métodos utilizados para chegar a tal conclusão e o prazo para que o perito ou a equipe multidisciplinar entregue o laudo e ou parecer (RIBEIRO; ACÁCIO, 2018). Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. - -16 § 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. § 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. § 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. (BRASIL, 2010). O psicólogo jurídico, tomando conhecimento desse processo e das características de cada genitor, seja ele o alienador ou não, tomará como base para seu trabalho primeiramente a observação do discurso dos .envolvidos e comportamentos adotados pelos pais da criança e ou adolescente Podemos citar alguns exemplos que configuram alienação parental, segundo os ensinamentos de Ribeiro e Acácio (2018). Clique abaixo e acompanhe. Se recusar a passar chamadas telefônicas aos filhos. Desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos. Impedir o outro genitor de exercer seu direito de visita. Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor. Ameaçar ou punir os filhos caso se comuniquem com o outro genitor de qualquer maneira. Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos, entre outros. Assim, o trabalho do psicólogo jurídico passou a ser , já que ele faz parte da equipe multidisciplinarfundamental que pode ser solicitada pelo juiz de direito do processo de averiguação da existência ou não da alienação parental, destacando a atuação profissional do psicólogo na perícia psicológica e nos instrumentos complementares (RIBEIRO; ACÁCIO, 2008). Fique de olho Enfatizamos aqui a importância dos laudos periciais. O juiz de direito da Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ) negou por meio de liminar o - -17 Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /2f7a910d2c5d1a380cf1464cb9a05e34 é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre os aspectos epistemológicos da Psicologia Jurídica; • compreender os principais conceitos e instrumentos de trabalho na área da Psicologia Jurídica; • conhecer os fundamentos e métodos da Psicologia Jurídica; • estudar sobre o trabalho dos psicólogos jurídicos e forenses quanto à Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) em São Luís do Maranhão, entre outros; • acompanhar exemplos da atividade do psicólogo jurídico. Referências BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. , Brasília, 2015. Disponível em: Diário Oficial da União . Acesso em: 10 mai. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 1990. , Brasília, 1990.Diário Oficial da União Disponível em: . Acesso em: 11 mai. 2020.www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm BRASIL. Lei de Execução Penal, de 11 de julho de 1984. , Brasília, 1984. Disponível em: Diário Oficial da União . Acesso em: 14 mai. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm O juiz de direito da Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ) negou por meio de liminar o pedido de guarda provisóriade duas crianças que se encontram abrigadas em virtude de agressões físicas e sexuais praticadas pelo pai delas. O pedido de guarda foi feito pela tia da criança, que é irmã do agressor. A decisão do juiz de direito de 1ª instância foi mantida pela 1ª Turma Cível do TJDFT. Na decisão de 1ª instância, o magistrado esclareceu que não é recomendável que os menores estejam com a tia, tendo em vista que os laudos psicológicos não atestam sua capacidade para oferecer proteção integral aos infantes, como amparo físico, emocional e educacional, situação agravada pelo fato de ela residir no mesmo lote do agressor (TJDFT, 2014). • • • • • https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/2f7a910d2c5d1a380cf1464cb9a05e34 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/2f7a910d2c5d1a380cf1464cb9a05e34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm - -18 BRASIL. Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. , Brasília, 2010. Disponível em: Diário Oficial da União www. . Acesso em: 14 mai. 2020.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. , de 20 de dezembro de 2000. Disponível em: Resolução n.º 014/2000 . Acesso em: 06 mai.http://www.ufrgs.br/e-psico/etica/temas_atuais/especialistas-resolucao-cfp-14-00.html 2020. BRASIL. . Brasília: CFP, 2014.Código de ética profissional do Psicólogo FERREIRA, A. B. de H. . 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.Novo dicionário da língua portuguesa FIORELLI, J. O. . São Paulo: Atlas, 2010.Psicologia Jurídica FRANÇA, F. Reflexões sobre a psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. , v. 6, n.Psicologia: Teoria e Prática 1, p. 73-80, 2004. Disponível em: . Acesso em: 09 mai.http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/ptp/v6n1/v6n1a06.pdf 2020. JESUS, F. . Goiânia: AB, 2001.Psicologia Aplicada à Justiça MONTEIRO, B. C. de S. A Lei de Execução Penal e seu caráter ressocializador. , 2016. DisponívelÂmbito Jurídico em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-153/a-lei-de-execucao-penal-e-o-seu-carater- . Acesso em: 14 mai. 2020.ressocializador/ RIBEIRO, C. M. da S.; ACÁCIO, K. H. P. Alienação parental e o novo código de processo civil: atuação do psicólogo. , v. 4, n. 3, 2018.Ciências Humanas e Sociais SANTOS, A. M. dos; POHLENZ, M. Psicologia Jurídica: análise epistemológica. , 2012.Periódicos UNIARP Disponível em: . Acesso em 10 mai. 2020.http://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/juridico/issue/view/9 SILVA, M. C. R. da; FONTANA, E.. Psicologia Jurídica: caracterização da prática e instrumentos utilizados. Estudos Londrina, 2011. Disponível em: Interdisciplinares em Psicologia. http://www.uel.br/seer/index.php/eip . Acesso em: 12 mai. 2020./article/viewFile/10646/9335 TJDFT. Justiça nega pedido de guarda provisória com base em laudo psicológico e interesse das crianças. ,TJDFT 2014. 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Referências
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