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Perícia Contábil Judicial - Material de Apoio

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CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
DISCIPLINA: PERÍCIA CONTÁBIL 
 
 
 
 
 
PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
(atualizado pelo novo Código Processo Civil de 2015 e pelas Normas 
Brasileiras de Contabilidade e Resoluções do CFC de 2016) 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR FERNANDO DIAS 
Fernando.filho@newtonpaiva.br 
diasfilho.fernando@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019/01 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
2
SUMÁRIO 
UNIDADE I 
 
Revisão Bibliográfica 
 
1 Perícia Judicial......................................................................................................04 
1.1 Da prova Judicial.................................................................................................06 
1.2 Alguns conceitos de Perícia................................................................................07 
1.3 Fases da Perícia Judicial.....................................................................................07 
1.4 Perícia Judicial Contábil como Prova..................................................................08 
1.5 Principais aplicações da perícia contábil em litígios judiciais..............................09 
1.6 A importância da perícia contábil nas sentenças judiciais...................................10 
1.7 Perícia Contábil e Auditoria.................................................................................15 
2. Legislação aplicável...............................................................................................15 
2.1 Normas sobre perícia contábil ............................................................................15 
2.2 Código de processo civil.....................................................................................15 
2.3 Legislação específica.........................................................................................16 
3 Do Perito Contador................................................................................................16 
3.1 Perito do Juízo.....................................................................................................17 
3.1.1 Atribuições do Perito Contador do juízo...........................................................17 
3.2 Perito Contador-Assistente..................................................................................18 
3.2.1 Atribuições do Perito Contador-Assistente.......................................................18 
3.3 Habilitação técnica e cadastro nacional de peritos (CNPC)................................22 
3.4 Nomeação do perito do juízo...............................................................................24 
3.4.1 Função indelegável, escusa, impedimentos e suspeição...............................25 
3.4.2 Substituição do perito do juízo..........................................................................27 
3.5 Remuneração do trabalho pericial.......................................................................27 
3.5.1 Arbitramento dos honorários............................................................................29 
3.5.2 Depósito prévio e responsável pelo pagamento...............................................30 
3.5.3 Retirada dos honorários...................................................................................30 
3.5.4 Honorários em processos sob o pálio da justiça gratuita.................................31 
3.6 Cadastro eletrônico no TJMG - CPTEC..............................................................32 
3.7 Educação continuada e o exame de qualificação técnica...................................33 
3.8 Mercado de trabalho............................................................................................34 
4 Prática pericial – conceitos e objetivos...................................................................34 
4.1 Do objetivo da perícia contábil.............................................................................35 
4.1.1 Classificação das perícias................................................................................35 
4.2 Dos quesitos........................................................................................................35 
4.2.1 Quesitos suplementares...................................................................................36 
42.2 Quesitos impertinentes.....................................................................................36 
4.2.3 Pedido de esclarecimento................................................................................37 
4.3 Planejamento e Execução...................................................................................37 
4.3.1 Retirada e estudo do Processo e modelo de Planejamento.............................37 
4.3.2 Início dos trabalhos e diligências......................................................................39 
4.4 Laudo pericial cintábil..........................................................................................44 
4.4.1 Formatação, estrutura entrega........................................................................45 
4.4.1.1 Formatação e estrutura................................................................................45 
4.4.1.2 - Da entrega...................................................................................................47 
4.5 Nova Perícia........................................................................................................48 
4.6 Perícia na Área Financeira..................................................................................48 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
3
4.6.1 Método Hamburguês........................................................................................49 
4.6.2 IOF – Imposto sobre Operações Financeiras – Cheque Especial....................50 
 
5 Parecer pericial.......................................................................................................51 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................52 
 
UNIDADE II 
 
Exercícios e casos práticos 
 
1. Diversos................................................................................................................53 
2. Elaboração de plano pericial e proposta de honorários........................................56 
3. Perícia Contábil-Financeira...................................................................................63 
4. Atualização de débitos judiciais.............................................................................64 
5. Questões do Exame de Suficiência do CFC.........................................................65 
6. Questões do ENADE,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.......................................................73 
 
 
UNIDADE III 
 
Exemplos de Petições, Termo de Diligência e plano pericial 
 
1. Petição de entrega do laudo..................................................................................76 
2. Petição de proposta de honorários........................................................................77 
3 Termo de Diligência - TD........................................................................................78 
4. Plano Pericial.........................................................................................................80 
 
 
UNIDADE IV 
 
Exemplo de Laudo Pericial 
Laudo na área fazendária..........................................................................................81 
 
 
ANEXO I: Artigos do CPC – Lei 13.105/2015...........................................................94 
 
ANEXO II: Organograma do Poder Judiciário...........................................................98 
 
ANEXO III: Planilha de elaboração de honorários da ASPEJUDI/MG......................99 
 
ANEXO IV: Estudo de Caso - Receita Federal.......................................................100 
 
ANEXO V: Honorários Justiça Gratuita Portaria nº. 466/PR2018 TJMG................108 
 
ANEXO VI: Tabela de atualização doTJMG de fevereiro de 2018........................109 
 (Segue em arquivo pdf separado) 
 
 
 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
4
UNIDADE I: REVISÃO BIBLILIOGRÁFICA 
 
1 PERÍCIA JUDICIAL 
 
Alberto (1996, p. 21) afirma que: 
 
Em tese, podemos dizer que a perícia existe desde os mais remotos tempos 
da humanidade, assim que esta, reunindo-se em sociedade, iniciou o 
processo civilizatório – infindável, aliás – para caminhar da animalidade para 
a racionalidade. Assim colocamos para situar que aquele que, seja pela 
experiência ou pelo maior poderio físico, comandava a sociedade primitiva 
era, a bem dizer, perito, Juiz, legislador e executor ao mesmo tempo, já que 
examinava (por sua ótica), julgava, fazia e executava as leis. 
 
Sá (2011, p. 14) trata da História Romana e sintetiza: 
 
Na Roma Antiga, de tal forma se deu valor aos que entendiam que perícia 
passou a designar Saber, Talento, tal como o empregou o historiador Tácito, 
em sua obra Anais, onde escreveu uma fase da História do Senado 
Romano. 
No Brasil, no ano de 1939, foram estabelecidas no CPC (Código de Processo Civil) 
as primeiras regras sobre perícia. Mas, foi somente com o decreto-lei 9.245 de 
1946, que foram definidas as atribuições dos profissionais da contabilidade e a 
competência para a realização de perícias (HOOG, 2016). 
De acordo com Sá (2011, p.13), no tempo do Brasil Colônia, relevante já era a 
função contábil e das perícias, conforme se encontra claramente evidenciado no 
Relatório de 19 de junho de 1979 do Vice-rei Marquês do Lavradio a seu sucessor 
Luís de Vasconcelos e Souza (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro). 
A perícia judicial designa a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de 
que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Significa, portanto, a pesquisa, o 
exame, a verificação e a vistoria acerca da verdade ou da realidade de certos fatos, 
por pessoas que tenham notável habilidade ou experiência na matéria em evidência. 
 
A perícia auxilia os juízes nas suas proposições, quando estes dependem de 
conhecimento técnico e especializado sobre um determinado assunto, objeto de 
uma contenda judicial. 
 
É utilizada também como prova, contribuindo para uma melhor percepção da 
verdade. O artigo 156 do CPC determina que, quando a prova do fato depender de 
conhecimento técnico ou científico, o Juiz será assistido por perito. 
Hoog (2016) afirma que o termo “perícia” vem do latim, que significa conhecimento 
adquirido pela experiência já utilizado na Roma Antiga, onde se valorizava o talento 
de saber. 
Para Alberto (2000, p.19), a Perícia: 
 
é um modo definido e delimitado, é um instrumento, portanto, e, este, por 
sua vez, é especial porque se concretiza por uma peça ou relatório com 
características formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o 
laudo pericial). Essa peça contém, porém o resultado materializado, 
fundamentado científica ou tecnicamente, dos procedimentos utilizados 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
5
para constatação, prova ou demonstração conclusiva sobre a veracidade do 
estado do objeto sobre o qual recaiu. 
 
As perícias são realizadas para que se tomem decisões de diversas naturezas, 
podendo ser classificadas em econômica, contábil, arbitral, avaliatória, de 
insalubridade, de periculosidade, grafotécnica, demarcatória, médica, psicológica, 
entre outras. 
 
ECONÔMICAS: são apurados os direitos econômicos sem apresentar os valores 
monetários. 
 
ECONÔMICO FINANCEIRA: visa quantificar valores monetários em qualquer ação 
judicial, na área trabalhista atua na fase de liquidação de sentença, quantificando 
diferença salarial, adicional noturno, reajustes, dsr, e outras verbas. Este tipo de 
perícia pode se destinar também a apurar pagamento indevido de prestações, títulos 
mercantis, carnês, alugueis etc. 
 
CONTÁBIL: na justiça Federal ou Estadual, analisa, examina, certifica ou refaz, 
lançamentos contábeis para indicar possíveis erros normais ou fraudulentos nas 
demonstrações financeiras. Está inserida na perícia contábil aquelas de certificação 
na justiça da fazenda de atos de fiscalização do poder executivo, concluídos através 
de autos de inflação e que resultam em certidões de dívida ativa junto ao erário 
público. Visa examinar os procedimentos de atuação do fiscal quando da atuação e 
de sua regularidade. 
 
ARBITRAL: é um tipo de perícia que, por determinação do Juiz , o perito se torna 
árbitro, decidindo, de acordo com a sua experiência, doutrina científica e com os 
meios que a lei lhe faculta, questões divergentes, tendo em vista a falta de 
elementos materiais registrados ou visíveis. Em arbitramento de valor patrimonial de 
uma entidade, os profissionais da área de engenharia e de contabilidade atuam de 
forma integrada com a divisão do trabalho conforme a competência de cada 
profissional. Assim, o perito d engenharia desenvolve, primeiramente, seu trabalho 
de avaliação dos bens, para posteriormente o contador promover o adequado ajuste 
do balanço patrimonial e quantificar o valor da entidade. 
 
AVALIATÓRIA: estima ou apresenta o valor real de um bem, de um direito ou de um 
serviço. Esta perícia, também exige certas diligências para uma avaliação justa. 
Normalmente, o profissional de engenharia possui maiores atributos para o 
desempenho da função. 
 
INSALUBRIDADE: é desenvolvidas por médicos, detentores de curso de medicina 
do trabalho. É realizada para avaliar o grau de insalubridade que sofre um 
empregado no exercício de suas atividades, com o risco de saúde ou de contágio, 
sem atendimento às normas e dispositivos legais próprios para a proteção pessoal. 
 
PERICULOSIDADE: são os engenheiros detentores do curso de segurança do 
trabalho que atuam para apurar fatores que possam colocar em risco a vida do 
empregado no desempenho de qualquer função, sem atendimento aos dispositivos 
das normas de segurança. 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
6
GRAFOTÉCNICA: é realizada por pessoa que possua curso específico para tal; é a 
técnica de estudo da escrita, quanto às suas origens, autor e data em que os 
caracteres foram utilizados. 
 
DEMARCATÓRIA: esta perícia dá ao Juiz os pontos exatos de uma divisão ou de 
demarcação de uma área e é executada por engenheiro registrado no CREA. 
 
MÉDICA: visa promover uma avaliação do estado físico da parte que se submete ao 
exame, estabelecendo as dimensões da gravidade ou lesão sofrida pelo indivíduo. 
 
PSICOLÓGICA: é realizada nas áreas de família, visando proporcionar ao Juiz as 
condições psicológicas das partes ou de seus filhos, sobre determinada argüição ou 
conduta, sob segredo da justiça, que está sendo examinada. 
 
1.1 Da Prova Judicial 
 
“As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os 
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a 
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na 
convicção do Juiz .”(CPC, 2015) 
 
O artigo 370 do CPC determina que caberá ao Juiz, de ofício ou a 
requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do 
processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. 
 
O artigo 212 do Código Civil (CC) dispõe que os atos jurídicos poderão provar-
se mediante: confissão, documento, testemunha, presunção e perícia. 
 
As partes são responsáveis pela produção de prova. O artigo 373 do CPC 
determina: 
 
O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do 
direito do autor. 
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa 
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o 
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do 
fato contrário, poderá o Juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, 
desde que o faça por decisão fundamentada, casoem que deverá dar à 
parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. 
 
Alguns fatos não dependem de prova. São eles, segundo o artigo 374 do CPC: 
notórios; afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; admitidos no 
processo como incontroversos; em cujo favor milita presunção legal de existência ou 
de veracidade. 
 
Verifica-se ainda que a experiência do Magistrado pode ser considerada: “O Juiz 
aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que 
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, 
quanto a estas, o exame pericial.” (artigo 375 do CPC). 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
7
A prova pericial, nos termos do artigo 464 do CPC, consiste em exame, vistoria ou 
avaliação. Essa prova poderá ser indeferida pelo Juiz quando: a prova do fato não 
depender do conhecimento especial ou técnico; for desnecessária em vista de 
outras provas produzidas e se a verificação for impraticável. 
 
O Juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na 
contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou 
documentos elucidativos que considerar suficientes. (artigo 472 do CPC). 
 
A prova pericial, na maioria dos casos, é fundamental. Entretanto, o magistrado 
pode valer-se de outros instrumentos, conforme artigo 479 do CPC: “ O Juiz 
apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na 
sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as 
conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.” 
 
1.2 Alguns Conceitos de Perícia 
 
Segundo Sá (2011) a Perícia Contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio 
individualizado, visando oferecer opinião mediante questões propostas. Para tal 
opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, 
arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião. 
 
Alberto (2000, p.19) apresenta a seguinte definição de Perícia: 
 
é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, 
científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos. Perícia é 
um modo definido e delimitado, é um instrumento, portanto, e, este, por sua 
vez, é especial por se concretiza por uma peça ou relatório com 
características formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o laudo 
pericial). Essa peça contém, porém o resultado materializado, fundamentado 
científica ou tecnicamente, dos procedimentos utilizados para constatação, 
prova ou demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto 
sobre o qual recaiu. 
 
A Perícia Judicial é assim definida por Rodrigues (1997): 
 
é uma medida de instrução, necessitando de investigações complexas, 
confiadas pelo Juiz , em virtude de seu poder soberano de apreciação, a um 
especialista a fim de que ele informe sobre as questões puramente técnicas 
excedentes de sua competência e seus conhecimentos. Não deve ser 
confundida com a perícia extrajudicial, seja ela a perícia amigável, resultante 
de acordo das partes interessadas, seja a perícia oficiosa, esta fora e 
anterior ao litígio ou ainda nascida do litígio e em curso de processo, 
independente da decisão do Juiz, na qual as partes pretendem colher 
elementos para melhor conhecimento da questão. 
 
 1.3 Fases da Perícia Judicial 
 
O ciclo normal da perícia judicial envolve as fases preliminar, operacional e final. 
 
 
 
 
 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
8
Fase Preliminar Fase Operacional Fase Final 
A perícia é requerida ao Juiz pela parte 
interessada; 
O Juiz defere a perícia e escolhe o perito; 
As partes formulam quesitos e indicam seus 
assistentes; 
Os peritos são cientificados da indicação; 
Os peritos propõem honorários e requerem 
depósitos; 
O Juiz estabelece prazo, local e hora para o 
início. 
Início da perícia e 
diligências; 
Curso do trabalho; 
Elaboração do laudo. 
Assinatura do laudo; 
Entrega do laudo; 
Levantamento dos 
honorários; 
Esclarecimentos (se 
requeridos). 
Adaptado de Sá (2011). 
 
 
1.4 Perícia Judicial Contábil como Prova 
 
De acordo com Oliveira Neto "a Perícia é um dos meios utilizados para se provar a 
existência de fatos alegados ou contestados pelas partes, devendo sempre ser 
desenvolvida por especialista da área relativa à questão discutida nos autos (...). A 
perícia, em suas diversas modalidades, tem papel relevante no âmbito da justiça, 
por ser um dos meios de transformar os fatos alegados em certeza jurídica." 
 
De acordo com a NBC TP 01: 
 
A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos 
destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a 
subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo 
pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as 
normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for 
pertinente. 
 
O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil têm por limite o próprio 
objeto da perícia deferida ou contratada. 
 
A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação 
regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. 
 
A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia 
extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia 
arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e 
estatal são executadas sob o controle de órgãos de Estado. Perícia 
voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum 
acordo entre as partes. 
 
A perícia é reconhecida como um dos meios probantes mais eficientes. Tal 
entendimento é devido às suas características gerais e a sua inter-relação com as 
demais provas. A esse respeito, Alberto (2000, p.23) afirma que a prova pericial: 
 
se inter-relaciona com as demais provas, em menor ou maior grau, 
podendo, ao recair sobre matéria sobre a qual, em parte, as demais 
recaíram ou recairiam, ora esclarecer ou complementar as provas já 
produzidas, ora tomá-las como uma de suas premissas, ou, ainda, se 
contrapor tecnicamente àquelas. 
 
O objeto pericial contábil é o patrimônio, suas variações e suas relações 
econômicas entre as células aziendais e/ou pessoas. No entanto, a perícia se 
caracteriza pela especificidade podendo ser parcial ou total, quando da análise de 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
9
documentos ou fatos. A perícia judicial contábil se motiva pela dúvida ou 
controvérsia, onde o objeto da lide permeia pelos aspectos qualitativos e 
quantitativos do patrimônio. A contabilidade por ter vocação de ordem e controle 
sempre esteve interligada com os aspectos formais dos fatos econômicos. Assim, a 
tecnologia da perícia contábil judicial desenvolveu-se da relação entre a ciência do 
patrimônio e do Direito. Herrmann Júnior (1935, p.544) acrescenta: 
 
Não diremos que o Direito não possa existir sem a Contabilidade, mas 
podemos afirmar que a justiça em regra não é possível, nem segura, sem o 
concurso da contabilidade. Na vida social os fatos econômicos envolvendo 
interesses de indivíduos e de grupos de indivíduos se sucedem com a 
velocidade de um verdadeiro turbilhão. E nesse suceder de negócios de 
relações jurídicas, cada indivíduo, para a sua própria informação e para o 
esclarecimento das dúvidas eventuais, deve manter registro muito minucioso 
dos bens que possui, dos seus direitos e das suas obrigações. Somente 
mercê da Contabilidade, os fatos econômicos podem ser devidamente 
classificados e, por via de conseqüência, somente com boa Contabilidade a 
vida social e econômica pode desenvolver-se dentro de um regime de 
absoluta ordem. 
 
Alberto (1996, p. 46) entende que será de natureza contábil sempre que a perícia 
recair sobre elementos objetivos, constitutivos, prospectivos ou externos, do 
patrimônio de quaisquer entidades, sejam elas físicas oujurídicas, formalizadas ou 
não, estatais ou privadas, de política ou de governo. 
 
O CPC regulamenta a validade e utilização dos livros empresariais como prova: 
 
Seção VII 
Da Prova Documental 
Subseção I 
Da Força Probante dos Documentos 
 
(...) 
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao 
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, 
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. 
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por 
lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários. 
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam 
dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe 
são contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade. 
Art. 420. O Juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral 
dos livros empresariais e dos documentos do arquivo: 
I - na liquidação de sociedade; 
II - na sucessão por morte de sócio; 
III - quando e como determinar a lei. 
(...) 
 
 
1.5 Principais aplicações da perícia contábil em litígios judiciais 
 
Seguem alguns exemplos da aplicação da perícia contábil: 
 
 
 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
10
 
 Tipos / ações 
 Exclusão de sócio 
 Exibição de livros e documentos 
 Ordinárias 
 Revisionais 
 Execução 
CÍVEL Indenização por danos 
 Prestação de contas 
 Apuração de haveres 
 Falta de entrega de mercadorias 
 Lucros cessantes 
 
 Tipos / ações 
 Execução fiscal 
TRIBUTÁRIA/FISCAL Repetição do indébito 
 Anulatória de débito fiscal 
 
 Tipos / ações 
 Alimentos 
FAMÍLIA Execução de Alimentos 
 Separação 
 
 
1.6 A importância da Perícia Contábil nas sentenças judiciais 
 
Na maioria dos processos judiciais em que se discute assunto contábil, os 
Magistrados utilizam a Perícia Contábil como fundamento técnico para as suas 
decisões. Compreende-se assim, que nos assuntos técnicos discutidos 
judicialmente os Peritos contribuem de forma significativa para a busca da realidade 
dos fatos. 
 
Seguem algumas afirmações de Magistrados sobe a relevância da Perícia: 
 
Muitas vezes os fatos litigiosos não são simples e nem o Juiz dispõe de 
conhecimentos universais, a ponto de examinar cientificamente tudo sobre a 
veracidade e as conseqüências de todos os fenômenos possíveis de figurar 
nos pleitos judiciais. Nesses casos, o Juiz necessitará do auxílio de 
pessoas especializadas, como engenheiros, agrimensores, médicos, 
contadores, químicos etc., para examinar pessoas, coisas ou documentos 
envolvidos no litígio, formar sua convicção para julgar a causa, com a 
indispensável segurança. (Desembargador do TJMG – Rogério 
Medeiros). 
 
(...) 
 É que, no tema, o Juiz vê pelos olhos do perito, dependendo a realização da 
justiça da honorabilidade e do preparo técnico deste. (Ministro Carlos 
Veloso). 
 
Na sociedade complexa em que vivemos, a grande maioria dos problemas 
está sujeita a avaliações técnicas. Por isto resta pouca ou nenhuma 
autonomia aos tribunais, senão a de aceitar as conclusões dos peritos. 
(Prof. Antônio Álvares da Silva). 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
11
 
Veja a seguir partes de sentenças e acórdãos em que alguns Magistrados 
apresentam suas decisões com base em laudos elaborados por peritos contadores. 
 
 (..) “Dessa forma, apesar de não constarem nos autos cópias das contas de 
energia elétrica referente aos meses de março a novembro/86, a partir das 
respostas colacionadas pelo Perito do juízo é possível concluir a 
existência do pagamento das mesmas.” 
 
 “O perito esclarece, à f.2322, que houve majoração das tarifas. (...) Resta, 
então, sobejamente aprovado o pagamento pelo consumo de energia 
elétrica(...)”. 
 
 “Durante a instrução processual ficou comprovado através de perícia 
contábil que a autora consumiu energia elétrica... Além do mais o perito 
teve acesso a toda escrituração da requerente, pois ao contrário, não seria 
possível a conclusão de seu trabalho. Rejeito a preliminar.” 
 
 “A prova pericial contábil levada a cabo de maneira escorreita, apurou o 
valor dos alugueis dos imóveis, incluindo a renda da loja, em R$ 34.050,25. 
Portando o autor tem direito a metade desse valor (...) 
 
 “As taxas foram consideradas compatíveis pelo perito.(...).” 
 
 “(...) O perito informou que o débito tem origem (...)”. 
 
 “(...) Não contém informações suficientes, conforme salientou o perito em 
seu laudo.” 
 
 “(...) A fatura não foi localizada, segundo informou o Perito do juízo (...)”. 
 
 “(...) Por outro lado, o embargante ratifica os termos da peça inicial, 
apresenta demonstrativo dos saldos bancários em 31.12.1988, e dos 
rendimentos de aplicações financeiras e da evolução patrimonial em 1989, 
além da consolidação dos rendimentos mensais desse ano. Finaliza 
afirmando que, consoante demonstrativo da evolução patrimonial 
apresentado, todas as despesas realizadas em cada mês contavam com 
disponibilidade de recursos de origem devidamente comprovada, não 
havendo estouro de caixa (sic) em nenhum mês em questão, sendo 
também esta a conclusão a que chegou o perito judicial. Assim, não se 
confirma a pretensão fiscal.” 
 
Seguem outros exemplos de sentenças com base em laudos contábeis. 
 
a) Área Tributária 
 
a.1) execução fiscal: 
 
EMENTA 
Resumo: Trata-se de Embargos do Devedor proposto pela Fazenda Pública do Estado de Minas 
Gerais, em face de Execução Fiscal movida por uma Indústria Alimentícia. 
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12
Decisão: Pedido julgado procedente. 
Sentença confirmada por acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. 
 
SENTENÇA - 
 
Vistos etc. 
 
Agora, em juízo, a embargante carreia para os autos “n” documentos, tentando provar não ter 
cometido ilícito fiscal. Pede, ao fim de seus embargos, seja realizada perícia técnico-contábil, a fim de 
que se apure a lisura ou não da peça administrativa. A Fazenda entende, não obstante ter certeza da 
licitude do ato de seu agente, que tal perícia é necessária, a fim de que se detalhem minuciosamente 
a este douto juízo, suas razões estampadas na inicial de fls. E, ao final da perícia, aduzirá suas razões 
que fulminarão a malsinada pretensão da embargante. Isto posto, vem requerer seja deferida por V. 
Exa. a perícia pedida pela embargante, nomeando-se perito competente para que o processo tenha 
seu prosseguimento nos termos da lei. Ratificando todo o conteúdo íncito (sic) na inicial de fls. [...] 
 
Foi saneado o processo e deferida prova oral e pericial, com nomeação de perito na pessoa do Dr. 
José Alves Conserva, facultada às partes indicação de assistente-técnico (fls. 315). Apresentada a 
proposta de honorários periciais, com esta anuiu a Embte., que formulou quesitos e indicou 
assistente-técnico (fls. 323/324), enquanto que o RMP não os teve a formular, quedando-se inerte, por 
sua vez ,a Embda. (fls. 320 e flss. 328/329). 
 
Veio aos autos o laudo pericial (fls. 338/560 e fls. 563/732), sobre o qual se manifestou a Embte., 
dizendo.... 
 
A Embda. deixou de manifestar-se sobre o laudo pericial (fls. 692/693-v). 
 
É O RELATÓRIO. 
 
DECIDO. 
 
Registrando que tão induvidoso é que ocorreu a falta de registro de estoque e produção em livro 
próprio, além de saída de mercadoria sem emissão de notas fiscais, dando origem aos débitos em 
execução, que o perito do juízo não só teve que de lançar mão de volume de (...) 
Segundo a perícia, o volume de vendas foi de 563.795 kg, enquanto que o de saída de mercadorias 
foi de 569.755 kg (...) 
 
A perícia concluiu que o seu levantamento coincide com o do fisco (...) 
 
Segundo a perícia, neste exercício financeiro de 1991, foi encontrado um volume de produção na 
quantidade de 855.729 kg (...) 
 
Segundo a perícia, para este esse exercício financeiro de 1992, não foram encontrados nos autos 
elementos da ação do fisco (...) 
 
Dispôs a perícia que, neste no exercício financeiro de 1993,foi apurada produção de 460.734 
 Kg. (...) 
 
a.2) Embargos do devedor 
 
EMENTA: 
Resumo: Ação Embargos de Devedor, proposta por Construtora em face do Município, por execução 
visando cobrança de crédito. 
Decisão: Pedido julgado procedente. 
 
SENTENÇA: 
 
Vistos etc. 
 
À execução fiscal representada pela CDA n. 0001/98, no valor de R$388.862,13, que lhe move, 
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13
O processo foi dado por saneado, por dizer ao mérito as preliminares, e nomeado perito para a perícia 
contábil, facultado às partes indicação de assistente-técnico e formulação de quesitos (fls. 164). 
 
A Embte. indicou assistente-técnico e formulou quesitos (fls. 170/171), tendo nesse ínterim sido 
designada audiência de tentativa de conciliação, do art. 331, CPC, que se tornaram obrigatória (fls. 
173), quando então as partes pediram suspensão do processo para verificarem da viabilidade de 
transação (fls. 182/183), que não convalesceu, seguindo-se indicação de assistente-técnico e 
quesitação de ambas as partes, enquanto que o RMP, que alegou não ter assistente-técnico, louvou-
se nos quesitos formulados por aquelas (fls. 184/187 e fls. 201). 
 
Juntou-se aos autos cópia de expediente trazido aos autos de execução pela Embda., de substituição 
da CDA de fls. 5 (fls. 223/224), que também formulou quesitos suplementares (fls. 225). 
Veio aos autos o laudo pericial oficial (fls. 226/286), do qual disse divergir em parte a Embda., porque 
não acompanhada a perícia pelo assistente-técnico, apreciação de quesitos não-objeto de 
deferimento e não-apreciação da quesitação de fls. 225. Apreciada a CDA de fls. 5 dos autos de 
execução e não a que a substituiu. 
 
A Embte. anuiu com o laudo pericial, formulando porém quesitos suplementares para ser respondidos 
na AIJ (fls. 295/296). Nesse ínterim, o assistente-técnico da Embte. trouxe aos autos seu laudo, dito 
parecer (fls. 297/303), do qual se disse ciente o RMP (fls. 306-v), enquanto que a Embda. reiterou o 
seu pedido de fls. 289/290 e verberou de julgado o parecer do assistente-técnico, que por isto seria 
nulo (fls. 309), enquanto que com este anuiu a Embte. (fls. 310/312). 
 
Designada AIJ (fls. 313), a Embda. pediu fosse suspensa e que determinada fosse audiência da 
Embte. nos autos de execução sobre a CDA de fls. 160, arrolou testemunhas e alegou ser amontoado 
de meias-verdades o asseverado de fls. 310/312, notificado que foi tanto do auto de infração, quanto 
do lançamento do débito em dívida ativa, conforme fls. 32/34, a menos que tenha conseguido os 
documentos por passe de mágica. 
 
Inconstitucional o art. 57, II, do Código Tributário Municipal, a teor do art. 136, § 4º, e art. 224 da 
LOM/Virginópolis, de 9 de março de 1990, que é anterior àquele, pelo que até dispensável a edição da 
Lei Municipal nº 1.298/97 (fls. 319/347). 
 
A Embte. aviou embargos declaratórios, porque requerera esclarecimentos do perito, não tendo o 
despacho de fls. 313 disposto a respeito (fls. 348). 
Suspensa foi então a audiência e determinado que a Embte. se manifestasse nos autos de execução 
apensos sobre a CDA de fls. 159/160, , enquanto que foi dado parcial provimento aos embargos 
declaratórios, para que o perito respondesse em audiência aos quesitos n. 4 e n. 5 de fls. 295/296 e 
indeferidos outros esclarecimentos, não objetos de quesitação (fls. 349). 
 
A perícia oficial constatou a inexistência de intimação, bem ainda a existência de defeitos formais do 
auto de infração, conforme resposta ao quesito n. 44, de fls. 233, e suplementar n. 1, de fls. 235. Tem 
lugar o entendimento jurisprudencial que oferece. 
 
É o relatório. Decido. 
 
(...) Com razão a Embte. quanto a precariedade do processo administrativo, de que resultou emissão 
de CDA, pois carece de requisitos mínimos, conforme enumera a inicial e tem sustentação no laudo 
pericial oficial, que, porém, informa da existência do auto de infração, que consta dos autos, e 
assistencial (fls. 226/286 e fls. 297/303) — o que, aliás, se constata à prima vista. 
 
 
b) Área Fazendária 
 
EMENTA: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. URV. SERVIDORES DO PODER EXECUTIVO 
ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO COM A CONVERSÃO DE SEUS PROVENTOS DE 
CRUZEIRO REAL PARA URV's NA FORMA ESTABELECIDA PELA LEI Nº 11.510/94. Não existindo 
prejuízo comprovado com a aplicação da Lei Estadual nº 11.510/94 na conversão de Cruzeiro Real 
para URV’s, é de se julgar improcedente o pedido de reparação, sendo impossível ao juízo 
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14
monocrático proceder a uma apreciação de constitucionalidade em tese do referido dispositivo legal, 
eis que este controle é reservado com exclusividade ao STF (art. 102, I, “a” da CR/88). 
 
SENTENÇA: 
 
Vistos, etc. 
 
(...) 
As partes foram intimadas a se manifestarem sobre o laudo pericial, conforme despacho de fl. 146. 
 
As autoras apresentaram manifestação de fl. 138, sustentando que discordam do laudo pericial 
tomado como prova emprestada por este juízo. 
 
O Estado de Minas Gerais apresentou manifestação de fls. 139/142, juntando os documentos de fls. 
143/148, sustentando que a perícia realizada demonstrou que não houve perdas com a conversão dos 
vencimentos das autoras. 
 
O assistente técnico do réu apresentou considerações acerca do laudo pericial realizado pela perita 
oficial, às fls. 149/150. 
(...) 
É o relatório, 
 
DECIDO 
 
(...) 
 Mas, na presente hipótese concreta trazida a este juízo, a ré comprovou a inexistência de qualquer 
prejuízo para as autoras, com o procedimento adotado por intermédio do sistema de conversão 
deduzido a partir da regra ditada pela Lei Estadual nº 11.510/94, como facilmente pode-se constatar 
pela perícia contábil realizada pela perita oficial da 2ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias (tomada 
como prova emprestada por este juízo), cujos cálculos o requerido junta às fls. 143/148. Ao contrário, 
verifica-se que houve até um certo ganho para as autoras com a medida tomada pela ré. 
Aliás, também de acordo com os mesmos cálculos, a aplicação da regra consolidada na Suprema 
Corte, (...) 
 
E constata-se, ainda, pela perícia realizada, que as autoras somente poderiam alegar prejuízos se 
fosse possível a aplicação do índice de reajuste concedido pela Lei nº 11.115/93 aos vencimentos já 
convertidos em URV’s, o que a meu ver é descabido, eis que representaria a incidência de correção 
sobre correção. 
(...) 
 
c) área Trabalhista 
 
RECORRENTE: EMPRESA XXX 
RECORRIDA: LANGDON CELESTE 
EMENTA: 
PROFESSOR. DISPENSA, DURANTE O ANO LETIVO. 
GARANTIA DE SALÁRIOS. MOTIVO ECONÔMICO OU FINANCEIRO 
 
 
NÃO COMPROVADO. Por força de instrumento normativo, ao professor é assegurada a garantia 
de salários, contra rescisão imotivada, durante o período letivo, de acordo com o regime de 
matrícula do estabelecimento de ensino (anual ou semestral). Não se vislumbra motivo financeiro 
a justificar a dispensa obreira, quando constatado, por perícia contábil, que a 
empregadora, ainda que passando por dificuldade econômica/financeira, transfere para outra 
professora as aulas ministradas, pela reclamante, não resultando do remanejamento efetivo 
impacto, nos custos operacionais da reclamada. 
 
RELATÓRIO 
A MM. Juíza do Trabalho da 18ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, Dra. Vanda de Fátima Quintão 
Jacob, pela r. sentença de fls. 980/985, complementada pela decisão dos Embargos 
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15
Declaratórios, cujo relatório adoto e a este incorporo, julgou parcialmente procedentes os pedidos 
formulados na petição inicial. A reclamada opôs Embargos de Declaração (fls. 988/990), 
julgados improcedentes (fl. 992). Recurso Ordinário pela reclamada (fls. 993/999), versando sobre 
horas extras, garantia de salários, honorários periciais, multas normativas e honorários 
advocatícios. Comprovado o recolhimento do depósito recursale custas processuais às fls. 
1000/1001. A reclamante apresentou contra-razões às fls. 1004/1008, pugnando pela 
manutenção da r. decisão recorrida. 
É o relatório, em síntese.(...) 
 
1.7 Perícia Contábil e Auditoria 
 
A perícia contábil não é o mesmo que auditoria contábil, pois variam em causa, 
efeito, espaço, tempo e metodologia de trabalho. A perícia serve a uma época, a um 
questionamento, a uma necessidade. A auditoria tende a ser constante, atingindo 
um número muito maior de interessados, sem necessidade de rigores 
metodológicos tão severos; basta dizer que a auditoria consagra a amostragem e a 
perícia a repele, como critério habitual. 
 
A auditoria tem como objetivos normais a maior abrangência, a gestão como algo 
em continuidade, enquanto a perícia se prende a ESPECIFICIDADE, tem caráter de 
EVENTUALIDADE, apenas aceita o UNIVERSO COMPLETO para produzir opinião 
como PROVA e não como conceito. Existem muitos pontos em comum, podendo 
tais tecnologias se beneficiarem uma do procedimento da outra, mesmo porque tudo 
está amparado pela Ciência Contábil. Ressalta-se que apenas por suplementação 
ou em casos muito especiais é que a perícia se vale dos critérios de auditoria. 
 
2 Legislação Aplicável 
 
A Perícia Contábil pode ser considerada como a aplicação da ciência contábil no 
âmbito judicial. Nesse sentido, pode-se afirmar que nela convivem dois ambientes 
científicos: 
 
• Ciência Contábil: dá-nos o contexto teórico norteador do conteúdo da prova 
técnica; 
• Ciência Jurídica: o desenvolvimento da Perícia Contábil, em seus aspectos 
formais, é matéria de direito processual civil. 
 
2.1 Normas sobre Perícia Contábil 
 
As Normas Técnicas e Profissionais que disciplinam a Perícia Contábil no Brasil, 
regulamentadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, são: 
 
NBCTP 01/2015 – Perícia Contábil; 
NBCPP 01/2015 - Perito Contábil; 
NBCPP 02/2016 - Exame de Qualificação Técnica para Perito Contábil. 
 
2.2 Código Processo Civil 
 
Segue em Anexo I os principias artigos do CPC, atualizado pela Lei 13.105/2015, 
que tratam do Perito e da Perícia Judicial como Prova. 
 
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2.3 Legislação Específica 
 
Para o desenvolvimento pericial, o Contador deverá observar a legislação trabalhista 
(CLT e Legislação Complementar, Súmulas do Tribunal Federal de Recursos, 
Enunciados do TST etc), quando na justiça do Trabalho e Legislação Fiscal e 
Tributária, Previdenciária e Comercial, quando atuando na Justiça Federal ou 
Estadual. 
 
3 DO PERITO CONTADOR 
 
A palavra “perito” provém do termo latino “peritus”, formado do verbo “perios”, cujo 
significado é experimentar, saber por experiência; o sujeito ativo da perícia é aquele 
que a elabora. 
 
De acordo com a NBCPP01 (2015): 
 
Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho Regional de 
Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser 
profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria 
periciada. 
 
Perito do juízo é o investido na função por lei e pertencente a órgão especial 
do Estado destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que exerce a 
atividade por profissão. 
 
Perito do juízo é nomeado pelo Juiz , árbitro, autoridade pública ou privada 
para exercício da perícia contábil. 
 
Perito-assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis. 
 
Esse profissional necessita ter um conjunto de capacidades, em que se destacam a 
legal; a profissional; a ética e a moral. 
 
A capacidade profissional é caracterizada por: 
 
• conhecimento teórico da contabilidade; 
• conhecimento prático das tecnologias contábeis; 
• perspicácia; perseverança; sagacidade; 
• conhecimento geral de ciências afins à contabilidade; 
• índole criativa; experiência em perícias. 
 
A qualidade do trabalho do perito é condição fundamental para que ele permaneça 
no mercado. Assim, para alcançá-la ele precisa de: 
 
• objetividade; precisão; clareza; fidelidade; concisão; 
• confiabilidade inequívoca baseada em materialidades; 
• plena satisfação da finalidade. 
 
O profissional contador poderá atuar na área pericial desenvolvendo trabalhos 
técnicos como Perito do juízo ou como perito assistente da parte. 
 
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17
Segue um resumo das principais diferenças entre o perito assistente e o Perito do 
juízo: 
 
 
PERITO DO JUÍZO PERITO-ASSISTENTE 
1 – Nomeado pelo Juiz. 1 – Indicado pela parte. 
2 – Contador habilitado 2 – Contador habilitado. 
3 – Sujeito a impedimento ou suspeição, 
previstas no Código de Processo Civil - CPC. 
3 – Não está sujeito ao impedimento, previsto no 
Código de Processo Civil - CPC. 
4 – Recebe seus honorários mediante alvará 
determinado pela justiça. 
4 – Recebe seus honorários diretamente da 
parte que o indicou. 
5 – O prazo para entrega dos trabalhos é 
determinado pelo Juiz. 
5 – O prazo de manifestação para opinar sobre 
o laudo do perito é de 15 dias após a ciência das 
partes da entrega do laudo oficial. 
6 – Profissional de confiança do Juiz. 6 – Profissional de confiança da parte. 
Fonte: adaptado e atualizado de Hoog (2016, p. 56). 
 
3.1 Perito Contador do juízo 
 
O perito é um auxiliar de extrema confiança do Juiz, conforme determina o artigo 
149 do CPC: 
São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam 
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de 
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o 
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o 
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. 
 
Quando a perícia versa sobre questões contábeis, como verificação de haveres, sua 
atribuição é privativa dos contadores legalmente habilitados e registrados nos 
Conselhos Regionais de Contabilidade, consoante Decreto-lei nº 9.295 de 27/05/46, 
“a Perícia Contábil Judicial, extrajudicial e arbitral, é de competência exclusiva de 
contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade, nesta norma 
denominado de Perito Contábil.” 
 
3.1.1 As Atribuições do Perito do Juízo 
 
A atribuição principal do Perito do juízo é a elaboração do laudo Pericial. É de sua 
responsabilidade também prestar esclarecimentos sobre o seu trabalho. Segundo 
Alberto (2000), são deveres legais e profissionais do perito: 
 
• aceitar o encargo, não podendo escusar-se, salvo alegando motivo 
legítimo; 
• cumprir o oficio; comprovar sua habilitação técnica; 
• respeitar os prazos; ser leal; cumprir escrupulosamente o encargo; 
• prestar esclarecimentos; recusar a indicação, quando não se achar 
capacitado; 
• evitar interpretações tendenciosas, com independência moral e técnica; 
• abster-se de dar sua convicção pessoal sobre direitos das partes; 
• cumprir e fazer cumprir as Normas Técnicas e Profissionais de Perícia 
Contábil. 
 
 
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18
3.2 Perito Contador-Assistente 
 
O contador além de atuar como Perito do juízo nomeado pelo Juiz, ele poderá 
também atuar como perito contador assistente. 
 
O perito contador-assistente, diferentemente do oficial, é escolhido e indicado pelas 
partes envolvidas no processo, consoante determinação do CPC - parágrafo 
primeiro do artigo 465. 
 
Em um litígio judicial, que exija perícia contábil, cada parte terá direito ao auxílio 
desse profissional, de acordo com a sua conveniência. Dessa forma, a contratação 
dos serviços desse perito é opcional. 
 
Para o contador ser indicado como assistente, é importante que ele mantenha um 
bom relacionamento com advogados, visto que estes, quase sempre, são quem 
definem a escolha do perito contador assistente. A esse respeito, Ornelas (1995, p. 
38) entende que: 
 
A oportunidade de indicação para funcionar como assistente técnico surge 
do relacionamento que o perito contábil tem com os advogados que esteja 
defendendo as partes. O perito contábil, na função de assistente técnico, 
pode oferecercolaboração deveras importante aos advogados, debatendo 
com os mesmos as possibilidades técnicas quanto ao desenvolvimento da 
prova técnica contábil, culminando por sugerir quesitos ou proposições que 
possam solucionar os fatos controvertidos objeto da lide. 
 
As qualidades e qualificações necessárias, para o exercício da função de Perito do 
juízo, são também indispensáveis para o assistente. No entanto, cabe a esse perito 
desenvolver suas atividades visando contribuir para que o seu contratante venha ter 
sucesso na demanda. O perito assistente, ao contrário do oficial e em conformidade 
com artigo 466 § 1o do CPC, não está sujeito ao impedimento e suspeição: “Os 
assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento 
ou suspeição”. 
 
Quando o Juiz decide pelo uso da prova documental por meio de perícia contábil, 
ele intima as partes e solicita que sejam apresentados os quesitos com as 
respectivas indicações dos assistentes técnicos. 
 
3.2.1 As Atribuições do Perito Contador-Assistente 
 
A função básica do assistente é auxiliar as partes envolvidas no processo e 
acompanhar o desenvolvimento da elaboração do laudo pericial pelo Perito do juízo, 
sempre se preocupando com o interesse de quem o indicou. Ele tem acesso aos 
exames e diligências, com base nas normas do CPC: 
 
Art. 466. 
(...) 
§ 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o 
acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia 
comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 
(cinco) dias. 
 
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O assistente também elabora os quesitos juntamente com os advogados, 
preocupado em obter respostas que irão contribuir para o esclarecimento das 
questões de interesse da parte, objetivando o ganho da causa. 
 
A solicitação, por parte do Perito do juízo, da documentação necessária para a 
elaboração da perícia é dirigida oficialmente - via Termo de Diligência - ao 
assistente, que tem a responsabilidade de atender o que está sendo requisitado. 
 
Quando o auxiliar do juízo termina seu trabalho, ele poderá contactar com os 
assistentes das partes enviando-lhes cópias do laudo para que os mesmos possam 
avaliá-lo. Muitas vezes, os assistentes quando concordam integralmente com o 
respondido pelo Perito do juízo, também assinam o laudo. 
 
Se o Perito do juízo optar por entregar o laudo sem a validação dos assistentes, os 
mesmos deverão tomar conhecimento do trabalho entregue por meio do próprio 
processo judicial, visto que o laudo é juntado ao mesmo. 
 
Outra função importante do assistente é a elaboração do parecer pericial. Neste 
relatório, o perito assistente irá manifestar o seu entendimento sobre o trabalho do 
Perito do juízo, ou seja, uma crítica ao laudo pericial. 
 
O CPC determina o prazo para que o perito contador assistente apresente sua 
contestação: 
Art. 477. 
(...) 
 § 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo 
do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o 
assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu 
respectivo parecer. 
 
 
Segue um exemplo da importância, para a parte e também para o Juiz, do 
trabalho desenvolvido pelo Perito Assistente. Nesse caso, o magistrado 
desconsiderou o laudo do Perito do juízo e elaborou sua decisão com base no 
parecer do perito-assistente do Réu: 
 
Ação de Partilha 
 
OBJETO PERICIAL: apuração e avaliação dos bens comuns para partilha, adquiridos durante o 
enlace matrimonial, e constatação da situação financeira das partes. 
 
Apuração do perito assistente
Valor dos bens em dezembro de 2004 apurado pelo Perito Oficial 2.649.535,57
EXCLUSÕES:
a) apartamento nº 100, adquirido antes do casamento e em doação -80.081,03
b) Participação de 33,81% do capital social da empresa Extrato Ltda,
adquirida antes do casamento -1.611.553,20
c) Participação de 27,68% do capital social da empresa Solar Ltda 
bens onerados usufruto vitalício e impenhorabilidade/intransferibilidade -708.035,23
Valor total dos bens do Autor em dezembro de 2004 249.866,11 
 
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20
1 – Valor dos bens do Autor João da Silva em dezembro de 2004 
 
Transcreve, in verbis, o item 2.3 do Laudo Pericial – fls. 184 dos autos: 
 “2.3 Os bens de João da Silva somam em dezembro/2004 a quantia estimada de 
R$ 2.649.535,57 (dois milhões, seiscentos e quarenta e nove mil, quinhentos e 
trinta e cinco reais e cinquenta e sete centavos).” 
 
Este Perito Contador Assistente discorda do valor acima apurado pelo ilustre colega e Perito desse Juízo. 
 
Com base nos procedimentos de Perícia implementados no desenvolvimento deste Parecer Pericial, apurou-
se o seguinte valor para os bens do Autor em dezembro de 2004: 249.866,11 (duzentos e quarenta e nove 
mil, oitocentos e sessenta e seis reais e onze centavos) 
 
Seguem tais procedimentos, bem como as devidas explicações sobre o montante encontrado. 
 
a) Valoração dos bens do Autor listados na Declaração de Imposto de Renda de 2004 
 
Faz-se necessário ressaltar o objeto pericial delimitado pelo próprio Perito Oficial: trabalho de apuração e 
avaliação dos bens comuns para partilha e meação - atendimento à determinação do MM. Juízo, às fls. 151 dos 
autos. 
Considerando a prerrogativa do Perito (artigo 139 do CPC) de auxiliar o Juízo na busca da Justiça, portanto na 
busca da realidade dos fatos, entende este Perito Contador Assistente, mesmo reconhecendo a capacidade, 
idoneidade e competência do colega Perito Oficial, que os procedimentos por ele implementados não são 
suficientes para trazer à luz as informações que possam contribuir para o desfecho justo desta demanda, 
conforme detalhes seguintes. 
 
a.1 - 01 apartamento nº 901, na rua Silas, 432, adquirido em 
 1988 por doação em dinheiro 
 Valorado em R$ 80.081,03 
 
Conforme consta na própria resposta do Perito Oficial ao quesito primeiro da Ré, o apartamento em referência 
foi adquirido no ano de 1988, ou seja, em data anterior ao casamento das partes, ocorrido em maio de 1989. 
Por conseguinte, o referido imóvel não poderá compor o Rol de bens do Autor para uma eventual partilha. 
 
a.2 – 33,81% do capital social da empresa Versa Empresa Ltda. 
 Valorado em R$ 1.611.553,20 
 
Para encontrar o referido valor, foi aplicado o percentual de participação do Autor no capital da referida 
empresa 33,81% (alteração contratual de 03/11/2003) sobre o saldo do Patrimônio Líquido da Versa – base: 
Balanço Patrimonial de 31/12/2004, conforme cálculo abaixo: 
0,3381 x 4.766.498,66 � R$ 1.611.553,20 
 
Este Perito Contador Assistente discorda dos valores apresentados pelo Perito Oficial, pois os procedimentos 
adotados não são suficientes para refletir a realidade da participação societária do Autor na empresa Versa 
Empresa Ltda. (percentagem e valores), para efeitos de quantificação necessária em PROCESSO DE PARTILHA. 
Seguem detalhes, por ora necessários e elucidativos. 
 
a.2.1 Participação de 33,81% 
 
A participação do Autor na empresa Versa é anterior ao seu casamento. Assim, suas quotas de participação na 
referida empresa não poderão compor o Rol de bens para uma eventual partilha. 
 
De acordo com as análises efetuadas pelo Perito Oficial sobre a participação societária do Autor na empresa 
Versa, materializadas na planilha “Evolução da Participação Societária do Autor na Empresa Versa (Anexo do 
laudo Pericial), em 02/01/1986, a participação do Autor já remontava em 20,0% do capital, ou seja, adquirida 
antes do casamento, evoluindo para 33,81% em 2003/2005. Na referida planilha, não foi demonstrada a 
variação da participação do capital entre os anos de 1986 a 2001. 
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21
Considerando que o casamento dos litigantes aconteceu em maio de 1989, entende-se que os procedimentos 
de análises efetuados pelo Perito Oficial deveriam abranger também o período1989 a 2001 (antes e depois do 
casamento). 
 
Visando auxiliar no entendimento desse Juízo, este Perito Contador Assistente apresenta a evolução da 
participação do Autor na empresa Versa, ressaltando, mais uma vez, que suas quotas do capital na empresa 
foram adquiridas antes de seu casamento com a Ré. 
 
No período de 2001 a 2005, apesar de variações em percentagens, a participação do Autor em moeda (reais) 
permaneceu a mesma: R$ 892.119,00, portanto, não houve nenhum aporte de capital em dinheiro. 
 
Conforme planilha e alterações contratuais nos anexos I e II deste Parecer Pericial, a participação do Autor na 
empresa Versa é anterior a 1989 e as variações de sua participação desta data até o ano de 2004 (data base 
para eventual partilha) devem-se aos aumentos de capital por meio de aproveitamento das contas de 
Reservas do Patrimônio Líquido da Versa. Conclui-se, assim, que, no período que perdurou o casamento das 
partes, não houve nenhum aporte de dinheiro pelo Autor na referida empresa. Sua participação de 33,81% 
refere-se às quotas de capital adquiridas antes do enlace matrimonial. Gentileza se reportar ao anexo I deste 
Parecer Pericial. 
 
a.2.2 Valoração – base: Patrimônio Líquido 
 
Entende-se que não haverá necessidade de valoração das quotas do Autor para efeitos de Partilha, pois foi 
demonstrado no item anterior deste Parecer Pericial que essas quotas foram adquiridas antes do casamento 
dos litigantes. 
 
Contudo, faz-se necessário ressaltar o que se segue. 
 
Conforme já relatado, o Perito Oficial avaliou as participações societárias dos litigantes com base nos saldos dos 
Patrimônios Líquidos das empresas em 31/12/2004. 
 
Conhecido também como riqueza líquida, o Patrimônio Líquido é um grupo de contas do Demonstrativo 
Contábil denominado de Balanço Patrimonial. Reflete a diferença entre os saldos das contas do Ativo e os 
saldos das contas do Passivo Exigível. 
 
De acordo com a Lei das S/As – 6.406/76, as contas que formam o Patrimônio Líquido são: Capital Social, 
Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros, Lucros ou Prejuízos Acumulados; além das 
Ações ou Quotas em Tesouraria e Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital. 
 
Diante dos conceitos acima, verifica-se que o Patrimônio Líquido representa a riqueza da empresa naquele 
momento. Por conseguinte, a parte do sócio na empresa é bem refletida quando se multiplica sua participação 
em percentagem pelo total do Patrimônio Líquido. 
 
Teoricamente, quando se liquida (transforma em dinheiro) o total dos bens e direitos do ativo e se pagam as 
dívidas representadas no Passivo Exigível, tem-se como sobra a riqueza da empresa naquele momento. No 
entanto, esse Patrimônio Líquido poderá ser reduzido pelos ativos que não foram liquidados. 
 
No caso em tela, verifica-se que, no ativo da empresa Versa, em 31/12/2004, especificamente no grupo de 
Duplicatas a Receber/Clientes, figura um crédito de R$ 1.021.423,36, referente a serviços prestados para a 
empresa Via da Serra, que não foi liquidado até a presente data. O referido valor está sendo discutido na 
Justiça (seguem, no anexo III, as cópias do balancete contábil e Petição Judicial). 
 
a.3 – 27,68% do capital social da empresa Velas Ltda. 
 Valorado em R$ 708.035,23 
 
 
Este Perito Contador Assistente discorda do arrolamento da participação de 27,68% na empresa Velas Ltda 
para efeitos de partilha, pois o Autor integralizou suas quotas na empresa por meio de bens onerados com 
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22
cláusulas de usufruto vitalício em favor dos pais; impenhorabilidade e intransferibilidade das cotas e frutos. 
Gentileza se reportar às cópias do Contrato Social e da primeira Alteração Contratual da empresa Velas no 
anexo IV deste Parecer Pericial. 
 
Diante das considerações apresentadas, segue um resumo dos bens do Autor, excluídos aqueles adquiridos 
antes do casamento: 
 
Descrição dos bens Valores - R$ 
Bens residenciais (em concordância com os valores 
apurados pelo Perito Oficial) 
 
 9.218,40 
Saldo de empréstimos – Empresa Versa Ltda 220.827,02 
Aplicações Financeiras 19.004,55 
Saldo líquido em contas correntes 816,14 
Valor total dos bens 249.866,11 
 
Dos valores listados acima, faz-se necessário ressaltar que o saldo de empréstimo no montante de R$ 
220.827,02 refere-se à venda de bens do Autor, com ciência da Ré, podendo ser excluído do Rol de bens para 
Partilha. 
 
 **** LEITURA: artigo A PARTICIPAÇÃO DO PERITO CONTADOR ASSISTENTE NA FORMAÇÃO 
DA PROVA TÉCNICA EM PROCESSOS JUDICIAIS DA ÁREA CÍVEL, que publiquei na Revista da 
Pós-Graduação da Newton Paiva - http://revista.newtonpaiva.br/pos/index.php e na Revista 
Mineira de Contabilidade do CRC/MG, nº 38. 
http://revista.crcmg.org.br/index.php?journal=rmc&page=article&op=view&path%5B%5D=349&
path% 
5B%5D=153 
 
 
3.3 Habilitação técnica e cadastro nacional de peritos (CNPC) 
 
A legislação brasileira exige habilitação e capacitação técnica para o exercício da 
perícia, conforme CPC: § 1o do Art.156: “Os peritos serão nomeados entre os 
profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente 
inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o Juiz está vinculado.” 
 
A NBCPP01 (2015) também trata do assunto: 
 
O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por 
intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos 
Conselhos 
 
Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua 
manifestação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao 
disposto no Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação 
digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas 
pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil. 
 
Além da formação acadêmica, o perito contábil deve possuir conhecimento de 
matérias afins, ser imparcial, ter bom senso e uma boa formação moral e cultural. A 
esse respeito, Ornelas (2000) afirma que: 
 
Conhecimentos gerais e profundos da ciência contábil, teórica ou aplicada 
em suas várias manifestações organizacionais públicas e privadas, além de 
outras áreas correlatas, como, por exemplo, matemática financeira, 
estatística, assuntos tributários, técnicas e práticas de negócios, bem como 
domínio do Direito Processual Civil, em especial quanto aos usos e 
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23
costumes relativos à perícia, e da legislação correlata são essenciais ao 
desempenho competente da função pericial. 
 
 
A Resolução do CFC 1.502, de 19 de fevereiro de 2016, criou o Cadastro Nacional 
de Peritos (CNPC). Seguem os principais artigos da Resolução: 
 
Art. 1° Criar o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC). 
 
Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão até 31 de dezembro de 2016 
para se cadastrarem no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC, por meio dos portais dos 
Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e no portal do CFC, inserindo todas as informações 
requeridas. 
 
§ 1º Para a validação do cadastro, o contador deverá comprovar experiência em perícia contábil, 
anexando, no mínimo, um dos documentos a seguir: 
 
I – cópia da Ata ou Despacho Judicial, contendo a nomeação e o protocolo de entrega do Laudo 
Pericial para comprovar a sua atuação como perito do juízo; 
II – cópia da Petição com a indicação formal e o protocolo de entrega do Parecer Técnico Pericial para 
comprovar a atuação como perito assistente indicado pelas partes no processo judicial; 
III – cópia do documento que formalizou sua contratação e a entrega do Laudo Pericial ou do Parecer 
Técnico Pericial para comprovar atuação como perito em demandas extrajudiciais que envolvam 
formas alternativas de solução de conflitos; 
IV – cópia do ato relativo à sua nomeação ou certidão emitida por órgão policial para comprovar sua 
atuação como perito oficial em demandasde natureza criminal. 
§ 2º As comprovações exigidas nos incisos “I” e “II” poderão ser substituídas por certidões emitidas 
pelo Poder Judiciário. 
§ 3º As comprovações exigidas no inciso “III” poderão ser substituídas por certidão emitida por 
tribunais de arbitragem e mediação, legalmente constituídos. 
 
Art. 3º Atendidas às exigências previstas no artigo anterior, a inscrição no CNPC será concedida pelo 
CFC em até 30 (trinta) dias da data da solicitação, cujo cadastro, conterá, no mínimo, as seguintes 
informações do profissional: 
 
I – nome completo; 
 
II – número de registro no CNPC; 
 
III – número do registro profissional no Conselho Regional de Contabilidade; 
 
IV – endereço eletrônico; 
 
V – telefone de contato; 
 
VI – domicílio profissional relativo às atividades de perícia contábil; 
 
VII – especificação da(s) área(s) de atuação como perito contábil; e 
 
VIII – curriculum definido em até 350 (trezentos e cinquenta) caracteres, elaborado pelo próprio perito. 
 
Art. 4º Compete, exclusivamente, ao CFC a manutenção, a avaliação periódica e a regulamentação 
do CNPC. 
 
Art. 5º O profissional inscrito no CNPC é responsável pela confirmação de seus dados cadastrais, os 
quais poderão ser atualizados, exclusivamente, via e-mail registro@cfc.org.br. 
 
Art. 6º A partir de 1º de janeiro de 2017, o ingresso no CNPC estará condicionado à aprovação em 
exame específico, regulamentado pelo CFC. 
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24
 
Art. 7º A permanência do profissional no CNPC estará condicionada à obrigatoriedade do 
cumprimento do Programa de Educação Profissional Continuada, que será regulamentado pelo CFC. 
 
Em outubro de 2016, a Resolução do CFC 1.513 alterou os artigos 2º e 6º da 
Resolução CFC n.º 1.502/2016. Seguem alguns artigos: 
 
Art. 1° O Art. 2º da Resolução CFC n.º 1.502/2016 passa a vigorar com a seguinte redação: 
 
Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão até 31 de dezembro de 2017 
para se cadastrarem no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do CFC, por meio dos 
portais dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e no portal do CFC, inserindo todas as 
informações requeridas. 
 
Art. 2° O Art. 6º da Resolução CFC n.º 1.502/2016 passa a vigorar com a seguinte redação: 
 
Art. 6º A partir de 1º de janeiro de 2018, o ingresso no CNPC estará condicionado à aprovação em 
exame específico, regulamentado pelo CFC. 
 
 
3.4 Nomeação do Perito do Juízo 
 
A nomeação do Perito do juízo cabe ao Juiz , que definirá a escolha do profissional 
de sua confiança, considerando-se a relevância ou necessidade da prova técnica 
contábil, as alegações das partes e o objeto da lide, designando um profissional 
adequado. Sá (2011) acrescenta que, conforme a importância da causa, deve-se 
escolher a importância do perito. Quanto mais complexa a causa, mais experiência 
e cultura deve ter o profissional. 
 
O novo Código de Processo Civil de 2015 normatiza o cadastro de peritos que deve 
ser mantido pelos Tribunais: 
 
Art. 156. 
(...) 
§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta 
pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em 
jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a 
conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem 
dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos 
técnicos interessados. 
§ 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para 
manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a 
atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. 
§ 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo de 
suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico 
nomeado para realização da perícia informará ao Juiz os nomes e os dados 
de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. 
§ 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro 
disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo 
Juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico 
comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da 
perícia. 
Art. 157. 
(...) 
§ 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com 
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de 
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25
interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, 
observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. 
 
Em perícias complexas, envolvendo mais de uma área de conhecimento, poderá ser 
nomeado mais de um profissional: 
 
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área 
de conhecimento especializado, o Juiz poderá nomear mais de um perito e a 
parte indicar mais de um assistente técnico. 
 
Após o deferimento da realização da perícia e da escolha do perito que o auxiliará, o 
Juiz solicita o comparecimento do mesmo para que ele apresente sua proposta de 
honorários. 
 
Essa solicitação poderá ser feita através de Oficial de Justiça, que se dirige até o 
escritório do perito e lhe entrega uma intimação; por telefone - um servidor da vara 
entra em contato com o perito; e por último a solicitação poderá ser efetivada via 
correspondência. A nomeação do Perito do juízo na justiça estadual é também é 
publicada no diário oficial do Estado. 
 
Como o primeiro requisito para ser nomeado é a confiança do Juiz, cabe ao perito 
contábil conquistá-la. O primeiro passo é o profissional se apresentar aos juízes, 
munido de currículo e cartão de visita. 
 
Importante salientar que antes do profissional contactar diretamente com os juízes, 
ele deverá se apresentar nas secretarias das varas nas quais deseja trabalhar e 
providenciar sua inscrição. O perito deverá manter sempre um contato com os 
Juízes, reiterando seu desejo de obter uma oportunidade de auxiliá-los. Como os 
magistrados trabalham com vários profissionais de diferentes áreas, essa 
aproximação é fundamental para futuras nomeações. 
 
Art. 465. 
(...) 
§ 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação 
de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar 
a perícia. 
 
� De acordo com a Instrução nº 186/90 da Corregedoria da Justiça, 
republicado no Diário Oficial do Estado em 21/03/2002, os Cartórios ou 
Secretarias de juízo deverão possuir um livro próprio, de folhas soltas, 
para colocar nomes de peritos das diversas profissões e especialidades, 
de tradutores e intérpretes, atualizados, pelos nomes, anualmente, 
contendo todos os dados pessoais. 
 
3.4.1 Função indelegável, escusa, Impedimentos e suspeição 
 
O perito tem função pessoal e indelegável, tanto que às pessoas jurídicas é vedada 
a função pericial. Seus deveres e responsabilidades são exercidas em caráter 
individual. Quando o contador é nomeado e por algum motivo, como, por exemplo, 
competência técnica e motivos pessoais, estiver impedido de executar o trabalho, o 
mesmo deverá manifestar formalmente ao Juiz, agradecendo-lhe pela oportunidade 
de servi-lo e justificar sua recusa. Ao mesmo tempo, poderá também se colocar à 
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26
disposição para outras empreitadas. Nesse caso, o magistrado procederá à 
nomeação de outro profissional de sua confiança. 
 
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar 
o Juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo 
alegando motivo legítimo. 
§ 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da 
intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de 
renúncia ao direito a alegá-la. 
§ 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com 
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de 
interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, 
observadas a capacidade técnicae a área de conhecimento. 
 
O Perito do juízo poderá também ser recusado pelas partes por impedimento ou 
suspeição: 
 
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. 
Parágrafo único. O Juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará 
novo perito. 
 
 
A NBCPP01(2015) trata do Impedimento e da Suspeição, conforme resumo que 
segue. 
 
1. Impedimento e suspeição são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito 
de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou 
extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de 
interesse motivadores dos impedimentos e das suspeições a que está sujeito o perito nos 
termos da legislação vigente e do Código de Ética Profissional do Contador. 
 
2. Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele se 
declare impedido, após nomeado ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas nesta 
Norma, nos itens abaixo. 
 
3. Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou 
o motivo do impedimento ou da suspeição. 
 
4. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-assistente deve comunicar a 
ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, com cópia ao juízo. 
 
Suspeição e impedimento legal 
 
5. O perito do juízo deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades, 
observados os termos do Código de Processo Civil. 
 
6. O perito-assistente deve declarar-se suspeito quando, após contratado, verificar a ocorrência de 
situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência 
e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho. 
 
7. O perito do juízo ou assistente deve declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado, 
verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua 
imparcialidade ou independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho 
em relação à decisão. 
 
8. Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes: 
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes; 
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes; 
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27
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus 
cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou 
entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário ou de direção; 
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus 
cônjuges; 
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes; 
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto 
da discussão; e 
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma 
das partes. 
 
9. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo íntimo. 
 
 
3.4.2 Substituição do perito do juízo 
 
Depois de nomeado e escolhido pelo Juiz, o Perito poderá ser substituído em 
algumas situações. Segue a previsão legal do CPC: 
 
 
Art. 468. O perito pode ser substituído quando: 
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; 
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe 
foi assinado. 
§ 1o No caso previsto no inciso II, o Juiz comunicará a ocorrência à 
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, 
fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do 
atraso no processo. 
§ 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os 
valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de 
atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. 
§ 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2o, a parte 
que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover 
execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, 
com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário. 
 
3.5 Remuneração do trabalho pericial 
 
A remuneração do perito pode ser abordada sob duas dimensões. A primeira, 
relativa ao perito contador quando na função judicial e a segunda, quando na função 
de assistente. 
 
Com relação à remuneração do Perito do juízo, este apresenta uma petição 
propondo seus honorários, demonstrando os custos dos trabalhos e as horas 
técnicas que serão aplicadas em cada fase da perícia, bem como o montante da 
hora do profissional. 
 
A ASPEJUDI-MG1 sugere, atualmente, o valor de referência da hora de trabalho 
para perícias judiciais de R$ 385,00, sendo que cada profissional deverá ainda levar 
em conta seus custos operacionais. 
 
 
1 Associação dos Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores e Mediadores de Minas Gerais. 
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28
Referida petição recebe despacho do Juiz, que propõe vistas para que as partes se 
manifestem sobre o pleito do perito. Após deliberação do honorário, o mesmo será 
depositado em juízo (depósito prévio), antes do inicio dos trabalhos. Entregue o 
laudo, o perito providenciará uma petição requerendo a liberação da sua 
remuneração ao Juiz, que o fará consoante expedição do Alvará de liberação de 
honorários periciais. Segue artigo do CPC: 
 
Art. 465. 
(...) 
§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: 
I - proposta de honorários; 
II - currículo, com comprovação de especialização; 
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para 
onde serão dirigidas as intimações pessoais. 
§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, 
querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o 
Juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95. 
§ 4o O Juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento 
dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo 
o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e 
prestados todos os esclarecimentos necessários. 
§ 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o Juiz poderá 
reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. 
 
Os honorários do perito, quando exercendo a função de assistente, serão 
combinados diretamente com as partes. Salienta-se que esse acordo deverá ser 
formalizado antes de se iniciar a prestação dos serviços. 
 
Seguem as principais determinações da NBCPP01(2015) sobre os honorários 
periciais. 
 
Honorários 
 
33. Na elaboração da proposta de honorários, o perito dever considerar os seguintes fatores: a 
relevância, o vulto, o risco, a complexidade, a quantidade de horas, o pessoal técnico, o prazo 
estabelecido e a forma de recebimento, entre outros fatores. 
 
Elaboração de proposta 
 
34. O perito deve elaborar a proposta de honorários estimando, quando possível, o número de 
horas para a realização do trabalho, por etapa e por qualificação dos profissionais, 
considerando os trabalhos a seguir especificados: 
(a) retirada e entrega do processo ou procedimento arbitral; 
(b) leitura e interpretação do processo; 
(c) elaboração de termos de diligências para arrecadação de provas e comunicações às 
partes, terceiros e peritos-assistentes; 
(d) realização de diligências; 
(e) pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais e societários; 
(f) elaboração de planilhas de cálculo, quadros, gráficos, simulações e análises de resultados; 
(g) elaboração do laudo; 
(h) reuniões com peritos-assistentes, quando for o caso; 
(i) revisão final; 
(j) despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação, etc.; 
Prof. Fernando Dias - Perícia Contábil 2019 
 
 
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(k) outros trabalhos com despesas supervenientes. 
 
Quesitos suplementares 
 
35. O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não contempla os 
honorários relativos

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