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Módulo CIT - Seminário 4

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Módulo: Controle de Incidência Tributária
Aluno: Paulo Victor Reis Cordeiro
Seminário 4 – Imunidades e Normas Gerais de Direito Tributário.
1.Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria?
Imunidade tributária pode ser entendida como normas jurídicas de estrutura (sobrenormas ou metaproposições prescritivas) que advém da Constituição Federal e tem a função de delinear o poder legiferante de instituir tributos conferido aos entes políticos.
As isenções são normas jurídicas que advém da legislação ordinária e impedem a incidência das normas que enlaçam o sujeito passivo e ativo numa relação de obrigação/direito, em que o sujeito passivo tem a obrigação de pagar tributo e o sujeito ativo tem o direito de receber o conteúdo da prestação.
Devemos entender a não incidência como a não subsunção do fato a norma, ou seja, o fato ocorrido não é típico para a incidência da exação.
Já a incidência é a subsunção do fato a norma, ou seja, o fato ocorrido é aquele constante no antecedente da RMIT e considerado típico e suficiente para que ocorra a relação jurídica obrigacional tributária.
2.As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna? As normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou dependem de regulamentação infraconstitucional?
A Imunidades Tributárias são cláusulas pétreas, sendo vedada sua revogação. Este entendimento, consolidado pelo STF, parte do artigo 60, § 4º, inciso IV da CF/88, o qual dispõe que é vedado a deliberação de emenda tendente a abolir direitos e garantias fundamentais. 
Para se chegar a tal conclusão, precisamos nos afastar da interpretação literal dos artigos que concedem imunidade e utilizar a interpretação teleológica de tais enunciados. Com isso, chegaremos a real intenção do legislador ao produzir estas imunidades. Portanto, esta interpretação nos levará à conclusão de que as imunidades tendem a consolidar direitos e garantias individuais, sendo, desta forma, consideradas cláusulas pétreas, conforme disposto no art. 60, §4º da CF/88.
Por força do disposto no artigo 146, inciso II, podemos concluir que as imunidades necessitam de regulamentação por meio de Lei Complementar, o que aconteceu com a recepção do CTN. Sendo assim, as imunidades tributárias estão regulamentadas nos artigos 9 a 15 do CTN.
3.Na sua opinião, são imunes: 
(a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II); 
No tocante à questão da imunidade, devemos analisar se faz parte de sua finalidade essencial, conforme art. 150 §4º da CF. No caso em tela, o serviço de estacionamento e guarda servem para garantir maior conforto aos fiéis no momento em que estão participando do culto, garantindo o seu direito de liberdade de crença (insculpido no art. 5º, VI da CF). Sendo assim, tais serviços fazem jus à imunidade constante no artigo 150, VI, “b” da CF, e, desde que, tais valores sejam convertidos para o aprimoramento de suas finalidades essenciais. 
(b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade (vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV); 
Devem continuar imunes ao IPTU, os imóveis pertencentes as entidades religiosas. O STF tem entendimento consolidado no sentido de que tal imunidade deve prevalecer. De tal sorte, fora estipulada a sumula n. 724 do STF, a qual dispõe que permanece a imunidade ao IPTU aos bens imóveis das entidades das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF, desde que tais valores sejam usufruídos em suas atividades essenciais
Com relação aos cemitérios particulares, tais locais devem ser imunizados pelo preceito constante no art. 150, VI, “b” da CF. Pois, conforme entendimento do STF, tais locais consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso.
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena (vide STF, Petição n. 3388, DJ 04/02/14); 
As reservas indígenas gozam de imunidade tributária. É entendimento do STF garantir a imunidade tributária sobre as terras e as rendas das comunidades indígenas, conforme exposto no acórdão dos Embargos de Declaração na Petição 3.388.
(d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de concorrência (vide anexos V);
A imunidade constante no artigo 150, VI, “a” c/c 150, §2º da CF somente atinge as empresas públicas se cumpridos três requisitos, quais sejam: (i) prestem serviço público; (ii) cuja realização tenha sido atribuída pela Constituição exclusivamente ao Poder Público e (iii) exercida em regime de exclusividade, ou seja, fora do regime de concorrência com pessoas privadas. Portanto, tal imunidade não abarca a situação constante na questão.
(e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista (vide anexo VI e VII); 
Tais sociedades gozam da imunidade constante no artigo 150, VI, “a” da CF. Pois, conforme assentado na jurisprudência do STF e explicitado no quesito anterior, as empresas públicas e sociedades de economia mista farão jus à imunidade recíproca se cumpridas os três requisitos: (i) prestem serviço público; (ii) cuja realização tenha sido atribuída pela Constituição exclusivamente ao Poder Público e (iii) exercida em regime de exclusividade.
(f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo VIII). Justifique suas respostas.
4. Considerando a imunidade recíproca, responda: (i) o fato de um imóvel de propriedade do ente público ter seu uso transferido a particulares gera repercussão direta na manutenção da imunidade? (vide anexo IX, X e XI) (ii) um automóvel alienado fiduciariamente por instituição financeira a município está imune ao IPVA? (vide RE 7271851 MG, disponível em www.stf.jus.br). 
(i) A transferência do uso de bem público a um particular acarreta na perda da imunidade prevista no art. 150, VI, “a” da CF. Pois, conforme jurisprudência consolidada do STJ (v.g. Resp 1091198/PR), a posse que gera os efeitos da tributação é aquela qualificada pelo animus domini. Sendo assim, o fato narrado no item (i) geraria a perda da imunidade e ocasionaria na tributação sobre o bem.
(ii) Conforme exposto acima, a posse com animus domini atrai os efeitos da tributação. No caso da alienação fiduciária, o credor fiduciário (fiduciante) tem a posse direta sobre o bem, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 23 da Lei 9.514/1997. Sendo assim, o município ao se tornar o fiduciante e ter a posse direta sobre o automóvel, atrai a tributação incidente sobre o bem móvel. Porém, conforme disposto no artigo 150, VI, “a”, da CF (imunidade recíproca), o bem passaria a gozar da imunidade conferida ao município, restando imune ao IPVA.
5.Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material utilizado para sua comportá-los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676)
Sim, os livros e periódicos eletrônicos (e-books) e os aparelhos leitores de tais livros também são imunizados pela regra constante no art. 150, VI, “d” da CF. Pois, conforme salientado na jurisprudência do STF, o papel não é essencial para caracterizar o livro. O papel é apenas o suporte para que as publicações sejam disseminadas, sendo denominado como “corpus mechanicum” que abrange o conteúdo (“corpus misticum”) das obras. Sendo assim, o STF definiu que o corpo mecânico não é o condicionante para o gozo da imunidade, sendo o papel apenas um elemento acidental no conceitode livro. 
Além do mais, definiu, através da teleologia da regra imunizante, que tal regramento deve alcançar os aparelhos que realizam a leitura de tais livros eletrônicos, os chamados e-readers, mesmo que estejam equipados com funcionalidades acessórias, como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo, tamanho da fonte e etc.
Porém, não devem ser enquadrados nessas imunidades os tablets, pois, suas funções vão muito além da mera leitura de livros digitais.
6.No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV).
Para que as instituições de assistência social gozem da imunidade prevista no artigo 150, VI, “c” da CF, basta que cumpram os requisitos contidos no artigo 14 do CTN e que não tenham finalidade lucrativa. Pois, conforme dispõe o final da alínea, deve ser observado apenas os requisitos da lei, ou seja, aqueles constantes no artigo 14 do CTN.
7.Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas gerais de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei complementar federal.
A discussão acerca da legislação complementar é dividida em dois grupos, são eles: a corrente dicotômica e a corrente tricotômica. A primeira tem como argumento que a legislação complementar possui apenas duas funções, a de dispor sobre conflitos de competência e regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Já a segunda corrente, além de atribuir as duas funções acima relacionadas, também congrega uma terceira função, a de estabelecer normas gerais de Direito Tributário.
Norma geral de direito tributário é a Lei Complementar, produzida pelo congresso nacional, que tem por função estabelecer certos caminhos ao poder legiferante dos entes da federação. É a Lei Complementar disposta no artigo 146, III da CF/88
Lei Complementar Federal é aquele que tem aplicação restringida apenas à União. Já a Lei Complementar Nacional é aquela que tem aplicação a todo o território nacional.
8. O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados na Constituição? Isso não violaria o princípio da autonomia das pessoas políticas? Considerar as recentes decisões proferidas pelos Ministros do STF no RE 566.622 e ADI ́s 2028, 2036, 2228 e 2621.
Sim, o disposto no artigo 146, III da CF, dá justamente a autorização para que lei complementar estabeleça normas gerais sobre definição de tributos e suas espécies, os fatos geradores, base de cálculo e contribuinte dos impostos descriminados na CF. Porém, tal disposição não fere o princípio da autonomia dos entes políticos. Pois, as normas gerais de direito tributário têm a função de dispor acerca de conflitos de competência entre as unidades tributantes e, também, regulam as limitações constitucionais ao poder de tributar, delineando o poder legiferante dos entes, garantindo com que eles não fujam de suas competências.
As normas gerais de direito tributário têm justamente a finalidade de garantir o princípio autonomia dos municípios, da isonomia dos entes das pessoas políticas, prestigiando a Federação.

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