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RESUMO - A Vida Sexual dos Seres Humanos (Conferências Introdutórias à Psicanálise, Ob. Compl. Volume XVI, 1916/1917 FREUD, Sigmund.).

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Texto: A Vida Sexual dos Seres Humanos (Conferências Introdutórias à Psicanálise, Ob. Compl.
Volume XVI, 1916/1917 ─ FREUD, Sigmund.).
Como Freud reconhece a sexualidade infantil?
Teoria da sedução → fantasia → sexualidade infantil
Após perceber que a histeria estava relacionada a experiências afetivas intensas (geralmente de caráter
sexual e associadas à infância), Freud acredita que se tratavam de experiências reais de abuso sexual
(teoria da sedução). Posteriormente, Freud conclui que tais memórias afetivas são, na verdade,
fantasiosas, o que resulta na dedução de que, se há fantasias sexuais na infância, há também, por
consequência, sexualidade infantil. Contudo, não é possível explicar a sexualidade infantil nos moldes
da sexualidade adulta, que, na época, era definida a partir da função reprodutiva (objeto: indivíduo
adulto do sexo oposto; meta: reprodução). Torna-se então necessário encontrar uma definição de
sexualidade que seja suficientemente abrangente para abarcar a sexualidade infantil.
↓
● Freud considera que a sexualidade é um objeto de estudo como qualquer outro, e, para
estudá-la, seria necessário abster-se de qualquer julgamento moral.
● Tentativa de definição da sexualidade humana: a existência de “perversões” torna impossível
definir a sexualidade humana exclusivamente através da função reprodutiva.
● Freud cria duas categorias para descrever os comportamentos sexuais humanos não
vinculados à procriação:
a) Modificação quanto à meta/finalidade ─ ex.: masoquismo, sadismo, exibicionismo,
voyeurismo, etc.
b) Modificação quanto ao objeto ─ ex.: necrofilia, zoofilia, pedofilia, etc.
Obs.: As duas categorias podem combinar-se. Os objetos e as metas podem ser
diversos, mas há algo em comum: a busca de prazer a partir da estimulação de uma zona
erógena (região do corpo cuja estimulação é prazerosa em si mesma).
● Freud cita o historiador Ivan Bloch (as “perversões existem desde tempos imemoriais”), para
concluir que práticas eróticas não ligadas à procriação independem da cultura ou de fatores
sociais.
● Duas observações extraídas da prática psicanalítica:
1) Os sintomas neuróticos são substitutos do prazer sexual.
Na histeria, o sintoma se instala sobre qualquer região corporal ou função fisiológica,
“cooptada” por uma fantasia sexual, seguida de medo (ansiedade) e punida pela culpa. O órgão ou
função que manifesta o sintoma histérico torna-se inutilizável (cegueira, alergia, paralisia, contrações,
anestesia, etc.). O sintoma histérico representaria assim uma autopunição (não consciente). A fantasia
em questão envolveria figuras parentais (“edipianas”, diretamente ou por deslocamento).
Na neurose obsessiva, as fantasias não colocadas em ação também têm por alvo objetos
considerados proibidos (figuras parentais, ou, por deslocamento, pessoas sob as quais pesa uma
interdição ─ metáfora da problemática edipiana). A consequência é igualmente a culpa, que, na
neurose obsessiva, é erotizada (existência de prazer inconsciente na auto-recriminação). Os sintomas
neuróticos são como práticas autoeróticas associadas a sentimentos de culpa.
2) A sexualidade “pervertida” não seria senão uma sexualidade infantil dividida em impulsos
separados. Toda a diversidade da sexualidade adulta é propiciada pela polimorfia da sexualidade
infantil.
A sexualidade infantil é:
a) Polimorfa (isto é, tem muitas formas), ou seja, não está subordinada à primazia dos
genitais, mas estende-se por todo o corpo ─ pulsões parciais; não há uma organização
(há impulsos orais, anais, masoquistas, exibicionistas, etc.). Em alguns indivíduos
adultos essas pulsões vão se subordinar à sexualidade genital. Quando isso não
acontecer, impulsos diversos podem se tornar o centro = sexualidade perversa adulta.
Pulsão: expressão no psiquismo de um estímulo fisiológico; meta = descarga.
b) Autoerótica (sem objeto externo; o próprio corpo infantil é seu objeto). A sexualidade
começa a se organizar em torno de um objeto somente a partir do complexo de édipo.
Obs.: A sexualidade infantil surge apoiada em funções fisiológicas ─ ex.: na fase oral, os primeiros
impulsos de sucção estão relacionados à fome e à alimentação, mas, subsequentemente, o bebê repete
esses movimentos de sucção por serem prazerosos em si mesmos, sexualizando essa estimulação (ex.:
chupar chupeta, chupar o dedo, etc.).
Desenvolvimento psicossexual:
Idade Fase Características
0-1 ano Oral 1a zona erógena predominante
é a boca ─ alimentação como
centro da vida da criança;
experiências afetivas intensas.
1-3 anos Anal 2a zona erógena predominante
é o ânus.
Controle da musculatura; papel
ativo. Educação esfincteriana
─ essa atividade se torna o
centro da vida da criança e está
carregada de experiências
afetivas intensas.
1os contatos efetivos com as
normas e regras morais.
↓
Impulsos sádicos são bastante
intensos nessa fase, pois a
repressão estimula a
agressividade.
3-6 anos Fálica Zonas erógenas: pênis e
clitóris.
Falo é o central: diferenciação
entre os sexos (papel
traumático).
A criança não toma a ausência
do falo como algo natural
inicialmente (ex.: o menino
pensa que vai crescer um pênis
na menina).
Complexo de édipo (relação
triangular de desejo por um e
rivalidade por outro).
Curiosidade da origem dos
bebês: essa curiosidade sexual
é a base para a disposição para
o conhecimento em geral.
Reprimir essa curiosidade é
reprimir a vontade do
indivíduo de conhecer e
aprender.
6-11 anos Latência Vias sublimatórias: canalização
da energia sexual para outras
vias socialmente aceitas (ex.:
esportes, estudos, etc).
Adolescência Genital ou “perversa” Reativação da sexualidade que
retoma as experiências infantis.
As características da
sexualidade adulta que
emergem na adolescência são
derivadas da sexualidade
infantil.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Menino ♂ → fantasias (mãe como objeto) → desejo pela mãe é reprimido (proibição do incesto) →
hostilidade em relação ao pai (ápice das relações triangulares) → culpa e repressão → angústia de
castração (fantasia de que como resultado dos pensamentos “errados”, ele pode vir a ser castrado) →
saída traumática e abrupta do complexo de édipo → internalização da proibição do incesto e
consolidação do superego, que surge durante a fase anal e é solidificado na saída do édipo.
Menina ♀ → fantasias (mãe como objeto) → deslocamento do objeto da mãe para o pai que se dá a
partir da percepção da ausência de pênis → fantasia de que a mãe a privou de pênis → daí se
estabeleceria o complexo (relação triangular) → culpa e conflito, mas, contudo, não há tanta angústia
de castração quanto no ♂ → saída mais gradual → mulheres têm um superego menos desenvolvido
que os homens, pois não há tanta urgência p/ sair do complexo de édipo.
O complexo de édipo ocorre tanto de forma positiva quanto de maneira negativa (édipo invertido ─
inversão dos objetos de desejo e de rivalidade).
Questão da bissexualidade do ser humano: todo mundo é bissexual originariamente e, ao longo do
desenvolvimento, há um estabelecimento de um objeto da sexualidade (ex.: édipo ♂+: o menino deixa
de desejar a mãe e a estabelece como modelo de objeto de desejo ─ quero ser como meu pai para ter
alguém como a minha mãe).
REATIVAÇÃO DA SEXUALIDADE INFANTIL NA PUBERDADE
Em resumo, a sexualidade inicialmente se manifesta de forma plural através de uma série de pulsões
parciais (primeiro orais, depois anais, etc.). Durante a fase fálica, pode ser que os impulsos se
subordinem (ou não) aos genitais. Existe a possibilidade de que esses impulsos sexuais, em vez de
prosseguir no desenvolvimento, fiquem parcialmente fixados nas atividades sexuais das fases
anteriores. Quanto mais pontos de fixação, isto é, quanto mais energia ficou fixada, mas frágil será a
sexualidade genital que vai se desenvolver.
Analogia do povo que quer chegar na terra prometida → quanto mais pessoas se desviam/desistem de
prosseguir e se estabelecem em algum lugar no meio do percurso, mais frágil será o grupo que
percorre até o fim. E, se esse grupo restante encontrar obstáculos,há uma tendência a retornar ao local
os amigos e familiares ficaram para trás (tendência de regressão).
Na sexualidade adulta, diante da frustração (impossibilidade de obter prazer sexual), há uma tendência
do desenvolvimento a regredir (reativar pulsões fixadas). Esse é o mecanismo que pode levar ao
desenvolvimento de uma neurose.
Neurose = manifestações substitutivas indiretas dos impulsos reprimidos infantis ─ regressão libidinal
que não é acompanhada de regressão egóica (diferenciação da estrutura perversa: o superego continua
impedindo que esses impulsos tornem-se conscientes). No caso da neurose, os impulsos seriam
ativados, mas encontrariam uma barreira (superego), então teriam que se tornar cs de forma
substitutiva. Já na perversão, os impulsos não teriam essa barreira, então o indivíduo poderia se tornar
cs disso e buscar satisfação (regressão libidinal e superegóica; o perverso pode se tornar consciente
daquilo que o neurótico não pode).
Série complementar = fixação x frustração
- A fixação e a frustração se complementam;
- Diante de uma fixação muito intensa, não é necessário uma frustração tão grande para que os
pontos de fixação sejam reativados. Agora, se a fixação é menos intensa, é necessário mais
frustração para que esses pontos de fixação sejam reativados;
- O contrário é verdadeiro: uma frustração muito intensa também pode levar à fixação mesmo
que pouco fixada na infância.
Anotações extras:
Recusa da sexualidade infantil: necessidades educativas.
Contradição: ao mesmo tempo em que os indivíduos recusam a sexualidade infantil, os mesmos se
empenham em reprimi-la (proibição da masturbação infantil, etc.).
Freud: A vida em sociedade tem como condição de que a energia sexual seja parcialmente deslocada
para outras vias. Um cultura que não tenha nenhum tipo de repressão da sexualidade é impossível.
Reich: Somente sem a repressão da sexualidade que os indivíduos serão mentalmente saudáveis.
Ferenzi: o trauma emerge quando a criança comunica algo de cunho sexual com algum adulto e há um
mal-estar (o adulto se choca, briga, etc.). É através da reação do adulto que ela percebe que há algo
errado e o trauma surge.

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