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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer Revisão Textual: Profa. Esp.Márcia Ota 5 Un id ad e Elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso · Identificar as diferenças entre os Trabalhos de Conclusão de Curso; · Conhecer as diretrizes para a leitura, análise e interpretação de textos; · Conhecer as Normas para a elaboração de trabalhos científicos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Trabalhos de Conclusão de Curso: Monografia, Interdisciplinas, Dissertação e Tese • Apresentação de Trabalhos Científicos: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais • A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT 7 Trabalhos de Conclusão de Curso: Monografia, Interdisciplinar, Dissertação e Tese Monografia de Graduação e Lato Sensu (TCC) Os trabalhos de conclusão de curso de graduação conhecidos como (TCC) constituem uma modalidade de iniciação científica. O aluno apresenta um trabalho abordando algum tema que foi tratado durante o curso que está concluindo e deve demonstrar que domina tanto o assunto, quanto as técnicas formais para a produção de monografia. Este tipo de trabalho: Implica em orientação de conteúdo e técnica, tendo por finalidade a conclusão de um curso. A institucionalização de tais monografias de final de curso visa calibrar a qualidade e aproveitamento do ensino que esta ou aquela faculdade oferece. BASTOS E KELLER, 2000, p. 66 É necessária, também, para os que frequentam cursos de especialização, para a obtenção do título de especialista, a elaboração de um TCC (monografia) relacionada com a área em questão. Interdisciplinar (TGI) O TGI é um documento exigido em cursos de graduação sobre estudos realizados pelos alunos, com o objetivo de induzir e fixar o aprendizado. Deve ser feito sob a coordenação do professor. As instituições de ensino estabelecem regras parecidas quanto à elaboração de um TGI. Eis algumas delas: a) O Trabalho de Graduação Interdisciplinar deve estar de acordo com as normas e regulamentos da instituição e a legislação brasileira vigente. b) A área de conhecimento a ser estudada deverá ter sido aprovada por uma Comissão, Coordenação de Trabalho de Graduação Interdisciplinar; c) As atividades efetivamente realizadas devem ser condizentes com o plano de trabalho; d) A carga horária mínima deve ser alcançada; e) Os objetivos propostos para o Trabalho de Graduação Interdisciplinar devem ser atingidos; f) O aluno deve comprovar conhecimento do Código de Ética relativo ao Trabalho de Graduação Interdisciplinar; g) O discente deverá apresentar, dentro dos prazos, os relatórios exigidos pela supervisão do Trabalho de Graduação Interdisciplinar; h) O aluno deverá apresentar na data estabelecida, a defesa oral do Trabalho de Graduação Interdisciplinar perante a banca examinadora. Apesar de muitas instituições de ensino superior requererem a elaboração de um TCC como requisito para a obtenção de uma graduação, nem sempre é exigido o TGI, que é opcional. 8 Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos Dissertação A dissertação de mestrado é um trabalho científico de pesquisa, desenvolvido em cursos de pós-graduação stricto sensu, como requisito para obtenção do grau acadêmico de mestre. O trabalho deve revelar domínio de conhecimentos específicos da área, capacidade de análise das fontes primárias e secundárias de pesquisa, capacidade de síntese e argumentação, pois pressupõe a defesa pública do trabalho para uma banca de professores pesquisadores doutores. Tese A tese de doutorado é um trabalho científico de pesquisa, desenvolvido em cursos de pós- graduação stricto sensu, como requisito para obtenção do grau acadêmico de doutor. O trabalho possui como principal característica a originalidade e deve revelar domínio de conhecimentos específicos da área, capacidade de análise das fontes primárias e secundárias de pesquisa, capacidade de síntese, de elaboração de novos conceitos ou teorias que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento científico e ainda capacidade de argumentação, pois pressupõe a defesa do trabalho para uma banca de professores pesquisadores doutores e Livre-docentes. 9 Apresentação de Trabalhos Científicos: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais Os trabalhos científicos devem seguir normas técnicas que regulam a sua apresentação e procedimento. Portanto, podemos dividir a apresentação em três partes: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Essas diretrizes seguem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e, para referências na área da saúde, é opcional o uso do estilo Vancouver (SANTORO, 2007). Elementos pré-textuais O pré-texto é composto pelas páginas que antecedem o corpo principal do trabalho (texto). · Capa · Folha de rosto · Folha de aprovação · Dedicatória · Agradecimentos · Epígrafe · Resumo · Abstract (Resumo em Inglês) · Lista de ilustrações · Lista de tabelas · Lista de abreviaturas e siglas · Lista de símbolos · Sumário Elementos textuais O texto de um trabalho científico pode ser dividido em partes ou capítulos e, cada uma dessas partes ou capítulos, pode ser subdividida. · Introdução · Desenvolvimento · Conclusão Elementos pós-textuais Os elementos pós-textuais apresentam as indicações de fontes e bibliografia que foram utilizados para a elaboração do trabalho, além de materiais que complementam as informações apresentadas no texto. · Referências · Bibliografia · Glossário · Apêndice(s) · Anexo(s) Para uma explicação detalhada das partes que compõem um trabalho científico, é fundamental o estudo das “Leituras Complementares” propostas para esta unidade. 10 Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT Fundada em 1940, a ABNT é o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico do país. É uma instituição particular, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 7 do CONMETRO, de 24 agosto de 1992. A ABNT é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização) e a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: · ISO – International Organization for Standardization · IEC – International Electrotechnical Comission · COPANT – Comissão Panamericana de Normas Técnicas · AMN – Associação Mercosul de Normalização Norma é o documento técnico que estabelece as regras e características mínimas que determinado produto, serviço ou processo deve cumprir, permitindo uma perfeita ordenação e a globalização dessas atividades ou produtos. As Normas são fatores vitais para que a evolução tecnológica nacional acompanhe com sucesso o processo de globalização mundial. Com as normas, é possível trabalhar com um padrão tecnológico, pois elas permitem que haja consenso entre produtores, governo e consumidores. Normalização é a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Os objetivos da normalização são: Economia Proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos. Comunicação Proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços. Segurança Proteger a vida humana e a saúde. Proteção do Consumidor Prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos. Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim,o intercâmbio comercial. Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. Fim da Unidade Métodos Científicos! Realize as atividades propostas para a Unidade e as leituras complementares. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 11 Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. BARBOSA, D. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BASTOS, C.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A . C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A . C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A . Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2002. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SANTORO, M. I. Diretrizes para a apresentação de dissertações e teses da Unicsul. São Paulo; SP: [s.n.], 2007. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21ª Ed. São Paulo: Cortez, 2000. ______________. Metodologia do trabalho científico. 21ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002. 12 Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos Anotações Metodologia Científica Textos Científicos Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer Revisão Textual: Profa. Esp.Márcia Ota. 5 Un id ad e Textos Científicos · Compreender a importância da documentação como método de estudo: fichamento, resumo, resenha, artigos e seminários; · Conhecer as diretrizes para a leitura, análise e interpretação de textos. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Trabalhos Científicos • A Elaboração de Trabalhos Científicos: Fichamento, Resumo, Resenha e Artigo 7 Trabalhos Científicos A preparação planejada e metódica de um trabalho científico, tal como o que é exigido nos cursos de graduação e pós-graduação, supõe uma sequência de etapas. As principais etapas para elaboração dos trabalhos são: determinação e delimitação do tema, levantamento bibliográfico e de fontes primárias de pesquisa acerca do tema, leitura e análise da documentação, construção lógica do trabalho e, finalmente, redação do texto. a) Determinação e delimitação do tema A determinação do assunto a ser tratado envolve a escolha e a delimitação do tema. A escolha do tema deve estar vinculada a dois aspectos fundamentais: formação do pesquisador e sua prática cotidiana. As vivências dos problemas no desempenho profissional diário ajudam a alcançar a clareza necessária ao investigador na delimitação e resolução do problema (Trivinõs,1987, p. 93). O tema delimitado facilita a pesquisa. A partir de uma visão clara do tema, sob determinada perspectiva, faz-se a problematização. A formulação do problema, a hipótese ou questões de pesquisa a ser investigada, deve ser redigida com precisão e objetividade. Devemos ter maiores cuidados em relação a temas que já foram objeto de outros estudos. Isso, no entanto, não deve impedir que um mesmo tema seja abordado por vários estudiosos, desde que façam uso de diferentes enfoques, o que permitirá, ao invés de redundância, alcançar conclusões inovadoras e complementares. b) Levantamento bibliográfico e de fontes primárias As fontes documentais ou fontes primárias referem-se a documentos, escritos ou não, tais como: documentos de arquivos públicos (jornais, documentos oficiais, dados estatísticos, dados históricos, material cartográfico, entre outros) documentos de arquivos privados (diários, memoriais, cartas, autobiografias e outros). As fontes bibliográficas ou secundárias abrangem todo o material que tenha sido tornado público por um profissional ou pesquisador, que tenha analisado as fontes primárias de pesquisa. O levantamento de fontes faz-se mediante consultas a catálogos e fichários de bibliotecas, sumários de publicações, bancos de teses e dissertações, material de divulgações, material de divulgação de editoras, listas bibliográficas constantes de livros e artigos ligados ao tema, programas de busca da Internet etc. Levantando o material, faz-se necessária uma triagem, já que nem tudo será lido e estudado. Neste ponto, as resenhas são importantes por indicarem se o material é ou não útil ao desenvolvimento da pesquisa. Quando não há resenhas disponíveis, deve-se procurar informações diretamente na obra: prefácios, “orelhas”, sumários, passagens do texto etc. É no momento da triagem que se identifica aquele material, não só relevante, como mais adequado ao desenvolvimento do trabalho, deixando-se de lado obras genéricas como enciclopédias, revistas não especializadas, livros didáticos, enfim, todo material que não apresente um grau de complexidade compatível com o nível que o pesquisador pretende alcançar. 8 Unidade: Textos científicos Ao contrário do que se pensa, não se deve pesquisar apenas em documentos recentes e atualizados. Uma pesquisa científica deve ser iniciada a partir de referências antigas quando o assunto assim o ensejar. Os livros, as revistas e jornais e mesmo a Internet podem ser fontes valiosas de informações relevantes na pesquisa que se deseja realizar. São necessários dados quantitativos e qualitativos que possam validar os fundamentos do estudo desejado. c) Leitura e análise da documentação De posse das informações obtidas mediante a busca, levantamento e leitura preliminar das fontes de pesquisas faz-se necessária a elaboração de um plano prévio do trabalho a ser desenvolvido. Trata-se de um esboço traçado a partir das grandes linhas que estruturarão o estudo. Sendo provisório, este plano inicial, na medida em que incorpora ganhos de leitura, sugestões de especialistas, dados de observação da realidade, poderá sofrer reformulações mais ou menos profundas. Estabelecido o plano prévio, inicia-se a leitura propriamente dita do material selecionado, leitura esta seguida de anotações: fichamentos, resumos, resenhas e mesmo comentários pessoais, os quais devem ser classificados e arquivados tendo em vista a redação do texto final. d) A construção lógica do trabalho A construção lógica do trabalho é expressa mediante o encadeamento lógico das ideias, com o objetivo de comunicar ao leitor todo o percurso do estudo e suas conclusões. Qualquer que seja sua natureza: resenha, artigo, monografia etc., o trabalho científico deve-se constituir numa totalidade inteligível e organicamente estruturado. Para tanto, é preciso que as seções do trabalho, os capítulos, os parágrafos, organizem-se de modo coeso, numa sequência lógica, de modo que o leitor seja capaz de seguir o fio condutor do raciocínio. e) Redação do texto A redação de um trabalho acadêmico deve ser realizada com atenção para evitar problemas de digitação, problemas com pontuação, ortografia, concordância ou incoerência dos dados apresentados, entre outros. Nunca uma primeira redação pode ser dada como definitiva: é indispensável a redação prévia das partes e outra redação global do trabalho. Esta redação deverá ser revista, criticada, uma ou duas vezes, para que se possa considerá-la como definitiva. ANDRADE, 2003, p. 89 É muito importante no momento daredação final do trabalho, que o estudante / pesquisador tenha em mãos dicionários, dicionários de sinônimos, manuais de redação, entre outros materiais, para evitar problemas de ortografia e também, a repetição constante de palavras. A formatação do trabalho científico deverá seguir o padrão de normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. As normas atualizadas da ABNT encontram-se na biblioteca da universidade. 9 A Elaboração de Trabalhos Científicos: Fichamento, Resumo, Resenha e Artigo Fichamento O fichamento consiste em armazenar em fichas informações relevantes para a pesquisa. Ao conjunto de fichas denominamos arquivo. Este trabalho pressupõe a anotação, que é um procedimento de seleção de dados para futura utilização. Uma das principais características de uma anotação adequada é possibilitar a redação. Desta forma, elas não podem ser sintéticas demais, a ponto de serem incompreensíveis. Às vezes, durante o estudo, queremos reduzir a informação e usamos códigos que não são lembrados posteriormente, inviabilizando a escritura a partir deles. Em geral, as fichas compreendem: cabeçalho, corpo da ficha e referências bibliográficas. O cabeçalho engloba título genérico ou específico e letra indicativa da sequência das fichas, caso seja utilizada mais de uma. O corpo da ficha engloba as informações propriamente ditas. A referência equivale à indicação da fonte bibliográfica do material, ou seja, a procedência do material. As clássicas fichas de cartolina têm perdido espaço para programas de computador que garantem economia de trabalho e de tempo. A vantagem de se fichar o conteúdo em computador é a facilidade de transposição delas para o texto. Basta digitar o dado a ser anotado para um arquivo de documento e copiá-lo e colá-lo ao texto do pesquisador quando for conveniente. Além disso, qualquer arquivo de documento pode ser impresso e catalogado como se fosse uma ficha comum. Segundo Bastos e Keller (2000), os fichamentos podem ser: a) Obra inteira: comentário de toda obra, de modo resumido, com as próprias palavras; b) Tipo citação: resumo das ideias principais apresentadas no texto, utilizando transcrições fiéis, literais que devem vir entre aspas e apresentar o número da página ao final da citação; c) Tipo esboço ou sumário: apresenta as ideias principais de uma obra de forma sintética, mas detalhada. O número das páginas onde se encontram tais informações deve ser indicado; d) Vocabulário técnico: anota-se definições, termos técnicos e conceitos. 10 Unidade: Textos científicos Resumo O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Consiste na leitura e síntese das ideias principais do texto com suas próprias palavras. O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideias e não das palavras do texto. Não se trata de uma miniaturização do texto. Resumindo um texto com as próprias palavras, o estudante mantém-se fiel às ideias do autor sintetizado. (SEVERINO, 2002, p. 131) No resumo não há crítica, pois tem a finalidade de apontar as ideias centrais do texto, os pontos relevantes. Resenha Resenha é a apresentação do conteúdo de uma obra (resumo), acompanhada de uma avaliação crítica. Expõe-se claramente e com certos detalhes o conteúdo da obra, o propósito da obra e o método que segue para posteriormente desenvolver uma apreciação crítica do conteúdo, da disposição das partes, do método, de sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentação tipográfica, formulando um conceito do livro. Para a elaboração do comentário crítico, utilizam-se opiniões de diversos autores da comunidade científica em relação às defendidas pelo autor e se estabelece todo tipo de comparação com os enfoques, métodos de investigação e formas de exposição de outros autores. Artigo O artigo científico é um texto que discute ideias, técnicas, métodos e resultados de pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento. O objetivo principal dos artigos científicos é a divulgação do conhecimento. Segundo Barbosa (2006, p. 33), o artigo científico tem a seguinte estrutura: • Título; • Nome(s) do(s) autor(es); • Resumo: parágrafo que sintetiza os objetivos pretendidos, a metodologia empregada e as conclusões alcançadas no artigo; • Abstract: resumo em inglês; • Introdução: deve ser breve, tratando das intenções que motivaram a elaboração do artigo e da metodologia da pesquisa que forneceu subsídios para a compreensão da temática; • Desenvolvimento: É uma argumentação na qual o autor pretende persuadir o leitor com base nos fatos apresentados, na descrição dos elementos e na análise dos dados da pesquisa. Pode-se dividir esta parte em itens para melhor expor as idéias; • Conclusão: É uma apresentação sucinta do que foi exposto, tecendo considerações, fazendo inferências sobre as ideias básicas e expondo os resultados obtidos; • Referências: Havendo citações de autores, deve-se indicar a bibliografia ao final. Fim da Unidade Métodos Científicos! Realize as atividades propostas para a Unidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 11 Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. BARBOSA, D. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BASTOS, C.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A . C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A . C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A . Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2002. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SANTORO, M. I. Diretrizes para a apresentação de dissertações e teses da Unicsul. São Paulo; SP: [s.n.], 2007. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21ª Ed. São Paulo: Cortez, 2000. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002. 12 Unidade: Textos científicos Anotações Metodologia Científica Pesquisa Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 Un id ad e Pesquisa · Identificar os principais tipos de técnicas e pesquisas científicas; · Compreender os aspectos metodológicos, teóricos e técnicos que envolvem um projeto de pesquisa científica; · Compreender o processo de orientação de um trabalho de conclusão de curso. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Conceito, tipos e técnicas; • Fontes confiáveis do conhecimento científico: documentação direta (primária) e indireta (secundária); • Projeto de pesquisa: elaboração do texto; • Projeto de Pesquisa: o processo de orientação 7 Conceito, tipos e técnicas A pesquisa está relacionada diretamente com a produção de conhecimento e decorre da capacidade de raciocínio do homem, no enfrentamento de inúmeros problemas e desafios. A curiosidade e a necessidade de conhecer e explicar o novo faz com que a investigação científica se enriqueça e evolua constantemente. Inúmeros autores, entre os quais Andrade (1999), Cervo e Bervian (1996), Gil (1982), Lakatos e Marconi (1991), Salomon (1977) e Severino (2000), ao conceituarem pesquisa científica, concordam que se trata de procedimento eminentemente racional,que faz uso de métodos científicos, visando à busca de respostas e explicações para a questão em estudo. Enfatizam, também, o caráter processual da pesquisa enquanto atividade que envolve fases, desde a formulação adequada do problema até a elaboração e apresentação do relatório final ou monografia. Para Cervo e Bervian (1996), os passos geralmente observados na realização de pesquisas são os seguintes: • Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses; • Efetuar observações e medidas; • Registrar, tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada; • Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes; • Generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução; • Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam certas relações (Cervo; Bervian, 1996, p.46-47). As pesquisas costumam ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e nomenclaturas. Podem ser classificadas, por exemplo: • Segundo a área de conhecimento - em pesquisas sociológicas, antropológicas, educacionais etc.; • Segundo suas finalidades - em pesquisa pura ou aplicada; • Segundo as técnicas de coleta e interpretação de dados - em pesquisa quantitativa e qualitativa; • Segundo o ambiente em que se desenvolve - em pesquisas de campo, de laboratório. A essa diversidade correspondem múltiplas maneiras de se interpretar os dados obtidos. São os diferentes marcos epistemológicos de que se lança mão para a compreensão da realidade estudada. O resultado não deve constituir-se em uma verdade única, absoluta e inquestionável, mas numa forma de conhecimento que atribui um determinado sentido (não dogmático) àquele aspecto particular do real. 8 Pesquisa Conforme esclarece Pádua (1996), a classificação das pesquisas em diferentes tipos surgiu com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das mesmas. A autora, entretanto, observa: Para além do formalismo que uma tipologia requer, devemos reconhecer que o fundamental é compreender a realidade em seus múltiplos aspectos e, para tanto, essa compreensão vai requerer, e talvez admitir, diferentes enfoques, diferentes níveis de aprofundamento, diferentes recursos, dependendo dos objetivos a serem alcançados e as possibilidades do próprio pesquisador para desenvolvê-los. Pádua, 1996, p. 32-33. Quanto às suas finalidades, as pesquisas podem ser divididas em dois grandes grupos: puras e aplicadas. No primeiro, encontram-se os estudos motivados por razões de ordem intelectual e, no segundo, as pesquisas que objetivam resultados de ordem prática. Se a pesquisa pura pretende alargar a fronteira do conhecimento, a pesquisa aplicada tem em vista a utilização, na prática, de conhecimentos disponíveis para responder às demandas da sociedade em contínua transformação. Ao tomarmos como critério de classificação o procedimento geral de que se valeu o pesquisador, podemos classificar as pesquisas em: Bibliográficas, de Laboratório e de Campo. Um trabalho científico pode utilizar mais de um tipo de metodologia. Assim, uma pesquisa de cunho predominantemente bibliográfico pode adotar, também, recursos da pesquisa de campo ou de laboratório. a) Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos etc. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo. Por tudo isso, deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final ou monografia. Encontra-se em Andrade (1999), Gil (1991), Severino (2000), entre outras, importantes diretrizes para o êxito na pesquisa bibliográfica, no que se refere à leitura, análise e interpretação de textos. 9 b) Pesquisa de Laboratório Comumente, este tipo de pesquisa é confundido com pesquisa experimental, o que é um equívoco. Embora a maioria das pesquisas de laboratório seja experimental, muitas vezes as ciências humanas e sociais lançam mão de pesquisa de laboratório sem que se trate de estudos experimentais. Na verdade, o que caracteriza a pesquisa de laboratório é o fato de que ela ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso. Tal pesquisa quer se realize em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente adequado, previamente estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado. A Psicologia Social e a Sociologia, frequentemente, utilizam a pesquisa de laboratório, muito embora aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre possam ou, por questões de ética, nunca devam ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório. c) Pesquisa de Campo A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Ciência e áreas de estudo, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia Social, Psicologia da Educação, Pedagogia, Política, Serviço Social, usam frequentemente a pesquisa de campo para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, com o objetivo de compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade. Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social (Franco, 1985, p.35). É empregada nas pesquisas de âmbito social econômico, de comunicação, mercadológica, de opinião etc., como forma de garantir a precisão dos resultados, na medida em que as técnicas de coleta que aplica propiciam a quantificação de todo o material recolhido e na medida em que prevê o tratamento estatístico desse material. Numa pesquisa em que a abordagem é qualitativa o pesquisador está interessado na interpretação que os próprios sujeitos estudados têm da situação sob estudo, por esse motivo a ênfase na subjetividade. A abordagem qualitativa oferece flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa, pois “o pesquisador trabalha com situações complexas, que não permitem a definição exata e a priori dos caminhos que a pesquisa irá seguir”. (MOREIRA, 2004, p. 57) 10 Pesquisa Fontes confiáveis de conhecimento científico: documentação direta (primária) e indireta (secundária) Para uma boa formação universitária e, consequentemente, uma boa pesquisa, é necessário que o estudante / pesquisador desenvolvaalgumas habilidades próprias de cada área do conhecimento. Inicialmente, para que essas habilidades sejam adquiridas, faz-se necessário um embasamento teórico. Esse embasamento teórico deve ser adquirido em fontes confiáveis de pesquisa, que podem ser localizadas em diversos locais, tais como: bibliotecas especializadas, arquivos públicos, sites acadêmicos / científicos dedicados a divulgação de pesquisas, sites governamentais, entre outros. A identificação das fontes confiáveis de pesquisa pode ser iniciada da seguinte forma: (...) pela consulta de obras que propiciam informações gerais sobre o assunto: enciclopédias, manuais, dicionários especializados etc. Essas obras indicarão outras, que abordam o assunto de maneira mais específica e abrangente. Se houver necessidade de atualizar informações, as obras de publicação mais recente, os artigos de revistas e outras publicações especializadas deverão ser consultados. ANDRADE, 2003, p. 41 As fontes de pesquisa (livros, dissertações de mestrado, teses de doutorado, revistas acadêmicas / científicas, bases de dados etc.) podem ser divididas em primárias e secundárias. · Fontes primárias: são obras ou textos originais, com informações de primeira mão, ainda não trabalhados, analisados e interpretados por pesquisadores. Ex. documentos oficiais, documentos iconográficos, músicas, poesia, documentos estatísticos, diários etc. · Fontes secundárias: são obras (trabalhos) que interpretam e analisam as fontes primárias. Ex. Dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos acadêmicos e científicos etc. Para a elaboração de trabalhos (pesquisas) acadêmicos, podemos recorrer também, a diversas instituições públicas e privadas que armazenam e disponibilizam para consulta bases de dados do acervo de documentos e da produção intelectual. Para cada área do conhecimento, encontramos diversos sites interessantes que disponibilizam bancos de dados para os pesquisadores. Converse com seus professores e solicitem sugestões. 11 Projeto de Pesquisa: elaboração do texto Como estudamos na unidade anterior, todo projeto de pesquisa, como atividade racional e sistemática, deve passar por uma fase preparatória de planejamento. Esta fase é concretizada mediante a elaboração de um projeto, que é documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa (Gil, 1995, p.22).O Em outras palavras, a finalidade intrínseca do projeto é indicar às intenções do autor, deixando claro o título (ainda que provisório), a delimitação inicial do objeto da pesquisa, a justificativa, os objetivos, o caminho que será percorrido, as estratégicas e os instrumentos a serem utilizados e as etapas a serem vencidas. O planejamento, como estratégia global de ação, supõe a flexibilidade, a qual deve estar presente em toda atividade de pesquisa. Assim, o projeto inicial pode sofrer alterações na medida em que o pesquisador desenvolve e aprofunda suas idéias ou faz a descoberta de novos dados. Nas pesquisas qualitativas, principalmente, não se parte de um projeto rigidamente determinado. Ao contrário, as questões da pesquisa vão transformando-se, as técnicas vão sendo revistas e reelaboradas no próprio processo de pesquisa. Ao redigir o projeto de pesquisa, é desejável a utilização de frases curtas e vocabulário adequado. O emprego do pronome impessoal “se” e de algumas formas verbais que tendem à impessoalidade, contribuem para a objetividade na redação. Exemplo: “Nesta pesquisa pretende-se”, ou “tal levantamento foi obtido”, ou “a metodologia adotada” ou “o presente trabalho procura” etc. Porém, se outra for a opção do autor, jamais deverá misturar frases na primeira pessoa como: “eu penso que o ensino...” com frases que utilizam outras formas verbais ou pronominais: “nesta monografia pretendemos”, ou “procedeu-se neste estudo...” etc. Deve-se, também, evitar o uso do plural de modéstia “nós” como primeira pessoa do singular “eu”. Concluindo, na redação do projeto, conforme já assinalado, o cuidado com a clareza e a concisão deve estar presente em todo o trabalho, evitando-se argumentações demasiadamente abstratas, o exagero de orações subordinadas em um só período, ideias repetidas em vários parágrafos, a pomposidade e o artificialismo, buscando-se, ao contrário, a simplicidade. Todavia, simplicidade não significa nem simplismo, nem desleixo gramatical. A redação científica deve primar pela propriedade e correção vernácula. É indispensável uma revisão geral do trabalho que considere não só aspectos relacionados ao estilo, gramática e ortografia, mas, também, ao conteúdo, clareza, lógica da argumentação, articulação e equilíbrio entre suas diferentes seções (ANDRADE, 1999). É inApós a digitação do trabalho, recomenda-se, ainda, uma leitura crítica final, para evitar que o mesmo seja apresentado com erros. 12 Pesquisa Projeto de Pesquisa: o processo de orientação A elaboração de um trabalho de pós-graduação exige do pós-graduando muita seriedade, dedicação e disciplina. Segundo Severino: Ao pós-graduando, como a qualquer pesquisador, impõem-se um empenho e um compromisso inevitáveis, sem os quais não há ciência e nem resultado válido. Assim sendo, a realização de um trabalho de pós-graduação exigirá muita dedicação ao estudo, à reflexão, à investigação. Exigirá muita leitura, muita participação nos debates, formal ou informalmente promovidos. 1992, p. 112 Para que o pós-graduando consiga realizar sua pesquisa de forma adequada, ele precisa compreender que necessitará de autonomia. Mas, ele contará com o auxílio do orientador que desempenhará a função de educador, que irá dialogar com o pós-graduando, respeitando sua autonomia. O papel do orientador não é o papel de pai, de tutor, de protetor, de advogado de defesa, de analista, como também não é o de feitor, de carrasco, de senhor de escravos ou de coisa que o valha. Ele é um educador, estabelecendo, portanto, com seu orientando uma relação educativa, com tudo o que isto significa, no plano da orientação científica, entre pesquisadores. SEVERINO, 1992, p.188 A relação entre orientador e orientando é de trabalho em conjunto. Mas, o orientador não irá elaborar o trabalho para o orientando, pois sua função é de sugerir caminhos, pistas, ajudar a clarear a proposta, indicar bibliografia etc. O ideal é que o pós-graduando procure um orientador, após ter definido seu tema de estudo, para que o orientador possa auxiliá-lo na delimitação do tema, na busca por objetivos e todos os outros aspectos que envolvem a pesquisa, da elaboração do projeto até a conclusão do trabalho final. Fim da Unidade Métodos Científicos! Realize as atividades propostas para a Unidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 13 Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DIONE, J.; LAVILLE, C. A construção do saber. Porto Alegre:UFMG, 2004. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A . C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A . C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica. 12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KUHM, T. S. A . Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. MÁTTAR NETO, J. A. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2002. MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SALONON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SEVERINO, A. Joaquim.Metodologia do trabalho científico. 21ª Ed. São Paulo: Cortez, 2000. 14 Pesquisa Anotações Metodologia Científica Métodos Científicos Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 Métodos Científicos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Conceituação e importância do método • Tipos de métodos • Relação entre método e técnica • Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo • Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fontes primárias e secundárias de pesquisa • Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (elementos constitutivos) · Conceituar e compreender a importância do método; · Identificar os diferentes tipos de métodos usados na metodologia científica; · Estabelecer a relação entre método e técnica. 6 Unidade: Métodos Científicos Conceituação e importância do método Para reforçar o que aprendemos na unidade anterior, de que a Ciência é um procedimento metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos alguns dos diferentes métodos científicos. O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste ou daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da ciência, uma vez que reflete as condições históricas do momento em que o conhecimento é construído. Somente à base desta reflexão o pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico do conhecimento científico. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55) Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Portanto, entende-se que: È um procedimento de investigação e controle que se adota para o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer. Não se executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e procedimentos norteadores da ação.” (BASTOS; KELLER, 2000, p.84) Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de “verdades” científicas. Quais são as “verdades” científicas? O que é ser cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método tem vital importância, já que é por meio dele que se alcançam as “verdades” buscadas pela humanidade por meio dos pesquisadores. Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas sempre necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento. Uma experiência científica só será considerada como válida para o mundo da Ciência, se for realizada seguindo determinadas normas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis vezes um trabalho até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade exigidos pela Ciência. O Cientista é aquele que utiliza o método científico para encontrar a solução dos problemas ou compreender o universo à sua volta. Assim, o método científico é o caminho trilhado pelo cientista. No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada / aplicada para que os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será aceita como uma teoria. 7 Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da pesquisa. Dúvida Problema Hipótese Tentativa de Solução A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com a pesquisa. O Método Científico é composto pelas seguintes fases: • Observação de um fato; • Formulação de um problema; • Proposta de uma hipótese; • Realização de uma pesquisa para testar a validade da hipótese. Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado. Tipos de métodos Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resultados. São eles: a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir: • João é mortal. • Paulo é mortal. • Manoel é mortal. • Ora, João, Paulo e Manoel são homens. • Logo, (todos) os homens são mortos. Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras podem levar a uma falsa conclusão. b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral, chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, 8 Unidade: Métodos Científicos Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo: • Todo mamífero é vertebrado. • Todo homem é mamífero. • Logo, todo homem é vertebrado. c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991). Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma: 1. Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 2. Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 3. Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas; 4. Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la; 5. Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confirmação da hipótese, entretanto, está é considerada provisória. Neste caso, de acordo com Popper1, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide. d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contraposta, tende a formar uma síntese. Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática. O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca (...) É contrárioa todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega, se transforma. (ANDRADE, 1999, p.114-115). 1 O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935. 9 Portanto, o método dialético é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é percebido como em constante mudança. e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com o objetivo de pôr a descoberto os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm. Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite reeducar, reorientar o olhar que investiga. O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial, como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de “ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento. Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações. É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas regras formais de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica. f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo, portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as relações de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social. O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133) Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a preocupação de colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualiza-lo. Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos semelhantes em sociedades diferentes (Lakatos; Marconi, 1991). Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão diferentes quanto o positivista, o fenomenológico, o dialético etc. 10 Unidade: Métodos Científicos Relação entre método e técnica Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão estreitamente relacionados e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua diferenciação semântica. Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na Grécia Clássica (méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um determinado resultado. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ex.: pesquisa experimental, diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos convenientemente para se chegar a um fim. A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu controle, a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata de um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são objetos de atenção de grupos especializados ligados às universidades, às empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos. Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever os acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método, não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados novos instrumentos. Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No século XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem, no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade, podendo ser aperfeiçoadas ou superadas. 11 • A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar que existe um método universal? • Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações diversas? E tendo situações diferentes podemos qualificá-las como universais? • Como descrever relações universais por meio de métodos “individuais”? • Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente? • Será que podemos nomear o método como sendo universal? A busca do Conhecimento Científico como vimos anteriormente, passa por diversas etapas. Tais etapas discutiremos a seguir. Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo O projeto de pesquisa desempenha várias funções: planeja a elaboração do trabalho de conclusão de curso, permite aos orientadores que avaliem o trabalho de pesquisa que será realizado e auxilia o aluno para a sistematização organizada de uma pesquisa. Para a elaboração de um projeto de pesquisa é fundamental que o aluno já tenha definido o objeto que vai pesquisar, de forma que possa, junto ao orientador, delimitar o assunto, de forma a torná-lo mais preciso e claro. Não existe regra definida para a escolha do objeto. Pode ser feito de acordo com curiosidade do aluno, suas necessidades pessoais ou mesmo por sugestão do orientador. SegundoVieira: Definir o tema é pensar o objeto e não apenas escolher o assunto. Nesse sentido a definição não é um ato só inicial: ela se articula com a problematização, formando com esta momentos e expressão de um único movimento. Qualquer que seja o ponto de partida: uma referência bibliográfica, uma reflexão metodológica, um contato com fontes, uma experiência de vida, ou um debate colocado pelo social, a construção do objeto, dependendo da postura teórica do pesquisador e de sua vivência, se realizará por caminhos diferentes, conduzindo a resultados também diferentes. (1998, p.30-31) A delimitação do tema é importante porque circunscreve o assunto a um ângulo específico, facilitando a pesquisa e a redação do trabalho. Trabalhar em cima de um assunto bastante restrito facilita muito o trabalho de pesquisa e a elaboração do texto (...) O fato é que o tema levado ao máximo de redução permite uma concentração da pesquisa e um aprofundamento de seu conteúdo. (NUNES, 1999, p. 9) Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular que será tratado, pois quanto maior o domínio que o aluno tiver do tema, mais facilidade terá no desenvolvimento do projeto e posteriormente, na redação do Trabalho de Conclusão de Curso. Após a definição do objeto e delimitação do tema de estudo, o pesquisador deve elaborar um projeto de pesquisa. Mas, para tal elaboração é de fundamental importância a realização de um levantamento de fontes primárias e secundárias de pesquisa. 12 Unidade: Métodos Científicos Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fon- tes primárias e secundárias de pesquisa O pesquisador após realizar a definição do objeto de estudo e delimitação do tema, deverá partir para os próximos passos da pesquisa. Inicialmente, o estudante deve realizar o levantamento e a organização das fontes primárias (jornais, revistas, leis, decretos etc.), que poderão ser localizadas nos diferentes órgãos de documentação (museus, arquivos, bibliotecas, centros de documentação, entre outros) e secundárias de pesquisa (referenciais teóricos e metodológicos). A leitura e organização desses materiais auxiliarão o pesquisador situar o objeto de estudo no tempo e no espaço e ainda, na indicação dos pressupostos que irão subsidiar as discussões e análises a que se propõe o estudo. Em qualquer tipo de pesquisa, é imprescindível que se faça uma abordagem teórica sobre o assunto no qual se insere o objeto- problema a ser estudado (...) O referencial teórico deve conter um apanhado do que existe de mais atual na abordagem do tema escolhido, mesmo que as teorias atuais não façam parte de suas escolhas. Deve estabelecer os marcos conceituais que vão nortear o desenvolvimento da pesquisa, as linhas de pensamento e as teorias que vão sustentar a análise dos dados que vai colher durante a realização do levantamento (...). (MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 37-38) O “diálogo” inicial com as fontes primárias e secundárias de pesquisa aponta os caminhos para que o pesquisador consiga problematizar o objeto, ou seja, levantar questões e / ou hipóteses de pesquisa e ainda, definir quais os objetivos do trabalho. Nesse sentido não dá para fazer a seleção de fontes depois da problematização, como geralmente recomendam os manuais. O pesquisador, no encaminhamento da pesquisa, se depara com registros que funcionam como elemento perturbador, ou porque não consegue explica-los, ou porque questionam linhas importantes de sua reflexão. (VIERIA et. al., 1998, p.46) Após a definição do objeto, a delimitação do tema e o levantamento inicial das fontes de pesquisa, o pesquisador pode partir para o próximo passo da pesquisa, que é a elaboração do projeto de pesquisa. 13 Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (el- ementos constitutivos) Em qualquer setor de atividade humana, planejar é necessário. Projeto é a preparação gradual ou o planejamento referente a algo que se pretende pôr em prática em qualquer área de estudos: ciências humanas, biológicas, exatas, artes e até mesmo em nossa vida pessoal. BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.15 Um projeto de pesquisa, como vimos anteriormente, pode desempenhar várias funções, pois define e planeja para o próprio aluno o caminho a ser seguido no desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem alcançadas, os instrumentos e estratégias a serem usados; disciplina o trabalho e organiza o tempo e permite ao orientador avaliar melhor o sentido geral do trabalho. Os trabalhos monográficos constituem parte importante da formação técnico-científica dos acadêmicos, sejam eles estudantes universitários de cursos de graduação ou de pós-graduação. Por esse motivo, necessitam de um rigor metodológico e não podem ser submetidos à pura espontaneidade criativa de quem os elabora. Portanto, os aspectos metodológicos – instrumentos utilizados para dotá-los de tal modelagem – ganham progressivamente mais relevância à medida que o pesquisador vai familiarizando-se com as normas e especializando-se no ato de pesquisar. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 32 O projeto de pesquisa é a etapa inicial da elaboração de trabalhos de conclusão de curso e, portanto, deve conter alguns elementos essenciais, tais como: • Título e subtítulo do trabalho; • Introdução que permita situar e apresentar o tema de pesquisa; • Justificativa da escolha do tema; • Objetivos; • Problematização (questões e / ou hipóteses da pesquisa); • Metodologia; • Cronograma de trabalho; • Bibliografia. O título do projeto deve indicar o assunto do trabalho de forma criativa, para chamar a atenção para a pesquisa e o subtítulo do projeto deve explicar o assunto do trabalho de forma detalhada, ou seja, o título deve sintetizar o conteúdo da pesquisa. Pode ser acompanhado ou não de subtítulo. Neste último caso, enquanto o título tem caráter mais geral, o subtítulo delimita com mais precisão o alcance dos objetivos da pesquisa. Exemplo: “A licenciatura em História: avaliação do curso de História da Unesp-Franca”. A introdução é a apresentação do assunto da pesquisa, ou seja, é onde contextualizamos espacial e temporalmente nosso objeto de estudo, dialogando com os trabalhos que já versaram sobre o assunto. 14 Unidade: Métodos Científicos A apresentação de um referencial teórico tem a finalidade de mostrar ao (s) avaliador (es) do projeto que o autor detém conhecimento suficiente do assunto em que seu projeto está inserido, buscando aprofundamento no tema que escolheu a partir de um objeto a ser estudado. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 38 Na justificativa apresentamos o motivo da escolha do tema, sua relevância social e / ou acadêmica (científica). Neste item também precisamos dialogar com autores / trabalhos que já versaram sobre o assunto, é onde se coloca a gênese do problema, explicitando os motivos mais relevantes que levaram a abordagem do assunto. Neste item, o pesquisador expõe os motivos mais significativos que o levaram a abordar o tema escolhido. A argumentação, mediante a qual o pesquisador expõe os motivos que o levaram a eleger determinado tema e a importância da contribuição que seu estudo pode ensejar, são fatores fundamentais na aceitação da pesquisa por parte de seu público-alvo. Na problematização do projeto devemos levantar as questões e / ou hipóteses da pesquisa. Tais problemas deverão ser investigados durante a pesquisa e, posteriormente, respondidos durante a redação do trabalho de conclusão de curso. Após a problematização do tema, o autor do projeto deve expor os objetivos que o trabalho visa atingir, isto é, a situação que se deseja obter ao final da trajetória de pesquisa e redação do trabalho de conclusão. Os objetivos determinam o que se projeta fazer, ou o que se pretende com a pesquisa. Devem ser determinados considerando- se a viabilidade de atingi-los. Os objetivos estão diretamente relacionados ao tema e ao problema levantados(...) BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.19 Os objetivos devem estar claramente definidos, coerentes com o tema proposto, esclarecer o que se pretende com o projeto a partir das hipóteses ou das questões de pesquisa a serem investigadas. Na explicitação dos objetivos de uma pesquisa, antecipam-se as contribuições que a mesma 15 pretende trazer para o avanço daquela área específica do conhecimento. No item metodologia, o autor deverá anunciar os materiais (fontes de pesquisa) que irá analisar e os procedimentos metodológicos (métodos e técnicas) que irá utilizar na elaboração da monografia: trabalho de campo, laboratório, entrevistas, pesquisa bibliográfica ou, se for o caso, um estudo que combinará diferentes formas de investigação. A partir daí, devem ser apresentadas e respondidas questões do tipo: Como? Com que? Onde? Quando? Deverão ser mencionadas, também, as técnicas e instrumentos de pesquisa que serão empregados na coleta de dados como, por exemplo: levantamento das fontes documentais e bibliográficas, observação, entrevistas, questionários, testes, história de vida, análise de conteúdo etc. O cronograma de trabalho deve apresentar as várias etapas (atividades) do desenvolvimento da pesquisa, distribuídas no tempo, ou seja, distribuição das tarefas nos períodos do calendário. O cronograma de desenvolvimento das atividades de pesquisa depende de uma série de fatores relacionados com as exigências das faculdades ou institutos, das agências de fomento, da disponibilidade do pesquisador e, fundamentalmente, dos objetivos a serem atingidos. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 40 Na bibliografia do projeto de pesquisa, todo material consultado para elaboração do projeto deverá ser relacionado de acordo com as normas da ABNT. Fim da Unidade Métodos Científicos! Realize as atividades propostas para a Unidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 16 Unidade: Métodos Científicos Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução á metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. BIANCHI, A. C. M.; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R. Orientação para estágio em turismo: trabalhos, projetos e monografias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DIONE, J.; LAVILLE, C. A construção do saber. Porto Alegre: UFMG, 2004. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GALLIANO, A. C. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2003. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978. KÖCHE, J. C. 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