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Complexo do Frevo

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Prévia do material em texto

LUCAS TORCHIO 
 
 
 
 
 
 
 
COMPLEXO DO FREVO 
ESPAÇO COLABORATIVO PARA OS CLUBES DE FREVO DE PERNAMBUCO 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE 
SOB ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR FABIANO DINIZ PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE BACHAREL EM ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
RECIFE 2019 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
Este documento corresponde ao Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo realizado 
pelo aluno Lucas Torchio sob a orientação do Professor Fabiano Diniz para obtenção do título de 
bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco. 
O tema foi escolhido a partir da problemática situação em que os clubes de frevo se encontram, mas 
também por razões afetivas pessoais com o Carnaval. O trabalho foi desenvolvido com a finalidade de 
entregar, como produto final, uma proposta arquitetônica que visa solucionar os problemas das 
agremiações e levantar o debate sobre o abandono dos clubes, pelo poder público e pela população em 
geral. 
O escopo do texto é o desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico do Complexo do Frevo, com uma 
proposta pensada como parte de uma concepção urbanística que contempla todo polígono de 
intervenção determinado. O entendimento da relação mútua entre o bem imaterial do frevo e o espaço 
físico de São José foi primordial para um resultado completo de respostas às problemáticas 
levantadas no texto. 
A organização do documento se dá de forma linear para facilitar a leitura, embora o processo tenha 
acontecido de maneira sinuosa. O trabalho está dividido em quatro etapas distintas: análise histórica, 
situação atual dos clubes, o contexto urbano e a proposta do produto final. 
O embasamento inicial do projeto foi feito através de uma introdução histórica da origem do frevo e 
sua relação com o bairro de São José, com destaque para o processo de ruptura e descontinuidade da 
identidade do bairro e com a situação atual dos clubes. 
O momento delicado das agremiações foi identificado por meio de reportagens e entrevistas dos sócios 
dos clubes de frevo, que enfatizavam a necessidade de um espaço edificado para se estabelecer. 
No trecho seguinte, é levantada a questão da valorização do frevo como Patrimônio Histórico da 
Humanidade - título conferido pela UNESCO, 2012 - e também com a construção de um museu próprio, e
 
 
 
contraste com a falta de atenção dada aos clubes. Essa contradição ressalta a necessidade de 
investimentos nessa outra área, já que os clubes são as instituições que dão continuidade ao frevo e 
são responsáveis pelo futuro da manifestação. 
Destacado o problema, na etapa seguinte foi feita uma análise urbana que evidenciou a necessidade de 
uma proposta global que una a proposta arquitetônica ao espaço público. O diagnóstico do bairro foi 
fundamental para o surgimento de conceitos norteadores e diretrizes para o desenvolvimento do 
partido da proposta edificada. 
A identificação das características urbanas se deu através da delimitação de um polígono de 
intervenção demarcado por pontos nodais e marcos arquitetônicos da região. A delimitação espacial 
demonstrou a existência de um adensamento de pontos focais, como prédios históricos, que apesar de 
próximos estão ilhados e segregados entre si. Também evidenciou a existência de diversas barreiras e 
vias subutilizadas que criam esse distanciamento formal e visual entre as partes importantes que 
precisam ser conectadas para criação de uma identidade do bairro. 
A última etapa é a proposta projetual propriamente dita, onde todo o embasamento dado anteriormente 
é materializado em forma, com dimensionamento e alocação dos usos. 
Inicialmente, foi necessário estabelecer um programa de necessidades que atendessem às demandas 
do bairro e dos clubes, desvendadas após as investigações realizadas neste presente trabalho. 
Após esse processo, foi necessário distribuir esse programa com o dimensionamento correto de 
acordo com as necessidades dos usuários. Essa composição dos programas distribuídos pelo terreno 
geram a volumetria da edificação que precisa ser implementada de forma que abracem o espaço 
público no térreo. 
Por fim, como resultado de todo esse processo foi apresentado os desenhos que compõem o 
anteprojeto (Plantas, Cortes, Fachadas e Perspectivas), feitos a partir de soluções espaciais e 
estruturais, propostas de revestimentos, concepção de fachadas e relações de cheios e vazios. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. A HISTÓRIA DO FREVO 
1.1. CARNAVAL E SUA ORIGEM.................................................................................................... .01 
1.2. O FREVO E O BAIRRO DE SÃO JOSÉ.....................................................................................03 
 
2. PROBLEMÁTICA DOS CLUBES 
2.1. PREOCUPAÇÃO COM O PASSADO, MAS NÃO COM O FUTURO..........................................07 
 
3. ANÁLISE URBANA 
3.1. CONTEXTO URBANO................................................................................................................13 
3.2. DIRETRIZES URBANAS......................................................,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.................. ...59 
 4. COMPLEXO DO FREVO 
 
 
4.1. O COMPLEXO DO FREVO............................................................................................................24 
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES............................................................................................... .25 
4.3. O TERRENO............................................................................................................................. ......26 
4.4. IMPLANTAÇÃO E VOLUMETRIA..................................................................................................28 
4.5. O PROJETO..................................................................................................... ...............................31 
 
 
 
 
 
1. A HISTÓRIA DO FREVO 
 
 
 
 
 1 
 
1.1.Carnaval e sua Origem 
O Carnaval tal como se conhece hoje, é 
uma festividade derivada do Entrudo, 
uma tradição de costume português 
trazida ao Brasil no período colonial. O 
termo ‘entrudo’ é originado pela palavra 
latina “introlito” que significa introdução, 
faz referência aos dias anteriores à 
quaresma. 
A solenidade consistia em uma grande 
brincadeira em que as pessoas se 
atacavam com farinha, limões de cheiro, 
polvilho, urina e líquidos diversos 
durantes os três dias antes do período 
de liturgia e penitência. 
O entrudo, era uma manifestação que 
 além da festividade popular, era um 
conflito de ocupação do espaço público 
entre classes sociais segregadas entre 
si.Foi o primeiro momento em que as 
classes populares composta de 
escravos, afrodescendentes, e 
comerciantes de baixa renda se 
divertiam coletivamente nas ruas da 
cidade. 
Em meados do século XIX, a manifestação começou a 
ter grande receptividade da população nativa, ela 
servia para ajudar e aliviar os compromissos atados 
com os dogmas religiosos rígidos do catolicismo da 
época. Toda a brincadeira e festa auxiliaram a 
aceitação e doutrinação religiosa em diferentes 
classes sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enquanto isso, a tradição dos bailes já existia em 
Recife desde 1845, quando aconteceu o primeiro baile 
de máscaras na Madalena, e nos anos seguintes em 
que foram realizados nos teatros públicos do Apolo 
e Santa Isabel. Esses bailes que eram organizados 
pelas elites à moda de Veneza, cresceram e 
deixaram os salões para ganhar a rua, local já 
IMAGEM 01: Desenho de Jean Baptiste-Debret 
(1768-1848) mostrando escravos brincando no 
entrudo 
2 
 
abraçado pela população mais pobre. O 
choque de classes gerou muito conflito 
de pessoas com vivências distintas, pela 
disputa do uso da rua. 
A foliado povo no espaço público logo foi 
taxada negativamente pelas pessoas, 
imprensas e elite intelectual da época. 
Os jogos, brigas, violência e urinas se 
tornaram atividades reprimidas pelo 
governo. A força policial controlou a 
antiga prática do entrudo com o objetivo 
de afastar os pobres marginais das ruas 
das cidades para que os membros das 
classes médias e altas pudessem ocupá-
las. 
Foi nesse contexto, que governo Imperial 
realizou, em 1855 no Rio de Janeiro, o 
Congresso de Sumidades Carnavalescas, 
para reunir todas as instituições que 
tinham interesse de resolver esse 
conflito, para assim decidirem o futuro 
do carnaval. O evento foi considerado a 
primeira agremiação organizada do 
carnaval, composto pelas classes mais 
bem posicionadas no topo da hierarquia 
social, demonstrando sua face e intenção 
elitista e higienista. 
No evento consegue-se chegar a um consenso de que 
o carnaval não terminaria, mas seguiria os moldes 
europeus visando atender a ordem e os bons 
costumes. Configurava-se assim, uma tentativa de 
modernizar o espaço público de maneira excludente, 
incentivando somente a prática de atividades 
culturais consideradas civilizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A proibição ao formato tradicional do carnaval de 
todo o Brasil, enfraqueceu a tradição e causou o 
declínio do entrudo no final do século XIX. Mas a 
atividade carnavalesca popular se adaptou, continuou 
nas ruas e resistiu em vários territórios do país. 
Em todo o Brasil, o carnaval começou a mudar de 
estilo, à exceção de Pernambuco onde se inicia um 
IMAGEM 02: Desenho de Guerave de 1883 retrata um baile de 
máscaras no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. 
3 
 
movimento contrário ao governo 
imperial. Na mesma época da definição 
de mudança da festividade, aconteceu na 
região portuária de Recife um esboço 
daquilo que viria a se tornar as 
agremiações carnavalescas 
pernambucanas. 
Os integrantes das Companhias de 
Carregadores de Açúcar e das 
Companhias de Carregadores de 
Mercadorias se uniram durantes os 
festejos de tradição ibérica dos ternos 
de Reis. Os integrantes realizaram um 
cortejo levando música, dança e orações 
em referência aos três reis magos, 
enquanto carregavam um caixão de 
madeira e bandeiras ao som de fogos e 
músicas improvisadas no calor 
momento. Esse acontecimento iniciou a 
criação das associações coletivas de 
grupos de carnaval, iniciando a cultura 
de grupos carnavalescos de rua. 
Pode-se dizer que a partir da Abolição da 
escravatura em 1888 e com a maior 
liberdade civil para as classes mais 
baixas ocuparem as ruas sem opressão 
estatal, os grupos organizados de 
carnavais começaram a deslanchar. 
Nesse momento acontecem os desfiles 
carnavalescos, sempre acompanhados pelas bandas, 
militares e civis. A mistura da influência da cultura 
escravagista e da capoeira, as marchas e as 
quadrilhas europeias se misturam para formar as 
fanfarras. Grupos tradicionais pernambucanos, 
constituídos por instrumentos de metal são 
considerados a forma embrionária do frevo, 
resultado de toda a miscigenação cultural e artística 
brasileira. 
 
1.2. O Frevo e o Bairro de São José 
No final do século XIX e início do século XX a cidade 
de Recife viveu uma fase de intensa agitação. O Novo 
século anunciava uma nova era: estradas de ferro, 
novas tecnologias de comunicação, construção de 
novas avenidas e mudanças urbanas. Essa 
modernização, o bairrismo e a libertação dos 
escravos trazia uma sensação de otimismo e 
esperança. O frevo traduzia o clima de efervescência 
vivida pela população que se expressava através da 
dança e música. 
Para compreender a história do frevo é necessário 
entender a história da formação dos bairros mais 
antigos e das camadas populares da cidade. O 
surgimento do frevo se confunde muitas vezes com a 
4 
 
história de formação do centro histórico, 
principalmente de São José. 
São José é um dos bairros mais 
tradicionais da cidade do Recife e 
compõe junto com os Bairros de Santo 
Antônio, e do Recife o centro histórico e 
cultural do município. A região tem 
inúmeros marcos importante para a 
cidade, como o Mercado de São José; a 
Casa da Cultura; o Pátio de São Pedro e o 
Forte das Cinco Pontas. 
O espaço público com todos esses 
marcos, além de acolher espacialmente 
as manifestações fez parte do processo 
como protagonistas na união entre 
grupos diferentes de pessoas, e foi 
nesse encontro de experiências e de 
costumes que o frevo foi criado, unindo 
diferentes tribos. 
Após a abolição da escravatura o centro 
histórico de Recife e de todo o país tinha 
uma presença forte de negros de ganho 
- ex-escravos que passavam o dia 
peregrinando pela cidade atrás de algum 
serviço que pudesse sustentá-los. 
Trabalhavam como pedreiro, ferreiro, 
marceneiro ou qualquer atividade que 
trouxesse alguma renda para ele e sua família, como 
uma prática de resistência e sobrevivência. 
Geralmente se aglomeravam em locais 
movimentados como mercados, praças, portos e 
pontes, nos bairros históricos. O cenário de São José 
constituído do Mercado de São José, dos Armazéns, 
das praças e Igrejas criou um grande ambiente de 
troca e de conexão criando um frenesi social que foi 
a base para o surgimento do frevo. 
É nesse contexto espacial que as primeiras 
associações organizadas de trabalhadores formaram 
os clubes de pedestres em diversos formatos, 
tamanhos, músicas e fantasias. Essas organizações 
foram criadas com o objetivo de defender os 
interesses coletivos e reivindicar melhores 
condições de vida, mas também estruturaram 
cortejos inspirados nas procissões da quaresma. 
Os clubes criaram uma forma própria de festejar 
durante os dias de folgas, não existiam os luxos 
alegóricos, nem as músicas cantadas nos bailes e 
teatros. O povo desenvolveu músicas e cantos 
particulares, muito vibrantes que se espalharam nas 
ruas do centro urbano, principalmente no Bairro de 
São José. 
O carnaval do Recife ainda hoje, tem a maioria de 
suas tradições ligadas ao bairro, pois é lá onde se 
5 
 
realizam os desfiles, e também é o lugar 
em que originou as sedes de clubes 
carnavalescos importantes, como o 
Clube das Pás Douradas, dos 
Vasculhadores e do Clube Vassourinhas, 
além da escola de samba Estudantes de 
São José, criada pelos estudantes da 
vizinhança. Em São José também sai, no 
Sábado de Zé Pereira o Galo da 
Madrugada, conhecido como o maior 
bloco carnavalesco do mundo, que 
anuncia a chegada do carnaval. 
Antigamente, os ensaios dessas 
agremiações no período antes do 
carnaval, levavam multidões às ruas ao 
som do frevo e das músicas tradicionais. 
Documentações históricas contam como 
o bairro se transformava em um grande 
bloco monolítico, nas vielas e ruas 
estreitas quando os clubes vinham de 
todas as partes da cidade. A Rua da 
Concórdia, Pátio do terço, Rua Direita, 
Forte das Cinco Pontas, tudo se unia num 
único cenário de festa. Era o Carnaval do 
povo mais humilde, tradicional e inclusivo 
da cidade do Recife. 
Porém, apesar das tradições, com o 
passar do tempo São José deixou de ser 
uma zona residencial e passou a ser uma área 
predominantemente comercial. As Ruas das 
Calçadas, da Concórdia e todo o comércio informal 
existente no local cria uma atmosfera de 
degradação, que piora depois do horário comercial. 
 Esse processo de desvalorização causou o 
padecimento da identidade do bairro por causa da 
falta de residentes locais, e em consequência disto 
as agremiações também foram perdendo sua 
importância perante a sociedade, principalmente em 
relação ao público mais jovem. 
Mesmo passado por processo de degradação e de 
gentrificação das populações antigas que residiam 
na região, o centro histórico ainda é o lugar que 
carrega a simbologia, a memória e continua sendo o 
palco principal do carnaval e do frevo. E apesar detodo o descuido público, o local ainda mostra ser um 
espaço de resistência em que o passado é revivido, e 
a história e tradições podem ser resgatadas. 
O complexo do frevo é proposto com a missão de 
ajudar neste resgate a tradição de São José. O 
projeto serve como instrumento de apropriação do 
frevo ao bairro, porque somente com a relação 
afetuosa entre os moradores, as pessoas e o 
patrimônio imaterial é possível readquirir os valores 
culturais e de costumes da região. 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. A problemática dos clubes 
7 
 
2.1.PREOCUPAÇÃO COM PASSADO, 
MAS NÃO COM O FUTURO 
O processo de reconhecimento formal do 
frevo como patrimônio imaterial foi um 
passo importante para manutenção 
dessa expressão artística e cultural. Em 
2007, o frevo foi declarado Patrimônio 
Imaterial do Brasil pelo Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(IPHAN), mas foi em 2012 que veio o 
maior reconhecimento. A Organização 
das Nações Unidas para a Educação, 
Ciência e Cultura (UNESCO) aprovou 
durante a 7ª Sessão do Comitê 
Intergovernamental para a Salvaguarda 
do Patrimônio Cultural Imaterial, o frevo 
como Patrimônio Cultural Imaterial da 
Humanidade. 
 
A condecoração incentivou o Poder 
Público a investir em novos espaços 
culturais para realizar a salvaguarda do 
frevo, que após o título é garantida por 
lei. O maior deles foi inaugurado em 2014. 
O Paço do Frevo, um museu novo, 
moderno e com design arrojado foi 
construído para contar as histórias do 
frevo de forma interativa e sensorial. O edifício além 
de ter um acervo histórico, também abriga 
atividades semanais de apresentações e ensino de 
dança e música, servindo como maior centro de 
referência do frevo. 
 
O contraste de investimento do poder público é 
evidente. Enquanto as áreas que geram mais 
publicidade eleitoral, como a inauguração de um 
grande museu recebem a devida atenção, as 
instituições tradicionais que mantém a história do 
frevo brigam pela sobrevivência e manutenção do 
legado. 
 
Nos períodos de Carnaval, toda exuberância desfilada 
durante a semana de folia destoa com a realidade do 
resto do ano. No corredor da Avenida Dantas 
Barreto, no centro do Recife, a decoração típica 
domina a Terça-feira Gorda, mas nos outros dias a 
luta dos clubes para se sustentar até o carnaval do 
ano seguinte é grande. As dificuldades econômicas 
são o principal desafio para a continuidade das 
agremiações, o que faz com que muitas vezes os 
presidentes recorram a empréstimos em agiotas 
para não deixar os clubes acabarem. 
 
As Instituições carnavalescas mais tradicionais 
alegam que os incentivos públicos não dão conta das 
8 
 
despesas. Elas recebem anualmente um 
incentivo que varia de acordo com o 
grupo. O valor da ajuda é R$ 3.450 a 
cada participante do Grupo de Acesso e 
de R$ 16 mil para os integrantes do 
Grupo Especial. O auxílio é depositado 
pela prefeitura em duas prestações, uma 
antes do carnaval e uma posterior, 
sendo a última, mediante prestação de 
contas (dados de 2015, segundo 
reportagem do Diário de Pernmbuco). 
Mas segundo os diretores, o custo de um 
desfile é cerca de 20 mil reais. 
De acordo com Lindivaldo Oliveira, 
(reportagem agência do Brasil) 
presidente do Banhista do Pina aos 82 
anos na época da reportagem, o grupo 
se mantém através de ajuda da 
comunidade. 
 “Vamos desfilar no carnaval e a 
prefeitura pagou o cachê, então não é 
uma ajuda, é um serviço. O que eles dão 
não dá nem para a orquestra”, 
argumentou. 
A manutenção das sedes, para os clubes 
que possuem, demanda munição 
financeira durante o ano inteiro. Para se 
sustentar, os diretores dos clubes organizam rifas, 
bingos e eventos, mas para aqueles que não têm 
sede fixa é difícil quitar as dívidas, armazenar 
materiais e angariar recursos. Atualmente, a maioria 
das instituições armazenam os pertences dos clubes 
na casa de sócios, e para fazer eventos precisam 
alugar um espaço privado. Os sócios das 
agremiações afirmam a necessidade de ter seu 
espaço próprio, o que ressalta a importância das 
sedes para a sobrevivência dos clubes, e 
consequentemente do frevo. 
A condição precária das agremiações fica 
evidenciada pelos depoimentos daqueles que são 
responsáveis pelas instituições. Mesmo Clubes 
centenários, como o Bola de Ouro, fundado em 1915, 
não escapam dessa conjuntura como conta em 
reportagem ao Jornal Diário de Pernambuco(2015) 
Luiza Ramalho, sua ex-presidente: 
 
“Nós, que nem sede fixa temos, tomamos 
empréstimos, usamos cartões de crédito dos 
familiares e recorremos à solidariedade de amigos 
para custear orquestra, fantasias e 
estandarte”.(...)Na casa no Bairro de São José - onde 
já se amontoam figurino e adereços do próximo 
desfile, além de peças dos carnavais passados - ela 
diz aguardar uma fiscalização mais “generosa” das 
entidades governamentais. Espera ser agraciada 
9 
 
com uma sede fixa e armazenar os 
pertences do clube fora da residência. 
“Seria a melhor homenagem”, arremata. 
 “Vou morrer nesse bairro, à frente do 
clube, e, quando isso acontecer, vou 
passar o bastão ao meu filho Robervaldo 
Ramalho, vice-presidente” 
Infelizmente Dona Luiza faleceu meses 
após o centenário do clube, mas o filho 
dela segue administrando, dando 
continuidade ao legado da instituição, 
como era a vontade dela, segundo 
Gláucia Araújo de Souza, 50 anos, 
companheira do filho Robervaldo e atual 
vice-presidente, em outra reportagem, 
na Folha de Pernambuco(2017): 
 “Ela (Luiza) tinha pedido a ele 
(Robervaldo) que não deixasse essa 
cultura morrer”, 
A administração passou de geração, o 
tempo passou, mas a conjuntura 
continua a mesma. A falta de sede e a 
gentrificação do clube para bairros 
periféricos e sem relação de memória e 
identidade com a história dificultam a 
manutenção. 
.“O maior sonho dela (Luiza) era ter uma sede”, 
lembra Gláucia. 
Atualmente o Bola de Ouro funciona sem sede, 
apenas com eventos na rua, no Bairro da Bomba do 
Hemetério, longe da região em que ele foi fundado. A 
importância de um espaço físico para realização de 
atividades, de armazenamento de materiais e de 
acolhimento da comunidade também é destacado 
pela nova gestão. 
“Se a gente tivesse uma sede, poderia promover 
eventos, desenvolver um projeto social e colocar um 
Carnaval melhor na rua”. Desabafa a vice-
presidente durante realização da reportagem. 
Mesmo com toda a dificuldade utilizando recursos 
próprios e emprestados, o clube continua a sair 
todos os anos no carnaval ,sobrevivendo à base do 
amor de seus sócios e no legado passado para as 
novas gerações. 
É nisso que acredita Genival Dantas, presidente do 
Lenhadores, segundo ele: “As tradições que vêm de 
família, sobrevivem”(Diário de Pernambuco, 2015). 
Sua afirmação está apoiada pela fala de seu neto 
João Victor ao dizer que sonha ser presidente dos 
Lenhadores no futuro. 
O senhor de 76 anos de idade, destaca como maior 
obstáculo a situação fiscal. O Clube Carnavalesco 
10 
 
Misto dos Lenhadores, também está 
sediado em um bairro afastado do centro 
histórico e de sua origem. Atualmente 
está situado na Mustardinha, região sem 
ligação direta com o carnaval. 
Apesar de alguns clubes terem novas 
gerações de sócios dispostos a 
prosseguir com as tradições festivas, 
existem muitos em que os 
administradores estão em idade muito 
avançada e não tem ninguém para 
sucedê-los. É o que acontece com o 
Elefante de Olinda, por exemplo. João 
Trindade de 76 anos, não desiste do 
carnaval apesar de toda a dificuldade. 
 “Só vou parar quando Deus quiser. É só 
disso que eu gosto. Foi a vida que eu 
escolhi”, conclui (Diário de 
Pernambuco,2015). 
O presidente acumula dívidas e trabalha 
o ano inteiro visando o carnaval e 
também passa pelo problema defalta de 
sede. Todo o patrimônio do clube fica 
armazenado na casa dele. 
Algumas agremiações apesar de 
possuírem edifício próprio, enfrentam o 
obstáculo de regular formalmente perante os órgão 
públicos, como no caso do Banhistas do Pina: 
 “Gastamos as economias do grupo para atender às 
exigências do Ministério Público e Corpo de 
Bombeiros, que interditaram o espaço no fim do ano 
passado”, conta. Agora se desdobra para arrecadar 
fundos e custear as novas fantasias para o desfile. 
“Talvez não tenhamos condições”, lamenta Lindivaldo 
Leite, presidente do Banhistas do Pina ao contar do 
risco de não desfilar no carnaval (Diário de 
Pernambuco,2015). 
 
O Grupo Misto Pão Duro, fundado no mesmo bairro 
(Pina) em 1916, compartilha dos mesmos obstáculos. 
A resistência se dá pelo amor ao carnaval e da 
vontade de manter a administração familiar. O clube 
é presidido por José Levino, filho de um dos 
fundadores. Pela dificuldade de manter uma sede no 
bairro original por causa da especulação imobiliária, 
o clube se encontra atualmente na Rua Imperial. 
O que mais impressiona, é que mesmo os clubes 
tradicionais, que estão na cabeça de todo 
pernambucano que gosta de carnaval também 
estarem em situação precárias. Eliane Nogueira, 
diretora do Clube das Pás reclama: 
11 
 
“Trabalhamos com pouca estrutura e 
quase nenhuma mão-de-obra. São cerca 
de 150 fantasias, só uma costureira e 
duas bordadeiras. Não sou reconhecida” 
(Diário de Pernambuco, 2015). 
O que chama a atenção é que mesmo 
assim, a maioria dos dirigentes não 
pensa em desistir: “Só deixo isso aqui no 
dia em que Deus me levar” Conta Eliane. 
Outro Símbolo da história carnavalesca, 
o Amante das Flores persiste com 
resiliência. Fundada em 1919 no alto do 
Mandú, tem atualmente uma sede 
provisória na Bomba do Hemetério. O 
presidente, José Rinaldo é servidor 
público e assumiu durante a maior crise 
da história em 2010, quando o clube 
sofria o risco de não desfilar. Ele falou 
em reportagem sobre a dificuldade 
generalizada das agremiações: 
“Não há política de valorização. Boa 
parte dos presidentes de agremiações 
são pessoas idosas, com problemas de 
saúde, e isso coloca em xeque a 
sobrevivência das agremiações. 
Assumimos para não deixar uma 
tradição secular se perder”(Diário de 
Pernambuco,2015) 
Até o Vassourinhas, nome mais conhecido de todo o 
carnaval pernambucano, cujo hino da agremiação é o 
frevo mais tocado de todo o carnaval também está 
numa condição similar. Foi obrigado a mudar a sede 
para afogados, e posteriormente por falta de 
recursos desativou-a e colocou o imovel a venda. 
Mesmo com todo sacrifício, principalmente 
financeiro, ainda existem aproximadamente 
cinquenta clubes de frevo que participam dos 
carnavais da cidade de Recife e Olinda sendo 25 
deles filiados à Federação Carnavalesca de 
Pernambuco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Análise urbana 
13 
 
3.1. CONTEXTO URBANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2. O BAIRRO 
SÃO JOSÉ 
SANTO ANTÔNIO 
BOA VISTA 
SANTO AMARO 
RECIFE 
São José é um dos Bairros mais antigos 
e tradicionais da cidade do Recife, 
possui uma área de 178 hectares e uma 
população de 8.63 habitantes segundo o 
censo de 2000 realizado pelo IBGE. Faz 
parte do centro histórico da cidade junto 
com os bairros de Santo Antônio, Santo Amaro e 
Boa vista. Essa é uma região de destaque, porque 
detém grande valor histórico, concentrado em 
maior parte nos bairro de Recife e São José, e 
também grande valor natural com a presença do 
encontro do Oceano com o Rio Capibaribe. 
MAPA 01 – CENTRO HISTÓRICO DO RECIFE 
14 
 
A região central do Recife, assim como a 
maioria dos centros históricos no Brasil, 
encontra-se em situação de abandono. A 
informalidade toma conta da região, os 
prédios residenciais encontram-se 
desvalorizados. 
Porém de toda zona histórica da cidade, 
nenhuma sofreu tanta descaracterização 
do seu patrimônio como o bairro de São 
José. A demolição maciça de prédios e 
desconfiguração do espaço urbano fez 
com que uma região que no passado era 
um bairro residencial, adquirisse com o 
passar dos anos uma função quase que 
unicamente comercial, e de maioria 
informal. 
Barracas, camelôs, Bancas e estruturas 
elétricas completamente desorganizadas 
obstruem a circulação nas calçadas e 
poluem a paisagem. Para agravar o 
cenário, a condição do asfalto das ruas e 
dos bueiros é precária. As praças se 
transformaram em dormitório para 
moradores de rua e os prédios 
históricos religiosos estão abandonados. 
A Basílica Nossa Senhora da Penha tem 
uma das torres com risco de desabar. A 
Igreja Matriz de São José está fechada 
aguardando obras de restauro que não tem prazo 
para começar e a Igreja do Terço tem as portas 
pichadas e vegetação invade a fachada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diante dessa conjuntura, a proposta do Complexo do 
Frevo tem o objetivo de oferecer as condições 
necessárias para o funcionamento das agremiações, 
valorizando o bairro de São José por meio da 
cultura, para assim resgatar a importância das 
instituições. O projeto se propõe também a ser um 
instrumento para reestruturar a urbanidade do local 
e gerar vida noturna a uma área estritamente 
comercial. 
IMAGEM 03: Comércio informal no bairro de São 
José – foto de Arthur de Souza 
 
 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste projeto, o recorte para análise de 
contexto urbano foi determinado pelos 
Limites mais influentes da região. De 
acordo com Lynch (1960), Limites são 
elementos de quebras lineares de 
continuidade visual e de circulação, 
atuando muitas vezes como barreiras, 
separando partes da cidade. 
Para definição do polígono de 
intervenção, foram escolhidos o trecho 
delimitado pelo Cais de Santa Rita ao 
leste, até o Terminal de Passageiros do 
Recife, a Casa da Cultura e o Rio 
Capibaribe à oeste. 
 
No outro sentido, os pontos marcantes para 
definição do polígono são a Basílica de Nossa 
Senhora do Carmo ao norte, e o Forte das Cinco 
Pontas com o viaduto ao sul. 
Entre esses pontos extremos existem outros pontos 
focais importantes como o mercado de São José, o 
Pátio de São Pedro e o Pátio do Terço. Todos eles 
conectados pelo eixo central da Av. Dantas Barreto 
(destacada no mapa 01 como uma grande linha 
pontilhada), que apesar de sua localização potencial 
atualmente serve como uma barreira entre as 
partes. 
 
 
MAPA 02 - MARCOS 
16 
 
Para entender o Polígono de intervenção 
é necessário relembrar o seu passado, 
mais precisamente durante as décadas 
de 1960 e 1970. Nesse período, a região 
sofreu um grande trauma na sua 
estrutura urbana o que ajuda a entender 
o abandono atual. 
Durante a segunda gestão como prefeito, 
Augusto Lucena concluiu a última fase da 
Avenida Dantas Barreto - trecho da Av. 
Nossa senhora do Carmo até a Praça 
José de Loreto. Apesar da oposição do 
IPHAN, o prefeito contou com apoio de 
uma elite intelectual e de grande parte 
da população seduzida pelo discurso do 
progresso. 
A abertura da Avenida Dantas Barreto 
destruiu cerca de 400 casas e sobrados, 
a Igreja dos Martírios e o Pátio do 
Carmo. A justificativa para a intervenção 
era viabilizar a fluidez entre a região 
central e a Zona Sul. Porém, a avenida 
nunca chegou a desempenhar sua 
principal atribuição funcional. Ela não 
tem uma conexão lógica com a malha 
urbana existente, e está no meio de dois 
fluxos binários (destacados em laranja 
no mapa 02), tornando-se uma via dispensável. 
Tentando resolver o problema, a prefeitura implantou 
o Calçadão dos Mascates, conhecido popularmente 
como camelódromo,com a função de dar uso à via, e 
diminuir o comércio informal da região. 
Nenhuns dos dois objetivos foram alcançados. A 
avenida não melhorou a fluidez do trânsito; o 
camelódromo está subutilizado e o comércio 
informal continua presente em todo o bairro de São 
José. Os ambulantes ocupam os espaços e 
promovem o caos urbano, dificultando a limpeza e 
organização do espaço público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 IMAGEM 04: Av. Dantas Barreto subutilizada – fonte: Google Maps 
2015 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além do acima exposto, a Avenida Dantas 
Barreto junto com o camelódromo, criou 
uma barreira visual e de passagem. Essa 
barreira modificou a forma de ocupação 
do solo, dividindo o bairro em quatro 
zonas de características diferentes de 
uso, morfologia e tipologia segregadas 
entre si. 
Pensando nisso, a proposta do Complexo 
do Frevo contém também uma reforma 
urbana, 
 
urbana, entendendo que para a efetividade do projeto 
é necessário que o contexto urbano esteja em um 
bom funcionamento. 
A intervenção de pedestrianização da avenida em um 
trecho específico tem como objetivo criar um espaço 
público central que possa conectar os marcos 
importantes da região para assim existir uma maior 
unidade e identidade entre as zonas ilhadas. No mapa 
02 pode se perceber como as vias funcionam de 
modo que ajudam a descaracterizar o bairro. 
 
MAPA 03 - ZONEAMENTO 
00002 
18 
 
A região Nordeste em marrom, onde se 
encontram o mercado de São José, pátio 
de São Pedro e o pátio do Terço, é a àrea 
de maior densidade comercial e que 
ainda tem mais edificações antigas em 
algum nível de preservação. Apesar de 
existir muitos sobrados, a degradação 
urbana e o comércio informal torna essa 
região bastante conflituosa. Nesse setor 
também tem os maiores problemas de 
infraestrutura urbana, com muitos 
bloqueios de passagem, calçadas em 
estado de degradação e vazamento de 
esgoto. 
No setor mais ao Sudeste na cor roxa, 
percebe-se um maior uso residencial 
nas proximidades do Forte das Cinco 
Pontas. Alguns sobrados ainda existem, 
mas em grande parte foram 
descaracterizados com revestimentos 
cerâmicos e esquadrias em alumínio.A 
dificuldade de manutenção dos edifícios 
antigos para moradores sem muitas 
condições financeiras acarretam na 
deformação dessas habitações 
históricas. 
 Porém, ao Norte, na direção da Rua São 
João o uso predominante é de grandes 
comércios e galpões ao contrário da região do 
mercado que é formada por vários pequenos 
comércios. 
Do outro lado do eixo da Dantas Barreto, é evidente a 
diferença do tipo de ocupação em relação às áreas 
situadas mais ao oeste. Na parte Noroeste em 
laranja, ainda é possível encontrar alguns poucos 
sobrados, mas existem mais edificações modernistas 
de baixo gabarito, e pouco comércio informal. O uso 
predominante dessa região é o comércio formal mais 
concentrado e específico, de informática, 
eletrônicos, instrumentos musicais e autopeças. 
Na parte Sudoeste da delimitação territorial, colorido 
de rosa no mapa, é a região mais descaracterizada 
de todas, onde encontra-se muitos galpões, 
armazéns, estacionamentos e edifícios de alto 
gabarito. Essa é a região onde será proposto o 
Complexo do Frevo pelo seu alto potencial 
construtivo. 
Dentro do polígono de intervenção existem também, 
fora das zonas de ocupação, dois grandes terminais 
de transporte público. O terminal do Recife localizado 
mais do lado oeste contem os modais ferroviário e 
rodoviário integrados, com uma grande circulação 
diária de passageiros. Mais ao Leste está terminal do 
Cais de Santa Rita, uma das maiores estações 
Rodoviárias da Cidade. 
19 
 
No meio de tudo isso, está localizado o 
terreno destinado ao edifício. A 
localização do lote destinado ao 
Complexo do Frevo cria uma relação 
visual e espacial entre os edifícios 
importantes da região, ele serve como 
instrumento de delimitação geográfica 
para um aglomerado de pontos atrativos 
da região. 
A edificação possui uma forte presença 
na esquina em que se inicia a Alameda da 
Dantas Barreto, que termina em outra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
edificação importante a Igreja de Nossa Senhora do 
Carmo. 
A ideia dessa rua pedestrianizada e continua, é 
trazer unidade entre os percursos, e assim dar uma 
identidade visual e de percepção ao pedestre. O 
contraste entre as vielas fechadas e um grande 
boulevard aberto cria uma dinâmica interessante de 
espaços com diferentes escalas. Seguindo o conceito 
de visão serial defendida por CULLEN, no seu livro a 
imagem da Cidade, em que defende que a paisagem 
urbana deve ter uma sucessão de surpresas e 
revelações súbitas no percurso do transeunte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAPA 04 -CONEXÕES 
20 
 
. 
3.2. DIRETRIZES URBANAS 
Dentro do polígono de intervenção 
delimitado pelo projeto, existem vários 
edifícios notáveis e dois grandes 
terminais de transporte público; o Cais 
de Santa Rita e o Terminal do Recife. 
Apesar de existir a aglomeração de 
pessoas, a relação entre os pontos 
focais não existe. Cada edifício histórico 
e cada parte marcante do bairro é uma 
ilha segregada ao entorno. 
A abordagem utilizada para entendimento 
da relação do projeto com o espaço 
urbano foi baseada nos pensamentos de 
Kevin Lynch sobre a percepção da 
cidade, estruturado em três elementos 
principais: Bairros, Caminhos e Marcos. 
O Bairro nesse caso é entendido como 
uma área com uma percepção 
relativamente homogênea em relação à 
cidade, com alguma característica única 
em comum que o diferencie dos outros 
lugares da cidade, ou seja, um espaço 
delimitado com identidade própria como 
ele descreve no seu livro A Imagem da Cidade: 
“(Bairros são) partes razoavelmente grandes da 
cidade na qual o observador “entra”, e que são 
percebidas como possuindo alguma característica 
comum, identificadora.” (LYNCH, 1960, p. 66) 
Como descrito anteriormente, as avenidas, os 
bloqueios físicos e visuais, como o camelódromo e os 
mercados informais, criam obstáculos para 
interação do bairro como um todo. A unidade e 
identidade do bairro com os prédios mais 
significativos é importante para dar maior valor 
global e atrair as pessoas. Um conjunto histórico 
atrai mais interesse que prédios isolados entre si. 
São José tem a característica de uma malha urbana 
inspirada nos moldes europeus, não existem grandes 
eixos conectores na região, o que dificulta 
associações entre os espaços. O charme das vielas é 
interrompido pela falta de estrutura que impossibilita 
as visadas e passagem entre os caminhos, que 
segundo Lynch (1960, p. 47): 
“São canais ao longo dos quais o observador 
costumeiramente, ocasionalmente, ou 
potencialmente se move. Podem ser ruas, calçadas, 
linhas de trânsito, canais, estradas-de-ferro” . 
 
21 
 
Ainda segundo Lynch, os caminhos são 
os principais elementos da percepção 
dos usuários, já que é durante os 
percursos e deslocamentos que as 
pessoas conseguem assimilar todos os 
outros componentes da cidade e da 
paisagem. Quando esses caminhos não 
apresentam características de unidade, 
a imagem global da cidade fica 
prejudicada. 
 
Nessa conjuntura, como atualmente a 
Dantas Barreto é um grande corredor 
que serve para segregar as partes do 
bairro, ela deixa de cumprir sua função, 
e atua como uma barreira, e não um 
caminho. Por isso, junto ao o projeto do 
edifício está a proposta 
pedestrianização da via, no trecho da 
Rua São João (via lateral ao Coplexo do 
Frevo) até o pátio da Igreja Nossa 
Senhora do Carmo. Uma grande 
alameda com permeabilidade visual, 
fluidez e conforto para o pedestre, 
servirá como principal eixo conector 
entre os pontos importantes do bairro. 
 
Por outro lado, o fechamento da Dantas 
Barreto não causaria grandes 
transtornospara o trânsito, porque existem dois 
binários viários no perímetro do polígono de 
intervenção. Um binário ao norte oriundo da Rua 
Imperial e outro ao sul proveniente da Av. José 
Estelita. A solução de transporte público que 
atualmente passa por lá, já é realizada durante o 
carnaval sem maiores problemas. 
Nesse trecho da Avenida existem três pontos de 
ônibus que seriam desativados pela proposta. Essas 
três paradas contemplam 16 linhas de ônibus (Dados 
do o app Citamobbi) que trafegam no sentido zona 
sul, para Boa Viagem / Pina pela Avenida Engenheiro 
José Estelita, ou para Afogados e Jaboatão pela Rua 
Imperial. 
A solução, assim como proposto nos dias de carnaval 
é utilizar os fluxos binários existentes na malha 
urbana. Para ir em direção à Afogados e Jaboatão o 
trajeto se dá pela Rua Floriano Peixoto mais à oeste 
do polígono. Para ir ao sentido Pina e Boa Viagem o 
caminho é percorrido pelo Cais de Santa Rita ao 
leste da Região, Ambos os fluxos estão destacados 
em laranja no Mapa três presente no texto. 
Um novo projeto para camelódromo também é 
necessário de forma a fragmentar a grande 
edificação construída, para assim criar-se mais vias 
de passagem melhorando o fluxo e aumentando as 
relações entre os dois lados da avenida. 
22 
 
RU
A 
SÃ
O 
JO
ÃO
 
Atualmente o camelódromo é um grande 
volume continuo como se fosse um 
grande muro separando o bairro. A 
diretriz para a proposta urbana é 
fragmentar esse volume em módulos de 
15 e 20 metros que se repetem com um 
espaçamento de 5 metros entre eles 
trazendo uma unidade rítmica e 
identidade a via. 
Esse espaçamento serve para trazer de 
volta a relação entre as partes do bairro 
e criar essa permeabilidade visual e 
novos fluxos destacados no desenho 
abaixo com setas pretas tracejadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outra diretriz importante a ser seguida é a relação 
com a malha urbana existente, as ruas do bairro 
precisam ter continuidade para que os caminhos 
tenham lógica ao transeunte. As aberturas 
destacadas com as setas vermelhas indicam essa 
lógica de permeabilidade urbana que são necessárias 
para o bom funcionamento do bairro. 
O dimensionamento correto das vias de pedestres 
também é necessário para abrigar corretamente as 
atividades do cotidiano. A Avenida tem 
aproximadamente 50 metros de largura em toda sua 
extensão. Dentro desses 50 m foi atribuído 20 para 
os desfiles de carnaval (como é atualmente), 5 para 
cada edifico comercial e o restante de grandes 
espaços de circulação arborizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho 01 – DIRETRIZ URBANA 
COMPLEXO DO FREVO 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O COMPLEXO DO FREVO 
24 
 
4.1. O COMPLEXO DO FREVO 
A partir da análise histórica, urbanística 
e da condição dos clubes de frevo 
percebe-se que é necessário uma 
solução que favoreça autonomia e 
independência das agremiações. Essa 
autossuficiência só será possível no 
bairro em que suas tradições estejam 
enraizadas, para que a população se 
aproprie do espaço destinado às 
entidades carnavalescas. 
Por isso, a revitalização do Bairro de São 
José e o resgate do frevo são questões 
correlacionadas. A solução para o 
cenário de tantas problemáticas deve ter 
um pensamento interdependente que 
compreenda a conjuntura completa. 
Pensando nisso, a proposta do Complexo 
do Frevo apresenta um conjunto de 
soluções urbanas, arquitetônicas e de 
espaços colaborativos para os 
representantes das entidades 
interagirem entre si e com a sociedade. 
Para assim, criar um espaço edificado 
direcionado aos clubes de frevo, pois um 
bem imaterial necessita de um lugar 
físico para se estabelecer e fincar raízes. 
O terreno escolhido encontra-se em um local 
estratégico, onde atualmente é usado como 
estacionamento. O projeto situa-se na esquina da 
Dantas Barreto onde começa o desfile do carnaval, 
para servir assim como um marco que delimita o 
espaço e chama os olhares para a área de 
apresentação dos clubes. 
O Edifício contempla os espaços necessários para as 
agremiações funcionarem. O programa contém área 
de diferentes tamanhos para ensaio e dança, além de 
espaço para armazenamento de material, lojas, 
ateliês compartilhados e área para realização de 
eventos aberto ao público ou fechado. 
Com o intuito de promover utilização diária da 
população e também viabilizar financeiramente o 
projeto, o prédio vai abrigar restaurantes que 
poderão se transformar em camarotes no carnaval, 
e uma parte de maior gabarito com comércio e 
serviços. 
A localização privilegiada do lote atribui ao projeto a 
necessidade de se integrar ao espaço público. O 
térreo fluido e de uso comum, com eventos e 
restaurantes, dão uma vida noturna a um bairro 
estritamente comercial, estimulando novas 
25 
 
atividades e uma melhor dinâmica 
urbana para a região. 
A proposta é que o pavimento térreo seja 
uma grande praça conectada aos 
pedestres, para que os moradores, 
pessoas que trabalham no bairro e 
visitantes possam usufruir dos eventos, 
do polo gastronômico e das lojas. 
 
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES 
RESTAURANTES (850 m2) 
Devido ao potencial gastronômico de 
centro históricos e com a intenção de 
trazer vida noturna o edifício terá no 
lado adjacente a Alameda Dantas Barreto 
restaurantes com uso na calçada, no 
grande vão e no primeiro andar. Esse 
restaurante no primeiro também poderá 
ser utilizado como camarote para os 
períodos do carnaval com a remoção 
temporária dos brises. 
A área abriga espaço para 250 pessoas 
divididos em 4 espaços distintos, todos 
com áreas de contemplação do espaço 
público e para o pátio interno do edifício 
com uma escala de visões e conexões que atraem as 
pessoas. 
ESPAÇO PARA APRESENTAÇÕES. 
No grande espaço de convivência situado no centro 
do terreno tem uma área com palco para 
apresentação gratuita para o público em que as 
agremiações podem fazer eventos para divulgação 
do trabalho dos clubes. 
BOX DE LOJAS (150 m²) 
Um dos problemas encontrados na realização de 
festividades carnavalescas é o grande desperdício 
de material. Apetrechos, fantasias e ornamentações 
de alta qualidade são descartadas, quando poderiam 
ser vendidas e gerar lucro para as agremiações. Por 
isso, no térreo existe uma área destinada à loja e 
exposição desses materiais. 
ENSAIOS E SHOWS (175 m²) 
Espaço para ensaios modulares com 12 módulos base 
de 7,5 m² que podem se transformar em espaços de 
15 ou 30 m² de acordo com a necessidade e números 
de pessoas que forem utilizar. Foi proposto também 
um salão maior com palco para apresentações e 
festas privadas com 70 m² e que de acordo com a 
demanda as paredes podem se retrair e todo o 
26 
 
espaço virar uma área para evento 
fechado com cobrança de ingressos. 
ARMAZENAMENTO (160 m²) 
Um depósito por clube da primeira 
divisão do frevo (16) com 10 m² cada 
para armazenamento de materiais 
diversos. 
ATELIERS (300 m²) 
Ateliers compartilhado de marcenaria 
serralharia e costura com espaço e 
equipamentos necessários para o 
exercício das atividades, A área 
destinada a serralharia tem 130 m², 
enquanto que para marcenaria e costura 
tem 85 m² cada. Esses espaços são 
destinados aos clubes carnavalescos 
para elaboração dos desfiles e 
apresentações nos outros períodos do 
ano, mas também podem ser utilizados 
por pessoas devidamente registradas. 
GERENCIA DOS CLUBES (50 M²) 
Espaço destinado para administração 
independente do edifício, com espaço 
para reunião dos representantes dos 
clubes tomarem as decisões em conjunto 
e mediar conflitos, essa área é composta por uma 
sala de chefia, uma de reunião e uma copa. 
SALAS COMERCIAIS (715 M²) 
Área administrada pelo coletivo de clubes para gerar 
renda e autonomia financeira para manutenção doedifício e independência para realização de 
atividades durante todo o ano. Esse espaço de salas 
comercias para alugar, estão dispostas em 18 salas 
de 35 a 50 m² e possuem áreas auxiliares de mini 
auditório, copa,sala de reunião e sala para 
administração do edifício além de estacionamento 
com uma vaga para cada escritório. 
 
4.3. O TERRENO 
O terreno escolhido para o Complexo do Frevo estpa 
localizado na esquina da Rua São João como a 
Avenida Dantas Barreto, atualmente o lote é utilizado 
como estacionamento, uso que torna mais fácil 
propor uma nova construção por não necessitar de 
demolições. 
O lote possui 1.645 m² e está localizada em uma Zona 
Especial de Centro Principal com uma legislação de 
grande potencial construtivo. De acordo com o 
zoneamento a área tem coeficiente de ocupação μ = 
7 afastamentos frontais e laterais nulos ou de 1,50 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAPA 05 – ENTORNO IMEDIATO 
metros dependendo do gabarito e 
afastamento no fundo de 3 metros. 
O terreno se situa na quadra junto a 
usos majoritariamente de serviços como 
o banco Santander, escritório de 
advocacia. No lote a Oeste do terreno 
 
Tem a presença de um edifício multifamiliar de uso 
misto sem muito valor histórico e tipológico. 
O entorno imediato com edificações genéricas, junto 
com uma legislação mais permissiva do terreno de 
certa forma dá mais liberdade projetual para 
realização do complexo do frevo. 
 
28 
 
4.4. IMPLANTAÇÃO E VOLUMETRIA 
A proposta do Complexo do frevo tem a 
intenção de não ser apenas um edifício, 
mas sim um espaço público de interação 
entre as pessoas e um marco importante 
para atrair atenção da sociedade para o 
bairro de São José que apesar de ter 
vários pontos marcantes da cidade está 
ofuscado pela degradação. 
Os marcos, pela visão de Lynch, são 
elementos pontuais vistos de várias 
partes da cidade e que se destacam na 
paisagem. A principal característica é a 
singularidade, com um aspecto único que 
o contrasta dos demais. 
A localização do edifício em uma esquina 
maximiza a importância do prédio como 
marco, pois as esquinas são pontos 
marcantes na estrutura urbana já que 
representam uma decisão, uma escolha 
para qual caminho seguir. Nestes pontos 
de convergências, a atenção do 
observador e a assimilação da paisagem 
é redobrada, e por isso os marcos que 
estão localizados nas interseções dos 
caminhos são mais facilmente 
memorizáveis e notadas como referências 
Além disso, a implantação e a morfologia do projeto 
precisam refletir a necessidade de ser relevante 
para o contexto local. Para alcançar esse objetivo 
tem o edifício foi pensado a partir de uma ocupação 
perimetral que abraçasse o espaço de convivência 
no meio do lote. 
 
 
 
 
 
 
 Esse pátio central é alimentado pela própria 
dinâmica do edifício, a densidade dos usos atribuídas 
ao prédio traz a vitalidade para o espaço público 
proposto. A ocupação do lote se dá de forma que o 
edifício envolve a área de convivência e permite que 
os espaços internos e externos conversem entre si, 
seguindo o raciocínio defendido por Jane Jacobs e 
indo de encontro ao modelo modernista ainda muito 
utilizado no Brasil. 
IMAGEM 05: EVOLUÇÃO VOLUMETRICA 
29 
 
“Frequentemente, nas cidades modernas, 
arquitetos e planejadores constroem 
praças que são muito grandes. Elas são 
bonitas nos desenhos; mas na vida real 
acabam desoladas e mortas. Nossas 
observações sugerem fortemente que 
espaços abertos destinados a praças 
devem ser muito pequenos.” (Jacobs, 
2000) 
Para alcançar esse objetivo, além da 
ocupação perimetral, foi proposto 
aberturas para circulação cruzada dos 
pedestres. Para assim, por meio da 
facilidade do de trajeto mais curto pelo 
meio da quadra, será criada uma grande 
praça interna com um fluxo natural de 
pessoas, no encontro dois eixos 
conectores evidenciando uma forte 
centralidade nesse espaço público 
central 
 
 
 
 
 
Essa região central da edificação é o que permeia o 
projeto que abraça o espaço conectando várias 
atividades propostas, articulando encontros, 
permanências e fluxos, convidando o passante a 
usufruí-lo. 
De acordo com Ghel (2011), a dinâmica dos espaços 
depende de aproximação, trocas, vivências e visadas. 
Um fator determinante para áreas públicas tenham 
vivência é a escala, que permite a convivência de 
maneira mais eficiente. 
“[...] pessoas e atividades podem ser montadas 
colocando-se prédios e usos para que o sistema de 
espaços públicos seja o mais compacto possível e 
para que as distâncias para o tráfego de pedestres e 
experiências sensoriais sejam as mais próximas 
possíveis.” Gehl (2011, p. 85) 
 
Seguindo esses conceitos, o projeto tem uma escala 
humana em que as distâncias a serem percorridas 
são curtas de forma a estimular a densidade e 
aglomeração de pessoas. 
Com a intenção de criar melhores articulações e 
relações entre as áreas de diferentes usos, foram 
propostas diagonais para aproximar os espaços 
edificados. Uma Diagonal foi projetada sobre o 
grande pátio central e outra inserida formalmente na 
fachada sul para materializar uma nova área de 
IMAGEM 06: EVOLUÇÃO VOLUMETRICA 
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convivência alargando a calçada. A forma 
diagonal induz linhas de fluxo e 
representam ação, atividade e 
movimento refletindo formalmente a 
personalidade do uso do complexo. 
 
 
 
 
 
 
A aproximação dos espaços não é feita 
apenas em relação a distância, mas 
também com a criação de interações 
passivas de sons,cheiros, visualização e 
assimilação de acontecimentos como 
defende Ghel: 
“Crucial para determinar a distância 
aceitável em uma determinada 
circunstância é não apenas a distância 
física real, mas em grande medida a 
distância percebida.” Gehl (2011, p. 137). 
Além da permeabilidade entre os espaços públicos e 
o prédio, é também necessário dar viabilidade 
econômica ao projeto. Sobre esse aspecto, foi 
observado que o principal problema dos clubes do 
frevo é não conseguir se manter justamente por não 
terem autonomia financeira e dependerem de 
subsídios do setor público. 
A proposta do Complexo contém uma parte de maior 
gabarito onde se estabelecerão cômodos de 
comércio e serviços. Essa área empresarial será de 
administração coletiva das agremiações do frevo e 
servirá para bancar as agremiações e manutenção 
do edifício. 
 
 
 
 
IMAGEM 07: EVOLUÇÃO VOLUMETRICA 
IMAGEM 08: EVOLUÇÃO VOLUMETRICA 
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Esse setor mais vertical se encontra 
mais à oeste, próximo de edificações de 
maior porte e na região sem relação 
visual com edifícios históricos. Ele 
protege o restante do edifício da 
insolação poente e ao mesmo tempo 
recebe diretamente os ventos de 
sudeste dando ao prédio uma situação 
de maior conforto térmico. 
 
 
 
 
 
O edifício se espalha por todo o terreno 
criando densidade sem a necessidade de 
grandes gabaritos conversando com a 
escala do seu entorno. 
A forma distribuída pelo lote cria 
conexões dos volumes que se 
intersecionam e criam uma dinâmica 
formal interessante, gerando uma 
volumetria que chama atenção do 
transeunte e fortalece o edifício como um marco 
para o bairro. 
 
4.5. O PROJETO 
O térreo é o pavimento mais importante plano de 
conexão entre o edifício e a cidade, por isso é nele 
que estão a maioria dos usos públicos e coletivos. É 
nesse pavimento que o Complexo do Frevo precisa 
ser mais chamativo para a população e precisa ter o 
maior numero de atividades e formas atrativas. 
Visando atingir esses objetivos, no térreo está 
disposto dois grandes restaurantes, um café, área 
pra lojas e exposição além de espaço para 
apresentações abertas ao publico. Apresentando 
uma mistura de uso interno e externo para que a 
relação entre o Complexo e a Rua seja fluida e 
dinâmica. 
Noprimeiro andar existe uma área de uso mais 
restrita para os clubes, com espaço para 
armazenamento, ensaio e eventos privados, mas 
também restaurantes direcionadas para a Alameda 
Dantas Barreto. Nos andares superiores estão 
localizados os compartimentos de usos mais 
reservados como os escritórios e os ateliers. 
 
IMAGEM 08: EVOLUÇÃO VOLUMETRICA 
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REFERÊNCIAS: 
 
GASPAR, Lúcia. Agremiações carnavalescas do Recife e Olinda: clubes de frevo. Pesquisa Escolar 
Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível 
em:<http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar> 
Lins, Larissa e Simões, Marina. Sócios da resistência: dirigentes lutam pela sobrevivência dos clubes 
carnavalescos. Diário de Pernambuco, Recife, 02 de fevereiro de 2015. Disponível em:< 
https://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2015/02/01/internas_viver,558025/soc
ios-da-resistencia-dirigentes-lutam-pela-sobrevivencia-dos-clubes-carnavalescos.shtml.> 
Frevo Comemora 110 anos com festa e agremiações tradicionais pedem apoio. Revista Istoé,Recife 09 
de Fevereiro de 2017. Disponível em: <https://istoe.com.br/frevo-comemora-110-anos-com-festa-e-
agremiacoes-tradicionais-pedem-apoio/> 
ALMEIDA, L.S.; CABRAL, O.; ARAÚJO, Z. (Orgs.). “Festas públicas e carnavais”, in O negro e a construção 
do carnaval no Nordeste. Maceió: Edufal, 1996. 
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dossiê de Candidatura. Frevo: Patrimônio 
Imaterial do Brasil. Recife, Novembro 2006. 
LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995. 
GEHL, Jan. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013. 
JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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