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Brasília-DF. Fundamentos da metrologia Elaboração Tatiana Conceição Machado Barretto Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i Fundamentação ................................................................................................................................ 9 CAPítulo 1 Introdução a metrologIa, unIdades dImensIonaIs lIneares e sIstemas de unIdades ... 9 CAPítulo 2 medIdas e conversões ...................................................................................................... 22 unidAdE ii Instrumentos de medIção .............................................................................................................. 26 CAPítulo 1 metrologIa dImensIonal ................................................................................................... 26 CAPítulo 2 metrologIa de pressão ..................................................................................................... 54 CAPítulo 3 relógIo comparador ....................................................................................................... 68 unidAdE iii erros de medIdas ............................................................................................................................ 74 CAPítulo 1 erros de medIção e suas causas ..................................................................................... 74 rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 79 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Os profissionais que desenvolvem alguma atividade em que se utilizam instrumentos de mensuração, deparam-se com algumas questões ligadas à qual melhor tipo de instrumento para obter determinada medida, qual a exatidão e qual a sua confiabilidade. Diante de tantas variáveis, o estudo dos princípios de metrologia irá fornecer uma bagagem para o profissional decidir quais melhores unidade de medida e instrumento para aquele determinado procedimento e como proceder à medição. Com o avanço na produção de bens e serviços, a necessidade de obter processos mais precisos e confiáveis não é uma escolha é uma necessidade, nesse contexto o profissional que está alinhado com o conhecimento e técnicas metrológicas, pode contribuir de forma vital no processo da gestão de qualidade de uma empresa. A utilização de técnicas de alta exatidão e performance induz a um novo comportamento no perfil dos profissionais ligados à linha de produção automatizada, onde o conhecimento de técnicas para interpretação de resultados e para implementação de melhorias sutis nos ganhos globais no sistema de gestão da empresa reduz, de forma significativa, desperdícios e produção de resíduos. A metrologia está diretamente ligada as nossas vidas, de forma que ao comprarmos um produto na qual sua comercialização está baseada no peso, certamente a metrologia estará presente em um dos instrumentos que determinará o peso do produto a ser comercializado. Neste material, estudaremos os fundamentos de metrologia, seu conceito e suas peculiaridades. objetivos Esta disciplina visa auxiliar os profissionais com conceitos de medidas, sistemas de medições e termos relacionados a sua aplicabilidade, tendo por objetivos: » Ter noções dos fundamentos da metrologia e seu contexto histórico. » Dominar a prática de conversão de unidades. » Conhecer os sistemas mais utilizados. » Estudar os principais conceitos da metrologia. 8 » Estudar os aspectos históricos da metrologia. » Conhecer as principais aplicações dos instrumentos de medição lineares. » Conhecer o uso dos instrumentos para quantificar ou medir as “dimensões” do produto ou processo de análise. » Conhecer os principais instrumentos medidores de pressão. » Interpretar a ocorrência dos erros. 9 unidAdE ifundAmEntAção CAPítulo 1 introdução a metrologia, unidades dimensionais lineares e sistemas de unidades Conceitos de base e aspectos gerais A metrologia, vista como processo de medição, tem como principal objetivo obter informações do objeto que ativa a curiosidade especulativa do homem. O estudo de forma sistemática do objeto proporciona o aumento do conhecimento, a percepção das interações, estados e fenômenos, intrínsecos do item em análise, além de fundamentar leis, teoremas, modelos e proporções. Os termos técnicos, aqui apresentados, estão baseados no Vocabulário de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia – VIM (VIM, 2012). A metrologia (do grego “métron” que significa medida + “lógos” que significa ciência) é uma ciência da mensuração com diversas aplicações. A metrologia aborda os conceitos base: dos métodosde mensuração, dos erros e da sua propagação, padrões e unidades presentes nas grandezas físicas, além da caracterização do comportamento dos sistemas de medição quanto aos seus aspectos estáticos e dinâmicos. A unidade de medida, segundo o VIM, 2012, é uma grandeza escalar real definida e adotada por convenção, com a qual qualquer outra grandeza de mesma natureza pode ser comparada para expressar seu tamanho em forma de um número, em relação àquela grandeza. A medição é um método para obter um ou mais valores, de forma experimental e coerente, que podem ser atribuídos a um tipo de grandeza. Em resumo, é a atividade 10 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção que visa determinar o valor do mensurando, ou seja, uma sequência de ações que permite efetuar a medida. O mensurando é o objeto em si da medição, ou seja, grandeza específica submetida à medição. Como por exemplo: » Comprimento de uma viga. » Profundidade de um furo não vasado. » O comprimento entre dois pilares etc. O resultado da medição é o resultado numérico de uma medição. A exatidão de medição é o grau de concordância entre o resultado de uma medição e o seu valor verdadeiro. Observação: o termo exatidão está relacionado à existência de pequenos erros de medição para a sua função. O termo precisão está em desuso. Em seu lugar prefira exatidão, que significa “de acordo com o padrão”. O erro de medição é, geralmente, ocasionado pelas imperfeições nos instrumentos de medição ou imperfeições no método de medição e ainda devido a influências externas, como temperatura, umidade, vibração e outros. Segundo o VIM, a incerteza de medição é um parâmetro associado ao resultado de uma medição, a qual caracteriza a dispersão dos valores que podem ser atribuídos a um mensurando. A calibração é um conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões. Instrumento de medição é o dispositivo usado para se fazer as medições, individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares. No link, você terá acesso a um manual de termos fundamentais de metrologia. <www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. 11 Fundamentação │ unIdade I Áreas da metrologia A metrologia está dividida em três grandes segmentos: » Metrologia Científica. » Metrologia Industrial. » Metrologia Legal. A metrologia científica define os padrões de medição internacionais e nacionais, fundamenta a construção dos instrumentos laboratoriais, as pesquisas e metodologias científicas de alta exatidão. A metrologia científica se baseia na definição do tipo de medida para propor as unidades de medidas, utilizando a ciência e as constantes físicas fundamentais para desenvolver, manter e conservar os padrões de referência. Assim, a atuação desta se configura com alta exatidão e incerteza, independe de outras entidades no que diz respeito à rastreabilidade, utilizando apenas a comparação interlaboratorial e laboratórios primários para ratificar as observações e valores encontrados. Algumas aplicabilidades: » Na Calibração de pesos-padrão e balanças analíticas para laboratórios. » Na Calibração de termômetros-padrão de mercúrio em vidro e de pirômetros ópticos. » Em medidas de comprimento de alta exatidão utilizando equipamentos a “laser”. A metrologia industrial está diretamente relacionada aos sistemas controle de processos produtivos, pela confiabilidade dos produtos acabados. Esta atua no campo das medições de processo e confecção de produtos acabados. Na qual os dados obtidos são controlados e comparados continuamente, desta forma exibidos e armazenados em sistemas certificados de qualidade. As medições industriais atuam no sentido de facilitar a classificação e mensuração das grandezas, os dados obtidos no processo irão servir de base para o planejamento, o gerenciamento e a tomada de decisão em torno das variáveis do processo. Visto que tudo está interligado numa cadeia hierarquizada de padrões rastreáveis, os quais estão armazenados em laboratórios, empresas e padrões primários (nacionais ou internacionais). 12 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Algumas aplicações: » Medição e controle de uma petroquímica. » Ensaios em produtos certificados, equipamentos de segurança veicular, equipamentos de combate a incêndio, Cabos de aço para transporte de vidas etc. A metrologia Legal se baseia nas atividades, desenvolvidas por organismos competentes, resultantes de exigências referentes a medições, unidades de medida, instrumento e métodos de medição. Tendo como principal objetivo o de afirmar a confiabilidade para o consumidor, quando se trata das unidades de medida, instrumentos e métodos de medição, de acordo com as normas técnicas e exigências legais. O controle metrológico está baseado em ensaios imparciais, em que a confiança e a transparência são supervisionadas por uma entidade governamental. A credibilidade na mensuração é garantida pela exatidão dos instrumentos de medição certificados. As transações comerciais, atividades na área de saúde, segurança e meio ambiente dependem da exatidão nos seus respectivos instrumentos de medição. Algumas aplicabilidades: » Bombas dosadoras, balança de fiscalização, taxímetros, termômetros clínicos, odômetros, etilômetros, dosímetros etc. » Verificação do conteúdo líquido de produtos pré-medidos etc. São objetivos da Metrologia: » Assegurar a confiabilidade nos sistemas de medição. » Atestar especificações técnicas, regulamentos e normas existentes. » Garantir condições de perfeita aceitabilidade na montagem e encaixe de partes de produtos finais, independente da origem. » Melhoria nas condições de vida da população, como o consumo de produtos de melhor qualidade, a preservação da segurança, saúde e do meio ambiente. A interdisciplinaridade da metrologia relaciona diversas áreas, direta ou indiretamente, na tomada de decisões, envolvendo a indústria, comércio, saúde, segurança, a defesa e o meio ambiente. Assim, qualquer área que esteja diretamente relacionada com mensuração, a 13 Fundamentação │ unIdade I metrologia terá um papel relevante, garantindo a produção de resultados confiáveis, com base em princípios científicos e metrológicos adequados (SILVA NETO, 2012). A metrologia atesta a qualidade de produto final, favorecendo as negociações comerciais. A utilização da metrologia é um grande diferenciador tecnológico e comercial para as empresas, visto que reduz o consumo e o desperdício de matéria prima por meio da calibração dos componentes e equipamentos, elevando, desta forma, o ganho na produtividade do setor. método, instrumento e operador A perfeição no processo de produção é uma meta desejada em todos os ramos de produção, a atividade humana busca, incessantemente, o controle total dos processos com uma redução contínua dos custos. Assim, o domínio das técnicas de medição e controle dos parâmetros dimensionais contribuem com a perfeição do processo e redução de custos, logo a metrologia é de uma importância transcendental. Com o incremento na produção e o aumento das exigências na qualidade dos produtos finais, o desenvolvimento contínuo e o aperfeiçoamento nas técnicas de medição passaram a ser uma prioridade. Quanto maior é a qualidade exigida do produto; mais elementos de controle, ferramentas de medição, aparatos e elementos capazes de aferir, com maior exatidão, são necessários. Na tomada de quaisquer medidas, devem ser considerados três elementos fundamentais: o método, o instrumento e o operador. método medição direta Baseia-se na avaliação da grandeza por medição, comparando diretamente com os valores obtidos nos instrumentos, aparelhos e máquinas de medir. O método de medição direta é empregado na confecção de peças protótipos, isto é, peças originais utilizadas como referência, ou, ainda quando o número de peças por executarfor relativamente pequeno. medição indireta por comparação Medição por comparação ou indireta é a forma de determinar a grandeza de uma peça, comparando-a com relação a outra, de padrão ou dimensão aproximada; daí a expressão: medição indireta. 14 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Os instrumentos ou aparelhos utilizados nesta medição são chamados indicadores ou comparadores-amplificadores, visto que facilitam a leitura através da amplificação das diferenças constatadas por meio de processos mecânicos ou físicos (amplificação mecânica, ótica, pneumática etc.) instrumentos de medição A exatidão relativa das medidas depende da qualidade dos instrumentos de medição empregados. Considerando uma medida de uma peça com comprimento de um metro, defeituoso, resultará numa medida duvidosa sujeita a contestações. Para a tomada de uma medida como referência é indispensável que o instrumento esteja aferido e que a sua aproximação permita avaliar a grandeza em causa com a exatidão exigida. operador Possivelmente é o elemento mais importante, já que ele é a parte inteligente na apreciação das medidas. Sua habilidade está intrinsicamente ligada à exatidão conseguida, ou seja, a leitura ou interpretação obtida no momento da medição. Quando avaliamos um operador bem treinado e experiente, utilizando instrumentos relativamente débeis e o comparamos com um operador inábil com excelentes instrumentos o primeiro acaba conseguindo melhores resultados. Conclui-se que: o agente da medição deve estar familiarizado com os instrumentos que irá utilizar, assumir uma postura de iniciativa para adaptar o método mais adequado em cada tipo de medição e estar habilitado para interpretar os resultados obtidos. No link, você terá acesso a um ambiente virtual dentro do INMETRO do Rio grande do Sul, onde poderão baixar o material didático sobre metrologia e seus conceitos. <www.inmetro.rs.gov.br/cicmac/cursos_Formacao_de_tecnicos_metrologicos_ material.php>. História das unidades de medidas O “primeiro” padrão de comprimento em distância, que se tem registro, foi entre dois nós de uma vara de bambu que, quando soprada, permitia reproduzir uma determinada nota musical, na China no século XXVII a.C, figura 1. (ALMACINHA,2016). 15 Fundamentação │ unIdade I Figura 1. padrão de comprimento em bambu. Fonte: almacinha, 2016. Já no Egito, usava-se como padrão da medida de comprimento o “cúbito real” que era a distância compreendida do cotovelo à ponta do dedo médio, o que equivale aproximadamente a 52,4 cm (ALMACINHA,2016). Figura 2. o cúbito. Fonte: telecurso 2000 Esse Cúbito também é o nome de um dos ossos do antebraço - distância do cotovelo à ponta do dedo médio – foi subdividido em palmo e dígito, medindo cada um: » Cúbito = 52,3 cm. » Palmo = 22,9 cm. » Dígito = 1,9 cm. 16 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Devido a diferenças nos tamanhos dos membros de cada pessoa, o cúbito variava de uma pessoa para outra, o que gerava uma grande confusão no resultado das medidas. Para serem úteis os padrões precisavam ser iguais para todos, então os egípcios criaram um padrão único e passaram a utilizar invés do corpo um padrão único em forma de barras de pedras com o mesmo comprimento, assim surgiu o “cúbito-padrão”. Com a dominação romana, no Egito, o cúbito foi substituído pelo pé, que correspondia a 12 polegadas, sendo esta igual ao comprimento da segunda falange do polegar da mão do homem. Seguindo alguns registros bíblicos, no Antigo Testamento, Génesis, existe relatos de que Noé utilizou dimensões específicas na construção de uma arca, esta unidade de medida ficou conhecida como côvado. Onde cada côvado media o equivalente a três palmos, o que equivalia a aproximadamente 45cm, para região de Noé. Contudo, no Portugal medieval, esta unidade era de aproximadamente, 66 cm (ALMACINHA,2016). Figura 3. o côvado. Fonte: telecurso, 2000. Até a idade contemporânea, as unidades de medidas utilizavam as partes do corpo humano como referência universal, geralmente baseadas nas medidas do corpo do rei de cada região, mesmo assim a variação das medidas continuava a existir. Já no século XII (1101), o rei Henrique I da Inglaterra estabeleceu a jarda (yard) como sendo a distância entre seu nariz e o polegar de seu braço estendido. A polegada, a jarda, a milha e o pé eram as unidades mais usadas na Inglaterra, nos séculos XV e XVI, (ALMACINHA,2016). Exemplo de medidas, em função do metro em 1959, ainda utilizadas: » 1 yd (jarda) = 3 pés=0,9144 m. » 1 inch (polegada) = 0,0254 m. 17 Fundamentação │ unIdade I » 1 ft (pé) = 12 polegadas= 0,3048 m. » 1 milha = 1760 jardas =1609,3 m. Somente em 1878 a jarda se tornou o padrão, como é conhecido hoje, tendo como referência a distância entre os terminais de ouro de uma barra de bronze, a 18ºc, ou seja, 62ºF. Figura 4. unidades de medidas antigas. Fonte: próprio autor. No século XVIII, na Europa Continental, as unidades de medidas adotadas variavam de cidade para cidade, de país para país dificultando as relações comerciais. Surgiu, então, na França um padrão de comprimento que não dependia da estatura da família real, foi denominado Toesa. A Toesa foi, então, utilizada como unidade de medida linear de comprimento padrão a 6 pés, foi padronizada em uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades (la toise de l’Écritoire) e, em seguida, chumbada na parede externa do Grand Chatelet, nas proximidades de Paris. Em 1668, Colbert, até então ministro de Luís XIV, mandou substituir este padrão, então danificado, por um novo que passou a ter um comprimento de 1,9490363 m, (la toise du Châtelet) um pouco menor do que 6 pés (1,9595760 m). 18 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção A medida da Toesa de Paris permaneceu até a sua abolição no final de 1799, sendo substituída pelo metro decimal. História do metro (sistema decimal) A 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas – CGPM, em 1960, baseando-se no sistema métrico, adotou o Sistema Internacional de Unidades – SI, o qual é aceito como sistema legal na generalidade dos países (TAYLOR, 2008). A definição de metro passou por algumas mudanças durante a história, para poder estar em consonância com as necessidades resultantes do desenvolvimento constante da tecnologia laboratorial e industrial. 1ª definição (1793- França) — Décima-milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre, ao nível do mar, que passa por Paris (incerteza associada: 0,15 a 0,20mm, incerteza relativa:10-4), (ALMACINHA,2016). A definição da unidade base foi fundamentada nos anseios de se relacionar padrões com a natureza. O metro foi calculado a partir das medições realizadas pelos astrônomos franceses Delambre e Mechin, entre 1792 e 1798, de uma parte daquele meridiano, correspondente à distância entre Dunkirk (França) e Barcelona, e de hipóteses quanto à configuração da terra. Ao considerar o valor de correção do achatamento da terra nos Polos incoerentes, imputou em um erro na medição original gerando grandes desvios na medida (NELSON, 2000). Agora, sabemos que o quadrante da terra é de 10.001.957 metros em vez de exatamente 10.000.000 metros como originalmente planejado. 2ª definição (1799- França) – Distância entre os topos de uma barra de secção retangular (25 mm x 4 mm) de platina forjada, à temperatura de 0ºC, (incerteza associada: 10 a 20 µm). Figura 5. Barra de platina de secção retangular. Fonte: almacinha, 2016. 19 Fundamentação │ unIdade I Contudo, esta definição apresentava inconvenientes tais como: a influência do desvio de paralelismo entre as faces de topo, o desgaste provocado pelo contato com as faces requerido pela medição e uma insuficiente rigidez da barra (ALMACINHA,2016). 3ª definição (1889 –1ª CGPM) – Distância entre dois traços efetuados numa barra de platina iridiada, de secção em X, quando apoiada nos pontos de mínima flexão, à temperatura de 0ºC e à pressão atmosférica normal (incerteza associada: 0,2 µm = 2x 10-7 m; incerteza relativa:10-7).Figura 6. Barra de platina de secção X. Fonte: almacinha, 2016. Com resultados obtidos com maior exatidão nas medidas geodésicas, o metro assumiu o papel de unidade convencional, deixando de ser um padrão “natural”. No entanto, o desejo de se adotar um padrão “natural” e indestrutível, com uma exatidão alinhada com as novas exigências metrológicas repercutiu em novas definições. 4ª definição (1960 — 11ª CGPM) — Um novo padrão foi baseado em um comprimento de onda bem definido da luz, devido ao aprimoramento nas fontes de emissão de luz monocromáticas. Um único isótopo atômico com um número atômico uniforme e um número de massa uniforme é um padrão espectral ideal porque elimina complexidade e estrutura hiperfina. Além disso, o alargamento Doppler é minimizado usando um gás de átomos pesados em uma lâmpada operada à baixa temperatura. Deste modo, foi escolhida uma linha de crípton-86 particular, cujo comprimento de onda foi obtido por comparação direta com o comprimento de onda do cádmio. Em 1960, a 11ª CGPM definiu o medidor como o comprimento igual a 1 650 763,73 comprimentos de onda desta linha espectral. (NELSON, 2000). Com uma incerteza de apenas 0,02 µm e com incerteza relativa de 10-8, estava relacionada, basicamente, à largura das riscas espectrais ligada à agitação térmica dos 20 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção átomos de crípton, à temperatura do ponto triplo (coexistência sólido-líquido-vapor) do azoto, subsequentemente a incerteza foi melhorada para valores na ordem de 4x10-9 (BOUCHAREINE, 2000). 5ª definição (1983 — 17ª CGPM) — Com avanços nas pesquisas sobre os lasers, uma nova medida para o comprimento de luz foi definida como comprimento percorrido pela luz no vácuo em um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de um segundo. “O efeito desta definição é corrigir a velocidade da luz exatamente em 299 792 458 m/s. Assim, métodos experimentais previamente interpretados como medidas da velocidade da luz c (ou equivalentemente, a permitividade do espaço livre 0) tornaram-se comprimento de calibrações. Com o avanço na medição, a incerteza associada foi reduzida para valores abaixo de 0,01µm; atualmente 0,1ηm com uma incerteza relativa de:10-10 ou 10-11. A utilização do metro com base não abrange medidas de unidades muito pequenas e nem muito grande, devendo, assim, serem modificadas por prefixos de 10. Para evitar a representação muito grande dos números no Sistema Internacional (SI) utiliza-se prefixos, que formam múltiplos e submúltiplos decimais das unidades. O prefixo é utilizado de uma única vez e os símbolos devem ser combinados com o símbolo da unidade. unidades dimensionais lineares e sistemas de unidades Sistemas de unidades O Sistema Internacional (Sistema Decimal) de Unidades, que conhecemos hoje, foi baseado em três unidades base (metro – quilograma – segundo) e ficou conhecido como sistema MKS, utilizado para grandezas mecânicas. A partir destas unidades outras foram derivadas formando um sistema de unidades coerentes e correlatas. O sistema que provavelmente foi o precursor do MKS era conhecido como CGS (centímetro – grama – segundo), introduzido em 1863 pela British Association for the Advancement of Science, inicialmente aplicado a sistemas mecânicos. A Conferência Geral de Pesos e Medidas com o intuito de unir as unidades de grandezas mecânicas e elétricas, em 1948, definiu o MKSA que foi baseado nas unidades metro, quilograma, segundo e ampère. 21 Fundamentação │ unIdade I Já em 1971, na 14ª conferência geral de pesos e medidas, o Sistema Internacional de Unidades (SI) foi definido. Suas bases estão fundamentadas em sete unidades: metro, quilograma, segundo, ampère, kelvin, mol e candela. Em contrapartida, um sistema antigo que se baseia na medida do corpo humano ainda persiste. O sistema Inglês não é um sistema coerente e já em desuso no país de origem, a Inglaterra. A base deste sistema são as unidades: foot (pé, ft), second (segundo, s), pound-mass (libra massa, lbm) e pound-force (libra força, símbolo lbf). O Sistema Inglês (Americano), que é uma unidade de medida não oficial, ainda tem como medida particular a polegada inglesa (inch), equivalente à polegada milesimal, cujo valor foi fixado em 25,400 050 mm à temperatura de 16 2/3ºC. A influência anglo-saxônica na fabricação mecânica justifica a utilização das medidas em polegada de 25,4 mm a uma temperatura de 20ºC. o Sistema internacional de unidades (Si) O Sistema Internacional de Unidade (SI) tomou algumas grandezas como base para todo o sistema. Algumas considerações tiveram relevância diante da sua aplicabilidade internacional, no que tange às relações comerciais e intelectuais internacionais. tabela 1. unidades base do sI. Grandeza de base Símbolo dimensional Nome da unidade Símbolo da unidade Comprimento L metro M Massa M quilograma kg Tempo T segundo S Corrente elétrica I ampère A Temperatura Termodinâmica Q kelvin K Quantidade de Substância N mol Mol Intensidade luminosa J candela cd Fonte: vIm, 2012. 22 CAPítulo 2 medidas e conversões A leitura e interpretação das medidas são relevantes para medição e para o controle de qualidade. As leituras podem ser realizadas no sistema decimal ou no sistema inglês, visto que este ainda está em uso nos processos produtivos. As unidades de medidas dimensionais representam valores de referência que permitem representar a dimensão dos objetos e controlar sua produção e qualidade dimensional. métodos de leituras medida em polegada A polegada pode ser dividida em frações ordinárias com os seguintes denominadores: 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128 etc. Assim, obtemos as seguintes divisões da polegada: tabela 2. divisões da polegada. "1 2 Meia polegada "1 4 um quarto de polegada "1 8 Um oitavo de polegada "1 16 Um dezesseis avos de polegada "1 32 Um trinta e dois avos de polegada "1 64 Um sessenta e quatro avos de polegada "1 128 Um cento e vinte e oito avos de polegada Fonte: telecurso, 2000. 23 Fundamentação │ unIdade I Normalmente, a representação dos numeradores são números ímpares, como por exemplo: " " " " "3 9 19 45 113 4 16 32 64 128 A leitura da medida no sistema decimal Neste sistema, a leitura é direta na escala, sem necessidade de divisões, ou representação em frações. A escala será determinada por meio do tamanho do objeto a ser medido, tendo o metro como medida base, e os seu múltiplos e submúltiplos como escala de representação específica. Conversão de unidades Nos Estados Unidos, o sistema inglês ainda é a base das suas medidas e como parte das industrias aqui instaladas, justifica-se a necessidade de conversão de medidas, do sistema inglês para o métrico e vice e versa. Quando uma medida estiver diferente da convencionada no equipamento de medida, deve-se convertê-la. transformação de unidades 1o Caso A conversão da polegada milesimal para milímetros, multiplica-se o valor da medida encontrada em polegadas por 25,4, o valor obtido será em milímetros, exemplo: Transformando 6” em milímetros 6” x 25,4 = 152,4 mm 2o Caso Para converte polegada fracionária em milímetros, deve-se multiplicar o numerador da fração por 25,4 e dividir o valor pelo denominador, exemplo: Transformando "7 16 em milímetros (25,4 x 7) ÷ 16 = 11,113 mm 24 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção 3o Caso Transformação da polegada inteira e fracionária em milímetros. O número sendo misto, primeiramente é necessário transformar o número em uma fração imprópria, somente depois deve-se operar como no 2o caso, exemplo: Transformando 171 " 32 em milímetros 17 32 17 491 32 32 32 32 " = + = 49 49 25,4 38,894 mm 32 32 × = = 4o Caso A conversão de milímetros em polegada fracionária é realizada mediante a divisão do valor em milímetros por 25,4 e, em seguida, a multiplicação deste resultado por 128. O valor obtido deve ser escrito no numerador de uma fração cujo denominador é 128. Caso o valor obtido no numerador não seja inteiro, arredonda-seeste para o valor inteiro mais próximo, exemplo: Transformando 12,90 mm em polegadas 12,90 : 25,4 0,50787 128 65 128 128 128 "× = = A conversão de milímetro para polegada ordinária é bem simples, será necessário multiplicar o valor em milímetro por 5,04, utilizando o valor de 128 como denominador. Será possível fazer aproximações, se necessário. 12,90 5,04 65 128 28 " 1 × = 5o Caso A conversão de milímetros em polegada milesimal: basta dividir o valor por 25,4, exemplo: Transformando 22,5 mm em polegadas 22,5 ÷ 25,4 = 0,886” 25 Fundamentação │ unIdade I 1o transformação: Com o objetivo de transformar sistema inglês ordinário em decimal, divide-se o numerador da fração pelo denominador. Transformando 9" 16 em decimal 9 ÷ 16 = 0,5625” 2o transformação: A conversão do sistema inglês decimal para o sistema ordinário: basta multiplicar a medida em decimal por uma das divisões da polegada, o denominador assumirá o mesmo valor multiplicador, a simplificação da fração poderá ser realizada quando necessária, exemplo: Transformando 0,289” em sistema inglês ordinário. 0,289 128 37 128 128 × = 26 unidAdE iiinStrumEntoS dE mEdição CAPítulo 1 metrologia dimensional régua graduada - graduações da escala A régua graduada, também conhecida como escala, é talvez o instrumento de medição linear mais simples e mais conhecido utilizado nas oficinas. Este instrumento normalmente é confeccionado em forma de lâminas de aço carbono, podendo ser encontrado em aço inox. Na lâmina são impressas as medidas em centímetro (cm) e milímetro (mm), de acordo com o sistema métrico, podendo estar gravado também, na outra face, o sistema de medidas inglês, marcado em polegadas e frações de polegada. Indicada para medidas lineares de baixa exatidão e confiabilidade, possuindo um erro admissível, superior a menor graduação, que geralmente equivale a 0,5 mm ou 1/32”. Normalmente, tem impresso as duas graduações, do sistema métrico e do sistema inglês (figura7). Figura 7. régua graduada. Fonte: próprio autor. 27 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Sistema inglês Graduação em polegadas (“). 11 jarda 36 " = A régua graduada no sistema inglês requer mais atenção na leitura das medidas, pois como a divisão da escala está representada em frações de polegadas, em algumas medidas serão necessárias operações matemáticas com frações. Normalmente, as divisões da escala na régua graduada representam frações de polegadas com o denominador múltiplo de dois, sendo encontradas divisões até 16 ou 32 avos de polegadas. Figura 8. divisão escala Inglesa. Fonte: senaI,1996 A menor medida representada na escala da régua da figura acima será 1/16 de polegada. Sistema métrico Graduação em milímetros (mm). 11 mm m 1000 = Levando em consideração a escala de medição do instrumento, que irá representar a exatidão da medida, quanto maior o número de divisões maior a exatidão. No sistema métrico para régua graduada a menor divisão será o mm. A graduação inicial da régua graduada está situada na extremidade esquerda. As dimensões comerciais da régua: 150, 200, 250, 300, 500, 600, 1.000, 1.500, 2.000, 3.000 milímetros. As mais utilizadas são as de 150 mm e 300 mm. Uma escala de qualidade deve apresentar bom acabamento e faces polidas. Devido ao manuseio constante, estas devem ser fabricadas em aço tratado termicamente e os traços de divisões da escala devem ser gravados, bem definidos, uniformes, equidistantes e finos. 28 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção tipos e aplicações As réguas graduadas são comumente utilizadas para trabalhos de traçagem, porém sua aplicação está estritamente reduzida às tolerâncias grosseiras. A exemplo de medição com face de referência, na figura 9. Figura 9. régua graduada. Fonte: senaI, 1996. régua rígida de aço carbono com seção retangular São réguas rígidas em aço carbono, que são implementadas nas medições de deslocamento de máquinas-ferramentas, controle dimensional linear, traçagem entre outras aplicações, figura 10. Figura 10. régua rígida graduada. Fonte: próprio autor. régua com encosto É uma variação da régua que serve para medir o comprimento a partir de uma face externa, de referência, que é utilizada como um encosto. Figura 11. régua graduada com encosto. Fonte: telecurso, 2000. 29 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II régua sem encosto Este modelo não possui um assento de referência, sendo necessário subtrair da leitura final a leitura da marcação inicial, sendo esta a referência zero da medida. Figura 12. régua graduada com encosto. Fonte: próprio autor. régua de encosto interno Utilizada na medição de peças que apresentam faces internas de referência. Figura 13. régua graduada com encosto interno. Fonte: telecurso, 2000. régua de profundidade Adotada em medições de peças ou superfícies que possuem canais e/ou rebaixos internos. Figura 14. régua graduada de profundidade. Fonte: telecurso, 2000. 30 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção régua de dois encostos Esta régua possui um encosto externo e um encosto interno, e geralmente possui graduação em ambos os lados, sendo uma escala de referência interna e outra com referência externa. Figura 15. régua graduada de dois encostos. Fonte: telecurso, 2000. metro articulado e trena metro articulado O metro articulado é um instrumento de medição linear, geralmente fabricado em madeira, podendo ser encontrado em alumínio ou fibra. O comprimento varia de 1 a 2 metros, os segmentos articuláveis possuem um comprimento articulável, que pode ser de 10 a 15cm. A leitura das escalas de um metro articulado é bastante simples, onde o zero está localizado em uma das extremidades do metro, basta utilizar a ponta de referência no início do objeto a ser medido e comparar o ponto final da medida na escala do metro, o valor obtido é direto, sem necessidade de comparação de medidas ou conversões. O metro articulado é também chamado de metro de carpinteiro. Figura 16. metro articulado. Fonte: valenti, 2010. 31 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II trena É um instrumento de medição que consiste em uma fita flexível graduada em uma das faces ou em ambas, podendo ser de fibra, de aço ou de tecido. Pode estar graduada no sistema métrico ou no sistema inglês. As trenas de uso geral ou de campo, usualmente, possuem a fita unida a um estojo ou suporte de um mecanismo que habilita recolher a fita de modo automático ou manual, que pode possuir trava ou não. A trava nas trenas tem o objetivo de fixar a fita em uma determinada posição, facilitando assim a medição. As trenas de uso geral normalmente são de bolso, apresentando uma largura de 12,7mm e um comprimento de fita em torno de 2 a 5 metros, esta é constituída de aço esmaltado. Figura 17. trena. Fonte: vonder, 2017. De acordo com a geometria, as fitas das trenas podem ser planas ou curvas, sendo as planas utilizadas para medir perímetros de superfícies cilíndricas. Na extremidade livre das trenas existe uma chapa metálica no formato de um ângulo de 90º graus, unida à fita e tendo por objetivo servir de encosto de referência ou zero absoluto. Figura 18. trena de bolso. Fonte: próprio autor. 32 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Paquímetro O paquímetro é um instrumento utilizado para medir peças, já que é capaz de especificar dimensões lineares internas, externas e de profundidade. É um instrumento finamente acabado, com as superfícies planas e polidas, geralmente em aço inoxidável, e sua calibração feita a 20ºC, figura 19. O paquímetro é basicamente uma régua graduada, com encosto fixo, sobre o qual desliza um cursor, este se ajusta à régua e permite sua movimentação livre com mínima folga. Utilizado em medições de peças em geral, ou seja, quando o volume de objetos a serem aferidos não justifique um instrumento específico e a exatidão requerida não for menor que 0,02mm, 1/128”. Figura 19. paquímetro. Fonte: próprio autor. A escala do paquímetro é graduada emmilímetros e/ou em polegadas, podendo esta ser em fracionária ou milesimal. O cursor possui uma escala, denominada Vernier ou nônio, que se desloca em frente às escalas da régua indicando o valor da dimensão tomada. Este instrumento possui uma faixa de indicação de medida que varia de acordo com o tipo do nônio, pelas dimensões do instrumento e pelo formato dos bicos. Em via de regra, os paquímetros são comercialmente produzidos para uma faixa de medição de 20 – 2.000 mm, e o comprimento dos bicos de 35 a 200 mm. Existem paquímetros especiais em que os bicos são mais compridos. Paquímetro no sistema métrico Princípio do nônio O Nônio é a escala do cursor que consiste na divisão do valor (N) de uma escala graduada fixa por (N-1) número de divisões de uma escala graduada móvel. 33 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II A escala ficou assim conhecida em homenagem ao Português Pedro Nunes, já na França o Nônio é conhecido por Vernier em homenagem a Pierre Vernier, estes foram considerados inventores da escala, nos seus respectivos países. Considerando um paquímetro no sistema métrico, o nônio possui dez divisões, equivalendo a nove milímetros, na escala fixa, conforme figura 20. Figura 20. escala do nônio. Fonte: senaI,1996. De posse do comprimento total do nônio, figura 20, que é igual a 9 mm e sabendo que o número de divisões é igual a 10, o valor de cada intervalo do nônio é obtido pela divisão 9mm por 10 divisões, assim o valor da medida será 0,9mm. Figura 21. medida da divisão do nônio. Fonte: senaI,1996. Fazendo um simples cálculo matemático, obtemos a exatidão do instrumento que será a diferença entre a divisão da escala fixa (1mm) e a medida da divisão do nônio (0,9mm). O valor obtido neste caso será 0,1mm, que é a máxima aproximação fornecida pelo instrumento, figura 22. Figura 22. resolução do paquímetro. Fonte: senaI,1996. 34 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção A interpretação da leitura do nônio é muito importante nas medições. A utilização do nônio de 10 divisões nos fornece uma exatidão de 0,1 mm nas medidas, o que é um valor bastante significativo para o paquímetro. Como interpretar o nônio? Fazendo coincidir o 1o traço do nônio com o da escala fixa, o paquímetro estará aberto em 0,1mm, a leitura será direta Vernier. Coincidindo o 2o traço do nônio com o segundo traço da escala fixa teremos 0,2mm de medida, o 3o traço do nônio e da escala fixa teremos como resultado 0,3mm e assim sucessivamente. Figura 23. medições no paquímetro. Fonte: próprio autor. É importante ressaltar que o zero da escala do vernier ainda não atingiu o 1o traço da escala fixa. Após a marcação de zero do Vernier cruzar o 1o traço da escala fixa, os valores obtidos serão acrescidos de 1mm, como por exemplo na figura 24, resultando em 1,1mm. Figura 24. medida no paquímetro. Fonte: próprio autor. 35 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Cálculo de resolução (Sensibilidade) A resolução do paquímetro, também conhecida como aproximação ou Sensibilidade, é a menor medida que o instrumento oferece. O cálculo para obter a resolução é bem simples: = UEFResolução NDN UEF = Unidade da escala fixa. NDN = número de divisões do nônio. As resoluções mais comuns dos paquímetros são: » Resolução = 0,1mm (10 divisões do nônio). » Resolução = 0,05mm (20 divisões do nônio). » Resolução =0,02mm (50 divisões do nônio). Figura 25. resolução do paquímetro. Fonte: próprio autor. UEF= 1mm. NDN= 50 divisões. 1 Resolução 0,02mm 50 = = O cálculo da resolução, como descrito acima, se aplica a qualquer instrumento de mensuração que possui nônio, como por exemplo: paquímetro, micrômetro, goniômetro. Paquímetro no sistema inglês ordinário Princípio do nônio O princípio do nônio no sistema inglês é muito parecido com o sistema métrico. A escala do vernier está localizada, normalmente, na parte superior e a escala fixa na 36 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção parte inferior. A resolução do paquímetro no sistema inglês segue as mesmas regras do paquímetro do sistema métrico. Considerando um nônio que possui 8 oito divisões e uma escala fixa, na qual a menor divisão é 1/16”, teremos como menor resolução para este paquímetro 1/128”. Figura 26. nônio e escala fixa do paquímetro do sistema Inglês. Fonte: SENAI,1996. A sensibilidade do instrumento pode ser encontrada de forma simples, basta apenas realizar a divisão da escala fixa pelo número de divisões da escala do nônio. = UEFResolução NDN UEF= Unidade da escala fixa NDN=número de divisões do nônio. UEF= 1/16” NDN= 8 divisões 1 /16" 1" Resolução 8 128 = = Ciente da resolução do paquímetro, fica simples interpretar as leituras obtidas em campo. Observando as medidas na figura 27, observa-se: Ao coincidir o zero do traço do nônio com o primeiro traço da escala fixa, a leitura será 1/16”, no segundo traço 1/8” e no oitavo traço 1/2”. 37 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Figura 27. nônio e escala fixa do paquímetro do sistema Inglês. Fonte: próprio autor. Sabendo que a menor divisão do paquímetro está representada no nônio, neste caso cada divisão do nônio corresponde a 1/128”, figura 28. Figura 28. menor divisão do paquímetro no sistema Inglês. Fonte: senaI,1996. Ao posicionar o primeiro cursor do nônio até que este coincida com o primeiro traço da escala fixa, o valor obtido na leitura será 1/128”, fazendo o segundo traço do nônio coincidir com o segundo traço da escala fixa a leitura obtida é 1/64”, o terceiro será 3/128”, o quarto traço 1/32” e assim em diante. Figura 29. leitura dos paquímetros. Fonte: próprio autor. 38 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Colocação de medida no paquímetro Inserindo uma medida no paquímetro. O método para inserir medidas no paquímetro ordinário é simples, contudo é necessária muita atenção nas operações matemáticas, alguns exemplos: Colocar no paquímetro a medida 58/128”. O primeiro passo é dividir o numerador da fração pelo último algarismo do denominador. O quociente encontrado na divisão será o número de traços que o zero do nônio irá percorrer na escala fixa (7 traços), o resto da divisão será a concordância do nônio (2/128”), figura 30. Figura 30. Inserindo uma medida no paquímetro. Fonte: próprio autor. leitura de medidas A interpretação da medida no paquímetro segue um passo a passo, figura 31. Primeiramente multiplica-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo zero do nônio, pelo último algarismo do denominador da concordância do nônio. Após a multiplicação, soma-se com o numerador, no resultado final mantém-se o denominador da concordância. ( )11 4 11 451 1 64 64 64 + × + = = × Figura 31. Interpretação da medida no paquímetro. Fonte: próprio autor. 39 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II decimal graduação da escala fixa O paquímetro que possui escala inglesa com graduação decimal apresenta suas medidas expressas, normalmente, em milésimos de milímetros. Para identificar a divisão da escala fixa, basta dividir o comprimento de 1” pelo número total de divisões existentes. Considerando uma escala fixa em que 1” está dividida em 40 partes iguais, a menor divisão da escala fixa será 0,025”. Figura 32. representação da escala. Fonte: próprio autor. A resolução do paquímetro que tem 25 divisões no seu nônio será obtida pela fórmula, vista anteriormente. = UEFResolução NDN UEF= Unidade da escala fixa NDN=número de divisões do nônio. 0,025" Resolução 0,001" 25 = = Logo, este paquímetro terá uma resolução de 0,001”. A leitura da medida é mais simples que no paquímetro ordinário. Para leitura, observa-se quantos milésimos registrados na escala fixa foram ultrapassados pelo zero do nônio e, em seguida, observa-se qual traço do nônio coincide com o traço na escala fixa. A medida é obtida pela soma dos valores encontrados na escala fixa e no nônio. 40 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 33. leitura de uma medida. Fonte: próprioautor. Analisando a figura 33, teremos a medida: 0,250” da escala fixa e 0,005” do nônio. Como resultado 0,255”, que é obtido da soma 0,250”+ 0,005”. tipos e aplicações Paquímetro universal Os paquímetros universais são bem versáteis, tendo diversas aplicações. Como medição interna, externa, de profundidade e de ressalto. Figura 34. aplicações do paquímetro universal. Fonte: telecurso, 2000. Paquímetro de profundidade Utilizado para medir profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos. Este paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho, o último é utilizado para medir profundidade, espessuras de canais e ressaltos no interior de furos. 41 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Figura 35. paquímetro de profundidade. Fonte: telecurso, 2000. Paquímetro com bico móvel (basculante) Normalmente empregado para medição de peças cônicas ou com rebaixos de diâmetros diferentes. Figura 36. paquímetro com bico móvel (basculante). Fonte: mascarenhas, 2016. Paquímetro universal com relógio Este tipo de paquímetro permite uma leitura mais fácil. O relógio acoplado ao cursor permite ao operador uma maior agilidade na medição. Figura 37. paquímetro universal com relógio. Fonte: mascarenhas, 2016. 42 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Paquímetro duplo Sua aplicação está voltada para medição de dentes de engrenagens. Figura 38. paquímetro duplo. Fonte: telecurso, 2000. traçador de altura O traçador de altura apresenta sua escala fixa na vertical, se assemelha com o princípio do paquímetro. Este instrumento é comumente empregado na traçagem de peças, para facilitar o processo de fabricação, ainda pode ser usado para o controle dimensional, quando agregado a acessórios. Figura 39. traçador de altura. Fonte: traçadores, 2017. Paquímetro digital O paquímetro digital é de simples uso e leitura rápida, ideal para controle estatístico, sem contar que neste instrumento não existe o erro de paralaxe. 43 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Figura 40. paquímetro digital. Fonte: paquímetros, 2017. Existem diversos modelos de paquímetros, cada um para uma aplicação específica, este material não tem o intuito de esgotar o assunto. No link, você terá acesso a um manual de instrumentos de medição, de exatidão e eletrônicos. <www.mitutoyo.com.br/novosite/produtos/index.html>. micrômetro O micrômetro é um instrumento que permite fazer medições, por leitura direta, de dimensões reais com uma aproximação de até 0,001mm. Ele é recomendado para medições onde a exatidão do paquímetro não é suficiente. O micrômetro está baseado no princípio de Enerst Abbé, pois a medição ocorre no mesmo eixo da peça a ser medida, esse deslocamento axial é produzido por um parafuso micrométrico de passo de alta exatidão dentro de uma porca ajustável. O princípio que rege o micrômetro é igual ao sistema (porca-parafuso), ou seja, se numa porca fixa um parafuso der um giro de uma volta completa, o avanço do parafuso será igual ao passo da sua rosca. Figura 41. micrômetro. Fonte: telecurso, 2000. 44 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Componentes do micrômetro Arco O arco tem uma função importante que é servir de apoio para realização das medidas. Confeccionado em aço especial e tratado termicamente, com a finalidade de alívio de tensões, sem contar na proteção antitérmica que lhe é conferido com a finalidade de evitar a dilatação do material, decorrente da transmissão de calor pelas mãos. Catraca É o componente que assegura a uma aplicação da força de forma constante ao fuso, obtendo assim uma pressão de medição constante. Contatores São as faces de contato do instrumento que irão fazer contato com a peça que será medida. São precisamente planos e paralelos, apresentam alta resistência ao desgaste, normalmente produzidos em metal duro. fixador ou trava Funciona como uma trava para o fuso, fixando a medida encontrada. luva externa Local onde está impresso a escala do instrumento, que varia de acordo com a capacidade de medição. Parafuso micrométrico Normalmente é fabricado em aço inoxidável ou em aço liga, o que confere ao instrumento resistência à oxidação e a desgaste. A dureza de 63 RC, valor conferido por uma têmpera, sendo a rosca retificada, o que confere alta exatidão no passo. Porca de ajuste Utilizada para ajustar o parafuso micrométrico, quando necessário. tambor Possui movimento rotativo que por meio de sua escala e do avanço ou recuo irá exibir a medida do objeto. 45 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Características Comumente, os micrômetros são por: » Capacidade. » Resolução. » Aplicação. A capacidade de medição dos micrômetros está relacionada a maior medida que pode ser obtida com o instrumento que, normalmente, é de 25mm ou 1” e podendo variar de 25 em 25 mm ou 1 em 1” até 200mm ou 80”. » 0 a 25 mm. » 25 a 50 mm. » Podendo chegar a 200 mm. A resolução pode ser de: » 0,01mm ou 0,001” » 0,001mm ou 0,0001” A aplicação de cada micrômetro está relacionada a cada tipo de objeto a ser medido. tipos e aplicações micrômetro de profundidade É um tipo de micrômetro específico para medir profundidade, de acordo com a profundidade a ser medida é possível utilizar hastes intercambiáveis. Este micrômetro pode ser analógico ou digital. Figura 42. micrômetro de profundidade. Fonte: catálogo, 2017. 46 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção micrômetro externo É o tipo mais comum de micrômetro. Utilizado em diversas medidas, de fácil manuseio e de boa exatidão. Figura 43. micrômetro externo. Fonte: catálogo, 2017. micrômetro externo com arco profundo Utilizado para medições de bordas espessas ou de peças salientes. As pontas de medição constituída em metal duro, os micrômetros maiores, com 300mm e 600mm possuem um apoio para o arco. Figura 44. micrômetro externo com arco profundo. Fonte: telecurso, 2000. micrômetro externo com disco nas hastes Utilizado para medir dentes de engrenagens, ranhuras e distâncias. O disco na ponta de medição aumenta a área de contato, permitindo também a medição de acartonados. Figura 45. micrômetro externo com discos nas hastes. Fonte: catálogo, 2017. 47 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II micrômetro externo com pontas finas Utilizado para medir ranhuras, canais, rebaixos e outros formatos especiais. Figura 46. micrômetro externo com pontas finas. Fonte: catálogo, 2017. micrômetro externo para medição de roscas Utilizado para medir diâmetro primitivo de roscas triangulares. Este micrômetro possui pontas de medição em pares de acordo com o ângulo e tamanho da rosca. Figura 47. micrômetro externo para medição de roscas. Fonte: catálogo, 2017. micrômetro externo para medir parede de tubos Este micrômetro é dotado de pontas esféricas para medição de superfícies curvas como tubos, mancais, anéis etc. Existe no mercado o modelo analógico e o modelo digital, este não acarreta o erro de paralaxe. Figura 48. micrômetro externo para medir parede de tubos. Fonte: catálogo, 2017. 48 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção micrômetro interno Tem a função de obter medidas internas de peças cilíndricas. Os principais tipos de micrômetros internos são: interno de dois contatos e interno de três contatos. O último é considerado autocentrante, pois a disposição de suas pontas de contato estabelece entre si um ângulo de 120°. Figura 49. micrômetro interno. Fonte: micrômetro, 2017. micrômetro com contato em forma de V São utilizados para medição de ferramentas de corte que possuem um número ímpar de cortes (fresas de topo, eixos entalhados, alargadores etc.). A medição para ferramentas que possuem 3 cortes necessita de um micrômetro em V que possua ângulos de 60º, já para medir ferramentas de 5 cortes o instrumento deve possuir ângulos de 108º e 7 cortes, ângulos de 128º34.17”. Figura 50. micrômetro em forma de v. Fonte: telecurso, 2000. micrômetro no sistema métrico Observando as divisões da escala da luva domicrômetro e sabendo que este tem o valor padrão de medida, o comprimento da escala da luva mede 25,00mm e sabendo que a luva possui 50 divisões, o menor valor que pode ser registrado na luva será 0,05mm, valor idêntico ao passo da rosca do fuso. 49 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Considerando que cada volta do tambor equivale a 0,50mm, tendo o tambor 50 divisões, a resolução deste micrômetro será de 0,01mm, que equivale a cada divisão no tambor. 0,50 0,01 50 = = mmResolução mm Sabendo a leitura da escala da luva e do tambor, a medida registrada no micrômetro será facilmente interpretada, figura 51. Figura 51. medida do micrômetro. Fonte: próprio autor. Leitura da escala da luva =12,00mm. Leitura no tambor =0,32mm. A leitura da medida obtida será o resultado da soma do valor obtido na escala da luva com a do tambor: 12,00+0,32= 12,32mm. Os micrômetros também podem possuir nônio. O cálculo da resolução deste micrômetro leva em consideração a menor divisão, que é a do nônio. Figura 52. medida do micrômetro com nônio. Fonte: senaI,1996. 50 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção A resolução será obtida por: A menor escala do tambor = 0,01mm, dividida pelo número de divisões contidas no nônio, 10 divisões. 0,01 0,001 10 = = mmResolução mm Por exemplo, quando o tambor é girado até que o primeiro traço coincida com o do nônio a medida será 0,001mm=1µm, fazendo coincidir com o segundo traço do nônio a medida será 0,002mm= 2µm, figura 53. Figura 53. Indicação no nônio do micrômetro. Fonte: próprio autor. A leitura da medida obtida de um micrômetro que possui nônio é interpretada da seguinte forma: Figura 54. modo de leitura do nônio do micrômetro. Fonte: próprio autor. A leitura do ponto A = 14,000mm + A leitura do ponto B = 0,090mm 51 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II A leitura do ponto C = 0,006mm Total= 14,096mm micrômetro no sistema inglês decimal O micrômetro no sistema inglês possui a escala registrada na luva com comprimento de uma polegada, dividida em 40 partes iguais. Assim, cada divisão equivale a 1”/40 =0,025” que é o valor da menor divisão na luva, correspondendo ao passo do parafuso micrométrico. No tambor de 25 divisões, o valor da menor divisão neste será obtida por 0,025”/25 =0,001”. Logo, a resolução deste micrômetro será resultado do valor da divisão da luva pelo número de divisões do tambor. 0,025" 0,001" 25 = =Resolução Figura 55. micrômetro no sistema Inglês. Fonte: telecurso, 2000. Na leitura da medida com micrômetro de resolução 0,001” deverá ser feita primeiramente a leitura do valor na luva, em seguida identificar a coincidência do traço do tambor com o traço de referência na luva, posteriormente somar os dois valores. Observe como descrito na figura 56. 52 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 56. leitura da medida com micrômetro no sistema Inglês. Fonte: próprio autor. Leitura: Luva → 0,575” + Tambor → 0,019” Leitura → 0,594” Micrômetro com uma resolução maior possui o nônio que subdivide o menor valor do tambor em 10 partes iguais. O resultado da subdivisão do valor do tambor é uma resolução do micrômetro de 0,0001”. Em resumo, a exatidão do micrômetro vai depender da resolução: Sem nônio → resolução = 0,025" 0,001" 25 = = passo da rosca número de divisões do tambor Com nônio → resolução = 0,001" 0,0001" 10 = = passo do tambor número de divisões do nônio Para realizar a medição no caso com nônio, basta adicionar as leituras da luva do tambor e do nônio. Figura 57. leitura da medida com micrômetro no sistema Inglês com nônio. Fonte: próprio autor. 53 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Leitura: Luva → 0,425” + Tambor → 0,011 Nônio → 0,0006” Leitura → 0,4366” Calibração do micrômetro Para iniciar a medição de uma peça com micrômetro, é necessário verificar antes o zero do instrumento. O que pode ser feito de forma simples nos micrômetros, com capacidade de 0 a 25mm ou de 0 a 1”, apenas com o fechamento deste através da catraca observa-se a coincidência das linhas de referência da luva com o zero do tambor. Caso não haja coincidência, será necessário ajustá-lo movimentando a luva, utilizando a chave de micrômetro específica para ajuste, que vem junto com o micrômetro, até obter a coincidência com a linha de referência do tambor. Um ponto importante a ser considerado na calibração é a limpeza das pontas de medição, utilizando apenas um pano limpo e macio, pois qualquer sujeira nas extremidades do instrumento irá afeta a regulagem da luva. Os micrômetros de maior capacidade como os de 25mm a 50mm, 50mm a 75mm, 1” a 2”, 2”a 3”, e acima, necessitam de uma barra específica para aferição, conhecida como barra-padrão para calibração. A calibração com barra padrão segue um procedimento, primeiramente seleciona a barra padrão correspondente à capacidade do micrômetro e, em se seguida, faz-se o fechamento deste com a barra padrão, não havendo a concordância perfeita das linhas como descrito no caso acima, neste caso será necessária a regulagem da luva ou do tambor, vai depender do tipo do instrumento, através de uma chave especial. Figura 58. Barra-padrão. Fonte: próprio autor. 54 CAPítulo 2 metrologia de pressão A força que atua em uma determinada área é o conceito de pressão. Em uma leitura de pressão no instrumento, os valores obtidos devem ser informados com relação a um nível de referência, caso esta seja o zero absoluto, a pressão é caracterizada como pressão absoluta. Além da pressão absoluta, existem outros tipos de referência de pressão: » Pressão manométrica: assume a pressão atmosférica como referência. Pode apresentar valores positivos (maiores que o da pressão atmosférica) ou negativos, também chamado de vácuo. » Pressão diferencial: é a diferença de duas pressões medidas. » Pressão atmosférica: é a pressão exercida pelo ar atmosférico. Figura 59. referência de pressão. Fonte: próprio autor. os sistemas de medição de pressão e vácuo A medição de pressão é uma forma de controle de processo empregado na indústria, de sistemas em gerais. Normalmente, esta medição poder ser realizada por instrumentos pertencentes a 3 grupos distintos: » Mecânico. » Elétrico. » Por ionização. 55 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II O sistema que possui instrumentos mais simples é o mecânico. instrumentos mecânicos Tipo coluna: » Tubo em U. » McLeod. » Barômetro. » Cuba. » Campânulas invertidas. Tipo elástico: » Bourdon, espiral e hélice. » Fole. » Diafragma. Instrumentos elétricos: » Strain Gage. » Resistência. » Equilíbrio de forças. » Capacitância. Instrumentos por ionização: » Cátodo aquecido tipos de instrumentos mecânicos manômetro tipo coluna líquida em u (tubo u) Este manômetro é considerado como um instrumento simples, já que se baseia no uso da coluna líquida para medir a pressão e utiliza o princípio de que uma pressão aplicada a uma coluna líquida que tem uma ação contrária à atração da gravidade, 56 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção gera um diferencial de alturas, que corresponde à pressão naquele instante. Como a construção deste instrumento é bem simples seu custo é relativamente reduzido, tendo o inconveniente de não permitir grandes medições de pressão. O manômetro de tubo U é basicamente constituído de um tubo de vidro em forma de U, com um diâmetro interno maior que 5mm. No interior do tubo, o líquido que fará o registro da pressão, normalmente, é água ou mercúrio, contudo outros líquidos manométricos poderão ser utilizados desde que se possa garantir a sua densidade. As pressões são aplicadas em ambos os lados do tubo manométrico, a diferença de pressão ocasionará o deslocamento do fluido para o lado em que a pressão é relativamente menor, gerando assim uma diferença entre as alturas das colunas e exibindo o diferencial de pressão, levando em conta que em um dos lados a pressão do tubo é conhecida. Figura 60. manômetro tubo u. Fonte:próprio autor. P = Pressão. Δh = altura da diferença de pressão lida na escala. ρ= massa específica. g= aceleração da gravidade. manômetro mcleod Manômetro desenvolvido por H.G. McLeod, em 1874, utilizado para medir médio e alto vácuo, ou seja, baixas pressões absolutas, sua aplicação está diretamente ligada à calibração de instrumentos. 57 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II O seu funcionamento tem com princípio a experiência de Torricelli, que utiliza uma coluna de mercúrio para medidas de pressões e na lei de Boyle-Mariotte dos gases perfeitos, a qual diz que o produto da pressão e o volume ( PV ) é uma constante em processos exotérmicos. O princípio de operação é bem simples, ao girar o manômetro em 90º, o mercúrio força o gás para o capilar de medição, o nível do mercúrio no capilar será lido em uma escala que representa a pressão absoluta do gás. Figura 61. manômetro mcleod. Fonte: senaI,1996. Barômetro Manômetro especial utilizado na medição de pressão absoluta, projetado basicamente para medir pressão atmosférica. Também conhecido como barômetro de Torrielli. O medidor é constituído de um tubo de vidro fechado em uma extremidade e cheio de Hg (Mercúrio). Em uma cuba, também contendo mercúrio, emborca-se o tubo de vidro medidor contendo mercúrio, a pressão atmosférica irá atuar na parte externa, ou seja, na superfície do mercúrio contido na cuba e o líquido contido no vidro medido descerá no sentido da cuba, criando assim uma área sob vácuo, a leitura da pressão atmosférica corresponde à altura entre as superfícies dos líquidos como descrito na figura 62. 58 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 62. Barômetro. Fonte: próprio autor. manômetro de cisterna (Cuba) Existem duas variações do manômetro Tubo U, onde o formato em U em si foi substituído por uma cuba larga, sendo: o de colunas de áreas diferentes e o de coluna inclinada. As diferenças de pressões são obtidas por meio da leitura das escalas posicionadas junto ao tubo. Considerando que a área da cuba é muito superior à do tubo lateral, o erro é desprezível, caso contrário será necessário aplicar um fator de correção que relaciona as áreas da cuba e do tubo. Para medições onde é necessária uma maior sensibilidade (exatidão) na medida, utilizam-se manômetros de tubos inclinados, em que uma pequena variação na pressão que atua no mercúrio da cuba, alterando seu nível, acarreta uma grande variação do nível de mercúrio no tubo inclinado. O de colunas de áreas diferentes apresenta áreas de secções diferentes em relação as duas extremidades, a leitura é realizada diretamente no lado do tubo que contém a escala graduada. Figura 63. manômetro cisterna. Fonte: próprio autor. 59 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II P = Pressão. Δh = altura da diferença de pressão lida na escala. ρ= massa específica. g= aceleração da gravidade. manômetro campânulas invertidas Este tipo é composto de um sistema que lembra uma balança, na qual os pratos se assemelham a campânulas invertidas, as quais estão parcialmente submersas em óleo. A medição é realizada por diferencial de pressão, este diferencial é responsável por deslocar o ponteiro ligado ao braço da balança e assim indicar a pressão. Figura 64. manômetro campânulas invertidas. Fonte: senaI,1996. manômetro de peso morto Tem a finalidade de calibrar outros medidores de pressão devido a sua exatidão. Com a utilização de massas conhecidas e padronizadas sobre o êmbolo de área conhecida, uma determinada pressão é atingida. Com uma força-peso específica atuando sobre o êmbolo é possível calcular a pressão no ponto específico. 60 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 65. manômetro de peso morto. Fonte: próprio autor. manômetro tipo elástico bourdon, espiral e hélice bourdon Manômetro do tipo elástico Bourdon (em C) é o mais utilizado na indústria. Possui um formato radial que lembra um C, constituído de um tubo metálico de paredes finas com uma secção transversal oval. Uma das extremidades que irá se conectar à fonte de pressão possui a adaptação necessária para tal e a outra está selada e pode se mover livremente. O fluido do processo passará com pressão por dentro do tubo de secção elíptica, forçando-o a assumir uma forma circular ao passo que o tubo tende a se desenrolar. Este movimento é proporcional à medição da pressão que é indicada pelo ponteiro por meio de um sistema mecânico de movimento. Os movimentos de dilatação são muito pequenos, sendo necessária a amplificação por meio de uma coroa e um pinhão, de forma que seja possível o giro do eixo de um ponteiro sobre uma escala graduada em unidades de pressão. O material utilizado na fabricação deste tipo de manômetro deve ter uma boa elasticidade, geralmente feitos em ligas de cobre-Níquel devido ao baixo coeficiente de dilatação térmica. Em casos onde a resistência à corrosão seja exigida, utiliza-se o aço inox, atentando ao detalhe de que a variação de temperatura não deve passar de 50ºC, pois pode ocasionar um grande erro na ordem de 2%. 61 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Figura 66. manômetro Bourdon. Fonte: próprio autor. Espiral O tipo Espiral se assemelha ao tubo Bourdon, só que achatado formando um espiral, quando submetido à pressão do processo, a extremidade aberta da espiral tende a se desenrolar transmitindo um grande movimento para extremidade livre. Devido a essa grande capacidade de dilatação, não se faz necessária a utilização da coroa e do pinhão, a ligação é simples e direta para o braço do ponteiro. Figura 67. manômetro espiral. Fonte: senaI,1996. Hélice (helicoidal) Similar ao tipo espiral, contudo possui um tubo achatado de Bourdon, é enrolado de quatro a cinco vezes em forma de hélice. Ao ser admitida a pressão do processo, a extremidade livre se movimenta e assim confere movimento ao ponteiro a ela conectado. Este tipo de manômetro é indicado para registradores de temperatura e pressões. 62 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 68. manômetro helicoidal. Fonte: próprio autor. manômetros de foles É constituído por um fole elástico, também chamado sanfona ou, em Inglês, Belows. foles com mola oposta Neste tipo de instrumento a sanfona (fole) metálica está normalmente conectada à mola, no fole atuará a pressão do processo e a mola tem o principal papel de fazer o conjunto retornar à posição inicial. Como o fole possui uma das suas extremidades fixas e a outra sobre a atuação da variação da pressão externa, ocorrerá uma contração ou uma expansão, atuando sobre um ponteiro que indica numa escala graduada em unidade de pressão. Figura 69. manômetro Fole com mola oposta. Fonte: próprio autor. 63 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II foles opostos O manômetro de foles opostos possui dois foles em oposição em uma mesma unidade, este dispositivo conecta os dois foles de forma em série com o ponteiro indicador ou registrador. Um dos foles é utilizado com referência estando fechado e sob vácuo quase perfeito e o outro à fonte de pressão. Este tipo de Instrumento é utilizado para medir a pressão absoluta do processo. Figura 70. manômetro Foles opostos. Fonte: senaI,1996. manômetros de diafragmas Os manômetros de diafragmas podem ser fabricados em material metálico ou não metálico. Os metálicos geralmente são confeccionados em latão, bronze fosforoso, cobre-berílio, monel e aço inoxidável. Normalmente feito de chapa metálica lisa ou enrugada ligada a um ponteiro por meio de uma haste. Os não metálicos podem ser feitos em teflon, neoprene, polietileno e couro, recomendado para baixas pressões. O movimento de flexão do diafragma é causado pela pressão e o retorno do conjunto à posição inicial, garantido pela ação da elasticidade do material, já nos casos de o material não ser metálico, uma mola auxiliar atuará para garantir o retorno do diafragma. 64 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 71. manômetro de diafragma.Fonte: senaI,1996 tipos de instrumentos elétricos São instrumentos que medem as pressões de acordo com a variação das resistências, capacitâncias indutâncias ou relutâncias. Estas variações são oriundas da conversão dos valores de pressão, obtidos na extremidade do instrumento ligado ao processo, por meio de um elemento elástico de pressão (fole, diafragma ou tubo de Bourdon). Os sensores de pressão elétrico-eletrônicos podem ser: ativos ou passivos. O sensor ativo não necessita de alimentação externa para fazer a medição, pois gera uma militensão que será interpretada pela ponte. O sensor passivo necessita de uma tensão de alimentação para funcionar, seu funcionamento pode ocorrer por meio da variação da resistência, capacitância ou indutância em função da pressão aplicada. Este estudo irá se concentrar nos tipos de instrumentos sensores passivos. Strain-gage (medidores de tensão) É um instrumento, também conhecido como fita extensiométrica, que mede a pressão do processo por meio da enlongação ou diminuição nos Strain-gages, ou seja, fitas 65 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II metálicas que estão fixadas nas faces de um corpo a ser submetido ao esforço de tração e compressão, onde sua seção transversal e seu comprimento são alterados devido à pressão exercida na face de medição. Aumentando ou diminuindo sua resistência que é medida por uma ponte de Wheatstone. Figura 72. Strain-Gage. Fonte: senaI,1996. resistência Este instrumento tem seu princípio de funcionamento baseado na variação da resistência elétrica. A pressão do processo atua sobre um fole ou tubo de Bourdon, e assim move o ponteiro de um potenciômetro de exatidão, alterando sua resistência que influenciará no sinal de tensão que chegará na ponte de Wheatstone ou no divisor de tensão. É um instrumento de baixo custo, possui uma boa intensidade de sinal sem necessidade de amplificação, sem contar que pode operar sob diversas condições. 66 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Figura 73. transdutor por resistência. Fonte: próprio autor. transmissor eletrônico de pressão por equilíbrio de forças Este transmissor utiliza o princípio da indutância para obter a leitura de pressão, pode ser também associado aos transdutores indutivos. Um elemento elástico sofre deformação devido à variação de pressão no processo, essa deformação atuará no conjunto fazendo variar a indutância do solenoide do oscilador, com a variação da indutância haverá proporcionalmente uma variação na corrente de saída. Essa corrente realimenta a bobina que produz uma força igual e contrária sobre o braço para equilibrar a força produzida pela pressão do processo. Figura 74. transmissor magnético por equilíbrio de forças. Fonte: senaI,1996. 67 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Capacitância Este instrumento também é conhecido como transdutor de pressão capacitivo, em que um diafragma é deslocado pela variação da pressão do processo enquanto outros dois diafragmas permanecem fixos, entre eles um líquido funciona como dielétrico, essa variação de distância entre as placas capacitivas modifica a capacitância do capacitor proporcionalmente, assim ocorrerá uma variação de corrente que será medida pela ponte de Wheatstone. Figura 75. transdutor de pressão capacitivo. Fonte: próprio autor. Além dos transdutores abordados aqui, existem também os seguintes tipos de transdutores de pressão elétricos: piezoelétrico e ótico. tipos de instrumentos por ionização (cátodo aquecido) São medidores de pressão que se baseiam no fenômeno da ionização do gás a ser medido. Nessa medição, o gás é ionizado por dois eletrodos que aquecem o gás vindo do processo, gerando, desta forma, íons positivos que serão coletados pelos coletos de íons positivos e íons negativos que irão para placa coletora e, em seguida, guiados para o detector de corrente iônica. A leitura da corrente dos íons (corrente de anodo) irá fornecer a medida de pressão, normalmente utilizado para medição de vácuo. Figura 76. medidor de vácuo por ionização. Fonte: senaI,1996. 68 CAPítulo 3 relógio comparador O relógio comparador, como o próprio no nome diz, compara uma medida a outra de referência. Medir por comparação é uma medição do tipo indireta, pois o resultado se faz conhecido por meio da comparação entre uma medida padrão de referência e aquela que se deseja saber. O relógio comparador foi desenvolvido para detectar pequenas variações dimensionais por meio de uma ponta de contato e por um sistema de ampliação mecânica que o torna um instrumento de exatidão, alta sensibilidade a variações. O relógio possui uma escala graduada e um ponteiro, ligados por mecanismos diversos à ponta de contato. O relógio comparador padrão converte e amplia o movimento retilíneo de um fuso em movimento circular, sendo exibido em um ponteiro montado sobre um mostrador graduado. Por sua elevada exatidão e versatilidade é utilizado tanto na verificação de medidas, superfícies planas, concentricidade, como cilindricidade, ovalização, conicidade, alinhamentos e paralelismo, quanto para leituras diretas. Figura 77. relógio comparador. Fonte: senaI,1996. 69 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Princípio Uma ponta de medição entrará em contato com o objeto a ser medido, essa ponta também é conhecida como ponta apalpadora. Quando a ponta detecta uma variação de pressão em relação a uma pressão de referência, um deslocamento retilíneo ocorrerá na haste do apalpador sendo transmitido e convertido por um sistema de ampliação ao ponteiro do relógio. O sistema de amplificação é constituído de engrenagens, alavancas ou misto, a exatidão do instrumento está ligada diretamente neste sistema. A rotação do ponteiro do relógio no sentido horário indica que a medida possui uma diferença positiva, ou seja, a peça apresenta uma dimensão maior do que a de referência. Caso o ponteiro gire no sentido anti-horário a diferença será negativa, ou seja, a peça apresenta dimensão menor do que a estabelecida. Sistema de engrenagem O sistema de engrenagens é composto por uma cremalheira e um conjunto de engrenagens, que fornece uma exatidão na ordem de 0,01mm. Figura 78. mecanismo do relógio comparador. Fonte: telecurso, 2000. Sistema de alavanca Tem como principal princípio o movimento da alavanca, que é sentido por meio do movimento da ponta apalpadora. A capacidade deste tipo de sistema é limitada pela pequena amplitude do sistema basculante, contudo alcança uma exatidão de até 0,001mm. 70 UNIDADE II │ INstrUmENtos DE mEDIção Comprimento do ponteiroA relação de amplificação = Distância entre os cutelos Figura 79. mecanismo do sistema de alavanca. Fonte: telecurso, 2000. Amplificação mista É a combinação do sistema alavanca e de engrenagem, essa associação permite um aumento da sensibilidade do relógio comparador para 0,001mm, sem reduzir a capacidade de medição. Apesar da exatidão do método da ampliação mista, os relógios de 0,01mm são os mais utilizados e sua capacidade está na ordem de 10m. Controle do relógio A utilização do relógio requer suavidade e aferição, antes de realizar uma série de medidas é importante verificar a aferição do relógio. Para tal, utiliza-se um suporte de relógio, o relógio em si e blocos de medidas padrão, com diversas medidas diferentes. Ao posicionar o apalpador sobre o bloco realiza-se a leitura no relógio, que deve corresponder à medida do bloco, caso haja discrepância nos valores o ajuste deverá ser realizado no relógio. Para medição, o ponteiro do relógio comparador deve ficar em uma posição anterior a zero, em seguida ao iniciar uma medida deve-se dar uma pré-carga para o ajuste do zero. 71 Instrumentos De meDIção │ unIDADe II Figura 80. aferição do relógio comparador. Fonte: próprio autor. leitura do relógio Os valores da medição são obtidos por intermédio de dois ponteiros de tamanhos diferentes, um grande que está ao centro, mede em centésimo de milímetros, está dividido em 100
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