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CURSO: BACHARELADO EM DIREITO DISCIPLINA: TÓPICOS I (DIREITOS HUMANOS) - SEMESTRE: 2020.2 ALUNO (A): Larissa Oliveira Alves EXERCÍCIO DE VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM – II UNIDADE INSTRUÇÕES! LEIAM COM ATENÇÃO!!!! 1. As respostas exigem análise e apresentação dos fundamentos legais, quando necessário. 2. A interpretação é parte intrínseca na resolução da questão. Respostas copiadas do colega ou meramente copiadas dos slides serão ZERADAS. 3. A ATIVIDADE COMPLEMENTAR TEM PESO 5,0 (CINCO), QUE SERÁ SOMADO A NOTA DOS SEMINÁRIOS SOBRE OS FILMES (conforme o Regimento institucional não há reposição de nota de trabalhos complementares, portanto, eventual prova substitutiva terá peso 5,0 também). 4. AVALIAÇÃO INDIVIDUAL, DIGITADA, COM DATA DE ENTREGA ATÉ DIA 25/10 (PRÓXIMO DOMINGO). 5. ESCREVAM AS RESPOSTAS NA COR VERMELHA, POR GENTILEZA. QUESTÕES 01) “O sistema Global de Direitos Humanos está centrado na universalidade desses direitos, mas sempre respeitando também as particularidades sociais, econômicas e culturais de cada país do globo”. - Com base no conceito acima explique brevemente as características dos Direitos Humanos discutidas em aula, indicando aquela que se refere ao conceito apresentado e explique como são tratados os direitos econômicos, sociais e culturais na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com a devida fundamentação jurídica. (2,5 pontos) - MÁXIMO 20 LINHAS São características: Historicidade (os direitos humanos não surgiram de uma vez só, foram surgindo e se aprimorando com o avanço da sociedade); Universalidade (não são destinados a só um grupo de pessoas, e sim a toda a população mundial); Inalienabilidade (não podem ser vendidos ou negociados pois não possuem um valor econômico-patrimonial, tendo em vista a proteção da pessoa); Irrenunciabilidade (isso significa que a pessoa não pode abrir mão dos direitos humanos pois são direitos inerentes à condição existencial); Inviolabilidade (o Estado tem o dever de não violar os direitos humanos, e caso isso aconteça, o Estado tem o dever de sanar com a lesão de forma ágil e adotar medidas para que isso não volte a acontecer); Indivisibilidade (são um conjunto único, ou seja, não se excluem na medida que completam um ao outro); Imprescritibilidade (não estão sujeitos à prescrição, logo, não a pretensão não se perde com o passar do tempo); Complementaridade (não se pode interpretar de forma isolada, e sim, de forma conjunta); Interdependência (são vinculados entre si); Efetividade (deve se fazer incidir na sociedade); Relatividade (não são direitos absolutos pois podem ter limitações se entrarem em confronto com os direito). O conceito se refere à característica da complementaridade. Os direitos econômicos, sociais e culturais possuem uma disposição genérica no art. 26 da Convenção que apenas impõe aos Estados um dever de adotar providências com a cooperação internacional, de forma que seja pela via legislativa que a efetividade dos direitos que decorrem desses três acontecimentos. Dessa forma, é notável que a Convenção Americana apenas disciplina os direitos civis e políticos, fazendo com que os direitos econômicos, sociais e culturais não possuam uma norma que garanta a sua proteção. No artigo 77, I da Convenção está disposto que os Estados-Partes podem projetar protocolos adicionais, esse foi o caso do Protocolo Adicional à Convenção Americana em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), em 1988. 2) Robson é deficiente físico e possui severos problemas respiratórios. A condição de cadeirante agrava ainda mais seus problemas de saúde. No dia 1° desse mês ele deu entrada no hospital com grave falta de ar, mas não chegou a receber um pronto atendimento. Os pais imploraram ao médico plantonista para que o atendimento fosse urgente, este, por sua vez, alegou que o hospital estava lotado e a família deveria aguardar um pouco porque o caso não era grave. O pai de Robson ouviu um dos enfermeiros comentar com o médico em tom sarcástico que o aleijadinho não ia morrer se esperasse um pouquinho. Ocorre que o quadro clínico de Robson piorou e ele veio ao óbito. Você foi contratado(a) pela família de Robson para advogar neste caso. Após algumas rápidas pesquisas na Internet, o pai e a mãe de Robson pedem que o caso seja imediatamente encaminhado para julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos, alegando violação a esses direitos. Diante do caso hipotético e com fundamento na Convenção Americana de Direitos Humanos responda: (2,5 pontos) a) Apresente a estrutura e funções dos órgãos que compõem o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. O Sistema Interamericano de Direitos Humanos é formado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão é responsável por analisar e intermediar os casos enviados pelos Estados-Membros. É formada, de acordo com o artigo 37, por 7 membros que devem ser pessoas de alta autoridade moral e reconhecido saber de direitos humanos; esses membros são escolhidos pela Assembléia Geral da Organização a partir de uma lista, de até três indicações, de cada Estado-Membro. Esses membros serão eleitos por quatro anos, tendo direito a uma reeleição, segundo o artigo 37 §2. As vagas que não se expiram de forma normal, serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, segundo o Estatuto da Comissão (artigo 38) que será elaborado pela própria Comissão e será submetido pela a Assembléia Geral (artigo 39). O artigo 40 dispõe que os serviços da secretaria da Comissão devem ser prestados por uma unidade funcional específica que faz parte da Secretaria Geral da Organização. A sua função principal está disposta no artigo 41 e é a de promover a defesa e a observância dos direitos humanos e enquanto estiver no exercício do seu mandato terá as funções e as atribuições de, por exemplo: requerer que os Estados-membros usem medidas progressivas para evitar uma lesão nos direitos humanos (art. 41, b); estimular o conhecimento dos direitos humanos nos países americanos (art. 41, a); solicitar que os Estados-membros informem quais medidas estão sendo implantadas para a proteção dos direitos humanos (art. 41, d); preparar relatórios ou estudos relacionados ao desempenho das suas funções (art. 41, c); por meio da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos irá atender às consultas formuladas pelos Estados-membros sobre os direitos humanos (art.41, e); receber e investigar as petições e outros tipos de comunicação, seguindo o que está disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção (art. 41, f); e, por fim, apresentar um relatório anual na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (art. 41, g). A Corte Interamericana de Direitos Humanos é composta por sete juízes, eleitos dentre juristas da mais alta autoridade moral - vale ressaltar que são eleitos a título pessoal, que tenham competência sobre a matéria de direitos humanos e que cumoram os requistos para o exercício da carreira de magistrado seguindo a lei do Estado do qual sejam nacionais ou do Estado que tenha se candidatado para representar (art. 52, 1); não pode ter dois juízes com a mesma nacionalidade (art. 52, 2). A votação para a eleição dos juízes é feita de forma secreta e por maioria absoluta dos Estados-partes tanto da Convenção quanto da Assembléia Geral da Organização, por meio de uma lista de candidatos feita pelos Estados, dessa forma, cada Estado elaborará uma lista composta por três candidatos nacionais ou não (art. 53, 1 e 2). De acordo com o artigo 54, os juízes terão um mandato de seis anos com a possibilidade de uma reeleição, logo, o mandato de três juízes da primeira eleição terminará em três anos. Os juízes, até o término do mandato, terão as suas funções, mas, em casos em que já tenham conhecimento ou que estejam em fase de sentença, os juízes não serão substituídos. O artigo 55 dispõe que será conservado o direito de conhecer do mesmo em casos que o juiz seja nacional de um Estado submetido à Corte. Pode haver umjuiz ad hoc caso um dos juízes chamados para ter conhecimento do caso seja de nacionalidade de um dos Estados-partes e caso nenhum dos juízes seja de nenhuma nacionalidade dos Estados-partes, cada um dos juízes terá que escolher um juiz ad hoc. Pág. 2 de 4 Segundo os artigos 56 e 57, respectivamente, o quorum da Corte é constituído por cinco juízes e que a Convenção participará de todos os casos que forem para a Corte. Pode realizar reuniões em qualquer território dos Estados-partes em que considerar conveniente para a maioria dos membros (art. 58). A Secretaria da Corte funcionará sob a direção do Secretário da Corte seguindo as normas administrativas da Secretaria-Geral da Organização nas coisas em que não for incompatível com a independência da Corte (art. 59). O artigo 60 dispõe que a Corte elaborará o próprio estatuto que passará pela Assembléia Geral e irá expedir seu regimento. Possui duas funções: a) função contenciosa: está relacionada à competência de julgar casos que são encaminhados da Comissão. Dentro dessa função, se encaixa a resolução de casos contenciosas e o mecanismo de supervisão das sentenças; b) função litigiosa: ligada à capacidade que a Corte tem de interpretar a Convenção ou outros instrumentos relacionados à proteção dos direitos humanos (art. 64). Ou seja, trata de casos em que um direito ou a liberdade protegida pela Convenção tenha sido violada (art. 63). Vale ressaltar que a Corte pode realizar medidas provisórias em casos de extrema gravidade ou urgência ou quando for necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas. Caso o assunto não seja de sua competência, poderá atuar caso pedido pela Comissão (art. 63). b) Explique o que é o requisito de esgotamento dos recursos da jurisdição interna e se o caso pode ser levado de imediato ao julgamento da Corte. De acordo com o artigo 46 da Convenção, “Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos” isso quer dizer que, o requisito de esgotamento dos recursos internos é uma exigência para que se possa ingressar com demandas. Os recursos internos são recursos legais acessíveis para a sociedade perante juízes e tribunais nacionais. Ou seja, para ingressar com uma denúncia na Comissão Internacional de Direitos Humanos, deve ser comprovado que o caso em questão tenha passado por todas as instâncias judiciais de direito interno. No formulário de denúncia deve constar todas as medidas tentadas junto com o poder judiciário ou órgãos administrativos do Estado. Caso haja impedimento para o esgotamento dos recursos internos, é necessário que conste no formulário. Destaca-se que o Estado não pode usar dessa regra de má-fé. De acordo com os artigos 30, §§ 4 e 7, artigo 37 §3 e artigo 38 do Regulamento da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, em casos em que a vítima alega que não tem como provar o esgotamento, o ônus da prova passa para o Estado. Nos artigos 8 e 25 da Convenção está disposto que os recursos devem ser eficazes, ou seja, não basta apenas serem formais. Essa regra possui exceções que estão previstas no artigo 46.2 da Convenção Americana: 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando: a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b.não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e c. houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. Pode-se concluir que o caso em estudo não será levado para Corte, pelo menos não imediatamente Pois, para chegar à Corte, terá que ter esgotado os recursos internos. Vale ressaltar que, com base no artigo 61, só a Comissão ou os Estados-partes podem enviar casos para a Corte, logo a família de Robson não pode. c) Informe também se algum tratado de direitos humanos foi violado nesse caso específico. Nesse caso, foi violada a Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada em 2008, com destaque para os artigos 5 §2; 10 e 12 que versam sobre igualdade, direito à vida e reconhecimento igual perante a lei, respectivamente. Artigo 5 §2.Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na deficiência e garantirão às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo. Artigo 10. Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente direito à vida e tomarão todas as medidas necessárias para assegurar o efetivo exercício desse direito pelas pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Artigo 12. 1.Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com deficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante a lei. 2.Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida. Foi violada, também, a Declaração de Direitos das Pessoas Deficientes, uma resolução de 1975 aprovada pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Pág. 4 de 4
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