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NOVA LEI DE LICITAÇÕES - COMO UTILIZAR UMA LICITAÇÃO SEM LICITAR

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24, 25 E 26 DE MAIO DE 2021 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO – MATHEUS CARVALHO 
 
 
 
COMO UTILIZAR UMA LICITAÇÃO SEM EXECUTAR TODO PROCESSO 
LICITATÓRIO DE ACORDO COM A 14133 
 
O Especialista Reconhecido(a) é aquele(a) que, dominando profundamente a 
legislação, sabe utilizá-la para encontrar as melhores soluções para atender as 
demandas dos órgãos públicos, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, bem 
como a empresa ao qual presta consultoria jurídica caso atue como especialista para 
organizações privadas. 
É cediço que em determinadas hipóteses, a Administração Pública realiza 
procedimento licitatório sem a finalidade imediata de contratação, mas tão somente 
para registrar os preços, para o caso de eventual contratação posterior. Acontece 
sempre que o Estado entende que um bem ou serviço é adquirido com muita frequência 
e, por isso, tem interesse em deixar um registro, no órgão, com o eventual fornecedor 
deste bem ou serviço. 
Essa licitação não obriga a administração a contratar com o vencedor, uma vez que 
sequer sabe se haverá dotação orçamentária para celebração do contrato. O vencedor 
não tem a garantia de que se o Estado for contratar, irá contratar com ele. O registro de 
preço não vincula a Administração Pública ao vencedor de nenhuma forma. 
De fato, são muitas as vantagens para a Administração Pública na utilização do 
sistema de registro de preços, como a possibilidade de fracionamento das aquisições, a 
redução de volume de estoques, a desnecessidade de dotação orçamentária, a 
padronização dos preços, a redução dos gastos, a rapidez na contratação e, 
consequente, otimização dos gastos públicos, entre outras. 
Finalizada a licitação, os preços são registrados no sistema de cadastros do ente, 
formalizando o que se denomina ata de registro de preços. Esta ata, decorrente do 
registro terá validade de 1 (um) ano, devendo ser realizado um novo procedimento 
licitatório, após este período, ainda que a Administração Pública não tenha adquirido 
todo o quantitativo que poderia. 
Durante o período de vigência da ata, a proposta selecionada fica à disposição da 
Administração Pública, que poderá adquirir o bem selecionado quantas vezes ela 
precisar, desde que não ultrapasse a quantidade licitada. 
Ocorre que, em algumas situações, um órgão ou entidade pública que não participou 
da licitação que deu ensejo à ata pretende contratar com o licitante vencedor, por meio 
de adesão à ata de registro de preços feita por outro órgão. É o que a doutrina 
convencionou chamar de licitação “carona”. Explique-se. 
Tomemos como exemplo uma licitação realizada pelo Ministério da Saúde para 
registro de preços para aquisição de 20 carros em determinado ano. Após a seleção 
da proposta vencedora e registrada a ata no órgão licitante, o Ministério recebe uma 
notificação de uma autarquia federal que pretende contratar com aquele fornecedor 
para aquisição de 5 carros, de interesse da entidade. Nesse caso, a autarquia oficia 
o Ministério da Saúde, solicitando a adesão à ata de registro de preços. Caso o 
Ministério concorde, a autarquia celebrará o contrato com a empresa, sem a 
necessidade de realização de procedimento licitatório. 
O art. 86, §2º, da lei 14.133/21 prevê expressamente a adesão à ata de registro de 
preços por empresas não participantes do certame, ao dispor que: 
“§ 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput 
deste artigo, os órgãos e entidades poderão aderir à ata de 
registro de preços na condição de não participantes, observados 
os seguintes requisitos: 
I – apresentação de justificativa da vantagem da adesão, 
inclusive em situações de provável desabastecimento ou 
descontinuidade de serviço público; 
II – demonstração de que os valores registrados estão 
compatíveis com os valores praticados pelo mercado na forma 
do art. 23 desta Lei; 
III – prévias consulta e aceitação do órgão ou entidade 
gerenciadora e do fornecedor.” 
 
Nesse caso, a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada 
por qualquer órgão ou entidade da Administração Pública federal que não tenha 
participado do certame licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador. Ademais, 
conforme já explicitado, os órgãos e entidades que não participaram do registro de 
preços, quando desejarem fazer uso da ata correspondente, deverão consultar o órgão 
gerenciador da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão. E caberá ao 
fornecedor beneficiário dessa ata, observadas as condições nela estabelecidas, optar 
pela aceitação ou não do fornecimento decorrente de adesão, desde que não 
prejudique as obrigações presentes e futuras decorrentes da ata, assumidas com o 
órgão gerenciador e órgãos participantes, ou seja, o licitante vencedor da ata de registro 
de preços não está obrigado a celebrar o contrato com o licitante “carona”. 
Ademais, as aquisições ou contratações adicionais a que se refere este artigo não 
poderão exceder, por órgão ou entidade, a 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos 
dos itens do instrumento convocatório e registrados na ata de registro de preços para o 
órgão gerenciador e órgãos participantes. Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União 
entende modernamente que o quantitativo adquirido pelo licitante “carona” não será 
abatido do valor total da ata. Sendo assim, se a ata previa a compra de 20 itens e 10 itens 
foram adquiridos pelo órgão que aderiu à ata, o órgão licitante ainda poderá fazer a 
aquisição de 20 itens, com base naquela ata. 
Cabe ainda salientar que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de 
preços não poderá exceder, na totalidade, ao dobro do quantitativo de cada item 
registrado na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes, 
independentemente do número de órgãos não participantes que aderirem, salvo 
quando se tratar de execução descentralizada de programa ou projeto federal e 
comprovada a compatibilidade dos preços registrados com os valores praticados no 
mercado. 
Também, não se submete a esse limite a adesão para aquisição emergencial de 
medicamentos e material de consumo médico-hospitalar por órgãos e entidades da 
Administração Pública federal, estadual, distrital e municipal, a adesão à ata de registro 
de preços gerenciada pelo Ministério da Saúde. 
Dessa forma, em regra, a soma das aquisições efetivadas pelos licitantes que estão 
aderindo à ata de registro de preços poderá ultrapassar o quantitativo da ata, mas fica 
limitada ao montante de 2 vezes este valor. Com efeito, estas aquisições somente não 
podem ultrapassar o dobro da quantidade total da licitação. 
Portanto, não obstante todas as críticas doutrinárias que sofre a possibilidade de 
adesão à ata de registro de preços, o fato é que a utilização do Sistema de Registro de 
Preços importa uma série de vantagens para a Administração Pública e a possibilidade 
da realização de licitação “carona” é uma forma de otimizar as contratações realizadas 
pelos entes públicos, estando regulamentada e delimitada pela lei geral de licitações, ou 
seja, plenamente admitida no ordenamento jurídico brasileiro. 
E este é um dos principais papéis dos(as) advogados(as), bacharéis e procuradores 
que desejam se diferenciar e se tornar Especialistas Reconhecidos(as): utilizar os artigos 
da 14133 para encontrar mecanismos que permitam reduzir custos, aumentar lucros e 
otimizar os recursos da administração pública e privada. 
A Nova Lei de Licitações engloba uma série de aspectos que ficavam desguardados na 
8666 e que, por consequência, gerava muitas críticas a possibilidade de licitação “carona” 
e o(a) Especialista Reconhecido(a) tem agora uma grande oportunidade de utilizar esta 
nova legislação para orientar de maneira objetiva os(as) gestores(as) em prol de gerar 
mais resultados evitando todos os trâmites e custos que o processo licitatório enseja 
quando não são efetivamente necessários.É assim, gerando valor pelo seu conhecimento, que você se posiciona como 
Especialista utilizando a Nova Lei de Licitações e pelo seu mérito, passo a passo, se 
tornará um(a) Especialista e poderá ser efetivamente reconhecido(a)! 
 
Prof. Matheus Carvalho

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