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O DESENVOLVIMENTO NO PENSAMENTO ECONÔMICO A PARTIR DOS ANOS QUARENTA E O PENSAMENTO DA CEPAL Professor: Dr. Ivan Dias da Motta DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Giovana Vieira Cardoso Editoração Victor Augusto Thomazini Ilustração Marcelo Goto C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MOTTA, Ivan Dias da. Direito e Desenvolvimento. Ivan Dias da Motta. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 36 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Desenvolvimento econômico. 2. Economia. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 330 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 06| O PENSAMENTO ECONÔMICO CEPALINO 11| O DESENVOLVIMENTO EM WALT WHITMAN ROSTOW 15| A SUPERAÇÃO DO SUBDESENVOLVIMENTO EM JACOB VINER 20| DESENVOLVIMENTO E POBREZA EM RAGNAR NURKSE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer e compreender o que foi a CEPAL e qual a sua influência na for- mação desse pensamento econômico. • Compreender a teoria linear e cumulativa dividida em etapas do desenvol- vimento econômico em Rostow. • Compreender os obstáculos a serem superados para que haja desenvolvi- mento econômico em países subdesenvolvidos. • Compreender a teoria do círculo vicioso nos países em subdesenvolvimen- to proposta por Nurkse. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O pensamento econômico cepalino • O desenvolvimento em Walt Whitman Rostow • A superação do subdesenvolvimento em Jacob Viner • Desenvolvimento e pobreza em Ragnar Nurkse O DESENVOLVIMENTO NO PENSAMENTO ECONÔMICO A PARTIR DOS ANOS QUARENTA E O PENSAMENTO DA CEPAL INTRODUÇÃO introdução Neste estudo, pretende-se construir um conhecimento que procure esclarecer o que ocorre com o pensamento político a partir dos anos 1940, principalmen- te, tomando como referência a influência que será exercida pela CEPAL, que é a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, criada em 25 de feve- reiro de 1948, pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), e que tem sua sede na cidade e Santiago, no Chile. A CEPAL reúne os países latinos americanos que têm perspectivas econô- micas comuns e oriundas de seu processo de colonização, problemas sociais específicos dessa região, influenciados diretamente pelo modelo de colonização que lhes fora imposto, fundamentado na ideia desenvolvida pelos Espanhóis e Portugueses, de tratarem as suas colônias, normalmente, como simples pro- dutores de matéria-prima, reservando à metrópole as demais funções do setor de transformação, produção e distribuição. Na realidade, o pensamento cepalino não rompe com o pensamento econô- mico tradicional, até porque pertencem a esse espaço e fórum de discussões de outros países, que, de certa forma, mantêm vínculos históricos com essa região. Não é um espaço exclusivo, mas sim de diálogo e levantamento de questões que, originariamente, afetam esse espaço geográfico, em um mundo que se desponta para um processo de globalização, também deve afetar os demais espaços, seja um pouco mais cedo, ou um pouco mais tarde. Não se pode deixar de levar em consideração que, quando se rompeu a bar- reira das grandes distâncias com a invenção e o desenvolvimento da máquina a vapor e, depois da Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento da aviação, o espaço do mundo transformou-se em um espaço pequeno, principalmente quando, após o Tratado de Bretton Woods, amplia-se o poder da economia ame- ricana sobre as demais economias, mesmo atrás da chamada Cortina de Ferro. Pós-Universo 6 O PENSAMENTO econômico cepalino Pós-Universo 7 Devemos, de início, destacar que a teoria do desenvolvimento da CEPAL é, sem dúvida, a teoria do desenvolvimento de Raúl Prebisch. O pensamento da CEPAL e de Prebisch é o mesmo: não se pode separar um do outro, quer dizer, sem Prebisch, provavelmente, não haveria um pensamento cepalino. Esse pensamento serviu para instrumentalizar as políticas econômicas de vários governos em toda América Latina, pelo menos desde a sua criação até, aproximadamente, os anos sessenta. A CEPAL foi criada no início de 1948, com sede no Chile, país autor da proposta e que muito se empenhou em sua aprovação (FURTADO, 1976). A CEPAL objetivava diagnosticar o atraso da América Latina e propor soluções para superá-lo. Mello (1982) também afirmou acerca do objetivo da CEPAL: A Economia Política da CEPAL nasceu [...] para explicar a natureza do pro- cesso de industrialização que eclodira entre 1914 e 1945. Em vários países, pôr a nu sua possível trajetória, revelar os problemas que enfrentaria se qui- sesse ter êxito e sugerir políticas econômicas que fossem aptas a superá-las. Fonte: Mello (1982). quadro resumo Contudo, havia outro objetivo, conforme o seu idealizador, o de se contrapor às teorias de desenvolvimento da época que não levavam em conta as especificidades regio- nais. Nas palavras de Prebisch (1949, p. 27), “ a política de desenvolvimento tem que se basear em uma interpretação auten- tica da realidade latino-americana. Nas teorias que recebemos e continuamos a receber dos grandes centros, há com frequência uma falsa pretensão de originalidade. A CEPAL iniciou as suas atividades sob um clima pessimista quanto à sua viabilida- de, com prenúncios de uma vida curta. É possível ter ocorrido conspiração para que o cargo de Secretário Executivo ficasse vago nos meses que antecederam a sua ins- talação. Fazia parte da boataria uma possível recusa do economista argentino Raul Prebisch a um convite que lhe fora feito para assumir a Secretaria Executiva. O mesmo fato deve ter acontecido com o economista mexicano Victor Urquide. Inicialmente, o staff técnico da instituição era muito reduzido, chegando, no máximo, a dez técnicos. Pós-Universo 8 A base teórica do pensamento cepalino encontra-se em dois documentos: EI Desarolio Económico de la América Latina y Algunos de sus Principales Problema e Estudio Económico de América Latina, publicados, respectivamente, em 1949 e 1950. O primeiro texto de Prebisch foi apresentado em Havana, no ano de 1949, e teve uma grande repercussão em toda a América Latina. O segundo foi discutido no encontro da CEPAL em Montevidéu, em 1950. Conforme Furtado (apud MALLORQUIN, 1995, p. 10), “foram muitas as pessoas que debateram e estudaram o problema e tomaram consciência de que era necessário pensar a América Latina a partir de coisas novas [...] com uma visão dinâmica e da estrutura da economia mundial”. Se, de um lado, a boa repercussão foi favorável à CEPAL, por torná-la conheci- da; por outro lado, possibilitou um confronto com os seus oponentes, notadamente os americanos, que não admitiam um pensamento autônomo na América Latina. A esse respeito, Furtado diz (apud MALLORQUIN, 1995, p. 108): “se a CEPAL era indese- jável de nascença, passava a ser perigosa sob uma liderança de crescente Influência nas esferas políticas e intelectuais da região”. Prebisch ingressa na CEPAL em fevereirode 1949. Um mês após seu ingresso na Instituição, distribui um texto para discussão interna. Era, na verdade, o primeiro esboço de um trabalho que estava sendo preparado para a conferência da CEPAL em Havana, em maio de 1949. Esse texto, Desarollo Económico de la América Latina y Algunos de sus Principales Problemas, marca a gênese do pensamento dessa Instituição. Nos primeiros parágrafos do texto, Prebisch (1949, p. 99) contesta a divisão inter- nacional do trabalho, afirmando que “a realidade está destruindo na América Latina aquele pretérito esquema da divisão internacional do trabalho que, depois de haver adquirido grande vigor no século XIX seguia prevalecendo doutrinariamente até há bem pouco tempo”. Conforme a divisão internacional do trabalho, a América Latina compunha a pe- riferia do sistema econômico mundial e lhe era destinado o papel de produtora de alimentos e produtos primários de uma forma geral, dentre os quais, matérias-pri- mas para os grandes centros mundiais. Caberia às regiões centrais a produção de produtos manufaturados. O sistema centro-periferia foi o conceito mais difundido pelo economista argentino. Contudo, era um termo não consolidado, razão pela qual Prebisch (1991) evitou empregá-lo ou o fez de forma cuidadosa. Tanto a periferia quanto o centro são resultados históricos da forma como o progresso técnico se propagou na economia mundial, dando lugar a estruturas Pós-Universo 9 produtivas diferenciadas. Assim, Prebisch (1991) define o desenvolvimento econô- mico da América Latina como uma nova etapa da propagação universal da técnica capitalista de produção. Como essa propagação era lenta e irregular, o desenvolvi- mento demorava para chegar. Prebisch entendeu que: “ El desarrolho periférico es parte integrante del sistema mundial del capitalis- mo, pero se desenvolve en condiciones muy diferentes a las de los centros [...]. La técnica tiene en ello un papel primordial conforme se desenvuelve e, los centros sobrevienen continuas mutaciones eis su estrutura social, como asi también en los países periféricos; cuando penetra en ellos essa misma técnica con gran retardo (PREBISCH, 1991, p. 6-13). O único meio para romper essa irregularidade e aproveitar, na medida do possível, as vantagens do progresso técnico, era a industrialização. E, para justificar teoricamente a industrialização, Prebisch faz algumas objeções à divisão do trabalho. Segundo essa divisão, o progresso técnico dos centros se distribui para a periferia pela baixa dos preços dos produtos manufaturados como decorrência do aumento da produtivida- de. Dessa forma, os produtos primários da periferia, ao serem trocados pelos produtos do centro, teriam maior poder de troca na medida em que evoluísse a técnica nos países centrais, não havendo, portanto, necessidade da industrialização da periferia. Discordando de tal posição, Prebisch demonstra que, desde o final do século passado, os preços dos produtos primários vêm se deteriorando em relação aos preços dos produtos manufaturados produzidos no centro. Tal deterioração explica- va-se por meio do movimento cíclico da economia. Na fase descendente do ciclo, a queda nos preços dos produtos primários era maior do que a sua elevação na fase ascendente. Enquanto isso, os preços dos produtos manufaturados produzidos no centro resistiam à queda. A rigidez dos preços manufaturados e a flexibilidade dos preços primários tinham como razão o maior poder sindical dos trabalhadores dos centros, que elevavam os salários na fase ascendente e os mantinham estabilizados na fase descendente. Entre 1876/80 e 1946/47, houve uma deterioração dos preços dos produtos primários de 31,3%. No período da grande depressão, 1931/35, a de- terioração chegou a 38%. A deterioração dos termos de intercâmbio e o próprio processo de industriali- zação, que necessitava de importações, foram os motivos, apontados por Prebisch, que levavam os países periféricos a desequilíbrios em seus balanços de pagamentos. Pós-Universo 10 Some-se a esses motivos um outro: a elasticidade renda da demanda por produtos pri- mários é menor que um, enquanto a elasticidade renda por produtos manufaturados é maior que um. Isso implica dizer que, ao crescer a renda, diminui a demanda relativa por bens primários e aumenta a demanda por bens industriais. Essa diferença de elas- ticidade causava, também, o desequilíbrio em relação ao setor externo, da periferia. A preocupação de Prebisch para com o comércio externo não diz respeito somente ao desequilíbrio do balanço de pagamentos. Para ele, o comércio internacional é um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico. Por si só, o crescimento econômico necessita das importações e para pagá-las é preciso exportar. Em muitos casos, essas exportações são insuficientes, sendo necessários os investimentos estrangeiros. O que se pode resumir do texto balizador do pensamento cepalino é que o sub- desenvolvimento da América Latina é consequência da distribuição desigual do progresso técnico, que, em última instância, é consequência desigual da forma como o capitalismo se propagou do centro para a periferia. Para superar o subdesenvolvi- mento, é necessário que ocorra a industrialização que pode incorporar o progresso técnico e representa o locus privilegiado da produtividade. Com maior produtivida- de, pode-se manter um melhor equilíbrio nas trocas internacionais. O pensamento da CEPAL, como já foi frisado, ficou durante muito tempo preso ao de Prebisch, mas com o passar do tempo, outros autores vieram completá-lo, dan- do-lhe maior profundidade1. Por fim, na evolução do pensamento da CEPAL, encontramos uma teorização acerca do conceito de nação que nos parece bastante pertinente. A nação aparece, no pensamento cepalino, como forma de definir o espaço em que atua o discur- so desenvolvimentista. A posição adotada pela CEPAL coloca-se como contraponto à Teoria Clássica na medida em que a refuta, classificando-a como cosmopolita. A CEPAL vai entender que a nação deve recuperar a sua identidade, posto que, “todo espaço do discurso cepalino está organizado em torno da idéia de independência econômica da nação. Melhor ainda: a problemática cepalina é a problemática da in- dustrialização nacional, a partir de uma situação periférica” (MELLO, 1982, p. 20). Perceba-se que, enquanto as políticas de estabilização na atualidade diminuem a importância do conceito de nação, a CEPAL, no período, privilegiava-o, isso porque o pensamento cepalino objetivava um desenvolvimento de caráter nacionalista. 1 Após alguns anos da instalação da CEPAL, vários intelectuais foram incorporados à Instituição. Dentre eles, podemos destacar: Aníbal Pinto, Fernando Henrique Cardoso, João Manoel Cardoso de Mello, Maria da Conceição Tavares, José Serra, Carlos Lessa etc. Pós-Universo 11 O DESENVOLVIMENTO em Walt Whitman Rostow Pós-Universo 12 A década de cinquenta, no campo econômico, é rica em formulações de teorias do desenvolvimento. Dentre tantos que nessa época escreveram, falaremos de alguém marcadamente liberal: W. W. Rostow. Rostow escreveu um livro que ficou muito conhecido na literatura econômica: As Etapas do Desenvolvimento Econômico; produziu, também, vários artigos, contudo, todos seguem a metodologia e a teoria das Etapas do Desenvolvimento. Na teoria rostowiana, o desenvolvimento é linear e cumulativo, não havendo rupturas que levem a um retrocesso. Para Rostow, o processo de desenvolvimento representa a passagem de uma sociedade tradicional para a maturidade industrial. Entre uma e outra há dois momentos que antecedem ao pleno desenvolvimento: as condi- ções prévias para a decolagem e a decolagem propriamente dita. saiba mais A sociedade tradicional é caracterizada, fundamentalmente, pelo seu baixo desempe- nho econômico, em virtude de possuir uma técnica rudimentar que não permite um aumento na produtividade. Rostow afirmaque a expansão da sociedade tradicional se dá em conformidade com uma função de produção limitada, e isso acontece porque a tecnologia e a ciência dessa sociedade estão baseadas em atitudes pré-newtonianas, ou seja, atrasadas. Essa situação faz com que o nível de produção per capita seja limitado. Assim sendo, essa sociedade tradicional dedicava-se mais à agricultura e menos à manu- fatura. O poder político, geralmente, ficava nas mãos de quem detinha a posse da terra. MAIOR DIVISÃO DO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE MAIOR LUCRO AUMENTO DO CAPITAL DE GIRO CRESCIMENTO DE EMPREGO CRESCIMENTO DO MERCADO LIBERALISMO ADAM SMITH MAIOR DIVISÃO DO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE MAIOR LUCRO AUMENTO DO CAPITAL DE GIRO CRESCIMENTO DE EMPREGO CRESCIMENTO DO MERCADO LIBERALISMO ADAM SMITH MAIOR DIVISÃO DO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE MAIOR LUCRO AUMENTO DO CAPITAL DE GIRO CRESCIMENTO DE EMPREGO CRESCIMENTO DO MERCADO LIBERALISMO ADAM SMITHMAIOR DIVISÃO DO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE MAIOR LUCRO AUMENTO DO CAPITAL DE GIRO CRESCIMENTO DE EMPREGO CRESCIMENTO DO MERCADO LIBERALISMO ADAM SMITH MAIOR DIVISÃO DO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE MAIOR LUCRO AUMENTO DO CAPITAL DE GIRO CRESCIMENTO DE EMPREGO CRESCIMENTO DO MERCADO LIBERALISMO ADAM SMITH PRIMEIRA FASE SEGUNDA FASE TERCEIRA FASE WALT WHITMAN ROSTOW ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO QUARTA FASE QUINTA FASE - Produção per capita - Agricultura se sobrepõe à manufatura - Ciência modi�ca a produção - Ampliação da concorrência e do comércio internacional - Surto tecnológico na indústria e agricultura - 10% da renda se encontra em investimentos e poupanças - Necessariamente após 60 anos depois do arranco - Tecnologia se encontra em todos os setores de produção - Investimentos equivalem de 10% à 20% da renda nacional - Setores líderes da economia são os de produção de bens duráveis - Renda pessoal elevada, assim como o consumo - Crescimento de recursos para assistência social Sociedade Tradicional Processo de transição Arranco A marcha para a matridade Era do consumo Figura 1 - Etapas do Desenvolvimento em Walt Whitman Rostow Fonte: o autor. Pós-Universo 13 A segunda etapa corresponde a um processo de transição e, conforme Rostow (1961, p. 19), “é o período em que as pré-condições para o arranco se estabelecem [...]”. Nessa etapa, a ciência moderna induziu modificações na função de produção, afastando a possibilidade de se instalarem, na economia, os rendimentos decrescentes, fato esse que foi fortalecido pela ampliação do comércio internacional e pela concorrência. As mudanças econômicas, políticas e sociais que caracterizam a etapa das pré- -condições podem ser resumidas com a seguinte expressão de Rostow (1961, p. 18): “Não obstante, tudo que se oculta por trás da decomposição da Idade Média diz a respeito à criação das pré-condições para o arranco na Europa ocidental”. Na etapa seguinte, a do arranco, o principal fato que aconteceu foi um surto de evolução tecnológica da indústria e da agricultura. Acompanhando esse fato, surge um grupo político preparado para o poder e para dirigir a economia. Durante a vi- gência do take off, os investimentos e a poupança se situam em torno de 10% da renda nacional - isso equivale a um significativo crescimento, quando se tem em conta que, na etapa das pré-condições, tanto a poupança quanto os investimentos se situavam em torno de 5% da renda nacional. É fácil imaginar que, nesse período, com uma taxa de investimento e poupança de tal magnitude, tenha ocorrido uma expansão de novas indústrias lucrativas, em virtude de que uma parte dos lucros é reinvestida na expansão de novas fábricas. Some-se a isso a difusão de novas técnicas na indústria e na agricultura. Assim, toda a economia está preparada para manter um ritmo constante de crescimento econômico. Após o arranco, a próxima etapa é denominada pelo autor de A Marcha para a Maturidade. A sociedade ingressa em um progresso continuado e, como diriam os economistas atuais, em um desenvolvimento autossustentado. A tecnologia, nessa etapa, está disponível em todo o setor produtivo; os investimentos equivalem de 10 a 20% da renda nacional. O total da produção é superior ao crescimento demográ- fico. Nessa etapa, a economia pode produzir tudo o que desejar, embora se ressinta de matérias-primas. Cronologicamente, a maturidade só é alcançada após 60 anos do arranco. Segundo Rostow (1961, p. 22), “ Podemos definir essencialmente a maturidade como a etapa em que a economia demonstra capacidade de avançar para além das indústrias que inicialmente lhe impeliram o arranco e para absorver e aplicar eficazmente num campo bem amplo de seus recursos [...] os frutos mais adiantados da tecnologia moderna. Pós-Universo 14 Ultrapassada a etapa da maturidade, a que se segue é a da Era do Consumo em Massa. A principal característica dessa etapa é que os setores líderes da economia são aqueles que produzem os bens de consumo duráveis e os de serviço. A renda pessoal elevou-se a tal ponto que o consumo está além dos produtos essenciais à subsistência. A força de trabalho modificou-se, com um maior número de trabalha- dores dedicando-se às atividades urbanas, principalmente nos escritórios; aumentou, também, o número de operários especializados. Nessa etapa, a sociedade opta por diminuir o ritmo de crescimento e dedica uma maior quantidade de recursos à assis- tência social. Segundo Rostow (1961, p. 24), “o surto do Estado do Bem-Estar é uma manifestação de uma sociedade que marcha para além da maturidade técnica”. Algumas críticas podem ser feitas à teoria das etapas. Rostow toma como modelo as sociedades desenvolvidas. A Europa e os Estados Unidos foram as regiões desen- volvidas objetos de estudo do autor; não há provas de que outras sociedades tenham passado ou terão que passar por essas mesmas etapas para alcançar o desenvol- vimento. Não há, como já foi anteriormente frisado, qualquer ruptura no modelo rostowiano. As etapas seguem de forma linear e constante, parecendo não haver qualquer tipo de crise ou empecilhos ao desenvolvimento, como falta de poupan- ça, pouco investimento, dependência externa, entre outras. Pós-Universo 15 A SUPERAÇÃO DO Jacob Viner subdesenvolvimento em Pós-Universo 16 Seguindo a linha do pensamento liberal americano, outro autor se destaca: Jacob Viner. JACOB VINER Obstáculos a serem superados para que uma nação subdesenvolvida alcance o crescimento econômico: 1. A baixa produtividade 2. Escassez de capitais 3. O tipo de comércio exterior realizado 4. A rápida expansão demográ�ca Figura 2 - A Superação do Subdesenvolvimento em Jacob Viner Fonte: o autor. No início dos anos cinquenta, Viner esteve no Brasil a convite de várias instituições. Na Universidade Nacional do Rio de Janeiro proferiu uma palestra que foi traduzida como “Economia do Desenvolvimento”, cujo conteúdo, um pouco modificado, re- sultou no artigo Internacional Trade and Economic Development. Com a finalidade de aprofundar os estudos no texto “Economia do Desenvolvimento”, de Viner, acesse o conteúdo disponível em: <http://bi- bliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/view/2402/2530>. Fonte: o autor. saiba mais Pós-Universo 17 Já no início da sua palestra, percebe-se que a intenção do conferencista é colocar em dúvida os conceitos de desenvolvimento contidos na literatura mundial. Declara Viner: “ A produção literária sobre o desenvolvimento “econômico” atingiu nos últimos anos proporções maciças. Esta literatura, no entanto, carece de definições implícitas. Chega-se a uma conclusão de que uma grande variedade de con- ceitos diferentes e, inclusive, muitas vezes postos, são englobados sob um mesmo rótulo verbal (apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 17). Assim, o conceito de subdesenvolvimento que tem como referência a baixa popu- lação, a escassez de capital, a relação entre produção industrial e produção total,ou entre produção industrial e população total, é duvidoso; e mais, é discutível, ainda, a identificação que se faz de subdesenvolvido com país jovem. Na verdade, o que Viner tenta, ao longo do seu discurso, é relativizar o conceito de subdesenvolvimento. Ele afirma que a escassez de capital, que tem como sintoma altas taxas de juros, pode ser identificada como característica do subdesenvolvimento. Contudo, esclarece Viner, tal escassez não constitui prova suficiente do subdesenvol- vimento, porque as elevadas taxas de juros estão mais correlacionadas com a falta de credibilidade dos devedores em honrarem seus compromissos do que com a es- cassez de capitais. Nas palavras de Viner, “em certos casos eram exigidas elevadas taxas, não por se tratar de países subdesenvolvidos, mas porque seus antecedentes não os tornavam dignos de créditos” (apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 19). Relativizado o conceito de subdesenvolvimento econômico, Viner propõe um modelo que permita entender o crescimento econômico dos países subdesen- volvidos. Seguindo a tradição da literatura da época, ele, inicialmente, identifica os obstáculos ao desenvolvimento e, posteriormente, indica os caminhos para superá- -los. São quatro os obstáculos que devem ser ultrapassados: a baixa produtividade, a escassez de capital, o tipo de comércio exterior realizado pelos países subdesen- volvidos e, por último, a rápida expansão demográfica. Pós-Universo 18 No tocante à produtividade, há uma relação entre a baixa produtividade, a qua- lidade dos recursos naturais e da mão de obra. O tipo de solo, os recursos minerais, a topografia, o regime de chuvas e mais a energia hidráulica são elementos que vão determinar a qualidade dos recursos naturais. Quanto melhor os recursos naturais, mais produtiva será uma região. Com relação à mão de obra, esta deve ser bem ali- mentada, alfabetizada e, por consequência, sadia. Assim, tanto os recursos naturais quanto os humanos, sendo portadores de uma boa qualidade, possibilitarão uma alta produtividade. Com relação à escassez de capitais, Viner admite que a acumulação em um país pobre é lenta. Tendo em conta que a renda per capita nesses países é baixa, a poupan- ça também será. Então, o que é interessante, do ponto de vista do desenvolvimento econômico, é incentivar o crescimento da renda média em um determinado tempo; em contrapartida, haverá um crescimento per capita anual. O interesse de Viner em apontar o crescimento da renda per capita como fator importante para a superação do subdesenvolvimento está no fato de que, na sua lógica, renda per capita elevada aumenta a possibilidade de se obterem créditos externos, possibilitando maiores in- vestimentos internos. Além da poupança interna, Viner indica os instrumentos de política fiscal (co- brança de impostos e taxas) como elementos eficazes na formação de poupança compulsória. A política fiscal deve priorizar e penalizar os grupos que praticam a es- peculação, principalmente aqueles que ganham com a inflação. Viner indica, ainda, os empréstimos externos, de governo a governo, como for- madores de poupança. Os empréstimos bilaterais são mais importantes, porque os governos possibilitam o acesso dos países subdesenvolvidos aos organismos de fomento internacionais. O terceiro item que se constitui obstáculo para superação do subdesenvolvimento diz respeito ao tipo de comércio exterior praticado pelos países subdesenvolvidos. De início, Viner contesta a tese de que haja uma relação desigual nas trocas in- ternacionais praticadas entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, isto é, entre países que produzem manufaturas e os produtores de produtos primários. Contudo, a contestação de Viner é relativa. Ele admite que existem casos em que uma produ- ção em grande escala pode ocasionar perdas para os países ditos subdesenvolvidos. Viner atribui essa produção em grande escala ao crescimento da população, man- tendo, ceteris paribus, o crescimento dos outros fatores da produção estacionados. Pós-Universo 19 De conformidade com Viner, “ Quanto mais cresce a população de um país, desde que os outros elementos se mantenham os mesmos, tanto maior tenderá a ser o volume de produtos básicos de exportação que tentará colocar no mercado [...], tendendo, assim, a se tornarem piores suas relações de troca (apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 33). Mesmo admitindo, nesse caso, uma troca desigual, Viner minimiza seus efeitos, alegan- do que, nos momentos de superprodução, os preços caem, mas no auge dos ciclos de crescimento os preços se elevam. Na média, os preços se compensam, não havendo, portanto, deterioração nos termos de troca; e mais, como o progresso técnico na agri- cultura penetra lentamente, devido à resistência a novos métodos produtivos, existe a possibilidade da expansão do progresso técnico nesse setor, justamente pela sua ausência, o que leva o autor a concluir que, quanto mais atrasado o país, maior será o campo para o progresso tecnológico (VINER apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 39). O autor chega, inclusive, a insinuar que esta é a grande vantagem dos países subde- senvolvidos: apropriar a tecnologia já existente para progredir, enquanto nos países desenvolvidos há necessidade de constantes inovações tecnológicas. Dessa forma, Viner volta a relativizar a problemática do subdesenvolvimento, na medida em que entende que a produção agrícola não é um obstáculo fatal à superação do subdesenvolvimento. O quarto obstáculo, para o autor, é o crescimento demográfico. A superpopula- ção pode inibir as oportunidades para o desenvolvimento: “A expansão demográfica apresenta-se como nuvem negra sobre todos os países” (VINER apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 39). Dessa forma, o progresso técnico, a descoberta de vários recursos naturais e a abertura do comércio exterior podem ser inibidos se não for controlado o crescimento populacional, e a sua conclusão com respeito ao crescimento popu- lacional não é animadora: “O mais desalentador é que não há remédios fáceis de certos para o problema da superprodução” (VINER apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 39); e mais, a experiência prática tem demonstrado que o problema da superpo- pulação se combate com mais renda, educação e saúde e que esses fatores não são encontrados entre as pessoas de baixa renda. Como decorrência da situação anterior, acontece o círculo vicioso da pobreza: “a maldição do pobre é a pobreza e ainda não foi descoberto nenhum caminho fácil e seguro, e amplamente aceito, para romper o ciclo vicioso” (VINER apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 39). No entendimento de Viner, este é o mais sério obstáculo à superação do subdesenvolvimento. Pós-Universo 20 DESENVOLVIMENTO e pobreza em Ragnar Nurkse Pós-Universo 21 A abordagem que identifica um círculo vicioso nos países subdesenvolvidos foi decor- rente de uma ideia do início dos anos cinquenta, mas que hoje em dia não é mais aceita. O mentor dessa ideia foi o economista indiano Ragnar Nurkse. Partiu Nurkse do princípio de que “um país é pobre porque é pobre”. Esse jogo de palavras expressa relações eco- nômicas próprias dos países subdesenvolvidos que almejam romper com tal situação. A explicação de Nurkse que justificou a “teoria do círculo vicioso” é ardilosa. Para ele, a relação investimento e tamanho do mercado é que determina o grau de desenvol- vimento. Assim sendo, ele afirma que a propensão a investir depende do tamanho do mercado. O tamanho desse último depende da localização geográfica e dos meios de transportes. As cidades localizadas junto ao mar e aos rios são maiores do que as do in- terior, havendo nelas uma maior divisão de trabalho. Em decorrência, dois fenômenos acontecem: o primeiro é a redução de custos determinada pelos transportes marítimos e fluviais, e o segundo, há um aumento de produtividade induzida pela divisão do trabalho. RAGNAR NURKSE DESENVOLVIMENTO SE DA PELA QUEBRA DO CICLO VICIOSODA POBREZA: OUTRAS FORMAS DE QUEBRA SERIAM: - TRIBUTAÇÃO COMO FORMA DE POUPANÇA COMPULSÓRIA - ISOLAMENTO DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS DE RIQUEZAS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS PARA OS SUBDESENVOLVIDOS OBS: NESTE MOMENTO ELE ABANDONA A RACIONALIDADE ECONÔMICA PELA FILANTROPIA. - A OFERTA SÓ SE ADEQUARÁ À DEMANDA SE HOUVER UM AUMENTO GERAL DA PRODUTIVIDADE NA ECONOMIA. RA G N A R N U RKSE D ESEN VO LVIM EN TO SE D A PELA Q U EBRA D O CICLO VICIO SO D A PO BREZA : O U TRA S FO RM A S D E Q U EBRA SERIA M : - TRIBU TAÇÃO CO M O FO RM A D E PO U PA N ÇA CO M PU LSÓ RIA - ISO LA M EN TO D O S PA ÍSES SU BD ESEN VO LVID O S - TRA N SFERÊN CIA S U N ILATERA IS D E RIQ U EZA S D O S PA ÍSES D ESEN VO LVID O S PA RA O S SU BD ESEN VO LVID O S O BS: N ESTE M O M EN TO ELE A BA N D O N A A RACIO N A LID A D E ECO N Ô M ICA PELA FILA N TRO PIA . - A O FERTA SÓ SE A D EQ U A RÁ À D EM A N D A SE H O U VER U M AU M EN TO G ERA L D A PRO D U TIVID A D E N A ECO N O M IA . RA G N A R N U RKSE D ESEN VO LVIM EN TO SE D A PELA Q U EBRA D O CICLO VICIO SO D A PO BREZA : O U TRA S FO RM A S D E Q U EBRA SERIA M : - TRIBU TAÇÃO CO M O FO RM A D E PO U PA N ÇA CO M PU LSÓ RIA - ISO LA M EN TO D O S PA ÍSES SU BD ESEN VO LVID O S - TRA N SFERÊN CIA S U N ILATERA IS D E RIQ U EZA S D O S PA ÍSES D ESEN VO LVID O S PA RA O S SU BD ESEN VO LVID O S O BS: N ESTE M O M EN TO ELE A BA N D O N A A RACIO N A LID A D E ECO N Ô M ICA PELA FILA N TRO PIA . - A O FERTA SÓ SE A D EQ U A RÁ À D EM A N D A SE H O U VER U M AU M EN TO G ERA L D A PRO D U TIVID A D E N A ECO N O M IA . Figura 3 - Desenvolvimento e Pobreza em Ragnar Nurkse Fonte: o autor. Nesse sentido, Nurkse infere que a dimensão do mercado é determinada pelo nível geral da produtividade e que esta é determinada pelo capital. Contudo, o emprego do capital é obstaculizado pela pequenez do mercado dos países subdesenvolvidos. Verifica-se, aí, o “círculo vicioso”: o mercado é pequeno porque não tem investimentos, e nele não se investe porque é pequeno, ou seja, porque não é atrativo ao capital. Além disso, os países subdesenvolvidos apresentam uma baixa elasticidade renda, o que dificulta as inversões. Pós-Universo 22 A questão que se propõe é: como romper com o círculo? Para responder tal questão, Nurkse recorre à lei de Say. Como se sabe, essa lei afirma que a oferta gera a própria demanda. Para uma determinada quantidade de mercadorias ofertadas, haverá uma mesma quantidade de consumidores, porém Nurkse não admite que essa lei tenha validade universal. Nas zonas atrasadas, afirma ele, a oferta de produ- tos de uma indústria isolada não encontra a própria demanda, porque as pessoas empregadas nessa indústria não consumirão somente os produtos que elas mesmas fabricam, uma vez que suas necessidades são diversas e que preferem gastar suas rendas nos diferentes setores da economia. Para clarear seus argumentos, Nurkse nos fornece o seguinte exemplo: uma fábrica de sapatos que se instala em uma dada região, ao ofertar uma quantidade de sapatos, não tem garantida, na mesma proporção, uma demanda; isso só ocor- rerá se houver um aumento geral de produtividade no conjunto da economia, com isso, os consumidores terão maiores oportunidades de escolha. A oferta de sapatos criará sua demanda se o conjunto da economia aumentar sua oferta e a diversificar; tal fato não ocorrendo, a oferta não criará a própria demanda. Porém as dificuldades anteriormente assinaladas podem ser vencidas se houver um aumento de capital nos diversos ramos industriais; isso permite uma ampliação do mercado, que induz a um crescimento econômico. Fica claro que o rompimen- to do círculo vicioso acontece quando há um aumento geral de produtividade ou, o que é a mesma coisa, quando acontece um aumento de oferta nos vários ramos industriais para atender às variadas necessidades dos consumidores. Nurkse afirma, literalmente, sobre a questão: “ [...] um aumento apenas na produção de calçados não cria sua própria demanda. Um aumento na produção de um amplo setor de bens de consumo de tal modo equilibrado que corresponda ao esquema de preferências dos consumidores cria sua própria demanda (apud PEREIRA, 1973, p. 177). Rompendo-se o círculo, um crescimento econômico se efetiva - esse tipo de cresci- mento foi denominado por Nurkse crescimento equilibrado. A afirmação do autor no que diz respeito ao potencial econômico do mercado interno, ou seja, ao perfil da demanda, vale também para o mercado financeiro inter- nacional, porque os investimentos privados são regulados pelo impulso da demanda. O investimento privado internacional não é exceção, mas segue a mesma lógica: se o mercado for promissor, haverá investimento. Pós-Universo 23 Para o autor, existem dois tipos de investimentos externos: um induzido, in- vestimento que só migrará para os países subdesenvolvidos se houver indução determinada por alta rentabilidade dos mercados, e outro autônomo, que são os investimentos realizados pelos governos dos países atrasados, cuja poupança é de- corrente de empréstimos privados externos. Esse tipo de investimento, com base na poupança externa, é aplicado em conformidade com as prioridades de política eco- nômica dos governos, e não pelos incentivos de mercado. Considerando a classificação anterior, Nurkse afirma que os capitais privados ex- ternos sempre se direcionaram para os setores dos países atrasados que produzem para o exterior, especificamente para as atividades primárias supridoras dos merca- dos industriais desenvolvidos. Fica patente o desinteresse dos capitais estrangeiros pelos mercados internos de uma forma geral. Como consequência, tais países ficam privados de um aumento de poupança externa que pudesse ser transformado em investimentos - esse fato não se constituía em nenhuma conspiração contra os países subdesenvolvidos, mas era apenas uma questão de racionalidade econômi- ca -, já os capitais sempre procuram os setores de maior retorno em termos de lucro. Como nos países atrasados, a lucratividade marginal do capital é baixa, justificava- -se, assim, economicamente, a falta de interesse do capital estrangeiro pelos países subdesenvolvidos. Além do que já foi explicitado, Nurkse ainda enumera outros fatores que são im- peditivos dos investimentos estrangeiros: a instabilidade política e a substituição dos produtos primários por sintéticos. Essas análises de Nurkse foram realizadas tendo em conta o comportamento da demanda, ou seja, considera o autor que a fraca demanda é impeditiva do crescimento econômico, mas ele também propõe analisar os motivos impeditivos do crescimen- to pelo comportamento da oferta: a oferta dos produtos sofisticados tem efeito de inibir a formação da poupança nos países pobres. Segundo o autor, os padrões de consumo superiores – aqui, ele se refere ao consumo das elites dos países pobres – criam novas necessidades, na medida em que os consumidores, ao se depararem com produtos de última geração, desejam consumi-los. Assim, as nações pobres desviam parte de sua renda para o consumo internacional de produtos supérfluos. Para evitar tal situação, o autor propõe que os governos restrinjam as importações dos produtos considerados supérfluos. A renda que não foi gasta com essas importações pode se tornar poupança. O autor considera as restrições às importações medidas paliativas. Pós-Universo 24 Nurkse indica outras medidas que podem superar o “círculo vicioso da pobreza”: 1) a tributação como uma forma de poupança compulsória - tributar quem ganha com a especulação -, acredita ele, no entanto, que nos países subdesenvolvidos esta é uma medida politicamente difícil;2) o isolamento radical dos países subdesenvolvidos em relação aos desenvolvidos - o autor acredita que o isolamento pode contribuir para a formação de capital nos países pobres. Ele não diz como, apenas coloca como exemplo a União Soviética (NURKSE apud PEREIRA, 1973, p. 187). A solução final para romper com o “círculo vicioso da pobreza” é sui generis, por ser bastante simplista: transferências unilaterais de riquezas dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos. Propõe Nurkse: “Para falar em português claro, doações dos países ricos aos pobres” (NURKSE apud PEREIRA, 1973, p. 187). Nesse momento, o autor abandona a ideia de racionalidade econômica como in- dutora de atração de capital, formação de poupança, para cair no campo da filantropia. A questão que formulamos para finalizar a análise do seu pensamento é: estarão os países dispostos a praticar caridade sem exigir nada em troca? No campo do marxismo, surge no debate mundial um dos pensadores mais influen- tes, pertencente à esquerda norte-americana, o economista Paul Baran. Para explicar o subdesenvolvimento, esse autor, seguindo a tradição do método marxista, recorre à história com o objetivo de fundamentar as suas assertivas. Para ele, é inegável que o capitalismo, a partir do século XVIII e, especificamente, durante o século XIX, proporcionou melhoria na produtividade e no bem-estar social, trazendo progresso material e cultural. Reconhece, ainda, que esse progresso foi mal distribuído geograficamente – não chegando a atingir toda a Europa – e irregularmen- te no tempo. Apesar disso, é possível afirmar que o capitalismo tenha gerado melhoria na vida da população de baixa renda na Europa. Porém, para a população dos países pobres, o mesmo não aconteceu; “Nestes países a produtividade manteve-se baixa e o rápido aumento da taxa demográfica fez com que a condição de vida passasse de mal a pior” (BARAN apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 84). Isto porque não houve transfe- rência de capital dos países ricos para os pobres e, se isso aconteceu, foi em pequena escala, com o objetivo de auferir lucros. O capitalismo nas regiões atrasadas alterou as condições econômicas, políticas e sociais vigentes, liquidou quase todos os vestígios da ordem feudal, o secular paternalismo foi substituído por relações contratuais de mercado, a economia de subsistência cedeu lugar à economia de exportação, foram introduzidas máquinas, buscando-se elevar a produ- tividade, porém, os possíveis benefícios eram revertidos para as empresas estrangeiras. Pós-Universo 25 A nova ordem estabelecida - o capitalismo - gerou uma insatisfação na pequena burguesia ou, como entende Baran, nas classes médias dos países atrasados. Essas classes médias poderiam capitanear uma insurreição que possibilitasse mudar as con- dições aí reinantes, mas, por viverem em países com certas características feudais, os segmentos médios da sociedade tiveram que fazer arranjos políticos com a classe dominante. Esse fato impedia que a classe média assumisse o comando de uma revo- lução burguesa, porque, ao estabelecer acordos políticos com a burguesia, afastou-se das camadas populares. Para Baran, uma revolução, mesmo de caráter burguês, só poderia vingar com a participação popular. As classes populares, nos países subdesenvolvidos, passaram a contestar o tipo de capitalismo vigente. Contestaram as elites semifeudais, a máquina administrativa protetora dessas elites, a forma como se obtinham grandes lucros etc. (BARAN apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 87). Por medo da contestação e do radicalismo popular, a classe média se aproxima cada vez mais da burguesia. Conforme Baran: “ A classe média capitalista fazendo aliança com todas as outras classes domi- nantes foi abandonando uma posição estratégica atrás da outra. Temerosa de que uma disputa com os senhores do campo pudesse ser explorada pelo movimento populista mundial, a classe média abandonou todas as suas ati- tudes progressistas no terreno agrário. Receosa de que um conflito com igreja e os militares pudesse enfraquecer a autoridade política do governo ela cedeu terreno em suas convicções pacifistas e liberais. Temerosa, ainda, de que a hostilidade em relação aos interesses alienígenas pudesse subtrair-lhe a ajuda externa, no caso de uma emergência revolucionária, os capitalistas abandonaram suas clássicas plataformas antimperialistas e revolucionárias (apud ARGAWALA; SINGH, 1969, p. 84). Baran explicita o tradicional medo que a classe média tem da revolução, ou das mudanças, digamos, mais radicais, preferindo ficar no campo das reformas. Nos países subdesenvolvidos, as mudanças acontecem, em geral, pela via reformista. Não podendo a classe média capitanear as mudanças devido à sua aliança com a bur- guesia, o povo fica sem liderança e radicaliza o movimento contestatório. Devido a tal fato, a classe média coloca-se definitivamente ao lado da burguesia. Pós-Universo 26 A aliança entre a burguesia e os segmentos médios se dá nos quadros de uma economia que não é suficientemente forte para vencer as barreiras do subdesenvolvi- mento em uma economia em que a população não poupa. Não havendo poupança, não há investimento; e mesmo para um marxista, a receita que Baran prescreve para superar o subdesenvolvimento segue a linha de pensamento em voga nos anos qua- renta e cinquenta. Isto é, a forma de um país crescer seria por meio de um aumento global na produção, e esse aumento só é possível no setor industrial, porque, na agri- cultura, os recursos utilizados ou subutilizados tendem a zero. Contudo, mesmo no setor industrial, há empecilhos ao crescimento, porque a desigual distribuição de renda permite que somente uma pequena parcela da população tenha um razoá- vel poder de compra. Os gastos dessa minoria são, no entanto, realizados com bens supérfluos, cujos preços são elevados, sobrando pouco para a poupança. Os investimentos, por sua vez, são carregados para a agricultura de exportação cuja rentabilidade é elevada; isto atrai, cada vez mais, novos investimentos para este setor. Tal fato diminui a possibilidade de formação de poupança na economia como um todo, já que a quase totalidade da renda destinada a investimento tem uma só direção. Além disso, os gastos realizados no exterior com importação dos bens de consumo de massa impedem a instalação de indústria de equipamentos, suporte imprescindível ao desenvolvimento industrial. Para Baran, a solução para a problemática do subdesenvolvimento reside na in- tervenção do estado na economia. A intervenção estatal se daria com a finalidade de elaborar políticas que permitissem a formação de poupança; e mais, essas políti- cas teriam um caráter mais reformista e menos revolucionário - isso equivale a dizer que as reformas seriam feitas conforme os padrões capitalistas. Dentre as medidas reformistas, algumas se destacam: 1) política fiscal, estabelecendo uma tributação pro- gressiva, cujo objetivo seria a diminuição do consumo suntuoso. Com isso, forçava-se uma poupança compulsória, cujo destino seria o dos investimentos produtivos. 2) Criação de uma estrutura econômica, com a construção de estradas, usinas elétricas, sistemas de irrigação, formação de técnicos em várias especialidades. 3) Investimentos em fábricas, quando o setor privado não estivesse interessado. 4) Controle de preços para evitar lucros exagerados e escassez de mercadorias. Por fim, Baran entende que essas medidas são ajustes necessários para vencer os “gargalos” do subdesenvolvimento, não podendo ser adiadas, sob pena de que so- luções violentas e dolorosas possam acontecer. Pós-Universo 27 Ainda no plano teórico dos economistas americanos de esquerda, uma nova teoria do desenvolvimento é discutida. O historiador alemão Andrew Gunder Frank, natu- ralizado americano, publica, em 1966, o artigo The Development of Undevelopment, na famosa Montly Review. Esse historiador influenciouem muito o debate que se travava na América Latina e, em especial, no Brasil2. O artigo de Frank foi traduzido para o português como Desenvolvimento e Subdesenvolvimento na América Latina. Já no início do seu artigo, ele critica, por um lado, as teses que afirmavam a existência do feudalismo no Brasil e, por outro, a “teoria” do desenvolvimento por etapas. No que diz respeito à teoria das etapas, na vertente rostowiana, Frank diz que os países subdesenvolvidos não têm, necessariamente, que passar pelas mesmas etapas que passaram os desenvolvidos; essas etapas não são iguais, já que as nações hoje desenvolvidas nunca foram subdesenvolvidas. O autor contesta, ainda, o próprio con- ceito de desenvolvido, afirmando que os países hoje ditos desenvolvidos podem, no máximo, ter sido não desenvolvidos, o que não é a mesma coisa de subdesenvolvido. Para as teses que afirmam a existência de feudalismo no Brasil, o autor tece uma profunda crítica, ao mesmo tempo em que constrói a sua explicação do subdesen- volvimento. Assim, as regiões atrasadas dos países subdesenvolvidos, com todas as suas estruturas - econômicas, sociais, políticas e culturais - foram atingidas pelo ca- pitalismo, não sendo, portanto, transposição do feudalismo europeu para a América Latina. As regiões atrasadas são produto de um mesmo e único processo de desen- volvimento do capitalismo (FRANK, 1968, p. 27). Partindo desse princípio, Frank desenvolve uma explicação para o subdesenvol- vimento que ficou conhecida como a “Teoria Metrópole Satélite”. As metrópoles correspondem aos grandes centros do capitalismo, tanto no presente quanto no passado. As metrópoles do passado foram Portugal, Espanha e Inglaterra. Atualmente, algumas destas ainda continuam no papel de metrópo- le, contudo, hoje, a mais expressiva é a América do Norte, mais especificamente, os Estados Unidos. As regiões satélites dizem respeito àquelas que permaneceram atra- sadas devido à penetração do capitalismo. A ideia central da teoria de Frank é a de que quanto mais ligados os satélites estiverem às metrópoles, maior é o atraso. Frank recorre à história para explicar os mecanismos que permitiram a satelização de uma vasta região da América Latina. O ponto de partida é a colonização. 2 Sobre o assunto, consultar Mantega (1984, p. 213) e Goldenstein (1994, p. 31). Pós-Universo 28 A expansão da economia mundial para as zonas consideradas, hoje, atrasadas levou a essas regiões um tipo de exploração que permitiu uma melhor maneira de acumular riquezas. Assim, as regiões brasileiras produtoras de ouro (Minas Gerais), de açúcar (Nordeste) e café (Sudeste) adaptaram-se às necessidades das metrópo- les, produzindo para a exportação. Enquanto essa produção encontrou mercado e preços satisfatórios, as regiões produtoras conseguiram se desenvolver. Contudo, esse desenvolvimento “se tratava de um desenvolvimento satelizado, que não era auto- gerador nem autossustentável” (FRANK, 1968, p. 30). Logo que a demanda externa declinava ou a produtividade diminuía, a região apresentava o subdesenvolvimen- to. No entanto, ao se distanciarem os satélites das metrópoles, os primeiros tendem a se desenvolver. Frank procura provar o que disse por meio de alguns exemplos. A crise provoca- da pelas guerras e as depressões econômicas mundiais foram momentos em que os satélites expressaram os maiores índices de crescimento. Para Frank, o desenvolvi- mento industrial do Brasil, da Argentina e do Chile efetivou-se no período das duas grandes guerras mundiais e na depressão de trinta. Durante todos os períodos an- teriores, houve um isolamento parcial entre as metrópoles e os satélites. Além dos isolamentos determinados pelas crises, há mais um caráter geográfico e econômico. As regiões que se mantiveram ao longo da expansão capitalista – no período mercantilista, por exemplo – conseguiram manter um desenvolvimento desalentador. Os exemplos mais evidentes de tal situação são as regiões do interior do Paraguai e Argentina, especificamente as cidades de Rosário e Mendoza e, ainda, Tucuman e Assunción. Essas regiões chegaram a desenvolver um setor de manu- faturas relativamente importante quando comparadas com o restante da América Latina. O Paraguai, por exemplo, no período da Guerra da Tríplice Aliança, estava se desenvolvendo rapidamente e de forma autônoma. Esse desenvolvimento foi inter- rompido e sua economia aniquilada pelos inimigos. Em resumo, pode-se inferir que o desenvolvimento, na teoria de Frank, só pode ser alcançado com o total rompimento entre os satélites e as metrópoles. atividades de estudo Este estudo proporcionou o conhecimento do pensamento econômico a partir de 1940, com mudanças fundamentais para a compreensão dos problemas econômicos atuais, a partir de toda problemática originária da Segunda Guerra Mundial e que trouxe à tona as questões pertinentes ao desenvolvimento. Com base nessas referências, responda as questões a seguir. 1. Qual foi a inovação do pensamento econômico capalino para a realidade dos países que compõem a América Latina e Caribe? Assinale a alternativa correta. a) O pensamento cepalino baseava-se no desenvolvimento econômico europeu como espelho. b) O objetivo da CEPAL era diagnosticar o atraso da América Latina e propor solu- ções para superá-lo, bem como o de se contrapor às teorias de desenvolvimento da época que não levavam em conta as especificidades regionais. c) Antes de se estender para América Latina, a CEPAL difundiu-se nos Estados Unidos da América. d) A posição adotada pela CEPAL coloca-se em favor da Teoria Clássica do desen- volvimento econômico. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 2. Nesse período histórico (1940), temos o pensamento econômico e desenvolvimentis- ta de Walt Whitman Ronstow. O autor nos apresenta uma diferença entre a sociedade tradicional e a sociedade atual. Nesse sentido, assinale a alternativa correta. a) A sociedade tradicional baseia-se no alto desempenho econômico pelo fato de seu surgimento se dar num período de ascensão econômica. b) A sociedade atual caracteriza-se pela manutenção do processo de produção com base na agricultura. c) Para superar o subdesenvolvimento, é necessário que ocorra a industrialização. Essa industrialização pode incorporar o progresso técnico e representa o locus privilegiado da produtividade. d) A sociedade tradicional é caracterizada, fundamentalmente, pelo seu baixo de- sempenho econômico, em virtude de possuir uma técnica rudimentar que não permite um aumento na produtividade. Assim sendo, essa sociedade dedicava- -se mais à agricultura e menos à manufatura. e) Nenhuma das alternativas anteriores. atividades de estudo 3. Se de forma tradicional o pensamento econômico, na maioria das vezes, se apresen- ta a partir da ideia de desenvolvimento, é necessária a existência de uma teoria que possibilite aos países subdesenvolvidos caminhar em direção ao crescimento eco- nômico. De acordo com o enunciado, assinale a opção correta que apresenta a forma como a teoria de Jacob Viner enfrenta esse problema. a) Identifica o círculo vicioso, onde a relação entre investimento e tamanho do mercado é que determina o grau de desenvolvimento. b) Afirma que o não desenvolvimento dos países subdesenvolvidos se dá em função de produção limitada, e isso acontece porque a tecnologia e a ciência dessa so- ciedade estão atrasadas. c) A teoria de Viner identifica os obstáculos ao desenvolvimento e, posteriormen- te, indica os caminhos para superá-los. São quatro os obstáculos que devem ser ultrapassados: a baixa produtividade, a escassez de capital, o tipo de comércio exterior realizado pelos países subdesenvolvidos e, por último, a rápida expan- são demográfica. d) O único meio para romper essa irregularidade e aproveitar, na medida do possí- vel, as vantagens do progresso técnico, era a industrialização. e) Nenhuma das alternativas anteriores.atividades de estudo 4. De forma lógica, quando se fala em desenvolvimento, faz-se em oposição à ideia de subdesenvolvimento ou, ainda, da ausência de desenvolvimento e, na realida- de, o que se tem nessa oposição é, inevitavelmente, o desenvolvimento da pobreza. Segundo a posição defendida pelo pensamento econômico de Ragnar Nurkse, qual a relação entre desenvolvimento e pobreza? Assinale a alternativa correta. a) Nurkse diz que o desenvolvimento se dá pela quebra do ciclo vicioso da pobreza, e essa quebra só seria possível se a oferta se adequar à demanda, de forma que haja um aumento geral da produtividade na economia. b) A relação se baseia no princípio proposto por Nurkse que diz que “um país é pobre porque não é rico”. c) A experiência prática tem demonstrado que o problema da pobreza se combate com mais renda, educação e saúde e que esses fatores não são encontrados entre as pessoas de baixa renda. d) A relação se dá pela força de trabalho, com um maior número de trabalhadores dedicando-se às atividades urbanas, principalmente nos escritórios. e) Nenhuma das alternativas anteriores. resumo De certa forma, a história da humanidade sempre foi uma história associada à ideia de econo- mia, que tem sua origem no mundo grego, que a chamava de Oikos Nomos, em que Oikos tem a tradução de casa, e Nomos de regra, norma, lei; sendo assim, teria o significado literal de “reger a casa” ou, ainda, “dar ordem na casa”. De forma clássica, admite-se que a economia tem por finalidade nos ensinar a gerir os recursos disponíveis em momentos de escassez, de forma a se poder tirar o melhor aproveitamento deles, mas também o de nos ensinar como e onde aplicar os recursos em momentos de fartura, como forma de se obter um equilíbrio racional entre escassez-fartura. Outro aspecto importante a ser compreendido é a relação que se pode estabelecer entre econo- mia e desenvolvimento, estes como elementos necessários para o desenvolvimento humano e diminuição das desigualdades sociais que insistem em prevalecer ao longo da história do Brasil. A compreensão da história e da construção do pensamento econômico no Brasil nos auxilia a tomar um posicionamento mais claro e efetivo em relação à necessidade de políticas públicas capazes de amenizar e diminuir as desigualdades sociais que persistem em continuar a existir em um país rico e com recursos naturais imensuráveis. material complementar Na Web Como relatamos ao longo do texto, especificamente na aula 4, a teoria do círculo vicioso é uma teoria bastante complexa. Este texto visa aprofundar o entendimento acerca do que Nurkse se propôs a defender. Web: <http://www.academia.edu/12122268/O_C%C3%ADrculo_Vicioso_da_Pobreza_e_a_ Causa%C3%A7%C3%A3o_Circular_Cumulativa_Retomando_as_Contribui%C3%A7%C3%B5es_ de_Nurkse_e_Myrdal>. referências ARGAWALA, A. N.; SINGH, S. P. A Economia do Subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Forense, 1969. BARAN, P. A Economia Política do Desenvolvimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972. FRANK, A. G. O Desenvolvimento do Subdesenvolvimento. 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Assim sendo, essa sociedade dedicava-se mais à agri- cultura e menos à manufatura. 3. c) A teoria de Viner identifica os obstáculos ao desenvolvimento e, posteriormente, indica os caminhos para superá-los. São quatro os obstáculos que devem ser ultra- passados: a baixa produtividade, a escassez de capital, o tipo de comércio exterior realizado pelos países subdesenvolvidos e, por último, a rápida expansão demográfica. 4. a) Nurkse diz que o desenvolvimento se dá pela quebra do ciclo vicioso da pobreza, e essa quebra só seria possível se a oferta se adequar à demanda, de forma que haja um aumento geral da produtividade na economia. _2xcytpi O PENSAMENTO econômico cepalino O DESENVOLVIMENTO em Walt Whitman Rostow a superação do subdesenvolvimento em Jacob Viner DESENVOLVIMENTO e pobreza em Ragnar Nurkse
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