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Fichamento Benjamin Constant- Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos

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Fichamento Benjamin Constant
Teoria Geral do Direito Público
Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos 
“Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos” discorre sobre a discrepância conceitual entre a palavra “liberdade” na época da Grécia e Roma Antiga, e da mesma palavra no entendimento do homem moderno- ou, mais especificamente, do homem que vivia no mundo pós-revolucionário francês do século XIX.
Para Benjamin Constant, essa distinção é essencial para assegurar que o Estado Moderno funcione como deveria, e que tendências obsoletas que interfiram nos interesses do cidadão (tais como a tirania, a participação em guerras, a ausência de autonomia individual) fiquem no passado. 
	Essencialmente, a liberdade dos Antigos era baseada na coletividade e na participação direta na política. Ser livre para o homem antigo era ter o poder de decidir diretamente as questões da pólis, sempre prezando pelo bem coletivo. O homem deixava de se tornar um para fazer parte do “todo”. Essa liberdade vinha com a submissão praticamente completa ao Estado- era ele que ditava seus costumes, suas práticas, seus deveres e direitos. Apesar disso, deliberar na praça pública sobre o caminhar da vida política de todos era o suficiente para garantir sua liberdade.
	Essa participação era importante devido à iminência de conflitos com outras repúblicas e cidades- Estado, e viável devido tanto à pequena dimensão territorial da república, quanto ao fato de que a carga braçal era toda atribuída aos escravos, deixando aos poucos cidadãos o tempo livre para deliberar as questões da cidade. 
	Agora, Constant delimita o caráter do Estado europeu moderno fazendo um contraste com a Antiguidade, para justificar a necessidade de uma mudança de liberdade. O Estado Moderno é composto por homens modernos- esclarecidos o suficiente para saber que o comércio é uma atividade mais frutífera e mais eficaz na aquisição de bens do que a guerra. Por isso, não é de seu interesse disputar com outros Estados- o que torna a vida pública muito mais amena, e, portanto, a atividade política tem um ritmo mais tranquilo.
	Além disso, o Estado europeu tem territórios muito maiores, o que inviabiliza a participação direta de todos os cidadãos nas decisões políticas. Ademais, a modernidade veio acompanhada de uma visão de mundo individualista. O homem, agora, quer perseguir seus próprios desejos, sejam eles econômicos, educacionais, sociais, etc. O interesse próprio toma precedência sobre o interesse da coletividade. 
	E, para satisfazer essa aspiração, entra a liberdade moderna. A não interferência do Estado em nenhuma esfera da vida privada do homem garante que ele possa buscar sua felicidade sem empecilhos. Cabe às instituições lhes conceder esses privilégios e, em troca, o homem abre mão de sua soberania política, relegando-a nas mãos de seus representantes escolhidos. 
		“O sistema representativo é uma procuração dada a um certo número de homens pela massa do povo que deseja ter seus interesses defendidos e não tem, no entanto, tempo para defende-los sozinho” (CONSTANT,1985, p.23) 
	Entende-se que essa liberdade individual deve estar no coração da vida pública- esse reconhecimento impede que déspotas e tiranos roubem a autonomia individual em prol de qualquer pressuposto que fira os interesses do cidadão moderno. 
	Esclarecidos os argumentos que embasam a teoria do autor, é necessário realizar alguns adendos- ainda que permeado pelo ideal de “liberdade, igualdade e fraternidade” cerne das mudanças na sociedade francesa, Constant parece pouco atento, ou pelo menos, esclarece muito pouco, sobre o papel da igualdade na vida moderna. 
	Ademais, uma crítica crucial feita pelo próprio autor é o risco de uma sociedade, demasiadamente embebida pelo ideal moderno de liberdade, acabar por negligenciar seu direito a participação política. De fato, esse pensamento ainda é bastante atual: ainda que na república brasileira o voto eleitoral seja mandatório para os adultos, uma gama de fatores impede um voto consciente e também um envolvimento na política local (seja a ela ate mesmo em nível comunitário e municipal). As baixas taxas de instrução educacional, de acessibilidade a informação e a descrença geral após décadas de crise política incubem o brasileiro a ter um papel bastante passivo na política do país. Todo esse contexto, junto a proeminência e enraizamento de uma visão de mundo individualista no seio da sociedade brasileira, bem como o assentamento no mundo ocidental contemporâneo do ideário liberal de Constant, causa uma participação pouco ideal nas questões nacionais, e um comparecimento banal na cabine eleitoral. 
Referências
CONSTANT, Benjamin. Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos. In: Filosofia política. nº. 2. Trad. Loura Silveira. Porto Alegre: L&PM p. 9-25.

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