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Características da Forma de Organização Corporativa Caracterizada pela Maximização do Valor do Acionista

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Economia Internacional IV
ASR 2
Gabriel Tincani Ramos
4° ano
Faculdades de Campinas
15 de Maio de 2021
	Antes de caracterizar a forma de organização corporativa do novo modo de produção capitalista orientado pela maximização do valor do acionista, é necessário se caracterizar quem são os grandes atores que influenciam e dão o tom desse processo a partir da década de 70, e principalmente a partir da década de 80, os investidores institucionais. 
	Entre estes investidores os mais poderosos e influentes se apresentam como os fundos de pensões e os fundos coletivos, ou mutual funds, sendo o primeiro derivado do modo pelo qual a previdência e a aposentadoria foram organizados nos países centrais, como os Estados Unidos que possuem os fundos com maior expressão de poder financeiro. A aposentadoria por capitalização cria estes fundos que são reservas financeiras, tanto de assalariados quanto de empregadores, acumuladas nestes fundos para a sua valorização no mercado financeiro bursátil, com o fim de valorizar o capital investido por estas pessoas e destinar os rendimentos para suas aposentadorias. ( Sauviat, p. 111)
	O poder financeiro destes fundos apresenta uma grande alta a partir dos anos 80, com a valorização das taxas de juros e o surgimento de novas tecnologias que facilitam o investimento financeiro, alavancando a acumulação de capital financeiro e o ímpeto de investimento em ativos bursáteis, dando origem então a um novo tipo de instituição financeira, os mutual funds, que não tinham um propósito de gerar um retorno em forma de renda para seus clientes, mas sim tinham o objetivo de gerir os ativos financeiros dos mesmos, buscando a maximização dos rendimentos. Essa nova instituição financeira por sua vez é administrada por especialistas em finanças que gerem os ativos de seus clientes e tem sua remuneração atrelada diretamente ao desempenho que os rendimentos dos ativos tem no mercado financeiro, gerando um desejo e um ímpeto ainda maior para a maximização dos rendimentos. 
Nesse cenário, esses investidores institucionais possuem um enorme poder financeiro devido a grande quantidade de clientes que depositam suas poupanças nestas instituições, direcionando a poupança das famílias e capitalistas nessa lógica de acumulação financeira. Essa lógica passa a afetar de forma severa o modo como as empresas se organizam, de modo que estes investidores institucionais representaram em 2002 na praça de Paris, 90% das transações em ações um número absurdamente alto e que reflete o caráter dessas transações, que são realizadas majoritariamente em blocos de ações de até 10 mil ações e representam em muitas das maiores empresas os acionistas majoritários, podendo influenciar nas decisões e direcionar os rumos pelos quais a grande empresa deve se organizar, devido a seu poder de retirar-se da empresa rapidamente causando uma desvalorização que risca a falência da empresa. (Sauviat, p.116)
Nesse sentido a lógica da maximização do valor acionário passa a se infiltrar na grande empresa a partir dos anos 80, causando profundas mudanças no modo de operação dessas empresas e tendo um efeito direto no emprego e sua qualidade, e até mesmo no modo como o avanço tecnológico se orienta a partir do investimento das grandes corporações. Em um primeiro momento se realiza a racionalização das empresas, buscando cortar gastos há o fechamento de diversas plantas e a eliminação consequentemente de diversos empregos no setor de manufaturados e empregos de baixa qualificação e de geração de baixo valor agregado. (Lazonick, p.858)
Em um segundo momento ocorre a comercialização dessas empresas, ou a chamada marketization, caracterizada pelo fim da segurança de se ter uma carreira em uma empresa única que busca que seu empregado cresça e se desenvolva dentro da mesma corporação aguçando suas habilidades e experiência para o benefício do mesmo e da empresa, em um movimento no qual nem mesmo os cargos mais altos na hierarquia estariam aquém da demissão, abolindo a antiga norma de se demitir a partir dos últimos contratados e avançando no corte de gastos para a maximização do valor do acionista. A última etapa desse processo é a globalização levando as plantas para fora e adquirindo funcionários com baixo valor de salários e benefícios nos países emergentes, isso tanto para empregos intensivos em tecnologia ou não, ou seja afetando trabalhadores de todas as escolaridades. 
Outra característica desse processo foi a inserção dessa lógica de maximização do valor acionário nos cargos mais altos das empresas, na forma das participações nos rendimentos das empresas, algo que faz com que o corpo administrativo da empresa também foque suas ações para a maximização dos rendimentos e garante que essa lógica seja seguida até mesmo no interior da empresa.
Por fim a característica mais brutal e que possui impactos mais profundos é o direcionamento dos recursos acumulados da empresa para a efetuação de recompra de ações, para aumentar o valor das ações da empresa e garantir a maximização do valor do acionista, em um movimento que retira os recursos de investimentos em tecnologia e na criação de empregos de maior valor agregado na forma de investimento produtivo e em pesquisa e desenvolvimento e direciona montantes absurdos de recursos para esse fim. Um exemplo prático disso é a Pfizer, que em 2011 gastou em torno de 6 bilhões em dividendo, e 9 bilhões de dólares na recompra de ações representando 99% de seu investimento em pesquisa e desenvolvimento. (Lazonick, p.896)

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