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HABILIDADES E TÉCNICAS DE DEPILAÇÃO E EPILAÇÃO Tatiele Katzer Morfofisiologia do pelo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a estrutura anatômica dos pelos. Descrever a fisiologia do crescimento dos pelos. Reconhecer as patologias foliculares. Introdução Nossos pelos e a alteração da sua quantidade podem gerar descon- tentamentos. Se estiverem escassos em regiões como sobrancelhas e barba, por exemplo, podem fazer falta, e seu crescimento é desejado. Se estão mais aparentes, como na hipertricose (quando ocorre aumento da espessura, do comprimento e da pigmentação), o desejo é removê- -los. Avaliar adequadamente a quantidade e a característica dos pelos de seus clientes vai favorecer a indicação adequada de procedimento epilatório, seja ele de efeito temporário ou permanente. Além disso, vai facilitar o reconhecimento da pele que não está em condições de receber o procedimento, tornando-o mais seguro e cauteloso durante a sua prática diária. Neste capítulo, você vai estudar sobre a estrutura e o funcionamento dos folículos pilosos, bem como sobre as principais condições que os afetam e que são de interesse para a prática da epilação. Anatomia do folículo piloso e dos pelos A estrutura dos pelos é semelhante em todas as regiões corporais. No entanto, eles podem variar em espessura, comprimento e coloração. Didaticamente, você pode imaginar um folículo piloso como uma cebola, ainda enraizada, crescendo: há a parte externa (fi bra/haste pilosa), que é possível ver, e há a C02_Morfofisiologia_pelo.indd 1 27/07/2018 17:25:09 parte interna, que é como uma maquinaria, responsável pela produção 24 horas por dia. O pelo que vemos é apenas uma parte de toda a estrutura capilar. Nas próximas seções, você vai aprender como o pelo é formado. O pelo não é uma estrutura isolada dos outros elementos da pele, ele é contínuo com a epiderme, é ricamente inervado e é vascularizado. A Figura 1 mostra a anatomia da unidade pilossebácea e as principais estruturas que a compõem: folículo piloso, glândula sebácea e músculo eretor do pelo. Figura 1. Representação da unidade pilossebácea, com imagem ampliada da região do bulbo piloso. Fonte: Adaptada de Blamb/Shutterstock.com. Morfofisiologia do pelo2 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 2 27/07/2018 17:25:09 Unidade pilossebácea e suas estruturas A unidade pilossebácea é composta pelas seguintes estruturas conjuntas: folículo piloso; glândula sebácea; músculo eretor do pelo. Há poucas regiões corporais que não apresentam unidades foliculares, como as palmas das mãos, as plantas dos pés, a lateral dos dedos e algumas partes da região íntima de homens e mulheres, como o prepúcio e glande e face interna dos pequenos lábios. O músculo eretor do pelo é um pequeno feixe de fibras musculares lisas, involuntárias, presas ao folículo piloso por meio de uma bainha (uma espécie de membrana de revestimento). Sua função é a horripilação, ou seja, a ereção dos pelos em situações específicas, como quando as pessoas sentem frio, ficam assustadas, emocionadas ou mesmo excitadas. Para que ocorra a ereção dos pelos é necessário que o músculo se contraia e repuxe a base do folículo, deixando o fio de cabelo em posição vertical. Na sua prática de epilação, isso servirá para dar informações quanto à climatização do ambiente. Se sua sala estiver fria, certamente perceberá suas clientes com os pelos eriçados. A glândula sebácea é responsável pela produção de sebo, uma mistura de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol, esqualeno, ceras, ácido lático, entre outras substâncias, as quais são excretadas no canal folicular e ascendem até a superfície da pele em íntimo contato com os pelos. Esse sebo é parte de um filme superficial da pele denominado filme hidrolipídico ou manto epicutâneo, composto pela mistura de suor e sebo. Sua função é variada: lubrificação cutânea, lubrificação da porção proximal dos pelos e cabelos e manutenção da hidratação cutânea. Esse filme diminui a perda de água através da pele, pois a água não tem afinidade com o sebo. Quando a secreção sebácea está normal (não há excessos — seborreia ou falta de sebo — pele alípica), o manto hidrolipídico favorece a homeostase da microbiota cutânea, favorecendo as defesas microbiológicas da pele por manter a superfície cutânea levemente ácida. Na prática como epilador, é importante observar a lubrificação da pele, pois peles seborreicas podem dificultar a adesão da cera. Nesses casos, ao invés de usar apenar uma solução higienizante de base aquosa, seria interessante deslipidizar a pele ao mesmo tempo em que executa a antissepsia. Isso pode 3Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 3 27/07/2018 17:25:09 ser feito com o uso de solução hidroalcoólica a 70%. Outra alternativa para facilitar a adesividade da cera com a pele é utilizar talco para remoção da umidade e do sebo da superfície cutânea. O folículo piloso é uma estrutura mais complexa e cheia de detalhes. Fazem parte da sua anatomia: o bulge (ou protuberância); o bulbo; a papila; diversas membranas (bainha radicular interna e externa) que revestem o folículo. O bulge é o reservatório de células-tronco, células capazes de se diferen- ciarem em vários tipos celulares. Quando um pelo cai, para que um novo ciclo de crescimento ocorra, é necessário que células-tronco do bulge interajam com células da papila dérmica. O bulbo piloso é a porção mais profunda do folículo piloso, onde se localiza a matriz germinativa, contendo as células que dão origem ao crescimento piloso: queratinócitos (produzem queratina) e melanócitos (produzem melanina). Essas células se dividem em altíssima velocidade quando estão localizadas no couro cabeludo, proporcionando taxa de crescimento de 0,9 a 1,3 cm por mês. Na parte superior do bulbo, encontra-se a zona queratógena, onde os quera- tinócitos sofrem mutações, degeneram-se, alongam-se e tornam-se amorfos, preenchidos por queratina. O bulbo piloso apresenta uma reentrância, na sua parte inferior, denominada papila dérmica. Nessa região, estão localizados os fibroblastos, células que produzem colágeno, elastina e outras substâncias, como os glicosaminoglica- nos. É também através da papila dérmica que ocorre a nutrição do folículo piloso por meio do sangue trazido pelos capilares sanguíneos. O crescimento dos pelos sofre bastante influência dos componentes trazidos pelo sangue − tanto para estimular quanto para inibir o crescimento. O diâmetro da papila dérmica determina também o diâmetro dos pelos formados por cada folículo piloso. Os folículos pilosos são altamente inervados, sendo considerado por alguns como um órgão tátil folicular. Sua inervação é perifolicular, ou seja, recobre todo o entorno do folículo e nos possibilita perceber sensações. Os pelos são compostos por queratina (~80–85%), melanina (~2–3%), lipídios (~3%), água (~10%) e elementos-traço (elementos presentes em quan- tidades muito pequenas, como cálcio, ferro, chumbo, silício, cobre, alumínio, entre outros). O teor de água é o elemento mais variável do pelo, pois sofre Morfofisiologia do pelo4 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 4 27/07/2018 17:25:09 interferências diretas da umidade relativa do ar. A queratina é uma proteína e, como toda proteína, é feita de unidades fundamentais denominados aminoá- cidos. A estrutura final dos pelos é composta por 20 aminoácidos diferentes. Eles estão conectados de ponta a ponta, como um colar de pérolas, por meio de ligações peptídicas. A composição bioquímica dos pelos está baseada na composição dos aminoácidos, sendo predominantes os seguintes elementos: carbono (C), oxigênio (O), nitrogênio (N), hidrogênio (H) e enxofre (S), este último responsável pelas ligações fortes que mantêm a estrutura dos pelos (pontes dissulfeto) e que são responsáveis por sua forma e resistência. O pelo formado pela complexaestrutura do folículo piloso é composto por duas ou três partes. São elas: a cutícula, o córtex e a medula (nem sempre presente). A cutícula é a porção mais externa do fio, composta por células anucleadas, praticamente transparentes, parcialmente sobrepostas e ligadas uma a uma ao córtex. Sua função é manter o pelo protegido de agressões externas, evitar a perda de hidratação, facilitar a penteabilidade e conferir maciez e brilho aos cabelos. Sua superfície é naturalmente hidrofóbica, ou seja, tem maior afinidade com lipídios do que com água. O córtex representa mais de 80% do fio, é composto por feixes de queratina e sua principal função é a elasticidade e resistência dos fios. É no córtex que a melanina é armazenada, dando cor ao pelo. A medula, quando presente, é a parte mais interna do fio e pode ser descontínua. Está presente em pelos mais espessos, como cílios, sobrancelhas, pelos pubianos, axilares e cabelos grossos. É composta por células anucleadas, fracamente queratinizadas, lipídios e grânulos de pigmento. Sua textura é mais porosa, menos compacta, e sua função ainda é incerta, uma vez que os pelos podem ser formados sem sua presença. Fonte: Adaptada de gritsalak karalak/Shutterstock.com. 5Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 5 27/07/2018 17:25:10 Ciclo de crescimento dos pelos Os pelos não crescem indefi nidamente e costumam seguir um padrão de cres- cimento. Esse padrão é determinado por três fases que se sucedem, formando um ciclo que recomeça ao fi nal da terceira e última fase. As fases do ciclo de crescimento dos pelos são chamadas de anágena, catágena e telógena e, nessa ordem, se sucedem durante o período de duração do ciclo, como mostra a Figura 2. Figura 2. Ciclo de crescimento dos pelos. Fonte: Adaptada de Rivitti (2018, p. 17). Nos cabelos (pelos que crescem no couro cabeludo), a fase anágena é a mais longa das fases, podendo durar entre 2 e 5 anos. Em casos mais extremos, pode chegar a ter duração de até 8 anos, porém essa situação é mais rara. Na fase anágena, a proliferação de células na raiz dos pelos é muito intensa, promovendo um crescimento contínuo da haste pilosa. Cerca de 85 a 90% dos cabelos de pessoas sadias estão na fase anágena. Em outras regiões corporais, a duração das fases do ciclo de crescimento dos pelos é diferente, conforme mostra o Quadro 1. Morfofisiologia do pelo6 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 6 27/07/2018 17:25:10 Fonte: Adaptado de Ellipse ([2003]). Cabeça e rosto Percentual de pelos em fase de repouso (telógena) Percentual de pelos em fase de crescimento (anágena) Duração da fase telógena Duração da fase anágena Couro cabeludo 13 85 3–4 meses 2–6 anos Sobrancelhas 90 10 3 meses 4–8 semanas Orelhas 85 15 3 meses 4–8 semanas Bochechas 30–50 50–70 — — Queixo 20 70 10 semanas 1 ano Lábio superior 35 65 6 semanas 16 semanas Corpo Axilas 70 30 3 meses 4 meses Região pubiana 70 30 3 meses 4 meses Braços 80 20 18 semanas 13 semanas Pernas e coxas 80 20 24 semanas 16 semanas Peito 70 30 — — Quadro 1. Duração das fases do ciclo de crescimento dos pelos A fase catágena é a mais curta do ciclo, e aproximadamente 1% dos pelos costumam estar nessa fase. Sua duração é de cerca de 2 a 3 semanas e, durante esse período, as células que promovem o crescimento dos cabelos desaceleram a sua capacidade de proliferar, promovendo, assim, um estado de transição entre a fase de crescimento (anágena) e a fase de descanso das células que promovem o crescimento dos fios (telógena). Essa fase dura cerca de 3 a 4 meses para a maior parte dos folículos, embora para os folículos das pernas, dos braços e do queixo ela seja muito mais longa. No couro cabeludo, cerca de 15% dos fios são observados nessa fase em sujeitos que não estão se queixando de queda capilar. É na fase telógena que a haste pilosa se desprende da papila e das células proli- 7Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 7 27/07/2018 17:25:10 ferativas que produziam e faziam crescer essa haste. A haste que se desprende logo será eliminada da pele, sendo observada como um cabelo ou pelo que cai sem qualquer tração. Ao final da fase telógena, inicia-se novamente outro ciclo, com a volta da atividade de proliferação das células da matriz, reiniciando uma nova fase anágena. Substâncias que influenciam o ciclo de crescimento dos pelos Tudo aquilo que for absorvido pelo seu organismo, seja por meio de alimentação, medicamentos, produtos aplicados sobre a pele e até mesmo respiração, pode estimular ou inibir o ciclo de crescimento dos pelos. Por exemplo, hormônios como o estrogênio e a tiroxina (derivado do metabolismo da tireoide) prolongam e estimulam a fase de crescimento dos pelos (anágena). No entanto, corticoesteroides, que são medicamentos muito utilizados como anti-inflamatórios, diminuem essa fase. Os hormônios do tipo androgênio, também chamados de hormônios masculinos (apesar de serem produzidos naturalmente pelo organismo de mulheres), podem diminuir a duração do ciclo de crescimento dos cabelos em indivíduos geneticamente predispostos. Em contrapartida, estimulam o ciclo de crescimento de pelos corporais. Fatores nutricionais, como dietas extremamente restritivas, baixa ingestão calórica, alimentação rica em carboidratos e o estresse psicoemocional podem diminuir o ciclo de crescimento dos pelos. Tipos de pelos Os pelos são classificados em três diferentes tipos: lanugo, vellus ou terminais. Essa divisão está baseada nas características morfológicas (estruturais) dos pelos e no momento em que surgem. Lanugo é o pelo que você tinha durante a gestação, enquanto ainda estava dentro do útero materno. Eles normalmente caem por volta do oitavo mês de gestação, mas é comum alguns bebês nascerem com essa pilificação bastante pronunciada e perderem os pelos ao longo do primeiro mês. Vellus são aqueles pelos mais finos que as mulheres têm no rosto, no pescoço, no tronco e nos braços. Os homens também têm pelos do tipo vellus no rosto, por exemplo, nas partes que não ficam cobertas pela barba. Tanto os pelos vellus quanto os lanugos são finos, curtos e não necessariamente muito pigmentados. Já os pelos terminais são mais grossos, pigmentados e longos. Nascemos com pelos terminais nas sobrancelhas, nos cílios e nos cabelos. Ao longo da vida, especialmente após a puberdade, o nosso organismo, sob estímulo dos hormônios dessa fase, vai transformar os pelos vellus de algumas regiões em terminais, como nas axilas, na região íntima, nas pernas e na barba. Morfofisiologia do pelo8 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 8 27/07/2018 17:25:10 Patologias foliculares na epilação Os folículos pilosos podem ser alvo de diversas patologias. No entanto, nem todas apresentam relevância para a prática do epilador. Dessa forma, estão descritas a seguir as principais disfunções foliculares e as que mais podem impactar na sua prática. Foliculite: é caracterizada como infecção dos folículos pilosos por fungos e bactérias, especialmente Staphylococcus. Essa bactéria está presente na pele de todos os indivíduos, sendo parte do microbioma cutâneo. Porém, quando a pele perde integridade (algum machucado ou corte), esse microrganismo consegue entrar no tecido e provocar reações que não provocaria na superfície da pele. Os sinais clínicos são eritema (vermelhidão) da pele nos arredores do folículo piloso, prurido (coceira), formação de pápulas (lesões elevadas, avermelhadas e localizadas da pele, as quais se assemelham a picadas de mosquito) e pústulas (lesões contendo pus) (Figura 3). Se não for tratada adequadamente, a foliculite pode induzir a lesões mais sé- rias, como cicatrizes hipertróficas (relevo aumentado), hipercromias (manchas mais escuras na pele) e destruição folicular, impossibilitando o crescimento de novos fios. É bastante comum em afrodescentes e caucasianos de pelos com acentuada curvatura. As regiões mais acometidas são barba, regiãopubiana e couro cabeludo. Raspar os pelos com lâminas pode favorecer a manifestação da foliculite em mais regiões, pois as bactérias podem ser arrastadas pelo contato direto da lâmina. O tratamento médico consiste na prescrição de antibióticos tópicos (para passar) e/ou por via oral (para ingerir). Orientações para que o paciente adquira cuidados domiciliares relacionados à higienização da pele são importantes. Por comprometer a estética dos pacientes, pode levar a reações emocionalmente desagradáveis. Uma alternativa para evitar novas infecções é a fotoepilação quando os pelos estão localizados em regiões em que os indivíduos não se importam em eliminá-los. 9Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 9 27/07/2018 17:25:10 Figura 3. Foliculite. Fonte: Adaptada de ilusmedical/Shutterstock.com. Pseudofoliculite: “pseudo” é um prefixo utilizado para dar a conotação de algo que não é real ou verdadeiro. Diferentemente da foliculite, na pseudofolicu- lite não há infecção do folículo piloso e, sim, apenas inflamação. Essa condição também é chamada de pelo encravado. Os pelos se desenvolvem e, se muito curvados, podem penetrar novamente na pele ou nem serem superficializados (Figura 4). Nesse momento, são considerados elementos invasores e, por não serem reconhecidos pelo organismo, disparam um processo inflamatório que pode resultar em sinais clínicos semelhantes ao da foliculite: eritema, prurido, pápulas e pústulas e, posteriormente, hiperpigmentação. Você pode identificar esses pelos ao perceber que não é possível encontrar sua ponta, pois ela está também inserida na pele ou ao visualizar o pelo por debaixo de uma fina camada da pele. É comum se manifestar na barba e no pescoço (em homens), nas axilas, na região genital e, eventualmente, nas pernas. A depilação com lâminas é comumente associada à manifestação dessa condição, pois deixa os pelos com a ponta oblíqua e favorece a sua penetração na pele. Não raspar os pelos diminui a frequência de pseudofoliculite. Outra dica simples, mas interessante, é esfoliar a pele 1 a 2 vezes por semana com bucha vegetal ou cosméticos contendo microesferas, e manter a pele hidratada com a aplicação diária de cosméticos hidratantes. Para solução definitiva, a fotoepilação é uma opção nesse caso. Morfofisiologia do pelo10 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 10 27/07/2018 17:25:11 Figura 4. Formas como a pseudofoliculite pode se manifestar. Fonte: alphabe/Shutterstock.com. Furúnculo: trata-se de infecção do folículo piloso e das glândulas sebáceas também causada pela bactéria Staphylococcus spp. Essa infecção se estende para o tecido adjacente, e sua manifestação clínica é diferente da foliculite e da pseudofoliculite. O seu principal sinal é uma lesão inflamatória maior, avermelhada, endurecida, dolorosa (com ou sem aplicação de pressão externa) e preenchida por maior quantidade de secreção purulenta. Quanto mais profunda e exacerbada a infecção, maior o tamanho da lesão. Pode levar à formação de cicatrizes irregulares, podendo ser hipertrófrica (elevada, acima do nível da pele) ou atrófica (abaixo do nível da pele). Sua manifestação ocorre em áreas úmidas e de atrito da pele (Figura 5). Figura 5. Folículo piloso normal e folículo piloso com lesão do tipo furúnculo. Fonte: Adaptada de Aguiar (2015). 11Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 11 27/07/2018 17:25:12 Quando acomete repetidamente o indivíduo, a condição é denominada furunculose e, quando mais de um folículo está envolvido na mesma lesão, é denominada carbúnculo, conforme Figura 6. O tratamento para furúnculo, furunculose e carbúnculo está baseado no uso de antibióticos aplicados na pele (topicamente) ou por via oral (ingeridos), sempre sob orientação médica. Figura 6. Vários folículos pilosos envolvidos na formação de um estágio avançado de furúnculo, denominado carbúnculo. Fonte: Lechimsmelo.ru ([2016]). A principal função da pele é servir como barreira física, protegendo nosso corpo de infecções e substâncias tóxicas. Viveríamos menos tempo se tudo aquilo que entra em contato com a nossa pele chegasse ao nosso sangue e se espalhasse pelo nosso organismo. No entanto, convivemos harmoniosamente com milhões de pequenos e invisíveis (a olho nu) habitantes na superfície da nossa pele, em uma espécie de ecossistema conhecido pelo termo microbioma cutâneo. Morfofisiologia do pelo12 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 12 27/07/2018 17:25:12 Microbioma cutâneo A pele é recoberta por fungos, bactérias e vírus. Como a pele pode ser cheia de microrganismos e não manifestar doenças? A maior parte deles é inofensiva e atua como protetor da pele frente a microrganismos considerados patogênicos, ou seja, capazes de induzir alguma doença. A colonização desses microrganismos é variada nas diferentes regiões corporais, especialmente devido às características específicas de cada região, como a umidade e a oleosidade. Veja, na figura a seguir, um esquema representativo do microbioma cutâneo e perceba que as bactérias Staphylococcus spp. envolvidas no desenvolvimento da foliculite e do furúnculo estão na superfície da pele considerada sadia. Representação esquemática de um corte de pele mostrando suas estruturas principais e seu microbioma. Fonte: Adaptada de Grice e Segre (2011). 13Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 13 27/07/2018 17:25:13 Você pode encontrar mais informações sobre a pele, os pelos e suas principais doenças nos links a seguir. Foliculite (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, [2017a]): https://goo.gl/ApwTob Furúnculo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, [2017b]): https://goo.gl/HP5tNp Cuidados diários com a pele (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, [2017c]): https://goo.gl/y6Wus5 A eliminação dos pelos por métodos epilatórios de tração (pinça, linha, equipamentos elétricos de tração, cera) envolve uma sensação dolorosa que varia de pessoa para pessoa. A unidade pilossebácea é altamente inervada e, por isso, tracionar os pelos que estão em plena fase de crescimento é dolorido. Além disso, os pelos em fase de crescimento estão com sua porção proximal — aquela mais profundamente implantada no couro cabeludo — alargada e com diâmetro muito maior do que a abertura do folículo piloso. Pelos em fase de repouso (telógena) não provocam dor ao se desprenderem porque os fios nessa fase já se desconectaram das demais estruturas do folículo piloso e apresentam diâmetro adequado para serem eliminados sem causar desconforto. Morfofisiologia do pelo14 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 14 27/07/2018 17:25:13 1. Os pelos, estruturalmente, são formados por cutícula, córtex e medula (ausente em pelos mais finos). Sobre o córtex, assinale a alternativa correta. a) Representa cerca de 80% da composição dos fios, especialmente no couro cabeludo. b) É responsável pela fragilidade e elasticidade dos fios. c) Confere brilho e maciez aos fios. d) É composto, majoritariamente, por queratina e melanina. e) Não está presente em pelos finos. 2. A unidade pilossebácea é composta pelo folículo piloso, pela glândula sebácea e pelo músculo eretor do pelo. Sobre o folículo piloso, assinale a alternativa correta. a) Contém uma estrutura denominada bulbo, onde se localizam as células-tronco. b) Contém uma estrutura chamada bulge, onde se localiza a matriz germinativa. c) Contém uma estrutura chamada papila dérmica, de onde provém o sebo que lubrifica os fios e a superfície da pele. d) É nutrido por capilares sanguíneos por meio da papila dérmica. e) É um elemento de origem dérmica. 3. Se seu cliente apresentar pele seborreica, ou seja, com produção aumentada de sebo, o que você deve fazer antes do procedimento de epilação com cera aquecida? a) Aplicar a cera direto sobre a pele. b) Deslipidizar a pele com solução higienizante aquosa. c) Deslipidizar a pele com solução hidroalcoólica e, se necessário, com talco. d) Aplicar maisde uma camada de cera. e) Nenhum procedimento prévio é necessário para a epilação com cera aquecida de peles seborreicas. 4. Sobre a foliculite, assinale a alternativa correta. a) É causada por microrganismos estranhos à pele. b) Tem como sintoma mais frequente a queda dos pelos. c) Não há tratamento para a foliculite. d) Pode ser evitada com a prática da fotoepilação. e) É mais comum em caucasianos de pelos lisos. 5. A pseudofoliculite é uma inflamação de pele, e não uma infecção. Sobre a pseudofoliculite, assinale a alternativa correta. a) Ocorre infecção superficial do folículo piloso. b) Ocorre envolvimento do folículo piloso e da glândula sebácea. c) É comum se manifestar na barba e no pescoço de homens e na região genital de ambos os sexos. d) Tem como microrganismo principal envolvido a bactéria Staphylococcus spp. e) Tem como tratamento a antibioticoterapia. 15Morfofisiologia do pelo C02_Morfofisiologia_pelo.indd 15 27/07/2018 17:25:15 AGUIAR, C. P. Furúnculo: causas e tratamento. Janaúba, 23 abr. 2015. Disponível em: <http://claudiopaguiar.blogspot.com/2015/04/furunculo-causas-e-tratamento.html>. 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Cuidados diários com a pele. Rio de Janeiro [2017c]. Disponível em: <https://goo.gl/y6Wus5>. Acesso em: 26 jul. 2018. Leituras recomendadas PINHEIRO, A. S. et al. Fisiologia dos cabelos. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v. 25, p. 34-45, maio/jun. 2013. Disponível em: <http://www.cosmeticsonline.com.br/ct/painel/ class/artigos/uploads/9aebd-Fisiologia-dos-Cabelos_Ed_mai_jun-2013.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2018. RIVITTI, E. A. Anatomia e fisiologia. In: ______. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2014. p. 1-15. Disponível em: <http://srvd.grupoa.com. br/uploads/imagensExtra/legado/R/RIVITTI_Evandro/Manual_Dermato_Clinica_Ri- vitti_Sampaio/Lib/Cap_01.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2018. SCHLAKE, T. Determination of hair structure and shape. Seminars in Cell & Development Biology, London, v. 18, n. 2, p. 267-273, 2007. Morfofisiologia do pelo16 C02_Morfofisiologia_pelo.indd 16 27/07/2018 17:25:15 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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