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PARASITOLOGIA Simoni M. de Medeiros Cassio Florencio Posição Sistemática Reino: Animalia Filo: Nematoda Classe: Secernentea Ordem: Ascaridida Família: Ascarididae Gênero: Ascaris Espécie: A. lumbricoides Nematóides: “vermes” cilíndricos (Brooks 1985; Bush et al. 2001) Reino: Animalia Filo: Nematoda Classe: Secernentea Ordem: Trichinellida Família: Trichuridae Gênero: Trichuris Espécie: T. trichiura Reino: Animalia Filo: Nematoda Classe: Secernentea Ordem: Oxiurida Família: Oxiuridae Gênero: Enterobius Espécie: E. vermiculares GRUPOS DE INTERESSE Filo Nematoda (nematóides ou “vermes” do corpo cilíndrico) Classe: Rhabditea Enoplea Subclasse: Rhabditia - Infraclasse: - - Ascaris Strongyloides Ancylostoma Necator Enterobius Onchocerca Wulchereria Trichuris HELMINTOS Gêneros Nematóides Parasitos (Vermes) cilíndricos Trato digestivo completo (boca e ânus) Corpo envolto por cutícula (Revestimento altamente resistente) Sexos distintos – Fêmea maior que macho, macho com cauda espiralada (exceção: Strongyloides) Ovo Envolvido por 3 membranas Ascaris, Trichuris, Strongyloides e Ancylostomídeos – Embrião se desenvolve dentro do ovo no meio exterior (Geohelmintos) Strongyloides stercoralis – Embrião se desenvolve dentro do ovo ainda no útero da fêmea (elimina ovo larvado) Filarídeos (Wuchereria) – A casca do ovo é mole (forma uma bainha) Formas NÃO infecciosas Se alimentam Formas infecciosas NÃO se alimentam Larva infectante Infecta o hospedeiro definitivo (ciclo heteroxeno) Pode ser ingerida (Ascaris, Enterobius, Trichuris) Penetração ativa da larva infectante (Ancylostoma, Strongyloides) Em Wuchereria, os embriões são as microfilárias que necessitam ser ingeridas por um hospedeiro intermediário Intestinais Nematódeos de Importância Médica Enterobius (oxiúro) Trichuris (verme-chicote) Ascaris (lombriga) Necator Ancylostoma Strongyloides (pequeno verme cilindrico Trichinella Tecido Wuchereria Onchocerca Loa Espécies de importância médica (Neves et al. 2011; Ferreira 2012) Geohelmintoses Ovos depositados no solo Geo-helmintos Infecção “transmitida” pelo solo Nematóides Ascaris lumbricoides Morfologia Ascaris lumbricoides Lombriga ou bicha - cor leitosa - dióicos -podem atingir 4 a 31 cm Tamanho dos vermes adultos é diretamente proporcional à intensidade do parasitismo e do estado nutricional do hospedeiro (Silva & Massara, 2011) (Neves et al. 2011; Ferreira 2012) Morfologia Ascaris lumbricoides A região anterior em ambos os sexos é chamada de boca ou vestíbulo bucal a qual é contornada por três lábios (= trilabiado) com dentículos, seguida pelo esôfago e intestino. (Neves et al. 2011; Ferreira 2012) Morfologia Ascaris lumbricoides Extremidade posterior Fêmea: termina em ânus (vulva no terço anterior) Macho: abre-se a cloaca da qual saem 2 espículos que funcionam como órgãos acessórios de cópula. (Neves et al. 2011; Ferreira 2012) Morfologia Ascaris lumbricoides DIMORFISMO SEXUAL (Neves et al. 2011; Ferreira 2012) Biologia e Ciclo Biológico Ascaris lumbricoides: OVOS • Interna: delgada, impermeável • Média: espessa, quitinosa • Externa: espessa, com rugosidades (mamilonada) Biologia e Ciclo Biológico Ascaris lumbricoides: LARVAS Ovo (Larva1 - L2 - L3) - L4 - L5 - adultos No solo Mudas pulmão Muda no intestino L1 rabditóide L2 rabditóide L3 filarióide infectante Ingestão Eclosão Invasão da mucosa Monoxênico Transmissão: água e alimentos contaminados Cada fêmea pode colocar ~200.000 ovos por dia O embrionamento dos ovos no meio externo L1 rabditóide L2 rabditóide L3 filarióide infectante Ingestão Eclosão Invasão da mucosa Ascaris lumbricoides 8 – 9 SEMANAS L3 Ciclo de vida Ascaris lumbricoides Ingestão de água ou alimentos contendo ovos (larvados L3) Eclosão do ovo no intestino, liberando a larva (L3) Larva (L3) perfura o intestino e “ganha” a circulação Passa pelo fígado Passa pelo coração Ovos contendo larva L3 contaminam água e/ou alimentos Larva (L3) Larva (L3) Passa pelos pulmões Traqueia Faringe São engolidos Passam para o esôfago Estabelecem-se no intestino delgado estômago Ovos eliminados com as fezes contaminação do ambiente Larvas (L3) sofrem muda para L4, sendo que posteriormente rompem os capilares e caem nos alvéolos, sofrendo nova muda (L5). Migração das larvas para a faringe Larva (L5) Larva (L5) Larvas atingem novamente o duodeno transformando-se em adultos. Fêmeas, após a cópula, iniciam a ovoposição. Evolução dos ovos férteis até se tornarem larvados, com L3 (Infectante) . Biologia e Ciclo Biológico Ciclo Biológico do Ascaris lumbricoides I. Ovos contendo larva L3 contaminam água e/ou alimentos; II. Ingestão dos alimentos contaminados com os ovos larvados; III. Passagem do ovo pelo estômago e liberação da larva L3 no intestino delgado; IV. Penetração das larvas na parede intestinal; V. Larvas carreadas pelo sistema porta até os pulmões; VI. Larvas sofrem muda para L4, sendo que posteriormente rompem os capilares e caem nos alvéolos, sofrendo nova muda (L5). Migração das larvas para a faringe; VII. Expulsão das larvas pela expectoração ou deglutição das mesmas; VIII.Larvas atingem novamente o duodeno transformando-se em adultos. Fêmeas, após a cópula, iniciam a ovoposição; IX. Eliminação dos ovos pelas fezes e contaminação do ambiente; X. Evolução dos ovos férteis até se tornarem larvados, com L3. 23 Resistência aos Ascaris Em consequência, elas são destruídas principalmente nos pulmões. O sistema imunológico reage, também, intensamente, produzindo anticorpos contra os antígenos que são liberados durante as mudas. As larvas de 5º estádio e os adultos são menos antigênicos que as anteriores, não concorrendo para produzir anticorpos protetores como aquelas. Instalados no intestino, os Ascaris têm uma longevidade estimada em 1 a 2 anos. Em geral, apenas uma de cada seis pessoas parasitadas apresenta manifestações clínicas decorrentes do parasitismo. A razão está no pequeno número de Ascaris que elas carregam. A resistência do organismo contra esses parasitos faz-se com a inflamação provocada pelas larvas de 3º e de 4º estádios, nos tecidos. 24 Resistência aos Ascaris Na fase invasiva, as lesões dependem do número de larvas, do tecido em que se encontrem e da resposta do hospedeiro. Se as larvas forem poucas e não houver hipersensibilidade, as reações hepáticas serão insignificantes e as pulmonares discretas. Se forem muitas, haverá focos hemorrágicos e necróticos no fígado, com inflamação em torno das larvas aí retidas ou destruídas. Nos pulmões ocorrerá a síndrome de Loeffler, com febre, tosse, alta eosinofilia e quadro radiológico com manchas isoladas ou confluentes nos campos pulmonares. Normalmente, esses sintomas desaparecem em poucos dias sem deixar traços. Mas, em crianças pequenas e em pessoas hipersensíveis, a gravidade pode ser alta. 25 Sintomatologia Os Ascaris podem permanecer nos intestinos sem molestar o paciente, sendo descobertos, ocasionalmente, quando um deles for expulso com as fezes. Ou pelo encontro de ovos, durante um exame coproscópico de rotina. Nos casos sintomáticos, as manifestações mais frequentes são: desconforto abdominal, dor epigástrica, cólicas intermitentes e má digestão; assim como náuseas, anorexia e emagrecimento. Também costuma haver irritabilidade, sono intranquilo, ranger de dentes à noite e coceira no nariz. Pessoas hipersensíveis podem apresentar quadros alérgicos, como urticária, edemas e crises de asma que se curam com anti-helmínticos. Em populações de baixa renda e crianças desnutridas, os parasitos agravam o mau estado nutricional. 26 Complicações na fase crônica Espasmos, volvo, intussuscepção (invaginação de um segmento intestinal em outro), obstrução intestinal por um bolo de Ascaris, peritonite etc., são complicações dramáticasque podem levar o paciente à morte. Peça com obstrução intestinal por áscaris Segundo as estatísticas hospitalares, cerca de 45% das obstruções por bolo de áscaris ocorrem em crianças com menos de 2 anos de idade. 27 Localizações ectópicas Não é rara a eliminação de um Ascaris pela boca ou pelo nariz, quando o parasitismo é intenso ou quando os vermes são irritados por certos alimentos, drogas ou, mesmo, anti-helmínticos. A capacidade migratória dos áscaris leva-os, por vezes, a penetrar no apêndice (causando apendicite) e no divertículo de Meckel ou em outros existentes. Penetram nas vias biliares, simulando os quadros de colecistite, de colelitíase ou de angiocolite; e nas vias pancreáticas, produzindo pancreatite aguda, sempre fatal. Outros quadros obstrutivos graves ocorrem quando, subindo pelo esôfago, os vermes penetram na laringe ou nos brônquios. Imagem negativa de um áscaris, em estômago contendo contraste radiológico. (Eosinofilia, tosse e febre baixa) Alterações nas infecções médias ou maciças: 1. Ação tóxica: edema, urticária, convulsões, etc. 2. Ação espoliadora: consumo de proteínas, carboidratos, vitaminas A e C; em crianças pode levar à subnutrição. 3. Ação mecânica: obstrução intestinal, irritação na parede intestinal. 4. Localizações ectópicas: altas cargas parasitárias - boca e narinas; - apêndice; - vias biliares: icterícia obstrutiva. - canal pancreático: pancreatite aguda (fatal); -vias respiratórias: morte por asfixia (verme adulto). Diagnóstico Ascaris lumbricoides Adulto Eliminação nas fezes ou pelos orifícios Larvas Não é realizado Ovos Exame Parasitológico de Fezes (EPF) Exame Direto a Fresco Técnicas de Concentração Sem contato com urina, solo e em recipientes limpos e de boca larga. Textura das fezes: formadas, pastosas ou líquidas. Deverão ser mantidas em baixa temperatura (10°C). Conservantes: fornecidos pelo laboratório, como Formol a 10%, SAF ou MIF. PARASITOLOGIA MÉDICA TOXOCARÍASE, LAGOQUILASCARÍASE Complemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde”, de Luís Rey Fundação Oswaldo Cruz Instituto Oswaldo Cruz Departamento de Medicina Tropical Rio de Janeiro Toxocaríase O parasito: Toxocara canis Como vários nematóides de animais que infectam ocasionalmente o homem, este parasito não completa seu ciclo biológico normal, no organismo humano, permanecendo como uma larva migrans visceral, em diferentes tecidos. O verme adulto assemelha-se ao Ascaris, medindo a fêmea 6 a 18 cm e o macho 4 - 10 cm (a). Além de 3 lábios que precedem a boca, possuem 2 expansões cervicais em forma de aletas (e, f). Ciclo de toxocara (a, b, c) e infecção humana (d). Aletas de Toxocara canis (e) e de Toxocara cati (f). Toxocara canis Em seus hospedeiros normais, o cão e outros canídeos (eventualmente o gato), Toxocara habita a luz do tubo digestivo. Uma fêmea de Toxocara elimina 2 milhões de ovos, por dia; mas esse número cai para 200 mil, após o 8º mês de vida. Os ovos embrionados, quando ingeridos por cães novos e sem imunidade, eclodem no intestino. As larvas (L3) invadem a mucosa e, pela circulação da veia porta, chegam ao fígado. Vão, depois, ao coração, aos pulmões e finalmente, deglutidos, completam seu ciclo indo localizar-se na luz do tubo digestivo. Aí crescem e vivem como vermes adultos. Larva migrans Quando um cão adulto e com imunidade específica contra as L3 é infectado experimentalmente, essas larvas são encontráveis no fígado, nos pulmões, nos músculos e outros órgãos. O que mostra a tendência de Toxocara a produzir formas latentes mesmo no hospedeiro natural. Na cadela grávida, as larvas infectam o feto por via placentária e, após o nascimento, essas larvas chegam a vermes adultos. Essa é a principal forma de transmissão da toxocaríase entre os cães. As larvas são encontradas também no leite da cadela, podendo infectar as crias. Toxocaríase Na espécie humana, sobretudo em crianças de baixa idade, a ingestão de ovos de Toxocara libera larvas L3 no início do intestino delgado. Depois de invadir a mucosa, essas larvas entram na circulação porta e alcançam o fígado; ou, pela circulação linfática, vão ao coração direito, aos pulmões etc. Nos hospedeiros anormais (como os humanos) as larvas L3 não passam por novas ecdises, nem crescem, mas vivem semanas ou meses. Os órgãos mais afetados por esses parasitos são, na ordem de frequência: o fígado, os pulmões, o cérebro, os olhos e os linfonodos. Nos capilares hepáticos ou de outros órgãos, as larvas são retidas pela reação inflamatória. A lesão típica consiste no granuloma alérgico. No centro deste está o parasito e tecido necrótico, cercado por eosinó-filos e monócitos, dispostos em paliçada, e gigantócitos. Em torno, há um infiltrado leucocitário e fibroblastos. Toxocaríase Nas localizações oculares, em geral no segmento posterior, os abscessos eosinófilos tendem a produzir o descolamento da retina e opacificação do humor vítreo, com perda da visão. Outras vezes forma-se um tumor fibroso e localizado, que afeta parcialmente a vista. Em função da carga parasi-tária, o quadro clínico tarda semanas ou meses para se manifestar e depende da localização das lesões. Ele varia de uma simples e persistente eosinofilia até os quadros graves, com febre, leucocitose e hipereosinofilia; hepatomegalia e manifesta-ções pulmonares (como asma ou síndrome de Löeffler); bem como cardíacas e nefróticas. As lesões cerebrais podem produzir quadros epilépticos, meningite ou encefalite. Há casos que simulam um tumor cerebral. As crianças, entre 2 e 5 anos, são mais afetadas que os demais. Há casos fatais. Animais ingerem ovos embrionados e desenvolvem adultos Ovos saem nas fezes e Embrionam no solo Ovos são ingeridos Larvas eclodem no Intestino delgado e atravessam a parede Larvas migram Para todos os órgãos via circulação PATOLOGIA OLHO SNC FÍGADO Adultos vivem no intestino delgado do cão e do gato Larva migrans visceral Despommier, Clin. Microbiol. Rev., 16:265-272, 2003 Patologia e sintomatologia A doença mais grave causada por T. canis no homem é chamada de “larva migrans ocular” (LMO) A LMO foi documentada pela primeira vez nos EEUU em 1950 quando Nicols mostrou que 24 de 46 globos oculares enucleados em crianças de 3 a 13 anos de idade continham nematóides. Desde essa época cerca de 2000 casos de LMO foram descritos em todo o mundo. O agente que causa a LMO em seres humanos é a larva de terceiro estágio com 500 mm de comprimento. O sinal mais importante é o aumento persistente de eosinófilos (resposta tipo Th2), ocasionalmente chegando a 90%!! Diagnóstico e tratamento No caso de seres humanos, o diganóstico é fácil e definido se larvas são encontradas em tecidos retirados por biópsia ou cirurgia. Diagnóstico sorológico também é útil. Geralmente o tratamento não é simples. Albendazol é o quimioterápico utilizado para larva migrans visceral. O tratamento é feito por cinco dias: 10 mg/kg de peso corporal/dia em duas doses diárias. LMO é tratada por cirurgia (vitrectomia), quimioterapia antihelmíntica, e/ou corticosteróides. Despommier, Clin. Microbiol. Rev., 16:265-272, 2003 Porção da retina de uma criança com LMO Prevenção da toxocaríase A profilaxia da toxocaríase é difícil por ser a convivência com cães e gatos parte dos hábitos anti-higiênicos de muita gente. Por ignorância ou baixo nível de consciência sanitária, essas pessoas não se importam de levar, diariamente, seus animais a poluírem com fezes as ruas, praças e praias. Aí, os ovos sempre muito abundantes de Toxocara sobrevivem por semanas ou meses, no solo e nas poeiras. Outra dificuldade está em que as medidas de controle deveriam ser de iniciativa e responsabilidade dos proprietários desses animais. Mas, também, devem sercolocadas cercas teladas para proteger os parques e lugares de recreação das crianças (tanques de areia, p. ex.) impedindo o acesso dos animais. E reduzir a população de cães e gatos errantes, que são os mais parasitados. Prevenção da toxocaríase Quanto aos animais do- mésticos, ela deve consistir no tratamento periódico dos cães e gatos, segundo o esquema abaixo, para reduzir as fontes de poluição persistente do solo com os ovos do parasito: 1º tratamento aos 14 dias de idade do animal; 2º tratamento aos dois meses; 3º tratamento aos seis meses de idade; Depois tratá-los 1 ou 2 vezes por ano. Isso porque as reinfecções ocorrem mesmo nas melhores condições. As drogas a usar são os imidazólicos, como o alben-dazol, fembemdazol, levami-zol ou mebendazol. Contra as larvas, nos tecidos, a eficácia é menor, não impedindo a transmissão congênita em cães. As cadelas prenhes devem receber a medicação diariamente desde o 40º dia da gestação até duas semanas após o nascimento da ninhada. Lagoquilascaríase Lagochilascaris minor A lagoquilascaríase é uma zoonose que, contrariamente ao que sucede com Toxocara, adapta- se bem ao organismo humano completando aí todo o ciclo reprodutivo. Trata-se de um pequeno nematóide da família Ascarididae, cujas fêmeas medem cerca de 15 mm e os machos 6,5-11,5 mm. Tem o corpo delgado e na extremidade anterior (A e B) apresentam 3 lábios, em torno da boca. Os órgãos internos são como em outros ascarídios (C). Os ovos esféricos ou ovóides medem entre 40 e 50 µm; possuem casca espessa, com numerosas depressões na superfície. Tornam-se infectantes no prazo de um mês, quando já contêm uma larva L3 e resistem ao formaldeído a 1%. Na água, a -10ºC, permanecem viáveis durante 400 dias.O ovo (apud Dr. Frahia) A infecção por L. minor Se um camundongo ou outro roedor ingerir os ovos embrionados, estes eclodem no intestino delgado ou no cecum, após 6 horas. As larvas invadem os linfáticos e o sistema porta e são encontráveis no fígado e nos pulmões, 1 ou 2 dias depois. Aí crescem envoltas por um nódulo fibrosado, onde sobrevivem até um ano. Se um gato comer esse camundongo infectado, as larvas L3 migram para a região rinofaringiana do felino (sem fazer o ciclo pulmonar). No novo hospedeiro ocorrem novas mudas que os transformam em vermes adultos, ao fim de 10 a 20 dias. Nas lesões necróticas que se formam são encontráveis todas as fases do parasito, de ovo a ovo, multiplicando-se continuamente. A infecção por L. minor Em humanos, a L. minor também produz lesões granulomatosas crônicas, sob a forma de nódulos, pseudocistos ou abscessos, localizados no pescoço (60% dos casos), na mastóide (35,5%) ou no ouvido médio (29%). Inicialmente forma-se uma pápula, pústula ou nódulo endurado que cresce lentamente invadindo as áreas vizinhas, ou abrindo trajetos fistulosos até as vias respiratórias superiores ou a pele. Outras lesões podem surgir nos pulmões, nas amígdalas e seios paranasais; menos vezes no sistema nervoso central. No pus que surde das lesões encontram-se parasitos adultos, larvas e ovos, que podem ser eliminados pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos ou pelas ulcerações cutâneas. Lesões na mastóide e no ouvido médio (Doc. de Frahia et al.). Diagnóstico e tratamento O diagnóstico, baseado no encontro dos parasitos, é facilitado por essas circunstâncias. As localizações pulmonares ou as cerebrais exigem técnicas radiológicas ou tomográficas. O tratamento é feito com os anti- helmínticos, mas os resultados são variáveis. As recidivas costumam ocorrem após uma cura aparente. A ivermectina mata vermes adultos e larvas, mas não os ovos e larvas L3 encistadas. Tiabendazol e levamizol são também vermicidas, mas não afetam os ovos. As recidivas, portanto, são frequentes. Epidemiologia e profilaxia A lagoquilascaríase é uma zoonose rara da Região Neotropical (62 casos até 1989) . No Brasil é encontrada sobretudo no Pará, Tocantins, Rondônia, Acre e Mato Grosso. Supõe-se que seus hospedeiros naturais sejam felídeos silvestres (como a jaguatirica). Os ovos resistentes de L. minor infectariam roedores e outras presas dos carnívoros. A doença humana seria devida ao consumo de caça infectada. Na falta de informações mais seguras, a prevenção consiste em só comer carne de caça quando bem cozida. Mapa da distribuição geo-gráfica de Lagochilascaris minor (as estrelas) e de Angiostrongylus costaricen-sis (os círculos), no Brasil.
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