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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DO CONHECIMENTO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 TEORIA DO CONHECIMENTO .............................................................................. 3 
2 NATUREZA, OS LIMITES E OS PROBLEMAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
......................................................................................................................................5 
2.1 Senso com............................................................................................................6 
2.2 Conhecimento Teológico (religioso).....................................................................7 
2.3 . Conhecimento filosófico.......................................................................................7 
2.4 . Conhecimento científico.......................................................................................8 
3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEORIA DO CONHECIMENTO .............................. 9 
4 SOLUÇÕES GNOSIOLÓGICAS NA HISTÓRIA ................................................... 10 
4.1 O pensar gnosiológico........................................................................................11 
5 O EMPIRISMO INGLÊS ........................................................................................ 16 
6 RACIONALISMO CARTESIANO .......................................................................... 18 
7 OS GRANDES PENSADORES DO EMPIRISMO ................................................. 19 
7.1 Francis Bacon (1561-1626 / Renascimento)......................................................20 
7.2 John Locke (1632-1704 / Iluminismo).................................................................22 
7.3 David Hume (1711-1776 / Iluminismo)...............................................................22 
8 ROSCHER E KNIES E OS PROBLEMAS LÓGICOS DE ECONOMIA POLÍTICA 
HISTÓRICA (1903/6) ................................................................................................ 23 
9 A PROPOSTA DO ILUMINISMO .......................................................................... 33 
10 QUESTÕES COMTEMPORÂNEAS ..................................................................... 35 
10.1 Thomas Kuhn e o paradigma............................................................................36 
10.2 . Paul Karl Feyerabend e o anarquismo epistemológico....................................39 
11 A “VERDADE” EM CIÊNCIA: OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE ..................... 40 
11.1 Critérios de cientificidade..................................................................................41 
11.2 . Espírito científico: a função da curiosidade......................................................42 
12 O POSITIVISMO ................................................................................................... 45 
 
 
 
12.1 . O positivismo: a divinização da ciência............................................................45 
12.2 Positivismo social..............................................................................................47 
12.3 Positivismo evolucionista..................................................................................47 
12.4 Teses fundamentais do positivismo..................................................................48 
13 AUGUSTO COMTE .............................................................................................. 49 
13.1 .Obras................................................................................................................51 
13.2 A Lei dos Três Estados.....................................................................................51 
13.3 .Classificação das Ciências...............................................................................54 
13.4 .A religião da humanidade.................................................................................54 
14 O POSITIVISMO NO BRASIL ............................................................................... 56 
15 JOHN STUART MILL ............................................................................................ 56 
15.1 A crítica ao silogismo e o princípio da uniformidade da natureza.....................58 
15.2 O utilitarismo de Stuart Mill...............................................................................59 
16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ....................................................................................... 61 
 
 
3 
 
1 TEORIA DO CONHECIMENTO 
 
Fonte: descomplica.com.br 
O que é teoria do conhecimento? O que são valores? Muitas são as dúvidas a 
respeito do conhecimento e dos valores. Questões que o ser humano consciente quer 
contestar embora nem sempre encontre respostas convincentes. 
Pesquisadores humanistas concordam que o conhecimento, assim como 
valores, está ligado à educação. “A educação não cria o homem e sim, lhe ajuda a 
criar-se a si mesmo. ” (Debesse). Regina Célia Baptista Belluzzo em sua obra “A 
educação na sociedade do Conhecimento” afirma que: 
“Há necessidade de se entender que aprender é um processo complexo, 
onde o ser humano deve ser o sujeito ativo na construção do conhecimento, 
e que este somente se dá a partir da ação do sujeito sobre a realidade. O 
conhecimento é o principal fator de inovação disponível ao ser humano. O 
conhecimento não é constituído de verdades estáticas, mas um processo 
dinâmico, que acompanha a vida humana e não constitui em mera cópia do 
mundo exterior, sendo um guia para ação. Ele emerge da interação social e 
tem como característica fundamental poder ser manifestado e transferido por 
intermédio da comunicação. Assim a capacidade de aprender, de 
desenvolver novos padrões da interpretação e de ação, depende da 
diversidade e da natureza vária do conhecimento”. 
 
4 
 
A questão da teoria do conhecimento é um tema inerente às especulações 
filosóficas, desde a antiguidade grega. É conhecida pelos filósofos como gnosiologia, 
crítica do conhecimento ou epistemologia. 
Em que consiste, a teoria do conhecimento? A teoria do conhecimento pode 
ser definida como a investigação, acerca do conhecimento verdadeiro. Existem uma 
variedade de teorias do conhecimento porque os filósofos sempre se atentaram com 
a temática, sendo difícil constatar uma coincidência de pensamento e conceitos entre 
eles. Dentre os principais princípios da teoria do conhecimento podemos mencionar 
as fontes primeiras do conhecimento; o processo que se transforma em juízos; o jeito 
de considerar a atividade do sujeito frente ao objeto a ser conhecido, sendo tratada, a 
partir da Idade Moderna, como uma disciplina central da filosofia. 
Nesse processo de valorização da teoria do conhecimento contribuíram as 
obras do filósofo francês René Descartes (1596- l650), do filósofo inglês John Loock 
(632- 1704), e do filósofo alemão Immanuel Kant (l724- 1804), portanto a teoria do 
conhecimento é uma reflexão filosófica com o objetivo de averiguar as origens, as 
possibilidades, os fundamentos, a extensão e o valor do conhecimento. Por estas 
razões ela é estudada como uma disciplina central da filosofia. 
Para existir conhecimento, é imprescindível que haja a relação entre dois 
elementos básicos: um sujeito conhecedor (mente) e um objeto conhecido (a 
realidade). Só haverá conhecimento se o sujeito conseguir apreender o objeto, isto é, 
representá-lo mentalmente. Paulo Ronca afirma que “O conhecimento se dá, na 
possibilidade de o indivíduo operar sobre o que percebe ou sobre o que memoriza” 
(p.124). 
 “No conhecimento defrontam-se consciência e objeto, sujeito e objeto. O 
conhecimento surge como resultado da relação entre esses dois elementos. Nessa 
relação, sujeito e objeto, permanece para sempre separados. O dualismo do sujeito 
e do objeto compete à essência do conhecimento”. 
Pensando sobre os conceitos da teoria do conhecimento, podemos concluir que 
o conhecimentofaz parte de uma argumentação filosófica na edificação do saber. 
Após ter refletido sobre o conhecimento pode-se aprofundar e refletir sobre os valores 
que fazem parte do conhecimento estruturado e aceito pela sociedade através dos 
tempos. MARIO SERGIO CORTELLA em seu livro “A Escola e o Conhecimento” 
afirma que: 
 
5 
 
“ A preocupação com os valores é tão antiga como a humanidade, só a partir 
do século XIX surge como disciplina escolar. Axiologia ou teoria dos valores, que se 
ocupa das relações que se estabelecem entre as coisas, seres vivos ou mesmo ideias 
e a pessoa que os aprecia” (p.45) 
2 NATUREZA, OS LIMITES E OS PROBLEMAS DO CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO 
 
Fonte: revistamelhor.com.br 
É próprio do homem produzir conhecimento. Este conhecimento constitui o 
patrimônio histórico-cultural da humanidade, resultante de um processo cumulativo, 
decorrente de toda a história da vida humana. De fato, o homem vem, 
incessantemente, construindo conhecimento, produzindo arte, ciência e tecnologia, 
organizando o espaço físico e social. 
Todavia, para que a sociedade possa caminhar e desenvolver-se, é 
imprescindível que todos tenham acesso a esse conhecimento, cuja apropriação pode 
dar-se de diversas maneiras. O conhecimento possui dois elementos básicos: um 
sujeito e um objeto. O sujeito é o homem, o ser racional e cognoscente; o objeto é a 
realidade na qual vive. Existe relação estreita entre o sujeito e objeto; o homem só é 
sujeito quando está conhecendo o objeto, e a realidade só se torna objeto quando é 
 
6 
 
conhecida pelo sujeito. Tipos de conhecimento: senso comum, teológico (religioso), 
filosófico e científico Entre os conhecimentos que o homem produz na tentativa de 
explicar e compreender o mundo, dar sentido para as coisas, destacam-se: 
 O senso comum, 
 O teológico (religioso), 
 O conhecimento filosófico e 
 O conhecimento científico. 
2.1 Senso comum 
É o modo espontâneo e pré-crítico de conhecer. Todo homem, no percurso de 
sua existência, acumula conhecimentos e experiências daquilo que viveu, viu e ouviu 
de outras pessoas, interiorizando as tradições da sociedade. Assim, o senso comum 
refere-se a opiniões individuais e subjetivas das pessoas sobre as coisas e os 
acontecimentos, como resultado de suas próprias experiências. É um conhecimento 
que se adquire independentemente de estudos ou pesquisas, entendido como sendo 
aquele que aborda os fatos sem lhes investigar as causas, sem recorrer à 
fundamentação técnica, sistemática ou objetiva. “ Também chamado de “vulgar”, 
“popular” e “empírico” é o conhecimento do dia-a-dia, do cotidiano, da vida das 
pessoas (...) Faz parte da tradição de uma comunidade e resulta de simples 
transmissão de uma geração a outra. ” (BARBOSA, 2006, p. 45) 
Tais características, entretanto, não devem fazer supor que este tipo de 
conhecimento seja desprezível ou desprovido de significação. 
O senso comum: 
(. . .) é a primeira compreensão do mundo resultante da herança fecunda de 
um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. Pelo 
senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida adquirimos 
convicções e confiança para agir. (ARANHA; MARTINS, 1992, p.56). 
Apesar do senso comum não poder ser desprezado, pois é a partir dele que o 
indivíduo acumula conhecimento e experiências de vida, ele é muito subjetivo e 
pessoal. Uma opinião pessoal não pode ser considerada como verdade, a menos que 
seja demonstrada cientificamente. Já os conhecimentos teológicos (religioso) e 
filosófico são inexperimentáveis, pois dependem do exercício do pensamento e advém 
 
7 
 
da necessidade de transcendência que o homem possui; é um exercício de pensar os 
acontecimentos além de suas aparências. 
2.2 Conhecimento Teológico (religioso) 
É a crença em divindades, forças superiores, manifestações divinas. Esse tipo 
de conhecimento não admite questionamentos, não se baseia na razão e sim, na Fé. 
A “verdade” surge da revelação. 
2.3 Conhecimento filosófico 
 
Fonte: cultura.culturamix.com.br 
 
Busca respostas na reflexão dos homens sobre si mesmos e sobre a realidade. 
Os temas de reflexão filosóficos mudam na medida em que o contexto histórico se 
transforma. 
Quanto ao objeto de conhecimento da filosofia, pode-se indicá-lo como sendo 
o tudo. Procura-se conhecer o ser e o não ser, o bem e o mal, o mundo dos 
seres, dos homens. As proposições filosóficas são situadas em um contexto 
cultural que considera o homem inserido na história. A filosofia é, pois, uma 
reflexão crítica também da sociedade, da política, do direito e da educação, 
e é o seu fundamento. (BARROS; LEHFELD, 2000, p.35) 
 
Pode-se pensar filosoficamente a ciência, a arte, a religião, o homem etc. e 
http://www.cultura.culturamix.com.br/
 
8 
 
quando assim se procede, procura-se conhecer as causas primeiras dos fenômenos, 
contrariamente ao que sucede com o conhecimento científico, que fica restrito às 
causas próximas, às suas particularidades. Ao mesmo tempo em que produz 
conhecimentos, o homem interroga-se a respeito de sua validade: o que é a verdade? 
Pode-se confiar na capacidade cognitiva do ser humano? Quando os conhecimentos 
advindos dela podem ser considerados verdadeiros? Historicamente, desde os 
primeiros filósofos até os nossos dias, debatesse o problema: a verdade está no objeto 
ou na relação do sujeito com o objeto? Este debate é fecundo, fazendo com que 
surjam diversas interpretações sobre a questão da verdade e da validade do 
conhecimento. Cada pensador, cada corrente filosófica, cada cientista responde a 
essas questões de maneira diferente. 
E é até bom que não seja assim, para que os conceitos e achados científicos 
sejam exaustivamente testados, comprovados, reduzindo as margens de erros. Toda 
essa polêmica, tratada aqui de maneira bastante ligeira, na medida em que desafia o 
espírito humano e provoca divergências aparentemente inconciliáveis, é benéfica e só 
tem estimulado o aprofundamento de questões ligadas à epistemologia e à filosofia 
da ciência. 
2.4 Conhecimento científico 
O conhecimento científico, ao contrário do conhecimento comum: “Busca 
compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e 
necessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos e, 
consequentemente, também agir sobre a natureza” (ARANHA; MARTINS, 1992, p.89) 
Busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações 
universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos 
e, consequentemente, também agir sobre a natureza (ARANHA; MARTINS, 1992, 
p.89). 
 
9 
 
3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEORIA DO CONHECIMENTO 
 
Fonte: psicoativo.com 
A Teoria do conhecimento é a área da filosofia que investiga o que é 
conhecimento, seus fundamentos e suas origens. Compreender a posição da Teoria 
do Conhecimento no contexto da Filosofia implica a prévia conceituação da própria 
Filosofia. Ao rastrear toda a evolução do pensamento filosófico, Hessen descobre dois 
elementos no conceito essencial da Filosofia – um que gira em torno do eu, outro em 
torno do universo. Essa constante não revelaria antagonismo nem alternativa, mas 
acumulação. No primeiro caso, mergulharíamos no mundo interior do eu – o 
microcosmo – refletindo sobre nós mesmos e, no segundo, estaríamos voltados para 
o macrocosmo com o objetivo de formular uma concepção racional do universo. A 
reflexão do espírito sobre si mesmo seria, portanto, o meio e o caminho para chegar 
a uma imagem global do mundo. Sintetizando essas reflexões, o autor conceitua a 
Filosofia como uma tentativa do espírito humano para chegar a uma concepção do 
universo por meio da auto-reflexão sobre as suas funções de valor teóricas e práticas. 
Hessen complementa ainda essa definição fundamentada no método indutivo 
com o processo oposto, o dedutivo. Este consiste em situar a Filosofia no conjuntodas funções superiores do espírito – científicas, artísticas e religiosas -, em assinalar 
o lugar que ela ocupa no contexto geral da cultura e conceituar a natureza dessa 
vinculação. 
 
10 
 
A Filosofia se distingue das Ciências pela maneira de se relacionar com o 
objeto. Enquanto cada ciência específica investiga as causas e leis imediatas de 
determinado grupo de fenômenos, a Filosofia reúne todos os resultados obtidos pelas 
ciências particulares para indagar das causas finais. Atenta à totalidade do ser, a 
Filosofia difere também da Arte que na interpretação da vida vê-se compelida a lançar 
mão de um processo particular. A Filosofia é ainda essencialmente diversa da 
Religião, cujas certezas emanam da Fé, enquanto as daquela se fundamentam na 
Razão. Existe, portanto, uma profunda afinidade entre Filosofia e estas três esferas 
da cultura. Todas pretendem resolver o enigma, interpretar a realidade e forjar uma 
concepção do universo. O que as distingue é a forma de se situar diante do problema. 
A constatação de que a indagação filosófica pode exercer-se através desses 
três campos – Ciência, Arte, Religião – leva Hessen a dividir a Filosofia em três 
grandes áreas subdivididas por sua vez em diversas disciplinas, cujas inter-relações 
podem ser melhor visualizadas neste esquema: 
4 SOLUÇÕES GNOSIOLÓGICAS NA HISTÓRIA 
 
Fonte: vivernatural.com.br 
Gnosiologia (ou gnoseologia) é a parte da Filosofia que estuda o conhecimento 
humano. É formada a partir do termo grego “gnosis” que significa “conhecimento” e 
“logos” que significa “doutrina, teoria”. Pode ser entendida como a teoria geral do 
 
11 
 
conhecimento, na qual se reflete sobre a concordância do pensamento entre sujeito e 
objeto. Nesse contexto, objeto é qualquer coisa exterior ao espírito, uma ideia, um 
fenômeno, um conceito, etc., mas visto de forma consciente pelo sujeito. 
O objetivo da gnosiologia é refletir sobre a origem, essência e limites do 
conhecimento, do ato cognitivo (ação de conhecer). Epistemologia é também uma 
teoria do conhecimento mas distingue-se da gnosiologia por estar associada ao 
conhecimento científico (episteme) ou seja, às pesquisas científicas e todos os 
princípios, leis e hipóteses relacionadas. 
4.1 O pensar gnosiológico 
Nessa parte do estudo, analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em 
que há mais divergências, sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do 
assunto, que é o realismo e o idealismo. 
 
Realismo 
 
Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos conceituar 
essa corrente como a orientação ou atitude espiritual que implica uma preeminência 
do objeto, dada a sua afirmação fundamental de que nós conhecemos coisas. Em 
outras palavras, é a independência ontológica da realidade, ou seja, o sujeito em 
função do objeto.O realismo é subdividido em três espécies. O realismo ingênuo, o 
tradicional e o crítico. 
O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que 
o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente 
menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude 
do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem. 
Já o realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos 
fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo 
uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica. 
Por último, podemos citar o realismo cientifico, que é a linha do realismo que 
acentua a verificação de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito-
objeto e distinguindo as camadas conhecíveis do real como a participação – não 
 
12 
 
apenas criadora – do espírito no processo gnosiológico. Para os seguidores desse 
pensamento, conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há 
conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto – que nossa 
subjetividade compreende – corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo. 
Há portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe uma 
correlação ou uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do conhecimento, 
de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligência se 
conformam a algo de exterior a nós. De acordo com o modo de compreender-se essa 
“referibilidade a algo”, bifurca-se o realismo em tradicional e o crítico, que são as duas 
linhas pertinentes à filosofia. 
 
Idealismo 
 
Surgiu na Grécia Antiga com Platão, denominado de idealismo transcendente, 
onde as ideias ou arquétipos ideais representam a realidade verdadeira, da qual 
seriam as realidades sensíveis, meras copias imperfeitas, sem validade em si 
mesmas, mas sim enquanto participam do ser essencial. O idealismo de Platão reduz 
o real ao ideal, resolvendo o ser em ideia, pois como ele já dizia, as ideias são o sol 
que ilumina e torna visíveis as coisas. 
Alguns autores entendem que a doutrina platônica poderia ser vista como uma 
forma de realismo, pois para eles, o idealismo “verdadeiro” é aquele desenvolvido a 
partir de Descartes. 
O que interessa à Teoria do Conhecimento, é o idealismo imanentista, que 
afirma que as coisas não existem por si mesmas, mas na medida e enquanto são 
representadas ou pensadas, de maneira que só se conhece aquilo que se insere no 
domínio de nosso espírito e não as coisas como tais, ou seja, há uma tendência a 
subordinar tudo à formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que é a 
compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como 
espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que 
algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico). 
Sintetizando, o idealismo é a doutrina ou corrente de pensamento que 
subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento 
mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, em 
 
13 
 
nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou “pensadas”. 
Dentro dessa concepção existem duas orientações idealistas. Uma é a do 
idealismo psicológico ou conscienciológico, onde o que se conhece não são as coisas 
e sim a imagem delas. Podemos conceituá-lo como aquele em que a realidade é 
cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, revelando-se como 
momento ou conteúdo de nossa vida interior. Também chamado de idealismo 
subjetivo, este diz que o homem não conhece as coisas, e sim a representação que a 
nossa consciência forma em razão delas. Seus representantes são Hume, Locke e 
Berkeley. 
A outra é a orientação idealista de natureza lógica, que parte da afirmação de 
que só conhecemos o que se converte em pensamento, ou é conteúdo de 
pensamento. Ou seja, o ser não é outra coisa senão ideia. 
Seu maior representante, Hegel, diz em uma de suas obras que nós só 
conhecemos aquilo que elevamos ao plano do pensamento, de maneira que só há 
realidade como realidade espiritual. 
Resumindo: na atitude psicológica, ser é ser percebido e na atitude lógica, ser 
é ser pensado. 
Possibilidade do Conhecimento nessa parte da teoria do conhecimento é 
responsável por solucionar a seguinte questão: qual a possibilidade do conhecimento? 
Para que seja possível respondê-la, muitos autores recorrem a duas 
importantes posições: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo. 
 
Dogmatismo 
 
É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de conhecer 
verdades universais quanto ao ser, à existência e à conduta, transcendendo o campo 
das puras relações fenomenais e sem limites impostos a priori à razão. 
Existem duas espécies de dogmatismo: o total e o parcial. 
O primeiro é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a 
verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou da 
Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devidoà rigorosidade de 
adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a expressão máxima 
desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificação absoluta 
 
14 
 
entre pensamento e realidade. Como o próprio autor diz “o pensamento, na medida 
em que é, é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que é, é o pensamento 
puro”. 
Já o parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na 
intenção de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas 
circunstâncias e modos quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder 
da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si. 
Alguns dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no 
plano da ação. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano 
especulativo. Daí origina-se a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético. 
O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da 
possibilidade de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante (homo 
theoreticus) e afirmavam as razões primordiais de agir, estabelecendo as bases de 
sua Ética ou de sua Moral. 
Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, 
que não duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências enquanto 
ciências, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana. 
 
Ceticismo 
 
Consiste numa atitude dubitativa ou uma provisoriedade constante, mesmo a 
respeito de opiniões emitidas no âmbito das relações empíricas. Essa atitude nunca é 
abandonada pelo ceticismo, mesmo quando são enunciados juízos sobre algo de 
maneira provisória, sujeitos a refutação à luz de sucessivos testes. 
Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posição 
de reserva e de desconfiança em relação às coisas. 
Há no ceticismo – assim como no dogmatismo – uma distinção entre absoluto 
e parcial, ressaltando que este último não será discutido nesse trabalho. 
O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. 
Prega a necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer 
conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si 
mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenômenos. Segundo essa corrente, o 
homem não pode pretender nenhum conhecimento por não haver adequação possível 
 
15 
 
entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os céticos absolutos, 
não há outra solução para o homem senão a atitude de não formular problemas, dada 
a equivalência fatal de todas as respostas. 
Um dos representantes do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna é 
Augusto Comte. 
Resumo dos principais problemas da Teoria do Conhecimento 
A questão do conhecimento: Para compreender a si mesmo e o mundo os 
homens querem entender a sua própria capacidade de entender. 
Sujeito e objeto: Os dois elementos do processo de conhecimento – Conhecer 
é representar cuidadosamente o que é exterior à mente. Para que exista 
conhecimento, sempre será necessária a relação entre dois elementos básicos: Um 
sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um objeto conhecido (a 
realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos). 
As possibilidades do conhecimento: O ceticismo prega a impossibilidade de 
conhecermos a verdade. O dogmatismo defende a possibilidade de conhecermos a 
verdade. 
Ceticismo absoluto: Tudo é ilusório e passageiro. Consiste em negar de forma 
total nossa possibilidade de conhecer a verdade. Assim, o homem nada pode afirmar, 
pois nada pode conhecer. Ao dizer que nada é verdadeiro, o ceticismo absoluto anula 
a si próprio, pois diz que nada é verdadeiro, mas acaba afirmando que pelo menos 
existe algo de verdadeiro. 
O ceticismo relativo: Nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer 
a verdade. 
Dogmatismo: É uma doutrina que defende a possibilidade de conhecermos a 
verdade. Dogmatismo ingênuo: Consiste em acreditar plenamente nas possibilidades 
do nosso conhecimento. 
Dogmatismo crítico: Acredita em nossa capacidade de conhecer a verdade 
mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e nossa inteligência. 
Empirismo: Defende que todas as nossas ideias são provenientes de nossas 
percepções sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar). 
Racionalismo crítico e materialismo dialético: A experiência e o trabalho da 
razão depositam total e exclusiva confiança na razão humana como instrumento 
capaz de conhecer a verdade. 
 
16 
 
Se há conhecimento humano, existe a verdade, porque esta nada mais é do 
que a adequação da inteligência com a coisa. Com a experiência da verdade, há 
consequentemente a existência da certeza, que é passar a inteligência à verdade 
conhecida. A inteligência humana tende a fixar-se na verdade conhecida. 
Metodologicamente, há primeiro o conhecimento, depois a verdade, e finalmente a 
certeza. Tal tomada de posição perante o primeiro problema da critica é chamado 
dogmatismo. Sendo defendida por filósofos realistas, como por exemplo: Aristóteles e 
Tomás de Aquino. 
Se, ao contrário, se sustentar que a inteligência permanece, em tudo e sempre, 
sem nada afirmar e sem nada negar, sem admitir nenhuma verdade e nenhuma 
certeza, sendo a dúvida universal e permanente o resultado normal da inteligência 
humana, está se defendendo o ceticismo. 
O problema crítico representa um passo além do dogmatismo e do ceticismo. 
Uma vez que admite-se a existência da verdade (valor do conhecimento), e da 
certeza, pergunta-se então: Onde estão as coisas: Só na inteligência? Só na matéria? 
No intelecto humano e na matéria? Ou só na razão? (como dizem os grandes filósofos 
– idealistas, racionalistas e realistas). 
Para o idealismo o ente transcendental compõe-se somente de ideias. Para o 
materialismo, somente matéria. Para o realismo, ideias e matéria. Para o racionalismo, 
é razão. A crítica é a base necessária de todo o saber cientifico e filosófico, inclusive 
da própria ontologia. 
 A primeira revolução Científica trouxe várias mudanças para o pensamento, 
dentre as quais podemos destacar a mudança da visão teocentrista (Deus é o centro 
do conhecimento), para visão antropocentrista (o homem é o centro do 
conhecimento). 
5 O EMPIRISMO INGLÊS 
Empirismo significa experiência, e ao contrário do racionalismo, destaca como 
prioridade a experiência sensível no processo do conhecimento. 
O empirismo é uma corrente filosófica oposta ao racionalismo. Os empiristas 
entendem que o conhecimento não é puro e abstrato como frequentemente defendem 
os racionalistas. Os empiristas acreditam que o conhecimento só pode ser adquirido 
 
17 
 
através dos sentidos e do acumulo de experiências que experimentamos ao longo da 
vida. 
No empirismo a experiência sensível é essencial, e o que vem depois da razão 
depende dessa experiência. O empirismo questiona o caráter da verdade, pois o 
conhecimento parte da realidade alusivo ao ser humano, tempo e espaço. 
René Descartes (1596 – 1660) é o pai da filosofia moderna. Descartes trata o 
problema do conhecimento como ponto elevado na filosofia. A teoria do conhecimento 
utiliza-se da relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, o pensamento e as 
coisas, o interno e o externo. Os dois filósofos que começaram a observação da 
capacidade humana entre a verdade e o erro são Francis Bacon, filósofo inglês, e 
como já -referido, o filósofo francês René Descartes. Porém o primeiro filósofo que 
trata inicialmente da teoria do conhecimento é John Locke, filósofo inglês. Essa teoria 
torna-se, portanto, ponto central da filosofia a partir do século XVII; também pode ser 
definida numa perspectiva de senso comum como a primeira filosofia que constituiu 
as bases da ciência moderna e contemporânea. Entretanto, a filosofia alemã, por volta 
da metade do século XVIII, começa a se ocupar de uma filosofia científica, e não mais 
metafísica,fazendo com que comece o empirismo inglês, e influenciando Immanuel 
Kant que critica a razão dentro do racionalismo, para definir os reais objetivos do 
conceito racional, pois Kant é inserido em um período ao mesmo tempo empirista e 
racionalista. 
 
18 
 
6 RACIONALISMO CARTESIANO 
 
Fonte: universoracionalista.org 
Para reconhecer algo como verdadeiro, René Descartes considera necessário 
utilizar a razão e o raciocínio para transformar esse algo em ideias claras e distintas, 
com o objetivo de entender, estudar, compreender, analisar, criticar, questionar, o 
sistema, experimentar na razão e na ciência, ou seja, estudar racionalmente e 
cientificamente. 
Descartes utiliza-se de uma intuição primária como fundamento para a 
construção da filosofia, que é a questão da dúvida que nasce em si mesmo, ou seja, 
o próprio ser que duvida, pois se duvido penso, e se penso, logo existo: "Cogito, ergo 
sum", "Penso, logo existo". 
A partir do princípio de Descartes em que tudo pode ser duvidado e tudo poder 
ser passível de dúvida, nascem vários tipos de ideias, algumas confusas, duvidosas, 
e outras distintas, claras. Contudo, essas ideias distintas, claras, são as ideias 
verdadeiras, inatas, inerentes, ou seja, não passíveis de erros pelo fato de nascerem 
da razão, como por exemplo, a ideia da perfeição de Deus. 
Para ter certeza que a razão não se engana pela realidade, Descartes toma 
como evidencia o que pode não passar de um erro de pensamento ou mesmo ilusão 
 
19 
 
dos sentidos, e com isso, a ideia de Deus como um ser completo, pois ser um ser é 
completo, deve ter a perfeição da existência, caso contrário lhe faltaria algo para que 
fosse perfeito, portanto, Deus existe. Essas conclusões são prováveis a partir da sua 
metafísica, que é buscar a identidade da matéria e espaço, pois o mundo é constituído 
pela mesma matéria em qualquer parte, sua extensão é infinita e o vácuo é algo 
impossível. 
Com a consequência do "cogito" nasce o fato, Descartes tendo uma ampla 
valorização da razão e do entendimento, partindo do cogito, descobrem-se todas as 
verdades possíveis, e esse método cartesiano mostra de que e como o mundo é feito, 
permitindo o desenvolvimento das ciências e os caminhos da dominação humana 
perante a natureza, e é com isso que as ideias claras e distintas mostram o mundo 
como algo que pode ser avaliado com exatidão. Em seguida, a ciência, ainda 
fundamentada em qualidades duvidosas, a partir do século XVII torna-se matemática, 
capaz de diminuir todo o universo à mecanismos que podem ser medidos através da 
geometria. 
Uma outra consequência que surgiu é o dualismo psicofísico, ou seja, o ser 
humano como ser duplo, composto de substância pensante e substância extensa, 
esse fato serviu de tema de discussão nos dois séculos seguintes, sendo o corpo 
objeto de estudo para a ciência, e a mente objeto de estudo para a reflexão filosófica. 
7 OS GRANDES PENSADORES DO EMPIRISMO 
O pensamento empírico tem sua origem na Antiguidade Clássica, era na 
qual havia uma separação clara entre o conhecimento para experiência e o resultado. 
Técnica e trabalho bem-sucedido guiavam esse pensamento, no que tem sido 
apontado na história como artes e artesanato. 
Além disso, existia a distinção do que era considerado um ideal 
de conhecimento teórico, compreendendo duas áreas distintas: 
 
 Ciência: era compeendida como um conhecimento necessário e 
universal; 
 Práxis: conhecimento prático direcionado para o bem e a felicidade, 
como a ética e a política. 
https://www.stoodi.com.br/materias/historia/antiguidade-classica-grecia/
 
20 
 
 
Na Grécia, essa linha de pensamento conduziu os conhecimentos científicos, 
sendo que a última expressão nesse sentido é a metafísica e as noções de ética. 
Nesse sentido, essa separação tinha um caráter social muito intenso, já que a prática 
na produção era considerada tarefa de escravos e comerciantes, enquanto o 
conhecimento filosófico e a sabedoria ficavam restritas à nobreza e aos homens livres. 
7.1 Francis Bacon (1561-1626 / Renascimento) 
 
Fonte: culthistoria.wordpress 
Francis Bacon (que no Brasil os professores e estudantes apelidam de Chico 
Toicinho) foi um filósofo renascentista que se propunha escrever um tratado filosófico 
que pudesse organizar a produção do conhecimento. 
De tradição empirista, Francis Bacon acreditava que o conhecimento proveniente da 
Grécia Antiga e da Idade Média estava ultrapassado. Seu foco maior era superara a 
filosofia aristotélica. Para isso, ele escreveu uma obra chamada “Novum organum” 
(“Novo método”), publicado em 1620. 
No seu entendimento, o homem deveria dominar a natureza. Este pensador percebia 
a natureza como uma grande máquina e se o homem entendesse como funcionavam 
 
21 
 
as engrenagens desta grande máquina, então poderia reverter para si benefícios. Por 
este motivo, afirmava Bacon: “saber é poder”. 
Francis Bacon, faz a seguinte divisão para a ciência, são elas: poesia ou ciência da 
imaginação; história ou ciência da memória; a filosofia ou ciência da razão. Bacon 
subdividiu a história em duas: natural e civil. Já na filosofia o pensador fez uma 
distinção entre: filosofia da natureza e antropologia. 
Bacon acreditava ainda que para uma produção do conhecimento correto, nós 
devêssemos evitar o que ele chamava de “Ídolos”. Os Ídolos são classificados em 
quatro: Idola Tribus (ídolos da tribo), são os próprios homens que criam explicações 
do mundo a partir deles mesmo, ou seja, de nossa própria natureza, abastração; Idola 
Specus (ídolos da caverna), corresponde a educação que pode em certo sentido 
limitar o avanço do conhecimento; Idola Fori (ídolos da vida pública do fórum ou do 
mercado), diz respeito ao mau uso da linguagem, ou seja, o emprego errôneo da 
linguagem quanto a comunicação; Idola Theatri (ídolos do Teatro ou da autoridade), 
diz respeito aos sistemas filosóficos que se transformam em autoridades (dogmas) e 
que portanto são difíceis de serem questionados. 
Na tentativa de estabelecer um critério experimental para o método indutivo, Bacon 
recomenda o uso de três “Tábuas”. São elas: tábua de presença, verificar a existência 
do objeto investigado; tábua de ausência, investigar a ausência de fenômenos e do 
próprio objeto investigado em condições diferentes; tábua de comparação, produzir 
uma análise do que foi apresentado nas demais tábuas. 
Bacon foi importante por estabelecer o primeiro esboço de uma técnica cientifica 
moderna, mesmo assim não avanço em suas pesquisas nas ciências naturais. Está 
gostando desta aula sobre o Empirismo? Veja os vídeos e os demais pensadores para 
completar o seu raciocínio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
7.2 John Locke (1632-1704 / Iluminismo) 
 
Fonte: culthistoria.wordpress 
O filósofo John Locke tem uma significativa contribuição na política. Porém, 
neste momento vamos estudar suas orientações quanto à questão do método 
indutivo. Locke acreditava que a mente humana seria como uma “folha em branco”. 
7.3 David Hume (1711-1776 / Iluminismo) 
 
Fonte: institutoliberal.org.br 
 
23 
 
David Hume é o maior expoente da teoria empirista, foi com ele que o método 
indutivo chegou ao auge. Sua proposta quanto ao método indutivo era a de afirmar 
que: os nossos sentidos apesar de nos fornecerem impressões, estas, as impressões, 
não são iguais as nossas ideias. Hume interpreta que as ideias são mais fracas que 
as impressões. A partir dos nossos sentidos nossa mente faria associações diversas 
que somadas produziriam o que chamamos de ideias. 
8 ROSCHER E KNIES E OS PROBLEMAS LÓGICOS DE ECONOMIA POLÍTICA 
HISTÓRICA (1903/6) 
 
Fonte: medium.com 
Neste texto, Weber submete a uma crítica os fundamentos lógicos da Escola 
Histórica da economia, ressaltando uma herança romântica no plano do seu método. 
Ele toma posição ante o debate metodológico sobre a classificação das ciências, ao 
qual participavam Dilthey,Windelband WUndt, Rickert, os positivistas e muitos outros. 
Weber procura mostrar que a chamada escola histórica não se constitui num núcleo 
de pesquisa histórica, mas sim num evolucionismo em que as categorias do 
romantismo estão presentes. O mérito dessa posição é permitir a emergência de 
pesquisas na área da história económica que possibilitariam conhecer as diversas 
formações econômicas XVI • micas. Essa posição já fora sustentada pelo economista 
Carl Menger no seu debate com os adeptos do historicismo, Weber critica a falácia da 
metodologia romântica que privilegia entidades metafísicas como sociedades 
 
24 
 
"orgânicas"; apela a um improvável "espírito do povo", apelo este em que está contida 
a herança romântica na sociologia. 
A importância de Weber está exatamente na demolição desta sistemática. 
Weber vê a utilização, pela Escola Histórica, de entidades metafísicas mal 
alinhavadas, em que a referência a valores impede uma pesquisa objetiva. Crítica 
Lipps e Benedetto Croce mostrando a incompatibilidade em firmar a autonomia do 
conhecimento histórico na visão grociana da existência de uma realidade psíquica 
oposta à física ou que privilegia a intuição como elemento fundante da compreensão 
Preocupado em fundamentar o caráter objetivo das ciências sociais, Weber crítica 
tanto o intuicionismo como a visão diltheana da classificação das ciências conforme 
seu objeto. Para ele, não é a distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito 
o fundamental, nem a explicação pela "compreensão" ou "causalidade". Longe disso, 
o fator distintivo é a estrutura lógica das ciências sociais pelo seu caráter 
individualizante. Fundado em Rickert, Weber privilegia não o objeto como tal, mas sim 
o fim e a elaboração conceitual, em que a compreensão se liga à verificação empírica 
vinculada a uma forma de causalidade. Através de Weber, Dilthey é reinterpretado e 
aproximado de Rickert. Para Weber, a compreensão não exclui a causalidade; ao 
contrário, acentua a prova do nexo causal individualizado. Através do processo 
interpretativo, estudam-se as relações causais entre fenómenos diversamente 
relacionados na sua especificidade. O problema central que preocupa Weber é o da 
fundamentação da objetividade das ciências sociais, daí a importância de sua 
polêmica contra o romantismo subjacente à Escola Histórica. Da crítica ao 
historicismo, ele deduz a noção da neutralidade axiológica e a necessidade da 
explicação causal da fundamentação de suas proposições. Weber dedica boa parte 
do texto da Metodologia... à obra de Knies, a quem sucederá na cátedra universitária, 
porém discutirá a contribuição de WUndt, lipps, Gottl e Simmel. 
Ele prometia dedicar uma parte do texto à análise da obra de Knies, porém isso 
jamais foi escrito. A impossibilidade de construir um sistema racional que dê conta da 
realidade deve levar-nos a aceitar as irrupções irracionalistas com suas metodologias 
intuicionistas? Knies procede a uma classificação das ciências conforme o objeto, pois 
pensa que este determina o método a ser empregado. Para ele, existem as ciências 
da história, do espírito e da natureza. Observa ele que se dá uma intervenção da 
natureza em obediência às leis e oposta à atividade humana, vista como livre, singular 
 
25 
 
e irracional. 
A influência da natureza sobre a economia deveria produzir um crescimento 
económico sujeito a leis; se isso não ocorre, é porque as leis naturais continuam sendo 
assim, não são leis econômicas, pelo fato da ação da vontade humana que introduz a 
irracionalidade. O dilema que Knies enfrenta é a oposição entre a causalidade 
mecânica operante no mundo natural e a ação "criadora", devida à ação das pessoas 
na economia. Weber mostra como pertence ao passado o preconceito positivista, 
segundo o qual os fenômenos de massa seriam mais objetivos e menos singulares do 
que a ação de um indivíduo. Porém, o que chama a sua atenção é o emprego do 
termo "criador" por Knies, que Wundt introduz nas ciências humanas com o nome de 
"síntese crítica". Weber procura mostrar que esses conceitos nada mais são do que 
processos avaliativos, nos quais o termo "criativo" pouco significa para o entendimento 
de uma ação humana. 
 Argumenta que os processos que permitiram a formação de um diamante no 
mundo natural são "sínteses criativas", como a formação de uma religião organizada 
em torno do seu profeta, porém o sentido da ação que levou ao surgimento dos dois 
fenômenos é totalmente diferente devido às referências a valores diferenciais. Há um 
processo lógico que estabelece uma síntese na esfera das mudanças qualitativas. 
·Quando isso ocorre, estamos em condições de atribuir um caráter causal a alguns 
elementos selecionados; procedemos a uma escolha. Portanto, o fator que diferencia 
as causas em importantes e desimportantes é obra do nosso conhecimento e não do 
curso "real" dos eventos. Em outros termos, uma ação causal formada por elementos 
desiguais depende das diferentes referências a valores a que estamos submetidos. 
Em si mesmos, os processos da natureza e da história não têm significação maior. É 
o homem pensando e agindo com referência a valores que constitui o elemento 
determinante da valorização de certos fenômenos e de vários tipos de causalidade 
que imputamos aos acontecimentos. 
Daí a razão pela qual Weber concebe a "síntese criativa" não como princípio 
imanente do devenir psíquico e histórico, mas como adaptação, progresso e muitos 
outros conceitos assemelhados, que se constituem numa introdução sub-reptída da 
referência a valores na análise científica. O que Weber procura demonstrar contra 
Wundt é que a finalidade da ciência é a pesquisa infinita e a luta pelo progresso do 
conhecimento. 
 
26 
 
Os resultados têm veracidade vinculados às normas lógicas de nosso 
pensamento. Daí Weber deduz uma visão de processo histórico, na medida em que o 
processo da natureza e da história são em si mesmos destituídos de significação; 
nenhuma filosofia da história pode arvorar-se a falar em nome da ciência. Ao mesmo 
tempo, ao admitir que o desenvolvimento de referências a valores é infinito na medida 
em que não há um único absoluto sistema de valores, Weber rejeita o psicologismo, 
o historicismo e o naturalismo que pretendam passar por concepções do mundo. 
Como a realidade empírica é infinita, a ciência não pode abarcar a sua totalidade da 
realidade empírica. Quando o faz, transformam-na em entidade metafísica, prejudicial 
à filosofia e à pesquisa científica. Quanto à irracionalidade, Weber critica aqueles que 
atribuem à ação humana uma irracionalidade maior do que a dos fenômenos 
meteorológicos, estes, bem menos previsíveis. O comportamento humano, para 
Weber, pode ser inteligível através da compreensão e da revivescência, 
reconstruindo-se o nexo causal a que ele obedece. É o que chama o comportamento 
com referência a fins. O comportamento livre não é em si irracional, é passível de 
interpretação, porque obedece a uma teleologia. Weber analisa criticamente a visão 
do psicólogo Mustenberg a respeito do papel da interpretação nas ciências, 
acentuando que o dentista é o juiz de seu trabalho. É ele quem avalia o nível de 
precisão dos conceitos, conforme as finalidades da pesquisa. Adverte ainda que a 
realidade é infinita, não cabendo à ciência transformar divisões meramente 
metodológicas em divisões do ser enquanto tal. A interpretação, para Weber, é um 
dos meios usuais de acesso ao conhecimento. Não nega a explicação por via indutiva 
ou pelo cálculo estatístico; são as necessidades da pesquisa que definirão a eleição 
de um método. A interpretação poderá ser um dos ângulos da relação causal, admitida 
a relação meios e fins ou a ação racional tendente a fins. Por sua vez, Simmel 
procurou desenvolver uma teoria da interpretação e compreensão, distinguindo a 
compreensão objetiva da compreensão subjetiva. A primeira procurao sentido de uma 
expressão; a segunda, os motivos de quem se exprime. 
A interpretação a partir dos A motivos, para Simmel, é incerta, na medida em 
que o motivo é ambivalente, podendo conduzir tanto ao amor como ao ódio. A 
compreensão objetiva do sentido tem mais espaço, porém é limitada na pesquisa 
científica pelo fato de o sentido definir-se no âmbito de uma unidade coerente 
logicamente. 
 
27 
 
Admirando a fineza das análises de Simmel, Weber mostra que é artificial a 
distinção entre objetividade da compreensão e subjetividade da interpretação. Assim, 
segundo ele, sentimentos e práticas correntes podem ser submetidas à análise 
compreensiva, seja o sentido de uma ordem, seja um apelo direto à consciência e ao 
sentimento de dignidade. O apelo à interpretação teórica, quando determinado o 
conteúdo, não é compreendido de imediato; tem como fim compreender objetivamente 
o sentido de uma ordem ou apelo. Crítica idêntica Weber dirige à obra de Gottl. E, 
finalmente, dirige críticas a lipps e a Benedetto Croce, embora estes autores se situem 
no âmbito da estética. Para lipps, a compreensão de uma expressão de alguém 
transcende à simples intelectualidade, comporta uma entropatia, entendida como uma 
imitação interiorizada do comportamento alheio. Para Weber, a entropatia não se 
constitui como condição de conhecimento, nada na> indica que possamos identificá-
la, pois o conhecimento, em razão de sua finalidade, opera uma seleção de aspectos 
do "vivido". O "eu", como fonte da coisificação, coloca a questão da natureza lógica 
do conceito "coisa", e isso já na> remete à sua crítica a Benedetto Croce. Para Croce, 
um conceito não é uma intuição, na medida em que por essência é geral e abstrato. 
As coisas são individuais, não passíveis de redução a conceitos, mas podem ser 
captadas pela intuição. 
Não existe conceito do singular. A história, vista como conhecimento do 
singular e, portanto, do fenômeno artístico, é uma sucessão de intuição. Weber 
argumenta que o conhecimento só é válido definidamente, caso possa ser controlado, 
verificado. A ciência exige a prova e a demonstração, do contrário, teríamos uma 
ciência sem problematizações ou pesquisa. A intuição tem um papel de exploração 
inicial, mas é a conceitualização a condição da clareza e validade das proposições. 
Weber define a história como ciência do real, não pelo fato de fotografá-lo, nem pelo 
fato de utilizar fórmulas matemáticas, mas sim pelo fato de trabalhar com conceitos 
definida> para compreensão da determinação da> acometimentos e de suas relações 
intrínsecas. Para ele, o "vivido" e a "experiência" não se negam; pelo contrário, a 
compreensão pressupõe a experiência, a evidência da primeira assertiva tem como 
base a segunda. O que muda é a qualidade da evidência. 
Weber alerta para se evitar a confusão entre evidência e validade, pois o que é 
percebido intuitivamente como evidente pode não ter validade para a ciência. A 
validade de uma proposição depende da lógica da verdade, enquanto uma relação 
 
28 
 
pode não parecer evidente ou hipotética, ou ainda na forma de tipo ideal. O passado 
continua vivo graças à relação com os valores e à confrontação do historiador com o 
passado, o que permite que ele seja reescrito. A história se integra a novas 
interpretações do historiador, por isso, para Weber, ela é fecundada pela filosofia da 
história devido à referência a valores com que trabalha o historiador. A seleção dos 
fatos históricos dá-se conforme aos valores do pesquisador e é expressa em 
julgamentos articulados que permitem ao leitor controlar sua fundamentação. Assim, 
é possível, através da ação racional com vista a fins, procurar a inteligibilidade do 
comportamento humano. A ação racional pressupõe a racionalização daquela fatia da 
realidade que indica que expectativas devemos ter de um determinado 
comportamento. Deste modo, a racionalização teleológica pode construir formas de 
mentalização com grande valor heurístico na análise da causalidade histórica. Elas 
são ideais típicas, na medida em que permitem medir a distância entre a realidade e 
a racionalidade teleológica. Para Weber, as ciências humanas utilizam a categoria da 
causalidade plenamente. Procuram, através da abstração, descobrir nas relações 
causais regras de causalidade, como explicar as relações causais concretas por meio 
de regras. Na área da História, Weber situa a explicação causal que se vincula à 
interpretação compreensiva. 
Neste texto, Weber submete a uma crítica os fundamentos lógicos da Escola 
Histórica da economia, ressaltando uma herança romântica no plano do seu método. 
Ele toma posição ante o debate metodológico sobre a classificação das ciências, ao 
qual participavam Dilthey, Windelband WUndt, Rickert, os positivistas e muitos outros. 
Weber procura mostrar que a chamada escola histórica não se constitui num núcleo 
de pesquisa histórica, mas sim num evolucionismo em que as categorias do 
romantismo estão presentes. O mérito dessa posição é permitir a emergência de 
pesquisas na área da história económica que possibilitariam conhecer as diversas 
formações econômicas XVI . Essa posição já fora sustentada pelo economista Carl 
Menger no seu debate com os adeptos do historicisrno, Weber critica a falácia da 
metodologia romântica que privilegia entidades metafísicas como sociedades 
"orgânicas"; apela a um improvável "espírito do povo", apelo este em que está contida 
a herança romântica na sociologia. 
A importância de Weber está exatamente na demolição desta sistemática. 
Weber vê a utilização, pela Escola Histórica, de entidades metafísicas mal 
 
29 
 
alinhavadas, em que a referência a valores impede uma pesquisa objetiva. Crítica 
Lipps e Benedetto Croce mostrando a incompatibilidade em firmar a autonomia do 
conhecimento histórico na visão crociana da existência de uma realidade psíquica 
oposta à física ou que privilegia a intuição como elemento fundante da compreensão 
Preocupado em fundamentar o caráter objetivo das ciências sociais, Weber crítica 
tanto o intuicionismo como a visão diltheana da classificação das ciências conforme 
seu objeto. Para ele, não é a distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito 
o fundamental, nem a explicação pela "compreensão" ou "causalidade". Longe disso, 
o fator distintivo é a estrutura lógica das ciências sociais pelo seu caráter 
individualizante. Fundado em Rickert, Weber privilegia não o objeto como tal, mas sim 
o fim e a elaboração conceitual, em que a compreensão se liga à verificação empírica 
vinculada a uma forma de causalidade. Através de Weber, Dilthey é reinterpretado e 
aproximado de Rickert. Para Weber, a compreensão não exclui a causalidade; ao 
contrário, acentua a prova do nexo causal individualizado. Através do processo 
interpretativo, estudam-se as relações causais entre fenómenos diversamente 
relacionados na sua especificidade. O problema central que preocupa Weber é o da 
fundamentação da objetividade das ciências sociais, daí a importância de sua 
polêmica contra o romantismo subjacente à Escola Histórica. Da crítica ao 
historicismo, ele deduz a noção da neutralidade axiológica e a necessidade da 
explicação causal da fundamentação de suas proposições. Weber dedica boa parte 
do texto da Metodologia... à obra de Knies, a quem sucederá na cátedra universitária, 
porém discutirá a contribuição de WUndt, lipps, Gottl e Simmel. 
Ele prometia dedicar uma parte do texto à análise da obra de Knies, porém isso 
jamais foi escrito. A impossibilidade de construir um sistema racional que dê conta da 
realidade deve levar-nos a aceitar as irrupções irracionalistas com suas metodologias 
intuicionistas? Knies procede a uma classificação das ciências conforme o objeto, pois 
pensa que este determina o método a ser empregado. Para ele, existem as ciências 
da história, do espírito e da natureza. Observa ele que se dá uma intervençãoda 
natureza em obediência às leis e oposta à atividade humana, vista como livre, singular 
e irracional. 
A influência da natureza sobre a economia deveria produzir um crescimento 
económico sujeito a leis; se isso não ocorre, é porque as leis naturais continuam sendo 
assim, não são leis econômicas, pelo fato da ação da vontade humana que introduz a 
 
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irracionalidade. O dilema que Knies enfrenta é a oposição entre a causalidade 
mecânica operante no mundo natural e a ação "criadora", devida à ação das pessoas 
na economia. Weber mostra como pertence ao passado o preconceito positivista, 
segundo o qual os fenômenos de massa seriam mais objetivos e menos singulares do 
que a ação de um indivíduo. Porém, o que chama a sua atenção é o emprego do 
termo "criador" por Knies, que Wundt introduz nas ciências humanas com o nome de 
"síntese crítica". Weber procura mostrar que esses conceitos nada mais são do que 
processos avaliativos, nos quais o termo "criativo" pouco significa para o entendimento 
de uma ação humana. Argumenta que os processos que permitiram a formação de 
um diamante no mundo natural são "sínteses criativas", como a formação de uma 
religião organizada em torno do seu profeta, porém o sentido da ação que levou ao 
surgimento dos dois fenômenos é totalmente diferente devido às referências a valores 
diferenciais. Há um processo lógico que estabelece uma síntese na esfera das 
mudanças qualitativas. Quando isso ocorre, estamos em condições de atribuir um 
caráter causal a alguns elementos selecionados; procedemos a uma escolha. 
Portanto, o fator que diferencia as causas em importantes e desimportantes é obra do 
nosso conhecimento e não do curso "real" dos eventos. Em outros termos, uma ação 
causal formada por elementos desiguais depende das diferentes referências a valores 
a que estamos submetidos. Em si mesmos, os processos da natureza e da história 
não têm significação maior. É o homem pensando e agindo com referência a valores 
que constitui o elemento determinante da valorização de certos fenômenos e de vários 
tipos de causalidade que imputamos aos acontecimentos. 
Daí a razão pela qual Weber concebe a "síntese criativa" não como princípio 
imanente do devenir psíquico e histórico, mas como adaptação, progresso e muitos 
outros conceitos assemelhados, que se constituem numa introdução sub-reptída da 
referência a valores na análise científica. O que Weber procura demonstrar contra 
Wundt é que a finalidade da ciência é a pesquisa infinita e a luta pelo progresso do 
conhecimento. 
Os resultados têm veracidade vinculados às normas lógicas de nosso 
pensamento. Daí Weber deduz uma visão de processo histórico, na medida em que o 
processo da natureza e da história são em si mesmos destituídos de significação; 
nenhuma filosofia da história pode arvorar-se a falar em nome da ciência. Ao mesmo 
tempo, ao admitir que o desenvolvimento de referências a valores é infinito na medida 
 
31 
 
em que não há um único absoluto sistema de valores, Weber rejeita o psicologismo, 
o historicismo e o naturalismo que pretendam passar por concepções do mundo. 
Como a realidade empírica é infinita, a ciência não pode abarcar a sua totalidade da 
realidade empírica. Quando o faz, transformam-na em entidade metafísica, prejudicial 
à filosofia e à pesquisa científica. Quanto à irracionalidade, Weber critica aqueles que 
atribuem à ação humana uma irracionalidade maior do que a dos fenômenos 
meteorológicos, estes, bem menos previsíveis. O comportamento humano, para 
Weber, pode ser inteligível através da compreensão e da revivescência, 
reconstruindo-se o nexo causal a que ele obedece. É o que chama o comportamento 
com referência a fins. O comportamento livre não é em si irracional, é passível de 
interpretação, porque obedece a uma teleologia. Weber analisa criticamente a visão 
do psicólogo Mustenberg a respeito do papel da interpretação nas ciências, 
acentuando que o dentista é o juiz de seu trabalho. É ele quem avalia o nível de 
precisão dos conceitos, conforme as finalidades da pesquisa. Adverte ainda que a 
realidade é infinita, não cabendo à ciência transformar divisões meramente 
metodológicas em divisões do ser enquanto tal. A interpretação, para Weber, é um 
dos meios usuais de acesso ao conhecimento. Não nega a explicação por via indutiva 
ou pelo cálculo estatístico; são as necessidades da pesquisa que definirão a eleição 
de um método. A interpretação poderá ser um dos ângulos da relação causal, admitida 
a relação meios e fins ou a ação racional tendente a fins. Por sua vez, Simmel 
procurou desenvolver uma teoria da interpretação e compreensão, distinguindo a 
compreensão objetiva da compreensão subjetiva. A primeira procura o sentido de uma 
expressão; a segunda, os motivos de quem se exprime. 
A interpretação a partir dos A motivos, para Simmel, é incerta, na medida em 
que o motivo é ambivalente, podendo conduzir tanto ao amor como ao ódio. A 
compreensão objetiva do sentido tem mais espaço, porém é limitada na pesquisa 
científica pelo fato de o sentido definir-se no âmbito de uma unidade coerente 
logicamente. 
Admirando a fineza das análises de Simmel, Weber mostra que é artificial a 
distinção entre objetividade da compreensão e subjetividade da interpretação. Assim, 
segundo ele, sentimentos e práticas correntes podem ser submetidas à análise 
compreensiva, seja o sentido de uma ordem, seja um apelo direto à consciência e ao 
sentimento de dignidade. O apelo à interpretação teórica, quando determinado o 
 
32 
 
conteúdo, não é compreendido de imediato; tem como fim compreender objetivamente 
o sentido de uma ordem ou apelo. Crítica idêntica Weber dirige à obra de Gottl. E, 
finalmente, dirige críticas a lipps e a Benedetto Croce, embora estes autores se situem 
no âmbito da estética. Para lipps, a compreensão de uma expressão de alguém 
transcende à simples intelectualidade, comporta uma entropatia, entendida como uma 
imitação interiorizada do comportamento alheio. Para Weber, a entropatia não se 
constitui como condição de conhecimento, nada na> indica que possamos identificá-
la, pois o conhecimento, em razão de sua finalidade, opera uma seleção de aspectos 
do "vivido". O "eu", como fonte da coisificação, coloca a questão da natureza lógica 
do conceito "coisa", e isso já na> remete à sua crítica a Benedetto Croce. Para Croce, 
um conceito não é uma intuição, na medida em que por essênda é geral e abstrato. 
As coisas são individuais, não passíveis de redução a conceitos, mas podem ser 
captadas pela intuição. Não existe conceito do singular. A história, vista como 
conhecimento do singular e, portanto, do fenômeno artístico, é uma sucessão de 
intuição. Weber argumenta que o conhecimento só é válido dentificamente, caso 
possa ser controlado, verificado. A ciência exige a prova e a demonstração, do 
contrário, teríamos uma ciência sem problematizações ou pesquisa. A intuição tem 
um papel de exploração inicial, mas é a conceitualização a condição da clareza e 
validade das proposições. Weber define a história como ciência do real, não pelo fato 
de fotografá-lo, nem pelo fato de utilizar fórmulas matemáticas, mas sim pelo fato de 
trabalhar com conceitos definida> para compreensão da determinação da> 
acometimentos e de suas relações intrínsecas. Para ele, o "vivido" e a "experiência" 
não se negam; pelo contrário, a compreensão pressupõe a experiência, a evidência 
da primeira assertiva tem como base a segunda. O que muda é a qualidade da 
evidência. 
Weber alerta para se evitar a confusão entre evidência e validade, pois o que é 
percebido intuitivamente como evidente pode não ter validade para a ciênda. A 
validade de uma proposição depende da lógica da verdade, enquanto uma relação 
pode não parecer evidente ou hipotética, ou ainda na forma de tipo ideal. O passado 
continua vivo graças à relação com os valores e à confrontação do historiadorcom o 
passado, o que permite que ele seja reescrito. A história se integra a novas 
interpretações do historiador, por isso, para Weber, ela é fecundada pela filosofia da 
história devido à referênda a valores com que trabalha o historiador. A seleção dos 
 
33 
 
fatos históricos dá-se conforme aos valores do pesquisador e é expressa em 
julgamentos articulados que permitem ao leitor controlar sua fundamentação. Assim, 
é possível, através da ação radonal com vista a fins, procurar a inteligibilidade do 
comportamento humano. A ação radonal pressupõe a racionalização daquela fatia da 
realidade que indica que expectativas devemos ter de um determinado 
comportamento. Deste modo, a radicalização teleológica pode construir formas de 
mentalização com grande valor heutístico na análise da causalidade histórica. Elas 
são ideais típicas, na medida em que permitem medir a distância entre a realidade e 
a radonalidade teleológica. Para Weber, as dêndas humanas utilizam a categoria da 
causalidade plenamente. Procuram, através da abstração, descobrir nas relações 
causais regras de causalidade, como explicar as relações causais concretas por meio 
de regras. Na área da História, Weber situa a explicação causal que se vincula à 
interpretação compreensiva. 
9 A PROPOSTA DO ILUMINISMO 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
No século XVIII, um grupo de pensadores começou a se mobilizar em torno da 
defesa de ideias que regulavam a renovação de práticas e instituições vigentes em 
toda Europa. Levantando questões filosóficas que pensavam a condição e a felicidade 
 
34 
 
do homem, o movimento iluminista incidiu sistematicamente tudo aquilo que era 
considerado contrário à busca da felicidade, da justiça e da igualdade. 
Desse modo, os iluministas preocuparam-se em apontar a injustiça, a 
dominação religiosa, o estado absolutista e os privilégios enquanto vícios de uma 
sociedade que, cada vez mais, separava os homens do seu “direito natural” à 
felicidade. Conforme a visão desses pensadores, sociedades que não se organizam 
em torno do progresso das condições de seus indivíduos idealizam uma realidade 
incapaz de justificar, por argumentos lógicos, sua própria existência. 
 Por isso, o pensamento iluminista nomeia a “razão” como o grande 
instrumento de reflexão capaz de melhorar e empreender instituições mais justas e 
funcionais. No entanto, se o homem não tem sua liberdade garantida, a razão acaba 
sendo tolhida por limitações como o da crença religiosa ou pela imposição de 
governos que oprimem o indivíduo. A racionalização dos hábitos era uma das grandes 
ideias protegidas pelo iluminismo. 
 Quando falamos de iluminismo, não podemos deixar de lado, os filósofos que 
apoiavam o movimento iluminista, dentre muitos se sobressaía; Voltaire, Kant e Hegel. 
As instituições religiosas eram sistematicamente atacadas por esses pensadores. A 
intervenção da Igreja nos assuntos econômicos e políticos era um tipo de costume 
nocivo ao desenvolvimento e ao progresso da sociedade. Até mesmo o pensamento 
dogmático religioso era alocado como uma barreira entre Deus e o homem. O 
pensamento iluminista acreditava que a natureza divina estava presente no próprio 
indivíduo e, por isso, a razão e o experimento eram meios seguros de compreensão 
da essência divina. 
 Movidos pelas leis fixadas nas ciências naturais, os iluministas também 
acobertavam a existência de verdades absolutas. O homem, em seu estado originário, 
possuía um conjunto de valores que fazia dele naturalmente afeito à bondade e 
igualdade. Seriam as falhas cometidas no desenvolvimento das sociedades que teria 
afastado o indivíduo destas suas características originais. Por isso, instituições 
políticas preocupadas com a liberdade deveriam dar lugar às injustiças promovidas 
pelo Estado Absolutista. 
Por essas noções instalava-se uma noção otimista do mundo que não teria como deter 
seu progresso no momento em que o homem contava com o pleno uso de sua 
racionalidade. Os direitos naturais, o respeito à diversidade de ideias e a justiça 
 
35 
 
precisariam trazer a melhoria da condição humana. Oferecendo essas ideias, o 
iluminismo motivou as revoluções burguesas que trouxeram o fim do Antigo Regime 
e a instalação de doutrinas de caráter liberal. 
Voltaire se sobressaiu pelas críticas feitas ao clero católico. Kant se sobressaiu 
porque em muitas vezes tomava a liderança com respeito a sua posição iluminista, no 
seu livro, “resposta a pergunta o que é iluminista?” ele deixa claro o que o, “lluminismo 
é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é Culpado”( KANT,1784,Pg 
01), aqui ele queria mostrar sua proposta iluminadora, era de que os cidadãos 
Europeus, tivesse coragem de agir por seu próprio entendimento, e não no 
entendimento que derivava da igreja e de outras coisas que o iluminismo era 
contra. Ele queria que as pessoas agissem por si e não pelos outros, para ele esta 
era a proposta mais importante da corrente filosófica da qual ele compartilhava. Hegel 
se sobressaiu na sua concordância principalmente na ideia de liberdade do 
iluminismo, pois era um conceito absoluto em Hegel. O seu pensamento sobre a 
liberdade não era comum, esse pensamento transpassava o pensamento do senso 
comum, ele dizia que “é arriscando a nossa vida que conservamos a liberdade”. 
“Definir a liberdade da imprensa como a liberdade de falar e escrever o que quer é 
paralelo a liberdade de fazer o que se quer” (HEGEL.2000,p.291), para Hegel os 
limites podem colaborar para que haja uma liberdade mais plena, este era a sua 
concepção a respeito da liberdade, que se enquadrava no pensamento sobre 
liberdade do iluminismo. 
10 QUESTÕES COMTEMPORÂNEAS 
Descartes, em sua época, e não se pode esquecer que era uma época de 
crença no poder da razão, estava preocupado em construir um método assentado na 
Matemática, que garantisse um conhecimento verdadeiro. Hume, por seu lado, estava 
preocupado em frear a confiança na razão como fonte única de conhecimento, 
questionando a relevância do método dedutivo e do conhecimento puramente 
abstrato, questionando, também, a possibilidade do conhecimento das coisas em si e 
apontando as falhas da aplicação do método indutivo. 
É preciso lembrar, porém, de uma outra corrente de pensamento, que buscou 
sintetizar o empirismo e o racionalismo e estabelecer a Ciência como um 
 
36 
 
conhecimento positivo sobre a natureza e definitivo quanto a sua validade. Esta 
corrente é o Positivismo. 
É inegável que a partir do século XIX o conhecimento científico tenha se 
consolidado e determinado significativamente a caminhada da humanidade. As 
possibilidades que a Ciência oferece para a explicação dos fenômenos da natureza, 
de interferência na ordem dos acontecimentos naturais e de modificação das maneiras 
de viver não têm precedentes. No entanto, desenvolveu-se juntamente com as 
descobertas científicas e as invenções tecnológicas a complexidade das questões do 
conhecimento. A confiança que a modernidade depositou no conhecimento científico 
não permaneceu igual para os cientistas e filósofos contemporâneos. Os avanços 
científicos e o impacto destes na vida humana originaram uma série de indagações 
quanto aos procedimentos e a veracidade do conhecimento científico. Muitos filósofos 
contemporâneos dedicam-se exclusivamente ao estudo do conhecimento científico, 
em outros casos, cientistas, refletindo sobre seu próprio trabalho, tornam-se teóricos 
do conhecimento. 
 
10.1 Thomas Kuhn e o paradigma 
 
Fonte: 1000wordphilosophy 
 
37 
 
Um dos mais importantes filósofos da Ciência é o contemporâneo Thomas 
Kuhn (1922- 1996). Na realidade, ele é um físico de formação, ou seja, um cientista. 
Porém, por uma contingência de seu trabalho na Universidade, especificamente numa 
situação em que teve que preparar um curso de ciências para não cientistas, Kuhn 
precisou revero conhecimento científico em uma perspectiva história e aproximou-se 
irremediavelmente da Filosofia. Foi por este caminho que alcançou notoriedade. As 
ideias mais divulgadas de Kuhn acerca da Ciência são a noção de ciência normal, 
ciência revolucionária ou revolução científica e paradigma. Segundo Kuhn, o 
desenvolvimento do conhecimento científico ocorre pela alternância da ciência normal 
e da ciência revolucionária. É a ideia de que a Ciência não progride gradualmente de 
forma linear - como se afirmava e defendia no Positivismo -, mas através de saltos 
qualitativos provocados pelas mudanças de paradigma. 
Segundo o autor, o paradigma é um conjunto de princípios, postulados e 
metodologias que regem todas as pesquisas de uma determinada disciplina científica. 
Um paradigma científico é partilhado pela comunidade científica e representa uma 
matriz a partir da qual cada cientista, em sua especialidade, desenvolve suas 
pesquisas. É importante salientar que uma comunidade científica é um grupo de 
cientistas de uma determinada área, entre os quais há o controle do conhecimento 
produzido e das informações veiculadas no grupo, que partilham da mesma formação 
teórica, dos mesmos juízos profissionais e dos mesmos paradigmas. Observe que o 
paradigma acaba direcionando as pesquisas e apontando sua perspectiva de 
desenvolvimento e seus limites. Um paradigma também pode surgir de um conjunto 
de realizações científicas concretas, incorporado pela tradição científica e tornado 
modelo para outras pesquisas. O período em que um paradigma é unanimemente 
aceito pela comunidade científica é denominado, por Kuhn, de ciência normal. Nesse 
período, os cientistas não estão preocupados em comprovar o paradigma ou em 
estudar aspectos que fogem a ele. É um período de aprofundamento no objeto da 
pesquisa e que permite a consolidação de resultados e a acumulação de 
conhecimentos, não é um período de alteração das “regras do jogo”. Mesmo que no 
entendimento de um cientista ou de outro pairem desconfianças sobre o paradigma 
que rege suas pesquisas, raramente um deles suscitará um ponto de desacordo entre 
eles. Se não houvesse períodos de estabilidade quanto aos paradigmas, não seria 
possível estudar profundamente nenhum aspecto da realidade. No entanto, pode ser 
 
38 
 
que no desenvolvimento da ciência normal comecem a aparecer incongruências. 
Como afirma Kuhn (2006), para o cientista normal pode ocorrer um problema que 
investiga não só não tem solução, em função do âmbito das regras em vigor, como o 
mesmo não pode, por isto ser qualificado de inepto ou despreparado. Se essa situação 
se estender ao âmbito de outras pesquisas, sem que os cientistas consigam encontrar 
soluções para os impasses, começa a nascer a suspeita de que o paradigma deve ser 
substituído, começa um período de crise. Muitas vezes, as incongruências 
encontradas nas pesquisas dão origem a descobertas que promovem o avanço 
científico, porém, sem que os paradigmas instituídos sejam alterados. Os avanços que 
ocorrem pela mudança de paradigma são de outra natureza. Observe a citação que 
segue. 
Em condições de mudança de paradigma ocorre o que Kuhn chama de ciência 
revolucionária. Todos os cientistas que trabalham sob a luz de um mesmo princípio 
paradigmático que está sendo substituído param suas pesquisas e aguardam ou 
verificam em sua prática os indícios que invalidem o paradigma em questão. 
É necessário um grande esforço para alterar um paradigma, visto que, apesar 
dele resolver incongruências aparentemente insolúveis no interior das pesquisas, 
também exige a revisão dos conhecimentos aceitos como válidos e que foram 
produzidos sob a proteção do paradigma que está sendo substituído. Além disso, o 
novo paradigma sempre afronta, de alguma maneira, a tradição e a autoridade de 
cientistas consagrados dentro da comunidade científica e defensores do velho 
paradigma. Finalizando, segundo Kuhn, cada disciplina científica, em períodos de 
“normalidade”, resolve seus próprios problemas dentro de uma estrutura fechada, pré-
estabelecida por pressupostos metodológicos, convenções linguísticas e 
experimentos exemplares acolhidos e validados pela comunidade científica, até que 
os cientistas se deparam com a impossibilidade de resolver um número sempre maior 
de problemas na base do paradigma vigente. O acúmulo e disseminação de 
problemas não resolvidos criam, por sua vez, uma situação de crise de onde deve 
nascer um novo paradigma. 
 
39 
 
10.2 Paul Karl Feyerabend e o anarquismo epistemológico 
 
Fonte: studylibpt.com 
 
Um dos filósofos contemporâneos mais críticos em relação à objetividade 
científica e à veracidade do conhecimento produzido pelo método científico é Paul 
Karl Feyerabend (1924-1994). Ele é considerado um crítico radical do positivismo 
científico, entre outros motivos, pelo seu anarquismo epistemológico, por recomendar 
ao cientista um posicionamento anárquico em relação à rigidez das regras, dos 
postulados, dos paradigmas e da tradição científica. Feyerabend acredita que em 
várias situações da história da Ciência, em que foram feitas grandes descobertas e 
invenções, as regras científicas não foram respeitadas e somente por isto os cientistas 
obtiveram êxito. Ele afirma, também, que o cientista não deve ficar preso entre os 
limites do método científico, mas deve utilizar artifícios de qualquer natureza para 
desenvolver sua pesquisa e alcançar seu propósito. Segundo ele “todas as ideias 
valem”. Também não há regras, ou melhor, a única regra que o cientista deve seguir, 
segundo este autor, é que não há regras, pelo menos não no sentido universal e 
positivista de método científico. Um dos livros mais conhecidos de Feyerabend é 
Contra o método. Nele, o filósofo expõe suas razões para criticar a submissão do 
cientista aos preceitos científicos que são prévios, não acompanham a dinâmica 
 
40 
 
social, direcionam e restringem a atividade científica, de certa forma, desumanizam-
na. 
11 A “VERDADE” EM CIÊNCIA: OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE 
 
Fonte: andersonhander.wordpress.com.br 
 
Ao contrário do uso pouco rigoroso que o homem comum faz da palavra ciência 
em seu cotidiano, no meio acadêmico, esta palavra é tomada no seu sentido estrito: 
trata-se de uma forma de conhecimento sistemático dos fenômenos naturais, sociais, 
biológicos, matemáticos, físicos e químicos, pelos quais se pode chegar a um conjunto 
de conclusões lógicas, demonstráveis por meio de pesquisas. 
(...) a ciência busca um ideal de comunicação universal: a linguagem 
científica comunica informação a quem quer que possa entende-la, mercê de 
um treinamento anterior (...) a comunicação dos resultados e das técnicas da 
ciência serve não apenas para divulgar, mas também para multiplicar as 
possibilidades da confirmação ou refutação do conhecimento que está sendo 
comunicado por parte da comunidade científica (...)” (MOREIRA, 2004, p. 10) 
Por mais que a mensagem, ou a ciência seja "objetiva", não devemos esquecer 
que, no momento exato em que a pessoa - o sujeito - toma consciência de sua 
existência, esta se torna também, "subjetiva". Cada ser possui sua própria visão de 
realidade, seu modo de guardar informações, baseado em sua experiência de vida. 
 
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Ou seja, todos os esforços buscando a objetividade e caráter universal do 
conhecimento tornam-se nulos no momento em que atingem seu objetivo, a 
divulgação. Isso ocorre, pois, milhares de pessoas com milhares de experiências de 
vida diferentes irão criar interpretações pessoais das mais variadas categorias. Assim, 
as verdades científicas são provisórias, pois são datadas, ou seja, com as 
transformações sociais, políticas, econômicas e culturais nos diferentes contextos 
históricos, as ciências se transformam e, consequentemente, as verdades também 
sofrem alterações. 
11.1 Critérios de cientificidade 
Um dos requisitos primordiais para um assunto ou fato

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