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unidade 2 Geologia

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GEOLOGIA 
Raquel Silva Wetzel
A geologia e a 
engenharia civil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir geologia e suas áreas de atuação.
  Reconhecer a importância do estudo de geologia na engenharia civil.
  Descrever a aplicação de conceitos geológicos na construção civil.
Introdução
Neste capítulo, você verá o que a ciência da geologia estuda e o que ela 
representa na sociedade, entendendo de que modo alguns conceitos 
importantes sobre geologia se relacionam com a engenharia civil. Serão 
apresentadas as etapas iniciais de análise geológica para fins de construção 
civil e abordados alguns problemas comuns em obras em terra.
O que é geologia?
A Geologia é uma ciência bastante variada que estuda a Terra em sua origem, 
estrutura, composição, evolução e mecanismos de funcionamento. Estuda 
também o surgimento da vida através de fósseis, que são restos ou vestígios 
de animais e plantas preservados nas rochas ao longo de até bilhões de anos. 
O profi ssional geólogo procura entender e identifi car todos os processos que 
mudaram a Terra desde a sua formação. 
O estudo da geologia possibilita a compreensão de que o planeta Terra 
funciona como um sistema que está amplamente conectado e que é dinâmico 
(que está em constante transformação), favorecendo também a conscientização 
para preservação de diferentes habitats que sustentam a vida. A observação 
dos processos naturais atuais permite que os processos antigos que fizeram 
parte da transformação da Terra sejam inferidos através de comparação a partir 
do registro geológico. O registro geológico é a informação que está contida e 
preservada nas rochas, que tiveram sua origem em diferentes períodos da Terra.
A geologia traz a percepção do tempo de modo diferente a que estamos 
acostumados. O tempo geológico (Figura 1) se inicia no surgimento do planeta 
Terra, que data de 4,6 bilhões de anos, e possui éons, eras, períodos e épocas, 
que são marcados por eventos importantes. Sendo assim, uma rocha facilmente 
tem milhões, até bilhões de anos. Ela já viu diferentes ciclos de Terra, como 
glaciações, e ainda verá alguns ao longo de sua vida. 
Figura 1. Escala de tempo geológico.
Fonte: Oliveira ([201–?], documento on-line).
James Hutton, naturalista e médico escocês, publicou em 1788 a Teoria da 
origem da Terra, obra em que trouxe o conceito de que era preciso compreender 
o passado para entender o presente. Em suas observações percebeu que os 
processos geológicos ocorriam em períodos muito longos e que as rochas não 
registravam esse tempo, por exemplo: uma camada de rocha de um metro pode 
A geologia e a engenharia civil2
corresponder a sedimentos provenientes de um evento de deposição única e 
rápida no tempo, como um aterramento, ou de uma deposição lenta que demorou 
milhões de anos para se formar. Hutton trouxe a geologia moderna a partir da 
relação das descrições das rochas ao estudo do tempo, dando características 
de ciência a essas descrições.
O principal foco de estudo da Geologia são as rochas, pois são elas que 
nos ajudam a entender e construir a história da Terra, indicando-nos sua idade 
e em quais condições naturais elas se formaram. Para que você entenda um 
pouco sobre a conceituação das rochas, a seguir são citadas algumas delas. 
Segundo o glossário do Serviço Geológico do Paraná (MINEROPAR), por 
definição, rocha é um: 
[…] agregado natural formado de um ou mais minerais, que constitui parte 
essencial da crosta terrestre e é claramente individualizado. […] De acordo 
com sua origem, distinguem-se rochas magmáticas ou ígneas, rochas sedi-
mentares e rochas metamórficas. As diversas unidades são definidas pelos 
seus atributos de: origem, composição mineralógica e textura. Minerais, 
por sua vez, são definidos como elemento ou composto químico formado, 
em geral, por processos inorgânicos, o qual tem uma composição quími-
ca definida e ocorre naturalmente na crosta terrestre (ROCHA..., [201–], 
documento on-line).
A formação das rochas magmáticas ou ígneas ocorre devido à solidifi-
cação do magma (material viscoso de altíssimas temperaturas que existe 
na subsuperfície da terra) por diferentes tipos de vulcanismo. São exemplos 
de rochas ígneas o granito e o basalto. As rochas sedimentares se formam 
pela consolidação de sedimentos provenientes da decomposição de rochas 
preexistentes. Arenito e calcário são exemplos dessa classe de rochas. Por 
fim, as rochas metamórficas são formadas pela mudança da estrutura e da 
forma de qualquer rocha preexistente. O mármore e o gnaisse são exemplos 
de rochas metamórficas.
O movimento das placas tectônicas, conhecido como deriva continen-
tal, faz com que os continentes e os oceanos sejam diferentes e variem de 
posicionamento ao longo do tempo geológico. Já foram diversas as formas 
dos continentes e muitos deles se formaram “há pouco” na escala de tempo 
geológico. Há 200 milhões de anos existia um único supercontinente: o Pangeia, 
cuja fragmentação, há 130 milhões de anos, resultou em Laurásia (América 
do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália 
e Antártida). Há 65 milhões de anos, houve a separação entre a América do 
Norte e Eurásia e entre América do Sul, África, Oceania e Índia. 
3A geologia e a engenharia civil
Na abertura do oceano Atlântico (afastamento entre Brasil e África), que tem seu início 
há 150 milhões de anos, uma das maiores manifestações de basaltos continentais foi 
gerada. Através desse evento, que ocasionou uma série de rachaduras e falhamentos 
associados a vulcanismo, desencadeou-se um intenso derrame de lava em direção à 
superfície continental. Segundo Machado et al. (2005), os basaltos representam 800.000 
km3 de lavas que recobriram cerca de 75% de toda superfície da Bacia do Paraná, 
representados pela Formação Serra Geral, que abrange toda a região centro-sul do 
Brasil e estende-se até as fronteiras do Paraguai, do Uruguai e da Argentina.
A história da Terra é contada a partir de diversos estudos, de diferentes 
subáreas da Geologia, como: 
  mineralogia (estudo dos minerais);
  petrografia (caracterização e descrição das rochas);
  sedimentologia (estudo dos sedimentos presentes nas rochas 
sedimentares);
  petrologia (estudo da origem, ocorrência e estrutura das rochas);
  estratigrafia (estudo dos estratos de rochas sedimentares);
  paleontologia (estudo dos fósseis);
  geologia estrutural (estudo das deformações e descontinuidades físicas 
das rochas que ocorrem na forma de falhas, fraturas e dobras);
  geomorfologia (estudo das formas da superfície da Terra, as formas 
do relevo);
  geoprocessamento (estudo da utilização de tecnologias de sensoriamento 
remoto para fins geológicos como, por exemplo, imagens de satélite);
  geoquímica (estudos dos elementos químicos presentes em rochas);
  geofísica (estudos de métodos físicos para identificação de rochas em 
subsuperfície e análise de sismos como terremotos);
  geologia econômica (estudo dos recursos minerais);
  geologia de engenharia (estudo da aplicação da geologia para fins da 
construção civil);
  geologia ambiental (estudo dos métodos de diminuição de impacto 
ambiental causados pela exploração de recursos minerais), etc.
A geologia e a engenharia civil4
O estudo da Terra permite a exploração e melhor aproveitamento de 
recursos naturais como minérios (Figura 2), petróleo, gás e água, e também 
é fundamental para a investigação do solo e subsolo para a construção civil. 
Na exploração dos recursos naturais, o geólogo precisa conhecer, através 
de métodos adequados, qual a distribuição desse recurso em subsuperfície 
e, no planejamento, deve incluir técnicas que não alterem em excesso o 
relevo natural. Na exploração de petróleo, é preciso indicar onde ele está e 
qual o melhor lugar para perfurar o poço, e da mesma maneira ocorre nas 
minas de minério. 
Figura 2. Mina de minério.
O Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais, ocupando uma
área aproximada 
de 7.000 km2 na porção centro-sudeste do Estado, é internacionalmente reco-
nhecido como um importante terreno com significativos recursos minerais, 
em especial ouro e ferro.
5A geologia e a engenharia civil
Você sabia que para construir um smarthphone são utilizadas substâncias feitas a partir 
de algo que veio de baixo da Terra ou mesmo tem origem da subsuperfície? Segundo 
o United States Geological Survey (2016), os minerais são usados para a fabricação do 
aparelho, envolvendo os dispositivos de exibição, eletrônica e circuito, bateria, dispo-
sitivos de áudio e vibração. São eles: sílica e areia (vidro), cassiterita, bauxita, esfarelita, 
calcopirita, tetraedrita, quartzo, arsenopirita, tantalita, wolframita, spodumênio, grafita 
e bastnasita. Agora podemos fazer a seguinte reflexão: quantas minas em atividade 
ao redor do mundo são necessárias para a realização desta tecnologia?
Na captação de água potável também é preciso conhecer muito bem a ge-
ologia do local, pois pode haver alguma rocha que altere a qualidade da água, 
tornando-a não ideal para o consumo. Na geologia ambiental, o geólogo faz 
avaliação do impacto ambiental, para recuperação de área degradada de locais 
que sofreram algum impacto devido à exploração de recursos ou à construção 
de empreendimentos. Na construção de empreendimentos ou casas, o estudo 
da geologia auxilia na identificação de áreas de risco geológico, ou seja, áreas 
suscetíveis à deslizamentos de terra (Figura 3), por exemplo.
Figura 3. Deslizamento de terra.
A geologia e a engenharia civil6
O estudo da geologia permite também a compreensão de eventos como 
terremotos e auxilia no monitoramento e medição desses eventos, através da 
sismologia. Conforme Press et al. (2006), um terremoto ocorre quando as 
rochas, sob tensão, repentinamente se rompem ao longo de uma falha nova 
ou preexistente. Os dois blocos de rocha, em cada lado da falha, deslizam 
repentinamente, provocando vibrações no solo ou ondas sísmicas, que são 
frequentemente destrutivas. Em escala global, a maioria dos terremotos ocorre 
em limites de placas tectônicas, onde as placas convergem, afastam-se ou des-
lizam uma em relação à outra. Embora terremotos de grandes proporções não 
ocorram no Brasil, nosso país possui uma atividade sísmica que não pode ser 
ignorada. Em geral são tremores de baixa intensidade. Há, contudo, registros 
ocasionais de terremotos com magnitude próxima a 5, que podem danificar 
estruturas e causar pânico (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS 
MINERAIS, 2016).
No link a seguir, você pode pesquisar sobre sismos na América do Sul, sendo tais eventos 
analisados pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. É possível buscar 
eventos por data inicial e final, tipo de evento (terremoto ou explosão), localidade, 
tipo e faixas de magnitude.
https://qrgo.page.link/5kmBh
A sismologia estuda os terremotos através das ondas sísmicas emitidas 
na movimentação de uma falha. As ondas sísmicas informam a localização 
do terremoto (epicentro), profundidade, energia liberada, e meio percorrido 
por elas, desde o epicentro até o sismógrafo (Figura 4), que é o medidor das 
ondas sísmicas. Essa área da geologia abrange principalmente duas subáreas 
citadas anteriormente, a geologia estrutural e a geofísica.
7A geologia e a engenharia civil
Figura 4. Sismógrafo em papel com renderização 3D, medindo as ondas sísmicas.
Fonte: Andrey VP/Shutterstock.com.
Como você pode perceber, são diversas as áreas de atuação da geologia, 
pois o estudo dessa ciência interdisciplinar tem implicações muito importantes 
para o desenvolvimento da sociedade, possibilitando o planejamento urbano, 
nosso acesso a minérios, que são amplamente usados para a maioria dos 
objetos que utilizamos no nosso dia a dia, aos recursos não renováveis, como 
petróleo, que é nossa principal fonte de energia, e à água potável, fonte de vida. 
Importância da geologia na engenharia civil
Todas as construções existentes na sociedade estão sobrepostas à superfície da 
Terra, exercendo uma carga, um peso, sobre o substrato rochoso, dessa forma 
é lógica a necessidade de se conhecer o subsolo para garantir a viabilidade 
técnica e econômica para projetos de qualquer empreendimento. Porém, ao 
investigar o subsolo, não é somente com a descrição da rocha que geólogos 
e engenheiros civis se deparam. O relevo é composto por rochas e por solo. 
Em perfi l vertical, as proporções se alteram, por exemplo: um ponto chamado 
A pode ter 2 metros de solo no subsolo antes da rocha, e um ponto chamado 
B pode ter 0,5 metro ou nenhum solo antes da rocha, afl orando a rocha em 
si. Além da identifi cação do solo, a geologia se relaciona com a construção 
civil através de etapas de reconhecimento do meio físico para planejamento 
do projeto e para fi ns de licenciamento ambiental.
A geologia e a engenharia civil8
A utilização de rochas e dos depósitos naturais de sedimentos como materiais 
de construção também é um aspecto que relaciona a geologia e a construção 
civil. Esses materiais são muito utilizados como agregados para confecção de 
concreto, blocos para revestimento de fachadas de edifícios, proteção de taludes 
de barragens etc. Também a descoberta e compreensão de efeitos naturais, como 
abalos sísmicos e ventos, têm influência na escolha dos materiais apropriados 
à construção de acordo com os impactos que esta irá sofrer.
Solos
Segundo Pinto (2006), todos os solos originam-se da decomposição das rochas 
que constituíam inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente de 
agentes químicos e físicos. Variações de temperatura provocam trincas, nas quais 
penetra a água, atacando quimicamente os minerais. O congelamento da água nas 
trincas, entre outros fatores, exerce elevadas tensões, ocorrendo maior fragmenta-
ção dos blocos. A presença da fauna e fl ora promove o ataque químico, através de 
hidratação, hidrólise, oxidação, lixiviação, troca de cátions, carbonatação, etc. O 
conjunto desses processos, que são muito mais atuantes em climas quentes do que 
em climas frios, leva à formação dos solos que, em consequência, são misturas de 
partículas, pequenas que se diferenciam pelo tamanho e pela composição química. 
A maior ou menor concentração de cada tipo de partícula num solo depende da 
decomposição química da rocha que lhe deu origem. 
O solo é um conjunto de partículas resultantes da decomposição da rocha 
mãe. Geralmente, os grãos de solo, chamados de areia, silte ou argila, são 
constituídos de um único mineral. O quartzo é um mineral encontrado em 
muitos tipos de rocha e forma grãos de areia e silte, pois sua composição é 
resistente aos agentes de desagregação. Segundo Pinto (2006), minerais como 
feldspato, gibsita, calcita e mica também podem ser encontrados nesse tamanho.
Os minerais feldspatos e micas são menos resistentes ao intemperismo e 
dão origem a um importante elemento para a engenharia civil, os argilomi-
nerais. Os argilominerais representam a porção mais fina do solo, inferior a 2 
µm. A composição mineralógica dos argilominerais faz com que eles tenham 
comportamento distinto em relação aos tamanhos de areias e siltes. O com-
portamento dessas argilas pode variar com a presença de água, fazendo com 
que elas se expandam ou contraiam. Sabemos que a construção civil trabalha 
com números exatos, ou, pelo menos, com margem de erros previstos. Dessa 
maneira se comprova a necessidade de diagnosticar bem o subsolo, para que se 
estime corretamente seu comportamento na presença de cargas e perturbações 
geradas pelas construções. 
9A geologia e a engenharia civil
Principais etapas do estudo geológico
para construção civil
Na engenharia civil a investigação geológica não faz parte só do pré-projeto, 
mas também faz parte do projeto executivo de obras e fi scalização das etapas 
construtivas, para fi scalizar e acompanhar o desempenho durante a operação 
e monitoramento. Quando uma pessoa física, empresa ou mesmo órgãos 
públicos querem
construir algum empreendimento, é necessário que se peça 
autorização ao órgão competente para licenciamento da área, legislação insti-
tuída no Brasil pela Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº. 6.938, de 31 
de agosto de 1981). O licenciamento confi gura um instrumento de prevenção 
e fi scalização das entidades competentes. As etapas de estudo variam muito 
a depender do tipo do empreendimento, que pode ser de grande escala, como 
usinas hidrelétricas, ou de pequena escala, como uma estrada, prédio ou 
loteamentos residenciais. 
Geralmente, as etapas de estudo geológico para áreas onde se quer cons-
truir, abrangem: descrição da geologia regional e local da área em questão 
com profundidade de limite entre rocha e solo e indicação do nível do lençol 
freático, composição e granulometria do solo, construção de mapas com 
todos os elementos relevantes ao projeto, identificação de estruturas (falhas e 
fraturas) e topografia (medição da forma da paisagem natural). Para que você 
compreenda melhor, a partir do parágrafo seguinte é apresentado um esboço 
mais detalhado dessas etapas. 
  Na fase de descrição e caracterização da geologia regional e local, 
utiliza-se a pesquisa bibliográfica, numa etapa pré-campo. Em campo 
os profissionais observam e registram, com desenhos, fotos e anotações, 
a forma da paisagem. A descrição e coleta dos materiais é feita através 
de testemunhos de sondagem (Figura 5) ou de escavações no subsolo. 
Dos testemunhos de sondagem ou escavações resulta um perfil que 
permite descrição da rocha, solo e estimativa do nível do lençol freático, 
contabilizando a espessura e posição de cada material, para construção 
do perfil. Em laboratório os perfis gerados dão origem a simulações 
computacionais. As rochas são analisadas em microscópio. Os solos 
passam por análise de composição de elementos químicos, classificação 
de grãos e outros ensaios laboratoriais que podem ser mais específicos, 
para identificar os argilominerais.
A geologia e a engenharia civil10
Figura 5. Testemunhos de sondagem contendo o material coletado; ao lado, construção 
de perfil geológico com os dados coletados.
Fonte: K2 Geologia e Meio Ambiente (2019, documento on-line).
  A indicação do lençol freático (ou nível da água) é importante por dois 
motivos: prejuízo para o projeto, quando não indicada, e por risco de 
poluição por parte do empreendimento. Em uma construção de talude 
para abertura de estrada, por exemplo, se o nível de água for estimado 
de forma incorreta a água pode vir a ser um agente determinante para 
o deslizamento desse talude.
  Os tipos de estruturas do subsolo rochoso, falhas e fraturas, bem como 
suas espessuras e posições, indicam quais as técnicas que o engenheiro 
civil precisa escolher para a execução da obra. As estruturas devem ser 
representadas em mapas (Figura 6) em escala adequada.
11A geologia e a engenharia civil
Imagine que o engenheiro civil responsável pela execução da obra de um prédio, para 
instalar a fundação do prédio, calcula a carga que a fundação aplicará na sua base e 
a profundidade em que essa carga deve ser aplicada na rocha, ou solo, para poder 
instalá-la. Porém, por escassez de dados geológicos ou por interpretações errôneas, 
o engenheiro acaba por instalar a fundação sobre um material de composição e 
estrutura não adequadas para a fundação. Uma ocasião dessas geraria, no mínimo, 
uma mudança brusca no projeto e, se o erro não fosse percebido durante a fase de 
construção, poderia desenvolver, num momento futuro, fraturas nas paredes do prédio 
e até mesmo seu colapso.
Figura 6. Mapa geológico contendo a descrição das estruturas da região.
Fonte: Silva, Alkmin e Pedrosa-Soares (2009, documento on-line).
A geologia e a engenharia civil12
  Topografia da área consiste na medição do relevo, considerando toda 
alteração e manifestação do solo a partir de uma linha de superfície para 
estimar de forma precisa a medição do terreno. Nos estudos geológicos, 
para fins de estudo de suscetibilidade a movimentos de massa, o relevo 
é analisado conforme suas inclinações/declividades.
A necessidade de cada etapa dos estudos fica a critério do tipo de empre-
endimento. Também, conforme a complexibilidade do substrato rochoso, os 
métodos investigativos e a escala de detalhe podem se ampliar.
Aplicação dos conceitos geológicos
na construção civil
Na fase de identifi cação geológica dos materiais presentes num projeto de 
obra é importante a compreensão de alguns conceitos geológicos. Nessa fase, 
geólogos e engenheiros civis precisam trabalhar em equipe para garantir o 
melhor uso do meio físico, sem gastos desnecessários e sem prejuízo para o 
ambiente natural.
A análise dos materiais começa pela classificação da rocha, que é sedi-
mentar, ígnea ou metamórfica. Para fins de construção civil, definir o tipo 
de rocha quanto a sua gênese é um passo inicial, pois elas possuem diferentes 
propriedades físicas. Uma rocha sedimentar, como o arenito, é bem diferente 
de uma rocha ígnea, como o basalto. O arenito apresenta uma porosidade 
(espaços vazios microscópicos) que não existe nos basaltos geralmente. O 
basalto é uma rocha extremamente dura, entre seus grãos existe água ou 
ar, é um “arranjo” mais fechado. Tanto arenitos como basaltos têm amplo 
uso na construção civil; o arenito é usado para revestimentos de fachadas, 
e o basalto para britas, por exemplo. Porém, quando o material constitui 
o subsolo de um projeto, é preferível encontrar materiais mais resistentes, 
como o basalto.
13A geologia e a engenharia civil
Uma área de estudo comum entre geologia e engenharia é a geotécnica, que estuda 
a aplicação de métodos investigativos para caracterizar o meio físico com fins para 
construção civil. Segundo Schnaid e Odebrecht (2014), o custo para a execução de 
sondagens de reconhecimento do subsolo, no Brasil, costuma variar entre 0,2% e 0,5% 
do valor total de uma obra convencional, valor este que pode aumentar em obras 
especiais ou que apresentem condições desfavoráveis do subsolo. Sendo assim, as 
informações obtidas pela sondagem são fundamentais para a previsão dos custos e 
das soluções para um projeto de construção civil.
A observação da geomorfologia do relevo, juntamente à pesquisa biblio-
gráfica, muitas vezes já indica o tipo de rocha que se tem na região. A área 
de estudo pode estar inserida em um relevo plano, de depressão, de morros 
ou montanhoso, como as serras, que possuem altas declividades. 
Em muitos casos, os geólogos sabem relacionar a gênese de formação 
(tipos de rocha) ao tipo de relevo, pois o acervo de mapas geológicos que estão 
disponíveis para algumas regiões o ajuda compreender alguns processos. Mas 
nada exclui a intensa análise que deve ser feita no material. Não só o tipo de 
gênese é importante para compreender algumas propriedades físicas da rocha, 
pois já que a rocha guarda toda uma história de, no mínimo, milhões de anos, 
ela pode guardar aspectos bem particulares que devem ser levados em conta. 
Nesse sentido, um basalto muito fraturado pode ser mais problemático do que 
um arenito com baixa porcentagem de espaços vazios. Dessa maneira, você 
pode perceber que cada caso é um caso.
A análise de estruturas (geologia estrutural) é muitas vezes decisiva para os 
projetos. O substrato pode apresentar muitas falhas ou fraturas, que podem ser 
centimétricas até quilométricas, e alteram o nível de segurança dos empreendi-
mentos ou exigem que essa análise seja incorporada com suas particularidades 
no projeto de execução. O mapeamento das fraturas é fundamental e é uma 
etapa essencial para obras como hidrelétricas e túneis em maciços rochosos.
A caracterização do substrato rochoso é o primeiro passo, pois a partir 
da classificação das rochas é possível já estimar algumas informações sobre 
o solo. O comportamento mecânico dos solos é uma área complexa e muito 
A geologia e a engenharia civil14
relevante a ser estudada em disciplinas como mecânica dos solos, porém, para 
este momento,
vale frisar que o comportamento de um solo pode ser muito 
diferente do comportamento da rocha que o originou.
A maioria dos problemas geológicos da construção civil está relacionada 
a obras em terra, que são obras de engenharia que se apoiam sobre o solo e 
utilizam o próprio solo como elemento de construção, como por exemplo, as 
barragens e os aterros de estradas. Uma obra de terra pode ser entendida como 
“estrutura”, construída com solo ou blocos de rocha, isto é, na qual o solo e a 
rocha são os materiais de construção, segundo Massad (2010). Os problemas 
estão relacionados a recalques e instabilidade de taludes. O recalque é um 
assentamento e rebaixamento da estrutura da obra devido à reação do solo. 
Esse comportamento muitas vezes é esperado e estimado no projeto, mas 
quando não for bem calculado pode acarretar problemas. Por isso a caracte-
rização através de ensaios de laboratório indicando composição, estrutura, 
comportamento sob cargas/peso e comportamento na presença de água, em 
solos, é uma etapa básica.
Com relação à instabilidade de taludes, são várias as escalas de aconteci-
mentos de problemas. O talude pode configurar uma encosta natural ou pode 
ser construído. Sua instabilidade pode gerar problemas como deslizamento de 
terra em estradas ou em encostas que possuam moradias. Outra problemática 
que podemos citar acontece em barragens de rejeitos, que também ocorre 
devido à instabilidade da estrutura.
O comportamento mecânico dos materiais é o objetivo principal das análises geoló-
gicas para fins de construção civil, por esse motivo a análise microscópica em lâminas 
petrográficas de rochas é importante, bem como a classificação granulométrica do 
solo. Porém, esse comportamento não é só resultado de uma estrutura de arranjo 
das partículas, é também resultado da composição química desses materiais. Sendo 
assim, é importante você entender que esses estudos possuem em sua essência 
caráter físico-químico.
15A geologia e a engenharia civil
BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio 
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Acesso em: 19 dez. 2019.
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A geologia e a engenharia civil16
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17A geologia e a engenharia civil

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