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2012 1a Edição Projetos Públicos Prof.ª Isabella Maria Nunes Ferreirinha Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof.ª Isabella Maria Nunes Ferreirinha Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F383p Ferreirinha, Isabella Maria Nunes Projetos públicos /Isabella Maria Nunes Ferreirinha. Indaial : Uniasselvi, 2012. 208 p.; il. ISBN 978-85-7830- 573-4 1. Administração pública. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 350 III APresentAção Caro(a) acadêmico(a)! Projeto é uma palavra do nosso cotidiano. Quem nunca pensou em seu projeto de vida? Quantas vezes nos impusemos um objetivo ou vários e pensamos de que maneira iríamos alcançá-los? Ou pensamos pelo caminho mais fácil, ou quem sabe pelo caminho que nos deixaria mais felizes. Não importa, de toda maneira fazemos escolhas e as fazemos todos os dias. E essas escolhas nos levam aos resultados e conclusões de projetos: acadêmicos, profissionais, familiares, religiosos etc. O princípio: “Não basta fazer, é preciso saber fazer!” da UNIASSELVI é o disseminador dessa disciplina. Embora saibamos, na maioria das vezes, conduzir nossos projetos de vida, assim também com os projetos públicos devemos ir além do fazer, precisamos realmente saber fazer. Por quê? Porque projetos públicos representam o interesse público e coletivo; porque projetos públicos, muitas vezes, só têm uma chance de ser realizados e com a garantia do sucesso; porque projeto público é uma das ferramentas de se ver o dinheiro público bem aplicado e uma sociedade menos dual e com a prestação de serviços públicos fundamentais ofertados com qualidade. Para saber fazer, portanto, passa-se pelo processo de fazer simplesmente, mas no universo das atividades públicas não se pode aplicar o método de tentativas. Para isso, devem-se promover reflexões e aprendizagem antecipada para que no momento da prática você saiba como fazer e fazer bem feito. Caro(a) acadêmico(a), aproveite a aprendizagem desse caderno para que no momento de sua prática você não apenas faça, mas saiba realmente como fazer e faça a diferença em sua comunidade. Desejo todo sucesso e que sua aprendizagem seja um bem para que você se torne um profissional competente, reflexivo, consciente e de atitudes seguras e transformadoras. Prof.a Isabella Maria Nunes Ferreirinha IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - DEFINIÇÃO DE PROJETOS .................................................................................... 1 TÓPICO 1 - O CONCEITO DE PROJETO ....................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 HISTÓRIA DE PROJETOS E GERENCIAMENTO ..................................................................... 6 2.1 O CONCEITO DE PROJETO ........................................................................................................ 7 2.2 PROJETOS PÚBLICOS E PROJETOS PRIVADOS .................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 16 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 - O PONTO DE PARTIDA ............................................................................................ 19 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 19 2 ESCRITÓRIOS DE PROJETOS ..................................................................................................... 21 3 LEI Nº 8.666......................................................................................................................................... 22 4 PPA – PLANO PLURIANUAL ........................................................................................................ 25 5 LDO – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS .................................................................... 28 6 LOA – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ....................................................................................... 28 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 32 TÓPICO 3 - PLANEJAMENTO ......................................................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 33 2 A HIERARQUIA DO PLANEJAMENTO..................................................................................... 35 3 PLANEJAMENTO DE UM PROJETO ......................................................................................... 37 4 O ESCOPO DO PROJETO .............................................................................................................. 39 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 47 TÓPICO 4 - AVALIAÇÃO DOS RISCOS........................................................................................ 49 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 49 2 FATORES DE RISCOS ..................................................................................................................... 51 3 TEORIA DA CONTIGÊNCIA ........................................................................................................ 52 4 ESTUDO DE CASO ..........................................................................................................................54 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................... 64 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 65 UNIDADE 2 - PLANEJAMENTO DE PROJETOS ........................................................................ 67 TÓPICO 1 - GERENCIAMENTO DO PROJETO .......................................................................... 69 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 69 2 PMBOK ............................................................................................................................................... 71 3 MODELO ESTRUTURADO DE PROJETO ................................................................................ 74 4 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO ............................................................................................ 77 4.1 GERENCIAMENTO DE QUALIDADE DO PROJETO .......................................................... 79 sumário VIII RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 81 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 82 TÓPICO 2 - GERENCIAMENTO DE CUSTOS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 85 2 ANÁLISE FINANCEIRA DE PROJETOS .................................................................................... 87 3 ANÁLISE DE CUSTOS .................................................................................................................... 88 3.1 RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO ............................................................................................... 88 3.2 RELAÇÃO CUSTO-EFETIVIDADE .......................................................................................... 89 3.3 RELAÇÃO CUSTO-UTILIDADE .............................................................................................. 89 3.4 RELAÇÃO CUSTO-VIABILIDADE .......................................................................................... 90 4 CUSTOS DO PROJETO .................................................................................................................. 91 4.1 NIVELAMENTO DE CUSTOS .................................................................................................. 92 4.2 CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS ............................................................................................ 94 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 95 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 96 TÓPICO 3 - O ORÇAMENTO ........................................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 97 UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ......................................................................................................... 99 MP/BR .................................................................................................................................................... 99 2 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ............................................................................................... 100 3 ITENS QUE COMPÕEM O ORÇAMENTO .............................................................................. 101 4 MODELOS DE ORÇAMENTOS ................................................................................................. 103 5 CRONOGRAMAS DE EXECUÇÃO FÍSICO-FINANCEIRA ................................................. 108 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 121 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 122 TÓPICO 4 - GERENCIAMENTO DE TEMPO ............................................................................ 123 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 123 2 DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES ................................................................................................ 126 3 SEQUÊNCIA DAS ATIVIDADES ............................................................................................... 127 4 ESTIMAR OS RECURSOS DAS ATIVIDADES ...................................................................... 129 5 ESTIMAR A DURAÇÃO DAS ATIVIDADES .......................................................................... 131 6 DESENVOLVER O CRONOGRAMA ........................................................................................ 132 7 CONTROLAR O CRONOGRAMA ............................................................................................ 136 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................. 148 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 149 UNIDADE 3 - EXECUÇÃO DE PROJETOS ................................................................................. 151 TÓPICO 1 - A EQUIPE DE GESTÃO DO PROJETO ................................................................ 153 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 153 2 DEFINIÇÕES E HABILIDADES DA GERÊNCIA DO PROJETO ........................................ 155 3 O PROCESSO DE SELEÇÃO DO GERENTE DO PROJETO ................................................ 159 3.1 SOLUÇÃO DE CONFLITOS .................................................................................................... 161 4 RELATÓRIOS DE ANDAMENTO DO PROJETO .................................................................. 162 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 166 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 167 TÓPICO 2 - PLANO DE COMUNICAÇÃO ................................................................................. 169 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 169 2 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE INFORMAÇÕES ..... 170 IX 2.1 COMUNICAÇÃO ENTRE OS MEMBROS DA EQUIPE DE EXECUÇÃO DO PROJETO 171 2.2 CANAIS DE COMUNICAÇÃO .............................................................................................. 172 2.3 RELATÓRIOS DE DESEMPENHO E A COMUNICAÇÃO ................................................ 174 2.4 COMUNICAÇÃO COM A SOCIEDADE .............................................................................. 174 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 175 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 176 TÓPICO 3 - CONTROLE DE RESULTADOS DE PROJETOS.................................................. 177 1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................177 2 MONITORAMENTO E CONTROLE DOS PROCESSOS DO PROJETO .......................... 180 FASE EXPLORATÓRIA .................................................................................................................... 180 ÚTIL PARA CONHECER O CONTEXTO, LEVANTAR O PERFIL DO PROGRAMA, EXPLORAR CASOS REAIS (HISTÓRIAS DE VIDA) E ENRIQEUCER AS PERGNTAS E INDICADORES. ................................................................................................................................ 180 RELATÓRIOS PARCIAIS ................................................................................................................ 180 FASE DE INVESTIGAÇÃO ............................................................................................................. 180 VIVER OS SETE PASSOS DA AVALIAÇÃO COM BASE EM UM FOCO E EM PERGUNTAS NEGOCIADAS. .................................................................................................................................. 180 RELATÓRIOS PARCIAIS ................................................................................................................ 180 RELATÓRIO ...................................................................................................................................... 180 FINAL ................................................................................................................................................... 180 FASE DE APRENDIZAGEM ........................................................................................................... 180 PRIORIZAR A REFLEXÃO E A ÇÃO COM BASE NOS ACHADAOS DA AVALIAÇÃO 180 2.1 AVALIAÇÃO DE POSSÍVEIS MUDANÇAS ......................................................................... 181 2.2 ERROS COMUNS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ......................................................... 183 3 INDICADORES DE MUDANÇAS PROPORCIONADAS PELO PROCESSO DE AVALIAÇÃO ....................................................................................................................................... 184 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 185 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 186 TÓPICO 4 - AVALIAÇÃO DE PROJETOS .................................................................................. 187 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 187 2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA ........................................................................... 190 DE PROJETOS PÚBLICOS ........................................................................................................... 190 2.1 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE RESULTADOS ....................................................... 190 3 AVALIAÇÃO DE IMPACTO ........................................................................................................ 192 4 ENCERRAMENTO DE PROJETOS ............................................................................................ 192 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................. 200 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 201 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 203 X 1 UNIDADE 1 DEFINIÇÃO DE PROJETOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem os seguintes objetivos: • compreender melhor o conceito de projeto e de projeto público; • entender que os projetos são gerenciados conforme a época e com as fer- ramentas e recursos disponíveis; • identificar as principais diferenças entre projeto público e projeto privado; • verificar as diretrizes impostas pelas leis aos projetos públicos. A Unidade 1 apresentará o conceito de projeto e sua trajetória histórica para que os objetivos propostos e seus desdobramentos posteriores sejam estabelecidos a partir de sua base conceitual. Esta unidade está dividida em quatro tópicos e no final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) ajudarão a assimilar o conteúdo proposto. TÓPICO 1 – O CONCEITO DE PROJETO TÓPICO 2 – O PONTO DE PARTIDA TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO TÓPICO 4 – AVALIAÇÃO DOS RISCOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O CONCEITO DE PROJETO 1 INTRODUÇÃO Estamos iniciando a disciplina de Projetos Públicos, e com atenção deve- se demarcar exatamente qual projeto público se quer tratar nessa disciplina. Segundo o dicionário Aurélio (2001), o projeto possui quatro definições: 1) plano, intento; 2) empreendimento; 3) redação preliminar de lei, relatório etc.; 4) plano geral de edificação. Como futuro gestor público, se você considerar projeto no sentido literal da palavra, vai verificar que projeto é muito utilizado na administração pública, aliás, projeto faz parte de nossas vidas, da história da humanidade. Sempre há um plano, um novo empreendimento, uma viagem, um grande evento, um grandioso evento, uma magnífica construção. Então vamos tentar definir melhor o que é um projeto e depois recortar um pouco mais para entender um projeto público. Vargas (2009, p. 6) define projeto como: Projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo e recursos envolvidos com qualidade. Vargas (2009) apresenta vários exemplos de projeto: ● instalação de uma nova planta industrial; ● redação de um livro; ● reestruturação de um determinado setor ou departamento da empresa; ● elaboração de um plano de marketing e publicidade; ● lançamento de um novo produto ou serviço; ● informatização de um determinado setor de empresa; ● construção de uma casa; ● realização de uma viagem. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 4 Entre esses exemplos há exemplos de organizações privadas e públicas, e também exemplos pessoais, de projetos de vida. Ao nosso redor, enfim, veem-se inúmeros exemplos de projetos. Numa dimensão maior, em termos de humanidade, podem-se observar projetos de grandeza maior, que encantam o mundo e provocam reflexões, tais como: Como foi possível construir isso? Quanto tempo durou? Quem construiu? Quem planejou? Quem nunca pensou isso ao se deparar (em fotos ou pessoalmente) com a Muralha da China? O Cristo Redentor ou Corcovado? As Pirâmides de Gizé? FIGURA 1 – MURALHA DA CHINA FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2EawXEG>. Acesso em: 20 jun. 2012. FIGURA 2 – CRISTO REDENTOR FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2EaBjfg>. Acesso em: 20 jun. 2012. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 5 FIGURA 3 – PIRÂMIDES DE GIZÉ FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/piramides-de-gize/imagens/ piramides-de-gize-69.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2012. NOTA NOTA Muralha da China - também conhecida como a Grande Muralha, foi construída durante a época imperial com objetivos militares (proteger a China contra a invasão dos povos do Norte). A construção começou por volta do ano 220 a. C., terminando apenas no século XV, durante a Dinastia Ming. Esta construção possui cerca de 7 mil quilômetros de extensão, sendo a maior do mundo. A construção envolveu centenas de milhares de trabalhadores, soldados e camponeses. A muralha não é uniforme, sendo composta de torres de vigilância, fortes e portas. Em 2007, foi eleita como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo. É considerada patrimônio mundialda UNESCO. É um dos pontos de turismo cultural mais visitados do oriente. FONTE: Muralhas da China (2012) Pirâmides de Gizé - as três pirâmides foram construídas no Egito Antigo há, aproximadamente, 4500 anos. Serviram de tumbas para os faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. Localizam-se na cidade de Gizé, próxima ao Cairo. A maior das pirâmides é a do faraó Quéops com 147 metros de altura. Foram construídas com blocos de pedra calcária. Acredita-se que mais de 100.000 homens, na maioria escravos, foram utilizados para a construção da pirâmide de Quéops. Levou, aproximadamente, 30 anos para ser finalizada. Foram usados vários conhecimentos matemáticos para a construção das pirâmides. As pirâmides são consideradas patrimônio mundial da UNESCO. É um dos pontos de turismo cultural mais visitados do mundo. FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/monumentos/piramides_gize.htm>. Acesso em: 20 jun. 2012. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 6 NOTA Cristo Redentor - situada no morro do Corcovado na cidade do Rio de Janeiro, a estátua possui 38 metros de altura e foi feita de pedra sabão. O cartão postal carioca teve sua pedra fundamental lançada em 1922 e a inauguração em 12 de outubro de 1931. O monumento foi eleito como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno. FONTE: Cristo Redentor (2012) Talvez esses sejam exemplos de extrema grandeza. Talvez tenham sido considerados projetos utópicos. É claro que, ao falar em projetos públicos, os exemplos não são somente projetos grandiosos ou projetos culturais, turísticos, religiosos etc. Existem projetos públicos que são considerados simples e nem por isso menos importantes. Existem projetos que não são de grandes construções, mas que contribuem muito para o desenvolvimento do país e ganhos econômicos, sociais, culturais, ambientais, tais como: ● projetos de preservação do meio ambiente; ● projetos de inclusão social; ● projetos de melhoria de serviços públicos. Portanto, projetos públicos podem ser direcionados a quaisquer áreas de conhecimento humano, administrativo, operacional, cultural, social, estratégico, pessoal, entre outros. 2 HISTÓRIA DE PROJETOS E GERENCIAMENTO Pode parecer que o estudo sobre projeto público seja um tema novo, embora exista uma curta bibliografia que trate especificamente do tema. O que existe é uma grande referência a respeito de gerenciamento de projetos. De acordo com Valle et al. (2010, p. 17), “[...] o gerenciamento de projetos não havia sido tratado como disciplina isolada até o lançamento do satélite Sputnik, pela União Soviética”. É claro, como vimos anteriormente, vários projetos foram construídos antes desse ano, contudo, é a partir do lançamento do satélite que o mundo administrativo tratou de desenvolver estudos sistemáticos de planejamento, estratégias, controle e desenvolvimento de ferramentas específicas para o desenvolvimento das organizações. Os projetos militares em função das guerras se tornaram grande referencial para o desenvolvimento de estudos do tema. De acordo com Valle et al. (2010, p. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 7 19), depois do uso por militares, aos poucos as técnicas foram incorporadas nas organizações e incentivaram a adoção do gerenciamento de projetos, exemplos assim apresentados pelos autores: 1. Reengenharia – método que busca eficiência e eliminação de atividades que não possuem valor agregado, por meio de um novo desenho de processos. A reengenharia levou à redução de quadro fixo de funcionários, operações mais enxutas e que as demandas excedentes fossem estruturadas em forma de projetos com aporte de recursos externos. 2. Globalização – marca época de interdependência econômica entre os países, pelo aumento de interação e integração de pessoas e equipes. A globalização favoreceu a padronização de gerenciar projetos em diferentes países, a fim de trabalharem de forma coordenada em prol de objetivos comuns. 3. Automação de processos – contribuiu no ciclo de negócios, em que a inteligência e a capacidade de inovação são usadas como habilidades de gerenciamento de projetos. 4. Popularização dos computadores – permitiu que ferramentas de gerenciamento de projetos fossem desenvolvidas e contribuíssem ao desenvolvimento de projetos. 5. Internet – favoreceu a capacidade de comunicação e troca de documentos instantâneos, integrando as pessoas que se encontram dispersas geograficamente e ajudando no gerenciamento de projeto. Mas esses itens que os autores Valle et al. (2010) apresentaram são da história recente. Os projetos das Pirâmides de Gizé, do Cristo Redentor e da Muralha da China foram construídos antes dos fenômenos da internet e globalização. Então como foram gerenciados? É impressionante mesmo! Com toda tecnologia que existe hoje, acesso à locomoção mais rápida, entre tantas outras facilidades do nosso tempo, é difícil imaginar que tamanhos projetos tenham sido construídos e gerenciados numa época com muito menos facilidades. 2.1 O CONCEITO DE PROJETO Muitos são os conceitos dados para projeto, mas todos eles levam à ideia de que projeto é algo que se realizará num futuro, que deve ser planejado, executado, a fim de alcançar um objetivo proposto inicialmente. Clemente e Fernandes (2002, p. 21) abordam o conceito de projeto pela perspectiva de uma organização para, aos poucos, introduzir o conceito pela perspectiva da gestão pública, assim: O termo projeto está associado à percepção de necessidades ou oportunidades de certa organização. O projeto dá forma à ideia de executar ou realizar algo, no futuro, para atender a necessidades ou aproveitar oportunidades. Dessa forma, o processo de elaboração, análise e avaliação de projetos envolve complexo elenco de fatores socioculturais, econômicos e políticos que influenciam os decisores na escolha de objetivos e métodos. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 8 FIGURA 4 – DINÂMICA DE UM PROJETO FONTE: Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/mehl/pm/imagens/ciclo_ gestao_pmi.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2012. Cavalieri e Ribeiro (2007, p. 1) definem projeto como “[...] um empreendimento único, com início e fim determinado, que utiliza recursos e é conduzido por pessoas, visando atingir objetivos predefinidos”. Caracterizam projeto em três dimensões: temporário, exclusivo e progressivo: 1. Temporário – projeto com início e fim definidos, e termina quando os objetivos são atingidos. 2. Exclusivo – projeto único, mesmo quando se trata de produtos ou serviços, é diferente de tudo que foi anteriormente realizado. Por isso se diferencia de operações, ou seja, de processos contínuos e repetitivos. 3. Progressivo – conforme o projeto é mais bem compreendido, maior será o seu detalhamento. (CAVALIERI; RIBEIRO, 2007, p. 2). Cavalieri e Ribeiro (2007, p. 2), entretanto ampliam essas dimensões, conforme: 1. Gera mudança - devem apresentar mudanças para justificar o seu empreendimento. Nesse conceito de Clemente e Fernandes (2002) podem-se perceber elementos socioculturais, econômicos e políticos como fatores determinantes e influenciadores na determinação de objetivos, extensão e retenção de projetos. Robbins (2000, p. 127) define projeto como “[...] um conjunto de atividades que acontecem uma só vez, com ponto de partida e ponto de chegada definidos num determinado tempo”. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 9 2. Multidisciplinar - projetos envolvem pessoas com habilidades e conhecimentos diferentes. 3. Único - uma mesma organização pode executar vários projetos similares e estabelecer um padrão para eles, mas cada um diferencia- se em algum aspecto: equipe, localização, conjuntura. 4. Incerto - as características inerentes aos projetos introduzem riscos e oportunidades diferentes daquelas encontradas em atividades rotineiras. 5. Temporário - projetos sãotemporários por natureza, motivos pelo quais devem ter um início e um fim bem definidos. Keelling (2002) define projeto também pela perspectiva de unicidade e do prazo determinado para o término e se baseia no conceito adotado pelo PMI – Project Management Instituto, ou seja, Instituto de Administração de Projetos, e também pelo PMBOK (2008, p. 35) que define: “Um esforço temporário empreendido em criar um produto ou serviço único. Isso implica um prazo limitado, uma data estipulada para conclusão e um resultado diferente daquele produzido no curso da rotina operacional”. Chiavenato (2003, p. 591) apresenta que: Operações, também chamadas de atividades rotineiras ou funcionais, se diferenciam, mas também se assemelham aos projetos porque ambos: são desempenhados por pessoas; são limitados por recursos escassos e restritos; são planejados, executadas e controladas. Entretanto, o autor aponta que operações e projetos se diferenciam por dois aspectos: temporariedade e unicidade. “As operações são constantes e repetitivas, enquanto os projetos são temporários e únicos”. (CHIAVENATO, 2003, p. 591). Ainda discorre: O projeto é um desafio definido para criar um único produto ou serviço. É temporário porque cada projeto tem um começo e um final definidos. Único porque o produto ou o serviço é diferente dos demais produtos ou serviços. A temporariedade do projeto não significa curta duração, pois muitos projetos se estendem por anos (CHIAVENATO, 2003, p. 591). Portanto, não importa o tempo que o projeto irá durar, mas de fato o seu tempo de conclusão já está estabelecido quando se deu a abertura do projeto. Para Chiavenato (2003, p. 591), entretanto, as características de um projeto se resumem da seguinte forma: Os projetos são únicos. Os projetos são de natureza temporária e têm datas definidas de início e fim. Os projetos estarão concluídos quando as metas forem alcançadas. Um projeto bem-sucedido é aquele que atende ou excede as wwexpectativas de seus beneficiários. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 10 NOTA PMI (Project Management Institute) foi criado em 1969, é uma associação sem fins lucrativos que associa profissionais de gestão de projetos. Hoje conta com associados provindos de cerca de 170 países. O PMBOK é um guia elaborado por essa associação. ESTUDOS FU TUROS PMBOK é um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos que será mais bem detalhado na Unidade 2. De acordo com Keelling (2002, p. 4), “[...] os projetos ditos contemporâneos apresentam diversas formas e tamanhos, munidos de muitos ou poucos recursos, muito ou pouco empreendimento financeiro”. Entretanto, o autor apresenta características em comum: ● são empreendimentos independentes; ● possuem propósito e objetivos distintos; ● são de duração limitada. É importante diferenciar projeto de programa. Projeto é mais específico numa escala de objetivos; o projeto está contido no programa. Programa é uma meta principal; é o conjunto de projetos. Assim podem ser visualizados: FONTE: Adaptado de: Xavier (2005, p. 7) FIGURA 5 – PROGRAMA, PROJETO E SUBPROJETO TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 11 A figura anterior apresenta que projetos fazem parte de um programa. O que vem a ser um programa então? Programa é a proposta geral, é o delineamento geral dos diversos projetos que devem ser cumpridos em determinado período. Projeto é um assunto específico do programa que ajuda no cumprimento do objetivo geral do programa. Alguns exemplos de programas do governo federal são conhecidos através da mídia, tais como: Programa Luz para Todos, Programa Bolsa-Família, Programa Brasil sem Miséria, Programa Primeiro Emprego, entre outros. Os projetos sociais irão contribuir para que esses programas possam cumprir sua meta. E cada projeto levará em consideração o espaço geográfico, a necessidade de determinada região etc. O catálogo de programas do governo federal, em auxílio à gestão municipal, apresenta inúmeros programas: Programa Bolsa-Família, Programa Brasil Quilombola, Programa Brasil em Direitos Humanos, Programa Livro Aberto, entre outros inúmeros programas. Esses programas perpassam por diversas áreas: cultura, saúde, economia, social, humana, esportes etc. Observe um dos exemplos: FIGURA 6 – PROGRAMA ARCA DAS LETRAS UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 12 FONTE: Brasil (2008, p. 153) O Programa Arca das Letras tem como objetivo principal disseminar a leitura em comunidades rurais. A partir daí como se podem fazer projetos? Cada município (que tenha comunidade rural) pode participar e deve desenvolver projetos para que a disseminação da leitura seja realizada. Construir bibliotecas? Bibliotecas volantes? Capacitar agentes? Desenvolver oficinas de leitura? Os caminhos para que o município desenvolva seu projeto devem ser acordados conforme orçamento, recursos, disponibilidade física, enfim, dessa ideia principal do programa, que é disseminar a leitura, é que surgirão os projetos para viabilizá-la. A partir dessa ideia principal de programa, institui-se o projeto para que o objeto e objetivo principal do programa sejam contemplados. Entretanto, projeto é diferente de atividades funcionais das organizações, porque trata de um trabalho que tem prazo para terminar, mas que pode contribuir e muito com as atividades rotineiras de longo prazo da organização. Assim se pode verificar: Projetos Atividades funcionais Atividade Não rotineira. Rotineira. Objetivo Termina ao ser atingido. É contínuo. Recursos finan- ceiros É proposto em orçamento, mas termina quando o projeto termi- na. É proposto em orçamento, mas renova-se em ciclos de planeja- mento. Recursos huma- nos É de acordo com a dimensão do projeto e o contrato de trabalho é temporário. É de acordo com a dimensão da atividade e o contrato de traba- lho é formal. Conhecimento prévio Permite a multidisciplinaridade, porque projetos são inovadores. Cada atividade demanda de co- nhecimento técnico específico. QUADRO 1 – PROJETOS E ATIVIDADES FUNCIONAIS FONTE: A autora TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 13 Dessa forma, pode-se entender que projetos e atividades funcionais apresentam diferenças porque representam atividades distintas, no que se refere a prazo, recursos, conhecimento, continuidade, descontinuidade, entre outras. Já se sabe que todo projeto tem um período a ser cumprido, ou seja, tem início e fim. As referências sobre gerenciamento de projetos apresentam um ciclo de vida, com suas fases e atividades a serem cumpridas. Entretanto, Clemente e Fernandes (2002, p. 25) apresentam as fases de um projeto: Equacionamento 1. Oportunidades (problemas). 2. Desenvolvimento de alternativas. 3. Análise de alternativas. 4. Avaliação de alternativas. Seleção 5. Escolha entre alternativas viáveis. Realização 6. Projeto de execução.7. Implementação. Aferição 8. Acompanhamento.9. Avaliação. QUADRO 2 – FASES DE UM PROJETO FONTE: Clemente; Fernandes (2002, p. 25) Essas fases de um projeto auxiliam para que se possa concluir o conceito de projeto, sendo que os processos corporificam a ideia de concretizar um objetivo futuro. Mas para isso deve ser planejado, executado e avaliado. 2.2 PROJETOS PÚBLICOS E PROJETOS PRIVADOS É importante que a dimensão de projetos públicos e privados seja apresentada, porque a motivação, finalidade, forma, conceitos são bem distanciados. Enquanto os projetos privados visam a objetivos para determinada organização, projetos públicos visam a objetivos de interesse coletivo, que atendam as necessidades da população e promovam melhores serviços e produtos para os cidadãos. Para que você possa entender melhor, observe o quadro comparativo entre administração pública e privada: Administração Pública Administração PrivadaSubordinação Lei. O que não está na lei é faculta- do. QUADRO 3 – ADMINISTRAÇÃO UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 14 FONTE: A autora Essas são algumas das distinções, a avaliação importante é que os projetos públicos permeiam a dimensão da administração pública, portanto, suas ações estão presas às leis, seus orçamentos são provindos da receita tributária, seus objetivos devem beneficiar os cidadãos, prevalecendo o interesse coletivo e público e com o controle do Estado. Assim sendo, as diferenças principais de projetos públicos e privados são: Projeto Público Projeto Privado Competência Exclusiva da Administração Pú- blica, embora possa terceirizar e/ ou fazer parceria. Exclusiva da Administração Pri- vada, embora possa terceirizar e/ ou fazer parceria. Finalidade Interesse público. Interesse privado. Forma É o procedimento material, deter- minado pela lei. É o procedimento material, deter- minado pela própria organização privada. Leis fundamen- tais Constituição Federal de 1988 Lei no 8.666/91. Constituição Federal de 1988, Código Civil, Código Comercial. QUADRO 4 – PROJETOS E ATIVIDADES FUNCIONAIS FONTE: A autora Projeto Público Objetivo Projeto Privado Objetivo Construção de uma escola. Promover a educação. Construção de uma escola. Promover a educa- ção e lucro. Treinamento de ser- vidores. Melhoria nos servi- ços públicos. Treinamento de fun- cionários. Melhoria nos servi- ços e lucro. Implantação de siste- ma de informação. Agilizar e melhorar os serviços públicos. Implantação de sis- tema de informação. Agilizar e melhorar os serviços e lucro. Ampliação de trans- porte. Facilitar a locomo- ção da população. Ampliação de trans- porte. Facilitar a locomoção da população e lucro. Contratação de agên- cia de segurança. Preservação do pa- trimônio público. Contratação de agên- cia de segurança. Preservação do patri- mônio privado. QUADRO 5 – PROJETOS PÚBLICOS E PROJETOS PRIVADOS FONTE: A autora Receitas Impostos, taxas e contribuições. Pagamentos realizados em con- trapartida de vendas de produ- tos e serviços. Beneficiários Cidadãos. Clientes. Interesses Públicos e coletivos. Privados e individuais. Controle Político. Mercado, economia e concor- rência. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE PROJETO 15 Essas são algumas das principais diferenças, o aprofundamento nas questões apresentadas tomaria um espaço maior e designaria novas fontes de conhecimento. A administração pública e os projetos públicos estão subordinados às leis e a fazer somente o que está nas leis. A administração privada e os projetos privados estão subordinados às leis, mas podem fazer tudo o que não estiver nas leis. ATENCAO A novidade está em relação às leis fundamentais, a administração pública e os projetos públicos se restringem ao que está (somente) na lei. A administração privada e projetos privados também devem seguir leis (trabalhistas, civil, ambiental), entretanto, o que não estiver prescrito lhes é facultado fazer. 16 Neste tópico, foi apresentado um pouco da história sobre o conceito de projeto e de grandes projetos. Exploraram-se as principais diferenças de projetos privados e projetos públicos para que você possa assim: • Compreender o conceito de projetos, projetos públicos e projetos privados. • Conhecer as responsabilidades de pequenos e grandes projetos públicos. • Compreender a dinâmica de programas e projetos e suas principais diferenças. • Identificar o papel da administração pública na elaboração, execução e avaliação de projetos. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Entre os vários conceitos apresentados de projeto, construa o conceito que você considera o mais adequado. 2 Quais foram as técnicas que as organizações incorporaram e que contribuíram para a história do gerenciamento de projetos? 3 Quais foram as dimensões e características dos projetos apresentadas pelos autores Cavalieri e Ribeiro? 4 Quais são as diferenças básicas entre a administração pública e a administração privada no que se refere à subordinação legislativa e receitas? Quem são os beneficiários de seus serviços? Quais são os interesses que uma e outra buscam? Como se dá seu controle? 5 Quais são as diferenças fundamentais entre projetos públicos e privados? Dê alguns exemplos diferentes dos apresentados no caderno. AUTOATIVIDADE 18 19 TÓPICO 2 O PONTO DE PARTIDA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Os projetos públicos estão inseridos em programas, portanto o objeto principal do projeto já está delineado. O projeto é um ponto de um programa e seu ponto de partida é saber o que fazer para que seu resultado agregue valores ao programa. O ponto de partida de um projeto é a necessidade de realizar alguma coisa em favor da população. Pode ser uma construção (escolas, hospitais, novas sedes de prestação de serviços etc.), treinamento de servidores, eventos sociais, culturais, enfim as modalidades de se fazer projetos públicos são inúmeras. Basta descobrir uma deficiência, uma ausência, uma necessidade de melhoria etc., qualquer necessidade para que a população tenha um ganho. Esse é o ponto de partida! É o marco zero! A ideia, a necessidade, o tema, o público, o que se precisa fazer. FIGURA 7 – BIFURCAÇÃO DE OBJETIVOS FONTE: Disponível em: <http://www.writerscafe.org/uploads/ stories/8213e2b9121b11c16d18a02e2899d724.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2012. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 20 De acordo com o poder judiciário de Rio Grande do Norte, Coordenadoria de Planejamento Estratégico, em seu Caderno Escritório de Projetos (2011), os projetos devem responder às seguintes perguntas: FIGURA 8 – DEFININDO O PROJETO FONTE: Escritório de Projetos (2011) Projetos públicos podem surgir em algumas oportunidades e a partir de necessidades: Emergenciais – projetos públicos podem surgir a partir de necessidades urgentes, ou em consequência de uma tragédia, caos, acidentes climáticos. Exemplo: recuperação de uma cidade após um furacão. Megalômanos – aqueles que acontecem a cada século, ou seja, enormes projetos de construção de alguma coisa grandiosa. Exemplo: Cristo Redentor. Rotineiros – são projetos únicos e que acontecem com muita frequência nas organizações públicas. Exemplo: curso de capacitação de funcionários. Eventuais – os projetos eventuais são aqueles que acontecem em determinadas épocas em função de algum evento. Exemplo: Olimpíadas. Para Keeling (2002, p. 25), “[...] projetos acontecem depois de reflexões e discussões para que seja definido o ponto de partida e objetivo do projeto”. Muitas vezes, o ponto de partida é a própria discussão sobre qual projeto efetuar. Um projeto é uma máquina de mudança. Ele é concebido quando se percebe a necessidade de progresso, quando provavelmente há um período de discussão, especulação, uma ‘rodada de avaliações’ dos prós e contras e ideias, sem muita ação decisiva até que o conceito assuma uma forma identificável. (KEELING, 2002, p. 25). Lück (2003, p. 49) aborda o início de um projeto pela sua elaboração que “[...] é um processo de maturação de ideias, caracterizado por observações, análises, comparações, reflexões e sistematizações”. O ponto de partida de um projeto público é a decisão inicial, é o que se vai fazer. É a avaliação das prioridades, das necessidades. Keeling (2002, p. 26) TÓPICO 2 | O PONTO DE PARTIDA 21 apresenta as principais perguntas a serem respondidas, a fim de estabelecer a base conceitual primária: 1. O que exatamente deve ser alcançado? 2. Quais resultados são importantes (necessidades), quais são desejáveis, mas não tão importantes (desejos)? 3. O que não deve ser incluído (impedimento)? 4. Como o ‘objetivo’ do projeto poderia ser mais bem alcançado?5. Quanto tempo levará para que se alcancem resultados e quando seria sensato começar? 6. Quanto custará e de onde virão recursos? 7. Que oposição poderia ser encontrada, por que e por parte de quem? Essas perguntas servem como orientadoras para verificar a base conceitual do projeto, objetivo, dimensão, tempo, limitações, recursos, enfim são perguntas orientadoras para dar o desenho aos primeiros riscos do projeto. 2 ESCRITÓRIOS DE PROJETOS O que é um escritório de projetos? De acordo com Dinsmore (2007, p. 8), é um espaço físico ou virtual para dar suporte aos projetos, “com o objetivo básico de orientar e dar suporte aos gerentes de projetos permitindo à empresa desenvolver seus projetos da forma mais eficiente e eficaz possível”. O poder judiciário de Rio Grande do Norte, Coordenadoria de Planejamento Estratégico, em seu Caderno Escritório de Projetos (2011), conceitua escritório de projetos: Trata-se de uma unidade organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob seu domínio, tendo como função primordial o assessoramento e monitoramento da elaboração, execução e controle de todos os projetos estratégicos da instituição, uma vez que os projetos são instrumentos para o alcance de objetivos e metas institucionais. E ainda discorre sobre as atribuições do escritório: Assessorar a alta administração em relação aos projetos estratégicos. Prestar apoio e assessoramento técnico às equipes de projetos. Prover treinamento e supervisão sobre a metodologia de gestão de projetos. Orientar na elaboração de documentos necessários à formalização do projeto. Acompanhar o andamento dos projetos e as requisições de mudança. Promover a melhoria contínua da gestão de projetos. Aumentar a satisfação dos cidadãos por meio da melhoria da qualidade dos serviços entregues. (ESCRITÓRIO DE PROJETOS, 2011). Dinsmore (2008) amplia essas atribuições por setores, a fim de subsidiar o projeto de forma mais específica e conforme as atividades: UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 22 Escritórios de projetos Suporte adminis- trativo ● Manutenção de cronograma. ● Produção e distribuição de relatórios. ● Manutenção de sala de reunião. ● Arquivamento de propostas, ordens de mudanças, controle de tempo, orçamentos, cronograma. ● Manutenção de histórico do projeto. ● Operação de ferramentas computacionais. Métodos e pa- drões ● Planejamento do projeto. ● Desenvolvimento de procedimentos e atividades. ● Preparação de propostas. ● Avaliação de riscos. ● Construção da Estrutura Analítica do Projeto. ● Elaboração de cronogramas e orçamentos. ● Alocação de recursos. ● Gerenciamento de contratos/suprimentos. ● Desenvolvimento de formulários-padrão. ● Fechamento do projeto. Consultoria e aconselhamento ● Suporte ao desenvolvimento de propostas. ● Resposta imediata às necessidades da organização. ● Condução de avaliação de riscos. ● Assistência na retomada de projetos. ● Aconselhamento com a alta administração. Treinamento ● Treinamento das equipes de trabalho quanto aos procedimentos a serem seguidos. ● Treinamento em gerência de projetos. ● Identificação de fornecedores. ● Apoio à área de treinamento às empresas no desenvolvimento dos cursos. Acompanhamento dos profissionais em gerência de projetos ● Apoio na contratação de profissionais necessários aos projetos. ● Avaliação das capacidades dos gerentes de projetos. QUADRO 6 – FUNÇÕES DE ESCRITÓRIO DE PROJETOS FONTE: Adaptado de: Dinsmore (2007, p. 9-10) O escritório de projetos torna-se então um local para que o projeto se centralize em espaço e ao mesmo tempo se descentralize no seu desenvolvimento. É o local de reuniões, arquivamento de documentos, de soluções de problemas etc. 3 LEI Nº 8.666 A Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 (BRASIL, 1993), que estabelece as normas gerais para licitações e contratos administrativos pertinentes a obras e serviços, exige projeto básico, projeto executivo e execução de obras e serviços e estabelece: ● Projeto básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras TÓPICO 2 | O PONTO DE PARTIDA 23 ou serviços da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução. ● Projeto executivo – o conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NOTA A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940. É o órgão responsável pela normatização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro (ABNT, 2012). De forma mais resumida pode-se entender projeto executivo como o documento técnico e amplo; e o projeto básico como aquele que define recursos e quantidades necessários, indicações técnicas, avaliação técnica sobre o impacto ambiental, avaliação de custo e método de execução. Dessa forma o projeto básico deve ter um nível de precisão tão grande que a Lei no 8.666 (BRASIL, 1993) ainda estabelece seis elementos fundamentais para a composição do projeto básico, a saber: a) Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza. b) Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem. c) Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução. d) Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução. e) Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso. f) Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados. UNI Quem afinal elabora esses projetos? UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 24 Esses projetos podem ser elaborados pela administração pública, através de seus funcionários e/ou por organizações contratadas, porque, dependendo do projeto, pode necessitar de uma elaboração mais técnica e, por não haver funcionários de carreira na área, pode haver necessidade de uma contribuição externa para a elaboração do projeto. As modalidades de licitações e contratos para a execução de obras e prestação de serviços devem seguir os preceitos da lei, de acordo com o artigo 7º da Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993): OBRAS E SERVIÇOS Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte sequência: I- projeto básico; II- projeto executivo; III- execução das obras e serviços. § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração. § 2o As obrase os serviços somente poderão ser licitados quando: I- houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório; II- existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários; III- houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; IV- o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso. § 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão, nos termos da legislação específica. § 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo. § 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. § 6o A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade dos atos ou TÓPICO 2 | O PONTO DE PARTIDA 25 4 PPA – PLANO PLURIANUAL O Plano Plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos. De acordo com a Constituição Federal, parágrafo 6º, artigo 165, “Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º” (BRASIL, 1988). O parágrafo 9º do mesmo artigo da Constituição Federal atribui (BRASIL, 1988): I- dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II- estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. O Plano Plurianual de 2012-2015, intitulado Plano Mais Brasil, tem como meta o desenvolvimento do país e também a redução da desigualdade. Desenvolveu-se a partir do cenário: contratos realizados e a responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. § 7o Não será ainda computado como valor da obra ou serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a atualização monetária das obrigações de pagamento, desde a data final de cada período de aferição até a do respectivo pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. § 8o Qualquer cidadão poderá requerer à administração pública os quantitativos das obras e preços unitários de determinada obra executada. § 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação. Os projetos públicos aqui entendidos se referem aos projetos que são exigidos para o cumprimento da lei de licitação e contratos e também em diretrizes orçamentárias estabelecidas na Constituição Federal de 1988, artigo 48, itens II e IV, principalmente (BRASIL, 1988): [...] II- plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; [...] IV- planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 26 FIGURA 9 – CENÁRIO DO PPA – PLANO MAIS BRASIL FONTE: Brasil (2011, p. 24) É nesse cenário, e aliado à vontade de construir um país moderno, igualitário e soberano, que se deve fazer planejamento para que os programas e projetos públicos solidifiquem a democracia, a confiança no Estado e promovam um país com um futuro melhor. Neste contexto, portanto, pôde-se construir o Plano Plurianual 2012-2015: É sob esse contexto que nasceu o PPA 2012-2015, o Plano Mais Brasil, estruturado a partir da dimensão estratégica que deu origem a programas nos quais estão contidos os desafios e os compromissos de governo para o futuro imediato: os próximos 4 anos. (BRASIL, 2011). O Plano Plurianual, Plano Mais Brasil, apresenta sete pilares para que a visão do futuro do Brasil seja alicerçada em valores, e esses valores serão fundamentais nas decisões mais difíceis a serem tomadas, assim: TÓPICO 2 | O PONTO DE PARTIDA 27 FIGURA 10 – PILARES DO PPA FONTE: Brasil (2011, p. 18) Delineados os valores fundamentais a serem desenvolvidos nos quatro anos de plano, os programas constituem-se em áreas temáticas (BRASIL, 2011): Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Bolsa-família. Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Segurança alimentar e nutricional. Educação básica. Educação profissional e tecnológica. Educação Superior - graduação, pós-graduação, ensino, pesquisa e extensão. Cultura: preservação, promoção e acesso. Esportes e grandes eventos esportivos. Planejamento urbano. Resíduos sólidos. Segurança pública com cidadania. Coordenação de políticas de prevenção, atenção e reinserção social de usuários de crack, álcool e outras drogas. Cidadania e justiça. Agricultura familiar. Reforma agrária e ordenamento da estrutura fundiária. Trabalho, emprego e renda. Previdência social. Políticas para as mulheres: enfrentamento à violência e autonomia. Enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial. Promoção dos direitos de crianças e adolescentes. Promoção e defesa dos direitos humanos. Promoção dos direitos de pessoas com deficiência. Autonomia e emancipação da juventude. Proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas. A partir dessas áreas temáticas é que os programas são desenvolvidos e consequentemente os projetos. DICAS Aprofunde o seu conhecimento e acompanhe no site do governo federal tudo sobre PPA: <http://bit.ly/2VsiY39>. UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 28 5 LDO – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS A Lei de Diretrizes Orçamentárias é responsável pela elaboração de orçamentos fiscais, seguridade social e investimentos das empresas estatais. Tem a finalidade de sintonizar a Lei Orçamentária Anual – LOA – com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública. A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. (BRASIL, 1988). De acordo com o parágrafo 2º, artigo 165 da Constituição Federal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (BRASIL, 2011): Compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. Orientará a elaboração da LOA. Disporá sobre as alterações na legislação tributária. Estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. O que se pode observar é que na administração pública, para se chegar a um projeto público, é preciso que haja disponibilidade orçamentária, que o projeta faça parte de um programa do PPA. 6 LOA – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL De acordo com o Tesouro Nacional (2012),a Lei Orçamentária Anual – LOA – visa a concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO. A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orçamentos da União, a saber: a) Orçamento Fiscal: os poderes da União, os Fundos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações instituídas e mantidas pela União; abrangem, também, as empresas públicas e sociedades de economia mista, pagamentos de serviços prestados, transferências para aplicação em programas de financiamento atendendo ao disposto na alínea c, inciso I do artigo 159 da Constituição Federal. b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os órgãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social, quer sejam da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previsto no inciso II, parágrafo 5º do artigo 165 da Constituição Federal, abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Para entender melhor a execução orçamentária, leia o texto conforme publicação do Tesouro Nacional (2012): TÓPICO 2 | O PONTO DE PARTIDA 29 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA Normalmente há interpretações equivocadas do que venha a ser execução orçamentária e financeira. Perfeitamente compreensível esse equívoco, pois a execução orçamentária e financeira ocorre concomitantemente. Esta afirmativa tem como sustentação o fato de que a execução tanto orçamentária como financeira estão atreladas uma a outra. Havendo orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despesa. Por outro lado, pode haver recurso financeiro, mas não se poderá gastá-lo, se não houver a disponibilidade orçamentária. Em consequência, pode-se definir execução orçamentária como sendo a utilização dos créditos consignados no Orçamento ou Lei Orçamentária Anual – LOA. Já a execução financeira, por sua vez, representa a utilização de recursos financeiros, visando atender à realização dos projetos e/ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias pelo Orçamento. Na técnica orçamentária inclusive é habitual se fazer a distinção entre as palavras CRÉDITO e RECURSOS. Reserva-se o termo CRÉDITO para designar o lado orçamentário e RECURSOS para o lado financeiro. Crédito e Recurso são duas faces de uma mesma moeda. O CRÉDITO é orçamentário, dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização. O RECURSO é financeiro, portanto, dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária. Todo o processo orçamentário tem sua obrigatoriedade estabelecida na Constituição Federal, art.165, que determina a necessidade do planejamento das ações de governo por meio do(a): • Plano Plurianual de Investimentos – PPA. • Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. • Lei Orçamentária Anual – LOA. Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução orçamentária e de programação financeira da União estabelecida para o exercício, e lançadas as informações orçamentárias, fornecidas pela Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI, por intermédio da geração automática do documento Nota de Dotação – ND – cria-se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da execução orçamentária propriamente dita. Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas públicas nele previstas e só essas, uma vez que, para que qualquer utilização de recursos públicos seja efetuada, a primeira condição é que esse gasto tenha sido legal e oficialmente previsto e autorizado pelo Congresso Nacional e que sejam seguidos à risca os três estágios da execução das despesas previstos na Lei nº 4.320/64: empenho, liquidação e pagamento – atualmente se encontra em aplicação a sistemática do pré-empenho antecedendo esses estágios, já que, após o recebimento do crédito orçamentário e antes do seu comprometimento para a realização da despesa, existe uma fase geralmente demorada de licitação obrigatória com fornecedores de bens e serviços que impõem a necessidade de se assegurar o crédito até o término do processo licitatório. Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa e pode ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade competente que cria UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 30 para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não, de implemento de condição. Esse primeiro estágio é efetuado no SIAFI utilizando-se o Documento Nota de Empenho – NE –, através de transação específica denominada NE, que se destina a registrar o comprometimento de despesa orçamentária, obedecidos os limites estritamente legais, bem como os casos em que se faça necessário o reforço ou a anulação desse compromisso. Não se deve confundir, entretanto, empenho da despesa com nota de empenho; esta, na verdade, é a materialização daquele, embora, no dia a dia haja a junção dos dois procedimentos em um único. Todavia, ocorre que estando a despesa legalmente empenhada, nem assim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma vez que o implemento de condição poderá estar concluído ou não. Seria um absurdo se assim não fosse, pois a Lei no 4.320/64 determina que o pagamento de qualquer despesa pública, seja ela de que importância for, passe pelo crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da execução da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou a entrega dos bens, ou ainda a realização da obra, evitando, dessa forma, o pagamento sem o implemento de condição. Assim, o segundo estágio da despesa pública é a liquidação, que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho. Esse estágio tem por finalidade reconhecer ou apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância exata a pagar e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação e é efetuado no SIAFI pelo documento Nota de Lançamento – NL. Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Ao fazer a entrega do material ou a prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatura ou conta correspondente, acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebimento do material ou a prestação do serviço correspondente, no verso da nota fiscal, fatura ou conta. O último estágio da despesa é o pagamento e consiste na entrega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem Bancária – OB –, que deve ter como favorecido o credor do empenho. Este pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito em conta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financeiro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil S/A. Se houver importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos órgãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante crédito à conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser restituído por DARF ao Tesouro Nacional. 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Este tópico abordou o ponto de partida de um projeto e o marco zero, para que a elaboração, a execução e o controle estejam em conformidade com os princípios da administração pública e das leis. Dessa forma você pôde: • Identificar o ponto de partida de um projeto público. • Compreender o que são escritórios de projetos. • Conhecer os preceitos da Lei no 8.666de 1991. • Compreender projetos perante a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual e também o Plano Plurianual. 32 AUTOATIVIDADE 1 De acordo com Keeling (2002), quais são as principais indagações para que o projeto tenha seu ponto de partida? 2 O que é um escritório de projetos? 3 Defina projeto básico de acordo com a Lei no 8.666/93. 4 Defina projeto executivo de acordo com a Lei no 8.666/93. 5 Quais são os sete pilares para o Plano Plurianual, Plano Mais Brasil, em relação à visão do futuro do Brasil? 33 TÓPICO 3 PLANEJAMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Na Administração Científica, Frederick Taylor apresentou quatro princípios para a administração: planejamento, preparo, controle e execução (CHIAVENATO, 2003), que, na época, significava: Princípio de planejamento – substituir os critérios individuais, as questões empíricas por procedimentos científicos. “Substituir a improvisação pela ciência através do planejamento do método do trabalho” (CHIAVENATO, 2003, p. 64). Princípio de preparo – selecionar, preparar, treinar os recursos humanos para que a produção seja mais eficiente e eficaz. Dispor racionalmente de equipamentos para que o arranjo físico seja bem aproveitado. Princípio do controle – o controle é um método para verificar que o trabalho está sendo desenvolvido conforme os procedimentos estabelecidos. Princípio da execução – “[...] distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada” (CHIAVENATO, 2003, p. 64). Hoje, consideram-se as seguintes funções básicas da administração: planejamento, organização, controle e execução. E numa visão mais moderna, a cientificidade talvez não seja tão valorizada a ponto de robotizar as ações dos trabalhadores. Contudo, os princípios são os mesmos, com o mesmo rigor, assim visualizados para o desenvolvimento de projetos: Planejar – para determinar o foco, objetivos e aonde se quer chegar. Organizar – para estipular os caminhos mais curtos, procedimentos, métodos e áreas de conhecimento para o desenvolvimento do projeto. Controle – o controle permite que se estabeleça acompanhamento de tempo, custos e se o desenvolvimento do projeto está acontecendo conforme o planejamento. E também permite realizar ajustes e mudanças. 34 UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS Execução – a execução é o trabalho propriamente dito, são as escolhas de pessoal e equipamentos para que o projeto seja realizado com o sucesso que se espera. Dessa forma, o planejamento é a função primordial, é o princípio básico para iniciar um projeto, trabalho, é o procedimento que determina: o que se quer, como fazer e aonde se quer chegar. Como define Chiavenato (2003, p. 183), “[...] é a primeira das funções administrativas e que determina antecipadamente quais são os objetivos que devem ser atingidos e o que se deve fazer para alcançá-los”. Planejar é elaborar um plano, é projetar. Planejar é traçar os caminhos para atingir o objetivo. Na vida pessoal é preciso planejar para adquirir algo, ou para realizar o sonho de uma viagem, ou projetar o futuro dos filhos. Enfim, planejar é importante porque determina o foco, encurta caminhos, envolve pessoas, conquista resultados. Sem planejamento muitas coisas podem dar errado, esforços podem ser jogados fora, atividades e processos podem ser em vão. O planejamento dá a visão de como e aonde se quer chegar. FIGURA 11 – PLANEJAMENTO É FUNDAMENTAL FONTE: Disponível em: <http://recantodacronica.blogspot.com.br/2010/12/planejamento-e- fundamental-imagens.html>. Acesso em: 20 jun. 2012. O planejamento faz parte do ponto de partida e é responsável na elaboração de como atingir os objetivos e por qual caminho. Sobral e Peci (2008, p. 132) apresentam o conceito de planejamento: TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO 35 FIGURA 12 – PLANEJAMENTO FONTE: Sobral; Peci (2008, p. 133) Robbins (2000, p. 116) afirma que: Planejamento compreende a definição das metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangentes para integrar e coordenar. Diz respeito, portanto, aos fins (o que será feito) e também aos meios (como será feito). Através desse conceito percebe-se que a questão da estratégia torna-se um elemento forte para agregar valor ao planejamento. A estratégia se diferencia do operacional, no sentido de que a primeira se refere aos objetivos globais e o segundo como esses objetivos podem ser alcançados. 2 A HIERARQUIA DO PLANEJAMENTO O estudo da administração e das organizações apresenta hierarquia de planejamento para as necessidades da organização, seja para as operações ou projetos. Nesse sentido há três níveis de planejamento: 1 Planejamento estratégico: de longo prazo, envolve toda organização, é definido pela alta administração. 2 Planejamento tático: de médio prazo, envolve cada departamento, ou unidade da organização, é definido pelo nível intermediário da organização. O planejamento é a função da administração responsável pela definição dos objetivos da organização e pela concepção de planos que integram e coordenam suas atividades. O planejamento tem a dupla atribuição de definir o que deve ser feito – objetivos – e como deve ser feito – planos. Observe a figura a seguir: UNIDADE 1 | DEFINIÇÃO DE PROJETOS 36 3 Planejamento operacional: trata-se de metas específicas para resultados imediatos, é definido no nível operacional, para cada tarefa ou atividade. Na verdade a hierarquia de planejamento auxilia na tomada de decisões quanto às áreas de conhecimento que, para os projetos públicos, são importantes porque podem auxiliar na determinação do tempo e do conhecimento específico para cada atividade do projeto. Mas como ressaltam Clemente e Fernandes (2002, p. 24), o planejamento, independente da hierarquia funcional, é necessário para atingir o objetivo, a hierarquia é organização funcional: “Dessa forma, o planejamento passou a ser executado em todos os níveis, definindo projetos estratégicos ou não, os quais se complementam no esforço da corporação para atingir seus objetivos”. O que podemos tirar de exemplo disso? É muito comum nos projetos públicos, na tomada de decisões, não haver a participação de diferentes áreas de conhecimento. Veja alguns exemplos: Projeto Público Como foi feito O que faltou Construção de uma esco- la Planejado por engenhei- ros e arquitetos. A participação de profis- sionais da educação para sinalizar as necessidades de uma escola em con- formidade com as leis específicas da educação. Construção de um hospi- tal Planejado por engenhei- ros e arquitetos. A participação de pro- fissionais da saúde para sinalizar as necessidades de um hospital em con- formidade com as leis es- pecíficas da saúde. Implantação de praças com academia ao ar livre Planejado por profissio- nais da gestão pública. A participação de profis- sionais da Educação Físi- ca para a implantação e continuidade do uso de equipamentos pelos ci- dadãos. QUADRO 7 – PLANEJAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS FONTE: A autora TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO 37 Esses exemplos são meramente ilustrativos, embora possam ser realidades em alguns dos projetos públicos efetuados na gestão pública de quaisquer das esferas: municipal, estadual ou federal. Os exemplos apresentados servem para promover a reflexão sobre a importância de as áreas de conhecimento participarem efetivamente no planejamento de um projeto. 3 PLANEJAMENTO DE UM PROJETO O Guia PMBOK (2008) apresenta as ações para o planejamento de um projeto, pelas seguintes etapas: Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto – é o processo de documentação das ações de modo que fique claro como o projeto será
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