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GUIA DE ESTUDO UNIDADE I Seleção, Treinamento e Dinâmica de Grupo 1 UNIDADE I AS ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS E A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Palavras do Professor Olá, aluno (a)! Vamos iniciar nossos estudos da primeira unidade tratando dos conceitos de organização, apresentando-o como sistema social e detalhando as principais teorias sociológicas das organizações. Além disso, abordaremos a evolução da gestão de pessoas e como o processo de recrutamento, seleção e planejamento na área de recursos humanos podem contribuir com desenvolvimento e sustentabilidade das empresas e negócios. O assunto é muito interessante e essencial na sua vida profissional! Conto com sua companhia nesta primeira unidade, assim como em todas as demais que vem pela frente! Peço que ao final da leitura deste guia e também do seu livro texto (eles se complementam), você realize a atividade solicitada no ambiente! Caso sinta alguma dificuldade, ou surja alguma dúvida, entre em contato imediatamente com seu tutor. É fundamental o entendimento completo dos assuntos abordados, ok? Podemos ir em frente? Então, vamos lá! 2 AS ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS SOCIAIS: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS GERAIS Atualmente, podemos constatar a presença da “organização” em todos os aspectos da nossa sociedade. Como lembra o autor Golias Silva, os primeiros caminhos para seu estabelecimento vieram através dos agrupamentos humanos, que emanaram a necessidade da organização militar (para garantir a sobrevivência do grupo) e da organização religiosa (para garantir apoio aos deuses). Com o passar do tempo, surgiram as organizações governamentais, sendo responsáveis pelas divisões de tarefas, atribuições e voltadas à gestão pública. Desta forma, ainda segundo o autor, a organização estará presente onde houver agrupamento humano e, portanto, o homem está vinculado as mais diversas organizações, que chegam até ele para satisfazer todas as necessidades de seu cotidiano. Mas, afinal, o que é organização? De acordo com o autor Maximiano, uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Segundo Giddnes, ela é um grupo amplo de pessoas e constituído para atingir objetivos específicos; e pode ser ainda entendida como uma forma de comunidade humana que, através da capacidade de comunicação e colaboração dos homens, busca-se realizar um objetivo. Dica! Segundo o dicionário Michaelis, organização é: 1 Ato ou efeito de organizar. 2 Estado do que se acha organizado. 3 Disposição de alguma coisa para poder funcionar. 4 Modo como um ser vivo é organizado. 5 Estrutura ou conformação das diferentes partes do corpo. 6 Disposição e constituição física do corpo humano; organismo. 7 Constituição moral ou intelectual. 8 Constituição de um estabelecimento público ou particular. 9 Estudo dos elementos e condições da constituição e funcionamento das empresas e serviços públicos; arte ou ciência da organização. Do aspecto social, organização é “sistema de relações entre os membros de um grupo ou entre os grupos de uma sociedade, relações essas que envolvem obrigações e compensações recíprocas, obedecendo a padrões socialmente aprovados. ” E do ponto de vista empresarial, é “conjunto de formas sistemáticas de cooperação humana para a produção e o intercâmbio de bens econômicos”. 3 Guarde essa ideia! É importante destacar que as organizações não são estáticas (podendo sofrer mudanças), se diferem uma da outra, são redefiníveis e sua existência pode ser longa ou curta, o que torna por vezes indefinida sua relativa continuidade no tempo. Desta forma, na atualidade, as organizações estão presentes em todas as áreas e aqui vamos dar atenção a Organização Empresarial. Esta se difere em alguns aspectos quando comparada as organizações militares, religiosas, da administração pública ou do terceiro setor, por exemplo. A principal diferença se dá pelo próprio objetivo a que se propõe, ou seja, obter um retorno financeiro sobre o investimento empregado. Para tanto, se estabelece divisão de trabalhos e responsabilidades, estruturação hierárquica, e se necessário, substituição de indivíduos da organização por outros. Assim, podemos definir essa organização como sendo aquelas que objetivam o lucro na produção e/ ou comercialização de bens e serviços, capazes de serem classificadas de acordo com o seu tamanho, natureza jurídica e área de atuação. Podem ser criadas com recursos próprios e/ou de recursos de terceiros e o retorno financeiro é distribuído aos sócios e o restante é mantido como reservas de lucros para a empresa, segundo os autores Maximiano e Carvalho. Fonte: Silva (2010). 4 Fonte: Baseado em Carvalho (2008) e Londero (2009). Algumas abordagens sociológicas nas organizações Ao longo dos anos, diversos autores deram grandes contribuições para a abordagem sociológica nas organizações. A seguir apresentamos um pouco desses pensamentos. Fique Ligado! Sociologia é entendida como a ciência que estuda, de modo metódico e sistemático, as relações que se sucedem nesses aglomerados humanos que chamamos de sociedade. De certo modo, a Sociologia pretende observar com espírito científico os fatos produzidos pelos homens em sociedade e, a partir dessas observações, buscar explicações sobre sua origem, seu desenvolvimento e seus efeitos, podendo constituir-se em uma ferramenta, em um instrumento de intervenção social (SILVA, 2010, p. 16). Portanto, a Sociologia busca compreender as organizações e sua influência na sociedade, estuda as interações humanas e suas organizações e processos. Surgindo, assim, em uma época na qual mudanças foram impostas pela industrialização e propusera analisar essa nova realidade e seus problemas ??? 5 Imagem: Auguste Comte (1789-1857) Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/auguste-comte.jpg Auguste Comte, em meio ao desenvolvimento industrial europeu no século XIX, estudou a sociedade a partir da análise de seus processos e estruturas e identificou dois movimentos vitais, o dinâmico e o estático. Segundo os autores Gama e Paula, o primeiro representava a passagem para formas mais complexas de existência, com a industrialização, e o segundo representava a preservação dos elementos permanentes da organização social, como religião, linguagem, direito e outros. Você sabia? De acordo com o autor Quintaneiro, Comte foi o responsável pelo surgimento do termo Sociologia, tratando pela primeira vez da Física Social, e sendo o grande divulgador do método positivo de conhecimento das sociedades, o positivismo. Imagem: Herbert Spencer (1820 – 1903) Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/herbert-spencer.jpg Quintaneiro ainda nos lembra que nessa época, o sociólogo inglês Herbert Spencer foi responsável por difundir o darwinismo social, isto é, a teoria do evolucionismo biológico aplicada à compreensão dos fenômenos e, particularmente, das desigualdades sociais. ??? http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/auguste-comte.jpg 6 Imagem: Émile Durkheim Fonte: http://4.bp.blogspot.com Em seguida, Émile Durkheim defendia a ideia de que a Sociologia deveria ter como objeto de estudo os “fatos sociais” ou “fenômenos sociais”, analisando os aspectos da vida em sociedade que modelam as ações dos indivíduos. Além disso, para ele, a Sociologia deveria comparar as diversas sociedades e defendia que a consciência coletiva revelava o tipo psíquico da sociedade, representando a forma moral vigente nesta. Imagem: Max Weber Fonte: http://newlearningonline.com/_uploads/max_weber.png Já para Max Weber (segundo Quintaneiro), a Sociologia é a ciência “que pretende entender, interpretando-a, a ação social para, dessa maneira, explicá-la causalmente em seu desenvolvimento e efeitos”, sendo ação entendida como toda conduta humana dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta essa ação. Assim, seu objeto de estudo deveria sero indivíduo, uma vez que é nele que surgem os acontecimentos que influenciam a sociedade. Weber, segundo Gama e Paula, ainda considerava que pesquisa histórica era essencial para a compreensão das sociedades, permitindo o entendimento das diferenças sociais, assim sendo, o caráter particular e específico de cada formação social e histórica deveria ser respeitado. Por fim, para ele o termo burocracia é empregado para explicar um modelo organizacional considerado por ele como ideal, porque é racional e eficiente pela existência de regras claras que devem ser seguidas, não dando margens às variações e instabilidades do ser humano. http://4.bp.blogspot.com/-CI-5FToGTGY/UiSgcft-UKI/AAAAAAAAH24/Vw48xfxOC1o/s1600/Unknown.jpg http://newlearningonline.com/_uploads/max_weber.png 7 Para Resumir: Assim, a partir de estudos de Weber, Henri Fayol e Frederick Taylor, é que surge a Teoria da Administração. Imagem: Max Weber (1864-1920) Sociólogo e economista alemão. Escreveu o livro “A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e é considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Imagem: Henri Fayol (1841-1925) Francês, autor de “Administration Industrielle ET Générale”, foi dos primeiros a analisar a natureza da atividade empresarial. Imagem: Frederick Taylor (1856-1915) Engenheiro norte-americano Autor de “Principles do Scientific Management”, introduziu o conceito da chamada Administração Científica. TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO A teoria da administração, então, desponta no início do século XX, época em que houve um crescimento desorganizado das empresas e carência de mão de obra especializada. E didaticamente é dividida aqui de acordo com os aspectos mais enfatizados pelos autores da época: ü Ênfase nas tarefas. ü Ênfase na estrutura. ü Ênfase nas pessoas. 8 Representando as teorias da: ü Administração Científica. ü Clássica. ü Humanista. § Ênfase nas tarefas Frederick Winslow Taylor iniciou a chamada Escola da Administração Científica, preocupada em aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho do operário, por isso o foco nas tarefas, uma vez que as tarefas do cargo e o ocupante constituem a unidade fundamental da organização. Assim, segundo Chiavenato, dava-se atenção ao método de trabalho, as atividades necessárias à execução de uma tarefa e o tempo para sua realização. Além disso, a abordagem era de baixo para cima, ou seja, do operário para o supervisor e das partes, composta pelo operário e seus cargos para o todo, que era a organização empresarial. Neste sentido, a teoria da administração científica buscava determinar cientificamente os melhores métodos para realização de qualquer tarefa. Em seu livro “Princípios de Administração Científica”, de 1911, Taylor apresentava quatro princípios fundamentais da administração científica. São eles: 1. O princípio de planejamento, que representa a substituição de métodos empíricos por procedimentos científicos, no qual o trabalho deve ser planejado e testado. 2. O princípio de preparo dos trabalhadores, em que a seleção dos operários deve ser de acordo com as suas aptidões e então deve-se prepará-los e treiná-los para melhorar sua produtividade. 3. O princípio de controle, que diz respeito ao monitoramento do desenvolvimento do trabalho e a verificação de sua realização em consonância com a metodologia estabelecida. 4. O princípio da execução, no qual deve distribuir as atribuições e responsabilidades para que o trabalho seja o mais disciplinado possível. § Ênfase na estrutura Henri Fayol desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização de suas inter-relações estruturais e da aplicação de princípios gerais da Administração em bases científicas. Dava-se atenção, então, para a estrutura organizacional e a departamentalização, buscando a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de um chefe principal. Assim, ainda segundo Chiavenato, a abordagem era de cima para baixo, ou seja, da direção para a execução, e do todo (organização) para as suas partes componentes. Neste contexto, ao passo em que Taylor interessava-se pelas funções organizacionais, Fayol estudava a organização como um todo e estabeleceu seis funções básicas que ele considera essenciais as empresas. 9 Segundo Chiavenato, são estas: 1. Técnicas (produção de bens ou serviços da empresa). 2. Comerciais (compra, venda e troca de bens). 3. Financeiras (procura e gerenciamento de capitais). 4. Segurança (proteção e preservação de bens). 5. Contábeis (inventários, registros, balanços, custos e estatísticas). 6. Administrativas (considerada por ele a mais importante). Fayol estabeleceu, ainda, 14 princípios que, na sua visão, norteavam o processo administrativo. Com base em Rossés, são estes: 1. Divisão do trabalho: especialização das pessoas para melhorar a eficiência com que realizarão o seu trabalho. 2. Autoridade: os administradores devem dar ordens. E tendo autoridade pessoal, induzirão a obediência. 3. Disciplina: respeito às regras e às normas de conduta e de trabalho. 4. Unidade de comando: cada empregado deve receber instruções de apenas um superior, evitando a geração de instruções conflitantes e confusões de autoridade. 5. Unidade de direção: atividades/áreas com mesmo objetivo devem ser dirigidas apenas por um administrador, aplicando um único plano. 6. Subordinação do interesse individual ao bem comum: os interesses gerais da organização devem prevalecer aos interesses individuais. 7. Remuneração: deve garantir a satisfação dos empregados e dos empregadores. 8. Centralização: centralização das atividades cruciais e, ao mesmo tempo, dar aos subordinados autoridade suficiente para que realizem seus trabalhos. 9. Hierarquia: a linha de autoridade numa organização (escalão mais alto ao mais baixo). 10. Ordem: cada material e profissional deve estar no seu devido lugar. 11. Equidade: administradores devem ser justos e benevolentes para com seus subordinados. 12. Estabilidade de pessoal: alta taxa de rotatividade dos empregados é prejudicial à organização. 13. Iniciativa: liberdade de conceber e concretizar planos. 14. Espírito de equipe: trabalho em conjunto e espírito de equipe dão sentido de unidade à organização. 10 § Ênfase nas pessoas A Abordagem Humanística faz com que a preocupação com a máquina e com o método de trabalho (a ênfase na tarefa, da Administração Científica) e a preocupação com a organização formal e os princípios de Administração (ênfase na estrutura, da Teoria Clássica) cedam prioridade para a preocupação com as pessoas e os grupos sociais, portanto, ênfase nas pessoas. Surge, assim, a Teoria das Relações Humanas (ou Escola Humanística da Administração) nos Estados Unidos, a partir da década de 1930, com influência de Elton Mayo. Segundo Rossés, a abordagem humanista surgiu pelo fato de que a abordagem clássica não proporcionou suficiente eficiência de produção e harmonia no local de trabalho e também em decorrência da depressão criada na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929. Assim, segundo este autor, passou- se a ter interesse nos grupos sociais, nas comunicações, na motivação, na liderança, nas abordagens participativas e na preocupação com a satisfação no trabalho, fazendo com que o trabalhador, antes tratado de forma muito mecânica, fosse visto pelo lado humano. Ainda de acordo com Chiavenato, a experiência de Hawthorne contribuiu para a concepção dos princípios básicos da Escola das Relações Humanas, e suas conclusões trouxeram os seguintes resultados: § Em contraponto a Teoria Clássica, que correlaciona o nível de produção a capacidade física ou fisiológica do empregado, concluiu-se que o nível de produção é determinado pelas normas sociais e expectativas grupais. § Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos. § O comportamento dos trabalhadores está condicionado anormas e padrões sociais. § A estrutura dos grupos informais, que constituem a organização humana da empresa, nem sempre coincide com a organização formal da empresa. § As pessoas participam de grupos sociais dentro da organização e mantêm-se em uma constante interação social. § A especialização não é a maneira mais eficiente de divisão do trabalho. § Os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Veja o vídeo! A Experiência de Hawthorne tem papel importante na abordagem humanística e explica a contribuição de Elton Mayo nessa área. Então, sugiro que pesquise o tema e assista ao vídeo (duração de 9 minutos e 32 segundos), no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=-HqmFGQT8Bc https://www.youtube.com/watch?v=-HqmFGQT8Bc 11 Entretanto, Rossés afirma que a abordagem humanista da administração, embora tenha contribuindo significativamente para os estudos organizacionais, sofreu algumas críticas, que incluem: ü Visão inadequada dos problemas de relações industriais. ü Os industriais consideravam as conclusões de Mayo inaplicáveis. ü Psicólogos consideravam as conclusões de Mayo óbvias. ü Limitação no campo experimental. ü Concessão ingênua e romântica do operário. Com isso, ainda segundo este autor, a abordagem das relações humanas precisou de uma reestruturação que deu origem à abordagem ou teoria comportamental. Guarde essa ideia! ENTENDENDO MELHOR. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO: conjunto orgânico e integrado de teorias, hipóteses, conceitos e ideias a respeito da Administração como ciência, técnica ou arte. ÊNFASE NAS TAREFAS: é o foco das teorias que consideram a Administração uma ciência aplicada na racionalização e no planejamento das atividades operacionais, como no caso da Administração Científica. ÊNFASE NA ESTRUTURA: é o foco das teorias que consideram a Administração uma ciência que cuida da configuração e da estruturação das organizações, como nos casos da Teoria Clássica e da Teoria da Burocracia. ÊNFASE NAS PESSOAS: é o foco das teorias que consideram a Administração uma ciência aplicada sobre as pessoas e suas atividades dentro das organizações, como nos casos da Teoria das Relações Humanas e da Teoria Comportamental. ORGANIZAÇÃO: entidade social composta de pessoas e de recursos, deliberadamente estruturada e orientada para alcançar um objetivo comum. Fonte: Chiavenato, 2003, p.23. 12 ÊNFASE TEORIAS ADMINISTRATIVAS NAS TAREFAS Administração Científica NA ESTRUTURA Teoria Clássica e Neoclássica Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista NAS PESSOAS Teoria das Relações Humanas Teoria do Comportamento Organizacional Teoria do Desenvolvimento Organizacional NO AMBIENTE Teoria Estruturalista Teoria de Contingência NA TECNOLOGIA Teoria de Contingência NA COMPETITIVIDADE Novas abordagens na Administração Fonte: CHIAVENATO, 2003. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS Planejar significa criar um esquema para agir. Também significa elaborar esquema para alcançar algo que se deseja, contrapondo-se à improvisação. Na gestão empresarial, planejamento consiste num processo de tomada de decisões pré-estabelecidas e interdependentes, no qual a empresa procura alcançar um futuro desejado. Para realizar um planejamento adequado, é necessário determinar objetivos específicos e mensuráveis, com prazos finais realistas e alcançáveis. A definição dos objetivos torna-se importante por proporcionar um senso de direção, focalizar os esforços, guiar os planos e as decisões e ajudar a avaliar o progresso. Na concepção do autor Valadares, o planejamento estratégico é considerado uma ferramenta moderna de gestão empresarial que, baseando-se em conceitos e atitudes em que a empresa acredita, torna o ato de planejar uma forma inteligente de escolher uma sequência de ações futuras para a empresa, na procura de seus objetivos maiores. 13 Assim, o processo de planejamento estratégico é definido como uma análise racional das oportunidades oferecidas pelo meio, dos pontos fortes e fracos da empresa e da escolha de um modo de compatibilização (estratégia) entre os dois extremos. Compatibilização, esta, que deveria satisfazer do melhor modo possível aos objetivos da empresa. Corroborando isso, segundo o autor Vasconcelos Filho, administrar estrategicamente é permear, em todos os níveis de organização, a consciência de que a empresa deve viver em função de um pensamento maior, estratégico, e não em função de negócios isolados, de oportunidades. Ele ganhou forças quando o avanço da competição no mercado impôs a necessidade do executivo à frente da empresa de adotar uma postura estratégica. E, de acordo com Terence, diante deste novo contexto, novos instrumentos de gestão foram desenvolvidos, como as primeiras ferramentas de planejamento empresarial. Com essa percepção da necessidade de se alterar a maneira de dirigir uma empresa, em função de mudanças no seu ambiente, surgiu o planejamento estratégico, e mais recentemente os administradores visualizaram que a abordagem estratégica deveria ter uma abrangência maior na organização, não se atendo apenas à função do Planejamento, mas englobar as outras funções, como: organizar, dirigir e controlar, também a nível estratégico, de forma que procurasse a capacitação da empresa. Esta nova dimensão os administradores chamaram de Administração Estratégica. Na administração estratégica, busca-se que todas as áreas da empresa procurem a eficácia da organização como um todo e, para que isto aconteça, é necessário que a estratégia esteja presente em todas as áreas e não apenas na administração central ou em áreas operacionais, mas também em áreas de apoio, como é o caso da área de Recursos Humanos. Hierarquia do planejamento nas organizações. Fonte: adaptado de DAFT (1999 apud TERENCE, 2002). 14 Um fator de grande importância, para o sucesso da gestão estratégica, é o processo de implementação de estratégias. Ao elaborar uma análise do processo de implementação, o autor Jick afirma que a articulação da visão representa 10% do trabalho, e sua implementação 90%. Embora Gray já tivesse afirmado que o insucesso do planejamento estratégico ocorre quando existem falhas no seu processo de implementação, o problema persiste, mesmo que esteja recebendo uma atenção maior. Veja o vídeo! Assista ao vídeo abaixo e entenda um pouco sobre “PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ERROS E ACERTOS”. O vídeo tem a duração de 1 hora e 6 minutos. Link: https://www.youtube.com/watch?v=hYNlhLcy0iA A maioria das organizações procura usar algum tipo de planejamento estratégico, dentro do qual se definem objetivos e metas a serem atingidos. As estratégias definidas para tanto, porém, encontram barreiras e dificuldades na fase de implementação (segundo Fischmann), e mesmo o seu controle exige sistemas que possam permitir a eficácia e efetividade de se tomar medidas de ajuste ou que gerem mudanças de sentido e direção pela Alta Administração, dentro de um período de tempo adequado para aproveitar oportunidades ou para evitar perdas empresariais. Leitura complementar A Endeavor Brasil apresenta um artigo sobre “Planejamento estratégico: como e por onde começar”. Acesse o link: https://endeavor.org.br/planejamento-estrategico-como-fazer-e-por-onde-comecar/ Segundo Alday, a Administração Estratégica envolve um processo ou uma série de etapas que incluem: § Execução de uma análise do ambiente: tem início com a análise do ambiente, isto é, com o processo de monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. § Estabelecimento de uma diretriz organizacional: é a determinação da meta da Organização. Há dois indicadores principais de direção para os quais uma organização é levada: a missão e os objetivos organizacionais. A missão organizacional é a finalidade de uma organização ou a razão de sua existência. Os objetivos são as metas das organizações.§ Formulação de uma estratégia organizacional: esta é definida como um curso de ação com vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos. Formular estratégias é projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais. § Implementação da estratégia organizacional: Colocam-se em ação as estratégias desenvolvidas. § Controle estratégico: se concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica no sentido de melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado. https://www.youtube.com/watch?v=hYNlhLcy0iA 15 Saiba mais! Como fazer um planejamento estratégico Nas grandes empresas, é quase obrigatório apresentar aos clientes e fornecedores um planejamento estratégico, com informações sobre a missão, os valores, a estratégia e a visão. Em pequenos e médios negócios, esse planejamento também pode ajudar a definir o que pode ser feito para melhorar a empresa. Em palestra no 2º Curso Exame PME, realizado em São Paulo, nos dias 4 e 5 de abril, Marcelo Nakagawa, professor da FIA e FGV, voluntário da Endeavor e consultor de empreendedorismo e inovação, disse que os empreendedores não devem deixar esta questão de lado, mas não podem se prender muito a este instrumento. “Muitas empresas não surgiriam se dependessem de um plano formal, já que em negócios muito inovadores o empreendedor não tem informação suficiente para fazer o planejamento”, alertou o especialista. Segundo Nakagawa, o planejamento estratégico, que define como a empresa quer crescer, não é um documento preciso, exato ou engessado. “Não há certo ou errado na hora de fazer. O empreendedor deve levar em conta aquilo em que acredita”, explica. Passo a passo Com uma ideia em mente, é hora de analisar o seu projeto para identificar uma oportunidade de crescimento. É importante ter uma estratégia clara e precisa para seguir em frente com o planejamento. “A programação da estratégia inclui codificar, elaborar e converter essas ideias”, diz. Com isso em mãos e o plano de negócios bem feito, fica mais fácil alcançar os objetivos da empresa, segundo o professor. 16 Para as empresas muito iniciantes, falar de missão ou valores pode ser mais difícil e o empreendedor fica com o óbvio. “Uma lógica que funciona para a maior parte das coisas é a de que se está difícil, provavelmente está errado”, opina. A dica é fazer algo que as pessoas consigam entender e colocar em prática. “Comece escrevendo quais tarefas serão necessárias para colocar em prática as ações que vão te fazer atingir a meta principal”, explica. Outra sugestão é usar o método do guardanapo. “Desenhe em um pedaço de papel o que a sua empresa faz. Se você não conseguir se fazer entender dessa forma, não adianta partir para um plano de negócios com trinta páginas”, diz. Um terceiro método consiste em dividir o negócio em nove partes: parceiros, atividades, recursos, proposta de valor, relacionamento com o consumidor, canais, clientes, custos e receitas. “Faça isso levando em conta a situação da sua empresa hoje, daqui 3 e 5 anos. Assim, você consegue visualizar um pouco como o negócio está evoluindo”, sugere. O momento ideal para elaborar o planejamento é quando a empresa passa a fase startup e o empresário está disposto a ter uma gestão cada vez mais profissional. “O planejamento precisa ser algo gerenciável. Se você não consegue fazer isso, vira blábláblá”, alerta o professor. Nakagawa destaca ainda a importância de desenvolver um plano de negócios de acordo com o que sua empresa projeta para os próximos anos. “Não existe um modelo de plano de negócios. Ele deve ser escrito de acordo com o seu objetivo”, afirma. MATÉRIA RETIRADA DO SITE DA REVISTA EXAME, DE04-04-2011: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/como-fazer-um-planejamento-estrategico A gestão estratégica no contexto de recursos humanos Vivemos na sociedade do conhecimento, onde o talento humano e suas capacidades são vistos como fatores competitivos no mercado de trabalho globalizado. Porém esse talento e essa capacidade têm que ser vista com outros olhos, olhos de colaboradores e não de concorrentes. Necessitamos assim resgatar o papel do ser humano na organização, a fim de torná-los competentes para atuar em suas atividades como colaboradores. Chiavenato afirma que é com este cenário que as organizações devem ter a visão de que o Capital Humano será seu grande diferencial. Segundo o autor Huselidet, ao falar-se de gestão estratégica de recursos humanos referimo-nos à “concessão e à implementação de um conjunto de políticas internamente consistentes, que garantem que o capital humano da empresa contribua para alcançar os objetivos do negócio”. Para Dyer, à medida que o capital e a tecnologia se tornam disponíveis em qualquer parte do mundo, as organizações procuram as fontes de vantagem competitiva nas próprias capacidades organizacionais e mais especificamente para a gestão estratégica dos seus recursos humanos. http://exame.abril.com.br/pme/noticias/como-fazer-um-planejamento-estrategico 17 “Você poderia tirar de mim as minhas fábricas, queimar os meus prédios, mas, se me der o meu pessoal, eu construirei, outra vez, todos os meus negócios”. Henry Ford A boa gestão de pessoa possibilita o alcance e a manutenção de resultados e até a perpetuação de uma organização. Para que se tenha uma boa gestão de pessoas, algumas dicas são válidas: § Buscar conhecer mais as pessoas de sua equipe, como elas são, o que as motiva e as desafiam. § Comportamento de respeito com os membros da equipe. § Valorizar o trabalho bem feito. § Ficar atento não somente com a comunicação verbal, mas principalmente com o não verbal, como entoação de voz e comportamentos. § Trabalhar para manter um ambiente de confiança e transparência. § Criar a cultura do feedback. § Colocar-se à disposição para ajudar seu colaborador. § Acompanhar os resultados. § Valorizar os progressos. Leitura complementar Entenda um pouco sobre feedback nesta publicação da revista exame em 11/06/2015: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/por-que-o-feedback-e-essencial-para-gestao-de-uma-empresa Os autores Barbosa e Dlpozzo afirmam que são as pessoas com seus conhecimentos, formas de relacionamentos, talentos subjetivos e capacidade conceitual que geram este patrimônio de intangíveis, que ao final, agregam valor a empresa e ao ambiente de negócio. Eles estão certíssimos, não é verdade? No atual contexto, os funcionários assumiram um papel preponderante na busca de vantagem competitiva, o que foi determinante para o surgimento da Administração Estratégica de Recursos Humanos (AERH), que é definida pelo autor Dessler como a união da administração de recursos humanos com metas e objetivos estratégicos para melhorar o desempenho da empresa e desenvolver culturas organizacionais que encorajam a inovação e a flexibilidade. Diante disso, Marras destaca que a função de recursos humanos como parceira estratégica da organização inclui a participação desta área na formulação das estratégias da empresa, assim como na implementação dessa estratégia por meio da aplicação consistente dos instrumentos de Gestão de Pessoas. 18 Guarde essa ideia! A AERH tem como principal foco de atuação a otimização dos resultados da empresa e o desenvolvimento das pessoas que dela fazem parte. O planejamento estratégico em recursos humanos forma a sistemática de determinar a previsão de demanda futura que deve estar associada ao planejamento estratégico organizacional. O setor de Recursos Humanos pode planejar sua forma de acompanhar o desenvolvimento organizacional através das técnicas de recrutamento, seleção, capacitação, entre outras. Os processos de Recursos Humanos deverão colaborar com as organizações na obtenção ou ampliação de sua competitividade frente ao mercado. Assista aos Vídeos! Sobre “RH Estratégico”, assista ao vídeo que tem a duração de 10 minutos, no link: https://www.youtube.com/watch?v=z2sM94mXiNQ Sobre “Oplanejamento de recursos humanos”, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=0vK5aupX-sc A duração é de 8 minutos e 27 segundos. Assista ao vídeo com o tema “RH tem que agregar valor à empresa”, com duração de 7 minutos e 30 segundos, acessando: https://www.youtube.com/watch?v=JY6uk5MUfOA Operacionalmente, a gestão de pessoas busca tornar os empregados fonte de vantagem competitiva de longo prazo, a partir de uma abordagem estratégica que enfatiza o investimento em capital humano, envolvimento dos empregados, e que defende um alinhamento integrativo das práticas de gestão do trabalho com sistemas de recompensa baseados no ganho mútuo. Afirmam os autores Salaman, Storey e Billsberry. Assim, e segundo Boxall, a contribuição da gestão de pessoas para a organização deve ultrapassar as noções reativas da implantação e adaptação, sendo avaliada também pela sua capacidade de gerar e sustentar recursos estratégicos, desenvolver capacidades e competências organizacionais, criar organizações mais flexíveis e inteligentes do que os seus competidores, por apresentarem níveis superiores de cooperação, coordenação e inovação. Atualmente, quando se fala de recrutamento e seleção, refere-se a uma das mais ricas ferramentas de gestão de pessoas nas organizações. É através deste processo que as organizações estão percebendo a importância das pessoas que a compõem, não como meros funcionários, mas como parceiros! https://www.youtube.com/watch?v=z2sM94mXiNQ 19 Através do processo de captação e retenção de talentos uma organização visa manter um número adequado de empregados que possuam as competências necessárias nos postos corretos e no momento oportuno, para lograr seus objetivos. Implica na análise de cargos e salários, planificação de recursos humanos, e recrutamento e seleção. Veja os vídeos! Entenda mais um pouco sobre Retenção de Talentos, assistindo aos vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=E7VSZJO8Uug (duração de 5 minutos e 45 segundos). https://www.youtube.com/watch?v=WyKbjC6iqCo (duração de 4 minutos e 32 segundos). Fonte: http://www.direttaconsultoria.com.br É importante destacar que as pessoas são as grandes responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso de uma empresa. E ao contrário das máquinas, pessoas possuem brilho próprio, soluções criativas e emoção em suas ações, todas estas qualidades são pontos positivos a favor da empresa, entretanto, somente quando bem reguladas. Como uma máquina pessoas também passam por desregulagens, atritos, dificuldades e cabe então ao gestor de equipe ou dono da empresa aplicar algumas práticas para gerenciar talentos e crises. Uma boa gestão de pessoas aumenta o comprometimento dos funcionários com a empresa, estimula o trabalho em equipe e conduz o time ao sucesso. https://www.youtube.com/watch?v=E7VSZJO8Uug https://www.youtube.com/watch?v=WyKbjC6iqCo 20 Fonte: https://1.bp.blogspot.com/ Palavras do Professor Assim finalizamos a nossa primeira unidade! Espero que você tenha aproveitado ao máximo todo o nosso conteúdo. Após a leitura completa deste guia e do seu Livro Texto, realize a atividade solicitada no ambiente! Qualquer dúvida que surgir, entre em contato com o seu tutor! Na nossa segunda unidade vamos conhecer a importância do Recrutamento e os conceitos do desenvolvimento dos Subsistemas de Recursos Humanos. Um abraço e até lá! https://1.bp.blogspot.com/-0yeyHiKM6n0/VNWhaocy_WI/AAAAAAAAB84/jkWwj7EM2GY/w800-h800/Gerenciamento-de-Equipe-300x200.png 21 Referências Bibliográficas ALDAY, HernanContreras. O Planejamento Estratégico dentro do conceito de Administração Estratégica. Rev. 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Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
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