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COROA TOTAL CERÂMICA MATERIAIS CERÂMICOS Compostos inorgânicos, não-metálicos, tipicamente duros, frágeis (apresentam mínima elasticidade e não sofrem deformação plástica), com altas temperaturas de fusão, baixa condutividade elétrica e térmica e boa estabilidade química (sofrem pouca oxidação, corrosão; não mudam de cor). De acordo com a velocidade de resfriamento (e outros fatores como a pressão ambiente), uma substância pode ser + ou - cristalina. Quanto mais lenta, mais cristais (ex: quartzo); quanto mais rápida, menos cristais. As cerâmicas podem ser semi cristalinas (poucos cristais) ou policristalinas (muitos cristais). O cristal impede a propagação de uma trinca = aumenta a resistência da cerâmica; por outro lado, contém a luz e diminui a translucidez do material. Comportamento mecânico: X: tensão. Y: deformação. METAL: deformação elástica diretamente proporcional à carga (fase linear e grande). Comportamento típico: suporta uma alta tensão, que não corresponde à tensão de ruptura/fratura (esta é menor). POLÍMERO (plástico, acrílico): suporta alta deformação plástica antes de se fraturar, com exceção de alguns polímeros frágeis (acrílico). CERÂMICA: se deforma elasticamente suportando uma grande carga, mas não sofre deformação plástica (quase inexistente). Não é possível entortar, e sim quebrar uma cerâmica. Material frágil = aquele que se rompe rapidamente sem deformação plástica. Ex: esmalte dental, cerâmica. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES SISTEMAS CERÂMICOS ODONTOLÓGICOS O principal composto que compõem as cerâmicas utilizadas na odontologia é a sílica (SiO2). Propriedades: ● Capacidade de reproduzir os complexos fenômenos ópticos observados na estrutura dental - fluorescência, opalescência, translucidez e opacidade. ● Biocompatibilidade: intimamente relacionada com sua capacidade de manter a cor e a textura por períodos prolongados, apresentando alta estabilidade química (inércia química; resistentes a corrosão) e alta resistência à abrasão, principalmente em relação às resinas compostas. ● Excelentes isolantes, com baixa condutividade térmica e elétrica. Vantagens: ● Estética positiva: alta translucidez e profundidade de cor. ● Melhor resposta tecidual: devido à lisura superficial (não se desgastam, e sua lisura impede a adesão de placa bacteriana) e à pequena extensão no interior do sulco gengival (minimamente localizada dentro do sulco gengival). Desvantagens: ● Maior redução tecidual para alguns sistemas; necessita de mais espessura de material restaurador. ● Técnica sensível (características do preparo, execução laboratorial, cimentação). ● Maior custo de alguns sistemas. ● Alto potencial de desgastar o esmalte do dente antagonista, principalmente quando a sua superfície se encontra rugosa, e quando o paciente apresenta hábitos parafuncionais como bruxismo. Segundo Raposo et al. (2014), as cerâmicas odontológicas atuais podem ser divididas quanto ao tipo em: cerâmicas convencionais (feldspáticas) e cerâmicas reforçadas, onde os materiais para reforço podem ser: leucita, dissilicato de lítio, spinel, alumina e zircônia. Já a classificação quanto ao conteúdo classifica as cerâmicas em cerâmicas vítreas: feldspáticas, leucita e dissilicato de lítio e cerâmicas cristalinas/policristalinas: alumina, spinel e zircônia. Composição: 1. Cerâmica rica em sílica: cerâmica feldspática. Obtidas por meio da fusão de óxidos em alta temperatura, resultando em núcleos cristalinos não incorporados à matriz vítrea, que atuam como arcabouço de reforço, tornando-as muito mais resistentes que os vidros comuns. Foram as pioneiras a serem confeccionadas em alta fusão, no qual em associação com as lâminas de platina constituíam as coroas metalocerâmicas. Com ótima qualidade estética, as coroas puras de porcelanas feldspáticas foram utilizadas por longa data, entretanto, sua baixa resistência (à tração e flexão) limitou sua indicação apenas para coroas unitárias anteriores em situações de pequeno estresse oclusal. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES PORCELANA: materiais cerâmicos compostos essencialmente por feldspato (78 - 85%, fase vítrea), quartzo/sílica (12 - 22%, fase cristalina) e caulim (3 - 5%). Toda porcelana é uma cerâmica, mas nem toda cerâmica é uma porcelana! Processo de fabricação por estratificação. Modelagem de acordo com as cores. Comportamento mecânico pouco plástico e sensivelmente friável. Para contornar esse problema, utiliza-se mecanismos de reforço (base metálica ou de cerâmica mais resistente): suporte interno, com resistência adequada e união efetiva às suas estruturas cerâmicas, de modo a transmitir as tensões de um substrato a outro. Ex: subestruturas metálicas (coping metálico) → a coroa metalocerâmica parece ser o sistema mais bem sucedido na construção de restaurações estéticas e resistentes à carga oclusal. 2. Cerâmica rica em Alumina (Al2O3): InCeram ®, Procera ®. Incorporação de óxido de alumínio: + Melhora significativa nas propriedades mecânicas da cerâmica - excelente resistência à flexão. - Translucidez reduzida (material opaco), com consequente empobrecimento das qualidades ópticas da cerâmica. Não deve ser usada como uma cerâmica de cobertura! Sobre ela, deve haver um revestimento mais translúcido. Copings aluminizados infiltrados por vidro com até 97% de agregação de óxidos de alumínio: - Alta resistência: pode ser aplicada como substituto das subestruturas metálicas. - Indicadas para coroas totais e próteses fixas de até 3 elementos (até 2º PM). Tendo como objetivo eliminar porosidade, aumentar a força, e limitar a propagação de fissuras foram adicionadas partículas de vidro de lantânio às cerâmicas reforçadas por alumina, assim, as tensões de compressão melhoraram quando foram introduzidas mais forças sobre a cerâmica. Tal fato deve-se às diferenças no coeficiente de expansão térmica da alumina e das cerâmicas vítreas. Um exemplo clássico é o sistema InCeram® Alumina, que apresenta grau de opacificação por apresentar um copping opaco e cerâmica feldspática para cobertura estética. E este fato proporcionou a ampliação das indicações clínicas destas cerâmicas, onde este sistema pode ser utilizado tanto nas regiões posterior como anterior, na confecção de coroas unitárias e próteses parciais fixas, e como diferencial importante: na confecção de abutments personalizados para implantes. 3. Cerâmica rica em Zircônia: Sistemas baseados no composto Y-TZP, que os torna sistemas de alta resistência. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES 4. Cerâmica rica em Leucita (SiO2-Al2O3-K2O) Disponíveis na forma de lingotes de cerâmica, são prensados em temperaturas entre 1150 e 1180 ºC (sob pressão de 0,3 - 0,4 MPa), utilizando a técnica de molde refratário confeccionado pela técnica de cera perdida. Mais resistentes que as feldspáticas. Microestrutura: cristais de leucita (35 - 55%) com tamanho variando entre a 5 um que, dispersos na matriz vítrea, funcionam como arcabouço para a estrutura da cerâmica. Confecção de inlays, onlays, facetas, laminados e coroas unitárias anteriores e posteriores, alcançando excelentes resultados estéticos devido à boa translucidez e à ausência de infraestrutura metálica. 5. Cerâmica rica em Dissilicato de Lítio (Empress 2 ®, E-max ®): Principal sistema cerâmico utilizado; boa estética e resistência. Confecção de inlays, onlays, laminados, coroas unitárias e próteses parciais fixas de três elementos até a região de 2º pré-molar. Podem ser empregados como infraestrutura para próteses unitárias de até três elementos, recebendo posteriormente, recobrimento com porcelanas feldspáticas compatíveis. Vantagens: ausência de infraestrutura metálica ou opaca, boa translucidez, resistência e estética adequada. Indicações: ● Elemento unitário em todos os dentes anteriores e posteriores que necessitam de cobertura total. ● Retentores e pônticos de próteses parciais fixas de pequena extensão, em situações adequadase com sistemas cerâmicos bem selecionados. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES PREPARO: Tem o objetivo de suportar as margens da restauração, com distribuição uniforme das tensões, sem pontos de concentração de tensões. As cerâmicas apresentam baixa resistência à flexão (são frágeis) e sua resistência depende substancialmente do preparo. - As superfícies axiais sofrem redução uniforme em torno de 1,2 mm, inclusive nas superfícies proximais. A convergência deve ser acentuada para 12º, a fim de facilitar o escoamento do cimento e para que não haja riscos de fratura da restauração por resistência ao assentamento. Convergências maiores tendem a criar áreas de concentração de esforços na proximal. Faces paralelas: inclinação correta do preparo; forças são contrabalanceadas. Em uma inclinação excessiva, as forças são transmitidas através da porcelana, devido a um suporte insuficiente dado pelo preparo → fraturas. - A desuniformidade de espessura de cerâmica entre as superfícies vestibulares e palatinas pode provocar fraturas pela falta de equilíbrio entre as forças de tração e compressão. - A redução incisal ideal é de 2 mm em 45º em relação à face palatina → estética positiva porque cria espaço para um maior volume de cerâmica e fornece uma restauração fisicamente equilibrada. Extensões maiores de porcelana sem suporte aumentam o risco de fratura. Preparos curtos → ausência de resistência → concentração de esforços/tensões na região do ombro → fraturas. - No mínimo ¼ cervical da parede palatina deve ser paralela, ou com uma convergência de até 6º em relação à fase vestibular. Essa característica garante a retenção e uma única via de inserção de peça. - A terminação cervical é um ombro de 90º, com ângulo interno arredondado, com as paredes axiais, numa profundidade uniforme em toda a circunferência do preparo. É fundamental um ângulo levemente arredondado, na junção da parede cervical com as paredes axiais. Todos os demais ângulos formados pela junção das diferentes paredes axiais e incisal também devem ser arredondados pela mesma razão. O preparo deve ser liso, sem nenhuma retenção, para que a restauração tenha suporte dentário em toda a sua extensão. Pequenas cavidades devem ser preenchidas durante o preparo com cimentos de ionômero de vidro ou resina composta. Terminação em chanfro ou chanferete, término cervical irregular, ângulos vivos, incisal pontiaguda → região de concentração de esforços/tensões→ fraturas. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES TÉCNICA DE PREPARO: 1. Sulco de orientação cervical, sulco cervical marginal. 2. Sulcos de orientação longitudinal vestibulares e linguais, sulcos longitudinais: - Não avançar o desgaste para além do sulco cervical. - Na face palatina, não ultrapassar o cíngulo. 3. Sulcos de orientação incisais, sulcos da face incisal. 4. Sulcos da concavidade palatina, desgaste palatino: Marcações pontuais na concavidade palatina. 5. Desgaste proximal. 6. União dos sulcos da primeira metade. 7. União dos sulcos da outra metade. 8. Acabamento: - Paredes regulares e levemente convergentes para incisal. - Arredondamento dos ângulos internos. - Preparo do término intrasulcular. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES DENTES ANTERIORES: 1. Sulco cervical marginal: Ponta diamantada: 1014 (1,4 mm). Região: face vestibular e lingual. Inclinação: 45º em relação ao eixo do dente. Desgaste: 0,5 - 0,7 mm. 2. Sulcos longitudinais: Ponta diamantada: 2135, 3146 ou 3098 MF (1,2 mm). Região: face vestibular e lingual (⅓ cervical; não ultrapassar o cíngulo). Inclinação: acompanhar as inclinações na face vestibular; inclinação única na lingual. Desgaste: 1,2 - 1,5 mm em vestibular, 1 mm em lingual. 3. Sulcos da face incisal: Ponta diamantada: 2135, 3146 ou 3098 MF (1,2 mm). Região: face incisal. Inclinação: paralela à inclinação da face. Desgaste: 1,5 a 2 mm. 4. Sulcos da concavidade palatina: Ponta diamantada: 1014 (1,4 mm). Região: concavidade palatina (⅓ médio e incisal). Inclinação: paralela à inclinação da face. Desgaste: 1,2 mm. Verificar o espaço interincisal em MIH e nas excursões. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES 5. Desgaste proximal: Ponta diamantada: 3203 ou 2200. Região: faces proximais. Inclinação: paralela ao eixo do dente. Desgaste: em fatia. - Respeitar a inclinação máxima de 10º para não criar áreas de concentração de esforços na proximal. 6. União de sulcos: Ponta diamantada: 3146 ou 3098 MF; 3118. Região: faces vestibular, incisal e ⅓ cérvico-palatal;⅓ médio e incisal da face palatina. Seguir as inclinações e desgastes anteriores. 7. Preparo intrasulcular: Extensão: 0,2 mm dentro do sulco gengival, quando necessário. 8. Acabamento: Utilizar instrumentos em baixa rotação. Arredondamento dos ângulos. Regularização das paredes. Ponta diamantada: de granulação fina. 4138 FF, 2135 FF, 3118 FF. Características finais: - Redução das superfícies axiais: 1,2 a 1,5 mm, com convergência máxima de 10º. - Redução incisal: 1,5 a 2 mm. - Espaço inter-incisal de 1 (espessura mínima) a 1,5 mm. - Ângulos arredondados e superfícies lisas e uniformes. - Inclinação aproximada de 2º - 5º no terço cervical de todas as faces periféricas. Maior inclinação dos terços médio e incisal (5º - 10º). - Término cervical em ombro de 90º com ângulo áxio-cervical arredondado sem bisel (1 mm) = término cervical em ombro arredondado. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES DENTES POSTERIORES: 1. Sulco cervical marginal: Ponta diamantada: 1014 (1,4 mm). Região: face vestibular, lingual e proximais (se estiverem livres). Inclinação: 45º em relação ao eixo do dente. Desgaste: 0,7 mm. 2. Sulcos longitudinais: Ponta diamantada: 3146 ou 3098 MF (1,2 mm). Região: faces vestibular e lingual. Inclinação: inclinação da face. Desgaste: 1,2 mm. 3. Sulcos da face oclusal: Ponta diamantada: 3146 ou 3098 MF (1,2 mm). Região: vertentes lisas e triturantes das cúspides vestibular e lingual. Inclinação: paralela à inclinação das vertentes lisas e triturantes. Desgaste: 1,5 - 2 mm. 4. Desgaste proximal: Ponta diamantada: 3203 ou 2200. Região: faces proximais. Inclinação: paralela ao eixo do dente. Desgaste: em fatia. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES 5. União dos sulcos: Ponta diamantada: 3146 ou 3098 MF. Seguir as inclinações e desgastes anteriores. 6. Acabamento: Ponta diamantada: de granulação fina. 4138 FF, 2135 FF, 3118 FF Características finais: ● Término em chanfro profundo (ou ombro arredondado), plano e uniforme; espessura de 1 a 1,5 mm. ● Ângulo cavo-superficial com 90º com a superfície externa. ● Ângulos internos arredondados. ● Expulsividade de +/- 8 a 10º entre as paredes axiais. ● +/- 2 mm de espaço oclusal disponível para a cerâmica. ● Parede oclusal acompanhando a anatomia externa. Ana Caroline de Almeida Peçanha - 2021/1 - UFES
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