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O ESTUDO DA PERSONALIDADE 1 2 Definições de personalidade • O campo da personalidade diz respeito à natureza humana; • Aquilo que as pessoas tem de semelhante, assim como as maneiras nas quais elas diferem umas das outras. • “Personalidade” vem da palavra latina persona, que se refere à máscara utilizada pelos atores em uma peça. 3 Definições de personalidade 4 • Características externas e visíveis • Características permanentes e estáveis • Interação entre os aspectos permanentes e aspectos mutáveis da situação • Características peculiares Definições de personalidade 5 Definições de personalidade • Personalidade • Os aspectos internos e externos peculiares relativamente permanentes do caráter de uma pessoa que influenciam o comportamento em situações diferentes. 6 • Definição biossocial: equipara a personalidade ao valor da impressão social que o indivíduo provoca nos outros. • Definição biofísica: baseia a personalidade em características ou qualidades do sujeito. Definições de personalidade 7 Definições de personalidade • Definição globalizante ou do tipo coletânea: o termo é usado para incluir tudo sobre o indivíduo; os conceitos considerados de maior importância para descrever o indivíduo. • Definições que enfatizam a função integrativa ou organizadora: a personalidade é aquilo que dá ordem e congruência a todos os comportamentos diferentes apresentados pelo indivíduo. 8 Definições de personalidade • Outras definições igualam a personalidade aos aspectos únicos ou individuais do comportamento; ou seja, aquilo que é distintivo no indivíduo e que o diferencia de todas as outras pessoas. 9 • Finalmente, alguns teóricos consideram que a personalidade representa a essência da condição humana; ou seja, a personalidade se refere àquela parte do indivíduo que é mais representativa da pessoa, não apenas porque a diferencia dos outros, mas principalmente porque é aquilo que a pessoa realmente é. Definições de personalidade 10 • A maneira pela qual determinadas pessoas definem a personalidade dependerá inteiramente de sua preferência teórica. • Portanto, a personalidade é definida pelos conceitos empíricos específicos que fazem parte da teoria da personalidade empregada pelo observador. Definições de personalidade Teorias da personalidade • Uma teoria é um meio de organizar e integrar tudo o que é conhecido sobre um conjunto de eventos relacionados. • E o que buscamos explicar com uma teoria da personalidade? • O quê • Como • E por que 12 Teorias da personalidade • O “o quê” refere-se às características da pessoa e à forma como umas estão organizadas em relação às outras. • O “como” refere-se aos determinantes da personalidade – interação entre forças genéticas e ambientais. • E o “por que” refere-se às razões para o comportamento do indivíduo – aspectos motivacionais. • Áreas: • Estrutura – refere-se aos aspectos mais estáveis e duradouros da personalidade. • Processo – refere-se aos aspectos motivacionais dinâmicos. ➢Três categorias principais de conceitos motivacionais: motivos de prazer, motivos de auto realização e motivos cognitivos. • Crescimento e desenvolvimento – refere-se à interação entre determinantes genéticos e ambientais. • Psicopatologia – compreender porque certos indivíduos desenvolvem respostas psicopatológicas. • Mudança – estratégias de intervenção. 13 Teorias da personalidade Teorias da personalidade • Enfoque psicanalítico; • Enfoque neopsicanalítico; • Abordagem de estágios contínuos; • Abordagem dos traços; • Abordagem humanista; • Abordagem cognitiva; • Abordagem comportamental; • Abordagem da aprendizagem social. 14 A AVALIAÇÃO NO ESTUDO DA PERSONALIDADE • Fazer uma avaliação significa examinar algo; • A avaliação da personalidade é uma área importante da aplicação da psicologia às questões do mundo real; 1 6 • Exemplos: • Psicólogo clínico busca entender os sintomas de seus pacientes tentando avaliar a personalidade deles; • Psicólogo escolar avalia a personalidade dos alunos tentando descobrir as causas dos problemas de adaptação ou aprendizado; 1 7 • Psicólogo organizacional avalia a personalidade para selecionar o melhor candidato para um determinado cargo; • Psicólogo que trabalha com orientação vocacional avalia a personalidade de seu cliente para associar interesses e necessidades aos requisitos de determinada profissão ou função; 1 8 • Psicólogo pesquisador avalia a personalidade dos sujeitos na tentativa de explicar seu comportamento em um experimento ou de relacionar os traços de sua personalidade com outras medidas. 19 Confiabilidade e validade • As técnicas de avaliação da personalidade diferem quanto ao nível de objetividade ou subjetividade. • Técnicas subjetivas estão sujeitas à parcialidade. 2 0 confiabilidade • Envolve a consistência de respostas à um método de avaliação psicológica. • Ex.: se você se submetesse ao mesmo teste em dias diferentes e recebesse duas pontuações semelhantes este teste poderia ser considerado confiável, porque os seus resultados seriam consistentes. Se a diferença for grande, provavelmente há algo errado com o teste ou com o método de pontuá-lo. 2 1 confiabilidade • A confiabilidade pode ser determinada pelos métodos: • Teste-reteste: aplicá-lo duas vezes na mesma pessoa e comparar estatisticamente as pontuações, calculando o coeficiente de correlação. Quanto mais for elevado este coeficiente, maior será a confiabilidade do teste. 2 2 confiabilidade • Formas equivalentes: submeter as pessoas a duas formas equivalentes do teste. Quanto maior for o coeficiente de correlação, maior será a confiabilidade do teste; • Duas metades: o teste é aplicado uma vez e a pontuação em uma das metades é comparada com a pontuação da outra metade. 2 3 validade • Refere-se ao fato de o método de avaliação medir ou não o que se pretende. • Ex.: um teste de inteligência mede a inteligência? • Se não medir, então não é válido e os resultados não podem ser utilizados para prever o comportamento. 2 4 validade • Entre os tipos de validade estão: • De previsão: como a pontuação em um teste prevê o comportamento futuro. Ao estabelecer a validade de previsão, temos de determinar a correlação entre a pontuação de um teste e alguma medida objetiva do comportamento. 2 5 validade • De conteúdo: refere-se aos itens ou perguntas individuais do teste. Para determiná-la, os psicólogos avaliam cada item para ver se ele tem relação com o que o teste pretende medir. 2 6 Validade • De constructo: refere-se à capacidade de o teste medir um constructo – um componente teórico ou hipotético do comportamento, como um traço ou motivo. • Ex.: ansiedade • Uma forma comum de determinar a validade de constructo é correlacionar as pontuações do novo teste com outras medidas estabelecidas e validadas. 2 7 Métodos de avaliação da personalidade • Os principais enfoques de avaliação da personalidade são: • Inventários (autorelatos) • Técnicas projetivas • Entrevistas clínicas • Procedimento de avaliação comportamental • Amostragem de ideias e experiência 2 8 Inventário de personalidade • Exemplos: • Inventário Fatorial de Personalidade II – IFP II • Bateria Fatorial de Personalidade - BFP • Questionário de Avaliação Tipológica – Quati • Escala de Auto Conceito Infanto-Juvenil – EAC-IJ • Escala de Traços de Personalidade para Crianças - ETPC 3 0 Inventário de personalidade • Avaliação dos inventários de personalidade • Desvantagens: • Nem sempre são adequados para pessoas com inteligência abaixo da média ou com capacidade de leitura limitada; • Existe também a tendência de dar respostas que pareçam socialmente mais aceitáveis ou desejáveis. 3 1 Inventário de personalidade • Vantagens: • São elaborados para que a pontuação seja obtida objetivamente; • Podem ser aplicados e/oupontuados no computador. 3 2 Técnicas projetivas • Técnica de avaliação da personalidade em que os sujeitos projetam suas necessidades pessoais, medos e valores nas interpretações ou na descrição de um estímulo ambíguo. 3 3 Técnicas projetivas • Inspirados pela psicanálise esses testes tentam investigar o inconsciente. • A interpretação dos resultados dos testes projetivos é subjetiva. 3 4 Técnicas projetivas • Exemplos: • Rorschach • Teste de Apercepção Temática – TAT • CAT-A • Pirâmides Coloridas de Pfister • HTP • Psicodiagnóstico Miocinético PMK • Palográfico 3 5 Entrevistas clínicas • Além dos testes, o procedimento de avaliação geralmente inclui entrevistas clínicas; • Nas entrevistas podem ser obtidas informações importantes sobre a história de vida, relacionamentos sociais e familiares e os problemas que levaram à procura de ajuda psicológica; • Pode-se investigar aparência geral, conduta e atitude, expressão facial, postura e gestos, etc. 3 6 Entrevistas clínicas • Podem ser: • Abertas • Semi-dirigidas • Dirigidas 3 7 A PEQUISA NO ESTUDO DA PERSONALIDADE A pesquisa no estudo da personalidade • Um critério para que uma teoria da personalidade possa ser considerada útil é que ela tem de ser testável. • O ideal seria que uma teoria fosse moldada, modificada e elaborada – ou descartada – com base na pesquisa que gera. A pesquisa no estudo da personalidade • O psicólogo estuda a personalidade de diferentes maneiras; • O método utilizado depende do aspecto da personalidade que está sendo investigado. • Um método útil para examinar um aspecto da personalidade pode ser inadequado para outro aspecto. A pesquisa no estudo da personalidade • A quantidade de pessoas avaliadas e as formas pelas quais elas são estudadas também podem categorizar as pesquisas de personalidade em: • Pesquisa idiográfica • Pesquisa nomotética Pesquisa idiográfica • Envolve o estudo intensivo de uma pequena quantidade de pessoas – em alguns casos apenas uma. • Em geral o objetivo do enfoque idiográfico é terapêutico, no qual o conhecimento adquirido sobre a pessoa é utilizado para ajudar no tratamento. • Um outro objetivo é ter uma compreensão geral da personalidade humana. Pesquisa nomotética • Envolve a comparação e análise das diferentes estatísticas entre amostras maiores de indivíduos. • O objetivo do enfoque nomotético é obter dados que possam ser generalizados para uma quantidade maior de pessoas. Métodos de pesquisa • Os três principais métodos utilizados na pesquisa da personalidade são: • Método clínico • Método experimental • Método correlacional • Embora diferentes em questões específicas, esses métodos baseiam-se na observação objetiva, que é a principal característica definidora da pesquisa científica. O método clínico • O método clínico primário é o estudo de caso, no qual o psicólogo busca pistas no passado e no presente de seus pacientes que possam indicar a fonte dos seus problemas emocionais. • Freud utilizou vastamente estudos de caso na elaboração da sua teoria psicanalítica. O método clínico • Além do estudo de caso pode-se utilizar de questionários, entrevistas e análise de sonhos. • A utilização pode ser tanto para avaliação (os dados serão utilizados para tratar um paciente), quanto para pesquisa (os dados serão utilizados para testar uma teoria). O método clínico • Os dados obtidos pelo método clínico são mais subjetivos, associados a eventos mentais (em grande parte, inconscientes) e também a experiências da infância, cujas lembranças podem ser distorcidas pelo tempo. • Podem refletir mais as predisposições pessoais do terapeuta do que os dados obtidos por outros métodos. O método clínico • No entanto, o método clínico pode fornecer uma janela através da qual podemos ver as profundezas da personalidade. O método experimental • As principais características da pesquisa científica são: • Observação objetiva • Observações bem controladas e sistemáticas • Possibilidade de duplicação e verificação • O método clínico não preenche muito bem esses requisitos, mas o método experimental preenche. O método experimental • Um experimento é uma técnica para determinar o efeito de uma ou mais variáveis ou eventos sobre o comportamento. • Se um psicólogo quiser determinar o efeito de apenas uma variável, ele pode providenciar uma situação experimental na qual só se permite que essa variável opere. Todas as demais devem ser eliminadas ou mantidas constantes durante o experimento. O método experimental • Os cientistas diferenciam dois grupos de variáveis em um experimento: • Variável independente – é a variável ou condição do estímulo que o experimentador manipula para conhecer seu efeito; • Variável dependente – é o comportamento ou resposta frente à manipulação da variável independente. O método experimental • Para que nenhuma outra variável além da independente possa afetar os resultados, os pesquisadores têm de estudar dois grupos de pessoas: • Grupo experimental – este é o grupo exposto à variável independente; • Grupo controle – não é exposto à variável independente. Limitações do método experimental • Questões éticas; • O comportamento dos indivíduos pode mudar devido ao fato de eles estarem cientes de que estão sendo observados. Os indivíduos tentam às vezes adivinhar a finalidade do experimento e se comportam de acordo com isso para agradar ou frustrar o experimentador. O método correlacional • No método correlacional os pesquisadores investigam as relações que existem entre as variáveis. • No método correlacional não se designam pessoas para grupos experimentais e de controle. Em vez disso, o desempenho dos participantes que diferem em uma variável independente é comparado com o seu desempenho em alguma variável dependente. O método correlacional • Por exemplo • Os pesquisadores querem determinar se as pessoas com grande necessidade de realização obtinham notas mais altas na faculdade do que aquelas com pouca necessidade. • Utilizando o método correlacional, os pesquisadores mediriam os níveis de necessidade de realização de um grupo de estudantes universitários e os compararam com as suas notas. O método correlacional • Neste exemplo a variável independente (os vários níveis de necessidade de realização) não foi manipulada ou modificada. • Os pesquisadores trabalharam com os dados existentes e descobriram que os estudantes com grande necessidade de realização haviam de fato obtido notas mais altas do que os com pouca necessidade. O coeficiente de correlação • É a medida estatística básica de correlação. • Fornece informações precisas sobre a direção e força da relação entre as duas variáveis. • Se pontuações elevadas em uma variável acompanham pontuações em outra variável, esta correlação é positiva. • Se pontuações elevadas em uma variável acompanham pontuações baixas na outra, a direção é negativa. O coeficiente de correlação • Os coeficientes de correlação variam de +1,00 (uma correlação positiva perfeita) a -1,00 (uma correlação negativa perfeita). • Quanto mais próximo o coeficiente de correlação estiver de +1,00 ou -1,00, mais sólida a relação e mais confiantemente podemos fazer previsões sobre uma variável a partir da outra. Limitações do método correlacional • A principal limitação do método correlacional refere-se à causa e ao efeito. • Só porque duas variáveis apresentam uma alta correlação não se pode concluir necessariamente que uma provocou a outra. Limitações do método correlacional • Exemplo: • Suponha que um psicólogo descobrisse uma forte relação negativa entre timidez e autoestima: quanto maior o grau de timidez menor o de autoestima. • A relação é clara: pessoas tímidas tendem a obter baixa pontuação de autoestima. Limitações do método correlacional • Podemos concluir com certeza que ser tímido faz com que as pessoastenham baixa autoestima. Poderia ser o contrário, a baixa autoestima faz com que as pessoas sejam tímidas. • Ou alguma outra variável, como aparência física ou rejeição dos pais, poderia causar tanto a timidez quanto a baixa autoestima. Limitações do método correlacional • Essa restrição a se tirar conclusões representa uma dificuldade para os pesquisadores cujo objetivo é identificar causas específicas. • Todavia, aos que têm o propósito de prever o comportamento no mundo real, o método correlacional é mais satisfatório. TEORIA DO FUNCIONAMENTO DO APARELHO PSÍQUICO Teoria do funcionamento do aparelho psíquico • Aparelho psíquico é descrito como um instrumento cujos componentes são “instâncias” ou “sistemas”. • O aparelho possui uma extremidade sensorial (Pcpt) dotada de um sistema que recebe as percepções, e uma extremidade motora (M), onde se localiza um sistema que abre as comportas da atividade motora. • A atividade psíquica, partindo de estímulos externos e internos, percorre o aparelho psíquico, indo, em geral, da extremidade perceptiva para a extremidade motora. MPcpt Estímulos Respostas motoras, Ação • Diferenciação na extremidade sensorial: as percepções que incidem no aparelho permanecem em forma de traços mnêmicos (memória); porém um mesmo sistema não pode reter memória e ao mesmo tempo permanecer aberto à recepção de novos estímulos. • Freud propõe a existência de um sistema que transforma as excitações em traços permanentes organizados através de relações de simultaneidade e semelhança. MPcpt Mnem Mnem’ Mnem’’ Estímulos Respostas motoras, Ação • Estes traços são inconscientes, podem tornar-se conscientes, mas produzem todos seus efeitos quando em estado inconsciente; • Constituem a base sobre a qual repousa nosso caráter; • Os traços mnêmicos que causam maior efeito – os da primeira infância – são os que quase nunca tornam-se conscientes. • Os traços mnêmicos apesar de poderem tornar-se conscientes permanecem inconscientes por força de uma instância psíquica que submete a atividade inconsciente à uma crítica, impedindo seu acesso à consciência. • A instância crítica tem uma relação estreita com a consciência e situa-se como uma tela entre a consciência e o inconsciente. • Sistema Pré-consciente situado na extremidade motora, cujos processos podem penetrar a consciência desde que certas condições sejam satisfeitas; • Sistema inconsciente que não tem acesso à consciência senão através do pré-consciente. M Pcpt Mnem Mnem’ Pcs Ics Movimento regressivo do sonho Estímulos Respostas motoras, Ação • A força propulsora para a formação dos sonhos é fornecida pelo Ics que se esforçará por avançar para o Pcs e ganhar acesso à consciência. • Os sonhos tem caráter regressivo: a excitação se move em direção à extremidade sensorial. • A regressão é efeito da resistência que se opõe ao avanço de um pensamento para a consciência e de uma atração simultânea exercida sobre o pensamento pela presença de lembranças dotadas de grande força sensorial. Primeira Tópica • Três instâncias – inconsciente, pré-consciente e consciente – nitidamente demarcadas por barreiras que as separam entre si. • A barreira que separa o Ics do Pcs é constituída por um ato bem preciso, o recalcamento. • O recalcamento consiste em excluir da consciência toda representação psíquica que a crítica formulada pelo princípio que norteia nossa vida de vigília julgue inaceitável. • Cada instância apresenta modos diferentes de funcionamento. Inconsciente (Ics) • Não é o oposto de consciente; • É a verdadeira realidade psíquica; • Seu conteúdo é inadmissível à consciência; • Núcleo do inconsciente são as formações herdadas e transmitidas de geração em geração e tudo aquilo que foi descartado durante o desenvolvimento infantil (desejos). Principais características: • Ausência de contradição, de dúvida, de negação; • Seus processos são atemporais; • Orienta-se pela busca de satisfação imediata (processo primário); • Ignora a realidade externa; • Seus conteúdos estão sempre ativos; • Regime energético móvel e livre que permite o funcionamento das operações de deslocamento e condensação; • Princípio de funcionamento: Princípio do prazer Pré-consciente (Pcs) • É um sistema situado entre o inconsciente e o consciente; • Funciona como uma “tela” entre ambos; • Barra o acesso à Cs; • Controla o acesso ao poder da motilidade voluntária; • Cabe ao Pcs acolher e organizar os atos psíquicos suscetíveis de se tornarem conscientes, ou seja, aqueles que não foram barrados pela ação da censura. • Seu conteúdo é formado pelas representações que lograram transpor a censura; • Seu funcionamento, ao contrário do Ics, não visa a descarga imediata, direta e rápida; • Regime energético: energia ligada (em oposição a energia livre do sistema inconsciente); • O processo secundário possui um movimento controlado, operando no sentido de inibir a tendência de procurar uma descarga (satisfação) imediata; • Princípio de funcionamento: Princípio da Realidade. Consciente (Cs) • Situa-se na periferia do aparelho psíquico; • Neste sistema a consciência aparece como uma qualidade momentânea que se caracteriza pelo fato da personalidade dispensar, temporariamente, atenção a certas representações pré- conscientes; • Semelhante ao Pcpt é suscetível à excitação, mas incapaz de reter traços mnêmicos; • Sua função principal consiste na recepção de excitações provenientes do mundo externo e do interior do próprio aparelho; • É regido pelos mesmos processos do sistema Pcs. Segunda Tópica TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE (1905) A sexualidade infantil Fases do desenvolvimento psicossexual 7 9 O descaso para com o infantil • Equívoco de se considerar a pulsão sexual ausente na infância. • Infância = pré-história da existência individual. 8 0 Amnésia infantil • Esquecimento das vivências da infância; • As impressões esquecidas tornam-se determinantes para todo o desenvolvimento posterior; • Amnésia semelhante à que se observa nos neuróticos, cuja essência consiste num mero impedimento da consciência (recalcamento). 8 1 As manifestações da sexualidade infantil 8 2 Três características essenciais de uma manifestação sexual infantil: • Nasce apoiando-se numa das funções somáticas vitais; • Não conhece nenhum objeto sexual, sendo auto erótica; • Seu alvo sexual acha-se sob o domínio de uma zona erógena. Características das zonas erógenas • Zona erógena: trata-se de uma parte da pele ou da mucosa em que certos tipos de estimulação provocam uma sensação prazerosa de determinada qualidade. • O alvo sexual da pulsão infantil consiste em provocar a satisfação mediante a estimulação apropriada da zona erógena que de algum modo foi escolhida. • Esta satisfação deve ter sido vivenciada antes para que reste daí uma necessidade de repeti-la. 8 3 8 4 • Freud estabeleceu três grandes momentos no curso do desenvolvimento: • Autoerótico = a satisfação é obtida sem que haja recurso a um objeto exterior. A sucção do seio materno passa a ser o protótipo do autoerotismo. • Narcisista = a imagem unificada do corpo é investida pela libido e torna- se o objeto de amor da criança. Os limites dessa imagem são variáveis e englobam todos os objetos através dos quais ela obtém satisfação de seus impulsos sexuais. • Relação objetal = quando o indivíduo é capaz de amar e obter prazer através de um objeto percebido como exterior, total e independente dele. As manifestações da sexualidade infantil A investigação sexual infantil A pulsão de saber é atraída, precoce e intensamente, pelos problemas sexuais, e talvez seja até despertada por eles. Interesses práticos põem em marcha a atividade investigatória na criança. • Primeiro problema: de onde vêm os bebês? (ameaça trazida pela chegada de um novo bebê); • Menino presume a existência de uma genitália igual à sua emtodas as pessoas que conhece (primeira teoria sexual infantil); • Essa convicção é energicamente sustentada, obstinadamente defendida e somente abandonada após sérias lutas internas (complexo de castração). • Menina não incorre em recusas ao avistar os genitais do menino; está pronta a reconhecê-lo de imediato e é tomada pela inveja do pênis, que culmina no desejo de ser também um menino. 8 5 A investigação sexual infantil • Teorias do nascimento: Os bebês chegam quando se come alguma coisa; Nascem pelo intestino, como na eliminação das fezes. • Concepção sádica da relação sexual: As crianças se ocupam com o problema de saber em que consiste “ser casado” ou “namorar”; Costumam buscar a solução em alguma atividade conjunta proporcionada pelas funções de micção ou defecação. 8 6 O fracasso da investigação sexual infantil • As teorias sexuais infantis são reflexo da própria constituição sexual da criança e testemunham uma maior compreensão dos processos sexuais do que se supõe; • A criança percebe as alterações provocadas na mãe pela gravidez (a fábula da cegonha é recebida com desconfiança silenciosa); • Como dois elementos permanecem desconhecidos na investigação sexual infantil – o sêmen e a existência do orifício sexual feminino, os esforços investigativos são geralmente infrutíferos e acabam numa renúncia. • A investigação sexual desses primeiros anos da infância significa um primeiro passo para a orientação autônoma no mundo, pois é sempre feita na solidão. 8 7 As fases de desenvolvimento da organização sexual • Características da vida sexual infantil: Auto erótica - seu objeto encontra-se no próprio corpo; Pulsões parciais – inteiramente desvinculadas e independentes entre si em seus esforços pela obtenção de prazer (olhar, se exibir, saber e a crueldade). • O desfecho do desenvolvimento constitui a chamada vida sexual normal do adulto, na qual a obtenção de prazer fica a serviço da função reprodutora, e as pulsões parciais, sob o primado de uma única zona erógena, formam uma organização sólida para a consecução do alvo sexual num objeto sexual alheio. 8 8 Organizações pré-genitais • Pré-genitais são as organizações da vida sexual em que as zonas genitais ainda não assumiram seu papel preponderante (organização das pulsões parciais). • Organizações pré-genitais: Oral canibalesca; Sádico-anal; Fálica 8 9 Organização oral canibalesca • Primeira fase dessas organizações pré-genitais; • Nela a atividade sexual ainda não se separou da nutrição. O objeto de uma atividade é também o da outra; • O alvo sexual consiste na incorporação do objeto (introjeção do objeto amado); Identificação; • No primeiro momento o modo de satisfação prevalente é a sucção; • No segundo momento o modo de satisfação é a devoração (aparecimento dos dentes) – ao obter prazer do objeto (incorporação) é levado simultaneamente a destruí-lo (mordida). 9 0 Caráter oral • O caráter oral é aquele que se constrói a partir das transformações dos impulsos orais em traços de comportamento. • O prazer inicial de sucção é, em grande medida, um prazer de tomar ou receber algo. • Possuir um objeto significa, originalmente para a mente infantil, incorporá-lo, isto é, introduzi-lo no interior do corpo. • Um dos traços mais marcantes do caráter oral é a certeza de possuir tudo que é necessário para a sobrevivência; • Tratam-se de indivíduos que enfrentam a vida com um otimismo imperturbável; • Espera de um ser protetor e continente que cuidará e proverá tudo aquilo que for necessário (representante do seio materno); • Otimismo, generosidade, despreocupação, desprezo pela realidade e confiança cega no futuro constituem traços desse caráter. 9 1 Caráter oral • Traços de comportamento que derivam dos efeitos de uma sucção insatisfatória: • Indivíduos que parecem estar sempre pedindo algo sob a forma de uma solicitação ou exigência imperativa; • Impaciência; urgência de falar; • Característica específica na esfera social: estar sempre apto para absorver novas ideias e valores; • Por um lado o indivíduo pode tornar-se mais informado e por outro pode transformar-se em consumista; 9 2 Caráter oral canibalesco • Aparece pela primeira vez uma relação com o objeto sexual marcada pela ambivalência; • A coexistência de duas valências afetivas opostas dirigidas ao mesmo objeto, prazer (incorporação) e destruição (mordida), configura o sadismo oral; • Traços de caráter: uso agressivo da linguagem; o impulso de falar significa prazer e desejo de aniquilar, destruir; • Inveja, hostilidade, ciúmes; • Sentimentos positivos, opostos ao ciúme e a inveja podem surgir sob a forma de formações reativas; • Socialmente apresenta-se como agressivo, mal humorado e inacessível. 9 3 Organização sádico-anal • Segunda fase da organização pré-genital; • A divisão em opostos já se constituiu, mas ainda não podem ser chamados masculino e feminino, e sim ativo e passivo; • Prazer na expulsão ou retenção das fezes = prazer na expulsão do objeto sexual ou retenção e controle do mesmo. 9 4 Caráter anal • Características básicas: ordem, parcimônia ou economia e obstinação. • A ordem exprime-se pelo colecionismo, a preocupação de tudo classificar, o apego à minúcia, gosto pela simetria. • A ordem expressa pela limpeza excessiva e exagerada (formação reativa). 9 5 Caráter anal • A parcimônia revela-se como expressão do prazer anal em reter e conservar as fezes; • Pode-se observá-la no prazer acentuado de guardar bens e possuir coisas, na exigência para si daquilo que se recusa ao outro, na ausência de generosidade; • Mostra-se ainda através da avareza de palavras que configura um medo de se revelar ao outro; na economia de tempo: pontualidade minuciosa e inquieta, exatidão minuciosa. 9 6 Caráter anal • A obstinação, em sua expressão psíquica, pode ser considerada como um prazer em dominar os outros, acompanhado do medo de se deixar influenciar pelo outro; • A obstinação significa apego e retenção mental de uma ideia (modo de satisfação anal que permanece ativo no Ics); • A obstinação pode desenvolver-se em duas direções: inacessibilidade e teimosia e a perseverança e escrupulosidade. 9 7 Organização fálica • Terceira fase da organização pré-genital; • Exibe um objeto sexual e certo grau de convergência das aspirações sexuais para esse objeto; • A passagem da fase anal para a fálica se dá quando a criança se vê obrigada, em nome de uma estética (“feio”, “sujo”, “caca”), a abandonar seu objeto de prazer: as fezes; • Este abandono só pode ser efetivado quando a mãe se revela capacitada a substituir as fezes; 9 8 Organização fálica • Para a criança existe uma única espécie de órgão sexual: o falo; • O falo na antiguidade greco-romana traduzia o poder soberano e mágico; • O falo não é o pênis; significa precisamente um órgão genital comum, em sua espécie, ao gênero humano; tratando-se de um órgão essencialmente imaginário; • Por tratar-se de um órgão imaginário, possui na mente infantil, a característica de ser destacável do corpo, transposto, presenteado, retirado, etc. 9 9 Organização fálica • Tanto para o menino quanto para a menina a mãe torna-se um objeto de desejo; a mãe passa a significar um objeto total de satisfação geral. • Esses dois polos: o falo e a eleição da mãe como objeto de desejo colocam a criança no emaranhado do Complexo de Édipo, que permitirá à criança adquirir uma identidade psicossexual própria. 1 0 0 Caráter fálico • Para o homem fálico, o pênis é utilizado enquanto instrumento de ataque e vingança contra a mulher; • A mulher fálica é, por outro lado, motivada pelo desejo de tornar o homem impotente ou fazê-lo parecer impotente. • Em ambos os sexos revela-se por uma conduta de ostentação de si, pela poligamia e o ativo esforço em causar decepções ao outro. 1 0 1 O complexo de Édipo 1 0 2 Édipo, príncipe de Corinto, é insultado por umbêbado, que o acusa de ser filho ilegítimo do Rei Políbios. Embora Políbios procure tranquilizar Édipo, o príncipe, perturbado, recorre ao Oráculo de Píton, mais tarde conhecido como Delfos. O oráculo evita responder à sua dúvida, mas dá a terrível informação de que Édipo está destinado a matar o pai e casar-se com a mãe. Como Édipo não tem a menor intenção de deixar que isso aconteça, ele foge de Corinto e vai para Tebas. E aí começa a tragédia. Em uma encruzilhada Édipo depara-se com uma carruagem. Á frente vem o arauto que ordena rudemente a Édipo que se afaste e tenta empurrá-lo para fora da estrada. O príncipe começa uma briga e termina matando todo mundo que nela se envolve. Para sua desgraça, um dos homens que vinha na carruagem era seu pai verdadeiro, o Rei Laios de Tebas. Após resolver o enigma da esfinge e salvar Tebas desse flagelo, Édipo é proclamado rei e casa-se com a viúva de Laios, Jocasta, sua verdadeira mãe. Só depois que uma nova maldição cai sobre Tebas – maldição que seria afastada apenas quando o assassino de Laios fosse descoberto e expulso – é que os fatos vêm à tona. Édipo não consegue suportar a verdade e arranca os próprios olhos. Antes que Édipo tomasse a decisão de fugir da profecia do oráculo, Laios, sua vítima já tinha cometido o mesmo engano. Apolo havia advertido Laios de que seu próprio filho o mataria e, quando Édipo nasceu, o rei mandou perfurar com um cravo um dos pés da criança e abandoná-la em uma montanha. Mas o menino foi encontrado por um pastor e levado ao Rei Políbios, que o adotou. O complexo de Édipo 1 0 3 ➢Objeto amoroso = MÃE (tanto para o menino quanto para a menina). ➢ Menino: • Objeto = mãe • Rival = pai – identificação para tornar-se homem e ter uma mulher. • Pelo medo da castração o menino sucumbe e aceita a lei paterna (torna- se castrado), abre mão da mãe, aceita o pai (temido e admirado), introjeta o pai e torna-se também o pai, poderoso, potente e capaz de ter a sua própria mulher. O complexo de Édipo 1 0 4 ➢Menina: • Objeto = mãe (pré-história) = pai • Rival = mãe • Por se perceber castrada a menina abandona seu objeto primordial (mãe) e muda de objeto para o pai em busca do falo (= bebê) que o pai pode dar e aí entra no Édipo. • Quando percebe que o pai não pode lhe dar o falo e que a mãe constitui o objeto de amor do pai, volta-se novamente para a mãe, identificando- se com ela, tornando-se feminina. O complexo de Édipo 1 0 5 • O afastamento se realiza por identificações. • A autoridade do pai ou dos pais é introjetada no ego e forma o superego. Perpetua a proibição do incesto. • As tendências libidinais do Édipo em parte são sublimadas e em parte transformadas em impulsos de afeição. • Todo o processo preservou o órgão sexual e também o paralisou = introdução da latência. • Consequências psíquicas: ➢ Homem = medo da castração ➢ Mulher = inveja do pênis • Enquanto nos meninos o Complexo de Édipo é destruído pelo Complexo de Castração, nas meninas ele se faz possível e é introduzido através do Complexo de Castração. Período de latência sexual • Supressão progressiva da pulsão sexual; • Diques que erigem-se como entraves no caminho da pulsão sexual: • O asco, o sentimento de vergonha, as exigências dos ideais estéticos e morais. • As moções sexuais da infância são inutilizáveis (já que estão diferidas as funções reprodutoras). Por conseguinte, elas despertam forças contrárias que para uma supressão eficaz desse desprazer erigem os diques já mencionados. 1 0 6 Os dois tempos da escolha objetal • O primeiro tempo começa entre os dois e os cinco anos de idade e retrocede ou é detida pelo período de latência. Caracteriza-se pela natureza infantil de seus alvos sexuais; • O segundo tempo sobrevém com a puberdade e determina a configuração definitiva da vida sexual; • A escolha de objeto da época da puberdade tem de renunciar aos objetos infantis. 1 0 7 Ansiedade e os mecanismos de defesa Ansiedade • Freud descreveu a ansiedade/angústia como um temor sem razão. • Em geral não conseguimos identificar a fonte, um objeto específico que a tenha provocado. • Na primeira teoria era vista como resultado de pulsões sexuais não realizadas – libido contida. • Na segunda teoria representava uma emoção dolorosa que agia como um sinal de perigo eminente para o Ego. • Em termos estruturais a ansiedade desenvolve-se em um conflito entre a força dos impulsos do Id e a ameaça de punição pelo Superego. Ou seja, é como se o Id dissesse “eu quero”, o Superego dissesse “que coisa horrível”, e o Ego dissesse “eu estou com medo”. Ansiedade • Propôs três tipos: • Ansiedade frente à realidade ou objetiva = envolve o medo de perigos tangíveis no mundo real (maior influência nas crianças); • Ansiedade neurótica = surge do conflito entre impulsos sexuais ou agressivos (Id) e o medo inconsciente de ser punido (Ego); • Ansiedade moral = resulta de um conflito entre o Id e o Superego – vergonha e culpa; é proporcional ao grau de desenvolvimento de superego. Ansiedade • A ansiedade alerta o indivíduo de que o Ego está sendo ameaçado e de que, se não tomar uma atitude, este poderá ser subvertido. • E como o Ego pode se proteger ou defender? Mecanismos de defesa do ego • Para Freud, as defesas precisam estar sempre atuando, pois o conflito está sempre presente, porque os impulsos estão sempre pressionando por satisfação e os tabus da sociedade tendem a limitar essa satisfação. • Mecanismos de defesa são estratégias que o Ego utiliza para se defender da ansiedade provocada pelos conflitos da vida cotidiana. • Envolvem negações ou distorções da realidade e operam inconscientemente. Mecanismo de defesa do ego
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