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1 APOSTILA SECRETARIA ESCOLAR (21) 3347-3030 / 2446-0502 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 2 Sumário Introdução .............................................................................................................. 3 1- A educação antes da escrita .............................................................................. 5 1-1 A educação no chamado período paleolítico ................................................ 6 1-2 As mudanças no neolítico ............................................................................. 7 2- A educação oriental ........................................................................................... 9 3- Os gregos educavam assim... .......................................................................... 18 3-1 Esparta: a educação voltada para a guerra: ............................................... 18 3-2 Atenas: a formação do cidadão. ................................................................. 19 4- Roma: herança grega + novas influências ....................................................... 23 5- O período medieval: a ligação entre a igreja e o estado ............................... 27 6- O Renascimento e a educação nos tempos modernos ................................. 30 7- Os caminhos da educação no Brasil ............................................................... 34 7-1 Antes de Cabral... ....................................................................................... 34 7-2 O papel dos jesuítas ................................................................................... 36 7-3 Pombal e a expulsão dos jesuítas. ............................................................. 38 7-4 A colônia se torna um reino: D. João no Brasil. .......................................... 39 7-5 O Brasil já independente: a ação dos imperadores. ................................... 40 7-6 A educação brasileira na república ............................................................ 41 7-7 A educação hoje ......................................................................................... 52 Referências bibliográficas e Bibliografia ............................................................... 57 3 INTRODUÇÃO Olá alunos e alunas do IECS: Você está começando o estudo do material sobre a História da Educação. Vai logo perceber que ela é parte da história da cultura, que por sua vez faz parte da história geral. As sociedades sempre sentiram que era preciso mostrar às novas gerações como sobreviver, assim como prepará-las para preservar os valores de sua cultura. A educação surgiu, portanto, dessa necessidade e o seu próprio conceito se transformou através do tempo. Em cada tempo/espaço histórico, a educação atendeu a determinados objetivos, que correspondiam a visões de homem e de mundo. Portanto, para você compreender melhor a história da educação, é essencial situá-la na história geral. Ao longo da leitura você vai entender o legado de cada período para a educação atual e assim perceber as causas de alguns problemas com os quais convivemos. A dificuldade para estabelecer uma educação universal na qual todos tenham direitos iguais encontra raízes no passado. Vamos analisar a diferença entre a educação dada às classes superiores e ao povo, desde as primeiras civilizações. Veremos que as conquistas dos gregos não se limitaram às vitórias nas guerras mas se destacaram muito mais em tudo que nos legaram no campo da educação, começando pelo próprio termo pedagogia. No período medieval aparecem as origens das universidades, nos tempos modernos se estruturam os primeiros colégios. No Brasil a educação formal começa com os jesuítas que já tinham tido grande influência na Europa. No período monárquico o regalismo dava ao imperador o direito de interferir nos assuntos da Igreja Católica. Com a proclamação da República fomos alcançando grandes progressos, mas há ainda um longo caminho até conseguirmos uma educação que elimine as injustiças sociais e integre a sociedade de forma completa. http://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/ 4 Podemos perceber que a educação se transformou de acordo com as características sociais, econômicas e políticas de cada época. Acompanhar essa transformação é objetivo da História da Educação. No nosso curso do IECS damos à História da Educação um lugar de destaque. A História da Educação é disciplina curricular de diferentes cursos de formação em Pedagogia, Normal Superior e demais cursos de licenciaturas, além de uma área de pesquisa em expansão no Brasil. Apresentamos no capítulo um aspectos da educação na chamada educação na pré história e os capítulos dois, três e quatro nos trazem aspectos da história e cultura das civilizações mais antigas e do legado delas para a educação na atualidade.O enfoque do capítulo cinco é relativo aos aspectos da educação na Idade Média e o seis tem foco na Idade Moderna. Dedicamos todo o capítulo sete à História da Educação no Brasil. Através da leitura do nosso material e das sugestões complementares você poderá estabelecer comparações, tirar conclusões, que contribuirão para a sua formação . Com tantos argumentos, você não precisa de mais motivos para começar a ler o primeiro capítulo deste material, não é? Boa leitura! http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia http://pt.wikipedia.org/wiki/Normal_Superior http://pt.wikipedia.org/wiki/Licenciatura 5 1- A EDUCAÇÃO ANTES DA ESCRITA A educação sempre ajudou o homem a garantir a sobrevivência. Ela permite que as habilidades e os conhecimentos adquiridos com a experiência sejam repassados para as gerações seguintes. Mas, por muitos séculos, não existiam professores, e todos os adultos transmitiam informações aos jovens de forma oral e espontânea. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer as principais características da educação nas etapas da pré história. Compreender a evolução da metodologia e da forma de transmissão do conhecimento através do tempo. Identificar características da educação natural da pré história que permanecem em grupos humanos na atualidade. A escrita marca o início dos tempos históricos. A pré-história pode ser definida, para um determinado povo ou nação, como o período sobre o qual não há documentos escritos. Assim, no Egito, a pré-história terminou aproximadamente em 3500 a.C., embora algumas culturas da Idade da Pedra tenham coexistido com as civilizações após essa data. O termo pré-história mostra, portanto, a importância da escrita para a civilização ocidental. Uma vez que não há documentos deste momento da evolução humana, seu estudo depende do trabalho de arqueólogos, antropólogos, paleontólogos e geneticistas ou de outras áreas científicas, que analisam restos humanos, sinais de suas presenças e utensílios preservados para tentar resgatar, pelo menos parcialmente, sua cultura e costumes A educação sempre representou a principal forma de transmissão da cultura de um grupo e, portanto, é um instrumento de sobrevivência do mesmo. O período que antecede o uso da escrita corresponde à pré-história. http://pt.wikipedia.org/wiki/Egito http://pt.wikipedia.org/wiki/3500_a.C. http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_da_Pedra http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita http://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_ocidental http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_humana http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia 6 Até mesmo os filhotes de animais superiores brincam com os animais adultos e assim aprendem como se defender, como atacar, como controlar o território. Como você vê, já se percebe nessas espécies uma disposição para a transmissãode técnicas de sobrevivência. 1-1 A educação no chamado período Paleolítico Ocorria de forma espontânea, ou seja, as crianças ou jovens aprendiam por imitação, ao observarem os maiores em suas atividades elementares, que eram a pesca, a caça, e mais tarde a agricultura, etc. A observação de fenômenos meteorológicos, alguns rituais sagrados e a preparação para a guerra, com o passar dos séculos, passaram também a fazer parte da educação dos jovens, que para isso precisavam ser treinados. O homem do Paleolítico era nômade e por isso se refugiava nas cavernas para se proteger do frio, da chuva, do sol excessivo, de ataques de animais Você vai perceber, com a ajuda da ilustração e do texto que se segue, algumas ideias sobre a educação do “homem das cavernas: 7 Como se pode concluir, nas comunidades tribais, a educação era difusa. As crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias dos rituais. As crianças aprendem "para a vida e por meio da vida", sem que alguém esteja especialmente destinado a tarefa de ensinar, o ato de observar era muito utilizado por eles e passado de geração para geração, através de suas tradições.1 1.2- As mudanças no Neolítico No chamado período Neolítico – Idade da Pedra Polida - o homem começou a praticar a agricultura e essa atividade conduziu ao sedentarismo. Em relação à educação ocorreram transformações. Nesse período se estabeleceram locais de aprendizagem e de adestramento específicos nas diversas oficinas artesanais, nos rituais, na arte.. A aprendizagem .ocorria sempre por imitação e segundo processos de participação no exercício de uma atividade. A especialização deu vida a locais cada vez mais específicos para a aprendizagem. A Revolução Neolítica se caracterizou por uma divisão educativa paralela à divisão do trabalho entre homem e mulher, entre especialistas do sagrado e da defesa e grupos de produtores. Cultivam-se os campos e criam-se animais, aperfeiçoam-se e enriquecem-se as técnicas para fabricar vasos, para tecer, para arar, cria-se uma divisão do trabalho cada vez mais nítida entre homem e mulher e um domínio sobre a mulher por parte do homem, estabelece ainda o importante papel da família na reprodução das infraestruturas culturais, papel sexual, papéis sociais, competências elementares, introdução da autoridade. cada vez mais específicos para a aprendizagem.. 1 http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Educa%C3%A7%C3%A3o-Primitiva/18073.html Pré-história é o nome que os pesquisadores dão ao período compreendido entre 3 e 2 milhões a.C. a 4000 ou 3500 a.C. As datações são sempre aproximadas e chegam a variar em milhares de anos. Apesar dos avanços, nossos conhecimentos sobre a pré-história são ainda bastante precários, pois estamos falando de um período remoto, com centenas de milhares de anos de duração. http://www.historiamais.com/prehistoria.htm 8 Para reforçar é preciso registrar que, por muitos séculos, não existiam professores, e todos os adultos transmitiam informações aos jovens. Com o desenvolvimento da escrita, apareceu a necessidade de que pessoas especializadas garantissem a formação de novas gerações, realizada de formas diferentes, dependendo da cultura local. Depois de estudarmos a educação primitiva nesse capítulo, vamos analisar no capítulo 2, como a educação foi evoluindo com as primeiras civilizações. Agora um trabalho de reflexão a respeito da educação nesse período Auto avaliação Realizada da forma como está narrada, você consideraria a educação nesse longo período da vida dos grupos humanos na Terra como: Integral? Sim ou Não Envolve todo o saber do grupo Difusa ? Sim ou Não Todos participam da educação das crianças e jovens. Universal? Sim ou Não Todos têm acesso ao saber e às atividades do fazer do grupo. Pense num exemplo de grupos ainda vivendo dessa forma mais natural. 9 2-A EDUCAÇÃO ORIENTAL As mais antigas civilizações humanas tiveram origem no oriente. Surgem com o sedentarismo humano, com a organização social dos grupos cada vez maiores e mais complexos e também da necessidade de administrar os excedentes da produção agrícola. A escrita sistematizada criada no oriente, associada à organização social que se estabeleceu levou à criação de escolas e mestres em alguns dos países orientais. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar características da educação nas primeiras civilizações orientais. Perceber a influência de tais características na evolução da educação através do tempo. Refletir sobre a permanência de algumas dessas características em algumas sociedades atuais. Algumas civilizações se destacam como: Egípcios, Babilônios, Hebreus, Fenícios e Persas, cujos legados tiveram influência marcante na educação dos povos ocidentais. Também merecem atenção o legado de educação Chinesa. e Hindu Os rios, pela sua importância econômica, são o centro dessas civilizações antigas, a ponto dessas civilizações serem associadas aos respectivos rios: Egito Rio Nilo; Mesopotâmia Rio Tigre e Eufrates; Hebreus Rio Jordão, entre outros. Nas civilizações orientais a educação era tradicional. e, na maioria delas, diferente para o povo e para classes consideradas superiores. Grande parte da população foi excluída da escola, ficando restrita à educação familiar. O conhecimento da escrita era restrito. 10 Poderíamos identificar nessas características gerais o início do dualismo na educação? Os egípcios criaram uma das primeiras escritas da Antiguidade.. A escrita hieroglífica dos egípcios baseava-se em ideogramas .Entre os egípcios, a escola, a princípio, era reservada aos filhos das classes superiores. Posteriormente depois foi dividida em elementares para o povo e superiores ou eruditas para os privilegiados. A educação estava muito ligada à religião e à cultura. Os livros sagrados apresentavam regras de conduta sempre de acordo com os rígidos sistemas religiosos . A aprendizagem se fazia por transcrições de hinos, dos livros sagrados, acompanhada de exortações morais e de coerções físicas. Ao lado da escrita, ensinava-se também aritmética, com sistemas de cálculo, complicados problemas de geometria associados à agrimensura, conhecimentos de botânica, zoologia, mineralogia. Ao lado da educação escolar, havia a familiar atribuída primeiro à mãe, depois ao pai e a “dos ofícios”, que se fazia nas oficinas artesanais e que atingia a maior parte da população. Para este aprendizado não havia nenhuma necessidade de “processo institucionalizado de instrução”, pois eram os pais ou os parentes artesãos que ensinavam a arte aos filhos”, através do observar para depois reproduzir o processo observado. Os populares eram também excluídos da ginástica e da música, reservadas apenas a casta guerreira e colocadas como adestramento para guerra. De acordo com a citação de Luzuriaga(1963) a cultura egípcia teve grande desenvolvimento e serviu de inspiração à grega e cristã primitiva. 11 Templo egípcio Imagem Templo de Abu Simbel Fonte http://www.sis.gov.eg/En/Templates/ Na civilização babilônica, tiveram um papel essencial o templo e as técnicas. O templo era o lugar onde se condensava a tradição e onde se organizavam as competências técnicas, sobretudo as mais altas e complexas, como escrever, contar, medir, que dão vida à literatura, à matemática, à geometria, às quais se acrescenta a astronomia que estuda o céu para fins, sobretudo práticos, como elaborar um calendário. O calendário babilônico era lunar porque o cicloda lua era de extrema importância. Era constituído de 12 meses lunares. O primeiro dia do mês era declarado quando aparecia a primeira Lua no crepúsculo, após a lua nova (para eles “sem lua”). O calendário lunar da Babilônia foi o primeiro em que o “mês lunar” foi dividido em 4 períodos correspondentes às fases da Lua. Essa divisão deu origem às semanas. Na Babilônia, destaca-se a cultura da poderosa classe sacerdotal . Os sacerdotes constituíam verdadeira casta de poder, que levava uma vida separada e se dedicava a atividades diferentes dos outros homens, ligadas aos rituais e à cultura, eram os depositários da palavra, os conhecedores da técnica da leitura e da escrita. A experiência escolar formava o escriba e ocorria em Você sabia? Ajudando na localização A região ocupada pela Babilônia (porta de Deus) estava na área da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, ao sul da atual Bagdá, no Iraque. 12 ambientes aparelhados para escrever sobre tabuletas de argila, sob o controle de um mestre (dubsar), pelo uso de silabários e segundo uma rígida disciplina. Dentre as contribuições fenícias para a educação e cultura tem destaque a criação do alfabeto que serviu de origem ao que utilizamos hoje, A primeira produção do alfabeto ocorreu em Biblos, um dos centros da Fenícia, que deu, aliás, nome ao livro Biblos em grego, em razão das indústrias de papiro que ali se encontravam. Quanto aos processos educativos, são aqueles típicos das sociedades pré-gregas, influenciados pelos modelos dos grandes impérios e pelas sociedades sem escrita. Tais processos se desenvolveram, sobretudo na família, no santuário ou nas oficinas artesanais. Os processos de formação coletiva são confiados ao “bardo”, ao “profeta”, ao “sábio”, três figuras-guias das comunidades pré- literárias e que desenvolveram uma ação de transmissão de saberes, de memória histórica e de “educadores de massa”. Os fenícios criaram técnicas de navegação e de fabricação de barco, vidro, tecido e artesanato metalúrgico. O alfabeto por eles criado foi posteriormente adotado, com modificações, pelos gregos e a partir dele foi criado o alfabeto latino. Foi, portanto a base do alfabeto que hoje usamos. Observe como são interessantes os números e o alfabeto fenícios. Os fenícios se estabeleceram por volta de 3000 a.C., numa estreita faixa de terra com cerca de 35 km de largura, situada entre as montanhas do Líbano e o mar Mediterrâneo. Com 200 km de extensão essa área corresponde à maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria. 13 A influência cultural mais importante do povo hebreu está no fato de ter constituído a base de criação de duas religiões : judaísmo e cristianismo. Há diferenças entre a educação dos hebreus antes e depois do desterro. Na primeira fase a educação tinha um caráter que envolvia aspectos de mais dureza, castigo e repreensão , o que pode ser notado na leitura de partes do Antigo Testamento. O povo, sem deixar de praticar o pastoreio, se tornou agricultor e sedentário. É possível que por essa época o uso da escrita e necessidade da sua aprendizagem tenham ocorrido. Na família o pai era o mestre dos filhos e durante muito tempo não se tem registro de escolas. 14 Mais tarde, o contato com povos de culturas diversas, trouxe ao povo hebreu uma sensibilização maior quanto aos aspectos culturais. Há criação de escolas específicas para os peritos nas leis e escrituras, e escolas para os rabinos. Há registro de criação de escola elementar no século I da era cristã. O Talmud, livro religioso hebreu regulava , a vida das escolas. A escola erudita e a popular alcançaram, no século.II a.C,. o desenvolvimento e organização completos. A instrução que se professava era religiosa, voltada tanto para a “palavra” quanto para os “costumes”. Durava cerca de dez anos , desde os 8 aos 18 anos. Os conteúdos da instrução eram trechos escolhidos da Torah e do Talmud. .Só mais tarde (no século I d.C.) foi acrescentado o estudo da escrita e da aritmética. Desde a Pré-História, diferentes povos ocuparam a China. Em termos da influência na política, cultura e educação consideramos que o estabelecimento da China imperial se transforma numa marca muito forte, com reflexos na vida dessa população. Imagine que o fim desse longo império quase na metade do século XX e há registro de que o primeiro reino dinástico tenha surgido por volta de 2000 a.C.. Os chineses desenvolveram a agricultura, a metalurgia de cobre e bronze e, a partir de 700 a.C., o comércio e a fabricação de seda, tecidos e artesanato de cerâmica. Entre os séculos I a.C. e III, introduzem novas técnicas agrícolas, como a rotação de culturas e a adubação. Inventaram o papel, a bússola e sistemas monetário e de pesos e medidas. Possuem uma escrita com ideogramas e literatura rica. No século VI a.C., os ensinamentos de Lao-tsé transformam-se em religião e doutrina pedagógica - o Taoísmo- que indica uma vida tranquila e pacífica. A partir do Taoísmo A Torah é o conjunto dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento (o Pentateuco – a Bíblia hebraica) O Talmud é composto por sessões principais que são uma coletânea de comentários à Torah o que possibilitou maior compreensão dos ensinamentos..Fonte: http://www.orion.med.br/index.php/livrar ia-orioncomsaber/ 15 Confúcio se baseia para escrever o Confucionismo que ficou durante séculos como a religião do Estado chinês. Você gosta de cinema? Quer conhecer mais sobre a forma de viver na China? Assita o "O Último Imperador". Um filme feito em 1987, com direção do cineasta Bernardo Bertolucci, mostrando o período do estabelecimento da república e posterior revolução socialista ocorrida no país, centrada na figura de um menino feito imperador aos 4 anos. Apreciar esse filme vai ajudá-lo a penetrar no interessante mundo chinês. Transcreva um pequeno trecho desse capítulo que evidencie esta afirmação: --------------------------------------------------------------------------------------------- 16 Sintetizando aspectos relativos às importantes contribuições da educação oriental Povos Características Outras observações Egito Ler, escrever e contar., a partir dos 6 ou 7 anos. Criaram a escrita hieroglífica. As escolas superiores eram para filhos de altos funcionários. Babilônia Os templos eram os centros sociais. Criaram a escrita cuneiforme e o calendário lunar Os escribas eram encarregados de ler e copiar textos religiosos com a escrita cuneiforme, de difícil compreensão. Hebreus Dos 8 aos 18 anos Baseada nos livros sagrados Torah e Talmud. Os hebreus foram monoteístas(crença num só Deus), priorizavam o ensino religioso, escreveram o Antigo Testamento, Fenícios Desenvolveram conhecimentos técnicos, de cálculos e de escrita ligados à navegação. Uma criação significativa desse povo foi a do alfabeto, com 22 consoantes, sem as vogais, do qual derivam o alfabeto grego e depois o dos europeus. Hindus Privilégio das castas superiores Os pais educavam os filhos com base nos textos sagrados dos Vedas China Fase de mudança mais radical foi o período imperial. Educação elementar para o povo e superior para funcionários e mandarins. Nesse capítulo analisamos as principais características da educação nas civilizações orientais, destacando o caráter excludente da maioria delas. É necessário frisar que percorremos, num capítulo , um extenso período da história dos povos. Isto nos obriga a fazer escolhas a respeito do que apresentar. Gostaríamos que, despertado seu interesse, você prosseguisse na busca de histórica sobre a educação desses povos . 17No próximo capítulo, sempre com foco no legado para a educação e cultura, vamos tratar das grandes conquistas dos gregos . 18 3. OS GREGOS EDUCAVAM ASSIM... A educação clássica se desenvolveu entre os séculos V a. C. e V d. C .e se refere à educação ocidental, compreendendo Grécia e Roma. Iniciamos nosso estudo a partir da contribuição grega. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar a presença da cultura grega na cultura ocidental atual. Citar as principais diferenças entre a educação em Esparta e Atenas. Refletir sobre a influência grega em vários aspectos da educação. A contribuição grega permanece em muitas características da cultura ocidental. Para nós envolvidos com a Educação e que tratamos dos assuntos pedagógicos é importante lembrar que se consideramos a Pedagogia como a reflexão sobre a atividade educativa, é lá na Grécia Antiga que essa reflexão tem origem. Não só quanto a origem da palavra Pedagogia, mas também das ideias pedagógicas. Sobre a educação grega destacamos como exemplo a forma de educar em Atenas e Esparta. Esparta e Atenas, duas das mais importantes cidades gregas, tiveram ideais de educação:diferentes, um baseado no conformismo e no militarismo, outro, na formação humana livre e nutrida de diversas experiências sociais 3.1-Esparta: a educação voltada para a guerra: Em Esparta a educação era organizada em moldes militares com ênfase à educação física. Os meninos viviam em casernas dos 7 anos aos 30 anos e sua educação incluía intermináveis exercícios de ginástica e atletismo. Os professores surravam os alunos, às vezes seriamente, a fim de reforçar a disciplina. O processo educativo, em Esparta, servia o estado de guerra permanente em que a cidade-estado vivia. 19 A imposição de uma disciplina de ferro, a preparação para a guerra, o ideal militarista e a subordinação do indivíduo ao estado eram características marcantes da educação em Esparta. A criança era propriedade do Estado, o casamento era obrigatório, mas a vida familiar era quase inexistente. Poucos dias após o nascimento, a criança era examinada por uma conselho de anciãos que decidiam se ela devia viver ou morrer. As crianças doentes ou demasiado fracas eram, quase sempre, expostas até morrerem. As outras eram entregues às mães até aos sete anos de idade, após o que eram entregues aos cuidados de uma escola oficial que deveria prepará-los para se tornarem bons soldados. Para os rapazes, a escola era obrigatória e obedecia a um currículo militar que se destinava a formar pessoas destemidas e capazes de dedicarem as suas vidas em defesa da cidade. Ao ingressar na escola, o menino recebia uma cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Devia andar descalço. Para acostumar-se a passar fome em tempo de guerra, só recebia um mínimo de comida. O resto, ele deveria conseguir como pudesse. Deveria, pois, aprender a roubar. Para eles era uma forma de desenvolver a astúcia. Só que, se fosse apanhado em flagrante, seria severamente castigado por falta de habilidade. Uma vez por ano realizava-se o combate mortal que servia para desenvolver nos jovens o gosto pela morte violenta. Podia-se matar qualquer escravo que se encontrasse no caminho. O currículo escolar era constituído sobretudo por exercícios físicos: salto, natação, arremesso do disco, caça e luta livre. Nos anos mais adiantados, havia exercícios militares Os espartanos alcançavam a maturidade em ótimas condições físicas, mas poucos sabiam ler e escrever 3.2-Atenas: a formação do cidadão. O processo educacional ateniense contrastava acentuadamente com a de Esparta. Os atenienses acreditavam que sua cidade-estado ficava mais forte cada vez que um menino desenvolvia integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas.. Em comum, Esparta e Atenas tinham o costume de expor até à morte os recém-nascidos doentes ou deficientes, mas em Atenas a responsabilidade pela decisão era dos pais e não do conselho de anciãos. Até aos sete anos de idade, a criança era entregue aos cuidados de uma ama. A partir dos sete anos de idade, 20 era entregue a um pedagogo que, em casa, lhe proporcionava educação moral. A partir do século VI, o pedagogo começou a levar a criança à escola, onde aprendia ginástica, música, gramática e oratória. Ele estudava também aritmética, literatura e escrita. Além disso decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava, para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos. De modo geral, a educação grega estava constantemente centrada na formação integral corpo e espírito mesmo que, de fato, a ênfase se deslocasse ora mais para o preparo esportivo ora para o debate intelectual, conforme a época ou lugar. Nos primeiros tempos, quando não existia a escrita, a educação era ministrada pela própria família, conforme a tradição religiosa. As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio. A partir da leitura, destaque os principais objetivos da educação espartana e da educação ateniense. De acordo com Marques (2014) Esparta e Atenas foram duas cidades gregas que apresentaram soluções distintas para a educação da juventude. Ambas ancoradas no conceito de cidade- estado, enquanto Esparta manteve a preferência por um regime militarista despótico, Atenas evoluía para uma democracia. As concepções educacionais divergentes, de uma e de outra, serviram esses regimes políticos. Fonte: http://www.ese.ipsantarem.pt/ . 21 Segundo Luzuriaga (1963, p.33) se inicia com a Grécia uma nova era na história da Humanidade, entendida como a era da sociedade ocidental. Para o autor, os povos anteriores tiveram influência indireta sobre o ocidente, enquanto da civilização grega são derivadas , em grande parte a nossa educação e a nossa Pedagogia. Pense a respeito de algumas das contribuições gregas descobrimento do valor humano,do ser humano em si,da personalidade independente da autoridade religiosa e política reconhecimento da razão autônoma e da inteligência crítica criação ideia da ordem, da lei ,do cosmos tanto na natureza quanto na humanidade. criação da vida cidadã, do estado e da organização política criação da liberdade individual e política dentro da lei e do estado invenção da poesia épica,da história, da literatura dramática,da filosofia e das ciências físicas. reconhecimento do valor da educação na vida social e individual. ideia da educação humana integral nos aspectos: físico, intelectual,ético e estético. princípio de competição e seleção dos melhores,na vida e na educação. E então caro aluno , cara aluna do IECS , se você observar a lista de contribuições gregas e comparar com o que muitas escolas atuais propõe, você é capaz de identificar semelhanças? Após o estudo de alguns dos aspectos mais marcantes da História e da História da educação e Pedagogia na Grécia clássica passamos a analisar a educação na Roma antiga e sua influência sobre a cultura ocidental.. 22 23 4- ROMA: HERANÇA GREGA + NOVAS INFLUÊNCIAS A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, destinando-se a formar em particular os civis romanos, superior aos outros povos pela consciência do direito como fundamentoda própria “Romanidade”. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar a educação romana como origem do código civil e do direito. Entender a influência da educação romana na determinação dos papeis de pai e mãe na família. Valorizar a importância do idioma dos romanos como a origem da língua portuguesa. O texto base da educação romana foi por muito tempo o das Doze tábuas, fixado no bronze, em 451 a.C e exposto publicamente no fórum, para que todos pudessem vê-lo. Nelas, sublinhava-se o valor da tradição o espírito, os costumes, a disciplina dos pais e delineava-se um código civil, baseado na pátria protestas e caracterizado por formas de relação social típicas de uma sociedade agrícola atrasada. Como modelo educativo, as tábuas fixavam a dignidade, a coragem, a firmeza como valores máximos, ao lado, porém, da compaixão e da parcimônia. Os civis romanos eram, porém, formados antes de tudo em família pelo papel central do pai, mas também da mãe, por sua vez menos submissa e menos marginal na vida da família em comparação com a Grécia. A mulher em Roma era valorizada como mater famílias, portanto reconhecida como sujeito educativo, que controlava a educação dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. Diferente, entretanto, é o papel do pai, cuja autoridade, destinada a formar o futuro cidadão, é colocada no centro da vida familiar e por ele exercida com dureza, abarcando cada aspecto da vida do filho desde a moral até os A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado na época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando a família e rituais para negócios formais. 24 estudos, as letras, a vida social. Para as mulheres, porém, a educação era voltada a preparar seu papel de esposas e mães, mesmo que depois, gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade romana. O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar e educativo. Educação romana Nos primeiros tempos se fazia nos lares,com a mãe ocupando uma posição mais destacada na educação dos filhos do que na Grécia, ainda que a autoridade do pai fosse inquestionável. Após 15 anos a vigilância da mãe sobre o filho diminuía. À medida que a sociedade se tornava complexa surgiram as escolas elementares – Ludi(Jogos) Educação romana Ao conquistar a Grécia surgiu uma nova educação em Roma e aos poucos foi-se elaborando uma teoria pedagógica. Para atender a própria expansão do império pensou-se numa educação cosmopolita com formação humana geral. Junto a isso criou- se o primeiro sistema de educação estatal, estendida desde Roma até os confins do Império. 25 No século I a. C. foi fundada uma escola que reconhecia a literatura e o latim como a língua dos romanos. Pouco tempo depois, o espírito prático, próprio da cultura romana, levou a uma sistemática organização das escolas, divididas por graus e providas de instrumentos didáticos específicos:. • : Quanto aos graus as escolas eram divididas em As escolas elementares funcionavam em locais alugados ou na casa dos ricos. As crianças dirigiam-se para lá acompanhadas dos pedagogos, escreviam com o estilete sobre tabuletas de cera, aprendiam as letras do alfabeto e sua combinação, calculavam utilizando os dedos ou pedrinhas. Passavam boa parte do dia na escola e eram submetidas à rígida disciplina do magister, que não excluía as punições físicas. A educação romana, embora mais limitada em comparação à educação grega, pois eram escassas a gramática, a música, e também a ciência e a filosofia, era mais utilitária. A formação escolar romana prioriza a oratória resumidas no valor atribuído à palavra. Existiam também, escolas para os grupos inferiores e subalternos, embora menos organizadas e institucionalizadas. Eram escolas técnicas e profissionalizantes, ligadas aos ofícios e às práticas de aprendizado das diversas artes. As técnicas eram ligadas num primeiro momento, ao exército e à agricultura, depois ao artesanato, e por fim ao artesanato de luxo. Como você percebe ainda persistia a discriminação em relação à educação. Para conhecer um pouco mais sobre o pensamento pedagógico de Roma e também da Grécia é interessante consultar: A História das ideias pedagógicas de Moacir Gadotti, publicado pela Editora Ática. 26 Para concluirmos nosso estudo sobre a influência da educação romana na vida ocidental é interessante destacar,como propõe Luzuriaga(1963) valorização da ação e da vontade sobre a reflexão e contemplação. acentuação do poder para dominar um grande império. valorização da família e do indivíduo ante o estado ou junto a ele. se na cultura houve pouco estudo de filosofia e busca desinteressada do saber houve em contrapartida criação de normas jurídicas, do direito. educação com uma linha de ação , como atividade consciente que visa a um fim , contrária ao idealismo e intelectualismo dos gregos. considerava na vida familiar a figura do pai, mas também da mãe envolvidos na educação dos filhos. criação daquilo que se pode considerar como o primeiro sistema estatal de ensino, estendendo a educação de Roma aos territórios que foram sendo conquistados. Neste capítulo você teve a oportunidade de conhecer melhor a educação em Roma, podendo observar o legado da mesma na atualidade. Em seguida analisemos a ligação entre a escola e a religião no período medieval. 27 5-O PERÍODO MEDIEVAL:A LIGAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO Nesse período a educação tem caráter essencialmente religioso, dogmático, predominando matérias abstratas, literárias, em detrimento da educação intelectual e científica e se desenvolve na época em que o cristianismo alcança toda a Europa (V – XV d. C.). O latim se torna língua única. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar as principais características da educação na Idade Média. Entender o papel preponderante da Igreja nessa fase. Refletir sobre o legado que ficou do período medieval para os dias de hoje. Até o final da Antiguidade a infância não merecia muita atenção. As crianças pobres eram abandonadas ou vendidas e as ricas enjeitadas - por causa de disputas de herança - eram entregues à própria sorte. Nesse contexto histórico-cultural é que se compreende a força e o impacto do cristianismo, que rompeu com essas duas tradições A tradição cristã abriu, portanto, uma nova perspectiva à criança, uma mudança revolucionária . No entanto, foi um processo bastante lento, um processo esse levado a cabo pela Igreja. Passa a ser responsabilidade da Igreja o processo de educação nesse período. Havia escolas que funcionavam anexas às catedrais. As escolas monásticas funcionavam nos mosteiros. Os cônegos chamados de schorarius ou scholasticus dirigiam as escolas. Os professores eram clérigos de ordens menores e lecionavam as sete artes liberais: Gramática Retórica Lógica Aritmética Música Geografia Astronomia 28 Essas disciplinas mais tarde constituíram o curriculum de muitas universidades. Para ensinar os professores precisavam de uma autorização dada pelos bispos. Os diretores de escolas eclesiásticas dificultavam ao máximo essas concessões, com medo de perderem a influência, professores e alunos reagiram criando associações denominadas universitas, que mais tarde deram origem ao termo universidade. As universidades eram compostas por quatro divisões ou faculdades. A faculdade de Artes era o lugar onde acontecia a educação de forma mais geral. As faculdades de Direito, Medicina e Teologia trabalhavam o conhecimentode forma mais específica. Os diretores das faculdades eram chamados de decanos e eram eleitos pelos professores. O decano da Faculdade de Artes era o reitor e representava oficialmente a universidade. Supõe-se que a primeira universidade europeia tenha sido na cidade italiana de Salerno, cujo centro de estudos remonta ao século XI. Além desta, antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de universidades medievais. São designadas de espontâneas porque nascem do desenvolvimento de escolas preexistentes. As universidades de Bolonha e de Paris estão entre as mais antigas. Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290. As instituições eclesiásticas acolhiam os oratores (os especialistas da palavra,) eram as únicas delegadas a educar, a formar, a conformar. Persistiam as práticas e modelos para o povo e práticas e modelos para as classes altas. Era típico, portanto, da Idade Média o dualismo social das teorias e das ações educativas, como tinha sido no mundo antigo. Também a escola, como nós conhecemos, é um produto da Idade Média. A sua estrutura ligada à presença de um professor que ensina a muitos alunos de diversas procedências e que deve responder pela sua atividade à Igreja ou a outro poder. Utilizavam como atividades disciplinares os prêmios e castigos. As formas avaliativas vêm daquela época e da organização dos estudos nas escolas monásticas, nas catedrais e, sobretudo nas universidades. Vêm desse período também alguns conteúdos culturais da escola moderna e até mesmo da 29 contemporânea tais como: o papel do latim; o ensino gramatical e retórico da língua; a imagem da filosofia, como lógica e metafísica. Busque no texto exemplos que comprovam afirmativa contida no seguinte trecho: “No período medieval a educação era desenvolvida em estreita simbiose com a Igreja, com a fé cristã e com as instituições eclesiásticas”. Como fechamento do capítulo, para que você tenha a noção de duração do período que descrevemos, é preciso ressaltar que ele se estendeu , desde os anos de 476 a 1453. A Idade Média consiste em um período histórico de quase um milênio que se inicia com a queda do Império Romano , tomado pelos povos denominados bárbaros e chega ao seu fim quando os turco-otomanos conquistam a cidade de Constantinopla. Descrever a educação em quase mil anos de história , não é tarefa simples, a começar pelas mudanças que se estabelecem, ao longo do tempo, nessas sociedades. No entanto, é possível generalizar chamando a atenção para o desenvolvimento do Cristianismo na Europa , para uma maior atenção à vida emotiva e religiosa, com a utilização de métodos de educação verbalista e de apelo à memória, para a importância da criação das Universidades , que apesar de utilizar o latim como língua única, é aberta a alunos de todos os territórios ,com uma educação universal. Mas tudo muda e a Idade Medieval europeia começou a se transformar. No próximo capítulo vamos estudar a educação nos tempos modernos. 30 6- O RENASCIMENTO E A EDUCAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS A transição do Período Medieval para os Tempos Modernos se caracterizou por várias transformações. Marcaram esse período o Renascimento Cultural, que revolucionou as artes e as ciências, através de figuras históricas, como Leonardo da Vinci e Michelangelo, a Reforma Religiosa, o Humanismo, a ascensão da burguesia, com o desenvolvimento do comércio. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como Identificar as principais transformações do início dos tempos modernos. Entender a relação entre a Reforma Religiosa, a Contra reforma e a educação. Citar características da escola nos tempos modernos. A Idade Moderna é o período histórico em que as monarquias europeias se constituíram e se fortaleceram, expandindo seu poder para os cinco continentes do mundo. Com as grandes navegações iniciadas no século XV, as diversas partes do planeta começaram a se integrar.. Grande parte dos historiadores considera que o início da Idade Moderna aconteceu com a tomada da cidade de Constantinopla pelos Turcos-Otomanos, em 1453, e terminou com a queda da Bastilha e a Revolução Francesa, em 1789.. A descoberta da América e as rotas comerciais com a África e a Ásia criaram as bases de acumulação de capital necessárias ao desenvolvimento do capitalismo. No aspecto religioso, o cristianismo católico deixou de deter o monopólio religioso na Europa, com o advento da Reforma Protestante. A educação na Idade Moderna, era privilegio somente dos nobres. Como o poder político era passado de pai para filho, essas classes gozavam do direito da educação, assim a maioria da população permanecia na ignorância. As escolas eram na maioria controladas pelas ordens religiosas, os burgueses faziam questão que seus filhos estudassem em colégios jesuíticos para se igualarem aos filhos dos nobres. 31 O ensino era dividido somente em três classes e dessas classes, os mais talentosos seriam selecionados e iriam estudar nas grandes cidades com os bons mestres. As condições de ensino eram precárias, o professor tomava a lição de um aluno por vez, sob ameaça de palmatória, enquanto os outros liam, brincavam ou conversavam sem vigilância. Geralmente as lições eram tomadas na casa do professor. Com as mudanças que caracterizaram os tempos modernos a educação adquiriu também novas formas de transmissão. Após o século XV, período da Renascença, é criada a educação humanista, uma nova versão do conhecimento greco-romano. A disciplina e a autoridade até então predominantes deixam espaço ao desenvolvimento do pensamento livre e crítico. As matérias cientificas retornam ao currículo, embora ainda em segundo plano. Surge o colégio humanista (escola secundária), onde são estudados o latim e o grego. Os exercícios físicos são valorizados. A família e a escola se tornaram cada vez mais centrais na formação dos indivíduos e na manutenção das características da sociedade. A criança se tornou o centro motor da família que se desdobrava em afeto e cuidados para formá-la segundo um ideal. Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao primogênito, e no fim dos anos seiscentos também às filhas, uma preparação para a vida.. Ao lado da família, a escola instruía e formava, ensinava conhecimentos, mas também comportamentos se articulava em torno da didática, da racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina., A escola que reorganizava suas próprias finalidades e seus meios específicos. Era uma escola não mais sem graduação, na qual se ensinavam as mesmas coisas a todos, não mais caracterizada pela “promiscuidade das diversas idades”. No século XVI surge a reforma religiosa, e como resultado, uma educação cristã reformada, tanto católica, como protestante. A educação católica pós renascença, foi marcada por um movimento conhecido por Contra reforma. A Companhia de Jesus, organização criada por Inácio de Loyola, foi a mais poderosa arma dos católicos para deter a expansão dos protestantes. As ordens religiosas, das quais se destaca a dos jesuítas, foram as responsáveis por disseminar o cristianismo por meio da educação, durante séculos. O Ratio Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma educação inspirada nas escolas humanistas. http://www.infoescola.com/artes/renascenca/ http://www.infoescola.com/artes/renascenca/ http://www.infoescola.com/historia/contra-reforma/ http://www.infoescola.com/educacao/companhia-de-jesus/ http://www.infoescola.com/educacao/companhia-de-jesus/ 32 RATIO STUDIORUM2 Conjunto de normas criadopara regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos. Sua primeira edição, de 1599, além de sustentar a educação jesuítica ganhou status de norma para toda a Companhia de Jesus. Tinha por finalidade ordenar as atividades, funções e os métodos de avaliação nas escolas jesuíticas. Foi ponte entre o ensino medieval e o moderno. Antes do documento em questão ser elaborado, a ordem tinha suas normas para o regimento interno dos colégios, os chamados Ordenamentos de Estudos, que serviram de inspiração e ponto de partida para a elaboração da Ratio Studiorum. A Ratio Studiorum se transformou de apenas uma razão de estudos em uma razão política, uma vez que exerceu importante influência em meios políticos, mesmo não católicos. O objetivo maior da educação jesuítica segundo a própria Companhia não era o de inovar, mas sim de cumprir as palavras de Cristo: “Docete omnes gentes,” (ensinai, instrui, mostrai a todos a verdade) Verbete elaborado por Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, Flávio Massami Martins Ruckstadter e Vanessa Campos Mariano Ruckstadter Esse foi um dos motivos pelos quais os jesuítas desempenharam na Europa e também no chamado “Novo Mundo” o papel de educadores, unido à proposta missionária da Ordem. Teve início um processo de reorganização disciplinar da escola e de racionalização e controle de ensino, através da elaboração de métodos de ensino/educação que fixavam um programa minucioso de comportamento que tinha como centro a disciplina, o internato e as classes por idade, além da graduação do ensino/aprendizagem. No final do século XVIII, já na chamada Idade Contemporânea, através de um edito na França, ficou estabelecido que regentes preceptores e mestres de escolas seriam aprovados pelos párocos sob autoridade dos arcebispos e bispos para que ensinassem todas as crianças a ler e escrever. Nesse final de século 2 http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum.htm 33 surgiu Rousseau, que defendia a liberdade e o direito da educação para todos ao invés do favoritismo das classes sociais Escreva uma frase explicando o significado de cada um dos termos: HUMANISMO- RENASCIMENTO- RATIO STUDIORUM- Neste capítulo estudamos alguns aspectos das transformações sociais, econômicas e culturais dos “tempos modernos” e suas influências na educação. Como esse período teve nas Grandes Navegações um marco e a descoberta do Brasil pelos europeus é consequência desse movimento, chegou a hora de verificar os desdobramentos da História da educação no Brasil. Vamos agora tratar da evolução da educação em nosso país. 34 7- OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: Na História da Educação Brasileira observamos fases que se sucederam, a partir de fatos marcantes. Assim passaremos a tratar da educação em períodos: A educação antes do descobrimento, a educação na Colônia e no Império e a educação republicana até os dias atuais. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como Refletir sobre as diferenças entre a educação dos indígenas e a dos europeus quando aqui chegaram. Identificar as principais características da educação em cada fase da História do Brasil. Entender a necessidade de adequar a educação ao momento e ao lugar onde está sendo ministrada. Perceber os problemas da educação atual e as perspectivas para atenuá-los. 7.1-Antes de Cabral... A primeira grande mudança ocorreu com a chegada dos portugueses ao território do nosso país. Os portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam seu próprio modo de educar. Sociedades indígenas são sociedades igualitárias, não estratificadas em classes sociais e sem distinções entre possuidores dos meios de produção e possuidores de força de trabalho. São sociedades que se reproduzem a partir da posse coletiva da terra e dos recursos nela existentes e da socialização do conhecimento básico indispensável à sobrevivência física e ao equilíbrio sociocultural dos seus membros. Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses http://www.suapesquisa.com/indios/paje.htm http://www.suapesquisa.com/indios/cacique.htm 35 da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios. A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprendem desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este possa aprender.a praticar essa atividade. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta. Vamos ler esse trecho do resumo do livro Quarup de Antonio Callado, publicado em 1967, para perceber mais alguns detalhes da vida dos indígenas, já na segunda metade do século XX: No terceiro capítulo, no Xingu, o padre Nando conhece os índios. Percebe que o medo que tinha da tentação das índias nuas não tinha sentido, já que é raro uma índia bonita depois da adolescência; eram todas precocemente envelhecidas. A aldeia prepara a festa do Quarup, a festa dos mortos, à qual o presidente Getúlio Vargas comparecerá e na qual assinará o decreto criando o Parque Nacional do Xingu. As atividades dos indígenas como a caça, a pesca, a coleta de frutos, a agricultura, bem como o artesanato, não eram praticadas em busca do lucro como nas sociedades capitalistas, porém não sabemos se eles possuíam consciência de proteger o meio ambiente. De qualquer forma, não há dúvida de que, pelo alcance limitado de suas atividades e pela tecnologia rudimentar de que dispunham, estavam longe de produzir os efeitos devastadores da poluição de rios com mercúrio, ou da derrubada de florestas com motosserras, características das atividades dos brancos nos dias de hoje. Verifica-se que os indígenas possuíam uma sociedade extremante diferente da sociedade europeia, sendo que esta chegou ao Brasil com o intuito de obter riquezas e poder, enquanto que os indígenas somente utilizavam a terra, a água e caçavam para a sobrevivência da espécie. http://www.suapesquisa.com/educacaobrasil http://www.suapesquisa.com/o_que_e/tribo_indigena.htm 36 É interessante ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu Quando pensamos na educação do indígena hoje, torna-se oportuno lembrar.as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena (MEC/ SEF, 1994) que afirmam: um dos aspectos relevantes para a definição do currículo de uma escola é o conhecimento da prática cultural do grupo a que a escola se destina, já que estas práticas é que definem determinadas estratégias de ações e padrões de interação entre as pessoas, que são determinadas no processo de desenvolvimento do indivíduo. Isso requer uma intensa experiência em desenvolvimento curricular e também métodos de investigação e pesquisa para compreender as práticas culturais do grupo. Daí a necessidade de formação de uma equipe multidisciplinar constituída de antropólogos, linguistas e educadores entre outros, de maneira a garantir que o processo de ensino-aprendizagem se insira num contexto mais amplo do que o processo paralelodissociado de outras instâncias de apreensão e compreensão da realidade. Portanto, a educação indígena, como um todo, se revela como um processo de construção coletiva envolvendo uma formação política e específica do professor e da professora, envolvendo a própria comunidade e as organizações indígenas, com articulações de entidades de apoio governamentais, e não governamentais (ONG). Os índios não podem ser figuras ligadas somente ao passado do Brasil, devemos buscar conhecer e valorizar essa porção da cultura brasileira. No módulo III ,do nosso curso , teremos oportunidade de ampliarmos nossa visão sobre o Educação Indígena. 7.2.O papel dos jesuítas De acordo com o que temos estudado ,no tocante à História geral da educação, também a história da educação brasileira é constituída de várias histórias nas quais se podem observar marcas próprias que caracterizam a época em que foram construídas. Com a criação de um governo geral no Brasil, após algumas outras tentativas de administrar a colônia, chegaram os primeiros jesuítas. Em 1549 37 chegou ao Brasil um grupo de seis missionários liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega. Os missionários vieram acompanhados de mais de mil pessoas, entre soldados, artesãos, colonos, funcionários e aproximadamente quatrocentos criminosos que haviam sido condenados a viverem fora de sua terra natal, além de Tomé de Sousa, que seria o primeiro Governador do Brasil. A percepção inicial de Manuel da Nóbrega era de que os índios eram como “papel branco em que se poderia escrever à vontade”. Não foi tão fácil, pois os índios se revoltavam contra as tentativas de escravização. Nóbrega solicitou que se enviassem novos reforços missionários. Nesta leva de jesuítas veio José de Anchieta, que na ocasião era noviço e que ficou apelidado depois de “Apóstolo do Brasil”. Os jesuítas deixaram legados inquestionáveis.. Os missionários inacianos tinham por principal propósito “a propagação da fé e o progresso das almas na vida e doutrinas cristãs". Para que os nativos compreendessem essa fé os índios precisavam aprender a ler e a escrever. Ao longo de 20 anos, pelo menos cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia) foram fundados pelos jesuítas. A principal crítica sobre a área pedagógica ou de doutrinação, como chamam alguns, se dá a respeito dos interesses da coroa portuguesa que enxergava no processo de educação dos índios uma espécie de domesticação dos mesmos. Sendo eles “amansados” seria mais fácil tirar vantagens econômicas da exploração agrária, latifundiária e escravista. Os jesuítas assumiram a educação dos filhos dos colonos, formando quadros para a Igreja e para o Estado. Combateram o escravagismo dos colonos, embora utilizassem a mão de obra indígena em seus aldeamentos. Lutaram por um tratamento mais humano para os escravos africanos, embora considerassem a escravidão deles legítima. Tentaram, em resumo, combinar os valores espirituais da Igreja com os objetivos comerciais do sistema colonial. É impossível minimizar sua importância na nossa história. Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. A educação jesuítica predominou durante 210 anos, de 1549 a 1759. A ação dessa ordem aparece, por exemplo, na construção da cidade de São Paulo 38 que se desenvolveu em torno do Colégio São Paulo fundado pelos jesuítas liderados por José de Anchieta. Apesar de todas as críticas, não podemos negar que os jesuítas foram os mentores da educação brasileira. Encontramos um pouco desse legado em universidades famosas tanto nacional como internacionalmente como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ, a Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP e vários outros colégios famosos. 7.3.Pombal e a expulsão dos jesuítas. Na metade do século XVIII uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal. Para o Brasil, a expulsão dos jesuítas significou, entre outras coisas, a destruição do único sistema de ensino existente no país. Para Fernando de Azevedo, foi “a primeira grande e desastrosa reforma de ensino no Brasil” Com a expulsão dos jesuítas do Brasil a educação ficou em segundo plano para os dirigentes do país. Vieram as aulas régias, o subsídio literário. A política educacional de Pombal era lógica, prática e centrada nas relações econômicas anglo-portuguesas,.uma vez que Portugal havia assinado um tratado econômico com a Inglaterra. A reforma educacional pombalina culminou com a expulsão dos jesuítas precisamente das colônias portuguesas, tirando o comando da educação das mãos destes e passando para as mãos do Estado. Como todas as reformas a esta também foi consequência da circunstância histórica. Extintos os colégios jesuítas, o governo não poderia deixar de suprir a enorme lacuna que se abria na vida educacional tanto portuguesa como de suas colônias.. . Aulas Régias Criadas por Pombal em substituição ao ensino dos jesuítas .Ensinava- se Latim, Grego e Retórica. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. Subsídio literário Imposto criado em 1772 para custear a educação e pagar o salário dos professores 39 Os professores régios que aqui exerciam a profissão de ensinar, foram incentivadores das ideias filosóficas liberais que tão significativamente se fizeram atuantes nos últimos trinta anos que antecederam a independência do país. O iluminismo implantou-se no Brasil justamente através da política imperial de racionalização e padronização da administração de Pombal. A educação passou para as mãos do Estado, mas essa educação que passou a ser pública, não se fez para os interesses dos cidadãos. Ela serviu aos interesses imediatos do Estado, que para garantir seu status absolutista precisa manter-se forte e centralizado nas mãos e sob o comando de uns poucos preparados para tais tarefas. Assim, mesmo que aparentemente as ações de Pombal induzam ao entendimento de uma política despótica de benefícios individuais - ideia que não é de toda inválida - é preciso destacar que os lucros das reformas pombalinas foram individuais, privados. Mas os interesses foram públicos na medida em que naquele contexto, iluminismo, racionalidade e progresso tinham um significado muito diferente aos quais se deve estar atento. O iluminismo no contexto da colônia brasileira serviu, na verdade, ao engrandecimento do poder do Estado e não à luta pelas liberdades individuais. Dessa forma, entender o projeto do iluminismo pombalino talvez seja a chave para ajudar a perceber a tradição reformista nas tentativas de construção de um sistema nacional de educação pública realmente voltado aos interesses públicos, que até hoje não se consolidou no Brasil. 7.4. A Colônia se torna um Reino:D. João no Brasil. Em 1808, devido à invasão francesa e aos desentendimentos com Napoleão Bonaparte, D.João se muda para o Brasil com toda a Corte. Essa mudança representou para a Colônia grandes avanços na cultura e na educação. Para atender à elite que chegara junto com a família real, D. João criou novos cursos, instituições culturais e educacionais e ampliou o número de vagas nos cursos que já existiam. A partir de 1808, foram criados os cursos de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, a Academia Real da Marinha (1808), a Academia Real Militar (1810), cursos para a formação de técnicos em economia, desenho técnico, química, agricultura e indústria. Foram criados também a Imprensa Régia (1808), a 40 Biblioteca Nacional (1810), o Jardim Botânico (1810), propiciando assim, a formação de uma nova estrutura educacional nopaís. As medidas criadas por D João VI, criaram a possibilidade de se construir no país uma educação formalizada, com a concentração de estudos específicos, direcionados à formação especializada. Foi desta forma que D João introduziu as aulas de medicina, para formar médicos, que eram raros na colônia; desenvolveram-se estudos técnicos dirigidos às artes, dando origem a Escola de Belas Artes, fundada por Debret em 1816. A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver que enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo. 7.5- O Brasil já independente: a ação dos imperadores. Com a volta de D. João VI a Portugal em 1821, seu filho D. Pedro proclamou a Independência do Brasil em 1822, tornou-se nosso primeiro imperador e, em 1824, outorgou a primeira Constituição brasileira O Art. 179 desta Lei Magna dizia que: “a instrução primária é gratuita para todos os cidadãos". Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores, instituiu-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", pelo qual um aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de 10 alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução: Escolas Primárias, Liceus, Ginásios e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Em 1834, já no período Regencial, após a volta de D. Pedro I para Portugal, o chamado Ato Adicional à Constituição dispôs que as províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surgiu à primeira Escola Normal do país, em Niterói, Escola Normal de Niterói. No entanto, os bons resultados pretendidos não http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1821&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Independ%C3%AAncia_do_Brasil&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1824&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1824&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1823&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=M%C3%A9todo_Lancaster&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Decuri%C3%A3o&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Inspetor&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1826&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Liceu&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Gin%C3%A1sio&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Academia http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1827&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1834&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Ato_Adicional&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Curso_pedag%C3%B3gico&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Niter%C3%B3i&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Escola_Normal_de_Niter%C3%B3i&action=edit 41 aconteceram, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se, obtendo poucos resultados.. Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, foi criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. O Colégio Pedro II continua sendo uma referência no ensino público do país e atualmente se democratiza através das diversas unidades que foram instaladas em vários bairros do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense e em Niterói. Em 1879 houve a reforma de Leôncio de Carvalho que propunha dentre outras coisas o fim da proibição da matrícula para escravos, mas que vigorou por pouco tempo. No século XIX ainda havia no Brasil a tendência da criação de escolas religiosas, até mesmo por parte dos jesuítas, que retornaram após 80 anos. Dentre essas instituições figuram o Colégio São Luís (fundado em Itu em 1867 e transferido para São Paulo em 1919), o Colégio Caraça em Minas Gerais (1820), Colégio Mackenzie (São Paulo, 1870), Colégio Americano (Porto Alegre, 1885), Colégio Internacional (Campinas, 1873), entre outros. Da parte da iniciativa leiga surgiu a Sociedade de Culto à Ciência (Campinas, fundada por maçons). Por todo o período monárquico, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, podemos dizer que o pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. 7-6- A educação brasileira na República Somente a partir da proclamação da República, em 1889, é que a educação começou a ser mais valorizada, tendo início o processo de desenvolvimento. Com a separação entre a Igreja e o Estado, a educação passou a ser mantida pelo poder público, tornou-se obrigatória a todos e foi vista como uma forma de mobilidade social. Tivemos várias reformas cada uma delas procurando ou prometendo atender às necessidades da população. http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=1837&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Semin%C3%A1rio_de_S%C3%A3o_Joaquim&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Col%C3%A9gio_Pedro_II&action=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Le%C3%B4ncio_da_Silva_Carvalho http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs http://pt.wikipedia.org/wiki/Itu http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Col%C3%A9gio_Cara%C3%A7a&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Mackenzie http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Metodista_Americano http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Col%C3%A9gio_Internacional&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Leigo http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociedade_de_Culto_%C3%A0_Ci%C3%AAncia&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ma%C3%A7onaria 42 Esse período se estendeu de 1889 até 1930 Em 1891, através de Benjamim Constant quando era Ministro da Instrução, Correios e Telégrafos foi implementada a Reforma de Benjamin Constant que tinha como princípios orientadores a liberdade do ensino e a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira., a primeira da República. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica. Entre 1911 e 1915 vigorou a Reforma Rivadávia, de iniciativa do Ministro Rivadávia Correa, que afastava da União a responsabilidade pelo Ensino. Nessa época também surgiu o conceito de "Grupo escolar", quando as classes deixaram de reunir alunos de várias idades e passaram a distribuí-los em séries ("ensino seriado"). Essa reforma pretendeu que o curso secundário se tornasse formador do cidadão e não um simples promotor a um nível seguinte. Retomando a orientação positivista, pregava a liberdade de ensino, entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que não fosse somente por escolas oficiais. Além disso, pregou ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transferiu os exames de admissão ao ensino superior para as faculdades. As medidas propostas por essa reforma não trouxeram os resultados esperados para a educação brasileira Novas tentativas foram feitas com a Reforma João Luiz Alves que introduziu a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente brasileiro da época, Artur Bernardes. A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes noprocesso de mudança das características políticas e culturais brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o Movimento dos 18 do Forte em 1922, a Semana de Arte Moderna e a fundação do Partido Comunista do Brasil no mesmo ano (1922), a Rebelião Tenentista (1924) e a Coluna Prestes que teve início em 1924 a 1927 . Para saber mais : Procure num livro de História do Brasil as informações sobre esses movimentos e suas importâncias para a cultura e educação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamim_Constant http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Benjamin_Constant_Botelho_de_Magalh%C3%A3es&action=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Rivad%C3%A1via http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rivadavia_Correa&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_escolar http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Jo%C3%A3o_Luiz_Alves&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Moral_e_C%C3%ADvica&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Artur_Bernardes&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Artur_Bernardes&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Movimento_dos_18_do_Forte&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Semana_de_Arte_Moderna&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Semana_de_Arte_Moderna&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Partido_Comunista_do_Brasil&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Rebeli%C3%A3o_Tenentista&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Coluna_Prestes&action=edit 43 As décadas de 1920 e 1930 viram surgir a Escola Nova, de iniciativa de liberais democráticos, os quais empreenderam reformas educacionais em diversos estados tais como Lourenço Filho (Ceará, 1923) e Anísio Teixeira (Bahia,1925), dentre vários outros.. Com a Revolução de 1930 Getúlio Vargas assumiu o governo do Brasil. Nosso país entra no modo capitalista de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão de obra especializada e para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sancionou decretos organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras. Estes Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos . De acordo Dallabrida (2009) a chamada Reforma Francisco Campos (1931) estabeleceu,em nível nacional, a modernização do ensino secundário brasileiro. Ela imprimiu organicidade ao ensino secundário por meio de várias O QUE MUDOU NA ERA VARGAS? Sabendo um pouco mais... http://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Filho http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%ADsio_Teixeira http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_30&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Minist%C3%A9rio_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_e_Sa%C3%BAde_P%C3%BAblica&action=edit http://wiki.educartis.com/wiki/index.php?title=Francisco_Campos&action=edit 44 estratégias escolares, como a seriação do currículo, a frequência obrigatória dos alunos, a imposição de um detalhado e regular sistema de avaliação discente e a reestruturação do sistema de inspeção federal. Desta forma, a cultura escolar definida, pela reforma de 1931, procurava produzir um hábito burguês nos estudantes secundaristas, a partir da educação integral e de práticas de disciplinamento e de autogoverno. A Reforma Francisco Campos é marcada por conferir, em nível legal, organicidade à cultura escolar do ensino secundário. Em primeiro lugar, deve-se mencionar o aumento da duração do ensino secundário, pois ele passou de cinco para sete anos de duração e foi dividido em dois ciclos. O primeiro ciclo, chamado “fundamental”, com um período de cinco anos, era um curso comum a todos os estudantes secundaristas e conferia formação geral. A segunda fase do ensino secundário, o “ciclo complementar”, formado por dois anos, era uma preparação para o curso superior e apresentava um leque de três opções: “para os candidatos à matrícula no curso jurídico”, “para os candidatos no cursos de medicina, farmácia e odontologia” e “para os candidatos nos cursos de engenharia ou de arquitetura.” Os primeiros anos da década de 1930 foram marcados, no âmbito educacional, pela discussão das ideias que tinham surgido na década de 1920. Ao publicar “Introdução ao estudo da Escola Nova”, em 1930, Lourenço Filho deu projeção ao Movimento Escola Nova. Esse movimento, que era formado por educadores da época, teve um papel importante como instrumento de pressão sobre as autoridades governamentais, no sentido de renovação do setor educacional. Os integrantes desse movimento também foram chamados de Renovadores da Educação e travaram um debate com os Educadores Tradicionais, revelando, desse modo, um antagonismo entre os grupos, tendo os “renovadores” uma visão mais adequada ao momento histórico. Assim, os renovadores se opunham àquela concepção de educação de poucos, discriminadora e incapaz de dar solução aos problemas práticos, símbolo de elite. E essa forma de pensar a educação no Brasil se tornou o conteúdo principal do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, lançado em 1932 (SAVIANI, 2004, p. 33). 45 Podemos destacar algumas características desse manifesto: As ideias contidas no Manifesto dos Pioneiros, que, em síntese, eram a ampliação da educação pública, a gratuidade, o ensino laico, a obrigatoriedade e a igualdade de direito de gênero à educação, foram o foco principal das lutas pela transformação do sistema escolar vigente. A Constituição de 1934, no capítulo II sobre educação, contemplou algumas dessas ideias. Já na Constituição de 1937 que deu base ao Estado Novo (ditadura de Vargas) as principais conquistas obtidas pela Escola Nova foram derrubadas, pois, o Estado de acordo com o novo texto, se eximia praticamente de ser o gestor educacional da sociedade, para ter um caráter mais suplementar sobre a mesma. Quanto ao ensino profissionalizante, este não foi “abandonado” pelo Estado, ocorrendo no caso, inclusive, o contrário, ou seja, o ensino profissional foi até implementado..O que ocorreu a partir daí é que o Estado deixava clara a divisão de classes existente na sociedade. Pois esse nível de Ensino, como transparece na Constituição de 1937, era destinado às “classes menos favorecidas”. Desse modo, tínhamos dois tipos de ensinos diferentes, para públicos também distintos. O ensino secundário tradicional, que formaria a elite dominante, ou seja, a classe dominante; e, de outro lado, o ensino profissional direcionado às classes que serviriam de mão de obra. A mesma Constituição estabelecia também que, as indústrias e sindicatos deveriam criar escolas profissionalizantes para filhos de seus empregados e 46 associados. Assim, o Estado utilizava-se das empresas para fomentar o Ensino Profissionalizante, visto que o investimento aplicado na criação dessas escolas ficaria a cargo do empresariado, que sentindo a necessidade de obter mão de obra qualificada aderiu a essa tarefa imposta pelo Estado com o uso da lei, isto é, da Constituição em vigor Em 1942, alguns ramos do ensino são reformados por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema. Estas reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e apresentavam as seguintes características: Essa reforma criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAI , valorizando o ensino profissionalizante. .O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o ensino superior, e passou
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