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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Professor Adroaldo Leão Souto Júnior
CONCEITO DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
É a disciplina das relações jurídicas entre crianças e adolescentes, de um lado, e de outro, família, sociedade e Estado.
Criança					Família			Possuem o dever jurídico de 
Adolescente				Sociedade		assegurar os direitos fundamentais
Estado			dessas pessoas.
	
Doutrina da				Superior interesse
Proteção Integral			da criança
Tem como fundamento, como doutrina, a chamada “Doutrina da proteção Integral”, que, através dela, a criança e o adolescente são consideradas pessoas portadoras de direitos fundamentais – assim como os adultos -. Além de serem “Pessoas em desenvolvimento”, devendo ser assegurado a elas uma prioridade absoluta pela família, pela sociedade e pelo Estado, relacionados aos direitos fundamentais.
A “doutrina da proteção integral” possui uma regra de ouro, o superior interesse da criança e do adolescente (Ex: Adoção de dois irmãos por uma família).
1. METAPRINCÍPIOS E PRINCÍPIOS DERIVADOS
A) METAPRINCÍPIOS
A matéria possui três metaprincípios: a) proteção integral; b) prioridade absoluta; e c) superior interesse da criança.
A disciplina tem como fundamento a chamada “doutrina da proteção integral” (art. 1º do ECA) pois crianças e adolescentes são considerados sujeitos de direitos, quebrando a antiga visão de que eram meros objetos de proteção.
Além disso, a criança e o adolescente são sujeitos em desenvolvimento, assim sendo assegurada prioridade absoluta no trato das demandas (art. 227 da CF c/c art. 4º do ECA).
A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Já o superior interesse da criança é o princípio que determina o modo como o direito da criança e do adolescente deve ser concretizado, sendo norma de cumprimento obrigatório. Por esse fato, ele é o postulado normativo do direito da criança e do adolescente, servindo como norte para aplicação de todos os princípios e regras referentes a matéria.
B) Princípios derivados
-Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos
Esse princípio derivado vem para garantir a concepção de que crianças e adolescente são sujeitos de direitos, esquecendo o paradigma anterior de que eles seriam objeto de proteção. Inclusive, crianças e adolescentes tem os mesmos direitos que os adultos, até mais, pois possuem o direito de brincar, conforme art. 16, IV do ECA.
-Responsabilidade primária e solidária do Poder Público
É dever da administração pública a plena efetivação aos direitos assegurados a crianças e adolescentes em todo o ordenamento jurídico, sendo de responsabilidade primária e solidária das três esferas de governo.
-Privacidade
Significa que a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada, como tratado também no art. 17 do ECA.
-Intervenção precoce
Quando as autoridades tomarem ciência de alguma situação que esteja colocando em risco uma criança ou adolescente, eles terão de agir de imediato.
-Intervenção mínima
Apesar de as autoridades terem o dever de agir rapidamente, sua ação deverá ser proporcional a situação de perigo, não se justificando a adoção de ações desnecessárias. Além do mais, a intervenção somente se dará por meio de entidades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção e proteção dos direitos das pessoas em desenvolvimento.
Exemplo disso é que a retirada da criança do seu lar é medida excepcional, e somente será aplicada se a situação não puder ser resolvida de outra forma.
-Proporcionalidade e atualidade
A intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a DECISÃO é tomada, e não no momento em que a situação ocorrer, pois essa situação pode mudar, e os pais podem vir a ter condições de manter o filho.
-Responsabilidade parental
Os pais devem assumir os seus deveres para com a criança e o adolescente, estando de acordo com o artigo 229 da CF/88. Ou seja, os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.
-Prevalência da família
A autoridade dará preferência às intervenções estatais que mantenham ou reintegrem a criança e o adolescente à sua família natural, e, se isto não for possível, que promovam a sua integração em família substituta, com preferência para a família extensa.
-Obrigatoriedade da informação
A criança, o adolescente, e seus pais ou responsáveis, devem ser informados acerca dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como essa intervenção será processada. Assim, todos os atos que envolvam pessoas em desenvolvimento devem primar pela transparência.
-Oitiva obrigatória e participação
A criança e o adolescente, assim como seus pais ou responsáveis, tem o direito a serem ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, devendo sua opinião ser considerada pela autoridade judiciária competente.
CONCEITO DE CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O ECA adota um critério cronológico absoluto, não importando as condições mentais ou biológicas. Conforme o art. 2º do ECA, crianças são aquelas pessoas de 0 a 12 anos incompletos, e adolescentes são aqueles de 12 a 18 anos.
OBS: No caso de pessoa nascida em 29 de fevereiro (anos bissextos), sempre que a data não existir, considerar-se-á seu aniversário no primeiro dia subsequente, ou seja, 1º de março.
Criança 			0 anos a 12 anos incompletos
Adolescente			12 anos aos 18 anos
1. CRIANÇA NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança (art. 2º da Lei nº 13.257/16).
2. DIFERENÇAS DE TRATAMENTO ENTRE CRIANÇA E ADOLESCENTE
	
	Criança
	Adolescente
	Colocação em Família Substituta
	Opina
	Consente
	Consequências da prática de ato infracional
	Somente Medida Protetiva
	Medida protetiva e/ou Medida Socioeducativa
	Viagens domésticas (território nacional) sem pais ou responsáveis
	Autorização judicial
	Não precisa de autorização judicial
	Viagens p/ exterior (internacional)
	Autorização judicial
	Autorização judicial
3. APLICAÇÃO DO ECA AOS MAIORES DE 18 ANOS
Aplica-se o ECA para aquelas pessoas que cometem um ato infracional ainda menores, mas que irão cumprir MSE depois de completados 18 anos. Pontua-se, contudo, que ocorrerá a liberação compulsória aos 21 anos de idade, conforme art. 121, §5º do ECA.
Ademais, aplica-se o ECA nos casos de o adotando criança ou adolescente, sob guarda ou tutela dos adotantes, vier a completar dezoito anos e se tornar adulto, sua adoção continuará a ser processada perante a Vara da Infância e da Juventude com aplicação do ECA.
(ECA) Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
A CF/88 traz em seu art. 228 que os menores de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas da legislação especial, no caso o ECA.
Todavia, é possível que uma pessoa cometa um ato infracional enquanto adolescente e venha a responder já depois de completado os 18 anos. Nesse caso aplica-se a teoria da atividade, que assevera ser levado em conta a idade do agente no momento do ato. Assim, essa pessoa responderia pelo ECA, não pelo CP, e as consequências poderiam ser medidas socioeducativas ou protetivas, não prisão.
· SÚMULAS RELACIONADAS:
- Súmula 605, STJ: “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem naaplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.”
4. EMANCIPAÇÃO
A emancipação é um instituto de direito civil, não alterando em nada a aplicação dos institutos relacionados ao ECA. Ou seja, mesmo emancipado, ainda se aplica os institutos relacionados ao ECA.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
1) DIREITO À VIDA E SAÚDE
A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (art. 7º, ECA).
Importante destacar que o direito à vida não é absoluto, podendo ser restringido em situações excepcionais, como nos casos de antecipação terapêutica do parto de anencéfalo (ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio); aborto sentimental/humanitário (gravidez decorrente de estupro); aborto necessário (gravidez apresenta risco à vida da gestante); e utilização de células tronco (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto).
OBS: O ECA reserva alguns artigos para proteção do direito à saúde da gestante, sendo importante a leitura dos arts. 8º ao 14.
2) DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
O direito à liberdade está disciplinado no art. 16 do ECA, abrangendo os seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Já o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art. 17, ECA).
Enquanto a dignidade está protegida pelo art. 18 do Estatuto, que assevera ser dever de todas zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los (art. 18-A, ECA).
Sendo que castigo físico, para o ECA, é toda ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em lesão ou sofrimento físico. Enquanto tratamento cruel ou degradante é a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que humilhe, ridicularize ou ameace gravemente a criança ou adolescente.
As pessoas que utilizarem desses meios para corrigir, disciplinar, educar ou para qualquer outro pretexto estarão sujeitos às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso, pelo Conselho Tutelar, e sem prejuízo de outras sanções cabíveis:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V – advertência;
3) DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMÍLIAR E COMUNITÁRIA
O art. 19 do ECA estabelece que é direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
Lembra-se que há o princípio da prevalência da família, sendo que o poder público fará de tudo para que a criança/adolescente permaneça no seio familiar, porém, não sendo possível, admite-se sua colocação em família substituta. Como pode-se observar no §3º do art. 19 do ECA.
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
[...]
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
a) Reavaliação
Toda criança e adolescente inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família substituta (art. 19, §1º, ECA).
b) Duração máxima do programa de acolhimento
A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária (art. 19, §2º, ECA).
OBS: Note que o artigo fala em programa de acolhimento institucional, mas o mesmo prazo se aplica ao programa de acolhimento familiar por analogia.
c) Convivência com mãe e pai privado de liberdade
Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.
Note que a convivência com genitor privado de liberdade INDEPENDE de autorização judicial. Todavia, o juiz poderá proibir a visita em casos motivados, como surto de doença ou maltrato do genitor.
Já se a mãe for adolescente e estiver em acolhimento institucional será garantida convivência integral à criança.
OBS: O mesmo serve para os casos em que a criança ou adolescente esteja em acolhimento institucional ou familiar.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2017 | Banca: FGV | Órgão: OAB | Prova: Exame de Ordem Unificado
Os irmãos Fábio (11 anos) e João (9 anos) foram submetidos à medida protetiva de acolhimento institucional pelo Juízo da Infância e da Juventude, pois residiam com os pais em área de risco, que se recusavam a deixar o local, mesmo com a interdição do imóvel pela Defesa Civil.
Passados uma semana do acolhimento institucional, os pais de Fábio e João vão até a instituição para visitá-los, sendo impedidos de ter contato com os filhos pela diretora da entidade de acolhimento institucional, ao argumento de que precisariam de autorização judicial para visitar as crianças. Os pais dos irmãos decidem então procurar orientação jurídica de um advogado.
Considerando os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente, a direção da entidade de acolhimento institucional agiu corretamente?
A) Sim, pois o diretor da entidade de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, podendo proibir a visitação dos pais.
B) Não, porque os pais não precisam de uma autorização judicial, mas apenas de um ofício do Conselho Tutelar autorizando a visitação.
C) Sim, pois a medida protetiva de acolhimento institucional foi aplicada pelo Juiz da Infância, assim somente ele poderá autorizar a visita dos pais.
D) Não, diante da ausência de vedação expressa da autoridade judiciária para a visitação, ou decisão que os suspenda ou os destitua do exercício do poder familiar.
Gabarito: D
d) Entrega do filho para adoção logo após o parto
A mãe não é obrigada a criar seu filho, podendo manifestar vontade de entregá-lo para adoção antes ou logo após o parto, mas caso ela possua esseinteresse, deve ser encaminhada para à Justiça da Infância e Juventude para acompanhamento e monitoramento psicológico (art. 19-A, ECA)
Esse acompanhamento é realizado pela equipe interprofissional (composta por psicólogos, assistentes sociais, educadores...) para apurar e compreender as razões da vontade da mãe em entregar o filho. Servindo também para apurar possíveis efeitos do estado puerperal (período de vulnerabilidade a ocorrência de crises, devido a profundas mudanças intra e interpessoais desencadeadas pelo parto).
Cabe a equipe interprofissional ouvir a gestante ou mãe, apresentando relatório à autoridade judiciária, que, por sua vez, poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento especializado (art. 19-A, §1º e §2º, ECA).
A Vara da Infância e Juventude buscará então a família extensa pelo prazo máximo de 90 dias, prorrogável por igual período (art. 19-A, §3º, ECA).
OBS: Família extensa são as pessoas que possuem relação sanguínea e de afinidade e afetividade com o bebê.
Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da família extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional (art. 19-A, §4º, ECA).
Após o nascimento da criança será realizada audiência para que os genitores mais uma vez manifestem vontade de entrega para adoção. Caso não compareçam, assim como o representante da família extensa também se ausente, a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la (art. 19-A, §5º e §6º, ECA).
Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência (máximo de 90 dias, podendo ser prorrogado por igual período) (art. 19-A, §7º, ECA). Isso serve para dar celeridade ao procedimento de adoção, fazendo com que o menor permaneça sem um lar o menor tempo possível.
Os genitores poderão desistir da entrega da criança, manifestando a desistência em audiência ou perante a equipe interprofissional. Então a criança será mantida com os genitores, devendo a Justiça da Infância e Juventude determinar o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 dias (art. 19-A, §8º, ECA), para garantir que os laços familiares estão sendo constituídos de fato.
É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento, porém a criança e adolescente tem direito de conhecer sua origem biológica, assim como obter acesso irrestrito aos autos da adoção, após completados 18 anos (art. 19-A, §9º c/c art. 48 do ECA).
Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Maria, em uma maternidade na cidade de São Paulo, manifesta o desejo de entregar Juliana, sua filha recém-nascida, para adoção. Assim, Maria, encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, após ser atendida por uma assistente social e por uma psicóloga, é ouvida em audiência, com a assistência do defensor público e na presença do Ministério Público, afirmando desconhecer o pai da criança e não ter contato com sua família, que vive no interior do Ceará, há cinco anos. Assim, após Maria manifestar o desejo formal de entregar a filha para adoção, o Juiz decreta a extinção do poder familiar, determinando que Juliana vá para a guarda provisória de família habilitada para adoção no cadastro nacional. Passados oito dias do ato, Maria procura um advogado, arrependida, afirmando que gostaria de criar a filha.
De acordo com o ECA, Maria poderá reaver a filha?
a) Sim, uma vez que a mãe poderá se retratar até a data da publicação da sentença de adoção.
b) Sim, pois ela poderá se arrepender até 10 dias após a data de prolação da sentença de extinção do poder familiar.
c) Não, considerando a extinção do poder familiar por sentença.
d) Não, já que Maria somente poderia se retratar até a data da audiência, quando concordou com a adoção.
Gabarito: B
e) Apadrinhamento
Programa para promoção de estabelecimento de vínculos para com o menor, através da aproximação de pessoas que auxiliarão no seu desenvolvimento.
OBS: São aqueles casos em que a pessoa pega o menor no final de semana e o leva para tomar sorvete, ver jogo de futebol, entre outras coisas, e depois o devolve ao programa de acolhimento familiar ou institucional.
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de programa de apadrinhamento.
§ 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro.
Apenas maiores de 18 anos que não estejam inscritas nos cadastros de adoção e que cumpram os requisitos exigidos pelo programa, poderão apadrinhar (art. 19-B, §2º, ECA).
Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de colaborar (R$) para o seu desenvolvimento (art. 19-B, §3º, ECA).
Dá-se prioridade ao apadrinhamento de crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação me família adotiva (ex: crianças e adolescente com deficiência) (art. 19-B, §4º, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2019 | Banca: FGV | Órgão: OAB | Prova: Exame de Ordem Unificado
Carla, de 11 anos de idade, com os pais destituídos do poder familiar, cresce em entidade de acolhimento institucional faz dois anos, sem nenhum interessado em sua adoção habilitado nos cadastros nacional ou internacional. Sensibilizado com a situação da criança, um advogado, que já possui três filhos, sendo um adotado, deseja acompanhar o desenvolvimento de Carla, auxiliando-a nos estudos e, a fim de criar vínculos com sua família, levando-a para casa nos feriados e férias escolares.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de que forma o advogado conseguirá obter a convivência temporária externa de Carla com sua família?
A) Acolhimento familiar.
B) Guarda estatutária.
C) Tutela.
D) Apadrinhamento.
Gabarito: D
f) Igualdade entre os filhos
Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação (art. 20, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2009 | Banca: CESPE | Órgão: OAB | Prova: Exame de Ordem Unificado
No que se refere ao direito à convivência familiar e comunitária, assinale a opção correta com base no ECA.
A) Toda criança ou adolescente tem direito à educação no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a participação efetiva da mãe biológica no convívio diário com o educando, em ambiente livre da presença de pessoas discriminadas.
B) Os filhos, havidos, ou não, da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
C) O pátrio poder não poderá ser exercido, simultaneamente, pelo pai e pela mãe. Em caso de discordância quanto a quem caberá titularizá-lo, a ambos será facultado o direito de recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
D) Na ausência dos pais, o pátrio poder poderá ser delegado, nessa ordem: ao irmão mais velho, desde que já tenha alcançado a maioridade, ao tio paterno ou ao avô paterno. Na ausência de qualquer um desses, o pátrio poder poderá, excepcionalmente, ser delegado à avó materna.
Gabarito: B
g) Poder familiar
O poder familiarserá exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
OBS: Não se utiliza mais o termo “pátrio poder”, apenas poder familiar. Inclusive, a lei 12.010/09 substituiu todas as referências à “pátrio poder” por “poder familiar”.
h) Deveres dos pais
Os pais tem o dever de: sustento, guarda e educação dos filhos menores.
A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei (art. 22, parágrafo único, ECA).
i) Destituição do poder familiar
Não ter condições para o sustento dos filhos não é, por si só, motivo para destituição do poder familiar. Nesses casos a família deve ser incluída em programas de proteção, apoio e promoção à efetivação dos direitos fundamentais (art. 23, caput e §1º, ECA)
A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente (art. 23, §2º, ECA).
OBS: CUIDADO! Redação do §2º do art. 23 foi alterada recentemente, no ano de 2018. Note que para a destituição do poder familiar é necessário: a) prática de crime doloso; b) pena de reclusão; e c) crime praticado contra alguém igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra descendente.
A perda ou suspensão do poder familiar DEVERÃO SER DECRETADAS JUDICIALMENTE, possibilitando-se o contraditório (art. 24, ECA).
3.1) CLASSIFICAÇÃO TRINÁRIA DE FAMÍLIA
a) Família natural (art. 25, ECA): é a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
OBS: O reconhecimento de filho pode ser feito em conjunto ou separadamente pelos pais, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. Pode, ainda, ser feito antes do nascimento ou depois do falecimento do filho, se deixar descendentes.
OBS2: reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
b) Família extensa/ampliada (art. 25, parágrafo único, ECA): aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
OBS: Note que os laços sanguíneos não bastam para a concepção de família extensa. Deve haver vínculos de afinidade e afetividade!
OBS2: Critérios para colocação família substituta: a) grau de parentesco; b) afinidade; c) afetividade.
c) Família substituta (art. 28, ECA): a colocação em família substituta ocorre mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente.
OBS: Tratando-se de maior de 12 anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
OBS2: levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
-Grupos de irmãos:
Serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
-Preparação gradativa e acompanhamento posterior:
A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
-Criança ou adolescente indígena ou remanescente de quilombo
Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
 I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
 II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Note que é uma prioridade, mas não uma obrigação. 
-Indeferimento da colocação em família substituta
Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado (art. 29, ECA).
-Família substituta estrangeira
A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção (art. 31, ECA).
Família substituta estrangeira é aquela que tem residência e domicílio fora do Brasil. Ou seja, se a adoção for feita pro brasileiro residente e domiciliado no exterior, é uma família substituta estrangeira.
-Termo de compromisso para assumir guarda ou tutela
Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos (art. 32, ECA).
3.2) GUARDA
A guarda é medida EXCEPCIONAL e TEMPORÁRIA, sempre antecedendo o retorno da criança ou adolescente à sua família natural ou a colocação em família substituta. A guarda NÃO IMPLICA EM DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.
O guardião fica obrigado a prestar assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente. Ele pode opor-se a terceiros, inclusive aos pais (art. 33, ECA).
A guarda apenas regulariza a posse de fato.
Ela é deferida, em regra, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, menos no de adoção por estrangeiros (art. 33, §1º, ECA).
EXCEPCIONALMENTE, pode ser deferida fora dos casos de tutela e adoção para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados (art. 33, §2º, ECA).
O deferimento da guarda a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, nem o dever de prestar alimentos, EXCETO nos casos em que a medida for utilizada em preparação para adoção ou em casos de expressa e fundamentada determinação me contrário do Juiz (art. 33, §4º, ECA).
Uma vez deferida a guarda, confere-se a criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
OBS: O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
OBS2: Dá-se preferência para o programa de acolhimento familiar ao institucional. A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção
OBS3: Pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda.
OBS4: A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
a) Guarda compartilhada (regra):
E a modalidade de guarda em quehá uma responsabilidade conjunta e simultânea dos guardiões em relação às crianças e aos adolescentes. Nessa modalidade de guarda, não há de se falar em direitos de visitas, pois são institutos incompatíveis.
b) Guarda alternada:
Se configura pela presença de períodos isolados e exclusivos de guarda que se sucedem entre os guardiões. Na guarda alternada enquanto um guardião estiver exercendo sua guarda, ao outro caberá direito de visitas.
c) Guarda Unilateral:
É o tipo de guarda atribuída a apenas um dos genitores, sendo que a outra parte mantém o direito de visitas e o de acompanhar e supervisionar as decisões quanto à criação do filho.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Vanessa e Vitor vivem com o filho Marcelo, criança com 06 anos de idade, na casa dos avós paternos. Em um trágico acidente, Vitor veio a falecer. A viúva, logo após o óbito, decide morar na casa de seus pais com o filho. Após 10 dias, já residindo com os pais, Vanessa, em depressão e fazendo uso de entorpecentes, deixa o filho aos cuidados dos avós maternos, e se submete a tratamento de internação em clínica de reabilitação. Decorridos 20 dias e com alta médica, Vanessa mantém acompanhamento ambulatorial e aluga apartamento para morar sozinha com o filho.
Os avós paternos inconformados ingressaram com Ação de Guarda de Marcelo. Afirmaram que sempre prestaram assistência material ao neto, que com eles residia desde o nascimento até o falecimento de Vitor. Citada, Vanessa contestou o pedido, alegando estar recuperada de sua depressão e da dependência química. Ainda, demonstrou possuir atividade laborativa, e que obteve vaga para o filho em escola. Os avós maternos, por sua vez, ingressam com oposição. Aduziram que Marcelo ficou muito bem aos seus cuidados e que possuem excelente plano de saúde, que possibilitará a inclusão do neto como dependente.
Sobre a guarda de Marcelo, à luz da Proteção Integral da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
A) Marcelo deve ficar com os avós maternos, com quem por último residiu, em razão dos benefícios da inclusão da criança como dependente do plano de saúde.
B) Marcelo deve ficar na companhia dos avós paternos, pois sempre prestaram assistência material à criança, que com eles residia antes do falecimento de Vitor.
C) Marcelo deve ficar sob a guarda da mãe, já que ela nunca abandonou o filho e sempre cumpriu com os deveres inerentes ao exercício do poder familiar, ainda que com o auxílio dos avós.
D) Em programa de acolhimento familiar, até que esteja cabalmente demonstrado que a genitora não faz mais uso de substâncias entorpecentes.
Gabarito: C
3.3) TUTELA
É a forma de colocação em família substituta que, além de regularizar a posse de fato da criança ou adolescente, também confere direito de representação ao tutor, permitindo a administração de bens e interesses do pupilo. 
A tutela pressupõe a prévia destituição do poder familiar, e implica o dever de guarda (art. 36, parágrafo único, ECA).
A tutela será deferida a pessoa de até 18 anos incompletos (art. 36, ECA). Ou seja, o tutelado deverá possuir até 17 anos e 365 dias.
Se o patrimônio da criança ou do adolescente for de valor considerável, poderá o juiz determinar a prestação de caução para o exercício da tutela. Ademais, o juiz poderá dispensá-la se o tutor tiver reconhecida idoneidade (art. 1.745, parágrafo único, CC).
Pode haver a destituição da tutela, mas apenas através de decisão judicial.
-Tutela testamentária:
É possível que a tutela seja instituída por ato de última vontade dos pais, em conjunto, utilizando-se de testamento, legado ou codicilo (art. 37, ECA).
A pessoa nomeada tutora por ato de última vontade, deverá, dentro de 30 dias da abertura da sucessão (morte dos pais), ingressar com pedido judicial de colocação de criança ou adolescente em família substituta.
Somente deverá ser deferida a tutela, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la (art. 37, parágrafo único, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos de idade. Ante o falecimento precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua representante legal.
De forma a prevenir o amparo de Davi em razão de seu eventual falecimento, Ana pretende que, na sua ausência, seu irmão, João, seja o tutor da criança.
Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de
A) escritura pública de constituição de tutela.
B) testamento ou qualquer outro documento autêntico.
C) ajuizamento de ação de tutela.
D) diretiva antecipada de vontade.
Gabarito: D
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Dona Maria cuida do neto Paulinho, desde o nascimento, em razão do falecimento de sua filha, mãe do menino, logo após o parto. João, pai de Paulinho, apenas registrou a criança e desapareceu, sem nunca prestar ao filho qualquer tipo de assistência. Paulinho está tão adaptado ao convívio com a avó materna, que a chama de mãe.
Passados dez anos, João faz contato com Maria e diz que gostaria de levar o filho para morar com ele. Maria, desesperada, procura um advogado para obter orientações sobre o que fazer, já que João é foragido da Justiça, com condenação por crime de estupro de vulnerável, além de nunca ter procurado o filho Paulinho, que não o reconhece como pai.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a ação mais indicada para regularizar de forma definitiva o direito à convivência familiar da avó com o neto.
A) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Adoção.
B) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Tutela.
C) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Guarda.
D) Ação de Suspensão do Poder Familiar cumulada com Guarda.
Gabarito: B
Ano: 2012 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Acerca da colocação da criança ou adolescente em família substituta por meio da guarda e da tutela, é correto afirmar que
A) a adoção de uma dessas medidas, dada a prioridade de manutenção do menor com a família natural, é precedida pela destituição do poder familiar.
B) a pessoa que exercerá a guarda ou a tutela do menor poderá ser indicada por seus genitores em testamento.
C) o tutor assume o poder familiar em relação ao menor e, sendo assim, a destituição da tutela observa os mesmos requisitos da destituição do poder familiar.
D) o deferimento da tutela não pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar e, sendo assim, não implica necessariamente o dever de guarda.
Gabarito: C
3.4) ADOÇÃO
É medida protetiva de colocação em família substituta que estabelece o parentesco civil entre adotantes e adotados.
Ressalta-se que é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 do ECA (art. 39, §1º, ECA).
a) Características:
- Excepcional e irrevogável: Excepcional pois considerada de última alternativa, utilizada somente quando não for possível manter a criança ou adolescente em família natural. Irrevogável pois uma vez proferida sentença constitutiva de adoção, não se pode abrir mão do encargo.
- Ato personalíssimo: É vedada a adoção por procuração (art. 39, §2º, ECA).
- Incaducável: O poder familiar e o vínculo dos pais biológicos não são reestabelecidos nem mesmo com a morte dos pais adotivos (art. 49, ECA).
- Plena: A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41, ECA).
- Constituída por sentença judicial: A adoção é constituída por sentença (art. 47, ECA). Produz efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, com exceção dos casos de adoção nuncupativa(aquela realizada após falecimento do adotante), em que terá força retroativa à data do óbito.
OBS: Adoção nuncupativa: A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença (art. 42, §6º, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2015 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Isabela e Matheus pretendem ingressar com ação judicial própria a fim de adotar a criança P., hoje com 4 anos, que está sob guarda de fato do casal desde quando tinha 1 ano de idade. Os pais biológicos do infante são conhecidos e não se opõem à referida adoção, até porque as famílias mantêm convívio em datas festivas, uma vez que Isabela e Matheus consideram importante que P. conheça sua matriz biológica e mantenha convivência com os membros de sua família originária.
Partindo das diretrizes impostas pelo ECA e sua interpretação à luz da norma civilista aplicáveis à situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Durante o processo de adoção, Isabela, que reside fora do país, pode, mediante procuração, constituir Matheus como seu mandatário com poderes especiais para representar sua esposa e ajuizar a ação como adoção conjunta.
B) Dispensável a oitiva dos pais biológicos em audiência, desde que eles manifestem concordância com o pedido de adoção por escritura pública ou declaração de anuência com firma reconhecida.
C) Concluído o processo de adoção com observância aos critérios de regularidade e legalidade, caso ocorra o evento da morte de Isabela e Matheus antes de P. atingir a maioridade civil, ainda assim não se reestabelecerá o poder familiar dos pais biológicos.
D) A adoção é medida excepcional, que decorre de incompatibilidade de os pais biológicos cumprirem os deveres inerentes ao poder familiar, motivo pelo qual, mesmo os pais de P. sendo conhecidos, a oitiva deles no curso do processo é mera faculdade e pode ser dispensada.
Gabarito: C
b) Requisitos subjetivos:
- idoneidade
- motivo legítimo
- vantagens ao adotando (art. 43, ECA).
c) Requisitos objetivos:
- Idade (art. 42, caput e §3º, ECA): Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. O adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho que o adotando.
Já o adotando deve contar com, no máximo, 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (art. 40, ECA).
OBS: em caso de adoção conjunta, apenas um dos adotantes necessita ser 16 anos mais velho.
OBS2: Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família (art. 42, §2º, ECA).
OBS3: Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão (art. 42, §4º, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda judicial de Ana, que tem agora três anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante, irmã de Maria, é usuária de crack e soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais. Passados dois anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia e a criança fica residindo com Maria.
Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em conjunto, ainda que divorciados, assinale a afirmativa correta.
a) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
b) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou compartilhada) e à visitação de Ana.
c) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
d) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.
Gabarito: B
Ano: 2010 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Dentre os direitos de toda criança ou todo adolescente, o ECA assegura o de ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, a colocação em família substituta, assegurando- lhe a convivência familiar e comunitária.
Fundando-se em tal preceito, acerca da colocação em família substituta, é correto afirmar que:
A) a colocação em família substituta far-se-á, exclusivamente, por meio da tutela ou da adoção.
B) a guarda somente obriga seu detentor à assistência material a criança ou adolescente.
C) o adotando não deve ter mais que 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
D) desde que comprovem seu estado civil de casados, somente os maiores de 21 anos podem adotar.
Gabarito: C
- Consentimento dos pais ou destituição do poder familiar (art. 45, ECA): A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.
OBS: Sendo o adotando maior de 12 anos, é necessário também seu consentimento.
- Precedência do estágio de convivência (art. 46, ECA): A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. Podendo o prazo ser prorrogado por até igual período através de decisão fundamentada do juiz.
OBS: Serve para promover aproximação do(s) adotante(s) com o adotando(s), assim como oportunizar e avaliar a constituição de vínculos.
OBS2: O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo (art. 46, §1º, ECA).
OBS3: A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência (art. 46, §2º, ECA).
OBS4: O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida (art. 46, §4º, ECA).
d) Quem não pode adotar?
Não podem adotar as pessoas que não preencherem os requisitos objetivos e subjetivos, assim como os ascendente e os irmãos do adotando (art. 42, §1º, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Paulo, de 4 anos, é filho de Carla e não teve a sua paternidade reconhecida. Cláudio, avô de Carla e bisavô de Paulo, muito preocupado com o futuro do bisneto, pretende adotá-lo, tendo em vista que Carla ostenta uma situação financeira precária e, na opinião do avô, não é muito responsável.
Acerca da possibilidade de adoção de Paulo por Cláudio, assinale a afirmativa correta.
A) Cláudio sendo bisavô de Paulo e membro de sua família extensa, terá prioridade na adoção da criança, exigindo-se, contudo, que Carla, mãe de Paulo, autorize e que o adotando dê o seu consentimento em juízo.
B) Cláudio, por ser bisavô de Paulo, não poderá adotá-lo, mesmo que Carla consinta, já que tal medida excepcional não é permitida quando o adotante é ascendente ou irmão do adotando.
C) Como Cláudio só poderá adotar Paulo se Carla for destituída do poder familiar exercido em favor da criança, a medida, dada a sua excepcionalidade, só se justificaria na hipótese de adoção bilateral.
D) Claudio, por ser bisavô de Paulo, por um lado, tem prioridade na adoção da criança, mas, por outro, só poderá adotá-lo se Carla, além de autorizar a medida, for destituída do poder familiar.
Gabarito: C
e) Registro da adoção
O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandadodo qual não se fornecerá certidão (art. 47, ECA).
A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes. O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado (art. 47, §1º e §2º, ECA).
O adotante pedirá novo registro, que poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. Nas certidões do registro não poderá haver observação sobre a origem do ato (art. 47, §3º e §4º, ECA).
A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando (art. 47, §5º e 6º, ECA).
O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo (art. 47, §8º, ECA).
Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica (art. 47, §9º, ECA).
OBS: Prazo máximo para conclusão da ação de adoção é de 120 dias, prorrogável uma única vez por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária (art. 47, §10º, ECA).
f) Direito ao conhecimento da origem biológica.
O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos (art. 48, ECA).
O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2019 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Júlio, após completar 17 anos de idade, deseja, contrariando seus pais adotivos, buscar informações sobre a sua origem biológica junto à Vara da Infância e da Juventude de seu domicílio. Lá chegando, a ele é informado que não poderia ter acesso ao seu processo, pois a adoção é irrevogável. Inconformado, Júlio procura um amigo, advogado, a m de fazer uma consulta sobre seus direitos.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta para Júlio.
A) Ele poderá ter acesso ao processo, desde que receba orientação e assistência jurídica e psicológica.
B) Ele não poderá ter acesso ao processo até adquirir a maioridade.
C) Ele poderá ter acesso ao processo apenas se assistido por seus pais adotivos.
D) Ele não poderá ter acesso ao processo, pois a adoção é irrevogável.
Gabarito: A
g) Fila de adoção (art. 50, ECA)
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
Haverá cadastro distinto para os casos de adoção internacional.
Primeiro será analisada a adoção nacional, não havendo residentes no Brasil habilitados nos cadastros estaduais e nacional de adoção com perfil compatível e interesse, será realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à adoção internacional.
A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar.
A ordem do cadastro de adoção deverá ser respeitado. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. 
OBS: A adoção unilateral em que há destituição de um único vínculo anterior (ex: adoção pelo padrasto).
OBS1: Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Beatriz, quando solteira, adotou o bebê Théo. Passados dois anos da adoção, Beatriz começou a viver em união estável com Leandro. Em razão das constantes viagens a trabalho de Beatriz, Leandro era quem diariamente cuidava de Théo, participando de todas as atividades escolares. Théo reconheceu Leandro como pai.
Quando Beatriz e Leandro terminaram o relacionamento, Théo já contava com 15 anos de idade. Leandro, atendendo a um pedido do adolescente, decide ingressar com ação de adoção unilateral do infante. Beatriz discorda do pedido, sob o argumento de que a união estável está extinta e que não mantém um bom relacionamento com Leandro.
Considerando o Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente e a Prioridade Absoluta no Tratamento de seus Direitos, Théo pode ser adotado por Leandro?
A) Não, pois, para a adoção unilateral, é imprescindível que Beatriz concorde com o pedido.
B) Sim, caso haja, no curso do processo, acordo entre Beatriz e Leandro, regulamentando a convivência familiar de Théo.
C) Não, pois somente os pretendentes casados, ou que vivam em união estável, podem ingressar com ação de adoção unilateral.
D) Sim, o pedido de adoção unilateral formulado por Leandro poderá, excepcionalmente, ser deferido e, ainda que de forma não consensual, regulamentada a convivência familiar de Théo com os pais.
Gabarito: D
h) ADOÇÃO INTERNACIONAL
Adoção internacional é aquela em que o adotante ou casal adotante é residente ou domiciliado fora do Brasil.
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado:
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos de idade, crescem juntos em entidade de acolhimento institucional, aguardando colocação em família substituta. Não existem pretendentes domiciliados no Brasil interessados na adoção dos irmãos de forma conjunta, apenas separados. Existem famílias estrangeiras com interessena adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família de brasileiros domiciliados na Itália, sendo esta a última inscrita no cadastro.
Considerando o direito à convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo adolescente, assinale a opção que apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos.
a) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
b) Adoção internacional pela família estrangeira.
c) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
d) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália
Gabarito: D
- Procedimento da adoção internacional deferida a estrangeiros, em que o Brasil é o país de origem:
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: 
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; 
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira;
IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência;
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; 
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados. 
§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. 
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de organismos que: 
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; 
II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; 
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; 
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: 
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; 
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; 
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4º deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos.
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade.
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. 
OBS: na adoção internacional de criança brasileira que vá deixa o país, o estágio de convivência obrigatoriamente deverá ocorrer no território brasileiro, preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, sendo o prazo de, no mínimo, 30 dias e, no máximo, 45 dias, podendo ser prorrogado por igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária (art. 46, §3º, ECA).
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional.
§ 13. A habilitaçãode postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. 
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial. 
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.
- Procedimento da adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia:
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
- Procedimento da adoção internacional em que o Brasil é o país de acolhida, processada conforme a Convenção:
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório.
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente.
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
- Procedimento da adoção internacional em que o Brasil é o país de acolhida, e que o país de origem delega a decisão ao BR:
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. 
OBS: A nacionalidade do adotado na adoção internacional: é de competência de cada Estado regular a aquisição, manutenção ou perda da nacionalidade nesses casos. No caso brasileiro, a CF não prevê que a adoção é causa de perda da nacionalidade, nos termos do art. 12, §4º, CF. Assim, se uma criança, residente no território nacional, for adotada com o encaminhamento ao exterior, a nacionalidade brasileira será mantida, adquirindo o menor, uma segunda nacionalidade. Esta situação, depende das regras do país de acolhida.
OBS2: Intervenção das autoridades centrais estaduais e federal em matéria de adoção internacional: a pessoa ou casal estrangeiro interessado na adoção internacional deverá formular pedido de habilitação perante a autoridade central em matéria de adoção internacional do país de acolhida, que é aquele em que se situa a residência habitual. A cooperação, em matéria de adoção internacional, parte do pressuposto de que cada país tenha a sua autoridade central de adoção, encarregada de dar cumprimento às obrigações impostas pela Convenção de Haia. Nos estados federados, como é o Brasil, autoriza-se que cada estado-membro tenha a sua autoridade central estadual.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Casal de brasileiros, domiciliado na Itália, passa regularmente férias duas vezes por ano no Brasil. Nas férias de dezembro, o casal visitou uma entidade de acolhimento institucional na cidade do Rio de Janeiro, encantando-se com Ana, criança de oito anos de idade, já disponível nos cadastros de habilitação para adoção nacional e internacional. Almejando adotar Ana, consultam advogado especialista em infância e juventude.
Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta pertinente ao caso.
A) Ingressar com pedido de habilitação para adoção junto à Autoridade Central Estadual, pois são brasileiros e permanecem, duas vezes por ano, em território nacional.
B) Ingressar com pedido de habilitação para adoção no Juízo da Infância e da Juventude e, após a habilitação, ajuizar ação de adoção.
C) Ajuizar ação de adoção requerendo, liminarmente, a guarda provisória da criança.
D) Ingressar com pedido de habilitação junto à Autoridade Central do país de acolhida, para que esta, após a habilitação do casal, envie um relatório para a Autoridade Central Estadual e para a Autoridade Central Federal Brasileira, a fim de que obtenham o laudo de habilitação à adoção internacional.
Gabarito: D
4. DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
A criança e o adolescente têm direito à educação, sendo assegurado (art. 53, ECA):
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. 
O Estado tem o dever de assegurar (art. 54, ECA):
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Ressalta-se que os pais tem OBRIGAÇÃO DE MATRICULAR seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino (art. 55, ECA).
No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura (art. 58, ECA).
Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares,assim como os elevados níveis de repetência (art. 56, ECA).
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Maria, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola que não adota a obrigatoriedade do uso de uniforme, frequenta regularmente culto religioso afro-brasileiro com seus pais.
Após retornar das férias escolares, a aluna passou a ir às aulas com um lenço branco enrolado na cabeça, afirmando que necessitava permanecer coberta por 30 dias. As alunas Fernanda e Patrícia, incomodadas com a situação, procuraram a direção da escola para reclamar da vestimenta da aluna. O diretor da escola entrou em contato com o advogado do estabelecimento de ensino, a fim de obter subsídios para a sua decisão.
A partir do caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação que você, como advogado da escola, daria ao diretor.
A) Proibir o acesso da aluna à escola.
B) Marcar uma reunião com os pais da aluna Maria, a fim de compeli-los a descobrir a cabeça da filha.
C) Permitir o acesso regular da aluna.
D) Proibir o acesso das três alunas.
Gabarito: C
Ano: 2012 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que
A) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC.
B) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
C) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos.
D) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência.
Gabarito: D
5. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÕ E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
CUIDADO! O art. 60 do ECA não está de acordo com a CF/88, devendo esta prevalecer:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos, chegam do interior com os pais, em busca de melhores condições de vida para a família. Os três estão matriculados regularmente em estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar para ajudar na renda da casa.
Sobre as condições em que os três irmãos conseguirão trabalhar formalmente, considerando os Direitos da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
A) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo atividades noturnas, perigosas ou insalubres.
B) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades noturnas, perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.
C) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas ou insalubres
D) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de aprendizagem.
Gabarito: A
AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
Os artigos 83 a 85 do ECA devem ser analisados em conjunto com a Resolução 131/2011 do CNJ.
Destaca-se que o art. 83 foi alterado pela lei 13.812 em 2019!
Quadro geral da autorização para viajar:
	I. Viagens nacionais/domésticas (art. 83, ECA)
	II. Viagens internacionais/ ao exterior (art. 84, ECA c/c Res. 131/11 do CNJ)
	1. Crianças e adolescentes (menor de 16 anos):
a) Desacompanhadas, com autorização judicial;
b) Desacompanhadas, para comarca contígua, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma zona metropolitana;
c) Acompanhadas dos pais ou responsáveis;
d) Acompanhadas de ascendente ou colateral maior até terceiro grau (desde que possua documento para comprovar o vínculo) ou de adulto expressamente autorizado pelos pais;
	1. Crianças e adolescentes:
a) Desacompanhados, com autorização judicial;
b) Desacompanhados, com autorização de ambos os pais por documento com firma reconhecida;
c) Acompanhados de ambos os pais;
d) Acompanhados de um dos pais, desde que haja autorização expressa do outro, por documento com firma reconhecida;
e) Acompanhados de terceiros maiores e capazes com autorização de ambos os pais por documento com firma reconhecida.
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:
Ano: 2019 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Bruno, com quase doze anos de idade, morador de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi aprovado em um processo de seleção de jogadores de futebol, para a categoria de base de um grande clube, sediado no Rio de Janeiro, capital – cidade contígua à de sua residência.
Os treinamentos na nova equipe implicam deslocamento de Niterói ao Rio de Janeiro todos os dias, ida e volta. Ocorre que os pais de Bruno trabalham em horário integral, e não poderão acompanhá-lo.
Os pais, buscando orientação, consultam você, como advogado(a), sobre qual seria a solução jurídica para que Bruno frequentasse os treinos, desacompanhado.
Assinale a opção que apresenta sua orientação.
A) Bruno precisará de um alvará judicial, que pode ter validade de até dois anos, para poder se deslocar sozinho entre as comarcas.
B) Bruno pode, simplesmente, ir aos treinos sozinho, não sendo necessária qualquer autorização judicial para tanto.
C) Não é possível a frequência aos treinos desacompanhado, pois o adolescente não poderá se deslocar entre comarcas sem a companhia de, ao menos, um dos pais ou do responsável legal.
D) Bruno poderá ir aos treinos desacompanhado dos pais, mas será necessário obter autorização judicial ou a designação de um tutor, que poderá ser um representante do clube.
Gabarito: B
Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Maria, mãe de João, criança com nove anos de idade, que está na guarda de fato da avó paterna Luisa, almeja viajar com o filho, que já possui passaporte válido, para os Estados Unidos. Para tanto, indagou ao pai e à avó se eles concordariam com a viagem do infante, tendo o primeiro anuído e a segunda não, pelo fato de o neto não estar com boas notas na escola. Preocupada, Maria procura orientação jurídica de como proceder.
À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a medida que deverá ser adotada pelo(a) advogado(a) de Maria.
A) Ingressar com ação de suprimento do consentimento do pai e da avó paterna, para fins de obter a autorização judicial de viagem ao exterior.
B) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem acompanhada de cópias dos documentos dele, pois a criança já possui passaporte válido.
C) Ingressar com ação de guarda de João, requerendo sua guarda provisória, para que possa viajar ao exterior independente da anuência do pai e da avó paterna.
D) Solicitar ao pai que faça uma autorização de viagem

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