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RESENHA CAIO PRADO JUNIOR (1)

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Universidade Estadual Da Região Tocantina do Maranhão
Curso: Licenciatura em História – 6° Período
Disciplina: Historiografia Brasileira 
Professor: Siney Ferraz
Aluno: Wanderson Sousa Costa
A FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO POR CAIO PRADO JÚNIOR
Caio Prado Júnior foi um importante intelectual interessado em compreender a história política e social do nosso país tendo sido um dos maiores nomes da historiografia brasileira.O pensador nasceu em São Paulo no dia 11 de fevereiro de 1907.Caio Prado Júnior era filho de Caio e Antonieta Silva Prado. A família fazia parte da elite intelectual e financeira paulistana (uma elite cafeicultora). Os filhos estudaram no colégio jesuíta São Luís e também na Inglaterra, em Eastbourn, no Colégio Chelmsford Hall.
Em 1928, Caio se formou em ciências jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo. Recém-formado, o advogado ainda trabalhou em alguns escritórios de direito. No ano em que se formou, Caio entrou para o Partido Democrático, dois anos mais tarde fez parte da Revolução. Em 1931 migrou para o Partido Comunista do Brasil. Ativista político importante, Caio chegou a ser o número 2 da Aliança Nacional Libertadora (um grupo que unia movimentos de esquerda interessados em combater o fascismo).
Graças à sua mobilização política, chegou a ser preso durante 2 anos (entre 1935-1937) tendo depois sido exilado até 1939 na Europa. Caio chegou a ser deputado estadual por São Paulo em 1947, mas só atuou durante um ano porque teve o mandato logo cassado devido à acusação de ideologia marxista. Por conta do governo militar, precisou se exilar novamente, dessa vez no Chile. Ao regressar ao Brasil, em 1971, foi preso, embora no ano seguinte tenha sido libertado graças a um habeas corpus.
Em 1933 o intelectual publicou o ensaio Evolução política do Brasil. No ano seguinte, lançou o livro URSS, um novo mundo. A sua obra mais importante, o livro Formação do Brasil Contemporâneo, foi publicado em 1942, logo depois de regressar do exílio na Europa. Três anos mais tarde foi a vez de lançar História econômica do Brasil. Durante os anos 60 foi especialmente ativo intelectualmente tendo publicado Dialética do conhecimento (1963), A revolução brasileira (1966), História e desenvolvimento (1968). Outro livro importante foi lançado em 1979 e se chama A questão agrária no Brasil.
Em 1943 o escritor e ativista fundou a Editora Brasiliense ao lado do sócio e amigo Monteiro Lobato.Ele também esteve à frente da Gráfica Urupês e da Revista Brasiliense, que foi encerrada pela ditadura assim que os militares subiram ao poder. Caio Prado Júnior faleceu aos 83 anos, em São Paulo, no dia 23 de novembro de 1990, vítima de insuficiência respiratória.
Tendo comentando um pouco da história de vida de Caio Prado Júnior, abordaremos agora uma de suas principais obras e que influência os estudos sobre o Brasil. O livro " A formação do Brasil Contemporânea" foi publicado pela primeira vez em 1942, é uma tentativa de contar as origens da História da nação brasileira, traçando um panorama desde a colonização, mesclando política e Economia e construção Social, é ainda hoje uma das maiores referências para se compreender o Brasil.
Caio Prado Júnior inova ao explicar o Brasil, apartir das vertentes marxistas, trazendo para a discussão conceitos como classe e raça para explicar a conjuntura do país. Saindo de uma Historiografia individualista e elitizada, seus escritos dão luz para a formação do verdadeiro Brasil, e deus seus sujeitos. 
Analisemos também a conjuntura em que tal obra foi publicada, apartir fe 1930 floresce uma Historiografia crítica e engajada, que busca retratar as verdadeiras raízes do Brasil. A época é uma das mais ímpares para o crescimento das vertentes nacionalistas, regionalistas , e plurais. A arte, a literatura, todas buscam o que seria ser brasileiro, quem é esse brasileiro.
Podemos dividir a obra em três grandes momentos, o primeiro diz respeito ao povoamento, como se deu os processos de colonização e como ele é alimentado ainda hoje. Talvez esse seja um dos pontos mais altos da obra, Prado explica o Brasil atual apartir do passado colonial, e como ainda ele é presente. 
Esse povoamento se deu de forma tardia e descontrolada, os 30 primeiros anos assistimos a uma cadeira econômica passeada na exploração e uma política de exportação que vigora ainda hoje. Ele comenta que o Brasil era um negócio para o Rei, como uma espécie de fazenda, sempre produzindo para fora. E que essa característica resume muito bem todas as relações sociais, esse papel de subordinado ainda hoje vigora. Em suas palavras:
 Não sofremos nenhuma descontinuidade no decorrer da história da colônia. E se escolhi um momento, apenas a sua última página, foi tão somente porque, (...), aquele momento se apresenta como um termo final e a resultante de toda nossa evolução anterior. A sua síntese. Não se compreende por isso, se desprezarmos inteiramente aquela evolução, o que nela houve de fundamental e permanente. Numa palavra, o seu sentido.” (Prado, p.14).
 Fica evidente aqui sua visão acerca de como nunca houve nenhum projeto desde o início que vislumbre uma Nação independente e igualitária, a começar pela forma como os Territorios foram ocupados. E por onde tais frentes passaram, aniquilaram qualquer tentativa de unificação, pelo contrário, cada frente econômica feita no Brasil tem sem seu berço a destruição, como a do café, a da cana de açúcar, da borracha e da mineração. Se extraí até se minar tais Territorios e partem em direção a outra frente. 
 É muito significativo e importante como tais ocupações servem para explicar as divisões sociais. Pois é a partir destas formações que surge a nação brasileira e como ela se divide socialmente. O autor enfatiza como a escravidão é a chave para se definir todas as relações econômicas e sociais, e como ela é utilizada como meio de divisão social. Como o autor utiliza o "cruzamento racial" irá definir o lugar que cada indivíduo passa a ocupar na sociedade.
 É interessante pro debate como ele aborda que também os povos Indígenas foram escravizados, saindo da visão romântica sobre essa parte da história do Brasil, que até então não era apontada. As relações econômicas ligada ao monopólio de produção e dependência é alimentado pela escravidão.
 A segunda parte da obra que chamamos de " Vida material", é onde Caio Prado Júnior traça um panorama econômico e político do Brasil, para demonstrar como ainda vivemos na teoria da dependência. Em suas palavras: “Da economia brasileira, em suma, e é o que devemos levar daqui, o que se destaca e lhe serve de característica fundamental é: de um lado, na sua estrutura, um organismo meramente produtor, e constituído só para isto: um pequeno número de empresários e dirigentes que senhoreiam tudo, e a grande massa da população que lhe serve de mão de obra.” (Ibidem, p. 123).
 A terceira e última parte corresponde a " Vida Social". E aqui o autor se preocupa em comentar a organização social, a administração e a vida social e política. De cara destaca-se que Portugal não criou nada original para o Brasil. Aqui não houve unidade política,e nem vontade dessa união. Ao seus olhos, a escravidão foi uma das únicas forças que realmente sustentavam as divisões sociais, e consequentemente o lugar de cada um.
 Como ele comenta: “O fio condutor que na complexidade dos fatos com que temos de lidar nos conduzirá ao mais íntimo da sociedade colonial para nele descobrirmos a origem de tais “forças”, que se manifestam exteriormente sobretudo por aquele mal-estar generalizado que assinalei acima e que atinge toda a colônia, é a mesma infra-estrutura econômica descrita nos primeiros capítulos deste trabalho.” (Ibidem, p. 358)
 Ao final da leitura convém comentar, que sua obra nunca deixou de ser tão atual, Caio Prado Júnior inova ao explicar o Brasil, apartir de todas sua relações, fugindo de uma ideia romântica ou apenas simplista, seu olhar pelas relações econômicas para explicar o presenteapartir da colonização é uma das mais célebres tentativas de definição do que é o Brasil, e o que significa ser brasileiro.
Referência
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 7 ed. São Paulo: Brasiliense,1963.

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