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CENTRO EDUCACIONAL UNIESP
Faculdade de Diadema
Curso de Pedagogia
Hildenilte Sabina Carvalho Araújo
Tania Oliveira de Jesus
Viviane Guerreiro Monteiro
Bilinguismo
O bilinguismo como proposta de educação para surdos
São Paulo
2017
Hildenilte Sabina Carvalho Araujo
Tania Oliveira de Jesus
Viviane Guerreiro Monteiro
Bilinguismo
O bilinguismo como proposta de educação para surdos
Artigo apresentado ao colegiado do curso de pedagogia com vistas a aprovação – 8°semestre, Noturno, do curso de Pedagogia Licenciatura da Faculdade Diadema.
Sob a orientação da Professora Daiana Rodrigues
São Paulo
2017
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar as possibilidades que rodeiam a educação para surdos em uma proposta educativa bilíngue. A função é destacar a função de uma nova concepção sobre a surdez e a valorização da LIBRAS. A proposta bilíngue também vai permitir ao aluno surdo, construir uma alto imagem positiva, pois além de utilizar a língua de sinais, vai recorrer a língua portuguesa para integrar se na cultura ouvinte. O bilinguismo chama a atenção para o aspecto de identificação da criança surda, a educação bilíngue tem contribuído cada vez mais para que isso aconteça, surgindo um novo olhar sobre a surdez. É necessário compreender que a Língua de Sinais é diferente da língua oral e torna se uma mediadora para o aprendizado do português. Os meios favoráveis para a educação da Língua portuguesa devem ser visuais facilitando a compreensão do aluno.
Palavras Chave: Bilinguismo ,Educação de Surdos, Língua Portuguesa
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
No Brasil e em grande parte do mundo, vem sendo espalhado e analisado uma proposta de educação para surdos de educação bilíngue.
As portas começam a se abrir para esta nova perspectiva como a solução dos problemas enfrentados na educação para surdos.
Para a criança surda a educação que é oferecida pelo ambiente (no caso o que está formado por pessoas ouvintes e falantes de uma língua oral) não é suficiente, fato que requer uma intervenção educativa especial. A Educação Especial para crianças surdas deverá criar ambientes linguísticos e socioafetivos (familiar e escolar) que possam ser para essa criança ouvinte. Significa dizer então que a criança surda necessita desses ambientes especiais para poder desenvolver em todos os sentidos.
A utilização da Língua de Sinais na educação de crianças surdas vem sendo amplamente destacada nos estudos e pesquisas desenvolvidos na atualidade. (BRITO, 1993; 1995). Tais estudos indicam que a Língua de Sinais, natural da comunidade de surdos é o veículo mais apropriado para a educação e para o desenvolvimento psicossocial, linguístico e cognitivo da criança surda sendo amplamente estudada, praticada e valorizada.
Pesquisas recentes (QUADROS, 1997), indicam que a aquisição da Língua de Sinais como primeira língua, a criança surda terá mais facilidade para aprender a língua oficial do país que pertence.
Por isso, a educação bilíngue apresenta se como um novo desafio para educação e os serviços prestados ás pessoas surdas.
Mas há diferenças da educação bilíngue da escola pública para a escola privada.
“Na escola pública inclusiva os alunos chegam sem saber de nada nem a Libras e nem o Português”. Na escola bilíngue privada eles entram com uma pequena noção da Libra, sem o português também, e depende da faixa etária. 
No fundamental I entram sem Libras nenhuma, pois nem eles nem a família sabem. No fundamental II, eles já têm uma noção de Libras, conhecem palavras decoradas, fora de contexto da Língua Portuguesa. 
Na escola pública o ensino todo é formulado para ouvinte e o aluno surdo tem um tradutor/intérprete. “Na escola privada bilíngue o aluno surdo, tem todo o seu conteúdo, material e aulas são na língua deles, na Língua de Sinais.”
(Professora de Libras no Instituto Seli- Tatuapé; Elisangela Jesus).
2- HISTÓRIAS DA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Segundo MOURA (2000), na antiguidade, os ouvintes tinham como pressuposto que os surdos não tinham competência suficiente para se desenvolverem plenamente, pois lhe faltavam a linguagem e sem esta não havia fala, e consequentemente, o sujeito surdo não pensava e não poderia aprender nada que lhe fosse ensinado. Este argumento era usado pelos gregos e pelos romanos.
Os romanos privavam sujeitos surdos que não tinham a linguagem oral de administrar seus direitos legislativos, ou seja, seus bens materiais e de atuarem perante a sociedade devido a sua surdez.
Somente no século XVIII é que os surdos receberam o direito de mudarem o seu estado civil, pois antes deviam permanecer solteiros, já que teriam supostamente problemas em adquirir responsabilidades e de até tomar atitudes como em assumir uma família por conta própria (MOURA 2000)
Na idade Moderna, no século XVI aproximadamente, a primeira pessoa a acreditar na educação de surdos, seja por meio da Língua Oral ou da Língua de Sinais foi Bartollo Della Marca D’Ancora, um advogado e escritor que passou a acreditar na possibilidade dos surdos se expressarem de outras formas. Mas o verdadeiro inicia da educação de surdos “nasceu” com um educador, o monge benetidino Pedro Ponce Léon que dedicou sua vida para educar os filhos surdos da nobreza espanhola, com o intuito de alfabetiza los, para seguirem as doutrinas do cristianismo.
De acordo com MOURA (2000) Pedro Ponce Léon, desmitificou o conceito que Aristóteles sustentava a respeito dos surdos, que estes não tinham a capacidade de desenvolver se intelectualmente pela ausência da linguagem e sem esta seria impossível ser considerado um ser humano.
A nobreza da Idade Moderna tinha um grande interesse em dedicar seus esforços e, inclusive, suas finanças na educação oralistas de seus filhos surdos, dirigida então por Pedro Ponce Léon. Os surdos da nobreza espanhola portadores de alguma herança, se não fossem alfabetizados poderiam perder o título de nobre, ou melhor, não seriam reconhecidos enquanto cidadãos da nobreza espanhola. (MOURA, 2000)
Vê se, portanto, que essa perda de poderes pesava mais que as implicações religiosas ou filosóficas no desenvolvimento de técnicas para a oralização dos surdos. A força do poder financeiro e dos títulos é que pode ser considerado um dos primeiros impulsionadores do oralismo que, de alguma forma, começava a se implantar neste momento e que estende até os nossos dias. (MOURA. 2000 p.18)
L’Epée criou um método que consistia num, sistema de sinais usado na esma ordem da língua francesa, além de alguns sinais inventados. Assim, os alunos poderiam sinalizar qualquer texto escrito ou escreve lo em francês, quando fosse ditado em Língua de Sinais. Esse método representou e inovou a educação dos surdos, pois este educador foi o único que reconheceu os surdos como seres humanos. (MOURA, 2000)
Ele fundou o Instituto Nacional para Surdos – Mudos em Paris, na França, que foi a primeira escola pública para surdos no mundo.
Infelizmente L’Epée faleceu em 1789 e seu trabalho foi esquecido por vários fatores que foram desencadeados por uma fase turbulenta na história da França.
2.1 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL.
A educação de surdos no Brasil chega em 1857, quando Edward Huet, professor francês surdo, convidado por D. Pedro II cria no Rio de Janeiro o hoje nomeado Instituto Nacional de Educação de Surdos. Atualmente o INES é a maior referencia de educação de Surdos no Brasil.
Em 1880 acontece uma grande derrota para a população surda: o resultado do Congresso Internacional de Educadores de Surdos realizada em Milão, na Itália. Graham Bell, cientista britânico usa todo o seu prestigio na defesa do oralismo. Juan Jacob Valade Gabel, professor do Instituto de paris, apresenta um método de educação visando a eliminar os gestos e as Línguas de Sinais. Trava se grande disputa e professores surdos são excluídos da votação. Assim, o oralismo vence e é instituída a proibição oficialdos usos das Línguas de Sinais nas escolas.
Após esta proibição das Línguas de Sinais houve um grande gap na história. Apenas na década de 1960, Doroth Shifflet, professora secundária mãe de menina surda, descontente com os métodos oralistas, começa a utilizar uns método combinado de linguagem sinalizada, fala, leitura labial e treino auditivo, numa escola na Califórnia, denominando seu trabalho de Comunicação Total.
No Brasil em 1969, Eugenio Oates, missionário americano, faz a primeira tentativa de registrar a Língua de Sinais. Publica um pequeno dicionário de Sinais, a qual vem ser o primeiro ato de atenção a Língua de Sinais em nosso país. Em 1977, foi criado no Rio de Janeiro a Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos, FENEIDA, com diretoria de ouvintes. Já em 1987, aconteceu a criação da Federação Nacional de Educação e Integração de surdos (FENEIS) em 16/05/1987, sob a direção de surdos.
No final da década de 1970, foi introduzida a Comunicação Total no Brasil pela professora Ivete Vasconcelos, fundadora da escola Santa Cecília, escola especial particular para surdos sob a influencia do congresso Internacional de Gallaudet. Com isso em 1983 foi criada no Brasil a Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos.
Em 1986, no estado de Pernambuco, foi adotado o bilinguismo, sendo o primeiro lugar no Brasil em que efetivamente esta orientação passou a ser praticada. Em 1991, LIBRAS é reconhecida pelo estado de Minas Gerais. Em 1999, LIBRAS é oficializada no Rio Grande do Sul.
Em 2005, houve o Decreto n° 5626/05, que regulamenta a Lei n° 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Em 2006, a UFSC, ofereceu o primeiro curso superior de Letras / Libras na modalidade EAD para professores especificamente, visando o ensino de Libras. 
Em 2014, finalmente foi aprovada a oferta e garantia da escola bilíngue para surdos e deficientes auditivos no PNE – Plano Nacional de Educação.
3 – LEIS: A PRIMEIRA CONQUISTA DA COMUNIDADE SURDA
Cada país possui sua própria língua de sinais, ela não é universal. Aqui no Brasil não é diferente, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, tem sua origem na Língua de Sinais Francesa, sendo reconhecida como uma língua com estrutura própria por meio da Lei 10.436/02.
De acordo com a Lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002 a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República e dispõe dos seguintes tópicos:
Art. 1° - é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo Único – entende se como Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual – motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas no Brasil.
Art. 2° - deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas no Brasil.
Art. 3° - as instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência a saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4° - o sistema educacional federal e os sistemas educacionais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo Único – a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.
Art. 5° - esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181° da Independência e 114° da República.
Fernando Henrique Cardoso.
Paulo Renato Souza.
A Libras permite a interação entre as pessoas surdas e as ouvintes, fazendo com que o surdo obtenha informações de mundo no qual ele vive, tornando o um cidadão com direitos, deveres e responsabilidades.
3.1 – DECLARAÇÃO DE SALAMANCA
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social.
A Declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos mundiais que visam à inclusão social, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos de 1990. Ela é o resultado de uma tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, e cuja origem tem sido atribuída aos movimentos de direitos humanos e de desinstitucionalização manicomial que surgiram a partir das décadas de 60 e 70.
A Declaração de Salamanca é também considerada inovadora porque conforme diz seu próprio texto, ela “... proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura “educação para todos” firmada em 1990 (...) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem.”.
A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja porque motivo for. Assim, a ideia de necessidades educacionais especiais passou a incluir, além de crianças portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerras ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais ou as que simplesmente estão fora da escola por qualquer motivo que seja.
Uma das implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de Salamanca refere se a inclusão na educação. Segundo o documento, “o principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificação organizacional, estratégias de ensino, usa de recursos e parcerias com a comunidade (...). Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva (“...).”.
4 – PROSTA DE EDUCAÇÃO PARA SURDOS (ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO)
ORALISMO:
O principal objetivo da metodologia Oralista é desenvolver a fala do surdo, pois para os defensores desse método, a língua falada era considerada essencial para a comunicação e desenvolvimento das crianças surdas.
De acordo com Goldfeld (2002), essa concepção de educação enquadra se no modelo clínico, destacando a importância da integração dos surdos na comunidade de ouvintes.
A autora destaque que:
O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela estimulação auditiva. Essa estimulação possibilitaria a aprendizagem da Língua Portuguesa e levaria a criança surda a integrar se na comunidade ouvinte e desenvolver uma personalidade como a de um ouvinte.Ou seja, o objetivo do oralismo é fazer uma reabilitação da criança surda em direção a normalidade. (GOLDFELD, 2002, p. 34)
A metodologia oralista, após o congresso, passou a ser utilizada pela maioria das escolas na educação de surdos de muitos países. A língua de sinais foi proibida, começando assim uma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o direito linguístico por meio de sua língua natural, a Língua de Sinais.
Nesta época, muitos professores surdos que trabalhavam com a Língua de Sinais, foram demitidos e substituídos por profissionais ouvintes. Schelp (2008), explica que no oralismo a primeira medida educacional implantada foi proibir o uso da Língua de Sinais e obrigar os alunos surdos a sentarem sobre as mãos para que, assim, pudessem ser oralizados.
Capovilla (2000, p.102) ao explicar o método oralista na comunicação com pessoas surdas ressalta que:
O método oralista objetivava levar o surdo a falar e desenvolver a competência linguística oral, o que lhe permitiria desenvolver se emocional, social e cognitivamente do modo mais normal possível, integrando se com um membro produtivo do mundo dos ouvintes.
De acordo com os estudos da pesquisadora Dorziat (1997) é possível estabelecer que as técnicas mais utilizadas no método oralista são: o treinamento auditivo, o desenvolvimento da fala e a leitura labial.
Falar é algo fácil para as pessoas ouvintes que armazenam vocabulários em sua mente desde que nascem. Porém, quando se trata de uma pessoa surda, esses caminhos se tornam difíceis ou até mesmo impossíveis, pois o fato de não ouvirem impossibilita de assimilarem palavras em seu cérebro. Como o surdo não tem palavras em sua mente, somente pode aprender por meio de sinais que assimilam pelo contato visual.
COMUNICAÇÃO TOTAL
Quando se percebe que os surdos educados por meio da metodologia oralista nunca conseguiriam se comunicar ou falar com os ouvintes de maneira satisfatória e que, mesmo com a imposição das práticas oralistas as pessoas surdas insistiam em se comunicar por meio da língua de sinais, decidiu se então que os surdos poderiam utilizar toda e qualquer forma de comunicação. Surge, então, o método que ficou conhecido como Comunicação Total. A principal meta era o uso de qualquer estratégia que pudesse permitir o resgate na comunicação das pessoas surdas.
Segundo Ciccone (1996, p.06 – 08)
A Comunicação Total é uma filosofia de trabalho voltada para o atendimento e a educação de pessoas surdas. Não é, tão somente, mais um método na área e seria realmente, um equívoco considera la, inicialmente como tal (...). A Comunicação Total, entretanto, não é uma filosofia educacional que se preocupa com ideias paternalistas.
O método de comunicação total não surge para fazer negação ao oralismo, que até então vigorava na educação de surdos: “[...] a Comunicação Total não está em oposição a utilização da língua oral, mas apresenta se como um sistema de comunicação complementar” (MARCHESI, 1995, p.59)
A comunicação total também não obteve um resultado satisfatório, visto que sua abordagem defendia o uso simultâneo das duas línguas: a fala e os sinais, e por serem duas línguas diferentes dificultava a aprendizagem dos alunos.
BILINGUISMO:
Esta metodologia consiste em trabalhar com duas línguas no contexto escolar e, neste caso, as línguas em questão são a Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. A metodologia bilíngue é utilizada atualmente com surdos em algumas instituições brasileiras.
Lacerda (1998), ao defender a metodologia bilíngue destaca que os surdos adquirem conhecimentos por meio do canal visual e a mistura entre línguas utilizadas na comunicação total, dificultava a aquisição de conhecimentos pelos surdos, pois cada língua tem características próprias e independentes, tornado se assim impossível falar ambas as línguas (sinalizada e oral) ao mesmo tempo no âmbito escolar. 
Na concepção de Guarinello (2007, p.45 -46)
A proposta bilíngue surgiu baseada nas reivindicações dos próprios surdos pelo direito a sua língua e pelas pesquisas linguísticas sobre a língua de sinais. Ela é considerada uma abordagem educacional que se propõe a tornar acessível á criança surda duas línguas no contexto escolar.
Assim sendo, o bilinguismo foi uma metodologia adotada a partir das reivindicações dos próprios surdos, pois a mesma tem possibilitado o acesso a duas línguas dentro de um contexto: a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa. 
Santana (2007, p.166) destaca que:
O bilinguismo inaugura um novo debate na área da surdez, ele defende que a primazia da Língua de Sinais sobre a Língua Portuguesa antes aprendida simultaneamente na comunicação total, ou isoladamente no oralismo. Essa primazia, defendida por muitos autores tem por base dois argumentos. Primeiro, a presença de um período crucial para a aquisição da linguagem. Segundo, a existência de uma competência inata, na qual para aprender uma língua, bastaria estar imerso em comunidade linguística e receber dela inputs linguísticos cruciais.
4.1 – O BILINGUISMO É A MELHOR PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO DOS SURDOS?
Primeiramente vamos entender melhor o que é o bilinguismo.
O Bilinguismo, como proposta para a educação de surdos, surgiu na década de 80. Esta linha teórica defende que o aprendizado da Língua sinalizada deve preceder o da Língua oral, utilizada na comunidade a qual o surdo pertence.
Nesta proposta entende-se a Língua sinalizada como materna para o sujeito surdo, devido suas características, por primazia visual, que compensam eficazmente a falta de comunicação, situação imposta pela deficiência auditiva. A Língua sinalizada é reconhecida como L1, ou primeira Língua. Por serem as principais características das Línguas oficiais, que são utilizadas pela grande maioria nas comunidades, orais e auditivas, são entendidas nesta proposta como segunda língua para o sujeito surdo, ou L2. 
A educação do surdo pela proposta bilíngue apresenta como primordial o acesso da criança, com deficiência auditiva, à sua Língua materna, sendo de preferência a vivência e aprendizagem desta estimulada pelo contato com comunidade surda, na qual estará inserida quando maior. Seu desenvolvimento na Língua materna é considerado primordial para o aprendizado da segunda Língua (língua oral), em sua forma escrita a ser aprendida na escola.
Este trabalho visa identificar quais serviços oferta, e quais as necessidades ainda existentes, na educação bilíngue de surdos no município de Guarapari. Tendo em vista a grande importância deste método para o desenvolvimento integral do sujeito surdo.
As pesquisas tem apontado esta proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo como foco a língua de sinais como parte de um pressuposto para o ensino da língua escrita.
MOURA e VIEIRA (2011) afirmam que o bilinguismo surge como uma proposta de intervenção educacional com a finalidade de atender as especificidades linguísticas dos alunos surdos. As autoras destacam que o trabalho com a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa atualmente acarreta uma preocupação da identidade cultural e social. Na perspectiva bilíngue, a língua de sinais é caracterizada como língua natural para o surdo e, portanto, sua primeira língua (L1).
A Língua de Sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com as pessoas que usam essa língua.
KUBASK e MORAES (2009) afirmam que a pessoa com surdez tem as mesmas possibilidades de desenvolvimento da pessoa ouvinte, precisando apenas que suas necessidades especiais sejam atendidas. Para as autoras, a Língua de Sinais torna se necessária para esse processo de aprendizagem, bem como a Língua Portuguesa. A L1. servirá de mediadora para a L2, e a alfabetização se dará de forma natural.
Portanto, o bilinguismo visa a atender as especificidades linguísticas da pessoa surda e suas particularidades culturais e sociais.
Fica evidente a importância da educação bilíngue para a aprendizagem da criança surda sendo fundamental, que as atividades realizadas sejam adaptadas conformesuas necessidades. O aluno surdo precisa de uma metodologia de ensino própria, com sala de aula adequada, em que predomine o visual. é preciso que a escola não se preocupe apenas em alfabetizar os alunos surdos, mas ofereça lhes condições para que se tornem leitores e escritores, não apenas codificadores e decodificadores dos símbolos gráficos apoiando se menos na relação oralidade/ escrita, no aspecto visual da escrita como fator relevante no processo de sua aquisição.
Desse modo, teremos surdos alfabetizados em ambas as línguas, conhecedores de sua cultura, bem como da cultura ouvinte, favorecendo assim o pleno desenvolvimento desses sujeitos, e a sua participação na sociedade, exercendo seu papel de cidadão.
4.2 – O PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA OS SURDOS
Infelizmente encontramos professores baseando se no ensino da aquisição da escrita do português para crianças surdas como se fosse para ouvinte, no entanto esquecem que o papel da Libras na instrução do português escrito é primordial, porque possibilita o conhecimento de mundo e de língua, com base nos quais os alunos surdos poderão atribuir sentido ao que leem e escrevem.
A alfabetização dos surdos requer metodologias apropriadas para o ensino da Língua Portuguesa, não diferenciando na forma do funcionamento linguístico, mas dando possibilidades ao aluno surdo para o seu desempenho social, político, emocional e cultural sendo que o aprendizado da Língua Portuguesa pelo aluno surdo se processa por meio de metodologias próprias de ensino de acordo com o potencial de cada aluno (FERNANDES, 2007, p.2)
Outro ponto importante a ser ressaltado é que os alunos surdos diferentemente dos ouvintes, não dispõem, na maior parte das vezes, de uma língua quando chegam a escola, uma vez que as famílias na maioria ouvintes, fazem uso da modalidade oral da Língua Portuguesa, inacessível á criança surda. E que, geralmente não conhecem a Língua de Sinais.
De acordo com São Paulo (2008, p.21) o ensino da Língua Portuguesa para alunos deve levar em consideração que:
· A surdez dificulta, mas não impede o aprendizado da Língua Portuguesa pelos alunos surdos.
· As dificuldades que os alunos surdos geralmente apresentam na escrita não decorrem da surdez, mas do pouco conhecimento que tem da Língua Portuguesa.
· A Língua Portuguesa é a segunda língua para os alunos surdos, e, por isso, requer a aquisição da Língua Brasileira de Sinai – LIBRAS, sua primeira língua.
· O aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua é um direito do aluno surdo, garantido pelo Decreto Federal n° 5626 de 22 de dezembro de 2005.
· O ensino da Língua Portuguesa na escola deve contemplar a modalidade escrita que, por ser acessível á visão, é considerada fonte necessária para que o aluno surdo possa constituir seu conhecimento sobre a Língua Portuguesa.
· O processo de aprendizado da Língua Portuguesa pelos alunos surdos é mais demorado e não chega necessariamente aos mesmos resultados.
A escrita do surdo também é uma gramática diferenciada, independente da língua oral. A construção do enunciado recebe regras próprias que demonstra a forma como o surdo processa suas ideias. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência sintática do português:
Exemplo 1:
LIBRAS: Eu ir casa (verbo direcional)
PORTUGUÊS: Eu irei para casa – para – não se usa em libras, porque está incorporado ao verbo.
Exemplo 2:
LIBRAS: Flor eu dar mulher ^ benção (verbo direcional)
PORTUGUÊS: Eu dei a flor para a mamãe.
Exemplo 3:
LIBRAS: Porque isto (expressão facial de interrogação)
PORTUGUÊS: Para que serve isto?
Exemplo 4:
LIBRAS: Idade você (expressão facial de interrogação)
PORTUGUÊS: quantos anos você tem?
4.3 – O PAPEL DO INTÉRPRETE
O que é interprete de libras?
É a pessoa que sendo fluente em Língua de Sinais e em Língua portuguesa, tem a capacidade de verter em tempos real ou, com um pequeno espaço de tempo, da Libras para o Português ou deste para a Libras. A tradução envolva modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas nos processos.
Caso o professor não possua a proficiência básica de Libras para ministra la, pode utilizar se da ajuda de um tradutor/intérprete, no entanto alguns teóricos informam que a atuação do intérprete em sala de aula não é garantia de aprendizado. Como diz Lacerda (2002), a inserção do intérprete em sala de aula precisa ser feita com muito cuidado e reflexão, bem como é preciso compreender melhor o seu papel e os seus modos de atuação.
Seguindo a mesma autora, em relação a intérprete educacional é preciso:
(...) definir melhor a função do intérprete educacional, figura desconhecida, nova, que, com um delineamento mais adequado (direitos e deveres do intérprete, limites da interpretação, divisão do papel de intérprete e de professor, relação do intérprete com alunos surdos e ouvintes em sala de aula, entre outros), poderia favorecer um melhor aproveitamento deste profissional no espaço escolar. (LACERDA, 2006, p.7)
A interpretação do intérprete escolar, na visão da inclusão, envolve ações que vão além da interpretação de conteúdos em sala de aula. Ele medeia á comunicação entre professores e alunos, alunos e alunos, pais, funcionários e demais pessoas da comunidade em todo o âmbito da escola e também em seminários, palestras, fóruns, debates, reuniões e demais eventos de caráter educacional.
Então qual seria a função do intérprete?
KELMAN (2005) enumerou onze papéis assumidos pelo intérprete educacional ou professor intérprete na sala de aula. São eles:
1- Ensinar a Língua Portuguesa como segunda língua;
2- Ensinar a Língua de Sinais para surdos;
3- Ensinar a Língua de Sinais para ouvintes;
4- Realizar adequações curriculares;
5- Participar do planejamento das aulas;
6- Estabelecer uma sintonia com a professora da classe (integração entre professora regente e professora intérprete);
7- Orientar habilidades de estudo dos alunos surdos;
8- Estimular a autonomia do aluno surdo;
9- Estimular e interpretar a comunicação entre colegas surdos e ouvintes;
10- Usar a comunicação bimodal e
11- Promover a tutoria. 
De acordo com artigo 12, §2° da Resolução CNE/CEB n° 2 (11/09/2001): << deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braile e a Língua de Sinais (...)>> Posteriormente, a Lei n° 10.436 (24/04/2002) reconhece a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais.
Estas leis sugerem a importância do intérprete, mas não prevê explicitamente sua presença, o que implica na organização da comunidade surda e ouvinte para a obtenção desse recurso. Poucos são os locais no Brasil que tem experiência com a prática de intérpretes em sala de aula, especialmente no ensino fundamental. Pela política de inclusão e pela recente oficialização de Libras, torna se essencial discutir a importância, o papel e as possibilidades de atuação deste profissional em nossa realidade. 
O interprete precisa estar inserido na equipe educacional, ficando claro qual é o papel de cada um dos profissionais frente a integração e aprendizagem da criança. Suas opiniões são tão importantes quanto as de qualquer outro, pois ele conhece bastante a criança, a língua de sinais e tem também responsabilidade como educador frente a ela.
É importante que o professor regente de classe conheça a Língua de Sinais não deixando toda a responsabilidade de comunicação com os alunos para a intérprete. Os intérpretes referem também à falta de uma formação mais adequada a realidade que enfrentam. É pela reflexão sobre sua prática que percebem uma série de erros e acertos e se orientam, mas destacam que seria desejável ter uma formação continuada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Está clara a importância da educação bilíngue para a aprendizagem da criança surda, sendo fundamental que as atividades realizadas sejam adaptadas conforme suas necessidades. Diante disso,o aluno precisa de um ensino próprio, com sala de aula adequada. É importante perceber que a pessoa com surdez tema as mesmas possibilidades de desenvolvimento da pessoa ouvinte, precisando apenas que suas necessidades sejam atendidas. 
Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará somente por colocar o aluno em sala de aula, a caminhada ainda é longa para essa minoria.
Propor inclusão escolar de surdos requer uma educação bilíngue no qual os professores ainda não se adequaram a essa realidade, no entanto, percebe se a responsabilidade do professor buscar novas aprendizagens e assim obter as consequências para o ensino dos alunos com deficiência auditiva. Aprender a Língua de Sinais não é a única solução, mas com certeza já é um caminho para acontecer a alfabetização, o que não se pode esquecer também que o educador tem um grande aliado em sala, o intérprete educacional, que é o direito de todo aluno surdo, garantido por lei.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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