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Contabilidade e Orçamento Público 4

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Contabilidade e 
Orçamento Público
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcelo Bernardino Araújo
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Despesa Pública
• Despesa Pública
• Classificação
• Estágios da Despesa Pública
• Despesa Pública e a LRF
• Despesas de Exercícios Anteriores (DEA)
 · Adquirir conhecimentos sobre a despesa pública, sobre os dispêndios 
extraorçamentários e sobre as despesas processadas fora do período 
de competência.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Olá, aluno(a)!
Nesta Unidade, vamos aprender nessa unidade sobre a Despesa Pública.
Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material 
complementar. Não esqueça: a leitura é um momento oportuno para 
registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao 
professor-tutor.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo 
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de 
avaliação, uma atividade reflexiva e a videoaula. Cada material disponibilizado 
é mais um elemento para seu aprendizado. Estude todos com atenção!
Lembre-se, é fundamental respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Bons estudos!
ORIENTAÇÕES
Despesa Pública
UNIDADE Despesa Pública
Contextualização
O gasto do setor público é um montante impressionante. Segundo o Tesouro 
Nacional, as despesas de 2014 do governo central somaram R$ 1,03 trilhão! Isso 
representou 21,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Assim como vários países, o Brasil adotou um modelo econômico intervencionista. 
Esse modelo foi idealizado por Karl Marx e Friedrich Engels em sua obra “O 
Manifesto Comunista”, publicada em 1848. O Estado do Bem-Estar Social ou 
Welfare State, também conhecido como Estado Intervencionista, é caracterizado 
pela intervenção total na economia onde se propõe que tudo seja produzido e 
administrado pelo Estado proporcionando à sociedade padrões mínimos de vida.
Nessa doutrina, sugere-se que a construção de um modelo social mais justo e 
igualitário é de responsabilidade do Estado. Para que o governo consiga realizar 
esse modelo social justo e igualitário é preciso, antes de tudo, que haja recursos 
financeiros. Mas quem financia o Estado? Toda pessoa, seja física ou jurídica, é 
contribuinte de diversos tributos.
Segundo o Instituto Brasileiro do Planejamento e Tributação (IBPT), em 2014, 
a carga tributária brasileira chegou a 35,42% do PIB. Mas onde são aplicados os 
recursos que nós recolhemos aos cofres públicos?
De tempos em tempos, vemos ou ouvimos, nos diversos meios de comunicação 
que faltam vagas em escolas, em hospitais, em presídios. Essa falta de vagas, ou 
ineficiência, leva muitos a buscarem escolas particulares, planos de saúde, segurança 
privada. Por que isso ocorre, uma vez que existe um princípio constitucional da 
Administração Pública, que é o princípio da Eficiência?
Conforme a capacidade financeira das famílias, o que se busca é a qualidade, em 
menor ou maior grau, já que em algumas situações há um atendimento inadequado 
nos serviços públicos. Isso ocorre por diversos motivos, como falta de capacitação 
dos servidores, demora nas compras públicas, dentre outros fatores. Para que o 
processo melhore, é necessária uma participação mais atuante da sociedade, pois 
há muito desperdício.
Para que não ocorra perdas ou má aplicação dos recursos é fundamental que 
se tenha um adequado planejamento. Para tanto, a Contabilidade surge como 
um excelente instrumento de trabalho, pois além do registro dos atos e fatos que 
envolvem a administração pública, fornece informações úteis através de seus 
relatórios para a tomada de decisão do gestor público.
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Despesa Pública
Conceito
Segundo o MCASP (2015), a despesa pública (sob a perspectiva orçamentária) é 
toda transação que depende de autorização legislativa, na forma de consignação de 
dotação orçamentária (crédito orçamentário ou autorização de um gasto específico), 
para ser efetivada.
Já um dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na lei orçamentária 
anual, compreendendo determinadas saídas de numerários decorrentes de 
devolução de Depósitos em Caução, Fianças (o Seguro Garantia – Seguro Fiança 
–, ou ainda a Fiança Bancária – Carta Fiança), resgate de Operações de Crédito 
por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), pagamentos de Restos a Pagar 
(inscritos em anos anteriores), e devolução de recursos transitórios. Portanto, 
ocorrerá uma saída (diminuição) de um ativo e também de um passivo.
Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao 
impacto na situação líquida patrimonial em:
a) Despesa Orçamentária Efetiva – aquela que, no momento de sua 
realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato 
contábil modificativo diminutivo. Em geral, a despesa orçamentária efetiva 
é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva 
como, por exemplo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a 
despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos.
b) Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua 
realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e constitui 
fato contábil permutativo. A despesa não efetiva normalmente se enquadra 
como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva 
como, por exemplo, as transferências de capital, que causam variação 
patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
Para a contabilização de atos (sob a perspectiva orçamentária) e demais 
informações de controle utiliza diferentes classes do Plano de Contas, classe 5 para 
aprovação do orçamento, classe 6 para execução do orçamento e demais controles 
classes 7 e 8.
Já para a contabilização de fatos (sob a perspectiva patrimonial), o que é 
conhecido como Despesas ou Perdas (lançamentos de natureza devedora), na 
Contabilidade Geral, é denominado de Variação Patrimonial Diminutiva (VPD), 
classe 3 que pode ter como contrapartida uma diminuição de um ativo, classe 1 ou 
ainda um aumento de um passivo, classe 2.
Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver 
o registro da variação patrimonial diminutiva, independentemente da execução 
orçamentária, em função do fato gerador, observando-se os princípios contábeis da 
competência (pela ocorrência do fato gerador independentemente do pagamento) 
e da oportunidade (pelo registro de forma ágil e completa).
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UNIDADE Despesa Pública
O filme “Ford: o homem e a máquina” de Allan Easteman baseado no livro de Robert 
Lancey, mostra uma biografia do famoso inventor e empreendedor Henry Ford, que, no 
início do século 20, revolucionou a produção de automóveis criando as chamadas “linhas 
de montagem”, além de contribuir para diversas teorias administrativas e econômicas 
para a época.
Ex
pl
or
Classificação
Segundo o MCASP (2015), o detalhamento das classificações orçamentárias da 
despesa, no âmbito da União, é normatizado por meio de Portarias da Secretaria 
de Orçamento Federal (SOF), Órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e 
Gestão (MPOG).
As despesas orçamentárias são classificadas em:
1. Institucional
2. Funcional
3. Estrutura programática
4. Natureza de despesa
Classificação Institucional
Na classificação Institucional, é apresentado cada órgão público e suas respectivas 
Unidades Orçamentárias (UO). Por exemplo, como órgão, temos o Ministério 
da Justiça, que tem como Unidades Orçamentárias a Polícia Federal e a Polícia 
Rodoviária Federal.
Para melhor compreensão, algumas definições são necessárias:
• Órgão: pode ser um Ministério, uma Secretaria ou ainda uma Entidade 
desse mesmo grau, aos quais estão vinculadas as suas respectivas Unidades 
Orçamentárias.
• Unidade Orçamentária (UO): segmento da administração a que o orçamento 
consigna dotações específicas para a realização de seus programas de trabalho 
e sobre os quais exerce o poder de disposição.• Unidade Administrativa (UA): segmento da administração ao qual a lei 
orçamentária anual não consigna recursos e que depende de destaques ou 
provisões para executar seus programas de trabalho.
• Unidade Gestora (UG): UO ou UA investida do poder de gerir recursos 
orçamentários e financeiros, próprios ou sob descentralização.
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Classifi cação funcional
Para melhor identificar o gasto público, existe uma codificação chamada de 
funcional, mas, para compreendê-la, algumas definições da Portaria MPOG Nº 
42/1999 são necessárias:
• Função: representa o maior nível de agregação das diversas áreas da despesa 
que competem ao setor público. Entre elas, existe a função “Encargos 
Especiais”, que engloba despesas não associadas a um bem ou serviço gerado 
no processo produtivo, como: dívida, ressarcimento, indenização, entre outros. 
Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão.
• Subfunção: representa uma partição da função, agregando um determinado 
subconjunto de despesas do setor público. As subfunções poderão ser 
combinadas com funções diferentes daquelas a que estejam vinculadas.
Site da Escola Virtual SOF. Criada no ano de 2008 pelo Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão – MP –, a Escola Virtual SOF busca a construção de conhecimentos 
indispensáveis ao fortalecimento do exercício da cidadania e ao aprimoramento dos 
servidores públicos e, consequentemente, à sua melhoria na atuação governamental.
Disponível em: https://ead.orcamentofederal.gov.br
Ex
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Quadro 1 - Relação de Funções e Subfunções
Funções Subfunções
01
Legislativa
031 - Ação Legislativa
032 - Controle Externo
02
Judiciária
061 - Ação Judiciária
062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário
03
Essencial à Justiça
091 - Defesa da Ordem Jurídica
092 - Representação Judicial e Extrajudicial
04
Administração
121 - Planejamento e Orçamento
122 - Administração Geral
123 - Administração Financeira
124 - Controle Externo
125 - Normatização e Fiscalização
126 - Tecnologia da Informatização
127 - Ordenamento Territorial
128 - Formação de Recursos Humanos
129 - Administração de Receitas
130 - Administração de Concessões
131 - Comunicação Social
05
Defesa Nacional
151 - Defesa Área
152 - Defesa Naval
153 - Defesa Terrestre
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Segurança Pública
181 - Policiamento
182 - Defesa Civil
183 - Informação e Inteligência
07
Relações Exteriores
211 - Relações Diplomáticas
212 - Cooperação Internacional
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UNIDADE Despesa Pública
Funções Subfunções
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Assistência Social
241 - Assistência ao Idoso 
242 - Assistência ao Portador de Deficiência 
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente 
244 - Assistência Comunitária
09
Previdência Social
271 - Previdência Básica 
272 - Previdência do Regime Estatutário 
273 - Previdência Complementar 
274 - Previdência Especial
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Saúde
301 - Atenção Básica 
302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial 
303 - Suporte Profilático e Terapêutico 
304 - Vigilância Sanitária 
305 - Vigilância Epidemiológica 
306 - Alimentação e Nutrição
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Trabalho
331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador 
332 - Relação de Trabalho 
333 - Empregabilidade 
334 - Fomento ao Trabalho
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Educação
361 - Ensino Fundamental 
362 - Ensino Médio 
363 - Ensino Profissional 
364 - Ensino Superior 
365 - Educação Infantil 
366 - Educação de Jovens e Adultos 
367 - Educação Especial 
368 - Educação Básica (Acrescentado(a) pelo(a) Portaria 54/2011/SOF/MP)
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Cultura
391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico 
392 - Difusão Cultural
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Direitos da Cidadania
421 - Custódia e Reintegração Social 
422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos 
423 - Assistência aos Povos Indígenas
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Urbanismo
451 - Infraestrutura Urbana 
452 - Serviços Urbanos 
453 - Transportes Coletivos Urbanos
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Habitação
481 - Habitação Rural 
482 - Habitação Urbana
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Saneamento
511 - Saneamento Básico Rural 
512 - Saneamento Básico Urbano
18
Gestão Ambiental
541 - Preservação e Conservação Ambiental 
542 - Controle Ambiental 
543 - Recuperação de Áreas Degradadas 
544 - Recursos Hídricos 
545 – Meteorologia
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Ciência e Tecnologia
571 - Desenvolvimento Científico 
572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 
573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico
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Agricultura
601 - Promoção da Produção Vegetal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 
602 - Promoção da Produção Animal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 
603 - Defesa Sanitária Vegetal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 
604 - Defesa Sanitária Animal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 
605 - Abastecimento 
606 - Extensão Rural 
607 - Irrigação 
608 - Promoção da Produção Agropecuária (Acrescentado pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 
609 - Defesa Agropecuária (Acrescentado pela Portaria 67/2012/SOF/MP)
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Funções Subfunções
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Organização Agrária
631 - Reforma Agrária
632 – Colonização
22
Indústria
661 - Promoção Industrial
662 - Produção Industrial
663 - Mineração
664 - Propriedade Industrial
665 - Normalização e Qualidade
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Comércio e Serviços
691 - Promoção Comercial
692 - Comercialização
693 - Comércio Exterior
694 - Serviços Financeiros
695 – Turismo
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Comunicações
721 - Comunicações Postais
722 – Telecomunicações
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Energia
751 - Conservação de Energia
752 - Energia Elétrica
753 - Combustíveis Minerais (Alterado(a) pelo(a) Portaria nº 41/2008/SOF/MP)
754 - Biocombustíveis (Alterado(a) pelo(a) Portaria nº 41/2008/SOF/MP)
26
Transporte
781 - Transporte Aéreo
782 - Transporte Rodoviário
783 - Transporte Ferroviário
784 - Transporte Hidroviário
785 - Transportes Especiais
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Desporto e Lazer
811 - Desporto de Rendimento
812 - Desporto Comunitário
813 – Lazer
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Encargos Especiais
841 - Refinanciamento da Dívida Interna
842 - Refinanciamento da Dívida Externa
843 - Serviço da Dívida Interna
844 - Serviço da Dívida Externa
845 - Outras Transferências (Alterado(a) pelo(a) Portaria 37/2007/SOF/MP)
846 - Outros Encargos Especiais
Fonte: Secretaria do Orçamento Federal
Estrutura programática
Para melhora das ações governamentais, algumas definições da Portaria MPOG 
Nº 42/1999 são necessárias:
• Ações: são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que 
contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no 
conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros Entes 
da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, 
auxílios, contribuições, entre outros, e os financiamentos.
• Programas: representam um conjunto de ações que concorrem para 
um objetivo preestabelecido. Os programas são definidos de acordo com 
a estrutura de cada nível de governo, de maneira a adequar a solução de 
problemas identificados. O programa é entendido como módulo integrador 
entre planejamento e orçamento, solucionando, assim, a difícil compatibilização 
dessas duas estruturas.
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UNIDADE Despesa Pública
• Projeto: é o instrumento de programação para alcançar os objetivos de um 
programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das 
quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento 
da ação do governo.
• Atividade: é o instrumento de programação para alcançar os objetivos de um 
programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo 
contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção 
da ação do governo.
• Operações Especiais: são ações que não contribuem para a manutenção 
das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram 
contraprestação direta sob a forma de bens e serviços.
Importante!
Na classificação funcional-programática, nunca teremos ao mesmo tempo uma atividade, 
um projeto ou uma operação especial. Cada qual tem uma finalidade específica.
Importante!
Natureza da despesa
O conjunto de informações que constitui a natureza de despesa orçamentária 
forma um código estruturado em 4 ou 5 níveis, dependendo do Ente Federativo, que 
agregam: a categoria econômica, o grupo da natureza de despesa,a modalidade 
de aplicação, o elemento e o subelemento, sendo este último nível facultativo para 
fins orçamentários.
Uma das classificações mais utilizadas para a realização de um gasto é a da 
categoria econômica, pois definem o tipo de despesa orçamentária: despesas 
correntes e despesas de capital. A classificação por categoria econômica visa 
responder a seguinte pergunta: qual o efeito econômico da realização da despesa?
Segundo o MTO (2015), as Despesas Correntes são aquelas que não contribuem, 
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Por exemplo, o 
gasto realizado com salários e encargos sociais, juros e encargos da dívida, compra 
de materiais, contratação de serviços etc.
As Despesas de Capital são aquelas que contribuem, diretamente, para a 
formação ou aquisição de um bem de capital. Por exemplo, o gasto realizado com 
obras de infraestrutura (pontes, rodovias, portos, aeroportos etc.), aquisição de 
imóveis, amortização da dívida etc.
Por exemplo, a codificação da despesa com combustíveis:
C Categoria Econômica 3 Despesa corrente
G Grupo da Natureza de Despesa 3 Outras despesas correntes
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M Modalidade de Aplicação 90 Aplicação direta
E Elemento 30 Material de consumo
- Desdobramento Facultativo XX Combustíveis e Lubrificantes
Figura 1 - Classifi cação por natureza de despesa
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
A classificação da despesa por modalidade de aplicação, que faz parte da 
codificação da despesa por natureza, visa responder a seguinte pergunta: De que 
forma serão aplicados os recursos?
Segundo o MTO (2015), a modalidade de aplicação indica se os recursos 
serão aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decorrente de 
descentralização orçamentária para outros níveis de Governo (da União para 
Estados e/ou Municípios), seus órgãos ou entidades, ou diretamente para entidades 
privadas sem fins lucrativos e outras instituições; ou, então, diretamente pela 
unidade detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no 
âmbito do mesmo nível de Governo.
A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, elimina a dupla contagem 
dos recursos transferidos ou descentralizados, conforme discriminado a seguir:
Quadro 2 - Relação de Modalidades de Aplicação
Modalidade de Aplicação
20 - Transferências à União
22 - Execução Orçamentária Delegada à União
30 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal
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UNIDADE Despesa Pública
Modalidade de Aplicação
31 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a Fundo
32 - Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito Federal
35 - Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 
da Lei Complementar nº 141, de 2012
36 - Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei 
Complementar nº 141, de 2012
40 - Transferências a Municípios
41 - Transferências a Municípios - Fundo a Fundo
42 - Execução Orçamentária Delegada a Municípios
45 - Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei 
Complementar nº 141, de 2012
46 - Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
50 - Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos
60 - Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos
67 - Execução de Contrato de Parceria Público-Privada – PPP
70 - Transferências a Instituições Multigovernamentais
71 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio
72 - Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos
73 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 
da Lei Complementar nº 141, de 2012
74 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei 
Complementar nº 141, de 2012
75 - Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei 
Complementar nº 141, de 2012
76 - Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 
141, de 2012
80 - Transferências ao Exterior
90 - Aplicações Diretas
91 - Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da 
Seguridade Social
93 - Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da 
Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Participe
94 - Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da 
Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Não Participe
95 - Aplicação Direta à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
96 - Aplicação Direta à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
99 - A Definir
Fonte: Secretaria do Orçamento Federal
A classificação da despesa por elemento de despesa visa responder a seguinte 
pergunta: quais os insumos que se pretende utilizar ou adquirir?
Segundo o MTO (2015), o elemento de despesa tem por finalidade identificar os 
objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de 
consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, 
obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e 
outros que a Administração Pública utiliza para a consecução de seus fins.
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Quadro 3 - Relação de Elementos de Despesa
Elementos de Despesa
01 - Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e Reformas dos Militares
03 - Pensões do RPPS e do Militar
04 - Contratação por Tempo Determinado
05 - Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou do Militar
06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
07 - Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência
08 - Outros Benefícios Assistenciais do Servidor ou do Militar
10 - Seguro Desemprego e Abono Salarial
11 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil
12 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar
13 - Obrigações Patronais
14 - Diárias – Civil
15 - Diárias – Militar
16 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil
17 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar
18 - Auxílio Financeiro a Estudantes
19 - Auxílio-Fardamento
20 - Auxílio Financeiro a Pesquisadores
21 - Juros sobre a Dívida por Contrato
22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato
23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária
25 - Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita
26 - Obrigações decorrentes de Política Monetária
27 - Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares
28 - Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
29 - Distribuição de Resultado de Empresas Estatais Dependentes
30 - Material de Consumo
32 - Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita
33 - Passagens e Despesas com Locomoção
34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização
35 - Serviços de Consultoria
36 - Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física
37 - Locação de Mão de Obra
38 - Arrendamento Mercantil
39 - Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica
41 - Contribuições
42 - Auxílios
43 - Subvenções Sociais
45 - Subvenções Econômicas
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UNIDADE Despesa Pública
Elementos de Despesa
46 - Auxílio-Alimentação
47 - Obrigações Tributárias e Contributivas
48 - Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
49 - Auxílio-Transporte
51 - Obras e Instalações
52 - Equipamentos e Material Permanente
53 - Aposentadorias do RGPS – Área Rural
54 - Aposentadorias do RGPS – Área Urbana
55 - Pensões do RGPS – Área Rural
56 - Pensões do RGPS – Área Urbana
57 - Outros Benefícios do RGPS – Área Rural58 - Outros Benefícios do RGPS – Área Urbana
59 - Pensões Especiais
61 - Aquisição de Imóveis
62 - Aquisição de Produtos para Revenda
63 - Aquisição de Títulos de Crédito
64 - Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado
65 - Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
66 - Concessão de Empréstimos e Financiamentos
67 - Depósitos Compulsórios
70 - Rateio pela participação em Consórcio Público
71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado
72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
73 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada
74 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada
75 - Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação de Receita
76 - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
77 - Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
81 - Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas
82 - Aporte de Recursos pelo Parceiro Público em Favor do Parceiro Privado Decorrente de Contrato de Parceria Público-Privada - PPP
83 - Despesas Decorrentes de Contrato de Parceria Público-Privada - PPP, exceto Subvenções Econômicas, Aporte e Fundo 
Garantidor
84 - Despesas Decorrentes da Participação em Fundos, Organismos, ou Entidades Assemelhadas, Nacionais e Internacionais
91 - Sentenças Judiciais
92 - Despesas de Exercícios Anteriores
93 - Indenizações e Restituições
94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas
95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS
98 - Compensações ao RGPS
Fonte: Secretaria do Orçamento Federal
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Estágios da Despesa Pública
O planejamento da despesa orçamentária se dá em quatro estágios, conforme 
o MCASP (2015): fixação da despesa, descentralização de créditos orçamentários, 
programação orçamentária e financeira e, processo de licitação e contratação.
1. Fixação da despesa: refere-se aos limites de gastos, incluídos nas leis 
orçamentárias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas 
entidades públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo 
de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma 
situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as 
diretrizes e prioridades traçadas pelo governo.
O Lançamento contábil exemplificativo é o seguinte:
Fixação da Despesa
Natureza da informação: orçamentária
• D – 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial
• C – 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
2. Descentralização de créditos orçamentários: ocorre quando for 
efetuada movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações 
institucional, funcional, programática e econômica, para que outras unidades 
administrativas possam executar a despesa orçamentária.
3. Programação orçamentária e fi nanceira: consiste na compatibilização do 
fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste da 
despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação.
4. Licitação e contratação: compreende um conjunto de procedimentos 
administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, 
alienar ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões de serviços 
públicos com as melhores condições para o Estado, observando a lei de 
licitações (Lei nº 8.666/1993), a lei do pregão (Lei nº 10.520/2002), na qual 
se encontram os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, 
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao 
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e de outros que lhe são 
correlatos. São modalidades de licitação: concorrência, tomada de preços, 
convite, concurso, leilão e pregão.
A execução da despesa orçamentária se dá em três estágios, na forma prevista 
na Lei nº 4.320/1964: empenho, liquidação e pagamento.
1. Empenho: segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de 
autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento 
pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação 
orçamentária para um fim específico. O art. 60 da lei proíbe a realização de 
despesa sem prévio empenho. Os empenhos podem ser classificados em:
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UNIDADE Despesa Pública
a) Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo 
e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez;
b) Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo 
montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de 
fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e 
lubrificantes e outros;
c) Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras 
de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os 
compromissos decorrentes de aluguéis.
O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte:
Empenho da Despesa
Natureza da informação: orçamentária
• D – 6.2.2.1.1.00 Crédito Disponível
• C – 6.2.2.1.3.01 Crédito Empenhado a Liquidar
Natureza da informação: controle
• D – 8.2.1.1.1 Disponibilidade por Destinação de Recursos
• C – 8.2.1.1.2 DDR Comprometida por Empenho
2. Liquidação: segundo o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste 
na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e 
documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar:
I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
II – a importância exata a pagar; 
III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte:
Liquidação da Despesa
Natureza da informação: patrimonial
• D – 3.3.2. Serviços
• C – 2.1.3. Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo
Natureza da informação: orçamentária
• D – 6.2.2.1.3.01 Crédito Empenhado a Liquidar
• C – 6.2.2.1.3.03 Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
Natureza da informação: controle
• D – 8.2.1.1.2 DDR Comprometida por Empenho
• C – 8.2.1.1.3 DDR Comprometida por Liquidação
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3. Pagamento: segundo o art. 64 da Lei nº 4.320/1964, define ordem de 
pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, 
determinando que a despesa liquidada seja paga. Portanto, o pagamento 
consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, 
ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a 
regular liquidação da despesa.
O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte:
Pagamento da Despesa
Natureza da informação: patrimonial
• D – 2.1.3. Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo
• C – 1.1.1. Caixa e Equivalente de Caixa
Natureza da informação: orçamentária
• D – 6.2.2.1.3.03 Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
• C – 6.2.2.1.3.04 Crédito Empenhado Pago
Natureza da informação: controle
• D – 8.2.1.1.3 DDR Comprometida por Liquidação
• C – 8.2.1.1.4 DDR Utilizada
As despesas do ano que forem empenhadas, mas não pagas serão inscritas em 
Restos a Pagar no dia 31/12. Os Restos a Pagar podem ser “Processados” ou 
“Não Processados”, dois conceitos orçamentários apenas, conforme o art. 36 da 
Lei nº 4.320/1964.
Como o Orçamento Público é anual (Princípio da Anualidade ou Periodicidade), 
não devemos controlar empenhos de anos anteriores com os empenhos do ano atual.
Os Restos a Pagar processados são as despesas que passaram pelo estágio 
da Liquidação, faltando apenas o estágio do pagamento. Nesse caso como 
ocorreu o fato gerador (competência) ele deve ser evidenciado como passivo no 
Balanço Patrimonial.
Já os Restos a Pagar Não Processados a despesa foi apenas empenhada para 
fins orçamentários. Nesse caso pode não ter ocorrido o fato gerador ou ter ocorrido 
o fato gerador, mas não processada a liquidação (ateste da entrega do material ou 
prestação regular dos serviços) pelos serviços de contabilidade. Quando não ocorre 
o fato gerador, esse Resto a Pagar Não Processado não deve aparecer no passivo 
do Balanço Patrimonial. Entretanto, se ocorrer o fator gerador, essa despesa“em 
liquidação” deverá constar no passivo do Balanço Patrimonial em atendimento aos 
princípios contábeis da competência e oportunidade.
Percebeu que a Contabilidade do setor público tem que obedecer às regras 
orçamentárias e regras patrimoniais? Por isso existem os 3 subsistemas: natureza 
de informação patrimonial, natureza de informação orçamentária e natureza da 
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UNIDADE Despesa Pública
informação de controle. São 3 contabilidades independentes. Cada uma com 
finalidades e geração de relatórios e balanços específicos. A base de dados está toda 
contabilizada, com muito mais detalhes em relação à Contabilidade das empresas 
do setor privado.
O artigo “Regime de competência aplicado ao setor público: análise no reconhecimento dos 
restos a pagar não processados e despesas de exercícios anteriores dos municípios brasileiros”, 
retrata a realidade dos municípios brasileiros que gastam sem ter a disponibilidade de 
crédito orçamentário.
COSTA, José Isidio de Freitas et al. Regime de competência aplicado ao setor público: 
análise no reconhecimento dos restos a pagar não processados e despesas de exercícios 
anteriores dos municípios brasileiros. Revista Base (Administração e Contabilidade) da 
UNISINOS, v. 10, n. 3, p. 240-253, 2013.
Disponível em: http://goo.gl/YkSPtz
Ex
pl
or
Despesa Pública e a LRF
A Constituição Federal definiu percentuais mínimos de aplicação em Saúde 
e Educação. A LRF por sua vez criou mecanismos para controlar se os Entes 
Federativos estão cumprindo esses percentuais.
Na Saúde, por exemplo, a União aplicará, anualmente, 15% da Receita Corrente 
Líquida (RCL) nos termos da Emenda Constitucional nº 86/2015. Entretanto, 
outro cálculo é definido pela Lei Complementar nº 141/2012, pois diz que a 
União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante 
correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado 
nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual 
correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano 
anterior ao da lei orçamentária anual.
Então, você pergunta: “qual devo seguir, professor?”. Lembre-se da hierarquia 
das normas. A Constituição (Emenda) está acima de uma Lei Complementar. Nesse 
caso, prevalece a Constituição.
Exemplificando, atualmente, vem caindo a arrecadação do governo federal e o 
PIB tem diminuído. Como empenhar mais que o ano anterior com uma variação 
negativa do PIB? Percebeu? Não tem como! A própria LRF estabelece critérios de 
limitação de empenho, caso haja uma diminuição da arrecadação. Ficou confuso? 
Isso mesmo, nosso ordenamento jurídico é tão complexo que há diversos conflitos 
entre as normas!
Já para os outros Entes Federativos, a aplicação de recursos em Saúde segue as 
seguintes regras:
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• Estados: 12% da arrecadação de impostos (ICMS, IPVA e ITCMD) e das 
transferências constitucionais recebidas.
• Municípios: 15% da arrecadação de impostos (ISS, IPTU e ITBI) e das 
transferências constitucionais recebidas.
Entretanto, podem as Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas Municipais 
fixarem percentuais maiores que os estabelecidos na Constituição Federal de 1988 
para aplicação em ações e serviços públicos de saúde.
Na Educação, por exemplo, a União aplicará, anualmente, 18%, e os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, 
compreendida a proveniente de transferências, na Manutenção e Desenvolvimento 
do Ensino (MDE) (art. 212 CF/1988).
Os estados devem atuar prioritariamente nos ensinos fundamental e médio. Já 
os municípios devem atuar prioritariamente nos ensinos infantil e fundamental, 
segundo o art. 211 da Constituição. Portanto, a prioridade é a educação básica.
A LRF ainda determinou certos limites como, por exemplo, Despesas com Pessoal, 
Dívida Consolidada Líquida, Concessão de Garantias, Contratação de Operações 
de Crédito, inclusive para Antecipação de Receitas Orçamentárias (ARO), que são 
calculados e evidenciados em anexos do Relatório de Gestão Fiscal (RGF). Todos 
esses limites são definidos em percentuais da Receita Corrente Líquida (RCL), que 
é apurada em demonstrativo próprio (Anexo III Demonstrativo da Receita Corrente 
Líquida do Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO).
A LRF define os limites de gastos com pessoal, como percentual da RCL, para os 
Poderes da União 50%, dos Estados 60% e dos Municípios 60%, da seguinte forma:
Tabela 1 - Limites de Despesa com Pessoal segundo a LRF
Esfera Percentual Órgão / Poder
Federal
0,6
2,5
3,0
6,0
37,9
Ministério Público da União;
Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União;
Distrito Federal e ex-territórios;
Poder Judiciário; e
Poder Executivo.
Estadual
2,0
3,0
6,0
49,0
Ministério Público dos Estados;
Poder Legislativo, incluindo os Tribunal de Contas Estatuais;
Poder Judiciário; e
Poder Executivo.
Municipal
6,0
54,0
Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Município (apenas para os 
municípios de São Paulo e Rio de Janeiro;
Poder Executivo.
Fonte: Lei Complementar nº 101/2000 e Constituição Federal de 1988.
Ressalta-se que, sobre a recondução da dívida aos “limites”, o art. 31 define que se 
a dívida consolidada de um Ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final 
de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, 
reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.
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UNIDADE Despesa Pública
Tabela 2 - Limites da dívida consolidada por esfera
Ente Percentual Ajuste Sanção
União Não definido Não definido Não definido
Estados 200% da RCL Excesso até 2016 Receber Transferências Voluntárias, a partir de 2016, enquanto perdurar o excesso.
Município 120% da RCL Excesso até 2016 Receber Transferências Voluntárias, a partir de 2016, enquanto perdurar o excesso.
Fonte: Resolução do Senado Federal nº 40/2001.
Como observado na Tabela 2, a União não tem limite de endividamento definido 
e, portanto, não sofre nenhuma sanção. Já os estados, o Distrito Federal e os 
municípios devem respeitar os limites estabelecidos no prazo previsto pelo Senado 
Federal, ou seja, até 2016, sob pena de não receberem mais as transferências 
voluntárias. Portanto, só receberão as transferências constitucionais.
A Resolução do Senado Federal nº 43 de 2001 determina que o saldo global 
das garantias concedidas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios 
não poderá exceder a 22% (vinte e dois por cento) da RCL. Entretanto, esse limite 
poderá ser elevado para 32% (trinta e dois por cento) da receita corrente líquida, 
desde que, cumulativamente, quando aplicável, o garantidor:
I - não tenha sido chamado a honrar, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses, 
a contar do mês da análise, quaisquer garantias anteriormente prestadas;
II - esteja cumprindo o limite da dívida consolidada líquida, definido na 
Resolução nº 40, de 2001, do Senado Federal;
III - esteja cumprindo os limites de despesa com pessoal previstos na Lei 
Complementar nº 101, de 2000; e
IV - esteja cumprindo o Programa de Ajuste Fiscal acordado com a União, 
nos termos da Lei nº 9.496, de 1997.
Outros limites ainda são definidos nessa Resolução, como, por exemplo, 
as operações de crédito (contrair dívida com empréstimo ou financiamento) 
realizadas em um exercício não podem, no total, ser superiores a 16% da RCL. 
O comprometimento anual com amortizações, juros e demais encargos não pode 
ser maior do que 11,5% da RCL. O saldo devedor das operações de crédito por 
Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) não poderá exceder, no exercício em 
que estiver sendo apurado, a 7% (sete por cento) da RCL.
Importante!
Você sabia que o período de discussões para a aprovação do Orçamento Público, que 
vai de 31/08 até 22/12, que a população pode participar do processo de sugestões e 
mudanças na futura lei do orçamento? É isso mesmo! Enquanto a proposta de Lei 
Orçamentária tramita no Congresso, a população podeparticipar dando opiniões, tanto 
individualmente quanto por meio de organizações populares nas audiências públicas. 
Nesse período de discussão do Projeto de Lei Orçamentária no Congresso, existe um 
sistema informatizado na página da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e 
Fiscalização, onde qualquer cidadão pode fazer sugestões de emendas. Basta preencher 
um formulário com os dados pessoais e indicar quais são as reivindicações.
Você Sabia?
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No ano de 2009, foi criada a Lei Complementar nº 131, que alterou a Lei 
da Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), determinando a 
disponibilização em tempo real das informações pormenorizadas das despesas e 
receitas da União, Estados e Municípios, em meios de acesso público, popularmente 
conhecidos como “Portal da Transparência”.
Despesas de Exercícios Anteriores (DEA)
A Lei nº 4.320/1964 estabelece:
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais 
o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo 
suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época 
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida 
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício 
correspondente, poderão ser pagas à conta de dotação específica 
consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, 
sempre que possível, a ordem cronológica.
Assim, as Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) abrangem três situações, 
conforme o Decreto nº 62.115/1968:
a) Despesas de exercícios encerrados (anteriores), para as quais o orçamento 
respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-
las, que não se tenham processado na época própria, que corresponde à 
despesa orçamentária não executada, que ocorreu o empenho, mas este era 
insubsistente (insustentável, ou sem valor, ou sem fundamento) ou ainda foi 
anulado no exercício anterior;
b) Restos a pagar com prescrição interrompida, que correspondem a Restos a 
Pagar cancelados antes da prescrição da dívida; e
c) Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente.
Quanto à classificação orçamentária por natureza da despesa, a DEA 
corresponde a elemento de despesa próprio usado no orçamento do exercício 
corrente para despesas que pertencem ao exercício anterior: 92 – Despesas de 
Exercícios Anteriores.
Quadro 1 - Terminologias aplicáveis a gastos públicos
Termo Descrição
Gasto É um dispêndio de um ativo ou criação de um passivo para obtenção de um produto ou serviço.
Investimento É um gasto ativado em função de sua vida útil. São todos os bens baixados em função de venda, amortização, consumo, perecimento ou desaparecimento.
Custos São gastos com bens ou serviços utilizados para a produção de outros bens ou serviços.
Desembolso É o pagamento resultante da compra de um bem ou serviço.
Custo direto Todo o custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio.
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UNIDADE Despesa Pública
Termo Descrição
Custo indireto Não oferece identificação direta a um objeto de custeio, necessita de esquemas especiais para a alocação, com bases de rateio ou direcionadores.
Custo fixo É o que não leva em consideração as oscilações de produção, tendo, portanto, o seu valor constante no intervalo relevante de atividade.
Custo variável Tem seu valor determinado e diretamente relacionado com a oscilação na produção e execução dos serviços.
Custo da prestação de 
serviços
Os custos da prestação de serviços são compostos de materiais diretos, da mão de obra direta 
e dos custos indiretos, ligados à prestação daquele serviço. São custos incorridos no processo 
de obtenção de bens e serviços, e somente eles. Não se incluem neste grupo as despesas 
operacionais (financeiras, administrativas, comerciais).
Objeto de custo Qualquer entidade geradora de custo, como produtos, departamentos, divisões, processos, grupo de produtos ou atividades, para a qual os custos são medidos ou atribuídos.
Empenho da despesa Fase da despesa pública, um ato que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não implemento de condição.
Liquidação da despesa Fase da despesa pública em que se atesta a efetiva entrega da mercadoria ou prestação do serviço contratado pelo ente público e gera a obrigação de pagamento para o Estado.
Pagamento da despesa
Fase da despesa pública onde ocorre o efetivo desembolso de um valor pelo órgão público para 
o pagamento de uma despesa já liquidada.
Fonte: Adaptado de Mauss & Souza (2008).
24
25
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Compras públicas: estratégia e instrumento para a gestão do desenvolvimento local
CALDAS, Eduardo de Lima; NONATO, Raquel Sobral. Revista Interações, Campo 
Grande, v. 15, n. 1, p. 161-172, 2014.
Disponível em: http://goo.gl/Oanf7i.
Título da Página
Descrição da página.
https://www.link-do-site.com
 Leitura
Manual técnico de orçamento MTO
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento 
Federal. Edição 2016. Brasília: SOF, 2015. Capítulo 5 – Despesa.
Disponível em: http://goo.gl/T8jCX7.
Manual de contabilidade aplicada ao setor público
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: 
STN, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de 
Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. Parte II – Procedimentos Contábeis 
Patrimoniais – Capítulo 3 Variações Patrimoniais.
Disponível em: http://goo.gl/qfqjrl.
O impacto das reformas da administração pública brasileira na regulação contabilística do setor
MONTEIRO, Renato Pereira; PEREIRA, Cleber Augusto; PEREIRA, Neimar Sousa 
Pinto. Revista UNEMAT de Contabilidade, v. 3, n. 6, p. 37-61, 2014.
Disponível em: http://goo.gl/frc2Vp.
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UNIDADE Despesa Pública
Referências
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de 
Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, 
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, 23 mar. 1964. 
________. Decreto nº 62.115 de 15 de janeiro de 1968. Regulamenta o 
artigo 37 da Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, 16 jan. 1968. 
________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponí-
vel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCom-
pilado.htm>
________. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece 
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e 
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 
5 mai. 2000.
________. Resolução do Senado Federal nº 40, de 20 de dezembro de 2001. 
Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida pública consolidada e 
da dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em 
atendimento ao disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 dez. 2001.
________. Resolução do Senado Federal nº 43, de 21 de dezembro de 2001. 
Dispõe sobre as operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, inclusive concessão de garantias, seus limites e condições 
de autorização, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do 
Brasil, Brasília, 22 dez. 2001.
________. Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta 
dispositivos à Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece 
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e 
dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de 
informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, 28 mai. 2009.
________. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeirode 2012. Regulamenta 
o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores 
mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de 
rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, 
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; 
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, 
de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, 16 jan. 2012.
26
27
________. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de 
Orçamento Federal. Manual técnico de orçamento MTO. Edição 2016. Brasília: 
SOF, 2015.
________. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de 
contabilidade aplicada ao setor público. 6. ed. Brasília: STN, Subsecretaria de 
Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas 
à Federação, 2015.
MAUSS, Cézar Volnei. SOUZA, Marcos Antonio. Gestão de custos aplicada 
ao setor público: modelo para mensuração e análise da eficiência e eficácia 
governamental. São Paulo: Atlas, 2008.
BOYLE, D. O manifesto comunista de Marx e Engels. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
IBPT. Evolução da carga tributária brasileira. Instituto Brasileiro de Planejamento 
e Tributação. São Paulo, 5 mai. 2015. Disponível em: https://www.ibpt.com.br/
img/uploads/novelty/estudo/2142/05EvolucaoDaCargaTributariaBrasileira.pdf
MARTELLO, A. Em ano eleitoral, gasto bate recorde e governo tem déficit 
fiscal inédito. G1 Economia. Brasília, 29 jan. 2015. Disponível em: <http://
g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/em-ano-eleitoral-governo-tem-deficit-
fiscal-inedito.html>.
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