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Contabilidade e Orçamento Público Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Marcelo Bernardino Araújo Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Despesa Pública • Despesa Pública • Classificação • Estágios da Despesa Pública • Despesa Pública e a LRF • Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) · Adquirir conhecimentos sobre a despesa pública, sobre os dispêndios extraorçamentários e sobre as despesas processadas fora do período de competência. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, aluno(a)! Nesta Unidade, vamos aprender nessa unidade sobre a Despesa Pública. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça: a leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de avaliação, uma atividade reflexiva e a videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado. Estude todos com atenção! Lembre-se, é fundamental respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Bons estudos! ORIENTAÇÕES Despesa Pública UNIDADE Despesa Pública Contextualização O gasto do setor público é um montante impressionante. Segundo o Tesouro Nacional, as despesas de 2014 do governo central somaram R$ 1,03 trilhão! Isso representou 21,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Assim como vários países, o Brasil adotou um modelo econômico intervencionista. Esse modelo foi idealizado por Karl Marx e Friedrich Engels em sua obra “O Manifesto Comunista”, publicada em 1848. O Estado do Bem-Estar Social ou Welfare State, também conhecido como Estado Intervencionista, é caracterizado pela intervenção total na economia onde se propõe que tudo seja produzido e administrado pelo Estado proporcionando à sociedade padrões mínimos de vida. Nessa doutrina, sugere-se que a construção de um modelo social mais justo e igualitário é de responsabilidade do Estado. Para que o governo consiga realizar esse modelo social justo e igualitário é preciso, antes de tudo, que haja recursos financeiros. Mas quem financia o Estado? Toda pessoa, seja física ou jurídica, é contribuinte de diversos tributos. Segundo o Instituto Brasileiro do Planejamento e Tributação (IBPT), em 2014, a carga tributária brasileira chegou a 35,42% do PIB. Mas onde são aplicados os recursos que nós recolhemos aos cofres públicos? De tempos em tempos, vemos ou ouvimos, nos diversos meios de comunicação que faltam vagas em escolas, em hospitais, em presídios. Essa falta de vagas, ou ineficiência, leva muitos a buscarem escolas particulares, planos de saúde, segurança privada. Por que isso ocorre, uma vez que existe um princípio constitucional da Administração Pública, que é o princípio da Eficiência? Conforme a capacidade financeira das famílias, o que se busca é a qualidade, em menor ou maior grau, já que em algumas situações há um atendimento inadequado nos serviços públicos. Isso ocorre por diversos motivos, como falta de capacitação dos servidores, demora nas compras públicas, dentre outros fatores. Para que o processo melhore, é necessária uma participação mais atuante da sociedade, pois há muito desperdício. Para que não ocorra perdas ou má aplicação dos recursos é fundamental que se tenha um adequado planejamento. Para tanto, a Contabilidade surge como um excelente instrumento de trabalho, pois além do registro dos atos e fatos que envolvem a administração pública, fornece informações úteis através de seus relatórios para a tomada de decisão do gestor público. 6 7 Despesa Pública Conceito Segundo o MCASP (2015), a despesa pública (sob a perspectiva orçamentária) é toda transação que depende de autorização legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária (crédito orçamentário ou autorização de um gasto específico), para ser efetivada. Já um dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na lei orçamentária anual, compreendendo determinadas saídas de numerários decorrentes de devolução de Depósitos em Caução, Fianças (o Seguro Garantia – Seguro Fiança –, ou ainda a Fiança Bancária – Carta Fiança), resgate de Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), pagamentos de Restos a Pagar (inscritos em anos anteriores), e devolução de recursos transitórios. Portanto, ocorrerá uma saída (diminuição) de um ativo e também de um passivo. Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: a) Despesa Orçamentária Efetiva – aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo. Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. b) Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. A despesa não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva. Para a contabilização de atos (sob a perspectiva orçamentária) e demais informações de controle utiliza diferentes classes do Plano de Contas, classe 5 para aprovação do orçamento, classe 6 para execução do orçamento e demais controles classes 7 e 8. Já para a contabilização de fatos (sob a perspectiva patrimonial), o que é conhecido como Despesas ou Perdas (lançamentos de natureza devedora), na Contabilidade Geral, é denominado de Variação Patrimonial Diminutiva (VPD), classe 3 que pode ter como contrapartida uma diminuição de um ativo, classe 1 ou ainda um aumento de um passivo, classe 2. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial diminutiva, independentemente da execução orçamentária, em função do fato gerador, observando-se os princípios contábeis da competência (pela ocorrência do fato gerador independentemente do pagamento) e da oportunidade (pelo registro de forma ágil e completa). 7 UNIDADE Despesa Pública O filme “Ford: o homem e a máquina” de Allan Easteman baseado no livro de Robert Lancey, mostra uma biografia do famoso inventor e empreendedor Henry Ford, que, no início do século 20, revolucionou a produção de automóveis criando as chamadas “linhas de montagem”, além de contribuir para diversas teorias administrativas e econômicas para a época. Ex pl or Classificação Segundo o MCASP (2015), o detalhamento das classificações orçamentárias da despesa, no âmbito da União, é normatizado por meio de Portarias da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), Órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). As despesas orçamentárias são classificadas em: 1. Institucional 2. Funcional 3. Estrutura programática 4. Natureza de despesa Classificação Institucional Na classificação Institucional, é apresentado cada órgão público e suas respectivas Unidades Orçamentárias (UO). Por exemplo, como órgão, temos o Ministério da Justiça, que tem como Unidades Orçamentárias a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Para melhor compreensão, algumas definições são necessárias: • Órgão: pode ser um Ministério, uma Secretaria ou ainda uma Entidade desse mesmo grau, aos quais estão vinculadas as suas respectivas Unidades Orçamentárias. • Unidade Orçamentária (UO): segmento da administração a que o orçamento consigna dotações específicas para a realização de seus programas de trabalho e sobre os quais exerce o poder de disposição.• Unidade Administrativa (UA): segmento da administração ao qual a lei orçamentária anual não consigna recursos e que depende de destaques ou provisões para executar seus programas de trabalho. • Unidade Gestora (UG): UO ou UA investida do poder de gerir recursos orçamentários e financeiros, próprios ou sob descentralização. 8 9 Classifi cação funcional Para melhor identificar o gasto público, existe uma codificação chamada de funcional, mas, para compreendê-la, algumas definições da Portaria MPOG Nº 42/1999 são necessárias: • Função: representa o maior nível de agregação das diversas áreas da despesa que competem ao setor público. Entre elas, existe a função “Encargos Especiais”, que engloba despesas não associadas a um bem ou serviço gerado no processo produtivo, como: dívida, ressarcimento, indenização, entre outros. Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão. • Subfunção: representa uma partição da função, agregando um determinado subconjunto de despesas do setor público. As subfunções poderão ser combinadas com funções diferentes daquelas a que estejam vinculadas. Site da Escola Virtual SOF. Criada no ano de 2008 pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MP –, a Escola Virtual SOF busca a construção de conhecimentos indispensáveis ao fortalecimento do exercício da cidadania e ao aprimoramento dos servidores públicos e, consequentemente, à sua melhoria na atuação governamental. Disponível em: https://ead.orcamentofederal.gov.br Ex pl or Quadro 1 - Relação de Funções e Subfunções Funções Subfunções 01 Legislativa 031 - Ação Legislativa 032 - Controle Externo 02 Judiciária 061 - Ação Judiciária 062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário 03 Essencial à Justiça 091 - Defesa da Ordem Jurídica 092 - Representação Judicial e Extrajudicial 04 Administração 121 - Planejamento e Orçamento 122 - Administração Geral 123 - Administração Financeira 124 - Controle Externo 125 - Normatização e Fiscalização 126 - Tecnologia da Informatização 127 - Ordenamento Territorial 128 - Formação de Recursos Humanos 129 - Administração de Receitas 130 - Administração de Concessões 131 - Comunicação Social 05 Defesa Nacional 151 - Defesa Área 152 - Defesa Naval 153 - Defesa Terrestre 06 Segurança Pública 181 - Policiamento 182 - Defesa Civil 183 - Informação e Inteligência 07 Relações Exteriores 211 - Relações Diplomáticas 212 - Cooperação Internacional 9 UNIDADE Despesa Pública Funções Subfunções 08 Assistência Social 241 - Assistência ao Idoso 242 - Assistência ao Portador de Deficiência 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente 244 - Assistência Comunitária 09 Previdência Social 271 - Previdência Básica 272 - Previdência do Regime Estatutário 273 - Previdência Complementar 274 - Previdência Especial 10 Saúde 301 - Atenção Básica 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial 303 - Suporte Profilático e Terapêutico 304 - Vigilância Sanitária 305 - Vigilância Epidemiológica 306 - Alimentação e Nutrição 11 Trabalho 331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador 332 - Relação de Trabalho 333 - Empregabilidade 334 - Fomento ao Trabalho 12 Educação 361 - Ensino Fundamental 362 - Ensino Médio 363 - Ensino Profissional 364 - Ensino Superior 365 - Educação Infantil 366 - Educação de Jovens e Adultos 367 - Educação Especial 368 - Educação Básica (Acrescentado(a) pelo(a) Portaria 54/2011/SOF/MP) 13 Cultura 391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico 392 - Difusão Cultural 14 Direitos da Cidadania 421 - Custódia e Reintegração Social 422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos 423 - Assistência aos Povos Indígenas 15 Urbanismo 451 - Infraestrutura Urbana 452 - Serviços Urbanos 453 - Transportes Coletivos Urbanos 16 Habitação 481 - Habitação Rural 482 - Habitação Urbana 17 Saneamento 511 - Saneamento Básico Rural 512 - Saneamento Básico Urbano 18 Gestão Ambiental 541 - Preservação e Conservação Ambiental 542 - Controle Ambiental 543 - Recuperação de Áreas Degradadas 544 - Recursos Hídricos 545 – Meteorologia 19 Ciência e Tecnologia 571 - Desenvolvimento Científico 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico 20 Agricultura 601 - Promoção da Produção Vegetal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 602 - Promoção da Produção Animal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 603 - Defesa Sanitária Vegetal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 604 - Defesa Sanitária Animal (Excluída pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 605 - Abastecimento 606 - Extensão Rural 607 - Irrigação 608 - Promoção da Produção Agropecuária (Acrescentado pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 609 - Defesa Agropecuária (Acrescentado pela Portaria 67/2012/SOF/MP) 10 11 Funções Subfunções 21 Organização Agrária 631 - Reforma Agrária 632 – Colonização 22 Indústria 661 - Promoção Industrial 662 - Produção Industrial 663 - Mineração 664 - Propriedade Industrial 665 - Normalização e Qualidade 23 Comércio e Serviços 691 - Promoção Comercial 692 - Comercialização 693 - Comércio Exterior 694 - Serviços Financeiros 695 – Turismo 24 Comunicações 721 - Comunicações Postais 722 – Telecomunicações 25 Energia 751 - Conservação de Energia 752 - Energia Elétrica 753 - Combustíveis Minerais (Alterado(a) pelo(a) Portaria nº 41/2008/SOF/MP) 754 - Biocombustíveis (Alterado(a) pelo(a) Portaria nº 41/2008/SOF/MP) 26 Transporte 781 - Transporte Aéreo 782 - Transporte Rodoviário 783 - Transporte Ferroviário 784 - Transporte Hidroviário 785 - Transportes Especiais 27 Desporto e Lazer 811 - Desporto de Rendimento 812 - Desporto Comunitário 813 – Lazer 28 Encargos Especiais 841 - Refinanciamento da Dívida Interna 842 - Refinanciamento da Dívida Externa 843 - Serviço da Dívida Interna 844 - Serviço da Dívida Externa 845 - Outras Transferências (Alterado(a) pelo(a) Portaria 37/2007/SOF/MP) 846 - Outros Encargos Especiais Fonte: Secretaria do Orçamento Federal Estrutura programática Para melhora das ações governamentais, algumas definições da Portaria MPOG Nº 42/1999 são necessárias: • Ações: são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições, entre outros, e os financiamentos. • Programas: representam um conjunto de ações que concorrem para um objetivo preestabelecido. Os programas são definidos de acordo com a estrutura de cada nível de governo, de maneira a adequar a solução de problemas identificados. O programa é entendido como módulo integrador entre planejamento e orçamento, solucionando, assim, a difícil compatibilização dessas duas estruturas. 11 UNIDADE Despesa Pública • Projeto: é o instrumento de programação para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação do governo. • Atividade: é o instrumento de programação para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação do governo. • Operações Especiais: são ações que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens e serviços. Importante! Na classificação funcional-programática, nunca teremos ao mesmo tempo uma atividade, um projeto ou uma operação especial. Cada qual tem uma finalidade específica. Importante! Natureza da despesa O conjunto de informações que constitui a natureza de despesa orçamentária forma um código estruturado em 4 ou 5 níveis, dependendo do Ente Federativo, que agregam: a categoria econômica, o grupo da natureza de despesa,a modalidade de aplicação, o elemento e o subelemento, sendo este último nível facultativo para fins orçamentários. Uma das classificações mais utilizadas para a realização de um gasto é a da categoria econômica, pois definem o tipo de despesa orçamentária: despesas correntes e despesas de capital. A classificação por categoria econômica visa responder a seguinte pergunta: qual o efeito econômico da realização da despesa? Segundo o MTO (2015), as Despesas Correntes são aquelas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Por exemplo, o gasto realizado com salários e encargos sociais, juros e encargos da dívida, compra de materiais, contratação de serviços etc. As Despesas de Capital são aquelas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Por exemplo, o gasto realizado com obras de infraestrutura (pontes, rodovias, portos, aeroportos etc.), aquisição de imóveis, amortização da dívida etc. Por exemplo, a codificação da despesa com combustíveis: C Categoria Econômica 3 Despesa corrente G Grupo da Natureza de Despesa 3 Outras despesas correntes 12 13 M Modalidade de Aplicação 90 Aplicação direta E Elemento 30 Material de consumo - Desdobramento Facultativo XX Combustíveis e Lubrificantes Figura 1 - Classifi cação por natureza de despesa Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional A classificação da despesa por modalidade de aplicação, que faz parte da codificação da despesa por natureza, visa responder a seguinte pergunta: De que forma serão aplicados os recursos? Segundo o MTO (2015), a modalidade de aplicação indica se os recursos serão aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decorrente de descentralização orçamentária para outros níveis de Governo (da União para Estados e/ou Municípios), seus órgãos ou entidades, ou diretamente para entidades privadas sem fins lucrativos e outras instituições; ou, então, diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no âmbito do mesmo nível de Governo. A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, elimina a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados, conforme discriminado a seguir: Quadro 2 - Relação de Modalidades de Aplicação Modalidade de Aplicação 20 - Transferências à União 22 - Execução Orçamentária Delegada à União 30 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal 13 UNIDADE Despesa Pública Modalidade de Aplicação 31 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a Fundo 32 - Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito Federal 35 - Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 36 - Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 40 - Transferências a Municípios 41 - Transferências a Municípios - Fundo a Fundo 42 - Execução Orçamentária Delegada a Municípios 45 - Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 46 - Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 50 - Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos 60 - Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos 67 - Execução de Contrato de Parceria Público-Privada – PPP 70 - Transferências a Instituições Multigovernamentais 71 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio 72 - Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos 73 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 74 - Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 75 - Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 76 - Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 80 - Transferências ao Exterior 90 - Aplicações Diretas 91 - Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social 93 - Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Participe 94 - Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Não Participe 95 - Aplicação Direta à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 96 - Aplicação Direta à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 99 - A Definir Fonte: Secretaria do Orçamento Federal A classificação da despesa por elemento de despesa visa responder a seguinte pergunta: quais os insumos que se pretende utilizar ou adquirir? Segundo o MTO (2015), o elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a Administração Pública utiliza para a consecução de seus fins. 14 15 Quadro 3 - Relação de Elementos de Despesa Elementos de Despesa 01 - Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e Reformas dos Militares 03 - Pensões do RPPS e do Militar 04 - Contratação por Tempo Determinado 05 - Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou do Militar 06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso 07 - Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência 08 - Outros Benefícios Assistenciais do Servidor ou do Militar 10 - Seguro Desemprego e Abono Salarial 11 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil 12 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar 13 - Obrigações Patronais 14 - Diárias – Civil 15 - Diárias – Militar 16 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil 17 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar 18 - Auxílio Financeiro a Estudantes 19 - Auxílio-Fardamento 20 - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 21 - Juros sobre a Dívida por Contrato 22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato 23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária 24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária 25 - Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita 26 - Obrigações decorrentes de Política Monetária 27 - Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares 28 - Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos 29 - Distribuição de Resultado de Empresas Estatais Dependentes 30 - Material de Consumo 32 - Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita 33 - Passagens e Despesas com Locomoção 34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização 35 - Serviços de Consultoria 36 - Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física 37 - Locação de Mão de Obra 38 - Arrendamento Mercantil 39 - Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica 41 - Contribuições 42 - Auxílios 43 - Subvenções Sociais 45 - Subvenções Econômicas 15 UNIDADE Despesa Pública Elementos de Despesa 46 - Auxílio-Alimentação 47 - Obrigações Tributárias e Contributivas 48 - Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas 49 - Auxílio-Transporte 51 - Obras e Instalações 52 - Equipamentos e Material Permanente 53 - Aposentadorias do RGPS – Área Rural 54 - Aposentadorias do RGPS – Área Urbana 55 - Pensões do RGPS – Área Rural 56 - Pensões do RGPS – Área Urbana 57 - Outros Benefícios do RGPS – Área Rural58 - Outros Benefícios do RGPS – Área Urbana 59 - Pensões Especiais 61 - Aquisição de Imóveis 62 - Aquisição de Produtos para Revenda 63 - Aquisição de Títulos de Crédito 64 - Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado 65 - Constituição ou Aumento de Capital de Empresas 66 - Concessão de Empréstimos e Financiamentos 67 - Depósitos Compulsórios 70 - Rateio pela participação em Consórcio Público 71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado 72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado 73 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada 74 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada 75 - Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação de Receita 76 - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado 77 - Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado 81 - Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas 82 - Aporte de Recursos pelo Parceiro Público em Favor do Parceiro Privado Decorrente de Contrato de Parceria Público-Privada - PPP 83 - Despesas Decorrentes de Contrato de Parceria Público-Privada - PPP, exceto Subvenções Econômicas, Aporte e Fundo Garantidor 84 - Despesas Decorrentes da Participação em Fundos, Organismos, ou Entidades Assemelhadas, Nacionais e Internacionais 91 - Sentenças Judiciais 92 - Despesas de Exercícios Anteriores 93 - Indenizações e Restituições 94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas 95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo 96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado 97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS 98 - Compensações ao RGPS Fonte: Secretaria do Orçamento Federal 16 17 Estágios da Despesa Pública O planejamento da despesa orçamentária se dá em quatro estágios, conforme o MCASP (2015): fixação da despesa, descentralização de créditos orçamentários, programação orçamentária e financeira e, processo de licitação e contratação. 1. Fixação da despesa: refere-se aos limites de gastos, incluídos nas leis orçamentárias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo. O Lançamento contábil exemplificativo é o seguinte: Fixação da Despesa Natureza da informação: orçamentária • D – 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial • C – 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível 2. Descentralização de créditos orçamentários: ocorre quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações institucional, funcional, programática e econômica, para que outras unidades administrativas possam executar a despesa orçamentária. 3. Programação orçamentária e fi nanceira: consiste na compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste da despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação. 4. Licitação e contratação: compreende um conjunto de procedimentos administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões de serviços públicos com as melhores condições para o Estado, observando a lei de licitações (Lei nº 8.666/1993), a lei do pregão (Lei nº 10.520/2002), na qual se encontram os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e de outros que lhe são correlatos. São modalidades de licitação: concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão. A execução da despesa orçamentária se dá em três estágios, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964: empenho, liquidação e pagamento. 1. Empenho: segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. O art. 60 da lei proíbe a realização de despesa sem prévio empenho. Os empenhos podem ser classificados em: 17 UNIDADE Despesa Pública a) Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez; b) Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; c) Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis. O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte: Empenho da Despesa Natureza da informação: orçamentária • D – 6.2.2.1.1.00 Crédito Disponível • C – 6.2.2.1.3.01 Crédito Empenhado a Liquidar Natureza da informação: controle • D – 8.2.1.1.1 Disponibilidade por Destinação de Recursos • C – 8.2.1.1.2 DDR Comprometida por Empenho 2. Liquidação: segundo o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar: I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a importância exata a pagar; III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte: Liquidação da Despesa Natureza da informação: patrimonial • D – 3.3.2. Serviços • C – 2.1.3. Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo Natureza da informação: orçamentária • D – 6.2.2.1.3.01 Crédito Empenhado a Liquidar • C – 6.2.2.1.3.03 Crédito Empenhado Liquidado a Pagar Natureza da informação: controle • D – 8.2.1.1.2 DDR Comprometida por Empenho • C – 8.2.1.1.3 DDR Comprometida por Liquidação 18 19 3. Pagamento: segundo o art. 64 da Lei nº 4.320/1964, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga. Portanto, o pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. O lançamento contábil exemplificativo é o seguinte: Pagamento da Despesa Natureza da informação: patrimonial • D – 2.1.3. Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo • C – 1.1.1. Caixa e Equivalente de Caixa Natureza da informação: orçamentária • D – 6.2.2.1.3.03 Crédito Empenhado Liquidado a Pagar • C – 6.2.2.1.3.04 Crédito Empenhado Pago Natureza da informação: controle • D – 8.2.1.1.3 DDR Comprometida por Liquidação • C – 8.2.1.1.4 DDR Utilizada As despesas do ano que forem empenhadas, mas não pagas serão inscritas em Restos a Pagar no dia 31/12. Os Restos a Pagar podem ser “Processados” ou “Não Processados”, dois conceitos orçamentários apenas, conforme o art. 36 da Lei nº 4.320/1964. Como o Orçamento Público é anual (Princípio da Anualidade ou Periodicidade), não devemos controlar empenhos de anos anteriores com os empenhos do ano atual. Os Restos a Pagar processados são as despesas que passaram pelo estágio da Liquidação, faltando apenas o estágio do pagamento. Nesse caso como ocorreu o fato gerador (competência) ele deve ser evidenciado como passivo no Balanço Patrimonial. Já os Restos a Pagar Não Processados a despesa foi apenas empenhada para fins orçamentários. Nesse caso pode não ter ocorrido o fato gerador ou ter ocorrido o fato gerador, mas não processada a liquidação (ateste da entrega do material ou prestação regular dos serviços) pelos serviços de contabilidade. Quando não ocorre o fato gerador, esse Resto a Pagar Não Processado não deve aparecer no passivo do Balanço Patrimonial. Entretanto, se ocorrer o fator gerador, essa despesa“em liquidação” deverá constar no passivo do Balanço Patrimonial em atendimento aos princípios contábeis da competência e oportunidade. Percebeu que a Contabilidade do setor público tem que obedecer às regras orçamentárias e regras patrimoniais? Por isso existem os 3 subsistemas: natureza de informação patrimonial, natureza de informação orçamentária e natureza da 19 UNIDADE Despesa Pública informação de controle. São 3 contabilidades independentes. Cada uma com finalidades e geração de relatórios e balanços específicos. A base de dados está toda contabilizada, com muito mais detalhes em relação à Contabilidade das empresas do setor privado. O artigo “Regime de competência aplicado ao setor público: análise no reconhecimento dos restos a pagar não processados e despesas de exercícios anteriores dos municípios brasileiros”, retrata a realidade dos municípios brasileiros que gastam sem ter a disponibilidade de crédito orçamentário. COSTA, José Isidio de Freitas et al. Regime de competência aplicado ao setor público: análise no reconhecimento dos restos a pagar não processados e despesas de exercícios anteriores dos municípios brasileiros. Revista Base (Administração e Contabilidade) da UNISINOS, v. 10, n. 3, p. 240-253, 2013. Disponível em: http://goo.gl/YkSPtz Ex pl or Despesa Pública e a LRF A Constituição Federal definiu percentuais mínimos de aplicação em Saúde e Educação. A LRF por sua vez criou mecanismos para controlar se os Entes Federativos estão cumprindo esses percentuais. Na Saúde, por exemplo, a União aplicará, anualmente, 15% da Receita Corrente Líquida (RCL) nos termos da Emenda Constitucional nº 86/2015. Entretanto, outro cálculo é definido pela Lei Complementar nº 141/2012, pois diz que a União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual. Então, você pergunta: “qual devo seguir, professor?”. Lembre-se da hierarquia das normas. A Constituição (Emenda) está acima de uma Lei Complementar. Nesse caso, prevalece a Constituição. Exemplificando, atualmente, vem caindo a arrecadação do governo federal e o PIB tem diminuído. Como empenhar mais que o ano anterior com uma variação negativa do PIB? Percebeu? Não tem como! A própria LRF estabelece critérios de limitação de empenho, caso haja uma diminuição da arrecadação. Ficou confuso? Isso mesmo, nosso ordenamento jurídico é tão complexo que há diversos conflitos entre as normas! Já para os outros Entes Federativos, a aplicação de recursos em Saúde segue as seguintes regras: 20 21 • Estados: 12% da arrecadação de impostos (ICMS, IPVA e ITCMD) e das transferências constitucionais recebidas. • Municípios: 15% da arrecadação de impostos (ISS, IPTU e ITBI) e das transferências constitucionais recebidas. Entretanto, podem as Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas Municipais fixarem percentuais maiores que os estabelecidos na Constituição Federal de 1988 para aplicação em ações e serviços públicos de saúde. Na Educação, por exemplo, a União aplicará, anualmente, 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) (art. 212 CF/1988). Os estados devem atuar prioritariamente nos ensinos fundamental e médio. Já os municípios devem atuar prioritariamente nos ensinos infantil e fundamental, segundo o art. 211 da Constituição. Portanto, a prioridade é a educação básica. A LRF ainda determinou certos limites como, por exemplo, Despesas com Pessoal, Dívida Consolidada Líquida, Concessão de Garantias, Contratação de Operações de Crédito, inclusive para Antecipação de Receitas Orçamentárias (ARO), que são calculados e evidenciados em anexos do Relatório de Gestão Fiscal (RGF). Todos esses limites são definidos em percentuais da Receita Corrente Líquida (RCL), que é apurada em demonstrativo próprio (Anexo III Demonstrativo da Receita Corrente Líquida do Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO). A LRF define os limites de gastos com pessoal, como percentual da RCL, para os Poderes da União 50%, dos Estados 60% e dos Municípios 60%, da seguinte forma: Tabela 1 - Limites de Despesa com Pessoal segundo a LRF Esfera Percentual Órgão / Poder Federal 0,6 2,5 3,0 6,0 37,9 Ministério Público da União; Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União; Distrito Federal e ex-territórios; Poder Judiciário; e Poder Executivo. Estadual 2,0 3,0 6,0 49,0 Ministério Público dos Estados; Poder Legislativo, incluindo os Tribunal de Contas Estatuais; Poder Judiciário; e Poder Executivo. Municipal 6,0 54,0 Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Município (apenas para os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro; Poder Executivo. Fonte: Lei Complementar nº 101/2000 e Constituição Federal de 1988. Ressalta-se que, sobre a recondução da dívida aos “limites”, o art. 31 define que se a dívida consolidada de um Ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. 21 UNIDADE Despesa Pública Tabela 2 - Limites da dívida consolidada por esfera Ente Percentual Ajuste Sanção União Não definido Não definido Não definido Estados 200% da RCL Excesso até 2016 Receber Transferências Voluntárias, a partir de 2016, enquanto perdurar o excesso. Município 120% da RCL Excesso até 2016 Receber Transferências Voluntárias, a partir de 2016, enquanto perdurar o excesso. Fonte: Resolução do Senado Federal nº 40/2001. Como observado na Tabela 2, a União não tem limite de endividamento definido e, portanto, não sofre nenhuma sanção. Já os estados, o Distrito Federal e os municípios devem respeitar os limites estabelecidos no prazo previsto pelo Senado Federal, ou seja, até 2016, sob pena de não receberem mais as transferências voluntárias. Portanto, só receberão as transferências constitucionais. A Resolução do Senado Federal nº 43 de 2001 determina que o saldo global das garantias concedidas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios não poderá exceder a 22% (vinte e dois por cento) da RCL. Entretanto, esse limite poderá ser elevado para 32% (trinta e dois por cento) da receita corrente líquida, desde que, cumulativamente, quando aplicável, o garantidor: I - não tenha sido chamado a honrar, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses, a contar do mês da análise, quaisquer garantias anteriormente prestadas; II - esteja cumprindo o limite da dívida consolidada líquida, definido na Resolução nº 40, de 2001, do Senado Federal; III - esteja cumprindo os limites de despesa com pessoal previstos na Lei Complementar nº 101, de 2000; e IV - esteja cumprindo o Programa de Ajuste Fiscal acordado com a União, nos termos da Lei nº 9.496, de 1997. Outros limites ainda são definidos nessa Resolução, como, por exemplo, as operações de crédito (contrair dívida com empréstimo ou financiamento) realizadas em um exercício não podem, no total, ser superiores a 16% da RCL. O comprometimento anual com amortizações, juros e demais encargos não pode ser maior do que 11,5% da RCL. O saldo devedor das operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) não poderá exceder, no exercício em que estiver sendo apurado, a 7% (sete por cento) da RCL. Importante! Você sabia que o período de discussões para a aprovação do Orçamento Público, que vai de 31/08 até 22/12, que a população pode participar do processo de sugestões e mudanças na futura lei do orçamento? É isso mesmo! Enquanto a proposta de Lei Orçamentária tramita no Congresso, a população podeparticipar dando opiniões, tanto individualmente quanto por meio de organizações populares nas audiências públicas. Nesse período de discussão do Projeto de Lei Orçamentária no Congresso, existe um sistema informatizado na página da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, onde qualquer cidadão pode fazer sugestões de emendas. Basta preencher um formulário com os dados pessoais e indicar quais são as reivindicações. Você Sabia? 22 23 No ano de 2009, foi criada a Lei Complementar nº 131, que alterou a Lei da Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), determinando a disponibilização em tempo real das informações pormenorizadas das despesas e receitas da União, Estados e Municípios, em meios de acesso público, popularmente conhecidos como “Portal da Transparência”. Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) A Lei nº 4.320/1964 estabelece: Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagas à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. Assim, as Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) abrangem três situações, conforme o Decreto nº 62.115/1968: a) Despesas de exercícios encerrados (anteriores), para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê- las, que não se tenham processado na época própria, que corresponde à despesa orçamentária não executada, que ocorreu o empenho, mas este era insubsistente (insustentável, ou sem valor, ou sem fundamento) ou ainda foi anulado no exercício anterior; b) Restos a pagar com prescrição interrompida, que correspondem a Restos a Pagar cancelados antes da prescrição da dívida; e c) Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente. Quanto à classificação orçamentária por natureza da despesa, a DEA corresponde a elemento de despesa próprio usado no orçamento do exercício corrente para despesas que pertencem ao exercício anterior: 92 – Despesas de Exercícios Anteriores. Quadro 1 - Terminologias aplicáveis a gastos públicos Termo Descrição Gasto É um dispêndio de um ativo ou criação de um passivo para obtenção de um produto ou serviço. Investimento É um gasto ativado em função de sua vida útil. São todos os bens baixados em função de venda, amortização, consumo, perecimento ou desaparecimento. Custos São gastos com bens ou serviços utilizados para a produção de outros bens ou serviços. Desembolso É o pagamento resultante da compra de um bem ou serviço. Custo direto Todo o custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio. 23 UNIDADE Despesa Pública Termo Descrição Custo indireto Não oferece identificação direta a um objeto de custeio, necessita de esquemas especiais para a alocação, com bases de rateio ou direcionadores. Custo fixo É o que não leva em consideração as oscilações de produção, tendo, portanto, o seu valor constante no intervalo relevante de atividade. Custo variável Tem seu valor determinado e diretamente relacionado com a oscilação na produção e execução dos serviços. Custo da prestação de serviços Os custos da prestação de serviços são compostos de materiais diretos, da mão de obra direta e dos custos indiretos, ligados à prestação daquele serviço. São custos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços, e somente eles. Não se incluem neste grupo as despesas operacionais (financeiras, administrativas, comerciais). Objeto de custo Qualquer entidade geradora de custo, como produtos, departamentos, divisões, processos, grupo de produtos ou atividades, para a qual os custos são medidos ou atribuídos. Empenho da despesa Fase da despesa pública, um ato que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não implemento de condição. Liquidação da despesa Fase da despesa pública em que se atesta a efetiva entrega da mercadoria ou prestação do serviço contratado pelo ente público e gera a obrigação de pagamento para o Estado. Pagamento da despesa Fase da despesa pública onde ocorre o efetivo desembolso de um valor pelo órgão público para o pagamento de uma despesa já liquidada. Fonte: Adaptado de Mauss & Souza (2008). 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Compras públicas: estratégia e instrumento para a gestão do desenvolvimento local CALDAS, Eduardo de Lima; NONATO, Raquel Sobral. Revista Interações, Campo Grande, v. 15, n. 1, p. 161-172, 2014. Disponível em: http://goo.gl/Oanf7i. Título da Página Descrição da página. https://www.link-do-site.com Leitura Manual técnico de orçamento MTO BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Edição 2016. Brasília: SOF, 2015. Capítulo 5 – Despesa. Disponível em: http://goo.gl/T8jCX7. Manual de contabilidade aplicada ao setor público BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: STN, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. Parte II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais – Capítulo 3 Variações Patrimoniais. Disponível em: http://goo.gl/qfqjrl. O impacto das reformas da administração pública brasileira na regulação contabilística do setor MONTEIRO, Renato Pereira; PEREIRA, Cleber Augusto; PEREIRA, Neimar Sousa Pinto. Revista UNEMAT de Contabilidade, v. 3, n. 6, p. 37-61, 2014. Disponível em: http://goo.gl/frc2Vp. 25 UNIDADE Despesa Pública Referências BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 23 mar. 1964. ________. Decreto nº 62.115 de 15 de janeiro de 1968. Regulamenta o artigo 37 da Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 16 jan. 1968. ________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponí- vel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCom- pilado.htm> ________. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 5 mai. 2000. ________. Resolução do Senado Federal nº 40, de 20 de dezembro de 2001. Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida pública consolidada e da dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendimento ao disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 dez. 2001. ________. Resolução do Senado Federal nº 43, de 21 de dezembro de 2001. Dispõe sobre as operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive concessão de garantias, seus limites e condições de autorização, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 22 dez. 2001. ________. Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 28 mai. 2009. ________. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeirode 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 16 jan. 2012. 26 27 ________. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual técnico de orçamento MTO. Edição 2016. Brasília: SOF, 2015. ________. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 6. ed. Brasília: STN, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. MAUSS, Cézar Volnei. SOUZA, Marcos Antonio. Gestão de custos aplicada ao setor público: modelo para mensuração e análise da eficiência e eficácia governamental. São Paulo: Atlas, 2008. BOYLE, D. O manifesto comunista de Marx e Engels. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. IBPT. Evolução da carga tributária brasileira. Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. São Paulo, 5 mai. 2015. Disponível em: https://www.ibpt.com.br/ img/uploads/novelty/estudo/2142/05EvolucaoDaCargaTributariaBrasileira.pdf MARTELLO, A. Em ano eleitoral, gasto bate recorde e governo tem déficit fiscal inédito. G1 Economia. Brasília, 29 jan. 2015. Disponível em: <http:// g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/em-ano-eleitoral-governo-tem-deficit- fiscal-inedito.html>. 27
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