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Cláudio Torres Alin do Amaral Máquinas elétricas © 2013 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor: Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância: Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: • Comissão Central de Produção • Subcomissão de Produção Editoração: Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Capa: Toninho Cartoon Edição: Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Torres, Cláudio. T636m Máquinas elétricas / Cláudio Torres, Alin do Amaral. – Uberaba: Universidade de Uberaba, c2013. 180 p. : il. ISBN 978-85-7777-520-0 1. Máquinas elétricas. 2. Motores elétricos. 3. Engenharia elétrica. I. Amaral, Alin do. II. Universidade de Uberaba. III. Título. CDD: 621.31042 Cláudio Torres Mestre em Educação Para a Ciência e o Ensino de Matemática (2010) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em Engenharia Elétrica (1989) pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná/CEFET. Alin do Amaral Mestra em Engenharia Elétrica (2012) e graduada em Engenharia Elétrica (2009) pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Docente nas subáreas de Circuitos elétricos industriais e Eletrônica industrial do curso de Engenharia Elétrica, na Universidade de Uberaba (Uniube). Sobre os autores Apresentação ...............................................................................................................IX Fundamentos da eletromecânica e motores de corrente contínua ....... 1 1.1 Fundamentos de eletromecânica ............................................................................5 1.1.1 Conversão eletromecânica de energia ...........................................................5 1.1.2 Relações existentes entre indução eletromagnética e força eletromagnética ...............................................................................................6 1.1.3 Comparação entre ação motora e ação geradora .......................................15 1.2 Motores de corrente contínua .................................................................................19 1.2.1 Composição dos motores CC .......................................................................19 1.2.2 Construção da máquina CC ..........................................................................19 1.2.3 Torque ............................................................................................................22 1.2.4 Equação fundamental do torque em máquinas CC .....................................26 1.2.5 Força contraeletromotriz ou tensão gerada no motor ..................................28 1.2.6 Velocidade do motor como função da fcem e do fluxo .................................32 1.2.7 Relação entre torque e velocidade do motor ................................................35 1.2.8 Controle de Velocidades nos Motores CC ....................................................37 1.2.9 Tipos de excitação ........................................................................................41 1.2.10 Vantagens e desvantagens dos acionamentos em corrente contínua ......42 1.2.11 Dispositivo de partida para motores de CC ................................................43 1.2.12 Características do torque eletromagnético dos motores CC .....................47 1.2.13 Característica de velocidade dos motores CC ...........................................50 1.2.14 Comparação das características do torque e velocidade-carga com corrente nominal ..........................................................................................51 1.2.15 Reação da armadura ..................................................................................52 1.2.16 Efeito do fluxo da armadura no fluxo polar .................................................53 1.2.17 Compensação para reação da armadura em máquina CC .......................54 1.2.18 Redução no fluxo da armadura ..................................................................56 1.2.19 Enrolamento de compensação ...................................................................57 1.2.20 Compensação para a reação da armadura em máquinas CC ..................57 1.2.21 Perdas em máquinas elétricas....................................................................57 1.2.22 Rendimento das máquinas de corrente contínua .......................................59 Capítulo 2 Máquinas de indução polifásicas ....................................... 67 2.1 Motor de indução ....................................................................................................69 2.2 Comentários básicos de construção ......................................................................70 Sumário 2.2.1 Rotor gaiola de esquilo .................................................................................70 2.2.2 Rotor bobinado ..............................................................................................70 2.3 Produção de campo magnético e girante ...............................................................71 2.4 Princípio do Motor de Indução ................................................................................74 2.5 Ensaios a vazio e em curto circuito ........................................................................78 2.5.1 Ensaio a vazio ...............................................................................................78 2.5.2 Ensaio em curto circuito ................................................................................78 2.5.3 Determinação da resistência equivalente de um motor de indução trifásico ..........................................................................................................78 2.6 Circuito equivalente do motor de indução trifásico .................................................84 2.7 Torque no motor de indução ...................................................................................92 2.8 Curvas operacionais de um motor de indução .......................................................94 2.9 Métodos de partida de um motor de indução .........................................................95 2.9.1 Partida do motor de indução trifásico ...........................................................95 2.9.2 Partida estrela – triângulo ou Y– Δ ................................................................97 2.9.3 Partida através de chave compensadora ...................................................102 2.10 Classificação e aplicação dos motores de indução ...........................................106 2.10.1 Categoria A ................................................................................................107 2.10.2 Categoria B ...............................................................................................108 2.10.3 Categoria C ...............................................................................................108 2.10.4 Categoria D ...............................................................................................109 2.10.5 Categoria F ................................................................................................109 2.11 Principais partes do motor de indução trifásico..................................................110 2.12 Considerações de ligações dos motores trifásicos ............................................112 Capítulo 3 Motores de indução monofásicos e máquinas síncronas 119 3.1 Motores de indução monofásicos .........................................................................121 3.1.1 Comentários básicos de construção ...........................................................121 3.1.2 Torque no motor de indução monofásico ...................................................123 3.1.3 Motor de fase dividida .................................................................................126 3.1.4 Motor de fase dividida com capacitor .........................................................128 3.1.5 Motor de fase dividida com capacitor permanente .....................................130 3.1.6 Motor de indução com duplo capacitor .......................................................132 3.1.7 Motor universal ............................................................................................133 3.2 Máquinas síncronas ..............................................................................................137 3.2.1 Generalidades .............................................................................................137 3.2.2 Circuito equivalente para máquinas síncronas ..........................................139 3.2.3 Características de circuito aberto ..............................................................142 3.2.4 Características de curto-circuito ................................................................143 3.2.5 Geradores e motores síncronos ................................................................153 3.2.6 Métodos de partida .....................................................................................155 3.2.7 Excitação de geradores e motores síncronos ............................................157 3.2.8 Máquinas síncronas em paralelo ................................................................164 Prezado(a) aluno(a). Organizamos este livro para orientá-lo, em seus estudos, acerca das máquinas elétricas, os fundamentos da eletromecânica e os motores. Nele, constam três capítulos cujas especificações estão descritas a seguir: No primeiro capítulo, “Fundamentos da eletromecânica e motores de corrente contínua”, vamos abordar sobre o processo de conversão juntamente com as ações motoras e geradoras, compreender o funcionamento dos motores de corrente contínua, com a sua variação de velocidade e rendimento. No segundo capítulo, “Máquinas de indução polifásicas”, é demonstrado o funcionamento de um motor trifásico através da análise de suas curvas, os métodos de partida, como partida direta, estrela / triângulo e chave compensadora que são usadas no meio industrial. Esse capítulo apresenta os diagramas de comando e potência e finaliza com a análise de seu rendimento. No terceiro capítulo, “Motores de indução monofásicos e máquinas síncronas”, serão vistos os motores de indução monofásicos, no que diz respeito ao seu princípio de funcionamento, procedimentos de partida e aplicações. Serão vistas, também, as máquinas síncronas, utilizadas, principalmente, como geradores em usinas hidroelétricas. Esperamos que os capítulos de estudos propostos o auxiliem na construção de seus conhecimentos acadêmicos e profissionais. Bons estudos! Apresentação Claudio Torres Introdução Fundamentos da eletromecânica e motores de corrente contínua Capítulo 1 Muitos dos equipamentos que operam na atualidade, como motores, geradores, microfones, alto-falantes, transformadores, funcionam graças à conversão eletromecânica de energia. A conversão eletromecânica trata justamente dos processos e princípios que envolvem a transformação de energia mecânica em elétrica e vice-versa, feita pelos transdutores eletromecânicos. Neste capítulo, será visto o princípio da conversão eletromecânica de energia e os modelos de transdutores eletromecânicos, os responsáveis pela conversão. Serão estudados, também, os motores de corrente contínua, ou seja, equipamentos que utilizam este princípio. Os motores de corrente contínua são muito utilizados na indústria, quando a carga exige um controle de velocidade, já que eles permitem que esse controle seja facilmente realizado, o que não é conseguido, por exemplo, em motores de indução, embora o advento de inversores de frequência tenda a mudar isso no futuro. 4 UNIUBE Ao término do estudo desse capítulo, você deverá estar apto a: • definir os processos de conversão de energia; • explicar e conhecer relações entre indução e forças eletro- magnéticas; • demonstrar os princípios, como Lei de Faraday e Lei de Lenz; • comparar e explicar ações motoras e geradoras; • reconhecer o funcionamento de uma máquina de corrente contínua; • discutir as causas da variação de velocidade e torque de um motor CC; • reconhecer as relações dos rendimentos e perdas dos motores CC. 1.1 Fundamentos de eletromecânica 1.1.1 Conversão eletromecânica de energia 1.1.2 Relações existentes entre indução eletromagnética e força eletromagnética 1.1.3 Comparação entre ação motora e ação geradora 1.2 Motores de corrente contínua 1.2.1 Composição dos motores CC 1.2.2 Construção da máquina CC 1.2.3 Torque 1.2.4 Equação fundamental do torque em máquinas CC 1.2.5 Força contraeletromotriz ou tensão gerada no motor 1.2.6 Velocidade do motor como função da fcem e do fluxo 1.2.7 Relação entre torque e velocidade do motor 1.2.8 Controle de velocidades nos motores CC Objetivos Esquema UNIUBE 5 1.2.9 Tipos de excitação 1.2.10 Vantagens e desvantagens dos acionamentos em corrente contínua 1.2.11 Dispositivo de partida para motores de CC 1.2.12 Características do torque eletromagnético dos motores CC 1.2.13 Característica de velocidade dos motores CC 1.2.14 Comparação das características do torque e velocidade- carga com corrente nominal 1.2.15 Reação da armadura 1.2.16 Efeito do fluxo da armadura no fluxo polar 1.2.17 Compensação para reação da armadura em máquina CC 1.2.18 Redução no fluxo da armadura 1.2.19 Enrolamento de compensação 1.2.20 Compensação para a reação da armadura em máquinas CC 1.2.21 Perdas em máquinas elétricas 1.2.22 Rendimento das máquinas de corrente contínua 1.1.1 Conversão eletromecânica de energia É o estudo dos processos de conversão de energia elétrica em mecânica e vice-versa, conforme a seguir: • conversão em dispositivos de força Motores e Geradores; • conversão em dispositivos de posição Microfones, alto-falantes e etc. Fundamentos de eletromecânica 1.1 6 UNIUBE Podemos classificar os transdutores em três partes: • parte elétrica; • parte mecânica; • parte eletromagnética. Observe a Figura 1: Figura 1: Partes de um transdutor eletromecânico. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). 1.1.2 Relações existentes entre indução eletromagnética e força eletromagnética 1.1.2.1 Lei de Faraday da Indução Eletromagnética Faraday, em 1831, descobriu que, por meio do movimento relativo entre um campo magnético e um condutor de eletricidade, gerava uma tensão nos terminais deste condutor. A esse fenômeno, Faraday chamou de tensão. A Figura 2 demonstra o princípio deste funcionamento. UNIUBE 7 Figura 2: Princípio descoberto por Faraday. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Condutor de comprimento l movendo-se em um campo magnético B, para gerar uma fem (força eletromotriz). Lei de Faraday O valor da tensão induzida em uma espira de fio condutor é diretamente proporcional à razão de variação das linhas de força que cortam a espira. IMPORTANTE! Ainda para a Figura 2, para um condutor de comprimento l ativo, a fem induzida instantânea pode ser expressa como: Sendo: B = densidade de fluxo em gauss (linhas / cm2); l = comprimento do condutor que concatena o fluxo em cm; v = velocidade relativa entre o condutor e o campo em cm/s. 8 UNIUBE Para que possamos utilizar as equações apresentadas,deveremos levar em conta: a. campo com densidade do fluxo uniforme; b. movimento relativo uniforme entre o campo e o condutor; c. perpendicularidade entre o condutor, o campo e o sentido que o condutor se move em relação ao campo. A Lei de Faraday é a base para a conversão da energia mecânica em energia elétrica. 1.1.2.2 Lei de Lenz Sempre nos casos da indução eletromagnética, quando ocorre uma variação de fluxo concatenado, uma tensão é induzida, dando forma a uma corrente elétrica em uma direção, de maneira que produza um campo em oposição à variação do fluxo que concatena as espiras do circuito. Observe a Figura 3: Figura 3: Lei de Lenz. Fonte: Kosow (2000). Na Figura 3, o condutor é acionado por uma força mecânica na direção “para cima”. Ligando-se uma carga a este condutor, sendo um circuito fechado, teremos uma corrente circulando por este condutor, no mesmo sentido da fem, dando origem a um campo magnético em torno do condutor, conforme figura 03b. O campo magnético ao redor do UNIUBE 9 condutor com sentido anti-horário, conforme figura 3c, repele o campo magnético acima e atrai o campo magnético abaixo dele. Dessa forma, podemos enunciar a lei de Lenz da seguinte forma: A corrente elétrica induzida dá origem a um campo magnético que se opõe às causas que a criaram (movimento que o originou). Dessa forma, podemos equacionar: Motor: a c a aV E I R= + Gerador: g a a aE V I R= + Sendo: aV – tensão aplicada nos terminais da armadura; cE – fcem (força contraeletromotriz) gerada na armadura do motor; gE – fem (força eletromotriz) gerada na armadura do gerador; a aI R – queda de tensão na armadura devido a uma resistência aR própria. 1.1.2.3 Força eletromagnética A conversão eletromagnética de energia depende de dois princípios básicos do eletromagnetismo: 1. indução eletromagnética; 2. força eletromagnética. 10 UNIUBE Veja a Figura 4: Figura 4: Princípios da conversão eletromagnética. Fonte: Kosow (2000). O campo magnético mostrado na figura 4 é uniforme, e o condutor nele imerso está perpendicular às linhas de campo, sendo percorrido por uma corrente elétrica. Quando um condutor está submetido a uma ddp (diferença de potencial) dentro de um campo magnético, surge neste uma corrente elétrica capaz de gerar um campo inverso ao original. Como há uma componente perpendicular às linhas de campo, surgirá uma força que causará movimento do condutor em relação ao campo e vice-versa. Denominamos este princípio de ação motora. A força eletromagnética é afetada por três fatores: 1. campo magnético (B); 2. comprimento do condutor ativo (l); 3. corrente que circula no condutor (i). UNIUBE 11 Assim, a força magnética pode ser definida pela seguinte equação: . . .F B l i senφ= Sendoφ o ângulo entre as direções i e B, conforme Figura 5. Figura 5: Condutor imerso em um campo magnético. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Veja alguns exemplos de atividades a seguir. 1) Um fio retilíneo, horizontal, percorrido por uma corrente elétrica de 24A, movimenta-se em um campo magnético de módulo 0,06mT. Determine a força magnética sobre um fio de comprimento de 1m. Solução: F Bl i senφ= ( ) ( ) ( )30,06 .1 0 . 1 . 24 . 90F T m A sen−= ° 1,44F mN= 2) Determine o valor do campo magnético em Tesla, de um fio retilíneo de 0,5m perpendicular ao campo, sendo este percorrido por uma corrente de 40A com uma força magnética de 5mN. 12 UNIUBE Solução: F B l i senφ= 35.10 B . 0,5 . 40 . sen90− = ° 3 35.10 5.10 0,25 0,5 . 40 .1 20 B mT − − = = = 3) Determine a força magnética sobre um fio de 0,75m, inverso em um campo magnético de 0,12mT, percorrido por uma corrente de 60A. O fio movimenta-se no mesmo sentido do campo magnético. Solução: F B l i senφ= 3F 0,12 .1 0 . 0,75 . 60 .sen0−= ° F 0N= Com o objetivo de exercitar esse conhecimento, realize as atividades a seguir. Atividade 1 Determine o valor do campo magnético, em Tesla, de um fio retilíneo de 1m, perpendicular ao campo magnético, sendo este percorrido por uma corrente de 80A, com uma força de 10mN. Atividade 2 Determine o valor da força F, sendo que um fio de 3m de comprimento está imerso em um campo magnético de 200 μT. O fio tem movimento de 45° em relação ao campo magnético. A corrente é de 90A. AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 13 Atividade 3 Para o exercício anterior, considere o condutor com ângulo de 60° em relação ao campo magnético. Atividade 4 Determine o ângulo que um condutor retilíneo de 1m faz com as linhas de campo magnético de 1mT. A corrente que percorre o condutor é de 10A. Considere a força de 5mN. Atividade 5 Determine o valor da corrente, em um fio retilíneo de 2m perpendicular ao campo magnético, sendo exercida sobre ele uma força de 20mN e o campo de 150μT. Atividade 6 Determine o ângulo em que um condutor retilíneo de 0,75m de comprimento, percorrido por uma corrente de 60A, faz com as linhas de campo magnético de 0,12mT. Considere F=0N. Agora, verifique, a seguir, as resoluções das atividades e compare-as com as que você realizou: Resolução da atividade 1 sinF B l i ϕ= ⋅ ⋅ ⋅ 310 10 1 80 1B−⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ 125B Tµ= 14 UNIUBE Resolução da atividade 2 sinF B l i ϕ= ⋅ ⋅ ⋅ 6200 10 3 90 sin 45ºF −= ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ 0,038 F N= Resolução da atividade 3 6 sin 200 10 3 90 sin 60º 0,046765 F B l i F F N ϕ − = ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = Resolução da atividade 4 3 3 sin 5 10 1 10 1 10 sin 30º F B l i ϕ ϕ ϕ − − = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = Resolução da atividade 5 6 6 sin 20 10 150 10 2 sin 90º 66,67 F B l i i i mA ϕ − − = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = Resolução da atividade 6 3 sin 0 0,12 10 60 0,75 sin sin 0 0º 180º F B l i ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ − = ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = = = UNIUBE 15 1.1.3 Comparação entre ação motora e ação geradora Uma máquina elétrica pode ser operada como gerador e/ou como motor. Podemos afirmar que ação motora e ação geradora ocorrem ao mesmo tempo nas máquinas elétricas. Para comprovar essa afirmação, faremos um estudo mais detalhado, comparando um motor e um gerador elementar. Observe as Figuras 6a, 6b, 6c e 6d: Figura 6a, 6b, 6c e 6d: Princípio de funcionamento de máquinas rotativas. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Observando a Figura 6, percebemos que, na Figura 6a, aplicamos uma tensão que dá origem a uma corrente no motor que deverá girar no sentido horário. Observa-se que o sentido da força contraeletromotriz induzida é oposta à tensão aplicada. Para que a máquina elétrica opere como motor e este gire, no caso, em sentido horário, é necessário que a tensão aplicada aos terminais da armadura, denominados de aV , seja obrigatoriamente maior que a fcem, , cfcem E . 16 UNIUBE No caso do gerador, Figura 6b, percebe-se que, por meio de uma força mecânica, o rotor gira no sentido horário, obtendo uma força eletromotriz induzida, conforme Figura 6c. Na Figura 6d, observamos que, ligando uma carga ao gerador, este, por meio da corrente de armadura, produzirá uma força resistente. Observamos que a força resistente, por meio do fluxo de corrente, opõe-se ao torque motor do gerador. Dessa forma, a corrente da armadura tem o mesmo sentido da fem gerada gE e é maior que a tensão de armadura aV , que é aplicada à carga. Vejamos, a seguir, alguns exemplos. 1) Sendo um motor, cuja armadura apresenta uma resistência de 0,50Ω, ligado em uma fonte de tensão de 220V, solicita uma corrente de 100A. Determine a fcem gerada na armadura do motor. Solução: 2) Considerando-se um gerador em que a armadura de 380V entrega uma corrente de 120A a uma carga, determine a fem gerada, sendo que a resistência de armadura é de 0,75Ω. Solução: 220 (100 0,5) 170 c a a a c c E V I R E x E V = − = − = 380 (120 0,75) 470 g a a a g g E V I R E x E V = + = + = UNIUBE 17 Com o objetivo de exercitar esse conhecimento, realize as atividades a seguir. Atividade 7 Determine a fcem de um motor, cuja armadura possui uma resistência de 0,75Ω, ligado a uma fonte de tensãode 280V, e que solicita uma corrente de 180A. Atividade 8 Determine a corrente, sendo a fcem de um motor igual a 60V, cuja resistência da armadura é de 1.2Ω, ligado a uma fonte de tensão de 360V. Atividade 9 Considerando um motor, cuja armadura possui uma resistência de 1Ω, ligado a uma fonte de tensão de 220V, uma fcem de 80V, determine o valor da corrente solicitada. Atividade 10 Determine o valor Ra, considerando um motor ligado a uma fonte de tensão de 380V, com uma fcem de 100V, sendo a corrente de 150A. Atividade 11 Determine o valor da fcem de um motor em que a resistência da armadura é de 1.5Ω, ligado a uma fonte de 440V, cuja corrente é de 150A. Agora, verifique, a seguir, as resoluções das atividades e compare-as com as que você realizou: AGORA É A SUA VEZ 18 UNIUBE Resolução da atividade 7 280 0,75 180 70 c a a a c c E V I R E E V = − = − ⋅ = Resolução da atividade 8 60 360 1,2 250 c a a a a a E V I R I I A = − = − = Resolução da atividade 9 80 220 1 160 c a a a a a E V I R I I A = − = − = Resolução da atividade 10 100 380 150 1,87 c a a a a a E V I R R R = − = − = Ω Resolução da atividade 11 440 1,5 150 215 c a a a c c E V I R E E V = − = − ⋅ = UNIUBE 19 1.2.1 Composição dos motores CC Os motores CC são compostos de um indutor de polos salientes, fixo ao estator e um induzido rotativo. O rotor compõe-se da armadura e do comutador. Na armadura, encontra-se o enrolamento induzido, que é distribuído em várias bobinas parciais, alojadas em ranhuras, em cujos terminais são soldadas as lâminas do comutador. A indução magnética muda em cada ponto devido ao seu movimento de rotação submetido a um campo magnético estacionário no espaço e produzido pelo enrolamento do estator excitado em corrente contínua. Os geradores e motores CC são divididos em duas partes, sendo uma estacionária e outra gigante. A parte fixa é chamada estator e a móvel, rotor. De acordo com Kosow (2000), o estator tem como objetivo proporcionar o campo magnético no qual giram os condutores de armadura. Sendo assim, além dos polos propriamente ditos, temos também o conjunto de escovas. O rotor é formado por um núcleo de aço laminado, em que existem ranhuras destinadas a receber os condutores (enrolamentos). No mesmo eixo dessa peça, há um conjunto de segmentos de cobre, o comutador ou o coletor, sobre o qual deslizam as escovas que servem de condutores intermediários entre o enrolamento da armadura e o circuito externo. 1.2.2 Construção da máquina CC A Figura 7 mostra um corte de uma máquina CC comercial típica, simplificada para dar destaque às principais partes. Motores de corrente contínua1.2 20 UNIUBE Figura 7: Máquina CC em corte e esquemas de conexão do campo. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). UNIUBE 21 O rotor consiste de: 1. eixo da armadura, que imprime rotação ao núcleo da armadura, enrolamentos e comutador; 2. núcleo da armadura, construído de camadas laminadas de aço, provendo uma faixa de baixa relutância magnética entre os polos. As lâminas servem para diminuir as correntes parasitas no núcleo, e o aço usado é de qualidade destinada a produzir uma baixa perda por histerese; 3. enrolamento da armadura, constituído de bobinas isoladas entre si e do núcleo da armadura; 4. comutador, o qual, devido à rotação do eixo, providencia o necessário chaveamento para o processo da comutação. O comutador consiste de segmentos de cobre, individualmente isolados entre si e do eixo, eletricamente conectados às bobinas do enrolamento da armadura; O rotor da armadura das máquinas de CC tem quatro funções principais: • permite rotação para ação geradora ou ação motora mecânica; • em virtude da rotação, produz a ação de chaveamento necessária para a comutação; • contém os condutores que induzem a tensão ou providenciam um torque eletromagnético; • providencia uma faixa de baixa relutância para o fluxo. De acordo com Kosow (2000), o rotor da máquina CC consiste de: 1. uma estrutura cilíndrica de aço ou ferro fundido ou laminado. Não somente a carcaça atua como suporte das partes descritas anteriormente, mas também, providencia uma faixa de retorno do fluxo para o circuito magnético criado pelos enrolamentos de campo; 2. enrolamentos de campo, consistindo de umas poucas espiras de fio grosso para o campo-série ou muitas espiras de fio fino para o campo-shunt. Essencialmente, as bobinas de campo são eletromagnetos, cujos ampère-espiras (Ae) providenciam uma 22 UNIUBE força magnetomotriz (fmm) adequada à produção, no entreferro, do fluxo necessário para gerar uma fem ou uma força mecânica. Os enrolamentos de campo são suportados pelos polos; 3. polos, constituídos de ferro laminado aparafusados ou soldados na carcaça, depois da inserção dos enrolamentos de campo nos mesmos. A sapata polar é curvada, e é mais larga que o núcleo polar, para espalhar o fluxo mais uniformemente; 4. o interpolo e seu enrolamento também são montados na carcaça da máquina. Eles estão localizados na região interpolar, entre os polos principais e são, geralmente, de tamanho menor. O enrolamento do interpolo é composto de algumas poucas espiras de fio grosso, pois é ligado em série com o circuito da armadura, de modo que a fmm é proporcional à corrente da armadura; 5. enrolamentos de compensação (não vistos) são opcionais; eles são ligados da mesma maneira que os enrolamentos do interpolo, mas estão colocados em ranhuras axiais na sapata polar; 6. escovas e anéis-suporte de escovas como interpolos e enrolamentos de compensação são parte do circuito da armadura. As escovas são de carvão e grafito, suportadas na estrutura do estator por um suporte tipo anel, e mantidas nos suportes por meio de molas, de forma que as escovas estão sempre instantaneamente conectadas a um segmento e em contato com uma bobina localizada na zona interpolar; 7. detalhes mecânicos. Mecanicamente conectados à carcaça, estão os suportes contendo mancais nos quais o eixo da armadura se apoia, bem como os anéis-suporte de escovas em algumas máquinas. Esses detalhes são mostrados, na Figura 8, a seguir. 1.2.3 Torque A Figura 8 mostra a relação entre a força em um condutor e o torque. As forças 1f e 2f que surgem na espira devido ao campo magnético tendem a produzir rotação nesta. Neste caso, pode-se observar pelo sentido das forças que a rotação se dará no sentido horário. UNIUBE 23 Figura 8: Torque em uma espira inserida em um campo magnético. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Definimos torque como a tendência de acoplamento mecânico por produzir rotação. Por definição, o torque não é o mesmo para cada condutor, conforme Figura 9. Esta figura mostra claramente a diferença entre a força desenvolvida por estes condutores para produzir rotação. Figura 9: Torque útil na bobina. 24 UNIUBE O torque é definido como o produto de uma força e de sua distância perpendicular ao eixo de referência. A força é igual a: .f F senθ= Em que: F = força em cada condutor; θ = complemento de ângulo criado pela força desenvolvida pelo condutor e a força f útil tangencial da armadura. A fórmula do torque desenvolvido por qualquer condutor é: ( ) c rT f F sen rθ= = Em que: f = força r = distância radial ao eixo de rotação Vejamos alguns exemplos a seguir. A bobina da figura 9 encontra-se a um raio de r=60cm, em um campo de 0,1mT. Sendo a corrente de 30A, calcule: a. a força desenvolvida em cada condutor; Solução: 3 0,1 .1 0 . 30 . 0,6 1,8 F B I l F F mN − = = = UNIUBE 25 b. a força útil no momento em que a bobina se encontra em um ângulo de 60° com relação ao eixo interpolar de referência; c. o torque desenvolvido. f = F.sen -3 -3 f = 1,8. 10 . sen60° f = 1,56.10 N f = 1,56mN c r 3 c r c 3 c T f f .r T f 1,56 . 1 0 . 0,6 T 0,94m N m T 0,94 .1 0 N m − − = = = = = = Tc= fr = (F sen)θ r Veja que os condutores da região interpolar (figura 10) geram uma força igual a dos condutoresque se encontram diretamente sob a superfície polar, embora a componente útil da força, tangencial à armadura é zero. Adiante, se a bobina é livre para girar no sentido do torque desenvolvido sem que haja comutação, os sentidos nos condutores continuam inalterados, entretanto a força neles desenvolvida sofrerá uma reversão, como se vê a seguir, na Figura 10 (Kosow, 2000). Figura 10: Comutação em máquinas cc. Fonte: Kosow ( 2000). 26 UNIUBE 1.2.4 Equação fundamental do torque em máquinas CC O torque também está diretamente ligado ao número de polos. É importante salientar que, para um motor de CC, o número de caminhos, polos e condutores na armadura é fixo e constante. Daí, podemos considerar a equação do torque apenas em função das seguintes variáveis: aT k Iφ= Em que: φ = Fluxo por polo concatenando os condutores; aI = Corrente total que penetra na armadura. A semelhança da equação . . . F k B I l= , em que B e l determinam a força eletromagnética que produz o torque do motor, como o torque está em função do fluxo e da corrente de armadura, é independente da velocidade do motor. Adiantamos que a velocidade de motor depende do torque; no entanto, estes termos não podem ser usados como sinônimos, uma vez que um motor bloqueado tende a ter um alto valor de torque, no entanto, nenhuma velocidade. Vejamos o exemplo a seguir. Considerando-se um motor com um torque de 200Nm, com uma redução de 15% no fluxo de campo, produzindo um acréscimo de corrente de 40% na corrente de armadura, determine o novo torque. Solução: Inicialmente, temos: φ = 1,0mT aI = 1,0A T = 200Nm UNIUBE 27 Daí, ( ) 1, 40,85200 . . 1,0 1,0 200 . 0,85 .(1,4) 238 a a IT I T T Nm φ φ = = = Com o objetivo de exercitar esse conhecimento, realize as atividades a seguir. Atividade 12 Considerando-se um motor com um torque de 300Nm, com uma redução de 10% no fluxo de campo, produzindo um acréscimo de 30% na corrente de armadura, determine o novo torque. Atividade 13 Um motor, cujo torque é de 400Nm, com uma redução de 15% no fluxo de campo, produz um acréscimo de 40% na corrente de armadura. Determine o novo torque. Agora, verifique, a seguir, as resoluções das atividades e compare-as com as que você realizou. Resolução da atividade 12 AGORA É A SUA VEZ 1,30,9300 . . 1,0 1,0 351 a a IT I T N m φ φ = = ⋅ 28 UNIUBE Resolução da atividade 13 1,40,85400 . . 1,0 1,0 476 a a IT I T N m φ φ = = ⋅ 1.2.5 Força contraeletromotriz ou tensão gerada no motor Ao operar como motor em uma máquina CC, a força contraeletromotriz ocorre, simultaneamente, à ação geradora, pois os condutores se movimentam num campo magnético. Os condutores são percorridos pela corrente e produzem um torque no sentido horário e a fcem gira em sentido oposto. O fluxo da corrente, por meio da armadura, está limitado a sua resistência. Assim, a fcem pode ser representada por: ( ) /a a c aI V E R= − A fcem não pode igualar a tensão aplicada nos terminais; ora o sentido do fluxo inicial determina o sentido da rotação e cria, dessa forma, a fcem. Assim como a resistência da armadura, a fcem é um fator limitante à circulação da corrente. A queda de tensão nas escovas, BD, e a limitação da corrente pela fcem são exemplificadas a seguir. Um motor CC possui uma resistência de armadura 0,3Ω e uma queda de tensão nas escovas de 4V, com uma tensão aplicada de 120V na armadura. Determine a corrente de armadura, sendo: a. a velocidade produz uma fcem de 110V para uma dada carga; b. devido à aplicação de uma carga, a fcem tem um valor de 105V; UNIUBE 29 c. determine o percentual de variação na fcem e na corrente de armadura. Solução: a. ( ) 120 (110 4) 20 0,3 c a a V E BDI A R − + − + = = = b. No caso do aumento de carga 120 (105 4) 36,67 0,3a I A− += = c. 110 105 100% 4,54% 110c E −∆ = ⋅ = (20 36,67) .100% 83,35% 20 − ∆ = = Observe que há uma baixa variação na fcem e na velocidade (4,54%), resultando 7,57% numa considerável variação na corrente da armadura. A velocidade do motor varia, correspondendo em grandes variações na corrente do motor. Por isso, em alguns casos, a corrente do motor é usada para indicação da carga e da velocidade. Com o objetivo de exercitar esse conhecimento, realize as atividades a seguir. Atividade 14 Um motor de 200V, com resistência de circuito de armadura de 0,3Ω, resistência de 80Ω no circuito de campo, absorve da rede uma corrente de linha de 80A a plena carga de 1800rpm. Determine: a) a velocidade em meia carga; b) a velocidade em sobrecarga de 1,2%. AGORA É A SUA VEZ 30 UNIUBE Atividade 15 Calcule os vários valores da resistência de partida para limitar a corrente de um motor-shunt CC de 120V que possui uma resistência da armadura de 0,2Ω e uma queda no contato das escovas de 2V, e a corrente nominal a plena carga é 75A, para: a. uma carga 150% superior na partida ao valor nominal; b. uma fcem com 25% do valor da tensão da armadura, V_a, com uma corrente de 150% do valor nominal; c. uma fcem com 50% do valor da tensão de armadura, com uma I_st = 1,5 I_N; d. calcule a fcem a plena carga, sem resistência de partida. Agora, verifique, a seguir, as resoluções das atividades e compare-as com as que você realizou. Atividade 14 a) a fI I Iι= − 20080 80 77,5 ( ) 200 (77,5 . 0,3 3) 173,75 a a c a a a c c I I A E V I R BD E E V = − = = − + = − + = Em velocidade nominal de 1800rpm: 173,75 77,5 c a E V I A = = No caso de meia carga, temos: 77,5 38,75 2 ( ) 200 (38,75 . 0,3 3) 185,37 a c a a a c c I E V I R BD E E V = = = − + = − + = UNIUBE 31 Logo, 185,37. 1800. 1920,38 173,75 final orig orig E N N rpm E = = = b) Para sobrecarga de 20%, temos: 20% 1,2 . 77,5 93 ( ) 200 (93 . 0,3 3) 169,10 173,751800. 1687,16 185,37 a c a a a c c I E V I R BD E E V N rpm = = = − + = − + = = = Atividade 15 a) Na partida, cE é zero: ( ) 120 2 0, 2 1,05 0,2 1,5 . 75 0,85 a c s a a s s V E BDR R I R R − + = − − = − = − = Ω b) a c s a a V (E BD)R R I 120 30 2 0, 2 0,782 0,2 1,5 . 75 0,582 s s R R − + = − − − = − = − = Ω 32 UNIUBE c) s 120 (60 2)R 0,2 0,516 0,2 1,5 . 75 0,316sR − + = − = − = Ω d) ( ) c a a aE V (I R BD) 120 75 . 0, 2 2 103 c c E E V = − + = − + = 1.2.6 Velocidade do motor como função da fcem e do fluxo Para uma dada máquina CC, em função de suas variáveis, equações e fem podem ser expressas por: cE k Nφ= Em que: φ é o fluxo por polo; k é ( 8)( / 60 )10ZP a − para uma dada máquina; N é a velocidade de rotação do motor em RPM. A fcem, incluindo a queda de tensão nas escovas, BD, é ( )c a a aE V I R BD= − + Substituindo k Nφ por cE e resolvendo em função da velocidade, teremos a equação fundamental da velocidade do motor CC: ( )a a aV I R BDN kφ − + = UNIUBE 33 Assim, podemos rapidamente avaliar a performance de um motor CC. Como exemplo, se o fluxo polar é enfraquecido, o motor dispara. Ficando em zero o denominador, a velocidade se aproxima do infinito. Da mesma forma, se corrente e fluxo são constantes, enquanto a tensão aplicada aumenta, a velocidade sobe na mesma proporção. Portanto, se o fluxo polar e a tensão aplicada nos terminais continuarem fixos, e a corrente da armadura aumentar por acúmulo de carga, a velocidade cairá na proporção do decréscimo da fcem. IMPORTANTE! Vejamos os exemplos a seguir. 1) Um motor de 180V, com resistência de circuito de armadura de 0,3Ω, resistência de 80Ω no circuito de campo, absorve da rede uma corrente de linha de 80A a plena carga. Sendo a queda de tensão nas escovas na situação nominal de 4V e a velocidade a plena carga de 1800rpm, determine: a. a velocidade em meia carga; b. a velocidade em sobrecarga de 20%. Solução: a. ( ) 18080 77,75 80 180 (77,75 0,3 4 152,67a l f c a a a c I I I A E V I R BD x E V = − = − = Ω = − + = − + = ) 34 UNIUBE em velocidade nominal de 1800 rpm 152,67 77,75 c a E V I A = = no caso de meia carga, temos: ( ) 77,75 38,87 2 180 (38,87 0,3 4) 164,34 a c a a a c I A E V I R BD x E V = = = − + = − + = logo: 164,341800 1937,6 152,67 final orig orig E N N rpm E = = = b. Para sobrecarga de 20%, temos: ( ) ( ) 20% 1,20 77,75 93,3 180 93,3 0,3 4 148 148,01800 1745 152,67 a c a a a I x A E V I R BD x V N rpm = = = − + = − + = = = 2) Para o exemplo anterior, carregamos temporariamente com uma corrente de linha de 88A; no entanto, para conseguirmos produzir o torque necessário, o fluxo polar é aumentado em 10% por meio da redução da resistência do circuito do campo para 50Ω. Determine a velocidade do motor. Solução: ( ) 18088 84,4 50 180 (84,4 0,3 4) 150,68 a l f c a a a c I I I A E V I R BD x E V = − = − = = − + = − + = UNIUBE 35 Daí, 150,68 1,01800 . 152,67 1,1 1615 ckEN N rpm φ = = = 1.2.7 Relação entre torque e velocidade do motor De uma forma ideal, vamos considerar a queda de tensão nas escovas BD igual a zero. Sendo ( ) /a a aN V I R kφ= − , temos uma inconsistência entre aT k Iφ= , uma vez que o torque é uma força tendendo para produzir rotação, de acordo com o aumento de fluxo polar, haverá uma tendência de aumentar o torque e a velocidade. No entanto, o aumento do fluxo polar reduzirá a velocidade. Na realidade, não há inconsistência, sendo ( ) /a a c aI V I R= − , podemos explicar de forma qualitativa: a. no caso do motor-shunt, o fluxo do polo é reduzido pelo decréscimo da corrente de campo; b. cE (fcem) diminui instantaneamente; c. diminuindo cE , temos um aumento na corrente de armadura aI ; d. sendo que uma pequena variação no fluxo polar gera um grande aumento na corrente de armadura; e. daí, sendo aT k Iφ= , com um pequeno decréscimo no fluxo é compensado por um grande aumento na corrente de armadura. Chamamos a atenção para o fato de que o aumento no torque é superior à redução de fluxo. f. o aumento do torque gera um aumento na velocidade. 36 UNIUBE Concluímos que é possível aumentar o fluxo polar e, simultaneamente, aumentar a velocidade, desde que a corrente de armadura for mantida constante, aT k Iφ= . Conseguimos isto por meio de um servomotor CC, em que a corrente aI é invariável, uma vez que a armadura está ligada a uma fonte de corrente constante. IMPORTANTE! Caso não aplicarmos nenhuma tensão CC no enrolamento de campo com excitação independente, não haverá torque. Conforme a equação aT k Iφ= , quando uma pequena tensão CC é aplicada ao campo, tem-se um pequeno torque e a armadura gira lentamente. Uma vez que a corrente de armadura não varia, o torque e a velocidade são proporcionais apenas ao fluxo polar. Veja a Figura 11: Figura 11: Servomotor. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Caso o circuito de campo de um motor-shunt seja desligado, o que acontecerá com o motor? UNIUBE 37 Sabemos que pequenas diminuições no fluxo geram grandes aumentos no torque e na corrente de armadura. Um motor com carga e com o enrolamento de campo aberto absorve uma corrente muito elevada de armadura à medida que vai alcançando velocidades cada vez maiores; por consequência, produz cargas mecânicas e forças centrífugas muito elevadas nos seus condutores de armadura. O que vai proteger o motor será o uso de disjuntor e fusíveis para proteção, uma vez que teremos excessiva corrente de armadura. 1.2.8 Controle de Velocidades nos Motores CC O modelo do circuito elétrico do motor CC é ilustrado na Figura 12. Figura 12: Modelo elétrico de um motor cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). A Lei de Kirchhoff aplicada ao circuito de armadura resulta em: .a a aU R I E= + Em que: aU : tensão de armadura; aR : resistência de armadura; aI : corrente de armadura; E : força eletromotriz induzida ou Força Contra-Eletromotriz da armadura. 38 UNIUBE Pela Lei de Faraday, a força eletromotriz é proporcional ao fluxo e à rotação, ou seja: 1. .E K φη= Combinando as equações, a expressão para a velocidade do motor CC é dada por: 1 .a a aU R IKη φ − = Em que: η : velocidade de rotação; 1K : constante que depende do tamanho do rotor, do número de polos do rotor, e como esses polos são interconectados; φ : fluxo no entreferro. Admitindo-se que a queda de tensão na armadura é pequena, ou seja, . 0a aR I ≅ , a expressão se reduz a: 1 aUKη φ = Portanto, a velocidade é diretamente proporcional à tensão de armadura, e inversamente proporcional ao fluxo no entreferro. O controle da velocidade, até a velocidade nominal, é feito por meio da variação da tensão de armadura do motor mantendo-se o fluxo constante. Velocidades superiores à nominal podem ser conseguidas pela diminuição do fluxo, mantendo-se a tensão de armadura constante. Sabendo que o fluxo é proporcional à corrente de campo, ou seja: 2. fK Iφ = UNIUBE 39 Em que: 2K : constante; fI : corrente de campo. Tais velocidades são atingidas por meio da diminuição da corrente de campo, mantendo-se a tensão de armadura constante. O conjugado do motor é dado por: 3. .aC K I φ= Em que: C : conjugado eletromagnético do motor; 3K : constante. Como vimos anteriormente, o controle de velocidade, até a rotação nominal, é feito por meio da variação da tensão da armadura, mantendo- se o fluxo constante. Dessa forma, observando-se a equação, a corrente de armadura se eleva transitoriamente, de forma apreciável, de modo a produzir o conjugado total requerido pela carga, mais o conjugado necessário para a aceleração. O conjugado acelerador incrementa a velocidade da máquina e, de acordo com a equação, a força eletromotriz induzida no motor também aumenta. Assim, a corrente transitória cai até um ponto de equilíbrio, que corresponde à manutenção do torque exigido pela carga. Esse ponto de equilíbrio é definido pelo valor da tensão de armadura aplicado e pela queda da tensão na resistência de armadura. Se o conjugado requerido pela carga for constante, o motor tenderá a supri-lo, sempre absorvendo uma corrente de armadura também praticamente constante. Somente durante as acelerações provocadas pelo aumento da tensão, que transitoriamente a corrente se eleva para 40 UNIUBE provocar a aceleração da máquina, retornando, após isso, ao seu valor original. Portanto, em regime, o motor CC opera a corrente de armadura essencialmente constante também. O nível dessa corrente é determinado pela carga no eixo. Neste sentido, no modo de variação pela tensão de armadura, até a rotação nominal, o motor tem a disponibilidade de acionar a carga exercendo um torque constante em qualquer rotação de regime estabelecida, como mostra a figura a seguir, que representa as curvas características dos motores CC. Esse pode ser um torque qualquer, até o limite do valor nominal, que corresponde a uma corrente de armadura nominal, definida por aspectos térmicos de dimensionamento do motor. Analise a Figura 13: Figura 13: Características motor cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). O controle da velocidade após a rotação nominal é feito variando-se o fluxo e mantendo a tensão de armadura constante e, por isso, chama-se zona de enfraquecimento de campo. UNIUBE 41 Para se aumentar a velocidade, deve-se reduzir o fluxo, existindo, entre ambos, uma relação hiperbólica. Assim, 4. .a aK U IC η = Portanto, acima da rotação nominal, como a tensão e a corrente de armadura são constantes, o conjugado é inversamente proporcional à rotação, como também pode ser visto na figura anterior. 1.2.9 Tipos de excitação As características dos motores de corrente contínua são profundamente afetadas pelo tipo de excitação prevista. O quadro, a seguir, apresenta os diferentes tipos de excitação e suas respectivas características. Veja o Quadro 1 a seguir: Quadro 1: Tipos de excitação do campo Tipo de excitação Representação CaracterísticasSérie • Bobinas de campo estão em série com o enrolamento da armadura. • Só há fluxo no entreferro da máquina quando a corrente da armadura for diferente de zero (máquina carregada). • Conjugado é a função quadrá- tica da corrente, uma vez que o fluxo é praticamente proporcional à corrente de armadura . • Conjugado elevado em bai- xa rotação. • Potência constante . • Velocidade extremamente elevada quando o motor é descarregado, por isso não se recomenda utilizar trans- missões por meio de polias e correias. 42 UNIUBE Paralelo • Velocidade praticamente constante • Velocidade ajustável por variação da tensão de ar- madura Independente • Motor excitado externamen- te pelo circuito de campo • Velocidade praticamente constante • Velocidade ajustável por variação da tensão de ar- madura e também por en- fraquecimento de campo • São os motores mais apli- cados com conversores CAiCC na indústria • Aplicações mais comuns: máquinas de papel, lamina- dores, extrusoras, fornos de cimento etc. 1.2.10 Vantagens e desvantagens dos acionamentos em corrente contínua Dependendo da aplicação, os acionamentos em corrente contínua são geralmente os que apresentam os maiores benefícios, também em termos de confiabilidade, operação amigável e dinâmica de controle. Por outro lado, esse tipo de acionamento apresenta algumas desvantagens. Vantagens: • operação em 4 quadrantes com custos relativamente mais baixos; • ciclo contínuo mesmo em baixas rotações; • alto torque na partida e em baixas rotações; • ampla variação de velocidade; • facilidade em controlar a velocidade; UNIUBE 43 • os conversores CA/CC requerem menos espaço; • confiabilidade; • flexibilidade (vários tipos de excitação); • relativa simplicidade dos modernos conversores CA/CC. Desvantagens: • os motores de corrente contínua são maiores e mais caros que os motores de indução, para uma mesma potência; • maior necessidade de manutenção (devido aos comutadores); • arcos e faíscas devido à comutação de corrente por elemento mecânico (não pode ser aplicado em ambientes perigosos); • tensão entre lâminas não pode exceder 20V, ou seja, não podem ser alimentados com tensão superior a 900V, enquanto que motores de corrente alternada podem ter milhares de volts aplicados aos seus terminais; • necessidade de medidas de partida, mesmo em máquinas pequenas. 1.2.11 Dispositivo de partida para motores de CC Aplicando uma tensão nos terminais de armadura aV para iniciar a rotação, não haverá uma fcem. Teremos apenas uma queda de tensão nos contatos das escovas e a resistência no circuito da armadura, que, juntos, atingem, no máximo, 15% da tensão aplicada. Vamos exemplificar, por meio do exercício, a seguir. Sendo um motor CC de 180V que possui uma resistência de armadura de 0,3 Ω e uma queda de tensão nas escovas de 3V, determine a corrente na partida e o valor percentual em relação à corrente nominal, sendo que a corrente a plena carga é igual a 80A. 44 UNIUBE Solução: Percentual a plena carga: 180 3 590 0,3 a p a V BDI A R − − = = = 590 1 00 737,5% 80 A x A = Diante disto, devido à falta da fcem no instante da partida, para o exemplo apresentado, temos 737,5% de aumento do valor da corrente nominal. Deveremos utilizar um dispositivo de partida para limitar esta corrente. Iniciando a rotação, a fcem irá crescer proporcionalmente ao aumento da velocidade. Devemos inserir uma resistência em série com o circuito de armadura para limitar esta corrente no momento da partida. À medida que o motor vai adquirindo velocidade, vai-se diminuindo a resistência do reostato. Inserindo este reostato, temos: ( )a c a a s V E BDI R R − + = + A seguir, temos um exemplo do cálculo do resistor de partida: Determine os vários valores do reostato Rs, para o exemplo anterior. a. carga de 180% superior acima da nominal; b. sendo a fcem 20% do valor da tensão de armadura, com uma corrente de 200% do valor nominal; c. sendo a fcem com 50% do valor da tensão de armadura, com uma corrente de 1,8pI In= ; d. calcule a fcem a plena carga, sem resistência de partida. ( )a c s a a V E BDR R I − + = − UNIUBE 45 Solução: a. Na partida, cE é zero, logo: 180 -3 - 0,3 0,93 1,8 80 a s a a s V BDR R I R x − = − = = Ω b. ( ) 180 (45 3) 0,3 0,62 1,8 80 a c s a a s V E BDR R I R x − + = − − + = − = Ω c. 180 (90 3) 0,3 0,3 1,8 80s R x − + = − = Ω d. ( ) ( ) 180 80 0,3 3 153 c a a a c E V I R BD E x V = − + = − + = Na Figura 14, a seguir, veremos três tipos de máquinas CC usando o dispositivo de partida. 46 UNIUBE Figura 14: Dispositivos de partida do motor cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). UNIUBE 47 Estes exemplos são apenas didáticos; os dispositivos usados comercialmente se diferem um pouco. 1.2.12 Características do torque eletromagnético dos motores CC A equação fundamental do torque nos prediz como o torque de cada tipo de motor varia quando aplicado à corrente da armadura. Supondo que cada tipo de motor foi ligado e acelerado, de modo que a armadura está ligada por meio dos terminais de linha, que efeito causa o aumento de carga sobre o torque dos motores CC? • Motor-shunt Em funcionamento normal, a corrente no circuito do campo-shunt é constante para o valor do reostato de campo e, assim, o fluxo também é constante. À medida que aumentamos a carga mecânica, o motor diminui um pouco sua velocidade, diminuindo a fcem e aumentando a corrente de armadura. Na equação básica do torque, então, o fluxo é essencialmente constante e, se a corrente da armadura aumenta diretamente com a aplicação da carga mecânica, podemos expressar a equação do torque para o motor-shunt por uma equação linear, ' aT k I= . • Motor-série Rompendo as bobinas do campo-shunt da máquina CC e substituindo- as por um enrolamento de campo-série, a armadura idêntica produzirá a curva de torque para o motor-série, como se observa na Figura 16. No motor-série, as correntes de armadura e do campo-série são as mesmas, e o fluxo proveniente é, durante todo o tempo, proporcional à corrente da armadura. 48 UNIUBE A equação básica do torque para a operação do motor-série torna-se 2" aT k I= . Sendo o núcleo polar não saturado, a relação torque-carga é exponencial, como podemos observar na Figura 15 a seguir. Figura 15: Características torque-carga da máquina cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Observe que o torque do motor-série para cargas de baixo valor é inferior ao do motor-shunt, pois desenvolve fluxo menor. Todavia, para a mesma corrente na armadura a plena carga, o torque é superior, comparando, respectivamente, as duas equações. • Motores compostos Quando enrolamentos de campo série e shunt combinados são instalados nos polos da máquina CC considerada, o efeito campo-série poderá ser composto cumulativo ou diferencial. Apesar da composição, contudo, a corrente no circuito do campo-shunt e o fluxo polar, durante a partida UNIUBE 49 ou funcionamento normal, é essencialmente constante. A corrente no campo-série é uma função da corrente de carga solicitada pela armadura. A seguir, a equação básica do torque para motor composto cumulativo: ( )f s aT k Iφ φ= + O motor composto cumulativo produz uma curva de torque sempre mais elevada que a do motor-shunt para o mesmo valor de corrente da armadura. No caso do motor composto diferencial, este produz uma curva de torque sempre menor do que o do motor-shunt. Isto se deve ao fato de que partindo com fluxo igual ao do campo-shunt sem carga, qualquer valor da corrente de armadura produzirá uma fmm do campo-série, que deverá reduzir o fluxo total no entreferro e, desta forma, o torque. ( )f sT k φ φ= + Vejamos o exemplo a seguir. Sendo um motor-série que absorve uma corrente de 30A com um torque de 100Nm, calcule: a. torque quando a corrente aumenta para 40A, considerando o campo sem saturação; b. o torque quando a corrente aumenta para 60A, produzindo70% de acréscimo ao fluxo. Solução: 2 2 40 . 100 . 177,78 30a T k I Nm = = = 60 1,7 . . 100 . . 340 30 1,0a T k I Nmφ = = = 50 UNIUBE 1.2.13 Característica de velocidade dos motores CC O gráfico da Figura 16 mostra a curva característica de velocidade-carga para cada motor: Figura 16: Característica carga-velocidade de uma máquina cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). • Motor-shunt Por meio do gráfico, podemos notar que, quando uma carga mecânica é aplicada ao eixo do motor, a fcem desde a vazio até plena carga sofre uma variação de 20%, ou seja, de 0,95Va a 0,75Va. A velocidade não sofre grandes variações. • Motor-série Com uma carga pequena, temos um elevado valor de velocidade, desta forma sem carga, com pequena corrente de armadura e pequeno fluxo polar, a velocidade é excessivamente elevada. Com o aumento de carga, a velocidade cai. UNIUBE 51 Os motores-série são normalmente equipados com chaves centrífugas que atuam em 150% acima do valor nominal. Normalmente, são utilizadas acopladas ou engrenadas com a carga. • Motor composto diferencial A velocidade cai pouco para cargas leves, mas com o aumento da carga, a velocidade aumenta, tendo assim o que chamamos de instabilidade dinâmica. Este tipo de motor raramente é usado. • Motor composto cumulativo A velocidade deste motor cai em uma razão mais elevada do que a velocidade do motor-shunt com a aplicação de carga. 1.2.14 Comparação das características do torque e velocidade-carga com corrente nominal Os gráficos da Figura 17 fornecem-nos uma comparação dos motores de CC, de mesma tensão e potência mecânica de saída e mesmas especificações de velocidade. Figura 17: Característica torque e velocidade carga para corrente nominal. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). 52 UNIUBE 1.2.15 Reação da armadura Todas as armaduras, sejam rotativas ou estacionárias, carregam corrente CA. Em todas as máquinas elétricas, os condutores da armadura estão engatados em ranhuras no núcleo de ferro da armadura, em que eles produzem fluxo ou fmm proporcional à quantidade de corrente que carregam. No caso dos motores, a corrente que flui nos condutores da armadura, resultado da tensão aplicada ao motor, deve ser investida à medida que o condutor se move sob um polo de polaridade oposta. Neste caso, isto é, cumprido pelo comutador que converte a CC aplicada às escovas em CA nos condutores da armadura. Para a Figura 18, cada condutor conectado em série, com corrente, produz uma fmm sob a superfície de um polo e uma fmm de polaridade oposta sob um polo oposto. O efeito resultante das fmm individuais é a produção de um fluxo resultante na armadura no sentido mostrado na figura em questão. Figura 18: Fluxo resultante na armadura da máquina. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). UNIUBE 53 1.2.16 Efeito do fluxo da armadura no fluxo polar Temos duas fmm e dois fluxos operando na máquina, um deles é o fluxo da armadura e o outro é o fluxo de campo ou polar, produzido pelos enrolamentos de campo em torno dos polos. Vejamos a Figura 19, a seguir. Figura 19: Reação da armadura. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). 54 UNIUBE O fluxo da armadura, mostrado na figura 19a, com seu fasor de campo magnético ∅_a, é produzido pela fmm da armadura ( o aN I ). Já, o fluxo de campo principal é mostrado na figura 19b, com seu fasor ∅_f, produzido pela fmm polar ( f fN I ). Desta forma, obtemos a soma fasorial das duas fmm, figura 19c, com o fluxo resultante ∅_r. Obtemos um fluxo de campo, que entra na armadura, deslocado e também torcido (Figura 19 c). De acordo com a figura 19c, podemos concluir que: a. fluxo mútuo no entreferro não é mais uniformemente distribuído nos polos, além do plano neutro ficar deslocado; b. redução no fluxo principal de campo, que, no caso do motor, é responsável pelo aumento de velocidade do motor com o aumento de carga. 1.2.17 Compensação para reação da armadura em máquina CC Extremidades dos polos com alta relutância. Usando uma técnica para impedir a concentração da densidade de fluxo numa extremidade qualquer do polo, podemos solucionar a situação, uma vez que o fluxo entraria na armadura sem deslocar a linha neutra. UNIUBE 55 Figura 20: Compensação da reação da armadura. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Mostramos esta técnica por meio da figura 20a, na qual o centro do polo está mais próximo da circunferência periférica da armadura do que as extremidades polares. Daí, temos um maior entreferro nas extremidades do polo, forçando o fluxo de campo a ser confinado no centro de cada um dos núcleos polares. Veja a Figura 20: Outra forma consiste em alternar as lâminas, conforme figura 20b, fazendo com que o centro do núcleo polar tenha mais ferro que as extremidades, logo, menos relutância no centro. 56 UNIUBE Figura 21: Redução do fluxo da armadura. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). 1.2.18 Redução no fluxo da armadura Ao reduzirmos drasticamente o fluxo da armadura, sendo o fluxo polar praticamente o mesmo, utilizando laminação nos polos, perfurados e ranhurados, introduzimos vários entreferros no caminho magnético de fluxo da armadura, sem, é claro, alterar o caminho de fluxo polar. Observe a Figura 21: UNIUBE 57 1.2.19 Enrolamento de compensação Em grandes máquinas, utilizamos o enrolamento de compensação, também chamado de enrolamento de face polar, ou ainda enrolamento Thomson-Ryan. Este enrolamento é inserido em ranhuras na face da sapata polar estacionária. Temos que o fluxo resultante na armadura cai na zona interpolar ou neutro magnético, entre polos, perpendicular ao fluxo polar principal. Caso os polos da figura 18a sejam girados no sentido horário, temos que o neutro magnético irá se deslocar no sentido dos ponteiros de relógio de um mesmo grau, uma vez que ele é sempre perpendicular ao campo magnético. 1.2.20 Compensação para a reação da armadura em máquinas CC Não podemos manter uma posição em uma máquina e deslocar as escovas de acordo com as variações de carga e aplicações. Vamos expor brevemente alguns dos vários métodos de compensação para os efeitos da variação da armadura: • extremidade dos polos com alta relutância; • redução do fluxo da armadura; • enrolamento de compensação. 1.2.21 Perdas em máquinas elétricas A potência total recebida por uma máquina deve se igualar a sua potência de saída mais a perda total de potência. En saída perdasP P P= + 58 UNIUBE Claro que a potência entregue a uma máquina deve ser superior à potência de saída, uma vez que temos as perdas de potência, onde não se realiza um trabalho útil, isto é, transforma-se em calor, luz ou energia química. Podemos definir o rendimento de um motor por: En perdas En P P n P − = As perdas de potência nas máquinas podem ser divididas em duas grandes classes: 1. as que são produzidas pela circulação de corrente pelas diferentes partes do enrolamento de máquinas chamadas perdas elétricas; 2. as que são função direta do movimento dinâmico da máquina, chamadas de perdas rotacionais ou potência extraviada. Observe o Quadro 2: Quadro 2: Perdas e potências nas máquinas cc DISTRIBUIÇÃO DAS PERDAS DE POTÊNCIA DAS MÁQUINAS A. Perdas Elétricas Descrição e fórmulas para as perdas componentes 1. Perda no circuito de excitação CC do campo No reostato, 2f rI R e, no enrolamento de campo, 2f rI R: f fV I 2. Perda no enrolamento da armadura, 2a aI R 3. Perda na excitação CA do estator, 2a aI R 4. Perda no enrolamento do rotor, 2r rI R 5. Perda na escova ou na resistência do contato tecla-escova (ou perda nos anéis), e aV I 6. Perdas nos interpolos, enrolamentos de compensação, campos-série, campos de controle etc. Efeitos da aplicação de carga 1. Razoavelmente constante com a carga, mas pode aumentar um pouco, dependendo da regulação requerida e do fator de potência – uma função de fI 2. Aumenta com o quadrado da carga 3. Aumenta com o quadrado da carga 4. Aumenta com o quadrado da carga 5. Aumentacom a carga 6. Aumenta com o quadrado da carga UNIUBE 59 B. Perdas rotacionais (Potência extraviada) Descrição e fórmulas para os componentes das perdas 1. Atrito nos rolamentos 2. Ventilação (atrito com o ar) no rotor 3. Atrito nas escovas 4. Perda no ventilador 5. Perdas na bomba de resfriamento e/ou óleo dos rolamentos (se montada no eixo do rotor) Efeitos da aplicação de cargas Estas perdas são constantes a uma velocidade constante: variam apenas na proporção direta da variação de velocidade Perdas no núcleo (ou no ferro) 1. Perdas por histerese, xh hP K B fV= 2. Perdas por correntes parasitas 2 2 2e 1P K B f t V= Efeitos da aplicação de cargas Estas perdas são constantes a velocidade constante: variam na proporção direta das variações do fluxo e da velocidade (frequência) C. Perdas adicionais sob carga Fluxo disperso nos dentes, cantos de ranhuras, estrutura-suporte, faces polares etc. Fluxo de reação da armadura nos dentes, cantos de ranhuras, estruturas-suporte, faces polares etc. As perdas adicionais são usualmente estabelecidas como sendo de 1% da potência de saída de geradores acima de 150kW e de motores acima de 200 HP; são consideradas desprezíveis para máquinas abaixo destas potências. 1.2.22 Rendimento das máquinas de corrente contínua Determinamos as perdas rotacionais fazendo o motor (ou gerador também) funcionar como um motor trabalhando a vazio, com a velocidade nominal e com uma tensão aplicada à armadura, que deve corresponder à sua fcem induzida ou gerada a plena carga. A Figura 22 mostra a disposição dos instrumentos para realizar este ensaio. 60 UNIUBE Figura 22: Métodos para a determinação de perdas rotacionais de máquinas cc. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). Realizando a medição da potência elétrica de entrada, e computadas as perdas elétricas, temos que a diferença entre a potência elétrica total de entrada e as perdas elétricas computadas deve representar as perdas rotacionais do motor à velocidade nominal. Desta forma: Perdas rotacionais = Potência elétrica de entrada – Perdas elétricas Perdas rotacionais = Potência elétrica de entrada – (Perdas no circuito do campo + Perdas combinadas no circuito de armadura) Perdas rotacionais = 2 . a a a a a aV I I R V I− ≅ Notamos que as perdas elétricas na armadura, a vazio, são tão pequenas que podem ser desprezadas e as perdas rotacionais podem ser simplesmente a aV I . UNIUBE 61 Vejamos o exemplo a seguir. Considerando um motor de 10kW, 220V, 1800rpm sem carga para podermos determinar suas perdas rotacionais à carga nominal. aV aplicada foi de 250V, sendo aI a igual a 3A. A resistência de campo do gerador é de 250Ω e a medida do circuito de armadura 0,3 Ω. Determine: a. as perdas rotacionais (potência extraviada) a plena carga; b. as perdas do circuito da armadura, a plena carga e as perdas no campo; c. o rendimento do gerador a 1/4, 1/2 e 3/4 da carga nominal; à carga nominal e a 1¼ dela. Solução: a. Perdas rotacionais = 2 a a a aV I I R− Perdas rotacionais = ( )2250 3 3 0,3 750 2,7x x− = − Perdas rotacionais = 747,30W Desta forma, são desprezíveis as perdas por 2a aI R , e que, se aproximar- mos para a aV I , ficam muito próximas do valor correto. b. 10000 40 250L t PI A V = = = 250 80 81 250 a f L VI I I A= + = + = Ω Perda da armadura a plena carga 2 2 . (81) 0,3 1968,3a aI R x W= = Perda no campo 250 1 250f fV I V x A W= = 62 UNIUBE c. O rendimento a qualquer carga: Potência de saída para a referidacargan Potência saída para referidacarga Perdas rotacionais Perdas elétricas a plenacarga = + + , Rendimento de 1/4 carga = [ ] 10000 4 1 00 10000 747,3 1968,3 /16 250 4 x + + + Rendimento de 1/4 carga 2500 2500 1 00 1 00 2500 747,3 373 3620,3 x x= = + + Rendimento de 1/4 carga = 69% Rendimento de 1/2 carga = [ ] 10000 2 1 00 10000 747,3 1968,3 / 4 250 2 x + + + Rendimento de 1/2 carga 5000 5000 1 00 1 00 5000 747,3 742 6489,37 x x= = + + Rendimento de 1/2 carga = 77% Rendimento de 3/4 carga = [ ] [ ] 10000 x (3 / 4) x1 00 10000(3 / 4) 747,3 1968,3(9 /16) 250+ + + Rendimento de 3/4 carga 7500 7500 1 00 1 00 7500 747,3 1357 9604,5 x x= = + + Rendimento de 3/4 carga = 78% Rendimento a plena carga = 10000 1 00 10000 747,3 (1968,3 250) x + + + Rendimento a plena carga = 10000 1 00 12965,6 x Rendimento a plena carga = 77,13% Rendimento de 1,25 da carga nominal = [ ] 10000 x1 , 25 x1 00 10000 x1 , 25 747,3 1968,3 x1 , 25 250+ + + Rendimento de 1,25 da carga nominal 12500 x1 00 12500 747,3 2710+ + UNIUBE 63 Rendimento de 1,25 da carga nominal = 12500 x1 00 15957,7 Rendimento de 1,25 da carga nominal = 78% Com o objetivo de exercitar o conhecimento construído, realize as atividades a seguir. Atividade 16 Determine o valor do campo magnético, em Tesla, de um fio retilíneo de 1m, perpendicular ao campo magnético, sendo este percorrido por uma corrente de 80A, com uma força de 10mN. Atividade 17 Determine o valor da força F, sendo que um fio de 3m de comprimento está imerso em um campo magnético de 200 μT. O fio tem movimento de 45° em relação ao campo magnético. A corrente é de 90A. Atividade 18 Para o exercício anterior, considere o condutor com ângulo de 60° em relação ao campo magnético. Atividade 19 Determine o ângulo que um condutor retilíneo de 1m faz com as linhas de campo magnético de 1mT. A corrente que percorre o condutor é de 10A. Considere a força de 5mN. Atividade 20 Determine o valor da corrente, em um fio retilíneo de 2m perpendicular ao campo magnético, sendo exercida sobre ele uma força de 20MN e o campo de 150μT. AGORA É A SUA VEZ 64 UNIUBE Agora, verifique, a seguir, as resoluções das atividades e compare-as com as que você realizou. Atividade 16 3 3 . . . 10.10 10.10 . 1.80. 90 80 0,125 125 F B l i sen FB li sen sen B mT B T φ φ µ − − = = = = ° = ∴ = Atividade 17 F = B l i . xn o F = 200.10-6 . 3 . 90 . sen 45° F = 38, 18 MN Atividade 18 3 310.10 10.10 . 1.80. 60 69,28 0,144 144 FB li sen sen B mT B T φ µ − − = = = ° = ∴ = Atividade 19 3 3 3 3 . . . 5.10 . . 1.10 .1.10 5.10 5 0,5 10 .10 10 30 F B l i sen Fsen B l i sen sen φ φ φ φ − − − − = = = = = = = ° UNIUBE 65 Atividade 20 3 6 3 6 . . . 20 .10 150 .1 0 . 2 . . 90 20.10 66,6 150 .10 . 2 . 90 F B l i sen i sen i A sen φ − − − − = = ° = = ° Neste capítulo, estudamos a conversão eletromecânica de energia, princípio responsável pelo funcionamento de vários equipamentos, como motores e geradores elétricos, microfones, alto-falantes, transformadores, entre outros. Além disso, vimos a teoria acerca dos motores de corrente contínua, um dos equipamentos que utilizam a conversão eletromecânica. Foram abordados aspectos como, sua construção, as relações das grandezas na máquina, características de velocidade e seu controle, tipos de excitação, vantagens e desvantagens de sua aplicação, fluxo na máquina e reação da armadura. Esse tipo de motor é muito utilizado em aplicações que requerem controle de velocidade. Resumo JORDÃO, Rubens Guedes. Máquinas síncronas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. São Paulo: EDUSP, 1980. KINGSLEY JUNIOR, Charles; FITZGERALD, A. E.; UMANS, Stephen D. Solução máquinas elétricas. 6. ed. Porto Alegre: Art Med Editora S.A, 2006. KOSOW, Irving L. Máquinas elétricas e transformadores. 14. ed. São Paulo: Editora Globo, 2000. MARTIGNONI, Alfonso. Máquinas síncronas. Série de manuais técnicos. São Paulo: Edart, 1967. Referências Claudio Torres Introdução Máquinas de indução polifásicas Capítulo 2 Do ponto de vista magnético, todas as máquinas elétricas baseiam- se no princípio da tendência de alinhamento existente entre dois campos magnéticos, produzidos em partes diferentes, estator e rotor. É exatamente esta tendência que permite a contínua conversão eletromecânica de energia, e cujos princípios constituema base de funcionamento de máquinas de indução polifásicas. As máquinas de indução são as de mais largo emprego na indústria, operando, principalmente, como motor. Sua grande utilização se deve ao seu baixo custo, pouca necessidade de manutenção, robustez e possibilidade de emprego em qualquer ambiente. Possui, no entanto, a desvantagem de não ter sua velocidade facilmente controlada, como no caso de motores de corrente contínua. Mas essa limitação também tende a diminuir, pois, atualmente, está bastante difundido o uso de inversores de frequência, que fazem esse controle de forma efi ciente. Esse estudo é fundamental para sua atuação na área de engenharia elétrica. Neste sentido, organizamos este capítulo. Assim, veremos o funcionamento do motor de indução trifásico, os circuitos de equivalência, suas características. Veremos ainda os métodos de partida desses motores e aprenderemos a analisar o rendimento deles. 68 UNIUBE Objetivos Após o término dos estudos deste capítulo, esperamos que você esteja apto(a) a: • reconhecer o funcionamento do motor de indução trifásico; • analisar circuito de equivalência do motor de indução trifásico; • entender as curvas características do motor de indução trifásico; • reconhecer os métodos de partida dos motores de indução; • realizar análises de rendimento do motor de indução. Esquema 2.1 Motor de indução 2.2 Comentários básicos de construção 2.2.1 Rotor gaiola de esquilo 2.2.2 Rotor bobinado 2.3 Produção de campo magnético e girante 2.4 Princípio do motor de Indução 2.5 Ensaios a vazio e em curto circuito 2.5.1 Ensaio a vazio 2.5.2 Ensaio em curto circuito 2.5.3 Determinação da resistência equivalente de um motor de indução trifásico 2.6 Circuito equivalente do motor de indução trifásico 2.7 Torque no motor de indução 2.8 Curvas operacionais de um motor de indução 2.9 Métodos de partida de um motor de indução 2.9.1 Partida do motor de indução trifásico 2.9.2 Partida estrela – triângulo ou Y– Δ 2.9.3 Partida através de chave compensadora 2.10 Classificação e aplicação dos motores de indução UNIUBE 69 2.10.1 Categoria A 2.10.2 Categoria B 2.10.3 Categoria C 2.10.4 Categoria D 2.10.5 Categoria F 2.11 Principais partes do motor de indução trifásico 2.12 Considerações de ligações dos motores trifásicos Motor de indução2.1 O motor de indução é uma máquina de dupla excitação em que uma tensão CA é aplicada a ambos os enrolamentos, estator (armadura) e rotor. Normalmente, a tensão aplicada ao estator é uma tensão de excitação de frequência e potencial constante. A tensão aplicada ao rotor é uma tensão induzida, produzida como consequência da velocidade do rotor, com relação à velocidade síncrona. O motor de indução de gaiola de esquilo é o mais simples no aspecto construtivo. Não tem anéis coletores, comutador, enfim, não há nenhum contato móvel entre o rotor e o estator. Vantagens do motor de gaiola de esquilo: • manutenção quase inexistente; • indicado para utilização em locais remotos e em condições severas de trabalho. 70 UNIUBE Comentários básicos de construção2.2 A armadura do estator é idêntica à de uma máquina síncrona CA, não havendo necessidade de nenhuma elaboração adicional. O núcleo do rotor de um motor de indução é um cilindro de aço laminado, em que condutores de cobre e alumínio são fundidos e enrolados paralelos ou quase paralelos ao eixo, em ranhuras ou orifícios existentes no núcleo. Na construção do rotor, os condutores não necessitam ser isolados do núcleo, uma vez que suas correntes induzidas seguem o caminho de menor resistência. CURIOSIDADE 2.2.1 Rotor gaiola de esquilo Os condutores são curto-circuitados em cada terminal por anéis. No caso dos rotores maiores, os anéis terminais são soldados aos condutores, em vez de serem moldados na construção do rotor. É interessante ressaltar que barras do rotor nem sempre são paralelas ao seu eixo, mas podem ser deslocadas ou colocadas segundo um pequeno ângulo, em relação a esse, no sentido de produzir um torque mais uniforme e, também, para produzir o que chamamos de zumbido magnético durante a operação do motor. 2.2.2 Rotor bobinado São rotores que utilizam condutores de cobre que são inseridos nas ranhuras e, normalmente, isolados do núcleo de ferro. Usualmente, são ligados em ∆ nas máquinas trifásicas ou em Y nas máquinas de indução polifásicas. Podemos, também, encontrar um resistor trifásico ou polifásico equilibrado variável, que é ligado aos anéis coletores através das escovas, como meio de variar a resistência total do rotor, por fase. UNIUBE 71 Em função do elevado custo inicial e de manutenção, o motor de rotor bobinado é usado, apenas, onde se necessita: • de elevado torque de partida; • de controle de velocidade; • de se introduzir tensão externa ao circuito do rotor. IMPORTANTE! Produção de campo magnético e girante2.3 Sendo os enrolamentos dispostos fisicamente deslocados no espaço da armadura e as correntes que circulam através dos enrolamentos também defasadas no tempo, obtemos um campo magnético girante, girando a velocidade síncrona, 120S fN P = , com amplitude constante. Em se tratando de máquinas de indução trifásicas, necessitamos de três enrolamentos individuais e idênticos, deslocados no estator de 360 120 3 = ° elétricos e polos nos quais circulam correntes defasadas de 120° no tempo, ou na fase. Observe a Figura 1: 72 UNIUBE Figura 1: Campo girante. Fonte: Adaptado de Kosow (2000). A figura 1a mostra um diagrama fasorial, com a sequência de fases ABC. Na figura 1b, temos as variações senoidais de cada corrente em um ciclo. No caso da figura 1c, temos um enrolamento trifásico concentrado típico, mostrando claramente o deslocamento espacial. Vemos bobinas concentradas, ao invés de enrolamentos distribuídos, o que permite saber o fluxo resultante produzido por todas as bobinas de uma fase. Daí, conforme desenho 1c, temos 12 condutores correspondendo e 6 bobinas por fase, em que os correspondentes terminais das bobinas de cada fase estão ligadas a um ponto comum. O outro lado de cada fase está ligado à alimentação trifásica. UNIUBE 73 Verificamos que, no instante t1, a fase A, conforme mostra figura 1b, está em um valor máximo em um determinado sentido, enquanto que as correntes nas bobinas das fases A, B e C têm 0,707 do valor máximo no sentido oposto. Pela figura 1c e 1d, para o instante t1, os sentidos das correntes nas fases B e C são opostos ao do sentido da fase A. Utilizando-se a regra da mão direita, o fluxo produzido por estes condutores nas diversas fases são vistos na figura 1d. Nos desenhos, podemos observar que B∅ e C∅ em A∅ produzem um fluxo resultante R∅ . Podemos notar, também, nos desenhos da figura 1, que as componentes dessas projeções cancelam-se entre si, pois são iguais e opostas em sua posição de fase. O raciocínio é o mesmo para as outras fases. Podemos verificar, nos desenhos da Figura 1, que, no instante t2, com 60° elétricos mais tarde que o instante t1, o fluxo resultante girou 60°, mas permaneceu com seu valor constante. Para o instante t1 e t2, notamos que o estator tem um comportamento de um solenoide em que todos os condutores de um lado de R∅ carregam corrente entrando no estator, e do outro lado, tem correntes saindo do estator. Teremos um fluxo resultante em sentido horizontal da direita para a esquerda, entrando no estator, quando optou-se por S do lado esquerdo e deixando o estator num polo N à esquerda. Vejamos algumas considerações importantes: • um enrolamento trifásico localizado no estator produz um único campo magnético girante constante; • a frequência da fonte, que corresponde ao deslocamento no tempo é o mesmo do deslocamento no espaço, resultante do campo magnético girante. Conforme figura C, temos dois polos com seis ranhuras para cada enrolamento trifásico; • a velocidade do campo magnético girante é diretamente proporcional à frequência e inversamente proporcional
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