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Análise do Caso da Desindustrialização Brasileira com Base nos Estudos de Nassif e Cano

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI 
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriel Oliveira Medeiros 
Gabriel Tomaz Batista Tostes 
Heloísa Helena Magalhães 
Jonathan Azi Cardoso 
Tereza Raquel de Mello Marques 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO CASO DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA COM BASE NOS 
ESTUDOS DE NASSIF E CANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São João Del-Rei 
2019 
GABRIEL OLIVEIRA MEDEIROS 
GABRIEL TOMAZ BATISTA TOSTES 
HELOÍSA HELENA MAGALHÃES 
JONATHAN AZI CARDOSO 
TEREZA RAQUEL DE MELLO MARQUES 
 
 
 
 
 
 
Análise do Caso da Desindustrialização Brasileira com Base nos Estudos de Nassif e Cano 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado para obtenção de créditos da 
disciplina de Economia Internacional I do curso 
de Ciências Econômicas da Universidade 
Federal de São João Del-Rei. 
 
Orientador: Prof. Dra. Patrícia Lopes Rosado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São João Del-Rei 
2019 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3 
2 REVISÃO TEÓRICA ........................................................................................................... 5 
2.1 Investimento Direto Estrangeiro ....................................................................................... 5 
2.2 Produto Interno Bruto ....................................................................................................... 5 
2.3 Desindustrialização e Desenvolvimento ........................................................................... 5 
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 9 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 10 
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 13 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 14 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 É notório que, no campo de estudos das Ciências Econômicas, constantemente nos 
deparemos com um conflito de posicionamento entre diversos autores. Contribui para esta 
pluralidade de ideias, o fato de que a teoria econômica abrange uma gama de variáveis 
quantitativas, muitas de complexa mensuração, bem como fatores ligados à tomada de decisão 
dos agentes econômicos que se baseiam em aspectos ideológicos, políticos, culturais, religiosos, 
dentre outros. 
 Desta forma, é possível que alguns pesquisadores, ao defender uma determinada teoria, 
apresentem dados que corroborem seu posicionamento ideológico, enquanto omitem dados que 
possam contestar tal ideologia. 
 O problema desta pesquisa parte da preocupação em contextualizar a discussão sobre a 
ocorrência do fenômeno de desindustrialização no Brasil, a partir dos estudos de Nassif (2008) 
e Cano (2012), confrontando os dados apresentados pelos autores e verificando se há viés 
ideológico nestes estudos. 
Nassif (2008), em sua análise das evidências empíricas da ocorrência do fenômeno de 
desindustrialização, avalia a evolução da produtividade do trabalho na indústria e as mudanças 
ocorridas na estrutura e no padrão de especialização intra-industrial, o que permite avaliar os 
sintomas da “nova doença holandesa”. 
Já Cano (2012), avalia o processo de desindustrialização através da ótica da realocação 
dos recursos provenientes de investimentos internos e externos. Isto é, uma redução no aporte 
de capital à indústria e um aumento no setor de serviços, sobretudo financeiros. 
 O objetivo geral é atualizar os dados trazidos pelos autores com as informações 
disponíveis no ano de 2019. 
 Parte-se da hipótese de que ambos os estudos foram bem fundamentados, na ausência 
de viés ideológico, apresentando significativas divergências talvez devido à defasagem 
temporal entre suas publicações. 
 A justificativa está na premissa de que a realização de tal confronto dos estudos, bem 
como atualização dos dados pesquisados permitirá um melhor entendimento sobre a atual 
ocorrência de um fenômeno de desindustrialização no Brasil. 
Para cumprir o propósito desta pesquisa, o trabalho está dividido em cinco seções. A 
primeira seção introduz o tema, bem como apresenta os objetivos, a hipótese e a justificativa 
da pesquisa. Na seção 2 é exposta a revisão teórica. A seção 3 contém a metodologia da 
4 
 
pesquisa. Na seção 4 é apresentada a análise dos resultados, enquanto a seção 5 contempla a 
conclusão do estudo. Por fim, são listadas as referências. 
5 
 
2 REVISÃO TEÓRICA 
 
2.1 Investimento Direto Estrangeiro 
 
 O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) é uma categoria de aplicação internacional, 
onde um residente de uma determinada economia obtém influência sobre a gestão de uma 
companhia situada em outro país. (FMI, 2009) 
 
2.2 Produto Interno Bruto 
 
 O Produto Interno Bruto (PIB) consiste no somatório de todos os bens e serviços finais 
que são produzidos em uma economia, servindo como um indicador do fluxo de produtos finais 
fabricados em uma região durante um determinado período. Seu cálculo é mensurado a partir 
de diversos dados produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e 
outras fontes externas. (IBGE, 2019) 
 
2.3 Desindustrialização e Desenvolvimento 
 
 Cano (2012, p.1) define o desenvolvimento como “o resultado de um longo processo de 
crescimento econômico, com elevado aumento da produtividade média”. O autor defende que, 
ao se desenvolver, um país apresenta alguns indicadores econômicos básicos semelhantes aos 
dos países já desenvolvidos: elevado nível de renda per capita a robusta diminuição da 
participação do setor agrícola na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e no emprego. É 
importante ressaltar que tal diminuição é relativa, uma vez que o crescimento dos demais 
setores demanda o crescimento, a diversificação e a modernização da agricultura. Caso a 
industrialização não avance e se diversifique, a modernização agrícola ficará dependente da 
importação de insumos modernos e de bens de capital. 
A desindustrialização é definida, segundo Rowthorn e Wells (1987 apud NASSIF, 2008) 
como um fenômeno caracterizado pela retração relativa do setor industrial ante os demais 
setores, principalmente o de serviços. 
6 
 
 Para Cano (2012) não houve, na história global, país que se desenvolveu sem uma 
generalizada industrialização e sem um forte e ativo papel do Estado Nacional. Baseando-se 
nos estudos de Cepal (1965); Fajnzyilber (1983); Teixeira (1983) e Valderrama (1966), o autor 
afirma que ao atingir a maturidade a indústria de transformação apresenta uma estrutura 
diversificada, em que os bens de capital perfazem entre 30% e 40% de seu produto. Uma vez 
atingido este padrão, a estrutura produtiva e o emprego passam a se movimentar no sentido de 
expandir o setor de serviços, mais que a agricultura e a indústria de transformação. Tal 
ocorrência caracteriza a desindustrialização entendida pelo autor em um sentido positivo. 
 Neste aspecto, constata-se concordância entre os autores, já que para Nassif (2008), uma 
vez que um país tenha alcançado níveis elevados e sustentáveis de renda per capita, ocorre a 
queda de participação do setor industrial no produto agregado e no emprego, enquanto verifica-
se crescimento da participação do setor de serviços. 
 Já em países subdesenvolvidos pode ocorrer situação muito diferente. Mesmo que 
muitos países tenham instaurado processos de industrialização, poucos conseguiram ultrapassar 
a produção de bens não duráveis e a produção do mero beneficiamento industrial de produtos 
primários. Na América Latina, somente Argentina, México e Brasil conseguiraminstalar um 
parque industrial expressivo, sendo que, destes, somente o Brasil avançou na montagem do 
setor de bens de capital. Ao final da década de 1970, o produto da indústria de transformação 
desses países representava cerca de 23% do PIB, no México, 25% na Argentina e 33% no Brasil. 
Os dados entre 2008 e 2011 apontam para a queda da participação da indústria de transformação 
no PIB, sendo esta participação de, aproximadamente, 19% no México e na Argentina e 14,6% 
no Brasil. (CANO, 2012) 
Alguns pontos são destacados por Cano (2012) como os principais fatos causadores da 
desindustrialização precoce no Brasil: 
a) a política cambial instaurada a partir do Plano Real. O câmbio excessivamente 
valorizado associado à prática de juros reais absurdamente altos causou a perda de 
competitividade internacional da indústria brasileira; 
b) a abertura comercial desregrada. Ainda em 1989, no governo Sarney, ocorreu uma 
primeira investida quanto ao protecionismo sobre as importações, sendo ampliada 
nos governo Collor, em 1990 e Fernando Henrique Cardoso, a partir de 1994. A 
queda das tarifas e demais mecanismos protecionistas, causada pela abertura 
comercial, complementou o efeito do câmbio valorizado, reduzindo o grau de 
proteção perante a concorrência internacional; 
7 
 
c) a elevada taxa de juros. Orientando-se tanto pela visão de Marx quanto pela visão 
de Keynes, o autor defende que o empresário capitalista irá, na expectativa de 
acumular capital, comparar a taxa de juros com a taxa de lucro e só investirá nesta 
última se obrigado a investir, dadas a alta taxa de juros oficial brasileira. Esta 
situação faz com que o investimento seja fortemente inibido, tornando a indústria 
vulnerável e, em parte, obsoleta. 
d) O investimento direto estrangeiro (IDE). Mesmo que o fluxo em números absolutos 
tenha apresentado crescimento, Cano condena a prematura análise da taxa de 
investimento estrangeiro. O autor sugere a avaliação do investimento por setores, a 
qual mostra uma queda da participação da indústria de transformação no IDE de 
75%, em 1980, para algo entre 30% e 40%, a partir de 2001. Ao mesmo tempo, é 
crescente a participação dos serviços e, com eles, das atividades financeiras. 
Ocorreu, ainda, guinada do IDE predominantemente americano e asiático para a 
China; 
e) A desaceleração da economia mundial ocorrida desde 2007. 
 As taxas de crescimento setoriais da economia brasileira apontam que a indústria de 
transformação obteve os piores resultados do PIB. O baixo investimento, agravado pela crise 
pós-2007 provoca ainda outra consequência, entendida como a perda de posição relativa dos 
países subdesenvolvidos na produção industrial mundial. A participação do Brasil na produção 
da indústria de transformação mundial, que era de 2,8% em 1980 apresenta decrescimento 
contínuo, atingindo 2% em 1990 e 1,7% em 2010. Em 2012, a taxa média de crescimento da 
indústria de transformação no período que compreende os meses de janeiro a junho foi - 4%. 
(CANO, 2012) 
 A fim de propiciar comparação da atuação de Estados Nacionais, Cano (2012) utiliza os 
exemplos do Japão, que ao se abrir, industrializou-se, recuperando-se da derrota da guerra e da 
Coreia do Sul, que, quando amparada pelos Estados Unidos, abriu seu mercado. Tais países 
tinham políticas de Estado protecionistas, direcionadas para a industrialização, financiadoras 
da atividade industrial, permitindo que suas grandes empresas crescessem e alcançassem 
formidável desempenho no cenário internacional. Já o Brasil adentrou a globalização 
assumindo tratados que não o permitiram manter um elevado grau de soberania no manejo de 
sua política cambial, fiscal e monetária. Não há, segundo o autor, no Brasil, política industrial. 
Há ações de órgãos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES), que acertam na resolução de problemas estruturais de grandes empresas nacionais, 
mas sem estratégias macroeconômicas que permitam enfrentar a desindustrialização. 
8 
 
 Nassif (2008) julga como mais importante para explicar o fenômeno da 
desindustrialização os níveis de incremento da produtividade do trabalho nos setores 
manufatureiro e de serviços, já que, em economias avançadas, os níveis da produtividade do 
trabalho do primeiro tendem a ser superiores ao do último. O comportamento da produtividade 
do trabalho na indústria brasileira apresenta forte retração na segunda metade da década de 
1980, explicada por um aumento do emprego mais que proporcional ao incremento da produção 
física e expressiva recuperação a partir do início da década de 1990, explicada pelos índices 
crescentes de expansão da produção física. Esta recuperação foi acompanhada, contudo, por 
uma retração na taxa de investimento. Tal quadro pode ter contribuído para a perda de 
participação do setor industrial no PIB brasileiro. 
 Em 1980 a estrutura produtiva brasileira apresentava, como mostra Nassif (2008) uma 
participação da agropecuária no PIB de 10%, ante 24% em 1950, enquanto a indústria denotava 
participação de 31%, ante 18% em 1950. A mudança ocorrida na estrutura produtiva na segunda 
metade da década de 1980, com a significativa redução da participação da indústria de 
transformação, é avaliada pelo autor como consonante com a experiência dos países avançados. 
A análise de Nassif é de que há indícios que apontam, portanto, que as mudanças ocorridas na 
estrutura produtiva não têm a ver com desindustrialização precoce em relação ao estágio de 
desenvolvimento econômico do País. 
Ainda que tenha apresentado sua defesa quanto a não ocorrência de desindustrialização 
no Brasil, Nassif (2008, p.94) alerta para 
 
[...] os riscos no longo prazo inerentes à tendência recorrente de sobrevalorização da 
moeda brasileira em relação ao dólar em termos reais, fato observado desde o final da 
década de 1980 até o presente (abril de 2006) — com exceção do período 1999-2003. 
Esses riscos estão associados não apenas à perda de competitividade industrial, como 
principalmente à deflagração de um processo precoce de desindustrialização no 
Brasil, o qual, se bem não tenha passado de mera conjectura até o momento, poderia, 
sim, em perspectiva de longo prazo, se transformar num fenômeno real. 
 
 
9 
 
3 METODOLOGIA 
 
Esta pesquisa pode ser classificada como de caráter descritivo, uma vez que busca 
atualizar os dados obtidos por Nassif e Cano nos anos de publicação de seus trabalhos. Através 
de uma análise quantitativa, busca-se verificar se as conclusões feitas pelos autores a respeito 
do processo de desindustrialização se mantiveram inalteradas até dias mais atuais, a fim de 
corroborar ou refutar a tese anteriormente apresentada. 
Cano (2012) utiliza de diversos dados sobre o PIB, IDE, Balanço de Pagamentos, Dívida 
Externa, Importações e Exportações para análise dos dados sobre a desindustrialização no 
Brasil. No presente artigo, tomaremos como base apenas as importações por categorias 
econômicas e as exportações brasileiras segundo fator agregado, a fim de evitar que a análise 
se estenda por demasiado número de páginas. 
 Já Nassif (2008) tomou como base dados da produtividade do trabalho, valor agregado, 
Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), participação dos setores da atividade econômica no 
PIB, exportações e índices de taxas de câmbio efetivas. Com base no estudo de Nassif, 
abordaremos os dados referentes a FBCF para, novamente, limitar a extensão do objeto da 
pesquisa. 
 Ademais, todos os dados que foram utilizados pelos autores na pesquisa original serão 
avaliados de 2007 até 2017, a fim de verificar se as condições observadas por Nassif e Cano 
durante o desenvolvimento dos trabalhos se repetiu em períodos posteriores. 
10 
 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
Cano (2012) analisou os dados de importação brasileira de bens de capital, bens de 
consumo duráveis, não duráveis e intermediários (exceto combustíveise lubrificantes) e 
concluiu que o processo de crescimento de importações, principalmente de bens de consumo 
duráveis, ocorreu por conta da taxa de câmbio favorável e a abertura comercial mal negociada, 
contribuindo para o enfraquecimento de cadeias de produção. 
 
Tabela 1 – Brasil: Importações (em US$ bilhões) 
Ano Total Bk Bi* Bcd Bcn 
2012 223,2 31,7 122,9 12,8 20,6 
2013 239,7 32,7 131,7 12,0 22,7 
2014 229,1 29,5 126,9 10,4 22,7 
2015 171,5 23,3 99,4 7,2 19,6 
2016 137,6 18,4 84,9 4,4 17,3 
2017 150,7 16,1 93,7 4,9 18,3 
(*) Exclui combustíveis e lubrificantes 
Fonte: Ministério Da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços 
 
 Contudo, ao se atualizar os valores até o ano de 2017, percebe-se uma inversão da 
característica observada no estudo de Cano. As importações sofreram uma queda substancial 
em todos os setores que foram objeto de estudo do autor. Logo, é necessário uma investigação 
mais profunda sobre as causas da desaceleração das importações ocorrida a partir de 2012. 
Em seus estudos, Cano (2012) utilizou também, os dados das exportações brasileiras 
sob a ótica da participação dos fatores agregados na composição da pauta total. Com isso, Cano 
(2012) destaca a diminuição do peso do setor manufaturado, sendo gradualmente substituído 
pelo setor básico. 
 
Tabela 2 - Brasil: exportações segundo fator agregado (%)* 
Ano Básicos Semimanufaturados Manufaturados 
2007 31 14 54 
2008 34 14 50 
2009 41 13 44 
11 
 
2010 43 14 41 
2011 48 14 36 
2012 48 13 37 
2013 48 13 37 
2014 50 12 35 
2015 46 14 37 
2016 45 14 38 
2017 49 14 35 
(*) Exclui Operações Especiais. 
Fonte: Ministério Da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços 
 A condição observada por Cano em seu estudo se manteve, ainda que em proporções 
diferentes. Até 2017, mesmo com uma leve desaceleração em 2015, as exportações de gêneros 
básicos se mantiveram superiores aos manufaturados, reforçando a característica de uma 
desindustrialização em termos proporcionais. 
 Nassif (2008) buscou avaliar a taxa de investimento no Brasil por meio da FBCF 
levando em conta seu percentual em relação ao PIB. Por meio disso, Nassif (2008) verificou 
uma forte queda do investimento no Brasil após 1989, seguido por um longo período de baixas 
médias anuais. 
 
Gráfico 1 
 
Fonte: IPEADATA 
Nassif (2008) estudou os dados a respeito da FBCF até o ano de 2005. No entanto, após 
este período, é possível identificar visualmente uma leve recuperação seguida de uma forte 
queda até o ano de 2017, atingindo patamares inferiores aos observados desde a década de 1990. 
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Formação Bruta de Capital Fixo (% do PIB)
12 
 
Com base nesses dados, sugere-se que a situação do investimento para o Brasil se deteriorou 
ainda mais nos últimos anos, o que poderia contribuir para um processo de desindustrialização. 
 
 
13 
 
5 CONCLUSÃO 
 
 Cano e Nassif convergem na argumentação a favor de fatores que contribuíram para a 
desindustrialização no cenário brasileiro, apresentando diversas análises de dados 
macroeconômicos que corroboraram a tese. 
 Contudo, ocorreram discrepâncias entre parte dos dados analisados pelos autores 
quando atualizados até 2017. A condição observada na matriz de exportação brasileira se 
manteve com característica semelhante a observação feita anteriormente por Cano e Nassif, 
onde as exportações de produtos manufaturados deram lugar a gêneros básicos. 
 Quando analisado as informações a respeito da FBCF, observou-se uma recuperação 
entre 2006 e 2013, porém, seguido de uma forte queda na taxa de investimento a partir de 2013 
até atingir níveis inferiores aos observados desde 1990. Esses números corroboraram a visão 
dos autores de maneira mais intensiva. 
 No entanto, quando observado a matriz de importação brasileira, foi possível detectar 
que a partir do ano imediatamente posterior ao horizonte analisado por Cano, houve uma 
mudança do comportamento identificável pela queda acentuada nos níveis de importação até o 
ano de 2016, com indício de recuperação a partir de 2017. 
 Ademais, os dados analisados sugerem que o cenário de investimentos e exportação de 
bens de alto valor agregado permanecem enfraquecidos e desacelerados, com um aumento da 
presença de setores básicos que normalmente não dispõem de alto valor adicionado. No entanto, 
devido a uma inversão da estrutura de importações, não é possível concluir que houve de fato 
uma desindustrialização generalizada. 
 Com isso, esta pesquisa sugere para estudos futuros uma investigação mais detalhada 
de dados relacionados a produtividade interna brasileira e o desenvolvimento das condições 
macroeconômicas, a fim de explicar um possível desenvolvimento da indústria nacional a partir 
de 2012 e/ou redução da demanda interna. 
 
14 
 
REFERÊNCIAS 
 
CANO, W. A desindustrialização no Brasil. Econ. Soc., Campinas, v. 21, n. spe, p. 831-851, 
Dez. 2012. Disponível em: <>. Acesso em: 02 jun. 2019. 
FMI - FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL. Balance of Payments and International 
Investment Position Manual. 6. ed. Washington, D.C.: IMF Multimedia Services Division, 
2009. Disponível em: https://www.imf.org/external/pubs/ft/bop/2007/pdf/bpm6.pdf. Acesso 
em: 24 jun. 2019. 
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. O que é o PIB. [S. 
l.], 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Acesso em: 24 jun. 2019. 
IPEADATA. Disponível em ipeadata.gov.br/Default.aspx. Acesso em: 27 jun. 2019. 
MINISTÉRIO DA ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. 
Balança Comercial. Importações por grandes categorias econômicas (US$ FOB). Disponível 
em: 
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLoca
lizarSeries. Acesso em: 24 jun. 2019. 
MINISTÉRIO DA ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E 
SERVIÇOS. Exportação Brasileira por Fator Agregado. [S. l.], 2019. Disponível em: 
http://www.mdic.gov.br/balanca/mes/2019/BCE004A.xlsx. Acesso em: 26 jun. 2019. 
NASSIF, A. Há evidências de desindustrialização no Brasil? Revista de Economia Política, 
São Paulo, v. 28, n. 1, p. 72-96, Mar. 2008. Disponível em: <>. Acesso em: 02 jun. 2019.

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