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Resumo/Fichamento do Seminário 2 de Lacan (o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise): capítulos I, II e III

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LACAN, J. (1985). O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954-1955). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor.
Capítulo I - Psicologia e Metapsicologia
Tópicos abordados neste capítulo:
[Eu] não é o eu, o sujeito não é o indivíduo
“A noção do eu foi elaborada no decurso de séculos, tanto pelos chamados filósofos [...] quanto pela
consciência comum. Em suma, há uma certa concepção pré-analítica do eu [...]” p.9.
“O homem contemporâneo cultiva uma certa ideia de si próprio que se situa num nível meio ingênuo,
meio elaborado. A crença de que ele tem de ser constituído assim e assado participa de um certo
medium de noções difusas, culturalmente admitidas. Ele pode imaginar que ela é oriunda de uma
propensão natural, quando, no entanto, no atual estado da civilização ela lhe é ensinada, de fato, por
todos os lados.” p.10. ➞ “a técnica de Freud, em sua origem, transcende esta ilusão que,
concretamente, exerce uma ação sobre a subjetividade dos indivíduos.” p.10.
“O inconsciente escapa totalmente a este círculo de certezas no qual o homem se reconhece como um
eu.” p.15.
“Com Freud faz irrupção uma nova perspectiva que revoluciona o estudo da subjetividade e que
mostra justamente que o sujeito não se confunde com o indivíduo.” p.16.
“O sujeito como tal, funcionando como sujeito, é algo diferente de um organismo que se adapta”.
p.16.
Metáfora tópica: “o sujeito está descentrado com relação ao indivíduo” p.16 ➞ Le Je est un autre
“Evidentemente, temos todos tendência a acreditar que nós somos nós. Mas não estamos assim tão
seguros, observem bem de perto. Em muitas circunstâncias bem precisas, duvidamos disto, sem sofrer
por isto qualquer despersonalização.” p.20.
Verdade e saber — ambiguidade do saber e da verdade
“Com efeito, o saber, ao qual a verdade vem amarrar-se, deve provavelmente ser dotado de uma
inércia própria que lhe faz perder algo da virtude, a partir da qual, ele começou a se depositar como
tal, já que dá mostras de uma evidente propensão a desconhecer seu próprio sentido.” p.11.
“Pensem na origem da linguagem. Nós imaginamos que há um momento em que se deve ter
começado a falar nesta terra. Admitimos, pois, que houve uma emergência. Mas a partir do momento
em que esta emergência é apreendida na sua própria estrutura, fica absolutamente impossível
especular sobre aquilo que a precedeu, a não ser por intermédio de símbolos que sempre puderam ser
aplicados. O que aparece como novidade dá sempre a impressão de estender-se pela perpetuidade,
indefinidamente, aquém de si mesmo. Não podemos abolir pelo pensamento uma nova ordem. Isto se
aplica a tudo o que quiserem e, inclusive, à origem do mundo.” p.12
“Da mesma maneira, não podemos mais deixar de pensar sem este registro do eu que adquirimos no
decurso da história, mesmo que lidemos com rastros da especulação do homem sobre si mesmo em
épocas em que este registro, como tal, ainda não tenha sido promovido.” p.12➞ exemplo do Mênon,
de Platão.
O cogito dos dentistas — “Penso, logo existo”
“O tipo de gente, que definiremos por notação convencional como os dentistas, está muito seguro
quanto à ordem do mundo porque pensa que o Sr. Descartes expôs no Discurso do Método as leis e os
processos da clara razão.” p.18
Não é, no entanto, tão simples quanto parece a esses dentistas:
“Mesmo que efetivamente seja verdade que a consciência é transparente a si própria e que é
apreendida como tal, fica patente que, nem por isso, o [eu] lhe é transparente. Ele não lhe é dado de
modo diferente do de um objeto. A apreensão de um objeto pela consciência não lhe fornece da
mesma feita suas propriedades. Ocorre o mesmo com o [eu].” p.13
“Mesmo que este [eu] nos seja efetivamente entregue, no ato de reflexão, como uma espécie de dado
imediato em que a consciência se apreende transparente a si própria, nada indica, no entanto, que a
totalidade desta realidade – e dizer que se vai chegar a um julgamento de existência já é muito – fique
de todo esgotada.” p.13
A crise de 1920 — “Além do princípio do prazer”
“Freud introduziu a partir de 1920 as noções suplementares necessárias para manter o princípio do
descentramento do sujeito. Mas longe de ser entendido como devia, houve uma abalada geral,
verdadeira libertação dos escolares [...] Voltamos para as trilhas da psicologia geral. Ficou-se
contente em poder acreditar de novo que o eu era central. E presenciamos as últimas manifestações
disto nas geniais elucubrações que nos chegam atualmente de além-mar.’ p.19 ➞ crítica à psicologia
do ego.
Capítulo II - Saber, Verdade, Opinião
Tópicos abordados neste capítulo:
A psicanálise e seus conceitos
“Fiz-lhes entrever que não há muito tempo que se teorizou o eu. No tempo de Sócrates não só não se
entendia o eu como hoje em dia se entende – abram os livros, vocês verão que o termo está totalmente
ausente –, mas efetivamente – aqui a palavra tem seu pleno sentido – o eu não tinha a mesma função.”
p.22.
“A respeito disto a psicanálise tem um valor de revolução copernicana. A relação toda do homem
consigo mesmo muda de perspectiva com a descoberta freudiana, e é disto que se trata na prática, tal
qual a exercemos todos os dias.” p.23.
“É por isto que, domingo passado, vocês me ouviram rejeitar da maneira mais categórica a tentativa
de tornar a fusionar a psicanálise na psicologia geral. A ideia de um desenvolvimento individual
unilinear, preestabelecido, comportando etapas que vão aparecendo cada qual por sua vez conforme
uma tipicidade determinada, é pura e simplesmente o abandono, a escamoteação, a camuflagem, a
denegação propriamente falando, e inclusive o recalque daquilo que a análise trouxe de essencial.”
p.23.
“Vocês puderam ver que este discurso coerente conduziu-o a formular o seguinte – Os conceitos
analíticos não tem valor nenhum, não correspondem à realidade. Mas esta realidade, como aprendê-la
se não a designarmos por intermédio de nosso vocabulário? E se, continuando a fazê-lo,
acreditássemos que o vocabulário é apenas um sinal de coisas que se achariam além, que ele se reduz
a pequenas etiquetas, a designações flutuando no inominado da experiência analítica cotidiana? Se
fosse o caso, significaria apenas que é preciso inventar um outro, ou seja, fazer outra coisa que não a
psicanálise. Se a psicanálise não for os conceitos nos quais ela se formula e se transmite, ela não é a
psicanálise, é outra coisa, mas então é preciso dizê-lo.” p.23.
Um verdadeiro não apreensível pelo saber ligado
“A meta e o paradoxo do Mênon consistem em mostrar-nos que a epistemé, o saber ligado por uma
ocorrência formal, não cobre o campo todo da experiência humana, e em particular que não existe
uma epistemé daquilo que realiza a perfeição, a areté desta experiência.” p.25-26.
Ortodoxa➞ opinião verdadeira
Forma e símbolo
“Esta demonstração, que é um exemplo de passagem do imaginário ao simbólico, evidentemente, é o
mestre, o senhor quem a efetua. É Sócrates quem introduz que 8 é a metade de 16. O escravo, com
toda a sua reminiscência e sua intuição inteligente, vê a boa forma, se é que se pode dizer isso, a partir
do momento em que a designam a ele. Mas fica aí palpável a clivagem entre o plano do imaginário ou
intuitivo – no qual, com efeito, funciona a reminiscência, ou seja, o tipo, a forma eterna, o que
também se pode denominar as intuições a priori – e a função simbólica que não lhe é absolutamente
homogênea, e cuja introdução na realidade constitui um forçamento.” p.28.
“Vocês estão vendo, portanto, que a função aqui manifestada como função genérica das ligações que
Sócrates faz entrar em linha de conta na epistemé não vai sem questionar profundamente o valor da
intervenção simbólica, do surgimento da fala. Há um momento em que na história da geometria
aparece 2. Antes, girava-se em torno dela. Retrospectivamente, pode-se dizer que os geômetras
egípcios e hindus entreviram-na, que acharam um jeito de manejá-la. Que nem Sócrates, que aí, na
areia, põe em prática uma astúcia, e fornece uma equivalência dela. A autonomia de 2 não é,
porém, absolutamentemanifesta no diálogo. Quando aparece, ela engendra um monte de coisas, um
desenvolvimento matemático inteiro, no qual o escravo não tem mais nada a ver.” p.29.
“Creio justamente que há dois tipos de relação com o tempo. A partir do momento em que uma parte
do mundo simbólico emerge, ela cria, efetivamente, seu próprio passado. Mas não do mesmo jeito que
a forma no nível intuitivo. É justamente na confusão dos dois pIanos que reside o erro,o erro de crer
que aquilo que a ciência constitui por intermédio da intervenção da função simbólica estava aí desde
sempre, de crer está dado.” p.29.
“O que descobrimos na análise está no nível da ortodoxa (...); toda ciência surge de um manejo da
linguagem que é anterior à sua constituição; é neste manejo de linguagem que se desenvolve a ação
analítica.” p.30
“As falas fundadoras que envolvem o sujeito são tudo aquilo que o constituiu, os pais, os vizinhos, a
estrutura inteira da comunidade, e que não só o constituiu como símbolo, mas o constituiu em seu
ser.” p.31
Péricles psicanalista
“Responder o que convém a um acontecimento na medida em que é significativo, em que é função de
uma troca simbólica entre os seres humanos – pode ser a ordem dada à frota de sair do Pireu –, é fazer
a boa interpretação. E fazer a boa interpretação no momento necessário é ser bom psicanalista.” p.31.
“Não estou querendo dizer que o político seja o psicanalista. [...] Mas para Sócrates, o bom político é
o psicanalista.” p.31.
Capítulo III - O Universo Simbólico
Diálogos sobre Lévi-Strauss.
“Para descobrir o complexo de Édipo, foi preciso examinar primeiro as neuróticos, para passar depois
a um círculo muito mais amplo de indivíduos. Foi por isto que eu disse quc o complexo de Édipo,
com a intensidade fantasiástica que nele descobrimos, a importância e a presença que tem no plano
imaginário para o sujeito com o qual lidamos, devia ser concebido como um fenômeno recente,
terminal, e não original, com relação àquilo de que Lévi-Strauss nos fala.” p.42
“Não podemos deixar de conceder a Lévi-Strauss que os elementos numéricos intervém na
constituição de uma coletividade.” p.42
“Qual é a originalidade do pensamento que Lévi-Strauss introduz com a estrutura elementar? Ele
salienta de ponta a ponta o seguinte ‒ não se entende nada dos fenômenos referentes ao parentesco e a
família, coletados há bastante tempo, se se tenta deduzi-los de uma dinâmica qualquer, natural ou
naturalizante. O incesto como tal não provoca nenhum sentimento natural de horror.” p.43
“Não há nenhuma razão biológica, e em particular genética, que motive a exogamia, e ele mostra isto
depois de haver discutido de maneira extremamente precisa os dados científicos. Numa sociedade - e
podemos ter em vista outras sociedades que não as humanas ‒, uma prática permanente e constante da
endogamia não só não terá inconvenientes como, ao fim de certo tempo, terá por efeito eliminar as
pretensas taras.” p.44
“Para conceber o que se passa no âmbito próprio à ordem humana, é preciso que partamos da ideia de
que esta ordem constitui uma totalidade. A·totalidade na ordem simbólica denomina-se um universo.
A ordem simbólica é dada primeiro em seu caráter universal. Não é aos poucos que ela vai-se
constituindo. Assim que o símbolo advém, há um universo de símbolos. A pergunta que a gente
poderia colocar-se ‒ ao cabo de quantos símbolos, numericamente, o universo simbólico se constitui?
‒ permanece aberta.” p.44
“A função simbólica constitui um universo no interior do qual tudo que é humano tem de ordenar-se.
Não é a troco de nada que Lévi-Strauss denomina suas estruturas elementares ‒ ele não diz primitivas.
Elementar é o contrário de complexo. Ora, o que é curioso é ele ainda não ter escrito as Estruturas
complexas do parentesco. As estruturas complexas, quem as representa somos nós, e elas se
caracterizam pelo seguinte ‒ elas são muito mais amorfas.” p.44
“Isto supõe que as instâncias simbólicas estejam funcionando na sociedade desde a origem, desde o
momento em que ela aparece como humana. Ora, é o que supõe igualmente o inconsciente tal como o
descobrimos e manipulamos na análise.” p.45
A vida e a máquina.
“Se a função simbólica funciona, estamos dentro. E digo mais ‒ estamos de tal maneira dentro que
não podemos sair. Numa· grande parte dos problemas que se colocam para nós quando procuramos
cientificar, ou seja, colocar uma ordem num certo número de fenômenos, dentre os quais, em primeiro
plano, o da vida, são sempre os caminhos da função simbólica que, no final das contas, nos conduzem,
muito mais do que uma apreensão direta qualquer. Assim, é sempre em termos de mecanismo que
tentamos, apesar de tudo, explicar o ser vivo. A primeira questão que se coloca para nós, analistas, e
talvez possamos aí sair da controvérsia que se entabula entre vitalismo e mecanicismo, é a seguinte ‒
Por que será que somos levados a pensar a vida em termos de mecanismo? Dado que somos homens,
em que somos, efetivamente, parentes da máquina?” p.46
“As críticas filosóficas feitas às pesquisas propriamente mecanicistas supõem que a máquina está
privada de liberdade. Seria facílimo demonstrar-lhes que a máquina é muito mais livre do que o
animal. O animal é uma máquina bloqueada. É uma máquina da qual certos parâmetros não podem
mais variar. E por quê? Porque é o meio exterior que determina o animal e faz dele um tipo fixado. É
na medida em que, em relação ao animal, somos máquinas, ou seja, algo de decomposto, que
manifestamos uma maior liberdade, no sentido em que liberdade quer dizer multiplicidade de escolhas
possíveis.” p.46-47.
Sentido da palavra máquina: “Existe uma mutação da função da máquina em curso, que deixa para
trás todos aqueles que ainda permanecem na crítica do velho mecanicismo. Estar só um pouquinho de
nada na dianteira, consiste em dar-se conta de que isto implica o desmoronamento total de todas as
objeções clássicas feitas ao emprego de categorias propriamente mecanicistas.” p.48
Deus, a natureza, e o símbolo.
“O valor da distinção entre natureza e cultura que Lévi-Strauss introduz com suas Estruturas
elementares do parentesco consiste ern permitir-nos distinguir o universal do genérico. O universal
simbólico não precisa absolutamente espalhar-se pela superfície da terra inteira para ser universal.
Aliás, que eu saiba, não há nada que faça a unidade mundial dos seres humanos. Não há nada que se
ache concretamente realizado como universal. E, no entanto, assim que um sistema simbólico
qualquer se forma, ele é, por direito, então, como tal universal. Que os homens tenham, salvo exceção,
dois braços, duas pernas e um par de olhos ‒ o que aliás, eles possuem em comum com os animais ‒,
que sejam, como dizia alguém, bípedes sem penas, frangos depenados, tudo isto é genérico, mas de
maneira nenhuma universal.” p.49
“Há dois sentidos para a palavra formal. Quando se fala de formalização matemática, trata-se de urn
conjunto de convenções a partir das quais vocês podem desenvolver toda uma série de consequências,
de teoremas que se encadeiam, e estabelecem no interior de um conjunto certas relações de estrutura,
propriamente falando, uma lei. No sentido gestaltista do termo, no entanto, a forma, a boa forma, é
uma totalidade, porém realizada e isolada.”p.50 ➞ o sentido de Lacan é o primeiro
O imaginário natural.
“O eu em seu aspecto mais essencial, é uma função imaginária.” p.53
“A estrutura fundamental, central, de nossa experiência, e de ordem propriamente imaginária. E
podemos até apreender o quanto esta função no homem já é distinta daquilo que ela é no conjunto da
natureza. Reencontramos a função imaginária na natureza sob mil formas ‒ trata-se de todas as
captações gestaltistas ligadas ao cortejamento tão essencial à manutenção da atração sexual no interior
da espécie.” p.53
“Ora, a função do eu apresenta no homem características distintas. É isso a grande descoberta da
análise ‒ no nível da relação genérica, ligada à vida da espécie, o homem já funciona de modo
diferente. Nele já há uma fissura, uma perturbaçãoprofunda da relação vital. Eis aí a importância da
noção do instinto de morte que Freud introduziu.” p.54
O dualismo freudiano.
“Ele [Freud] quis, a qualquer preço, salvar urn dualismo, no momento em que este dualismo estava
derretendo-se entre suas mãos, e quando o eu. a libido, etc., tudo isso formava uma espécie de vasto
todo que nos trazia de volta a uma filosofia da natureza. Este dualismo nada mais é do que aquilo de
que falo quando dou destaque à autonomia do simbólico. Isso, Freud nunca o formulou.” p.54
“Indiquei também que temos, bem entendido, de levar em conta o lado formal da natureza, no sentido
em que eu o qualificava de assimetria pseudo-significativa, porque é disto que o homem se apossa
para fabricar seus símbolos fundamentais. O importante é aquilo que confere às formas que estão na
natureza valor e função simbólicos, o que faz com que funcionem umas em relação às outras. É o
homem quem introduz a noção de assimetria. A assimetria na natureza não é nem simétrica nem
assimétrica ‒ ela é o que ela é.” p.56
“Gostaria de falar-lhes, da próxima vez, do seguinte ‒ o Eu como função e como símbolo. É aí que
funciona a ambiguidade. O Eu, função imaginária, só intervém na vida psíquica como símbolo.
Utiliza-se o eu como o Bororo utiliza o papagaio. O Bororo diz [eu] sou um papagaio, nós dizemos
[eu] sou um eu. Isto tudo não tem a menor importância. O importante é a função que isto tem.” p.56

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