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UNIDADE 4. Ciência dos materiais de construção: o uso do aço na construção civil OBJETIVOS DA UNIDADE • Apresentar os conceitos sobre o aço; • Apontar as propriedades predominantes do aço; • Conhecer as origens e processos dos materiais estudados; • Apresentar as técnicas de construção mais utilizadas na construção, com qualidade, desempenho e durabilidade; • Apresentar os termos técnicos e desenvolver postura crítica na escolha dos materiais e técnicas construtivas; • Identificar patologias e falhas, resultantes de emprego e manuseio inadequados dos materiais. TÓPICOS DE ESTUDO Clique nos botões para saber mais Aço – // Fabricação // Estrutura/tratamento // Propriedades // Classificação Uso na construção – // Ligações // Perfis // Lajes, vigas e pilares // Métodos construtivos // Normativas // Patologias Aço A humanidade trabalha com a metalurgia há muito tempo, tanto para a fabricação de utensílios domésticos quanto para a fabricação de armas. Utilizando diversos metais, desenvolveu-se novas tecnologias e conhecimentos para a extração, o refino e o tratamento desses minérios, possibilitando sua utilização para outras coisas, como para a fabricação de moedas, joias, armaduras etc. Considerado na história como um avanço científico, marca o fim da chamada Pré-História e o início da Idade dos Metais, subdividida em Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro. Os primeiros artefatos de ferro que se tem informação são artigos encontrados no Egito, por volta de 2900 a.C. Fogueiras foram edificadas à base de rochas de minério de ferro, com a intenção de promover o contato de partículas quentes de carbono com partículas de óxido de ferro. Isso principia o processo de redução e o reverte em uma massa escura, não fundida, liberando a sua deformação plástica através de técnicas de forjamento, resultando em utensílios de diferenciadas propriedades mecânicas. O ferro é um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre, encontrado em minérios como hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4), siderita (FeCO3), entre outros; desta forma, é possível produzir o ferro com diversos elementos. Uma usina siderúrgica processa o minério (hematita é o mais comum) para reduzir o oxigênio através do carbono. Nesse contexto, o carvão cumpre um papel duplo: o primeiro é o de combustível, para alcançar altas temperaturas (acima de 1500 °C), necessário para fusão do minério; o segundo é o de redutor, pois o carbono se associa ao oxigênio que se desprende com a alta temperatura. Tal processo de remoção se chama redução, e ocorre dentro do alto forno, onde o processo inicial resulta em ferro-gusa, que contém de 3,5 a 4,0% de carbono em sua estrutura; em uma segunda fusão, tem-se o ferro fundido com teores de carbono entre 2,0 e 6,7%, ainda com análises de silício, fósforo, enxofre, manganês etc.; por fim, o ferro-gusa ou o ferro fundido segue para uma unidade da siderurgia denominada aciaria, onde é processado o aço, uma liga metálica de ferro composta por, no máximo, 2,11% de carbono (FERRAZ, 2003). FABRICAÇÃO O processo siderúrgico citado permite transformação em diferentes tipos de aços, por forma, tamanho, uniformidade ou composição química. De maneira geral, as excelentes propriedades mecânicas como boa resistência à tração, compressão, flexão, homogeneidade, capacidade de ser laminado, forjado, estampado e estriado fazem com que o aço seja produzido para diversas finalidades. Considerando que sua fabricação necessita de um sistema industrial válido para a obtenção de aço, sendo obtido do minério de ferro, a siderurgia acaba tendo um baixo custo quando comparada a outros processos para metais e ligas metálicas com boa resistência. De acordo com Dias (1999), as etapas de produção do aço se dividem em: Preparação Etapa anterior ao envio para o alto forno. O carvão e o minério são preparados para que ocorra melhoria do rendimento e economia do processo. O carvão é destilado, obtendo um coque e subprodutos carboquímicos; o minério é, então, convertido em pelotas. Redução Durante este procedimento, o ferro se condensa e passa a ser chamado de ferro-gusa ou ferro de primeira fusão. A formação da escória, matéria-prima na produção do cimento, é consequência da presença de impurezas como calcário, sílica etc. Refino Etapa em que o ferro-gusa, ainda em estado líquido, é levado para a aciaria e é transformado em aço, mediante queima das adições e impurezas. O refino do aço se faz em fornos à base de injeção de oxigênio ou elétricos. Laminação Etapa em que o aço, ainda em solidificação, é transformado mecanicamente em produtos siderúrgicos empregados pela indústria de transformação, tais como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc. ESTRUTURA/TRATAMENTO Os metais são constituídos por um aglomerado compacto de átomos, solidificando-se pela formação de cristais, denominada estrutura cristalina. Os aços são ligas de ferro-carbono, sendo necessário visualizar os aglomerados de átomos de ferro (raio atômico 140 pm) e as formas cristalinas que o elemento pode assumir (TSCHIPTSCHIN, 2017). Em alta temperatura, o aço apresenta uma estrutura denominada cúbica de face centrada – CFC. Trata-se de uma estrutura formada por oito átomos de ferro (vértices) em uma célula unitária cúbica, com outros seis átomos nas faces do cubo. Observando a Figura 2a, percebe-se que os átomos são divididos: as faces possuem somente metade de cada átomo, enquanto os vértices possuem somente 1/8. Em baixa temperatura, os átomos de ferro se organizam de forma diferente, formando uma estrutura denominada cúbica de corpo centrado – CCC, com os mesmos oito átomos nos vértices e um único átomo no centro do cubo, como podemos observar na Figura 2b. A estrutura CFC, denominada austenita, é estável em temperaturas muito altas, como laminação ou forjamento (1000 a 1200 °C); quando a temperatura é inferior a 912 °C, ocorre a transformação do CFC para a estrutura CCC. A estrutura CCC é denominada ferrita e se mantém estável desde a temperatura ambiente. Praticamente todos os tratamentos térmicos realizados em aços se baseiam nessa transformação, o que garante a possibilidade de se obter materiais mais duros e resistentes ao desgaste e à fadiga. Vale lembrar que o aço é composto por ferro e carbono, porém o carbono é muito pequeno (raio atômico 70 pm), ocupando posições vazias, existentes no cristalino do ferro, as chamadas posições intersticiais. Quando o teor de carbono é mais alto, este se agrupa com o ferro, formando uma fase cerâmica – carboneto de ferro (Fe3C) –, denominada cementita. Trata-se de estrutura complexa, composta de 16 átomos por célula unitária, 12 de ferro e 6 de carbono, sendo uma fase muito dura e frágil, como o vidro (TSCHIPTSCHIN, 2017). Existe um equilíbrio para as ligas Fe-C e este é explorado nos tratamentos térmicos, para os quais o aço é submetido. As transformações entres faixas de temperatura para as fases de ferrita (CCC), austenita (CFC) e cementita são estáveis, sendo possível prever quando se formam, se resfriadas lentamente (no equilíbrio). A precipitação da cementita ocorre de forma alternada da ferrita, formando uma outra estrutura denominada perlita, considerada um compósito natural, visto que se agrupam de forma alternada. Quando um aço com aproximadamente 50% de ferrita e 50% de perlita é aquecido em uma temperatura acima de 727 °C, a considerada zona crítica, ocorre a transformação da perlita em austenita (CFC), e a ferrita (CCC) permanece estável. Se aquecermos todo o material em temperatura acima de aproximadamente 830 °C, ocorre sua transformação total em austenita. Se a resfriarmos lentamente, a austenita se transforma em ferrita, e, finalmente, a 727 °C, toda a austenita se tornaperlita; dessa forma, a cementita endurece o aço e a ferrita o mantém resistente. Com esse controle, é possível organizar os átomos de diversas maneiras. Segundo Ferraz (2003), entre os tratamentos térmicos mais utilizados com aço, estão: Recozimento Para remover tensões como forjamento e laminação, diminuir a dureza e alterar as propriedades mecânicas, utiliza-se a velocidade de resfriamento lenta e um aquecimento superior à temperatura crítica. Normalização Com objetivos semelhantes ao anterior, mas com um resfriamento posterior menos lento, refina a granulação grosseira do aço fundido, além de ser aplicável em peças que foram laminadas ou forjadas. Têmpera Para obter uma alta dureza, é feito o resfriamento rápido de uma temperatura superior à crítica. Tal tratamento leva ao aumento de resistência à tração e à redução da maleabilidade, trazendo tensões internas à peça. Revenido Com o aquecimento inferior a 723 °C (crítica), geralmente, sucede a têmpera. Tal processo ocorre devido ao alívio das tensões internas, que corrige a dureza e a fragilidade, aumentando a resistência ao choque e à maleabilidade. PROPRIEDADES Ao utilizar estruturas metálicas como campo de estudo, podemos realizar um teste de resistência: submetendo uma barra metálica a um esforço de tração crescente, ela apresenta um aumento de comprimento. Analisando esta deformação, pode-se classificar alguns conceitos e propriedades dos aços (ANDRADE, 1994): Elasticidade Habilidade do aço de retornar à sua forma original após repetidos ciclos de carregamento e descarregamento. O material passa por transformações, por meio das tensões de tração ou de compressão, que podem ser elásticas ou plásticas, devido à natureza cristalina dos metais. O módulo de elasticidade dos aços estruturais é em torno de 205.000 MPa, a uma temperatura de 20 °C. Plasticidade Modificação definitiva, ocasionada pelo efeito de tensões iguais ou superiores ao balizador do escoamento do aço. Para limitar sua deformação, o correto é dificultar que a tensão correspondente ao limite de escoamento seja obtida nas seleções transversais das barras. Ductilidade Habilidade peculiar do material se deformar plasticamente sem seu rompimento, definida pela amplitude do patamar de escoamento. As características das estruturas metálicas são de extrema importância, visto que estas admitem a redistribuição das tensões locais elevadas. Assim, as peças de aço suportam grandes deformações antes de seu rompimento, elaborando um prévio aviso sobre a presença de tais tensões. Tenacidade Competência do material de atrair energia quando exposto à carga de impacto. A energia total, elástica e plástica, é integrada ao material através de seu volume, até sua ruptura. Assim, um material dúctil, que possua a mesma resistência de um material frágil, dispõe de uma maior tenacidade, visto que demanda maior quantidade de energia para ser rompido. Fragilidade Trata-se do inverso da ductilidade, portanto as peças se rompem bruscamente, sem aviso prévio, o que ocasiona acidentes em pontes e navios, por exemplo. Habilidade do aço de absorver a força atuante em seu regime elástico, obtendo energia. Fluência Os materiais sofrem ajustes plásticos, que auxiliam os pontos de tensão. Em geral, temperaturas altas nos metais facilitam a deformação plástica; nos aços, temperaturas superiores a 350 °C facilitam essa fluência. Fadiga Quebra do material sob esforços repetidos ou cíclicos, possível de acontecer em materiais dúcteis também. Dureza Resistência que a superfície do material proporciona à penetração, ao risco ou à abrasão, que pode ser causada por uma peça de maior dureza. Esta habilidade é de vital importância para chapas de aços. CLASSIFICAÇÃO O aço carbono é uma liga de ferro-carbono que contém, geralmente, de 0,008 a 2,11% de carbono, além de certos elementos residuais do processo de fabricação; o aço-liga é composto de aço carbono com outros elementos de liga residuais, em teor acima dos que são considerados normais. Os aços carbono são divididos em três categorias (PANNONI, 2005), apresentadas a seguir: • Aços com baixo teor de carbono: C < 0,03%, possuem grande ductilidade, não admitem têmpera e são utilizados para trabalhos mecânicos e soldagens (construção de pontes, navios, edifícios, peças de grandes dimensões etc.); • Aços com médio teor de carbono: 0,03% < C < 0,7%, possuem boa tenacidade e resistência, se temperados e revenidos, além de serem utilizados em engrenagens, bielas, cilindros e peças motoras; • Aços com alto teor de carbono: C > 0,7%, possuem elevada dureza e resistência após a têmpera, e são utilizados em molas, ferramentas, pinos, entre outros acessórios de máquinas. Dentre os aços com baixo teor de carbono, é possível desenvolver aços microligados, especificados por sua resistência mecânica e não por sua composição química. Em níveis muito pequenos, os aços microligados sofrem pequenas adições de elementos, sendo destinados a estruturas em que a soldagem e a resistência são importantes. Os aços-liga, por sua vez, podem ser subdivididos em dois grupos: • Aços de baixo teor de ligas, que contêm elementos de liga abaixo de 8%; • Aços de alto teor de ligas, que contêm elementos de liga acima de 8%. De modo geral, segundo Pannoni (2005), podemos representar os aços conforme mostra a Figura 3. Os aços Hadfield são os precursores dos aços com alto teor de manganês (Mn). O aço austenítico manganês, cúbico de face centrada como fase primária, combina alta tenacidade e ductilidade com alta capacidade de endurecimento em trabalho e boa resistência ao desgaste. Além disso, tal aço é utilizado em terraplenagem, minas e pedreiras, perfuração de petróleo e equipamentos para manuseio e processamento térreo de materiais, como britadores, moinhos, escavadoras, entre outros (LIMA, 2009). Com o devido tratamento, é possível desenvolver aços especiais, resistentes à corrosão atmosférica, ideais para estruturas de aço aparente. Aços que, mesmo sem proteção adicional, resistem a esse tipo de corrosão são chamados de aços patináveis ou aclimáveis; comercialmente chamados de Corten, tais aços estão disponíveis sob forma de chapas, bobinas e perfis soldados. A pátina é resultado de uma camada de óxido compacta e aderente, e funciona como barreira de proteção contra a corrosão (FERRAZ, 2003). Os aços inoxidáveis são, basicamente, ligas ferro-cromo. Outros metais atuam como elementos de liga, mas o cromo é o mais importante e sua presença garante resistência à corrosão. Esta resistência se deve à formação de finas películas de óxido de cromo na superfície do material, que protege o metal do ataque causado pelo meio corrosivo. O termo “aço inoxidável” é considerado somente em relação a aços com mais de 11,5% de cromo. A partir desse limite mínimo, a película formada passa a ter as seguintes propriedades: Volatilidade praticamente nula, alta resistência elétrica, boa aderência, boa plasticidade, insolubilidade muito alta, baixa porosidade e difícil transporte catiônico. A classificação mais simples e mais usada dos aços inoxidáveis é baseada na microestrutura que eles apresentam à temperatura ambiente. Nessas condições, são considerados três grupos de uso mais generalizados: aços inoxidáveis martensíticos temperáveis; aços inoxidáveis ferríticos não temperáveis; aços inoxidáveis austeníticos não temperáveis. Os aços inoxidáveis martensíticos são muito usados nas indústrias químicas e petroquímicas, aeronáuticas e aeroespaciais, na geração de energia e no ramo de cutelaria e ferramentaria. Os aços inoxidáveis ferríticos são empregados na produção de capotas de automóveis, equipamentos de restaurante, câmaras de combustão, aquecedores, entre outros. Os aços inoxidáveis austeníticos são os mais utilizados, devidoa sua alta resistência à corrosão e à conformabilidade. Aços ao cromo-níquel também são comumente empregados, sendo o mais conhecido o 18-8, em que o teor médio de cromo é 18% e o de níquel 8%. A introdução do níquel melhora consideravelmente a resistência à corrosão e à oxidação a altas temperaturas, visto que, na maioria dos reagentes, o níquel é mais nobre que o ferro, além de formar uma camada de óxido que protege o aço espontaneamente. Com características de não magnetismo e estrutura austenítica (CFC) à temperatura ambiente, o aço conserva propriedades mecânicas, conforme seu tratamento e finalidade. Assim, possibilita-se sua utilização na fabricação de utensílios domésticos, porcas, eletrodos de solda, peças de forno, estufas, aparelhos de pressão, parafusos, indústrias químicas, navais, de alimentos, entre outros. Na siderurgia, o carbono desempenha um papel importante para localizar um aço pertencente à classe martensítica ou ferrítica. Um aço com 16% de cromo, por exemplo, pode pertencer a ambas as classes, dependendo de seu teor de carbono. Contudo, outros aços resistentes à corrosão, com características importantes, como duplex e super duplex, superausteníticos, ferrítico EBI, supermartensíticos, dentre outros, vêm sendo empregados em condições especiais. Lembre-se que nenhum material é totalmente inoxidável, é necessário estar ciente de suas características e comportamentos. EXPLICANDO A siderurgia trabalha, principalmente, com o aquecimento e resfriamento controlado do aço, agrupando e realinhando os átomos de ferro, carbono e outros materiais ao longo da peça, para atribuí-los às propriedades desejadas. Assim, desde a Revolução Industrial, ele é produzido e utilizado em larga escala. Uso na construção Na Inglaterra, desde o fim do século XVII, investiu-se em novas técnicas de produção de ferro em larga escala. Em Coalbrookdale, a primeira alternativa viável foi obtida quando se patenteou um método produtivo de postes de ferro em fornalha de combustão. É evidente, portanto, que o ferro revolucionou o ramo da construção, possibilitando que estruturas mais leves, sem paredes internas e com janelas maiores fossem construídas. Tais tecnologias permitiram, também, a construção da primeira ponte de ferro fundido, a Ironbridge Gorge, em Coalbrookdale, Inglaterra. A ponte (Figura 4) foi inaugurada em 1781 e, em 1986, listada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Em 1856, Henry Bessemer patenteou um processo de produção em massa de aço, o primeiro com um custo acessível. Pouco depois, em 1870, iniciou-se a construção da Brooklyn Bridge, EUA, a primeira ponte feita em aço no mundo. Na época, era também a maior de todas as pontes suspensas (Figura 5). Tendo o aço em escala industrial na Revolução do século XIX, a construção civil ganhou destaque com a construção de edifícios altos, metálicos e com elementos modernos, tais como laterais apoiadas sobre viga em balanço e estabilidade lateral. Tal estabilidade é garantida por sistemas semelhantes ao de contraventamento, encontrados no edifício da Fábrica de Chocolates, de 1872, na França, considerado o primeiro edifício de andares múltiplos e de estrutura metálica a ser projetado (Figura 6). As primeiras construções de ferro foram impulsionadas por avanços tecnológicos como o elevador, o que auxiliou para uma maior verticalização dos edifícios e o surgimento dos primeiros arranha-céus (TEOBALDO, 2004). A planta livre, espaço livre de pilares na área central, propiciada pelo esqueleto estrutural em aço, foi um dos elementos da arquitetura moderna da Escola de Chicago e de Bauhaus, responsável por agregar novos conceitos formais e estruturais para todo o mundo, após a Segunda Guerra Mundial. Elementos da arquitetura como a planta livre, o esqueleto estrutural e a parede cortina propiciaram espaços internos mais amplos e construções mais leves, com execução racionalizada e rápida. Tais propriedades podem ser identificadas nos edifícios Lake Shore Drive Apartments (Figura 7), 1949–1950, em Chicago, e Lever House (Figura 8), 1950/1952, em Nova York. Com a fundação da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira no Brasil, na década de 1920, a indústria siderúrgica brasileira começou a avançar, mas foi somente na inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941, que a produção de aço passou a ser mais abrangente (PALATNIK, 2011). Além disso, em 1953, a criação da Fábrica de Estruturas Metálicas (FEM), também pertencente à CSN, cooperou para a difusão da tecnologia da construção em aço, no Brasil. Tal tecnologia contribuiu para a construção de importantes edifícios de andares múltiplos em estrutura metálica, como o Edifício Avenida Central, em 1957, de Henrique Ephin Mindlin; o Edifício Montepio dos Empregados do Estado; e o edifício-garagem da nova sede do Jockey Club, em 1956, de Lúcio Costa, no Rio de Janeiro. Além disso, há o Brasília Palace Hotel e o Palácio do Desenvolvimento, ambos de Oscar Niemeyer, em Brasília (DIAS, 1999). Os aços utilizados na construção civil, ou aços estruturais, são aqueles que, por conta de suas características de resistência, ductilidade etc., são mais apropriados para a utilização em elementos que suportam cargas, como é o caso dos edifícios (TEOBALDO, 2004). As principais particularidades para os aços destinados à aplicação estrutural são: elevada tensão de escoamento, tenacidade, boa soldabilidade, conformidade microestrutural, vulnerabilidade de corte por chama e sem endurecimento, além de boa trabalhabilidade em operações, tais como corte furação e dobramento, sem que surjam fissuras ou outros defeitos (CBCA, 2014). Tensão de escoamento Também chamado de limite de escoamento, é o nome dado quando se analisa a deformação de um determinado material. Tal análise busca verificar até quanto de força um material resiste, chegando ao ou passando do limite elástico de deformação. Tenacidade Capacidade de um material de absorver energia e deformar plasticamente sem fraturar. Soldabilidade Facilidade que os materiais têm de se unirem por meio da soldagem e de formarem uma série contínua e sólida, sem alteração das propriedades mecânicas dos materiais originais. A boa soldabilidade se apresenta, após a soldagem, sem concentração excessiva de tensões internas e com boas propriedades mecânicas de tenacidade e ductilidade. Corte por chama Processo de corte térmico, que utiliza oxigênio e uma fonte de combustível, para criar uma chama com energia suficiente para derreter e cortar o material. O corte possibilita velocidades elevadas e o processamento de chapas espessas; no aço de construção, podem ser superadas espessuras de 30 milímetros. Os aços estruturais podem ser classificados em três grupos principais, conforme a tensão de escoamento mínima especificada (CBCA, 2014): • Aço carbono de média resistência, com limite de escoamento mínimo de 195 a 259 MPa; • Aço de alta resistência e baixa liga, com limite de escoamento mínimo de 290 a 345 MPa; • Aços ligados tratados termicamente, com limite de escoamento mínimo de 630 a 700 MPa; Por ser um elemento que marcou a Revolução Industrial, muitos atribuem a Torre Eiffel ao aço, porém ela é de ferro, e suas treliças montadas em torre demonstram a capacidade e precisão que a metalurgia alcançava. O aço, na construção, é muito mais evidente após a Segunda Guerra Mundial, tendo a ponte Golden Gate e a Ópera de Sydney como exemplos. LIGAÇÕES Os aços permitem ligações que realizam a transmissão de esforços (cantoneiras, placa de base etc.) e promovem a união entre as partes da estrutura (soldas, parafusos, barras roscadas, chumbadores). Elas podem ser classificadas segundo os meios de ligação, segundo o esforço solicitante e segundo a rigidez, elementos que se relacionam com o comportamentoda conexão (TEOBALDO, 2004). No caso, os elementos soldados possibilitam maior rigidez das ligações, redução de custos de fabricação, de quantidade, melhor acabamento final e facilidade de limpeza, pintura e execução em estruturas existentes. Por outro lado, há a dificuldade para montagem e desmontagem, afetando o controle de qualidade da obra. Basicamente, existem cinco tipos de juntas baseadas na posição relativa das peças a serem soldadas, sendo eles: topo, T, canto, sobreposta e borda (Figura 9). Outro tipo comum de ligação é a ligação parafusada. Por conta de sua mobilidade, é mais utilizada em peças como guarda-corpos, corrimãos, entre outras. Além disso, a possibilidade de montagem e desmontagem garantem às ligações parafusadas uma grande participação na urbanização, presentes em estruturas como pisos elevados e divisórias. Por suas furações específicas, costumam ser padronizadas em sua fabricação. Segundo Valenciani (1997), um fato importante para uma conexão perfeita da ligação estrutural é o perfil das roscas e sua tolerância de fabricação, tanto para parafusos de alta resistência quanto para parafusos comuns. Os parafusos comuns, de qualidade estrutural, são feitos de aço de baixo carbono, com resistência mínima de 415 Mpa; os parafusos de alta resistência têm tratamento térmico do aço de médio carbono, para ligações com aço estrutural e escoamento de aproximadamente 560 a 630 Mpa; os parafusos de aço-liga, tratados termicamente, têm um limite de escoamento de aproximadamente 790 a 900 MPa. Segundo o autor, em ligações parafusadas cuja força resultante é perpendicular ao eixo dos parafusos, a transmissão da força ocorre por meio de dois mecanismos: o atrito mobilizado entre as partes e o contato do corpo dos parafusos em seus respectivos furos PERFIS Sobre os tipos de perfis estruturais, pode-se dizer que se diferenciam pelos tipos de fabricação, sendo eles: perfis laminados, perfis soldados, perfis estruturais formados a frio e perfis tubulares (TEOBALDO, 2004). No Brasil, perfis laminados seguem o padrão americano: perfil H, perfil I e perfil U, podendo ser empregados, também, como elementos de ligação. Os perfis soldados são obtidos através do corte, da composição e da soldagem de chapas planas de aço, que permitem grande variedade de formas e dimensões, reduzindo, consequentemente, seu custo. Além disso, os perfis soldados são projetados quando os perfis laminados não suportam as ações atuantes. A Figura 10 apresenta as nuances do perfil laminado para o perfil soldado. Figura 10. Diferenças entre perfis. (Adaptado). Os perfis dissonantes, heterogêneos, com larguras diferentes e alma de grande dimensão são considerados especiais e, portanto, devem ser calculados e projetados para fabricação, uma vez que não se incluem nos catálogos de perfis já padronizados. Os perfis estruturais formados a frio (Figura 11) são adquiridos pela metodologia de dobramento a frio de chapas finas de aço (entre 1,50 e 4,76 mm). Em certos momentos, dispõem de bordas normais ou enrijecidas, enquanto os cantos são sempre arredondados. Tais perfis são recomendados em construções leves e empregados em elementos estruturais como barras de treliças e terças. A NBR 6355/2003 fixa os requisitos exigíveis dos perfis estruturais de aço formados a frio, apresentando as séries comerciais e suas respectivas designações, as tolerâncias nas formas e dimensões e as tabelas com dimensões, massa e propriedades geométricas de cada seção da série comercial. A designação dos perfis é feita da seguinte forma: símbolo do perfil x dimensão dos elementos (alma, mesa e enrijecedor, se houver, nessa ordem) x espessura, sendo todas as dimensões expressas em milímetros. Por exemplo, um perfil do tipo U simples, com dimensões de alma de 90 mm, mesa de 40 mm e espessura de 2,24 mm, é designado da seguinte forma: U 90 x 40 x 2,25 (FERRAZ, 2003). Os perfis tubulares de seção circular, quadrado e retangular (Figura 11) podem ser obtidos por extrusão (chamados perfis tubulares sem costura) e por calandragem ou prensagem das chapas, com soldagem por arco submerso (chamados perfis tubulares com costura). Os tubulares são mais aplicados em gasodutos, transporte de água e oleoduto, no entanto, por apresentarem maior resistência à flambagem pela geometria, podem ser utilizados em treliças planas e espaciais para menor diâmetro, e também em pilares de médio e grande porte. Para o caso dos perfis de contraventamentos, leva-se em conta a beleza e a resistência a esforços normais; se forem leves, o tracionamento é limitado a 240 mm para tradicionais e 200 mm para comprimidos. Além disso, há os cabos de aço, que são perfis construídos por vários arames trefilados de alta resistência, apresentando excelente desempenho sob esforço de tração. Vale ressaltar que sua utilização demanda complementos especiais, para perfeita interação entre o cabo e os demais elementos estruturais. LAJES, VIGAS E PILARES Os principais elementos estruturais de uma construção civil, de acordo com Pinho e Bellei (2007), são: Lajes Placas que, além das cargas permanentes, recebem as ações de uso e as transmitem para os apoios, travam os pilares e distribuem as ações horizontais. Vigas Barras horizontais que delimitam as lajes, recebem suas ações ou de outras vigas e as transmitem para os apoios, e suportam paredes e lajes. Pilares Barras verticais que recebem ações das vigas ou das lajes e dos andares superiores, transmitindo-as aos elementos inferiores ou para a fundação (blocos, radiers, sapatas e estacas, que transferem o esforço para o solo). A NBR 7480/2007 é a responsável por especificar o aço destinado a armaduras de estrutura de concreto armado. Segundo a norma, podemos verificar quais os aços indicados para esse tipo de construção, visto que são classificados conforme sua resistência, definida por sua composição e processo de fabricação (ANDRADE, 1994). Alguns exemplos comerciais de laje com aço são: Laje fundida in loco Solução econômica, exige formas e cimbramento durante a fase de cura. Laje com forma de aço (incorporada) Depois de fundida in loco, sobre forma de chapa de aço conformada, é capaz de vencer vãos entre vigas e passa a ser uma ferragem positiva da laje. Laje pré-moldada O painel pré-moldado é colocado diretamente sobre as vigas de aço, sem a necessidade de escoramento, liberando de imediato a área para outros serviços. Para perfis de vigas, leva-se em consideração a mesa superior travada pelas lajes. Nesse caso, as vigas se tornam sujeitas à flambagem lateral com torção. Em vigas biapoiadas, usa-se vigas mistas, para que o aço trabalhe de forma solidária com a laje, resultando em mais economia. No caso de colunas para edifícios, perfis que possuem inércia significativa em relação ao eixo de menor inércia (caso dos perfis H), a associação do aço (que resiste bem à tração) com o concreto (que resiste bem à compressão) resulta em uma peça composta, uma estrutura mista, com a melhor performance de cada elemento. MÉTODOS CONSTRUTIVOS Mão de obra qualificada, produção seriada e em escala de elementos padronizados, racionalização dos processos e insumos, possibilidade de controle rígido dos processos e cronograma da obra são características dos sistemas industrializados que vão de encontro Com base em Borsato (2009), evidenciam-se alguns destaques nos empreendimentos que envolvem a construção metálica desde a concepção do projeto: Concepção O projeto em aço requer compatibilização e planejamento, pois as peças são produzidas fora do canteiro de obras, ou seja, na fábrica, e montadas em campo. Projeto estrutural A padronização (elementos estruturais, sistemas construtivos, sistemas de vedação e conexões) é um aspecto importante na estrutura metálica,pois aspectos como maior produtividade na fabricação e na montagem estão intimamente ligados a ela. O custo de uma estrutura não depende apenas do peso do aço, mas também da padronização das peças. Industrialização Permite racionalizar o processo de produção e aceitar outros componentes pré-fabricados, aumentando a precisão da obra, mas exigindo mão de obra qualificada. A padronização das peças é um conceito muito importante, pois, como todo sistema industrializado, a repetitividade barateia o processo e a obra é concebida sob conceitos de otimização e ampliação dos espaços úteis. Portanto, decidir se a estrutura fica aparente ou revestida leva o arquiteto a pensar nos prós e contras de cada opção: a estrutura aparente mostra a plasticidade do aço, mas pode demandar proteção do material (contra corrosão e fogo); a estrutura revestida cumpre seu papel de esqueleto e minimiza custos com proteção. Uma obra com partes contidas e partes à mostra pode valorizar e diferenciar o empreendimento (MARINGONI, 2004). O uso da estrutura metálica deve, necessariamente, ser aplicado em casos em que esta seja, de fato, economicamente mais viável. No entanto, em uma estrutura na qual -a repetitividade seja grande, que haja a necessidade de rigor dimensional e leveza e esbeltez sejam requisitos básicos, o que normalmente acontece em edifícios comerciais, o aço passa a ser mais vantajoso (BORSATO, 2009). Presente principalmente nas estruturas, o aço é a parte mais resistente da construção, e tem a função de suportar, juntamente com o concreto, as diversas forças e transmiti-las para o solo. Segundo Maringoni (2004), os projetos em estruturas mistas devem ser elaborados considerando três fases: Montagem e lançamento do concreto Momento em que o aço trabalha sozinho, antes mesmo da cura do concreto, e é o responsável pelo peso da estrutura e cargas de obra. Resistência da estrutura mista Momento em que tanto o aço quanto o concreto trabalham juntos. Deformação da estrutura mista para cargas de longa duração Momento em que a estrutura é impactada pela diminuição da elasticidade do concreto ao longo do tempo. A arquitetura brasileira teve seu ápice e grande destaque no cenário internacional, apresentando novas soluções estéticas e construtivas, nas obras de arquitetos modernistas como Lúcio Costa e, principalmente, Oscar Niemeyer; mas, o que se faz no Brasil de realmente inovador no campo da arquitetura contemporânea, em aço, que mereça destaque internacional, como fizeram, em concreto, os modernistas Niemeyer e Lúcio Costa (BORSATO, 2009)? As coberturas metálicas são amplamente utilizadas para grandes vãos, como galpões, pavilhões, estádios, aeroportos etc. Deve-se considerar alguns parâmetros para projetos, tais como: movimentação de carga, circulação interna, iluminação natural e artificial, ventilação, condições e tipo de terreno. Certos galpões podem ser montados no local da obra ou mesmo no pátio de uma empresa especializada e, posteriormente, serem levados ao local. Grande parte dos confortos térmico e acústico do empreendimento está ligada ao projeto de cobertura. A “respiração” de um telhado se faz através das telhas, e os telhados com inclinação muito pequena exigem total vedação, impedindo a saída do ar aquecido através das frestas das telhas. O caimento do telhado, além das recomendações em função do tipo de telha, deve levar em conta o tamanho das águas da cobertura. As calhas podem ser pré-dimensionadas por uma fórmula empírica: para cada 10 m² de cobertura, 15 m² de calha. Para tubos de descida de água pluvial: 1 cm² para cada 1 m² de área drenada (MARINGONI, 2004). O sistema de estruturas por perfis leves, conhecidos como Steel Frame ou Light Steel Frame (LSF), são adequados para edificações leves, cujos elementos são painéis reticulados, constituídos por perfis de aço a frio. Tais painéis se estabelecem nas paredes das edificações, que podem ser estruturais ou de vedação, formados por estruturas de perfis de aço e podem ter o fechamento feito por placas cimentícias, de madeira, drywall etc. Considerada uma construção seca por não necessitar de água, os LSF garantem agilidade, redução de peso estrutural, precisão e melhor isolamento térmico e acústico, apesar de se limitar a poucos pavimentos e exigir mão de obra especializada. O LSF é formado por vários sistemas e componentes, entre eles o estrutural, o isolamento termoacústico, a impermeabilização, os fechamentos internos (que usualmente são trabalhados em drywall) e o fechamento externo, utilizando placas cimentícias, chapas de fibra orientada (Oriented Strand Board (OSB) e/ou policloreto de vinila - PVC) (sistema de revestimento composto por painéis de Policloreto de Vinila (PVC) e as instalações elétricas e hidráulicas. O balizador do sistema e o conceito estrutural do LSF está em decompor a estrutura em uma relativa quantidade de elementos estruturais individuais, ligados entre si, forçando-os a trabalharem em conjunto, possibilitando a utilização de perfis mais esbeltos e painéis mais leves e fáceis de manipular (CAMPOS, 2010). NORMATIVAS Os aços estruturais, no Brasil, seguem algumas normas, tais como as determinadas pela American Society for Testing and Materials (ASTM), pela Deutsche Industrie-Normen (DIN) e pela Society of Automotive Engineers (SAE). Além disso, há aqueles que seguem um perfil determinado pelas fabricantes, atentando-se à classificação segundo as normas da ABNT (ou AISI), que classificam os aços em: aço carbono, aços de baixa liga e aços de alta liga, que possuem normas próprias para sua fabricação. A sigla NBR é uma abreviação para Norma Brasileira, em que as normas são aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a partir de pesquisas e estudos realizados por profissionais gabaritados e órgãos nacionais e internacionais. Das NBR relacionadas ao aço na construção civil, podemos citar: NBR 5916/1990 Ensaio de resistência ao cisalhamento em junta de telha de aço soldada para armadura de concreto. NBR 14762/2001 Procedimento para o dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio. NBR 8800/2006 Procedimentos para projetos de estruturas de aço e estruturas mistas de aço e concreto em edifícios. NBR 7480/2007 Especificação de aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado. NBR 16775/2020 Estruturas de aço, estruturas mistas, coberturas e fechamentos em aço. NBR 6355/2010 Requisitos exigíveis dos perfis estruturais de aço formados a frio.CONTINU PATOLOGIAS /2013 (Norma de Desempenho das Edificações), uma edificação deve oferecer condições de uso, segurança e conforto, de modo que as atividades ali desenvolvidas não sofram interferências do meio em que está inserida. Qualquer tipo de situação que não esteja conveniente com a edificação poderá causar prejuízos elevados. A industrialização dos canteiros de obra na construção civil é cada vez maior e inevitável, motivada inclusive pela participação crescente da utilização de estruturas metálicas e mistas. Entretanto, a utilização desses sistemas exige dos profissionais de projeto e execução conhecimentos diferenciados, tanto da teoria quanto da prática, para que sejam estudadas e prescritas as interfaces e interferências necessárias a cada componente do edifício (SILVA, 2012). De forma geral, as patologias estruturais podem ser divididas em três categorias: adquiridas, transmitidas e atávicas (DELATLE, 1997): • As adquiridas são patologias provenientes de elementos externos, como poluição atmosférica, umidade, gases ou líquidos corrosivos e uso inadequado da estrutura. A corrosão é a patologia mais visível e conhecida, sendo necessária a proteção e a especificação no escopo do projeto. Outro exemplo é a aplicação de cargas dinâmicas imprevistassobre a laje (maquinários), que podem causar seu rompimento; • As transmitidas são de vícios ou desconhecimento técnico do pessoal de fabricação ou montagem da estrutura. Por exemplo, soldagem sem retirar a pintura dos pontos de solda, falta de prumo, fixação e armazenamento inadequados, entre outros; • As atávicas são resultantes de má concepção de projeto, erros de cálculo, escolhas de perfilados inadequados ou do uso de aços com resistências inapropriadas. Em resumo, são as patologias mais complexas de reparar, pois, geralmente, são estruturais. As principais falhas na elaboração de um projeto para as estruturas de aço são: metas e objetivos mal estabelecidos; objetivos que mudam de acordo com o andamento do projeto; falha de comunicação; entender planejamento como perda de tempo; falhas no controle de desempenho; recursos inadequados; falta de treinamento e capacitação; más decisões; pouca compreensão da complexidade do projeto; aumento nos preços e prazos (ANDRADE, 1994). Agora é a hora de sintetizar tudo o queprendemos nessa unidade. Vamos SINTETIZANDO Do minério de ferro abundante na crosta terrestres, é extraído e tratado o aço, uma liga Fe-C (ferro-carbono), em que a quantidade de carbono é de, no máximo, 2,11%. Tal minério é aquecido e tratado para a redução de oxigênio, produzindo o ferro-gusa. Com mais processamento, obtém-se o ferro fundido, com análises de outros elementos. Tais ferros são levados à aciaria, uma área de refino com equipamentos como o alto forno, que realiza o tratamento para obtenção do aço. Assim, o aço é resultado de uma série de procedimentos conhecidos e estudados, tendo sua empregabilidade em praticamente tudo, após a Revolução Industrial. Por suas diversas qualidades e com a possibilidade de “moldar” os atributos necessários, o aço é utilizado do talher à ponte Golden Gate, na Califórnia (EUA). Na construção civil, seu uso também pode ser variado, visto que possui como qualidades a ductilidade, tenacidade, plasticidade e resiliência, além da precisão em atender grandes dimensões. O aço pode ser trabalhado para se tornar uma liga metálica mista, como no caso da mistura com o cromo (Cr), para se obter o aço inoxidável. A possibilidade de criar uma camada contra oxidação (pátina) aliada à modelagem em bobinas, chapas, malhas etc. faz com que novas tecnologias com o uso desse material sejam desenvolvidas continuamente. Os aços utilizados em estruturas, chamados aços estruturais, possuem elevada tenacidade, soldabilidade, homogeneidade e boa trabalhabilidade com corte, furação e dobramento, sem originar fissura. Além disso, esse material é capaz de realizar ligações entre peças, ou seja, a transmissão de esforço pela união delas. Uma dessas ligações é a soldagem, conhecida por fornecer maior rigidez e utilizada em estruturas em geral, enquanto a ligação parafusada é móvel e leve, utilizada em construções ágeis como galpões ou guarda-corpos. Em estruturas, o aço pode ser encontrado em forma de perfis de coluna, viga e contraventamento, também utilizado em lajes, malhas, tubos, entre outros. Além disso, abordamos a mobilidade e o controle termoacústico que provém da construção leve; Steel Frame. A facilidade em sua construção se popularizou nos Estados Unidos e no Canadá, por possibilitar a montagem rápida (entre invernos) de casas com poucos pavimentos. Todo esse avanço em relação ao aço demanda mão de obra especializada. A necessidade de precisão e conhecimento tornam o trabalho dinâmico e objetivo. Assim, existem patologias que são adquiridas com o tempo e o desgaste natural (ou não) das peças; patologias que são transmitidas pelo defeito de fabricação ou montagem; e as patologias atávicas (hereditárias), que são falhas e erros no projeto ou cálculo inicial. Vale ressaltar que, mesmo após sua utilização, o aço é extremamente ecológico, pois permite reciclagem quase que inesgotável. Além disso, a união da metalurgia com a construção traz um contínuo desenvolvimento de pesquisa e estudos, que resultam em novas técnicas para a utilização do aço em projetos futuros. C DICA O aço será submetido a tratamentos térmicos, ou seja, processos de fabricação que facilitam outros processos, aumentando o desempenho e reforçando as propriedades do material. Portanto, ao submeter os aços em operações de aquecimento e resfriamento sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento, obtém-se diversos benefícios. UNIDADE 4. Ciência dos materiais de construção: o uso do aço na construção civil UNIDADE 4. Ciência dos materiais de construção: o uso do aço na construção civil OBJETIVOS DA UNIDADE TÓPICOS DE ESTUDO FABRICAÇÃO Preparação Redução Refino Laminação ESTRUTURA/TRATAMENTO PROPRIEDADES CLASSIFICAÇÃO O aço carbono é uma liga de ferro-carbono que contém, geralmente, de 0,008 a 2,11% de carbono, além de certos elementos residuais do processo de fabricação; o aço-liga é composto de aço carbono com outros elementos de liga residuais, em teor acima dos... LIGAÇÕES PERFIS LAJES, VIGAS E PILARES MÉTODOS CONSTRUTIVOS NORMATIVAS NBR 5916/1990 NBR 14762/2001 NBR 8800/2006 NBR 7480/2007 NBR 16775/2020 NBR 6355/2010 PATOLOGIAS SINTETIZANDO
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