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CONTABILIDADE DE CUSTOS CONTABILIDADE DE CUSTOS Arno Wiese Gilson Rogério Marcomin © Copyright 2018 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – – Vanessa Gabriele de Araújo - CRB 14/1498) W651c Wiese, Arno. Contabilidade de custos / Arno Wiese; Gilson Rogério Marcomin. – Curitiba, PR: Dtcom, 2018. 144 p. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-93685-45-3 1. Contabilidade. 2. Contabilidade de Custo. 3.Custeio Direto. I. Marcomin, Gilson Rogério. II. Título CDD 657 Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Arno Wiese e Gilson Rogério Marcomin Validação da Disciplina Francisco de Sousa Viana Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Conceito, objetivo e campo de atuação ...............................................................................7 02 Contabilidade de Custos, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira .........13 03 Como gestores utilizam informações sobre custos .......................................................19 04 Terminologias utilizadas na contabilidade de custos: despesas x custos; perda x prejuízo ...................................................................................26 05 Terminologias utilizadas na contabilidade de custos: ganho x lucro; desembolso; lucro bruto x lucro operacional .............................................................................................32 06 Classificação dos custos: total e unitário ..........................................................................39 07 Classificação dos custos: direto e indireto ........................................................................45 08 Comportamento dos Custos: Fixo e Variável ...................................................................52 09 Outras terminologias em custos: custo primário e de transformação e esquema básico de custos: consumo da matéria prima; CPP; CPA; CPV ...................................59 10 Critérios de rateio dos custos indiretos .............................................................................67 11 Aplicação dos custos indiretos por departamentalização .............................................74 12 Custeio por absorção: conceitos .........................................................................................80 13 Custeio por absorção: aplicações .......................................................................................86 14 Custeio direto ou variável ......................................................................................................95 15 Capacidade produtiva: aceita ou não pedido especial ................................................. 102 16 Margem de contribuição .................................................................................................... 109 17 Ponto de equilíbrio contábil ............................................................................................... 116 18 Ponto de Equilíbrio Financeiro .......................................................................................... 123 19 Ponto de Equilíbrio Econômico ......................................................................................... 131 20 Auxilio das ferramentas para a tomada de decisões ................................................... 138 Conceito, objetivo e campo de atuação Gilson Rogério Marcomin Introdução Você já parou para pensar sobre como a Contabilidade de Custos está presente em todas as ações empresariais do dia a dia? Já ouviu na mídia que as empresas estão reduzindo os seus custos? Esta aula abordará os principais aspectos da Contabilidade de Custos. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer os conceitos, objetivos e campo de atuação da Contabilidade de Custos. 1 Conceitos da contabilidade de custos Você consegue dizer claramente o que são custos e despesas e se há diferenças entre os dois? Sabe o que são custos diretos, indiretos, fixos e variáveis? Figura 1 – Reduzir custos para aumentar o lucro Fonte: ByEmo/Shutterstock.com – 7 – TEMA 1 De forma muito superficial, os custos podem ser caracterizados como desembolsos de capi- tal financeiro para a obtenção de algum objetivo específico, como a aquisição de produtos ou serviços. No entanto, pelas normas contábeis, os desembolsos financeiros se transformam em custos no momento em que os insumos são efetivamente consumidos. EXEMPLO Imagine uma empresa que fabrica calçados e adquire 100 mantas de couro ao preço de R$ 250,00 cada, com as quais serão feitos os produtos finais. O valor total que a empresa irá pagar ao seu fornecedor de mantas será de R$ 25.000,00. Esse valor consta no desembolso do caixa da empresa e é considerado um custo, porém somente no momento em que as mantas são utilizadas no processo de produção. Enquanto ficarem nos estoques, são considerados ativos. A Contabilidade de Custos é um ramo da contabilidade que preocupa-se em apurar os custos empresariais, no tocante a todos os processos produtivos das empresas, como meio de alcançar dois objetivos principais. O primeiro é atender aos requisitos governamentais, principalmente no tocante ao regime tributário. O segundo é poder prover aos gestores informações para que pos- sam tomar decisões coerentes e adequadas para o alcance das metas da empresa. Por meio de conceitos e ferramentas adequadas, a Contabilidade de Custos é desenvolvida para possibilitar que as empresas tenham subsídios para melhorar o seu processo produtivo e para que tenham condições de se firmar no mercado que atuam, de forma a tornarem-se mais competitivas e capazes de enfrentar a forte concorrência existente atualmente. Todas as organizações possuem custos. Não há atividades que não envolvam custos. Por isso é tão importante conhecê-los, como meio de elaborar e interpretar análises que possam servir de aporte a decisões empresariais. Geralmente, o estudo e a compreensão dos custos exige o conhecimento de outros concei- tos, como os de lucro, receita ou faturamento e preços. Eles precisam ser estudados de forma inte- grada para o pleno estabelecimento de uma análise, produzindo resultados que sejam coerentes e sensatos para todos os envolvidos nos negócios empresariais. FIQUE ATENTO! Os custos são caracterizados como desembolsos de dinheiro para a obtenção de algum objetivo específico, podendo ser na forma de produtos ou de serviços. Segundo Nascimento (2001), a Contabilidade de Custos é um braço essencial da ciência Con- tabilidade e preocupa-se com a correta determinação dos custos empresariais, com a finalidade de cumprir a legislação governamental que incide sobre as empresas, principalmente nos aspec- tos tributários. A perfeita apuração destes e, consequentemente, das receitas e lucros, é necessá- ria no processo de recolhimento de tributos. Além disso, é uma importante ferramenta gerencial, pois fornece uma gama de informações para que os gestores de qualquer tipo de instituição, com ou sem fins lucrativos, possam tomar decisões. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 8 – SAIBA MAIS! No artigo “Análise das relações entre a gestão de custos e a gestão do preço de venda: um estudo das práticas adotadas por empresas industriais conserveiras estabelecidas no RS”, Débora Gomes Machado e Marcos Antonio de Souza identifi- cam quais práticas de contabilidade gerencial queestão sendo adotadas pelas em- presas analisadas. Vale a pena descobrir um pouco mais sobre este assunto. Dis- ponível em: <http://proxy.furb.br/ojs/index.php/universocontabil/article/view/109>. 2 Objetivos da contabilidade de custos A Contabilidade de Custos trabalha integrada com outros setores empresariais e outras ciên- cias, como a matemática e a administração financeira, a gestão de pessoas, produção, marketing, vendas, tributário. Figura 2 – Maiores valores geram menores custos Fonte: squidmanexe/Shutterstock.com Apurar custos em uma organização não é uma tarefa fácil. Pode parecer simples, pois custo é tudo aquilo que a empresa gasta; porém, o estudo dos custos é muito amplo. Determiná-los é muito trabalhoso e exige dedicação aos detalhes. A Contabilidade de Custos é integrada com todos os departamentos da empresa porque em todos eles existem fontes produtoras de custos. Ou seja, todos os departamentos de uma empresa utilizam recursos materiais, pessoas, insumos, equipamentos, informação, tecnologia, que produzem custos. Estes necessitam ser apurados e registrados. Atualmente, devido à grande competitividade e enorme concorrência entre as empresas pelo mesmo mercado consumidor, é imprescindível que as empresas sejam melhores a todo tempo, buscando novos mercados e estratégias, para atingir seus objetivos e permanecer nos mercados. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 9 – FIQUE ATENTO! A Contabilidade de Custos é uma é um ramo da ciência contabilidade, que se inte- gra com todos os departamentos da empresa, pois em todos eles existem fontes produtoras de custos. Figura 3 – Custos versus decisões acertadas Fonte: Nomad_Soul/Shutterstock.com Dessa maneira, os principais objetivos da Contabilidade de Custos são apurar, levantar e ana- lisar os custos dos produtos e serviços comercializados, proporcionar subsídios para a tomada de decisões dos gestores, propiciar que a empresa forneça informações claras e adequadas para os órgãos governamentais e contribuir para o planejamento da organização. 3 Campo de atuação da contabilidade de custos Os custos não funcionam se tomados de forma isolada. Eles somente são importantes quando utilizados juntamente com outros dois fatores: o lucro e as receitas. De acordo com Assaf Neto (2012), as empresas de qualquer setor existem para produzir riqueza para os seus acionistas. As empresas que visam lucro inserem-se em um mercado, reali- zam uma série de processos produtivos e outras ações empresariais. Para tanto, utilizam várias técnicas administrativas, como forma de produzir e comercializar algum produto ou serviço, entre- gando-o ao mercado para atender a alguma necessidade ou desejo de determinado consumidor. Esse público irá adquirir esses produtos e serviços, dispondo de recursos financeiros que voltam para essas empresas na forma de faturamento. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 10 – FIQUE ATENTO! O lucro é o resultado contábil e financeiro em que se determina qual é o valor mone- tário gerado pela empresa com seus negócios em sua atividade. Com esses recursos, as empresas deverão cumprir todas as suas obrigações financeiras. A sobra transforma-se em lucro. Desse modo, o estudo da Contabilidade de Custos é imprescindível para que se conheça bem cada variável que determina o lucro. É possível encontrar o lucro de uma empresa pela fórmula: L = R – C – D Em que: L = Lucro; R = Receitas totais ou faturamento total; C = Custos totais; D = Despesas. Figura 4 – Lucro Fonte: NicoElNino/Shutterstock.com A grande maioria das empresas produz ou comercializa produtos ou serviços, ou ambos, que são entregues para o mercado consumidor que deseja obtê-los. Uma receita de vendas é obtida quando a empresa entrega um produto ou um serviço para um consumidor e recebe o valor finan- ceiro. De modo geral, as receitas de vendas são apuradas pela fórmula: R = P x Q, Em que: R = Receitas; P = Preço unitário de venda; Q = Quantidade vendida em certo período. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 11 – EXEMPLO Uma empresa tem um item X que é comercializado ao preço de R$ 10,00 a unidade, e vendeu 140.000 unidades. Para apurar a receita, basta aplicar a fórmula, encon- trando-se o total de R$ 1.400.000,00. SAIBA MAIS! No artigo “Práticas de gestão de custos adotadas por empresas estabelecidas nas Regiões Noroeste e Oeste do Estado do Paraná”, os autores Valmor Reckziegel, Marco Antonio de Souza e Carlos Alberto Diehl identificam as práticas de gestão de custos adotadas pelas empresas no contexto de sua aceitação pelo mercado. Vale a pena ler! Disponível em: <https://rbgn.fecap.br/RBGN/article/viewFile/70/64>. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • identificar os principais conceitos da Contabilidade de Custos, seus objetivos e campo de atuação; • compreender que os custos são desembolsos de capital financeiro para a obtenção de algum objetivo específico e que todas as organizações possuem custos; • entender que a Contabilidade de Custos é imprescindível para que se conheça bem cada variável que determina o lucro. Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. MACHADO, Débora Gomes; SOUZA, Marcos Antonio de. Análise das relações entre a gestão de cus- tos e a gestão do preço de venda: um estudo das práticas adotadas por empresas industriais con- serveiras estabelecidas no RS. Revista Universo Contábil, Blumenau, v. 2, n. 1, 2006. Disponível em: <http://proxy.furb.br/ojs/index.php/universocontabil/article/view/109>. Acesso em: 13 abr. 2017. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: livro-texto. 10. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. NASCIMENTO, Jonilton Mendes do: Custos: planejamento, controle e gestão na economia globali- zada. São Paulo: Atlas, 2001. RECKZIEGEL, Valmor; SOUZA, Marcos Antonio de; DIEHL, Carlos Alberto: Práticas de Gestão de Custos Adotadas por Empresas Estabelecidas nas Regiões Noroeste e Oeste do Estado do Paraná. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, São Paulo, v. 9, n. 23, 2007. Disponível em: <https:// rbgn.fecap.br/RBGN/article/viewFile/70/64>. Acesso em: 13 abr. 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 12 – Contabilidade de Custos, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira Gilson Rogério Marcomin Introdução Você sabe relacionar Contabilidade de Custos, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Finan- ceira? Será que existem diferenças entre esses três ramos ou eles podem ser utilizados de forma integrada no processo de tomada de decisões empresariais? As organizações se utilizam desses três tipos de contabilidade ou não? Nesta aula, você irá compreender a relação eles. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a relação entre a Contabilidade de Custos e outros tipos, como a Conta- bilidade Gerencial e a financeira. 1 A contabilidade gerencial A Contabilidade Gerencial permite que sejam analisados aspectos específicos do contexto produtivo em uma organização, pois consideram informações úteis e relevantes à tomada de deci- são gerencial, buscando principalmente reduzir custos operacionais, como também adequar as operações produtivas às necessidades do mercado. Salienta-se ainda que, de acordo com Ribeiro (2013), a Contabilidade Gerencial não está vinculada aos princípios contábeis e normas brasileiras de contabilidade. FIQUE ATENTO! A Contabilidade Gerencial é uma ferramenta derivada da Contabilidade de Custos. Por meio dela são desenvolvidos inúmeros processos de análises contábeis, para que os gestores das empresas possam tomar as decisões e exercer o controle sobre os processos empresariais. Assim sendo, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade de Custos evoluíram, chegando ao estágio atual, onde tem-se a Contabilidade Gerencial. Até momentos passados, a Contabilidade de Custos tinha a função de analisar e avaliar a situação dos custos de produção com vistas a definir os preços de venda, por exemplo. Com as –13 – TEMA 2 rápidas mudanças ocorridas no mundo moderno, sua função teve que passar para o gerencia- mento dos processos de produção ou, no mínimo, possuindo alguma participação neles. EXEMPLO Suponha que o diretor de uma empresa que produz centenas de produtos necessite verificar quais oferecem a maior lucratividade, para fazer novos investimentos. Por meio de análises contábeis gerenciais, obtidas pela Contabilidade de Custos, suas várias ferramentas e relatórios, o diretor consegue visualizar quais produtos pos- suem os menores custos de produção e a maior lucratividade, tomando a decisão de investir neles. Desse modo, a Contabilidade de Custos atualmente é utilizada de forma gerencial. Ou seja, são desenvolvidos inúmeros processos de análises contábeis, com as quais os gestores das empresas podem tomar as decisões e exercer o controle sobre as atividades empresariais. Figura 1 – A Contabilidade Gerencial e a tomada de decisões Fonte: Uber Images/Shutterstock.com SAIBA MAIS! No artigo “Diferenciações entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países”, os autores Fábio Frezatti, Andson Braga de Aguiar e Reinaldo Guerreiro identificam os principais elementos que diferenciam a Contabilidade Financeira da Contabilidade Gerencial em vários países do mundo. Vale a pena ler! Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rcf/v18n44/a02v1844>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 14 – 2 A Contabilidade Financeira De acordo com Ribeiro (2013), a Contabilidade Financeira leva em consideração o registro e o controle de todos os componentes das demonstrações contábeis elaboradas, de forma a atender às necessidades dos usuários. Figura 2 – Registros contábeis e financeiros Fonte: Sergey Nives/Shutterstock.com A Contabilidade Financeira foi a primeira tentativa de desenvolver estudos para apurar os custos empresariais. Como a maioria das empresas era comercial, ficava mais fácil o processo de levantar as informações, pois elas compravam os produtos dos fabricantes e os revendiam. FIQUE ATENTO! A Contabilidade Financeira é responsável pelo registro e controle de todos os com- ponentes das demonstrações contábeis. 3 Relação entre a Contabilidade de Custos com a Contabilidade Gerencial e Financeira Os três ramos da contabilidade são complementares. A integração entre eles é muito impor- tante para que se faça uma perfeita análise das informações contábeis e se consiga tomar as deci- sões de forma acertada. Cada um deles, isoladamente, não pode processar todas as informações existentes na empresa e fornecer subsídios completos para as análises técnicas. É necessário que haja uma integração entre todas as contabilidades e ainda com outras ciências, como o Direito e a Administração. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 15 – Assim, é preciso que a Contabilidade de Custos desempenhe algumas ações específicas na apuração dos custos, e que essas informações sejam agrupadas e complementadas com outros dados, elaborados e desenvolvidos pelas contabilidades financeira, tributária e gerencial. O quadro a seguir mostra como eram apurados os custos empresariais. Quadro 1 – Apresentação dos custos (Revolução Industrial) Valores dos estoques antes do processo empresarial (estoques iniciais) (+) Compras realizadas no período (-) Valores dos estoques depois do processo empresarial (estoques finais) (=) Custo das mercadorias vendidas Fonte: elaborado pelo autor, 2017. Desse modo, a Contabilidade Financeira analisava os valores dos estoques antes do pro- cesso empresarial e adicionava a eles as compras realizadas no período. Desse resultado, eram descontados os valores dos estoques finais e apurava-se o custo das mercadorias vendidas, con- figurando-se como os custos totais da empresa, com os quais eram elaboradas todas as análises de custos, rentabilidade e lucratividade. FIQUE ATENTO! A Contabilidade de Custos, financeira e gerencial são totalmente complementares. A integração entre elas é muito importante para que se faça uma perfeita análise das informações contábeis e se consiga tomar as decisões de forma acertada. Após a empresa ter apurado os seus custos totais, eram adicionados os valores das receitas e se podia calcular o lucro bruto. Dessa maneira era feito o Demonstrativo do Resultado do Exercí- cio (DRE), mostrado pelo quadro a seguir. Quadro 2 – Demonstrativo do Resultado do Exercício Valores das vendas líquidas (-) Custo das mercadorias vendidas Valores dos estoques iniciais (antes do processo empresarial) (+) Compras realizadas no período (-) Valores dos estoques finais (depois do processo empresarial) (=) Lucro bruto CONTABILIDADE DE CUSTOS – 16 – (-) Despesas comerciais (-) Despesas administrativas (-) Despesas financeiras (=) Resultado antes do Imposto de Renda Fonte: elaborado pelo autor, 2017. Enquanto a Contabilidade de Custos preocupava-se em levantar e apurar os diversos gastos envolvidos com o processo empresarial da organização, a financeira tinha o papel de buscar essas informações elaboradas e processá-las de forma a subsidiar as devidas análises financeiras e executadas por cada empresa. EXEMPLO Uma empresa comercializa dois produtos distintos, o produto A e o produto B. O produto A gerou uma receita bruta de R$ 100.000,00 no ano X, com um custo total de R$ 60.000,00, produzindo um lucro de R$ 40.000,00 nesse ano. Por outro lado, o produto B gerou uma receita bruta de R$ 550.000,00 no mesmo ano X, mas com custo total de R$ 580.000,00, o que gerou um prejuízo de R$ 30.000,00 no ano ana- lisado. Assim sendo, ao finalizar os lançamentos contábeis no final desse ano X, a empresa obterá um lucro total de R$ 10.000,00. Porém, com a utilização da Con- tabilidade Gerencial, os proprietários poderão verificar que o produto A é lucrativo, pois produziu um lucro de R$ 40.000,00, ao passo que o produto B, mesmo com uma receita bem alta, produziu um prejuízo de R$ 30.000,00, que acabou utilizando parte do lucro gerado pelo produto A, sobrando apenas os R$ 10.000,00. Desse modo, os gestores podem tomar decisões em relação a este cenário. Atualmente, a Contabilidade de Custos é utilizada de forma gerencial e também pela finan- ceira, na qual são desenvolvidos inúmeros processos de análises contábeis, usados como ferra- mentas pelos gestores para tomar decisões e exercer o controle sobre os processos empresariais. Martins (2010) afirma que, com o objetivo de identificar os custos reais de produção até sua dis- tribuição final, os sistemas convencionais de Contabilidade de Custos estão se modificando, de maneira que as empresas possam utilizar uma abordagem integrada para o gerenciamento das informações dos custos. SAIBA MAIS! No artigo “Uma investigação do uso de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas brasileiras”, Dione Olesczuk Soutes verifica se as empresas que foram indicadas para o prêmio 500 maiores e melhores no ano de 2004 utilizam essa ferramenta e como é o desempenho delas perante às outras que não usam. Trata- se de uma análise bem interessante. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/12/12136/tde-12122006-102212/en.php>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 17 – Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • descobrir a importância da Contabilidade de Custos no contexto empresarial; • entender a integração e relacionamento entre a Contabilidade de Custos e a Contabili- dade Gerencial e financeira; • perceber que as três partes da contabilidade são necessárias nas organizações e só conseguem produzir resultados eficazes se estiverem integradas entre si, como tam- bém a outras ciências. Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças corporativas e valor. Editora Atlas, 6. ed., São Paulo, 2012. FREZATTI, Fábio; AGUIAR, Andson Braga de; GUERREIRO, Reinaldo: Diferenciações entre a Conta- bilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países.Revista de Contabilidade e Finanças – USP, São Paulo, nº 44, 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v18n44/a02v1844>. Acesso em: 13 abr. 2017. MARTINS, Eliseu: Contabilidade de Custos - Livro-texto – 10. ed. Editora Saraiva, São Paulo, 2010 NASCIMENTO, Jonilton Mendes do: Custos: planejamento, controle e gestão na economia globali- zada. São Paulo: Atlas, 2001. RIBEIRO, Osni Moura: Contabilidade de Custos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. SOUTES, Dione Olesczuk: Uma investigação do uso de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas brasileiras. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-12122006-102212/ en.php>. Acesso em: 13 abr. 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 18 – Como gestores utilizam informações sobre custos Gilson Rogério Marcomin Introdução Você consegue imaginar como os gestores utilizam as informações de custos em sua rotina nas organizações? Será que a contabilidade de custos consegue auxiliá-los na tomada de deci- sões de forma efetiva? Esta aula descreverá como esse processo pode ser realizado. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender como os gestores fazem uso da contabilidade de custos para a tomada de decisões. 1 O uso da contabilidade de custos pelos gestores Para os gestores, existem diversas ferramentas que podem auxiliar na tomada de decisões. O método que iremos apresentar tem como base a segmentação da empresa em centros de custos, ou seja, algum departamento em que os itens dos custos possam ser distribuídos, para depois se fazer os rateios dos custos indiretos e atribuir todos os valores relacionados ao processo empre- sarial. (MARTINS, 2010) Figura 1 – Centros de Custos Fonte: Jirsak/Shutterstock.com – 19 – TEMA 3 https://www.shutterstock.com/pt/g/Jirsak Existem nas empresas diversos centros de custos, como os comuns, os auxiliares e os ope- racionais. Os comuns são aqueles que não estão relacionados diretamente com a produção do bem da empresa e têm como função fornecer serviços para os outros centros. Alguns exemplos são tesouraria, contabilidade e refeitório. (MARTINS, 2010) FIQUE ATENTO! É praticamente impossível que um gestor de alguma empresa consiga tomar deci- sões acertadas e consistentes com os objetivos a serem alcançados, sem usar as ferramentas da contabilidade de custos. Os centros de custos auxiliares dão apoio àqueles envolvidos com o processo operacional. Os custos produzidos por eles são geralmente acumulados por departamentos ou redistribuídos para a área produtiva, na qual podem fazer parte da forma de custeio dos produtos. Dentre os auxiliares, estão o centro de custos de compras e o de almoxarifado. Já os operacionais desempenham as atividades diretamente ligadas ao processo de produção dos bens da empresa. (MARTINS, 2010) EXEMPLO Uma empresa possui os centros de custos Compras, Fundição e Acabamento, e deseja atrelar os custos apenas aos de produção, ou seja, Fundição, com custos de R$ 50.760,42, e Acabamento, com custos de R$ 41.531,25. Assim, os custos com Compras, que foram de R$ 38.762,50, devem ser atribuídos aos outros dois centros de custos. Pela atribuição da quantidade de pedidos, é possível ratear esse valor para ambos, sendo a taxa de rateio de 54% para a Fundição e 46% para o Acabamento. Assim, realizando os cálculos, tem-se: para a Fundição o valor de R$ 20.931,75; e para o Acabamento o valor de R$ 17.830,75. Dessa maneira, os custos ficam, respectivamente, em R$ 71.692,17 e R$ 59.362,00. Outro fator importante para se fazer a devida adequação do centro de custos é o conceito de bases de distribuição, que são os parâmetros necessários para que determinado custo possa ser atribuído adequadamente ao seu centro. Há certos critérios para fazer essa alocação de maneira coerente. Alguns exemplos de bases de relação ou distribuição são números de empregados, horas trabalhadas e número de unidades produzidas. (MARTINS, 2010) SAIBA MAIS! No artigo Centro de custos e escala de produção na pecuária leiteira dos principais estados produtores do Brasil, os autores estimaram os custos de produção na pecuária leiteira no Brasil, considerando-se a metodologia de “centro de custo”. Acesse: <https://ideas.repec.org/s/ags/sobr06.html>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 20 – https://ideas.repec.org/s/ags/sobr06.html 2 Ferramentas contábeis utilizadas pelos gestores Os gestores podem utilizar várias ferramentas para gerenciar suas atividades empresariais e, de acordo com a contabilidade de custos, uma das que são adotadas pelos gestores é o orça- mento de produção. Na verdade, essa ferramenta compreende todos os setores da empresa, pois é impossível fazer a separação em função de seu contexto dinâmico. Dessa forma, o orçamento de produção é apenas um orçamento no contexto complexo da empresa, que considera os elementos produtivos em um ano, por exemplo. (MARTINS, 2010) Assim, a empresa consegue planejar a utilização dos recursos produtivos e seu impacto nos custos empresariais, podendo definir os demais aspectos, como a lucratividade. O orçamento de produção é relacionado com o orçamento de vendas, de estoques, finan- ceiro, entre outros. Para ser mais específico, ele irá considerar os recursos produtivos, como mate- riais diretos e mão de obra direta, principalmente. (MARTINS, 2010) O orçamento é feito considerando-se a quantidade de mercadorias que deverá ser produzida no ano, sendo subdividido em períodos mensais. Baseado nesse valor, é preciso determinar a quantidade de materiais diretos que serão necessários, em consonância com a sua utilização na produção e de acordo com a demanda em cada mês. Do mesmo modo é feito com o orçamento de mão de obra direta, considerando-se a quan- tidade de horas que um funcionário irá trabalhar na elaboração de cada produto da empresa, seguindo as quantidades de demanda para cada mês. Ao final, tem-se as quantidades físicas e financeiras de materiais e mão de obra diretos necessários para a produção do ano em destaque. (MARTINS, 2010) EXEMPLO Uma empresa deseja vender 6.830 chapéus no ano de 2018, sendo 40% desse montante entre janeiro e fevereiro, 40% em março e abril e 20% divididos entre ju- nho e julho. Nesse contexto, a empresa utiliza 30 horas/homem para a produção de uma unidade, que representa um custo unitário de R$ 45,00. Além disso, usa vários materiais, que geram custo unitário de R$ 67,00, o qual a empresa deseja manter no próximo ano. Dessa forma, a empresa terá um orçamento de produção de R$ 764.960, sendo R$ 307.350 para a mão de obra e R$ 457.610 para os mate- riais diretos, subdivididos mensalmente segundo os critérios de vendas e demanda. Esse cálculo é feito primeiramente de forma a saber a quantidade vendida em cada período. Para isso, é preciso multiplicar as porcentagens dadas pelo valor total que a empresa deseja produzir, ou seja, em janeiro e fevereiro serão vendidos 40% de 6.830, que representa a quantidade de 2.732 unidades. Feito isso, basta multiplicar essa quantidade pelos custos unitários de mão de obra e de materiais diversos, encontrando os valores totais do orçado para o ano. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 21 – 3 A tomada de decisões baseada nas informações de custos Apesar das vantagens que os estoques proporcionam, como a possibilidade de atendimento às necessidades da produção, a proteção que a empresa obtém por tê-los no seu almoxarifado (já que podem ocorrer falhas na entrega pelos fornecedores ou outros imprevistos) e a importância que os estoques têm no contexto empresarial, os processos de controle de entrada e saída de qualquer tipo de mercadoria precisam ser eficientes. Desse modo, sua utilização é fundamental para que as empresas possam ter os insumos e demais materiais que necessitam para atingir seus objetivos. (ASSAF NETO, 2012) Figura 2 – Estoques Fonte: Beata Becla/Shutterstock.comA análise e a interpretação dos estoques no processo da contabilidade de custos são neces- sárias por ocorrer uma complexa movimentação de insumos e demais componentes no processo empresarial, bem como é preciso efetuar os devidos registros desse vaivém de mercadorias. . Figura 3 – Processo dinâmico dos estoques Nível máximo de estoque Nível mínimo de estoque Reposição Consumo Ta m an ho do lo te Fonte: elaborada pela autora, 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 22 – https://www.shutterstock.com/pt/g/Beata+Becla Pela Figura, observa-se que, quando o estoque é abastecido, os níveis do mesmo chegam ao limite, ou seja, existe uma grande quantidade de produtos, materiais e outros insumos à espera do momento ideal para cumprir a sua função, tanto na produção quanto no processo de vendas. Esse ponto é chamado de nível máximo de estoque. FIQUE ATENTO! Os estoques são utilizados para atender algumas necessidades empresariais, tanto no contexto da produção como da comercialização, principalmente pelo fato da existência da incerteza e dos riscos relacionados à demanda. Conforme acontece o processo de produção, as mercadorias que estão nos estoques são direcionadas à produção e, como consequência, com o passar do tempo, o consumo torna-se constante e cíclico e a quantidade disponível diminui, até chegar ao seu completo esgotamento. Nesse ponto, é atingido o nível mínimo de estoque ou nível zero e a empresa terá de reabastecê-lo novamente com os seus diversos fornecedores. (ASSAF NETO, 2012) Figura 4 – Orçamentos de estoques Fonte: Tyler Olson/Shutterstock.com Assim, é importante poder tomar decisões acertadas em relação ao contexto do estoque nas empresas e além de ter várias ferramentas relacionadas aos estoques, como controles de entrada e saída, vendas, produção etc., também é preciso a utilização de orçamentos de estoques, pois podem antecipar a tomada de decisões em função das movimentações dos estoques. (ASSAF NETO, 2012) CONTABILIDADE DE CUSTOS – 23 – https://www.shutterstock.com/pt/g/tylerolson FIQUE ATENTO! É importante que os valores orçados exponham sobre as quantidades de mercado- rias em estoques, em cada período, como também os seus valores financeiros, de forma a subsidiar outros orçamentos de custos, por exemplo. Dessa forma, o orçamento de estoques deve ser elaborado como todo orçamento, ou seja, é preciso elaborar um plano, geralmente anual, que contenha as principais informações sobre os estoques, como entrada de mercadorias, saídas para produção, tempo de estocagem, custos rela- cionados aos estoques, formas de armazenamento, entre outros aspectos. (MARTINS, 2010) Para essa elaboração, geralmente se utilizam séries temporais históricas, ou seja, baseado no realizado nos anos anteriores, faz-se uma previsão para o próximo período. Assim, com as informações sobre o que aconteceu com os estoques nos anos passados, pode-se construir o orçamento de estoques, no qual o mesmo pode ser subdividido em períodos mensais, para facili- tar a tomada de decisões. Geralmente, é necessário a elaboração de vários orçamentos de estoques, devido a sua com- plexidade, pois a empresa pode possuir estoques de matérias-primas, embalagens, produtos em elaboração, produtos acabados e produtos acessórios. O mais coerente é que seja feito um orça- mento para cada tipo diferente dos estoques, de forma que a tomada de decisões seja mais acer- tada. (MARTINS, 2010) SAIBA MAIS! No artigo “Informação Contábil Gerencial e Orçamento Empresarial em Indústrias do Setor Sucroenergético do Vale de São Patrício – GO”, a autora investiga como a informa- ção contábil gerencial e o orçamento empresarial auxiliam a tomada de decisão. Aces- se: <http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%- C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20 Cardoso.pdf>. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender sobre as ferramentas contábeis essenciais no direcionamento das tomadas de decisões; • compreender como que os gestores se apropriam da contabilidade de custos para a tomada de decisões; • perceber a importância dessas ferramentas já que embasam as escolhas dos gestores. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 24 – http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CARDOSO, Aline de Carvalho. Informação Contábil Gerencial e Orçamento Empresarial em Indústrias do Setor Sucroenergético do Vale de São Patrício – GO. Disponível em: <http://repositorio.bc.ufg. br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20 %E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017. LOPES, Patrick Fernandes; YAMAGUCHI, Luiz Carlos Takao; REIS, Ricardo Pereira; LOPES, Cassio Fernandes. Centro de custos e escala de produção na pecuária leiteira dos principais estados pro- dutores do Brasil. Journal Research in Agricultural and Applied Economics. IN 44. Congresso Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), July 23-27, 2006, Fortaleza, CE. Disponível em: <https://ideas.repec.org/s/ags/sobr06.html>. Acesso em: 20 jul. 2017. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: livro-texto. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 25 – http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/11225/1/TCCG%20%E2%80%93%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%E2%80%93%20Aline%20de%20Carvalho%20Cardoso.pdf https://ideas.repec.org/s/ags/sobr06.html Terminologias utilizadas na contabilidade de custos: despesas x custos; perda x prejuízo Gilson Rogério Marcomin Introdução Custos, despesas, perdas, prejuízos... Você já percebeu quantos termos técnicos existem no estudo da Contabilidade de Custos? Será que isso tudo é necessário para entender o assunto? Esta aula irá esclarecer esses termos e expor a necessidade dos mesmos. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer as principais terminologias utilizadas na contabilidade de custos, com desta- que para despesas, custos, perdas e prejuízos. 1 Terminologias e sua importância No estudo da Contabilidade de Custos torna-se necessário o conhecimento de uma quantidade de termos técnicos específicos que servem para o claro entendimento do amplo contexto desta área. Figura 1 – Terminologia de custos e recursos Fonte: patpitchaya/Shutterstock.com – 26 – TEMA 4 Para conseguir realizar o perfeito levantamento dos custos de uma empresa e apurar o seu impacto nos negócios, como também analisar se ela tem lucro ou prejuízo, é preciso conhecer cada termo e sua aplicação. Desta forma é evitado o uso de termos errados no desenrolar do diag- nóstico de custos. Afinal, ao primeiro olhar, todos parecem a mesma coisa. Geralmente temos a impressão de que custo, despesa, perda, desperdício ou prejuízo são sinônimos e que tudo é gasto ou desembolso. Entretanto, na Contabilidade de Custos, seus significados são diferentes. Para a adequada aplicação da Contabilidade de Custos como subsídio na tomada de deci- sões, é preciso entender e compreender esses termos de forma eficaz. Se determinado valor de um produto é custo e dizemos que é despesa, modificamos todo o processo de contabilizaçãoe fornecemos informações erradas para os gestores. FIQUE ATENTO! É importante, no escopo da Contabilidade de Custos, compreender e interpretar cada situação ocorrida nos processos produtivos das empresas. Assim como ter o adequado entendimento do que é custo, despesa, perda, desperdício, etc... Isto porque, se houver alocação de valores de um determinado termo para outro, o pro- cesso de contabilização ficará errado. SAIBA MAIS! No artigo “Gestão de Custos Aplicado ao Agronegócio: culturas temporárias” os autores Elza Hofer, Adriano José Rauber, Auri Diesel e Márcio Wagner, expõem que os custos de produção de culturas temporárias comumente são altos e os empresários rurais necessitam buscar meios para a redução desses custos, eliminação dos desperdícios e melhorias no planejamento das atividades agrícolas. Vale a pena ler! Disponível em: <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/ article/view/290>. 2 Despesas e custos O uso adequado dos termos técnicos da Contabilidade de Custos possibilita que o processo de contabilização seja feito de forma correta, o que irá proporcionar informações certas para os gestores tomarem decisões coerentes com os objetivos da empresa. Quando uma alocação de valor financeiro é feita de forma errada, por desconhecimento da terminologia, acarreta a geração de informação equivocada, que pode contribuir para a tomada de decisões errôneas também. Quando falamos em custos e despesas, a maioria das pessoas acredita que sejam seme- lhantes, já que nas duas opções saiu dinheiro do caixa da empresa. De fato, esse raciocínio tem fundamento, visto que ambos são desembolsos. No entanto, ser custo ou despesa irá depender da função desse gasto no contexto da produção ou das vendas. Os custos correspondem a todo desembolso da empresa referente à aquisição de algo que irá servir para que ela produza bens ou serviços. Isso quer dizer que, se a empresa adquire um CONTABILIDADE DE CUSTOS – 27 – insumo, como matéria-prima para a fabricação dos produtos que comercializa, o gasto com essa matéria-prima é classificado como custo. Os custos estão sempre relacionados com os produtos ou serviços que a empresa vende no mercado. Assim, para entender fácil se um gasto é custo, basta avaliar se ele está ligado ao produto ou serviço que a empresa comercializa. Se estiver relacionado, então esse gasto é custo. Já as despesas são todos os bens ou serviços consumidos na manutenção de atividades operacionais e na obtenção de receitas, não vinculadas à produção. Em outras palavras, isso signi- fica que as despesas são valores usados para pagar algo relacionado à manutenção da atividade comercial ou de venda. Resumidamente, despesa é bem ou serviço consumido direta ou indireta- mente para obtenção de receitas. Os principais exemplos de despesas são os materiais de escri- tório, salários da administração, comissão de representantes de vendas etc... EXEMPLO Imagine uma padaria que produz pães e roscas. Os gastos com a produção, como a farinha de trigo são custos. Já as despesas são os gastos como materiais de limpeza e de escritório. Figura 2 – Custos e processo produtivo Fonte: rosedesigns/Shutterstock.com Dessa forma, custos e despesas não são a mesma coisa e, quando o processo de conta- bilização acontece, os valores financeiros que foram desembolsados precisam ser alocados de forma correta. Ou seja, gastos com produtos e serviços que vão servir para a produção de bens e serviços da empresa devem ser alocados como custos. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 28 – FIQUE ATENTO! Os custos são gastos que estão totalmente relacionados com o processo produ- tivo que a empresa realiza, sendo necessários para que os produtos e serviços da empresa sejam fabricados. Já as despesas são gastos necessários para a empresa realizar os seus negócios e a produção de receitas, mas que não estão relacionados com o processo de produção dos seus produtos e serviços. Se o gasto for para a aquisição de algum componente que não faz parte da produção da empresa, mas que é necessário para a sobrevivência da mesma no mercado que atua, então é uma despesa. Figura 3 – Despesa x fabricação Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com SAIBA MAIS! No artigo “Custos de produção da atividade leiteira na região sul de Minas Gerais” os autores Ricardo Pereira Reis, André Luiz Medeiros, Lucas Andrade Monteiro apresentam os custos de produção da produção de leite na região Sul de Minas Gerais, identificando indicadores econômicos dos custos que são mais significativos nesse negócio. Vale a pena ler! Disponível em: <http://revista.dae.ufla.br/index.php/ ora/article/view/272>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 29 – 3 Perdas e prejuízos Do mesmo modo que o entendimento de custos e despesas é importante no processo de contabilização de custos, outros dois termos técnicos são essenciais: as perdas e os prejuízos. Esses dois termos também costumam causar confusão quando estudamos a Contabilidade de Custos e os lançamentos contábeis feitos de forma errada, nesse caso, também geram impac- tos negativos no processo de tomada de decisões. As perdas são gastos ocorridos de forma anormal, inesperada e involuntária, não esperados na rotina da empresa ou organização. Ou seja, são considerados como perda aqueles gastos que não são previstos. Exemplos: incêndio, desabamento, atentados, obsolescência de estoques, perí- odo relacionado a greves, enchentes, furtos e roubos. Os desperdícios, sejam eles quais forem, também são considerados perdas, como: sobras de materiais, perda de clientes, produtos com prazo de validade expirado etc... EXEMPLO Imagine que uma empresa metalúrgica fabrica portões e utiliza barras de aço. Um funcionário da empresa precisa cortar as barras de aço em tamanhos iguais de 2,95m de comprimento e essas barras são entregues pelo fornecedor no tamanho padrão de seis metros de comprimento. Ao fazer o corte, sobrará 10 cm, e esse pedaço de 10 cm raramente terá alguma utilidade, sendo descartado como sucata. Essa sucata caracteriza uma perda. Figura 4 – Perdas Fonte: ChiccoDodiFC/Shutterstock.com Os prejuízos possuem um conceito um pouco mais complexo. Prejuízo é o contrário de lucro. Se a empresa não conseguiu, ao final do seu processo de análise (ou ano fiscal, por exemplo), obter um resultado financeiro líquido maior que zero, que corresponda ao seu lucro, então a mesma teve um prejuízo. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 30 – Os prejuízos são caracterizados como um resultado financeiro líquido negativo. A empresa, ao invés de aumentar a sua riqueza, produzindo lucros, diminui a mesma, ficando em déficit finan- ceiro. Isso geralmente acontece em razão dos custos e despesas com valores financeiros maiores que as receitas de vendas. FIQUE ATENTO! Os prejuízos podem acontecer quando os custos e despesas de uma empresa, em determinado período, são maiores que as receitas de vendas, acarretando redução da riqueza ao invés da geração desta, que é produzida pelos lucros. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender as principais terminologias na contabilidade de custos e sua importância; • entender as diferenças entre despesas e custos; • compreender os conceitos e diferenças de perdas e prejuízos. Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. HOFER, Elza; RAUBER, Adriano José; DIESEL, Auri; WAGNER, Márcio. Gestão de Custos Aplicado ao Agronegócio: culturas temporárias. Contabilidade Vista e Revista, v. 17., n. 1., 2006. Disponível em <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/290>. Acesso em: 21 abr. 2017. HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. Editora Atlas, 11. ed., 2014. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos - Livro-texto – 10. ed. Editora Saraiva, São Paulo, 2010. REIS, Ricardo Pereira; MEDEIROS, André Luiz; MONTEIRO, Lucas Andrade. Custos de produção da atividade leiteira naregião sul de Minas. Revista Organizações Rurais e Agroindustriais, volume 03, nº 02, 2001. Disponível em: <http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/view/272>. Acesso em: 21 abr. 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 31 – Terminologias utilizadas na contabilidade de custos: ganho x lucro; desembolso; lucro bruto x lucro operacional Gilson Rogério Marcomin Introdução A linguagem técnica costuma gerar muita confusão, apesar de ser uma terminologia impor- tante para conceituar aspectos pertinentes ao campo de estudos de uma ciência específica, embora pareça complicada para os estudantes e leitores. Isso também acontece na contabilidade de custos com termos como ganhos e lucros, gastos e desembolsos, lucro bruto e lucro operacio- nal. Nesta aula, você irá aprender esses termos e a que se aplicam. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer as principais terminologias utilizadas na contabilidade de custos, com desta- que para ganhos, lucros, lucro bruto e operacional. 1 Ganhos e lucros Geralmente, as pessoas entendem ganho e lucro como a mesma coisa, mas não são. É uma confusão normal que se faz, ao pensar que, por ser algo positivo, já que a pessoa ou a empresa tem um resultado positivo, são sinônimos. No entanto, em contabilidade de custos, são conceitos totalmente diferentes, além de possuírem impactos empresariais também diferentes. Assim sendo, o ganho corresponde às receitas financeiras geradas pela venda dos produtos da empresa. É realmente um ganho, pois a empresa arrecadou capital financeiro através das ven- das que fez de seus produtos ou serviços. De uma forma técnica, os ganhos são chamados de receitas, ou de faturamento. Mas os ganhos também podem ser por outros motivos, como, por exemplo, se a empresa recebe alguma doação financeira, um subsídio pelos seus produtos etc. De forma simplificada, os ganhos correspondem a todas as ações em que a empresa recebe capital financeiro, sendo esse dinheiro adicionado ao seu caixa, seja pelas vendas, por ganhos financei- ros no mercado de capitais, por recebimento de juros, aluguéis, royalties etc., ou por outro meio lícito. – 32 – TEMA 5 Figura 1 – Os ganhos Fonte: Alphaspirit/Shutterstock.com. Por outro lado, o termo lucro é mais abrangente, visto que ele corresponde ao que sobra de capital financeiro para a empresa após o pagamento de todas as suas obrigações. Assim sendo, o lucro só é encontrado após a empresa conseguir determinar todos os seus custos e despesas e pagá-los, só então o saldo líquido é considerado lucro. FIQUE ATENTO! Os ganhos constam de todos os valores financeiros que as empresas conseguem com a venda de seus produtos ou com outras ações visando a obter capital finan- ceiro. Já os lucros constam do resultado líquido, ou seja, é o saldo financeiro após o pagamento de todos os custos e despesas. Para determinar o lucro, é preciso que a contabilidade desempenhe uma série de ações com o objetivo de levantar todos os custos, as despesas e outros gastos, como também todas as receitas e demais ganhos, para poder calcular o saldo financeiro final, o qual é caracterizado como sendo o lucro daquele período analisado. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 33 – Figura 2 – Os lucros Fonte: Macrovector/Shutterstock.com Um detalhe importante é que todas as organizações possuem ganhos, visto que todas elas obtêm receitas financeiras, seja pela venda de produtos ou serviços, seja por repasses governa- mentais, no caso das públicas, seja por doações, como nas não governamentais. No entanto, nem todas elas obtêm lucros, pois pode ocorrer que algumas não consigam gerenciar adequadamente seus custos e despesas, como também pode acontecer de haver receitas menores que os custos e, desse modo, se isso ocorrer, elas não têm lucro e sim, prejuízo. SAIBA MAIS! No artigo “Uma proposta de planejamento de produção vinculada a margem de lucro dos produtos manufaturados”, Romanzini e Ribeiro desenvolveram um mé- todo de planejamento da produção que procura atender às demandas de mercado levando em consideração a margem de lucro dos diferentes produtos. É uma boa leitura complementar. Acesse: <https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/ view/2419/1500>. 2 Desembolso O desembolso está relacionado com os gastos, ou seja, é totalmente vinculado com os cus- tos e despesas. Consta do pagamento de todas as obrigações financeiras que cada organização possui em sua rotina de realização de negócios, pois, para que o processo empresarial ocorra, as organizações estão em constante processo de aquisição de insumos, produtos e serviços de for- necedores, e essas aquisições necessitam ser pagas, ocorrendo o desembolso. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 34 – EXEMPLO Imagine uma padaria que produz pães e roscas. A mesma adquire 100 kg de fari- nha de trigo de um moinho, no valor de R$ 200,00, e precisa pagar o boleto dessa compra. Quando a padaria paga o boleto, ela retira os R$ 200,00 de seus caixas e transfere para o moinho, caracterizando um desembolso. Assim sendo, o desembolso é caracterizado por saídas de dinheiro do caixa da organização, com o intuito de cobrir as obrigações contraídas junto a fornecedores, principalmente. Ele também acontece no tocante ao pagamento de funcionários, como no caso de pagamento de salários, encargos e benefícios. Também são considerados desembolsos os pagamentos relacionados aos tributos. Figura 3 – Desembolsos Fonte: Levent Konuk/Shutterstock.com Os desembolsos também podem acontecer quando os pagamentos são programados com prazos, ou seja, determinada organização realiza uma aquisição de um produto junto a um forne- cedor e programa pagá-lo com 30 dias de prazo. Quando chegar o dia do pagamento, o dinheiro sairá do caixa e será feito o desembolso. FIQUE ATENTO! Os desembolsos são saídas de dinheiro do caixa da empresa para a realização de algum pagamento, independente de o pagamento ser à vista ou a prazo. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 35 – 3 Lucro bruto e lucro operacional Após compreender o sentido do termo lucro, torna-se necessário expor que existem várias subdivisões desse termo, fato que faz com que o entendimento do termo técnico fique um pouco mais complexo. Dentro dessas subdivisões, estão os conceitos de lucro bruto e lucro operacional. O lucro bruto é a primeira subdivisão do escopo do lucro e consta do valor obtido após o pagamento dos impostos que incidem sobre os produtos que a empresa comercializa, como tam- bém dos custos das mercadorias vendidas. Desse modo, logo após a contabilidade de custos fazer o levantamento das receitas de vendas, deve ser descontado os impostos que são incidentes sobre esses produtos, como no caso do ICMS e IPI, por exemplo, e também os custos das merca- dorias vendidas. EXEMPLO Imagine que uma empresa metalúrgica que fabrica e vende portões de aço tenha obtido a receita total de R$ 120.000,00 no mês de abril. Os impostos incidentes sobre a vendas dos portões, como ICMS, IPI, PIS e COFINS, representaram o valor de R$ 16.500,00 no mesmo período e os custos das mercadorias vendidas foram de R$ 83.000,00. Assim, o lucro bruto será o valor restante do pagamento desses impostos e dos custos, ou seja, a empresa ganhou R$ 120.000,00 e pagou R$ 16.500,00 de impostos e R$ 83.000,00 de custos das mercadorias vendidas, so- brando R$ 20.500,00. Assim sendo, o lucro bruto corresponde ao saldo financeiro que a empresa dispõe após o pagamento dos impostos incidentes sobre os produtos comercializado e do pagamento dos cus- tos. No entanto, não são sobre todos os impostos, pois o imposto de renda e a contribuição social do lucro líquido incidem sobre o lucro operacional líquido. Figura 4 – Lucro Bruto e Operacional Fonte: Kasezo/Shutterstock.com CONTABILIDADE DE CUSTOS – 36 – Nesse contexto, o lucro operacional é o resultado obtido por meio do valor apurado pelo lucro bruto e descontado os pagamentos de todas as despesas. FIQUEATENTO! O lucro bruto é obtido pela subtração das receitas pelos impostos incidentes nos produtos e os custos de mercadorias vendidas. O lucro operacional é o resultado do lucro bruto menos as despesas. Para calcular o lucro operacional, basta utilizar o valor do lucro bruto obtido pelos procedi- mentos descritos anteriormente e subtrair as despesas, veja a tabela a seguir. Tabela 1 – Lucro Operacional Receita de vendas R$ 150.000,00 Impostos (IPI, ICMS etc.) R$ 25.000,00 Despesas R$ 40.000,00 Lucro operacional R$ 85.000,00 Fonte: elaborada pela autora, 2017. Ainda nesse escopo, o lucro operacional pode ser bruto e líquido, sendo o primeiro o resultado obtido pela subtração do lucro bruto e as despesas. Já o segundo é obtido pelo resultado do lucro operacional bruto menos o imposto de renda da pessoa jurídica e menos a contribuição social do lucro líquido, que são dois impostos que incidem diretamente sobre o lucro operacional, conforme tabela a seguir. Tabela 2 – Lucro Operacional Bruto e Líquido Receita de vendas R$ 150.000,00 Impostos (IPI, ICMS etc.) R$ 25.000,00 Despesas R$ 40.000,00 Lucro operacional bruto R$ 85.000,00 Imposto de renda R$ 21.250,00 Contribuição social lucro líquido R$ 7.650,00 Lucro operacional líquido R$ 56.100,00 Fonte: elaborada pela autora, 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 37 – O lucro que deverá ser entregue aos sócios da empresa corresponde ao lucro operacional líquido, ou seja, o saldo financeiro que sobrou após o pagamento de todas as obrigações: custos, despesas e tributos. SAIBA MAIS! No artigo “Análise da situação econômico-financeira de hospitais”, o autor analisa as práticas de administração financeira em hospitais brasileiros por meio indica- dores econômico-financeiros e determinação do lucro operacional. Vale a pena ler! Acesse: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/analise_situacao_economico_fi- nanceira_hospitais.pdf> Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer algumas das principais terminologias utilizadas na contabilidade de custos, sua importância e aplicação; • entender as diferenças entre ganhos, lucros e desembolso; • aprender os conceitos, aplicações e diferenças entre lucro bruto e lucro operacional. Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. LIMA NETO, Lucas de. Análise da situação econômico-financeira de hospitais. O Mundo da Saúde, São Paulo, 2011, v. 35, n. 3, p. 270 - 277. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/ analise_situacao_economico_financeira_hospitais.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2017. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: Livro-texto. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ROMANZINI, Fernanda; RIBEIRO, José Luis Duarte. Uma proposta de planejamento de produção vinculada a margem de lucro dos produtos manufaturados. Produção Online, Florianópolis, SC, v. 17, n. 1, 2017. Disponível em:<https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/view/2419/1500>. Acesso em: 26 abr. 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 38 – Classificação dos custos: total e unitário Gilson Rogério Marcomin Introdução Você consegue deduzir a razão da existência da classificação dos custos? Existe diferença entre custos totais e unitários? Qual a importância dessa classificação no escopo de uma organi- zação? Essas dúvidas serão esclarecidas nesta aula. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar a classificação dos custos, em específico no tocante aos custos totais e unitários. 1 Custos totais nas organizações Dentro de uma organização, são produzidos diversos produtos para a comercialização junto ao mercado consumidor no qual ela atua. Tais produtos serão entregues aos consumidores, que irão pagar valores financeiros por eles. Com isso, o dinheiro retorna para a organização, que o usará para cumprir suas obrigações financeiras e ter o lucro desejado. (ASSAF NETO, 2012) Figura 1 – Os Custos Totais Fonte: Skyfish/Shutterstock.com – 39 – TEMA 6 No escopo dos custos, que são gerados pela produção dos vários produtos comercializados por cada organização, é preciso fazer a classificação dos mesmos, para que o contexto da contabiliza- ção de custos e seu objetivo de fornecer informações claras para a tomada de decisões, seja melhor efetivado. Nesse contexto é preciso compreender-se sobre os custos totais, que é determinado como sendo o somatório de todos os custos gerados nas organizações. O custo total compreende todos os custos, ou o valor financeiro total gerado pelos custos de um produto. (MARTINS, 2010) FIQUE ATENTO! Os custos totais compreendem a soma de todos os valores financeiros relaciona- dos como custos de um produto, ou da organização como um todo. Assim sendo, pode-se dizer que cada produto de uma organização possui um custo total, que consiste em somar-se todos os valores de custos que são atribuídos àquele produto, como também a própria organização possui um custo total, que irá compreender o somatório dos custos totais de todos os produtos que a mesma elabora e comercializa no mercado que atua (MARTINS, 2010). EXEMPLO Imagine uma loja de móveis que adquiriu móveis dos fabricantes, no ano de 2015, no valor de R$ 25.000,00. Também pagou R$ 6.000,00 de energia elétrica e R$ 1.200,00 de água. Além disso, possui 10 funcionários, os quais receberam de sa- lário, encargos e benefícios o valor total de R$ 28.000,00. A empresa também pagou R$ 12.000,00 de aluguel no mesmo ano. O custo total da loja de móveis consta da soma de todos esses custos, ou seja, o custo total foi de R$ 72.200,00. A importância dos custos totais de cada produto se dá pelo fato de que são esses valores que deverão retornar para a empresa, por meio da venda, para que ela consiga pagar todas as obrigações financeiras referentes aos custos, sem incluir as despesas e os tributos, os quais, por terem outros conceitos distintos, devem ser somados no total das obrigações financeiras. Quando pensamos nos custos totais da organização, eles correspondem ao valor financeiro total das obri- gações da mesma, em termos de custos apenas. SAIBA MAIS! No artigo “Gestão de Custos Interorganizacionais para o Gerenciamento de Custos Totais: estudo de caso em uma Usina de cana-de-açúcar na região do Triangulo Mineiro”, Marcelino Franco de Moura analisa os aspectos importantes na gestão de custos na cadeia produtiva da cana-de-açúcar. É uma boa leitura complementar. Acesse: <https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/12613>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 40 – 2 Custos unitários nas organizações Assim como os custos totais são importantes para a tomada de decisões, os unitários tam- bém são, uma vez que correspondem aos custos de cada unidade de produto de sua linha ou portfólio produzida pela empresa. Desse modo, os custos unitários correspondem ao valor de custo de uma unidade produzida, ou seja, quanto que uma unidade de certo produto custa para a empresa (MARTINS, 2010). Figura 2 – Custos Unitários Fonte: Ljupco Smokovski/Shutterstock.com Essa informação é muito importante, principalmente para a definição de preço de venda dos produtos pelas empresas, que precisa ser maior do que o custo unitário, o qual deve compor, junto com os tributos, as despesas e a margem de lucro desejado pela empresa, o preço final (HOJI, 2014). FIQUE ATENTO! Os custos unitários correspondem ao valor do custo financeiro de uma unidade de produto produzida. Essa informação é importante principalmente para a determina- ção do preço de venda. Os custos unitários podem ser analisados por meio de várias óticas, como os custos totais unitários, os custos variáveis unitários, e os custos fixos unitários. Para encontrar o valor do custo total unitário, por exemplo, basta dividir o valor dos custos totais do produto pela quantidade produzida naquele período. O resultado será seu custo totalunitário. Desse modo, se a empresa possui custos com matérias-primas, funcionários, energia elé- trica, aluguel, telefone, embalagem, tributos, combustíveis, estoques, custos de comercialização (como comissão de vendas) e outros que fazem parte de seu contexto produtivo, para calcular o custo total de cada produto, é preciso somar todos esses valores relacionados à produção em um determinado período de tempo, como um mês, por exemplo. O valor total encontrado será o custo CONTABILIDADE DE CUSTOS – 41 – total daquele produto. Para encontrar o custo total da empresa, soma-se os custos totais de todos os produtos que ela produz (MARTINS, 2010). Para calcular o custo unitário, utiliza-se o valor do custo total de cada produto e divide-se pela quantidade produzida do mesmo. Figura 3 – Custos de Produção Fonte: Chippix/Shutterstock.com EXEMPLO Imagine uma Choperia que comercializa cada copo de 500 ml de Chope por R$ 5,00, sendo que um barril de 50 litros produz 100 copos. A Choperia compra o barril de Chope por R$ 214,00, o que demonstra o custo unitário de cada copo de 500 ml de Chope para a choperia em R$ 2,14. Assim, a empresa vende cada chope por R$5,00 e tem o custo de R$ 2,14, o que proporciona uma sobra bruta unitária de R$ 2,86. 3 Decisões empresariais utilizando custos totais e unitários No contexto da contabilidade de custos, é requerido que a mesma possa contribuir para que os gestores possam tomar decisões adequadas, visando a atingir os seus objetivos empresariais, principalmente no tocante ao lucro, por meio de informações claras, coerentes e eficazes. Assim sendo, a noção de custos totais e custos unitários se aplica nesse escopo da tomada de decisões, uma vez que são conceitos importantes e que permitem a análise de informações preciosas. Geralmente os custos totais e os custos unitários servem para que os gestores possam rea- lizar análises comparativas com os preços de venda. Nessa análise, será observada como será a relação entre custos e receitas, com o objetivo de obter lucros (HOJI, 2014). CONTABILIDADE DE CUSTOS – 42 – Figura 4 – Decisões: Custo Total e Unitário Fonte: Syda Productions/Shutterstock.com Dessa forma, percebemos que os gestores devem saber o valor do custo unitário de cada produto para compará-lo com os preços de venda dos produtos, já que os custos unitários neces- sitam ser menores que os preços de venda, para que a empresa possa ter lucro. Se nessa análise os preços forem menores que os custos unitários, é provável que a empresa tenha prejuízos e, aí, os gestores irão tomar decisões para que isso seja adequado e corrigido (HOJI, 2014). FIQUE ATENTO! Os custos totais e os custos unitários servem para que os gestores possam reali- zar análises entre eles e os preços de venda, buscando prever o comportamento dos lucros. É importante conhecer os conceitos de custos totais e unitários, assim como saber interpre- tá-los e entender os vários tipos de custos totais e unitários existentes. Os custos totais podem se referir ao montante de custos de cada produto que a empresa possui em seu portfólio, como eles também podem ser da empresa como um todo, o que causa um impacto muito grande, pois os custos totais da empresa podem ser muito altos, gerando prejuízos, enquanto a empresa pode possuir produtos com custos totais muito baixos e grande lucratividade. Outro detalhe importante é que existem custos totais fixos, variáveis, diretos, indiretos, de comercialização, de logística, de oportunidade, financeiros, entre outros, dependendo do tipo de análise que se deseja realizar. O mesmo ocorre com os custos unitários, que podem ser divididos em vários tipos de acordo com o produto que se quer estudar, bem como o tipo de custo que irá ser analisado. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 43 – O importante em toda essa relação é poder verificar o custo total do produto ou da empresa para poder tomar decisões comparativas às receitas geradas, visando ao lucro, como também poder comparar os custos unitários com o preço de venda. SAIBA MAIS! No artigo “Evolução dos preços e custos unitários da fabricação do compensado no estado do Paraná, Brasil”, os autores Ana Paula Donicht Fernandes, Vitor Afonso Hoeflich, Cláudio José Luchesa e Jorge Antonio de Farias analisam a evolução do custo de fabricação de compensados de madeira e o preço pago aos fabricantes. Os autores concluíram que os preços diminuíram mais que os custos unitários. Vale a pena ler. Acesse: <https://periodicos.ufsm.br/cienciaflorestal/article/view/26464> Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • identificar as várias classificações dos custos no tocante aos custos totais e custos unitários; • compreender as diferenças entre custos totais e custos unitários e seu impacto no preço de venda; • entender a importância dos custos totais e custos unitários no contexto da tomada de decisões empresariais. Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. FERNANDES, Ana Paula Donicht; HOEFLICH, Vitor Afonso; LUCHESA, Cláudio José; FARIAS, Jorge Antonio de. Evolução dos preços e custos unitários da fabricação do compensado no estado do Paraná, Brasil. Revista Ciência Florestal, volume 27, n. 01, 2017. Disponível em <https://periodicos.ufsm.br/cienciaflorestal/article/view/26464>. Acesso em: 30 abr. 2017. HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos - Livro-texto. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. MOURA, Marcelino Franco de. Gestão de Custos Interorganizacionais para o Gerenciamento de Custos Totais: estudo de caso em uma Usina de cana-de-açúcar na região do Triangulo Mineiro. Dissertação de Mestrado em Ciências Contábeis. Repositório Institucional da Universidade Fede- ral de Uberlândia. 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/12613>. Acesso em: 30 abr. 2017. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 44 – Classificação dos custos: direto e indireto Gilson Rogério Marcomin Introdução Você consegue diferenciar os custos diretos dos indiretos? Ao observar um processo produ- tivo, você sabe descrever claramente quais são os custos diretos e indiretos? É nesse contexto que será descrita esta aula, a qual irá detalhar sobre os custos diretos, que são todos aqueles relacionados ao produto, e os custos indiretos, que são outros custos que as empresas possuem, mas que não se relacionam com os produtos. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar a classificação dos custos, em específico no tocante aos custos diretos e indiretos. 1 Custos diretos nas organizações Na contabilidade de custos, existem diversos termos técnicos que são utilizados e que des- crevem as ações de análise que devem ser realizadas por esse ramo da contabilidade. Para a gestão de organizações no contexto da contabilidade de custos, os dois termos mais importantes são os custos diretos e os indiretos. (MARTINS, 2010) Figura 1 – Custos diretos: matéria-prima Fonte: Taina Sohlman/Shutterstock.com. – 45 – TEMA 7 Essa classificação considera a forma de atuação desses custos, ou seja, como eles entram na composição do produto a ser comercializado. Desse modo, os diretos são todos os componen- tes de custos diretamente relacionados ao produto ou serviço. Isso mostra que tudo que participa diretamente da composição do produto ou serviço produzido/comercializado pela empresa são classificados como custos diretos. (MARTINS, 2010) FIQUE ATENTO! Os custos diretos são todos os componentes de custos que se relacionam com o produto ou serviço a ser produzido ou comercializado, ou seja, sem esses custos praticamente não se tem a produção. Para ilustrar esse conceito, vamos imaginar uma padaria. Os custos diretos seriam aqueles relacionados à composição dos produtos a serem comercializados. Nesse caso, entram todas as matérias-primas utilizadas naprodução de pães, bem como os salários dos padeiros, a energia elétrica das máquinas que fabricam esses pães, entre outros. EXEMPLO Uma loja de móveis fez uma compra com seus fornecedores, no ano de 2016, no valor de R$ 275.000. Além disso, gastou R$ 5.400 de energia elétrica somente no salão de exposição dos produtos e mais R$ 31.200 com os salários e encargos dos vendedores. Assim, os valores de R$ 275.000 pelos móveis, R$ 5.400 da energia do salão de exposição e R$ 31.200 de salários dos vendedores são classificados como custos diretos. Para que a tomada de decisões, em relação aos custos de uma organização, seja abrangente e feita de forma coerente e correta, é preciso que os custos diretos sejam apropriados de forma adequada. Caso contrário, gera informações incorretas, colocando determinado valor financeiro, que é um custo direto, de outra forma. Para evitar isso, é necessário que todos os componentes de custos da produção, como matéria-prima e mão de obra direta utilizada, sejam levantados e analisados corretamente e apropriados como custos diretos no processo de produção em cada organização. (MARTINS, 2010) SAIBA MAIS! No trabalho “Desenvolvimento de método para apropriação de custos diretos nos serviços da estrutura de concreto armado”, Rudi Sato Simões desenvolveu um método para apropriação dos custos diretos nos serviços de estrutura de concreto em uma construtora. Vale a pena pesquisar ler. Acesse: <http://repositorio.unb.br/ handle/10482/15935>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 46 – 2 Custos indiretos nas organizações Os custos indiretos são aqueles que não participam da produção dos produtos e serviços que a empresa disponibiliza, mas que fazem parte das demais atividades empresariais da orga- nização, que causam desembolsos financeiros e que integram os custos totais, pois impactam ativamente na lucratividade. (MARTINS, 2010) Figura 2 – Custos indiretos: taxa de limpeza Fonte: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com Voltando a pensar na padaria, alguns custos indiretos, que fazem parte do processo empre- sarial, mas não do de produção, são as taxas de limpeza, os custos com materiais de escritórios e de limpeza, os honorários contábeis, entre vários outros que a empresa precisa arcar. SAIBA MAIS! No artigo “Apropriação dos custos indiretos de fabricação em indústrias cerâmicas do sul catarinense”, os Rabelo, Borgert e Medeiros expõem um estudo sobre a utilização de critérios de contabilização dos custos indiretos. É muito interessante para o aprendizado desses conceitos. Acesse: <https://www.abcustos.emnuvens. com.br/abcustos/article/view/155>. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 47 – 3 Todas as organizações possuem custos diretos e indiretos? É possível afirmar que todas as organizações possuem custos diretos e indiretos, uma vez que é um tipo de classificação. Então, até certo ponto está correto, no entanto a forma de deter- minar se cada componente de custos em uma organização é direto ou indireto se dá pela maneira como ele é apropriado ao produto ou serviço comercializado. Essa é a principal preocupação da contabilidade de custos, pois não há uma regra de clas- sificação dos componentes de custos para todas as organizações, já que cada uma possui suas especificidades e essas características exclusivas é que determinam o que é custo direto e o que é indireto. Via de regra, alguns componentes de custos sempre estarão seguindo uma mesma classificação e outros estarão sendo classificados de uma maneira em determinado período e de outra em outro, dependendo do seu comportamento no contexto produtivo de cada organização. (ASSAF NETO, 2012) FIQUE ATENTO! Os componentes de custos nos processos empresariais podem ser classificados como custos diretos ou indiretos, dependendo das especificidades de cada organização. Desse modo, vamos expor sobre alguns componentes que podem ser classificados como custos diretos ou indiretos, dependendo das especificidades de cada organização. • Matérias-primas e embalagens: são sempre considerados custos diretos, pois entram no processo de produção dos produtos da empresa e estão diretamente relacionados com o negócio da empresa. • Materiais de consumo: geralmente são classificados como custos indiretos, no entanto pode haver alterações em função do negócio da empresa. Por exemplo, uma fábrica possui uma máquina que utiliza óleos lubrificantes para a produção. Se a empresa entender que o lubrificante é um material de consumo, então a classificação deverá ser de custo direto, pois sem o lubrificante a máquina não irá produzir. Do contrário, será custo indireto ou até mesmo despesa. • Mão de obra (pessoas): para fazer a classificação adequada, é preciso que seja ana- lisado cada cargo da empresa, suas funções e relacionamento com o produto, para determinar a sua forma de classificação na apuração dos custos, fazendo as devidas apropriações para custos diretos e indiretos. (MARTINS, 2010) CONTABILIDADE DE CUSTOS – 48 – Figura 3 – Custos diretos: mão de obra Fonte: The24studio/Shutterstock.com Dessa forma, se o ocupante do cargo estiver envolvido com o processo de produção e/ou comercialização dos produtos da empresa, os valores financeiros correspondentes ao salário, devem ser alocados como custos diretos. Se o envolvimento não for diretamente relacionado com a produção, então a alocação dos custos é feita de forma indireta. (ASSAF NETO, 2012) FIQUE ATENTO! Quando a atuação de um funcionário for totalmente relacionada ao processo de produção e/ou comercialização dos produtos da empresa, os valores financeiros pagos para ele são custos diretos. Agora, se ele não atuar diretamente na produção e comercialização, então é um custo indireto. Figura 4 – Custos indiretos: mão de obra Fonte: Slawomir Fajer/Shutterstock.com CONTABILIDADE DE CUSTOS – 49 – No entanto, cada situação precisa ser analisada de forma isolada, pois um determinado cargo em um tipo de empresa pode ser encarado como custo direto e em outra, pode ser alocado como custo indireto. • Aluguel, depreciação de máquinas, materiais diversos, produtos de limpeza, alguns impostos (ICMS, IPI, por exemplo): geralmente são alocados como custos indiretos. No entanto, é uma interpretação de cada empresa, pois pode haver divergência em função do processo de produção ou do negócio empresarial desenvolvido. Somente os impostos relacionados com a produção podem ser considerados custos indiretos, como o ICMS, IPI, PIS etc. Os impostos sobre a renda são despesas. (MARTINS, 2010) • Energia elétrica: existe o consumo de energia elétrica usado para o processo de produ- ção e também tem o dos departamentos, que não estão relacionados à produção ou comercialização, como nos setores administrativos, por isso podem ser tanto diretos quanto indiretos, dependendo da análise. (MARTINS, 2010) EXEMPLO Uma academia de ginástica presta serviços de musculação, por exemplo, e possui vários equipamentos. Além disso, também possui os professores que orientam os alunos na realização dos vários exercícios físicos e uma secretária. Os custos indi- retos dessa empresa são aqueles que não se relacionam com a atividade empre- sarial, como o salário da secretária, que independente de sua atuação, os negócios continuarão a acontecer. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • identificar a classificação dos custos no tocante aos custos diretos e indiretos; • compreender as diferenças entre custos diretos e custos indiretos; • entender a importância da correta apropriação dos valores financeiros referentes aos custos diretos e indiretos. CONTABILIDADE DE CUSTOS – 50 – Referências ASSAF NETO, Antonio. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINS, E. Contabilidade de Custos - Livro-texto. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. RABELO, Edilson Citadin; BORGERT, Altair; MEDEIROS, Cristiano Salvador
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