Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ensaios de Política Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Fábio Mariano da Silva Revisão Textual: Profa. Esp.Vera Lídia de Sá Cicarone Pensamento Político na História do Brasil 5 • Introdução • O Brasil colônia – breves considerações • O Brasil Império • O Brasil Republicano · Nesta unidade, estudaremos as mudanças ocorridas no Brasil desde o período colonial até os dias atuais. É um conjunto de informações que dará um panorama de como as questões políticas evoluíram paralelamente às transformações que ocorriam no mundo, em especial na Europa e América do Norte. Espero que a leitura seja proveitosa e as atividades propostas apresentadas na forma de questões sejam cumpridas a fim de melhorar a fixação de toda a matéria. Se o mundo não parou de se transformar, não seria o Brasil que iria ficar inerte, não é mesmo? Aqui os portugueses atracaram seus navios, seguidos de muitos outros que tentaram colonizar nossas terras em busca do Eldorado. Foram portugueses, espanhóis, holandeses, italianos e tantos outros povos que usufruíram da disponibilidade dos nossos recursos. O tempo passou, tornamo-nos independentes, mudamos de regime político, fizemos nossas próprias revoluções e participamos de muitas outras. Durante a leitura, você irá perceber como a nossa história evoluiu e como muitos dos comportamentos que vimos já tinham deixado lastro anteriormente. Ao estudar esse conteúdo você vislumbra as modificações que ocorreram no decorrer da história e que contribuíram para a formação de um pensamento político brasileiro ? Aproveitando todas as dicas repassadas nos tópicos desta unidade, Imagine quais foram as transformações e, à sua maneira, o que poderia ser feito de maneira diferente. Essa é uma boa maneira de exercitar todo o conteúdo estudado. Pensamento Político na História do Brasil 6 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra Contextualização Para entender as políticas e posições adotadas pelo nosso país, é preciso entender de que forma se constituiu nossa história, quais foram os parâmetros que a definiram e quais passos nossos governantes deram para chegarmos ao Brasil que conhecemos hoje. Muitas minisséries e novelas retratam os momentos históricos: Hilda Furacão, Anos Dourados e tantas outras, que, se entendidas à primeira vista, remetem a um simples contar de estórias, mas que, com um olhar aprofundado, vai nos dar pistas do comportamento que se manifesta em nosso dia a dia. Passamos de um país colonizado para uma nação independente e uma potência respeitada por outras grandes nações. Passamos por vários regimes políticos. Fomos império, república, tivemos direitos políticos suspensos e redemocratizamos o país. p4noterf Highlight 7 Introdução Vimos, até o momento, um conjunto de fatos históricos que diziam respeito à formação do pensamento político no mundo. Pudemos, através das explanações feitas, observar de que forma o mapa geopolítico do mundo foi se formando e, dessa maneira, entender questões relacionadas não só à política, mas também à economia, cultura e tantos outros aspectos importantes. É claro que todas essas mudanças, com maior ou menor intensidade, influenciaram também a formação do Estado brasileiro desde o seu período colonial até o momento republicano atual. Todas as grandes questões enfrentadas pelo mundo, atualmente, requerem um posicionamento brasileiro, em especial nas grandes organizações internacionais, entre as quais podemos citar o Mercosul e a Organização das Nações Unidas. Para sabermos como chegamos a esse patamar, é preciso que tenhamos claro como se deu a formação da sociedade brasileira e, sobretudo, como se formaram as instituições políticas no Brasil. O Brasil Colônia – Breves considerações O Brasil era uma rota. Para analisarmos a história do Brasil, é preciso atentar para vários aspectos, inclusive os aspectos geográficos. Sua localização permitiu que muitas das expedições atracassem na região costeira. Vale a pena, desde o início, ressaltar de que forma chegaram e como se comportaram os portugueses e, mais tarde, os holandeses e povos de outros países ao se depararem com as populações indígenas que já habitavam nosso país. Seriado: “O Quintos dos Infernos” e o Filme “Carlota Joaquina” Cabe esclarecer que, quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, teve início uma fase denominada pelos historiadores de pré-colonial. E por que essa denominação? Quando aqui aportaram, não houve, exatamente, por parte dos portugueses, aquilo que mais tarde se configurou como a colonização dos povos que aqui estavam. Muitos portugueses passaram a viver aqui e a estabelecer contatos com os povos indígenas. De início, houve o processo de povoamento e exploração de matéria-prima, em especial da madeira do pau-brasil, que se tornou produto de grande lucratividade em todo o continente europeu. Quando outros povos tomaram o conhecimento da existência dessa matéria-prima, os portugueses começaram a se preocupar e as expedições portuguesas que chegaram até nós tinham o intuito de proteger a costa brasileira contra o ataque de piratas e as investidas de outros países que passaram a se interessar por uma das principais matérias-primas aqui encontradas, o pau-brasil. O rei de Portugal, agindo de maneira política, encontrou uma forma de iniciar o processo de colonização, protegendo a costa litorânea e, assim, barrar a entrada de outros países que passaram a ter grande interesse em nosso território. p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight 8 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra Países como França, Holanda e Inglaterra, além de Portugal, investiram em suas frotas a fim de conseguirem o maior número possível de pau-brasil para que fosse comercializado com outros países. Portugal promoveu a expulsão dos invasores e propiciou a melhoria de condições para o cultivo da madeira e também da cana-de-açúcar que, ao longo do tempo, se mostrou uma fonte de renda maior a do que o pau-brasil. O primeiro grande avanço agrícola, em nosso território, aconteceu com a cana-de-açúcar, que representou matéria-prima de alta lucratividade para os cofres de Portugal, que, por sua vez, conseguiu estabelecer amplo comércio com o restante da Europa. Uma vez estabelecida a colonização no país, o rei de Portugal tratou de dividir as terras em capitanias hereditárias. Nas capitanias hereditárias, o poder de administração, que era do pai, após a morte deste, passaria ao filho – por isso hereditárias. Sob o reinado de Dom João III, 1531, as expedições efetivaram os planos portugueses – exploração da matéria-prima e efetivação do processo de colonização. Foi a expedição de Martim de Sousa que marcou o início desse processo, implantando, também, uma mentalidade econômica que substituiria o pensamento feudal ainda vigente. Nessa fase, o mercantilismo tomou força e passou a organizar as colônias em capitanias. Cabe destacar que o mercantilismo teve seu declínio no século XVIII, à medida que os ideais de racionalidade e liberdade foram inseridos pela Revolução Francesa. No Iluminismo, a religião foi tomada por outro quadro e a servidão e a escravidão foram sendo substituídas por outras formas de organização do trabalho. A forma de colonização estabelecida por Portugal contribuiu para que os habitantes daqui se sentissem tomados pela atmosfera Europeia. Isso, no entanto, não representou a falta de um pensamento ou movimento político brasileiro. O Brasil ficou sob a condição de colônia por trezentos e vinte e dois anos e, durante todo esse período, muitos foram os autores que, influenciados pelas ideias europeias, escreveram a respeito da nossa situação, em especial aqueles que acabavam de se formar em Portugal e depois retornavam ao país. Entre os que escreveram e ajudaram na constituição de um pensamento político, podemos destacar: Ambrosio Fernandes Brandão, Alexandre de Gusmão, Tomás Antonio Gonzaga. Percebama importância desses autores para nossa história. Muitas vezes não nos damos conta de como as ideias políticas tiveram início, pois os relatos restringem-se a aspectos históricos, descolando-os dos aspectos que se relacionam ao poder. Umas das obras de grande destaque produzida durante esse período foi escrita pelo português Ambrosio Fernandes Brandão, senhor de engenho e cristão novo que nasceu em Portugal e viveu no Brasil por muitos anos tendo passado por vários lugares, entre os quais estão Olinda e Paraíba. A obra, concluída em 1618, intitula-se Diálogos das Grandezas do Brasil e discute os aspectos voltados à geografia, aos habitantes e ao comércio praticado por Portugal. p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight 9 Foi também o padre jesuíta Antonio Vieira que, vindo ao Brasil com apenas oito anos de idade, aqui viveu até 1697. Escreveu a obra História do Futuro, na qual destacou a importância política de Portugal e do Brasil. Era um defensor árduo do reino português, mas ficou conhecido pela sua intransigente luta contra os desmando de colonos em relação aos índios. A importância do seu pensamento se dá na medida em que destaca o papel desses países: Portugal, Espanha, França entre outros, como potências, ou seja, já inseria o Brasil, inclusive, num contexto internacional, já que a Europa estava em constante mudança. O Brasil Império Em setembro de 1822, teve início o período conhecido como Brasil Império. Foi a proclamação da independência anunciada por D. Pedro I que marcou esse momento. O Império teve, no governo, os imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II. Pode parecer ter sido uma transição tranquila, no entanto uma das consequências das mudanças que ocorreram aqui foi o não reconhecimento do Brasil como país pelos Estados Unidos. O Brasil Império representou a ruptura com um sistema colonial que havia se instalado desde 1500. Mas, como em todo Estado que avança e sofre influências de outras nações, no Brasil também se fez presente a necessidade de uma Constituição, a exemplo do que vinha ocorrendo na Europa e na América do Norte. O avanço de um Estado Constitucional teve vez no século XVIII com o advento de várias cartas constitucionais que, como assevera o eminente Prof. Dalmo Dallari, revestiram o constitucionalismo de três características: [...] três grandes objetivos conjugados, iriam resultar no constitucionalismo a afirmação da supremacia do indivíduo, a necessidade de limitação do poder dos governantes e a crença quase religiosa nas virtudes da razão, apoiando a busca da racionalização do poder. (Dallari, 2010). Se relembrarmos as unidades anteriores, vamos reforçar a ideia de que nenhum Estado vive de maneira isolada e, por isso, o Brasil não ficou de fora das mudanças que aconteciam no mundo todo. A supremacia do indivíduo representa o processo antropocêntrico retomado pelos ideais racionalistas dos iluministas, que foram consagrados na Revolução Francesa. A necessidade de limitação do poder corrobora os propósitos apresentados por Montesquieu na teoria da tripartição dos poderes. Esses princípios colaboraram para a refutação de governos absolutistas que tinham se instalado na Idade Média. p4noterf Highlight p4noterf Line p4noterf Highlight 10 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra A independência também nos trouxe um elemento novo, que é a soberania do Estado. Sobre isso, citando Miguel Reale, o jurista e professor Dalmo Dallari destaca: [...] O poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência (Dallari: 2010) Figura 1 Tendo o Brasil se declarado independente, foram necessárias muitas mudanças, já que, uma vez soberano, era preciso que o Imperador nos fizesse também emancipados da coroa portuguesa sob a perspectiva política. O que se fez em território brasileiro foi quase uma cópia do modelo parlamentar inglês. Tanto era assim que, pela Constituição de 1824, a tripartição de poderes se deu da seguinte forma: Poder Executivo: as funções cabiam ao Primeiro Ministro; Poder Legislativo: todas as funções foram estabelecidas entre o Senado e a Câmara dos Deputados; Poder Judiciário: as questões eram decididas pelos Tribunais. Essa Constituição dava ao Imperador o chamado poder moderador, que lhe dava poderes para que pudesse interferir em qualquer um dos poderes que estavam estabelecidos. No entanto, ao que parece, a nova Constituição também apresentou divergências com sua entrada na nova ordem estabelecida. A Carta Constitucional de 1824 foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I, após a dissolução da Assembleia Constituinte que havia sido convocada em 1823. p4noterf Highlight p4noterf Line 11 Durante esse período, várias obras foram escritas na tentativa de se entender, sob a ótica política e jurídica, o novo Estado que estava se formando. Entre essas obras, podemos citar: Direito público brasileiro e Análise da Constituição do Império, de José Antonio Pimenta Bueno; Do Poder Moderador, de Braz Florentino Henrique de Souza. Os opositores ao regime monarquista também escreveram, entre eles, Cipriano Barata e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, subsidiados pela teoria de Rousseau. Num breve retrospecto podemos separar esse período da história da seguinte forma: Primeiro Reinado: Foi o período em que o Brasil se tornou independente de Portugal, e assumiu o Império Dom Pedro I, que governou até o ano de 1831, ano em que retornou a Portugal, após abdicar do trono. Foi Dom Pedro I o responsável por convocar a Assembleia Constituinte que começou a funcionar em 1823 com deputados eleitos pelo voto do povo. A primeira controvérsia a respeito do jogo político que se estabeleceu aconteceu porque, ao convocar essa constituinte, o Imperador queria ter aumentado o seu poder, enquanto os deputados queriam reduzi-lo. Não contente, a Assembleia Constituinte foi dissolvida pelo Imperador. A primeira Constituição foi elaborada por forças aliadas de Dom Pedro; ficou pronta de maneira muita rápida e foi outorgada no ano de 1824, tudo isso também por pressão do Rei de Portugal. Foi durante o primeiro reinado que ocorreu um primeiro conflito internacional no qual o Brasil se envolveu: a Guerra da Cisplatina, que deu origem ao Uruguai. Além disso, o Brasil envolveu-se também no conflito conhecido como Confederação do Equador. Em razão da morte de Dom João VI, o Imperador retornou a Portugal e deixou aqui seu filho, que, pela Constituição, só poderia ser coroado aos 18 anos. Por isso, teve início o período da regência, que se configurou da seguinte forma: • Primeira regência – Formada por uma Trina provisória, cujos componentes foram eleitos por alguns membros do Parlamento. • Segunda regência – Formada também por uma Trina, da mesma forma, com componentes escolhidos pelo Parlamento. • Terceira regência – Una, com eleição pelo povo. • Quarta regência – Una, com eleição pelo povo. As disputas políticas acentuavam-se e a população ficava, a cada dia, mais insatisfeita. Durante esse período, muitas guerras eclodiram como forma de manifestar os desapontamentos com o Império. As principais foram: Cabanagem (1835 - 1840) Balaiada (1838 – 1841) Guerra dos Farrapos (1835 – 1845) Sabinada (1837 – 1838) p4noterf Line p4noterf Line p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Line 12 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra Saiba Mais Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha foi um conflito que pleiteava a independência da região Sul em relação ao restante do país. D. Pedro II nomeou o barão de Caxias como chefe do exército para negociar o fim da revolta com os líderes, tendo sucesso através do Tratado de Poncho Verde. Essa Revolução foi retratada, na televisão, no seriado A Casadas Sete Mulheres. Como pudemos notar, inúmeros protestos foram se alastrando durante esse período, os quais, em comum, tinham o intuito de contestar a monarquia e o absolutismo. Foi nesse clima que se passou ao Segundo Reinado com Dom Pedro II, que ficou durante quarenta e nove anos no poder. Segundo reinado: Dom Pedro II foi o Imperador do Brasil coroado em 1840, em meio a uma grave crise que o país atravessava do ponto de vista político e econômico. Além disso, ainda existiam as revoltas sociais e as províncias que reivindicavam cada vez mais poder. Qual foi a solução adotada levando em consideração o fato de Dom Pedro II não ter atingido ainda a maioridade? Optou-se pela antecipação da maioridade de Dom Pedro, que tinha apenas 14 anos. Dessa forma, acreditavam que o poder voltaria a ser centralizado e se tornaria forte novamente. O reinado teve a duração de 49 anos. O segundo reinado consagrou-se como um período em que o país teve grande repercussão, inclusive internacional, por ter sido reconhecido como Estado independente. Do ponto de vista interno, avançou no campo da economia, destacando-se também no campo da cultura e das forças armadas – exército e marinha. As cidades modernizaram-se durante o reinado, bem como a navegação, as ferrovias e a eletricidade, que avançaram demonstrando o rigor do imperador durante seu mandato. Se, de início, durante o período colonial, o pau-brasil e a cana-de-açúcar eram o símbolo do desenvolvimento, nessa nova fase da economia o Brasil passou a se destacar pela produção e exportação do café, que trouxe um grande número de famílias imigrantes. O produto era exportado mas também muito consumido dentro do nosso território. Vale destacar que, dado o crescimento, os percalços políticos também se tornaram presentes, mesmo porque, durante o governo de Dom Pedro II, havia claramente uma disputa entre os partidos políticos das classes elitistas – o Partido Liberal e o Partido Conservador, sendo que um dos dois partidos, por escolha do Imperador, ocupava a presidência do Conselho de Ministros. Fora os conflitos externos que Dom Pedro II enfrentou, entre os quais a Guerra do Paraguai, dentro do território brasileiro também crescia a luta escravocrata, que, com apoio de vários segmentos da sociedade, pedia a libertação dos escravos, o que, de fato, ocorreu em 1888 com a conhecida Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel. No entanto, para que se chegasse à abolição, muitas outras leis foram responsáveis pela questão abolicionista no Brasil, entre as quais podemos destacar: p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Line p4noterf Line p4noterf Highlight 13 • Lei Eusébio de Queiróz (1850): extinguiu o tráfico de escravos no país; • Lei do Ventre Livre (1871): tornou livre os filhos de escravos nascidos após a lei; • Lei dos Sexagenários (1885): deu liberdade aos escravos com 65 anos de idade. Com muitas crises espalhadas pelos conflitos internos, no ano de 1880, começou a fase de decadência do Império. As disputas políticas evidentes e os grupos opositores à monarquia ganhavam força. Muitos foram os fatores que influenciaram e culminaram com o fim do período imperial no Brasil. O Exercito brasileiro estava insatisfeito com o fato de ter cerceado o seu direito de manifestações junto à imprensa, o que só poderia ocorrer com autorização prévia do Ministro da Guerra. Além disso, a corte estava sendo acusada de favorecer esquemas de corrupção. Tendo a sociedade se estruturado, a classe média clamava também por maior liberdade junto aos assuntos da política brasileira. Isso favoreceu os republicanos, que passaram a contar com o apoio de profissionais liberais, artistas, intelectuais e outros segmentos da sociedade. Os produtores de café, em especial aqueles que estavam na região do oeste paulista, reivindicavam maior participação nos assuntos do Império; já que eram detentores de poder econômico, queriam estender esse poder à esfera política. A partir daí, verifica-se como se constituiu a estrutura do pensamento político nesse período, que culminou com a queda do Império. Marechal Deodoro assumiu, em 15 de novembro de 1889, a presidência do país, instalando um governo provisório que contou com amplo apoio dos republicanos. Dessa forma, o poder não era mais hereditário, mas exercido por mandato. p4noterf Line p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight p4noterf Highlight 14 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra O Brasil Republicano Uma Revolução, portanto, altera-se a ordem política, no ordenamento jurídico constitucional e na esfera socioeconômica. A República foi instaurada no ano de 1889 e iniciada sob a presidência de Marechal Deodoro. Teve seu primeiro ciclo como República encerrado em 1964, quando foi interrompido pelo período da ditadura militar. A República foi retomada a partir de 1985. Como ainda vivemos sob a forma republicana, dividem-se os períodos em: República Velha ou Primeira República Ocorreu entre 1889 e 1930 e, dentro desse período, a República da Espada ou dos Marechais, compreendida entre 1889 e 1894, cujos presidentes foram Marechal Deodoro e Floriano Peixoto. República das Oligarquias Perdurou de 1894 a 1930, no entanto a ruptura com as oligarquias começou em 1922 e prolongou-se até 1930. O governo desse período foi marcado por presidentes civis, ligados ao setor agrário, e ficou conhecido como oligarquia cafeeira. Foi o período conhecido como café com leite, já que os partidos de São Paulo e de Minas Gerais alternavam-se no poder. Os senhores do café eram detentores de poder econômico e reivindicavam poder político, no entanto esse poder econômico foi afetado pela crise de 1929. Além disso, tiveram, ainda, que enfrentar os opositores que se uniram-se ao Movimento Tenentista. Segunda República Estabeleceu-se entre 1930 e 1936 e foi marcada pela deposição de Washington Luís, que governou até 1930. Um golpe de estado visa à mudança ou à tentativa de mudança de autoridades políticas sem nada ou quase nada mudar nos mecanismos políticos ou socioeconômicos. O golpe de estado, geralmente, é praticado por homens que já se encontram junto à elite política; consiste no derrube ilegal de um governo constitucionalmente legítimo O Estado Novo, de 1937 – 1945 O Governo de Getúlio Vargas ascendeu no ano de 1937 com a promessa de melhores condições, sobretudo do ponto de vista da melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Tendo clara simpatia pela política de Mussolini, foi um período marcante pela política estabelecida. 15 A quarta república, de 1946 à 1964 Eurico Gaspar Dutra deu início ao seu governo nessa fase e foi, em 1950, substituído por Getúlio Vargas, que se suicidou em 1954, deixando uma grave crise nas mãos do vice Adhemar de Barros, que, em 1956foi substituído por Juscelino Kubitschek. Em janeiro de 1961 Jânio Quadros foi eleito com ampla e favorável votação pela UDN e PDC, partidos conservadores, no entanto renunciou em 1961 e João Goulart, seu vice, assumiu a presidência. No ano de 1962, o populismo, no Brasil, passou a ser denominado de comunismo, o que fez com que grupos de direita incentivassem os militares brasileiros a derrubarem o governo de Goulart. Com o firme propósito de tomar o poder, os militares organizaram-se e deram um Golpe, passando a governar o Brasil. Regime Militar Entre os anos 1964 e 1985, Humberto Alencar Castello Branco foi o primeiro presidente a governar o país no início do período militar, seguido de Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e, por fim, o último presidente deste período, João Baptista de Oliveira Figueiredo. Uma rebelião é um processo político-militar em que um grupo de indivíduos decide não mais acatar ordens ou a autoridade de um poder constituído. Para haver uma rebelião, é preciso que, antes,haja, necessariamente, um poder contra o qual se rebelar. Regime Militar Entre os anos 1964 e 1985, Humberto Alencar Castello Branco foi o primeiro presidente a governar o país no início do período militar, seguido de Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e, por fim, o último presidente deste período, João Baptista de Oliveira Figueiredo. Fonte: Agência Brasil/ABr 16 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra Nova República, de 1985 até os dias atuais O primeiro presidente eleito de maneira indireta foi Tancredo Neves, que faleceu antes de assumir o mandato e, assim, assumiu seu vice José Sarney. A democracia foi comemorada efetivamente com a promulgação da Constituição de 1988. Passando às eleições diretas, o primeiro presidente eleito pelo povo foi Fernando Collor de Mello, que deu lugar, após a sua renúncia, a Itamar Franco em outubro de 1992. Por dois mandatos consecutivos, manteve-se na presidência o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que foi sucedido por Luiz Inácio Lula da Silva, que se manteve no Executivo por dois mandatos consecutivos. O governo atual é da presidenta Dilma Roussef, candidata apoiada pelo seu antecessor. Afora todo esse período de transformações, a política do Brasil apresentou períodos notadamente ditatoriais, que foram combatidos por muitos pensadores, entre os quais Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, que, de maneira organizada, clamavam por um regime em que a democracia fosse a fonte de todas as ações estatais. Para isso tinham ideias que reforçavam o papel do Legislativo em detrimento do Executivo, que perderia força. Criticava-se o fato de que, em razão das oligarquias revezarem-se no poder, apenas Rio de Janeiro e São Paulo tinham maior atenção do governo e, por isso, era importante que este observasse o movimento de Canudos, que tinha motivos relacionados às questões étnicas, sociais, geográficas e econômicas. Isso foi retratado por Euclides da Cunha em “Os Sertões”, ou seja, uma crítica à falta de atenção dada à região Nordeste pelo governo republicano instalado no Rio de Janeiro. A época da República foi marcada também pelo pensamento liberal e pelo cientificismo, em especial aquele presente na teoria positivista de Augusto Comte. Mas havia quem contestasse esse pensamento, como Plinio Salgado, que tinha a intenção de resgatar valores religiosos de acordo com a Doutrina Social da Igreja e que haviam sido postergados nessa fase. O movimento proposto por Plínio Salgado, denominado Integralismo, teve grande expressão na década de 30 e contou com o apoio de muitos intelectuais, opondo-se ao liberal-capitalismo e ao comunismo. Um fenômeno que antecedeu a ditadura no Brasil foi a criação dos partidos políticos, entre eles: União Democrática Nacional, Partido Democrático Social, Partido Democrata Cristão, Partido da Representação Popular, Partido Social Progressista e o Partido Trabalhista Brasileiro. Essas mudanças todas na era republicana repercutem até hoje no número de partidos existentes em nosso país.seja, uma crítica à falta de atenção dada à região Nordeste pelo governo republicano instalado no Rio de Janeiro. Não poderíamos também deixar de mencionar os Atos Institucionais editados durante o Regime Militar pela expressão autoritária que impuseram a um período da nossa história. Foram, no total, 17 atos conforme consta, sendo o mais duro de todos o conhecido AI 5, que dava ao presidente do país o pleno poder de cassar mandatos, intervir em estados e municípios e suspender direitos políticos. Além disso, a tortura foi praticamente instituída. Outros Atos estabeleceram, inclusive, eleição indireta para presidente e governador dos Estados. Para saber mais sobre os Atos Institucionais consulte: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-historica/atos-institucionais#content p4noterf Highlight p4noterf Highlight 17 Material Complementar Livros: Há dois livros de leitura muito acessível que vale a pena serem lidos e contam a História do Brasil, em especial dos períodos da Colônia e do Império, de maneira muito didática. São eles: GOMES, Laurentino.1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007. GOMES, Laurentino.1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para não resultar. São Paulo: Nova Fronteira, 2010. Vídeos: Para entender o período de redemocratização no Brasil, sugiro o vídeo abaixo com narrativa do historiador Bóris Fausto e que contém imagens históricas do período pós-ditadura. http://www.youtube.com/watch?v=E1lnD5AcTEU 18 Unidade: Pensamento Político e o mundo Pós-guerra Referências Bobbio, Norberto. Dicionário de Política. Trad. Carmen Cm Varriale ET ai; trad. João Ferreira e Luiz Guerreiro Pinto Cascais. Brasília: Editora Universidade Brasília, 13° edição, 2007, 2008. Vol. 1 e 2. BRASIL Império. In: Britannica Escola Online. Enciclopédia Escolar Britannica, 2013. Web, 2013. Disponível em: <http://escola.britannica.com.br/article/483127/Brasil- Imperio>. Acesso em: 30 de dezembro de 2013 DALLARI, Damo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Direito. 29 edição – São Paulo: Saraiva, 2010. DE CICCO, Cláudio, Gonzaga, ALVARO DE AZEVEDO. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2011. DIAS, Reinaldo. Ciência Política. São Paulo: Atlas, 2008. JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário Básico de Filosofia. 3° edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1996. 19 Anotações
Compartilhar