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Evolucionilmo Lamarquista e Darwinista

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Diversidade Biológica, 
Evolução e Conservação 
das Espécies
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Claudio da Cunha
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
• Lamarquismo
• A evolução por seleção natural
• Seleção artificial
• Neutralismo
• Resistência a antibióticos e inseticidas
 · Discutir sobre a seleção natural como processo básico da evolução 
biológica, preparando teoricamente as bases para a compreensão de 
formação de novas espécies e da enorme biodiversidade do planeta 
terra, que até o século XIX possuía apenas explicações sobrenaturais, 
aprofundando os conceitos de darwinismo e lamarquismo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesse módulo, você terá contato com a “força propulsora da vida”, a seleção 
natural. É importante que você perceba a importância do impacto dessa descoberta 
na civilização moderna. Ela é bastante clara, mas fere princípios que tentam dar 
à natureza valores éticos e morais. Na natureza, um animal não é do “mal” ou 
“bem”, nem uma planta é útil ou inútil, baseando-se pelas necessidades ou valores 
humanos. Um animal caçador, mata sua presa, o que pode parecer uma maldade, 
mas tanto o animal como seus filhotes precisam também se alimentar. 
Acompanhe os raciocínios de seleção natural tentando perceber a natureza como 
um observador. Por humanidade, tendemos a torcer pelo que achamos justo, 
moral ou esteticamente agradável. Se uma nova espécie invasora está destruindo 
um ecossistema invadido, as pessoas acharão justo que o animal seja combatido se 
ele for esteticamente “feio”, mas se for esteticamente agradável ou simpático para 
nossos padrões, receberá um tratamento especial por questões sentimentais, mas 
não técnicas. O biólogo, como técnico, precisa muitas vezes racionalizar a realidade, 
sem medo de parecer “mau” para a sociedade, da mesma forma que um dentista 
precisa retirar um dente de alguém, por uma necessidade maior, sem pensar na dor 
infligida no momento da cirurgia, tomando o cuidado de fazer o menor dano possível. 
Para perceber a diferença, acompanhe o raciocínio comparativo entre o lamarquismo 
e o darwinismo e imagine cada característica dos seres que o cercam, tentando explicar 
a existência do caráter de forma lamarquista ou darwinista. 
ORIENTAÇÕES
Evolucionismo Lamarquista
e Darwinista
UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
Contextualização
Todos nós somos expostos constantemente aos princípios de evolução biológica, 
sendo praticamente impossível encontrar nos meios urbanizados, alguém que não 
tenha ouvido falar da era dos dinossauros, ou de a animais pré-históricos.
Mas, muito embora os assuntos relacionados à evolução biológica possam ser 
encontrados em todos os meios de comunicação de massa, as explicações correntes 
ainda passam por um processo de simplificação extrema, partindo do pressuposto 
da ignorância da maior parte da população. Assim, a tendência dos repórteres, 
jornalistas e divulgadores é optar pelas formas já conhecidas de explicação, 
com a ênfase para os fatos espetaculares e “inexplicáveis”, e evitando as formas 
“didáticas”, associadas com o ensino formal e, portanto “chatas”. Podemos por 
exemplo, encontrar notícias sobre “superbactérias” multirresistentes com grande 
facilidade, mas é extremamente raro encontrar uma reportagem explicando 
de forma correta o fenômeno, de forma a contribuir para que as pessoas não 
contribuam para aumentar o problema. 
O papel dos professores de ciências e biologia inclui a modificação de ideias 
e comportamentos que podem causar danos a própria pessoa e também a 
sociedade, uma missão que deve ser encarada com grande responsabilidade. 
Portanto, não se deixe iludir, acreditando que você “já sabe” sobre o assunto, 
pois provavelmente você aprendeu o conceito de forma errada, e o “programa já 
está instalado” em você. 
Siga os passos apresentados, e na medida do possível sempre tente imaginar o 
contraste entre os processos lamarquista e darwinista, treinando mentalmente como 
seriam as duas principais vias de explicação do processo de evolução biológica.
6
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Lamarquismo
Vimos no módulo anterior, que a evolução biológica não é uma simples teoria, 
mas um fato, que envolve na sua compreensão um fator abstrato: a diferença entre 
o tempo cronológico e tempo geológico.
Após o acúmulo de evidências fósseis sobre a mudança dos seres vivos através 
do tempo, o conceito de evolução biológica tornava-se incontestável. Porém as 
forças atuantes e os mecanismos envolvidos ainda não eram claros até a metade 
do século XIX.
É muito importante que você perceba a diferença entre o mecanismo darwinista 
e lamarquista, pois a maioria das pessoas aprendeu sobre evolução a partir dos 
meios de comunicação de massa, ou de alguém que ouviu dizer que evolução é a 
“história que o homem descende do macaco”, ou ainda que “macacos vão virar 
gente” entre tantas outras formas equivocadas. É papel dos biólogos demonstrar os 
mecanismos e processos de forma mais próxima da realidade.
Ao contrário do que se imagina, não foi Darwin o autor da ideia de 
evolução. Na verdade o primeiro naturalista a perceber a evolução biológica 
como fenômeno central nos estudos dos seres vivos foi Chevalier de Lamarck 
(1744-1829), mais conhecido como Jean Baptist Lamarck, mas como ele não 
conseguiu explicar de forma correta e convincente os mecanismos naturais que 
direcionam a evolução biológica, a ideia foi fixada com a imagem e nome de 
Darwin. Também é comum, que os livros transmitam uma imagem de disputa 
direta entre os dois pensadores, que na realidade nunca existiu, pois quando 
Darwin nasceu na Inglaterra, Lamarck na França, já tinha 65 anos. Porém 
Darwin estudou a teoria lamarquista para embasar a sua. 
Lamarck escreveu livros de Botânica e Zoologia, sendo responsável entre 
outras contribuições, pela criação do termo biologia em 1802, como uma 
especialidade da história natural. Também, como especialista em taxonomia, 
criou a classificação dos artrópodes em insetos, aracnídeos e crustáceos, 
utilizados até hoje. 
As primeiras descrições do evolucionismo como um processo de modificação 
dos seres vivos através do tempo, foram feitas no livro “Filosofia Zoológica”, 
de 1809 e complementadas no livro “História Natural dos Animais 
Invertebrados”, de 1815.
Lamarck explicou as modificações dos seres vivos, pela observação da 
natureza, baseando-se no registro fossilífero e estratigrafia, associados com 
as modificações dos organismos que ocorrem no cotidiano. Quando um ser 
humano ou qualquer outro animal fazem atividades físicas vigorosas, é possível 
observar com facilidade o crescimento e desenvolvimento de seus músculos, e 
da mesma forma, quando os músculos não são utilizados acabam por perder 
7
UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
massa e se atrofiam. Ou seja, um desafio ambiental induz uma resposta do 
corpo direcionado para solucionar um problema ou reduzir o investimento de 
matéria e energia em uma estrutura pouco útil.
Porém ele acreditava também em uma força interior dos animais, como uma 
energia que levava todos os seres a um aumento de complexidade, desde os mais 
microscópicos seres até o estado máximo possível, representado pelos homens.
Lamarck acertou na percepção da evolução biológica, mas errou na explicação dos 
mecanismos envolvidos. Naquele momento histórico, ele estava sob forte influência 
dos estudos de Lineu (criacionista), baseando suas explicações evolutivas em processos 
de geração espontânea da vida a partir de matéria inanimada, sendo direcionada por 
uma força imperceptível que guiaria a natureza para “ níveis mais evoluídos”. 
Esse é o conceito de evolução progressista mais comum, que foi imortalizado e 
até hoje pode ser encontrado nas defesas do “design inteligente”. 
Ele supunha que as dificuldades do ambiente eram capazes de direcionar fluidos 
e energias para que ocorressem mudanças no corpo dos animais, permitindo a sua 
melhor adaptação aos novos desafios.Além disso, tais mudanças seriam repassadas 
para os seus descendentes.
De maneira simplista, o lamarquismo pode ser resumido como uma mudança 
através do tempo que ocorre com duas premissas básicas:
A evolução biológica segundo Lamarck era baseada em três princípios básicos:
a) seres vivos mudam em direção a estados superiores, de forma progressiva, 
movidos por uma força vital desconhecida;
b) as modificações dos organismos ocorrem de forma direcionada, pelas 
necessidades do ambiente, conhecida popularmente como “ lei do uso 
e desuso”;
c) as estruturas alteradas pela lei do uso e desuso são transmitidas para as 
próximas gerações, popularmente conhecida como “herança dos caracteres 
adquiridos”.
Essa via de pensamento é bastante tentadora e aparentemente, faz sentido. 
Porém cabe lembrar que os mecanismos de hereditariedade e genética só seriam 
mostrados ao mundo um século depois, a partir da redescoberta dos trabalhos de 
Mendel, no início do século XX. 
A evolução progressista de Lamarck é capaz de explicar praticamente todos 
os fenômenos naturais. Se um peixe que mora em uma caverna é cego ou possui 
olhos atrofiados, obviamente ele é assim, pois no escuro não há necessidade de se 
ter olhos. Então os olhos se atrofiam, e os filhos desse peixe também serão cegos.
Séculos se passaram e modernamente sabemos que os olhos são estruturas 
extremamente complexas, determinadas por um grande conjunto de genes, 
localizados no interior dos núcleos das células e a presença ou ausência de luz não 
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9
é capaz fazer surgir ou eliminar genes específicos para a formação dos olhos, entre 
dezenas de milhares de outros genes presentes na carga genética total. 
Alguns experimentos simples do cotidiano podem demonstrar que o princípio 
lamarquista não encontra respaldo na realidade. Algumas raças de cães são atrativas 
por questões estéticas, e muitas vezes têm seus rabos cortados. Porém, depois 
de séculos cortando os rabos dos cachorros, entrecruzando os casais de rabos 
cortados, jamais nasceu ou nascerá um filhote sem a cauda.
O ato de cortar a cauda de um cachorro não tem o poder de influenciar ou 
eliminar genes presentes nas células formadoras de espermatozóides e óvulos dos 
testículos e ovários dos animais, ou seja, a característica adquirida não pode ser 
incorporada e repassada para a próxima geração.
Lamarck acabou sendo conhecido como o autor da “ teoria do pescoço da 
girafa”, conceitos amplamente difundido no ensino fundamental e médio. Na 
realidade ele nunca estudou girafas ou fósseis de girafas, que ainda não tinham sido 
descobertos naquela época. Os fósseis de ancestrais de girafas com pescoços mais 
curtos foram estudados apenas no século 20.
Por questão histórica, vamos a uma explicação sobre a evolução lamarquista 
e seu mecanismo básico adotado pelos livros didáticos assumindo como exemplo 
básico, a seguinte hipótese:
Os ancestrais mais remotos das girafas apresentavam pescoços curtos. Como 
elas buscavam alcançar as folhas das árvores para se alimentar, faziam força para 
esticar seus pescoços, eles tornavam-se maiores, da mesma maneira que os músculos 
crescem com esforço físico prolongado. Os filhos dessas girafas já nasceriam com 
seus pescoços maiores, por uma tendência natural, demonstrando a “lei do uso e 
desuso”, associada com a “herança dos caracteres adquiridos”.
Embora seja de fácil compreensão e bastante lógica, a evolução lamarquista não 
resiste aos fatos e não pode ser replicada em laboratório. Existem algumas pessoas 
que nascem sem o terceiro molar, chamado de “dente do ciso”. Pelo conceito 
lamarquista, essas pessoas seriam mais evoluídas, pois teriam se tornado mais 
diferentes dos ancestrais semelhantes a macacos, sendo então consideradas como 
“mais humanas”. 
Da mesma forma é explicado o nosso apêndice vermiforme, uma projeção 
em forma de dedo de luva, presente no nosso intestino grosso. O raciocínio do 
lamarquista prega assim: nossos ancestrais mais remotos deveriam usá-lo para 
alguma coisa, mas como nós humanos modernos não o usamos mais, ele atrofiou. 
Cabe lembrar que ninguém nasce sem apêndice. 
Mas, se o lamarquismo não existe na prática, como explicar os olhos atrofiados 
dos peixes cegos de caverna e a ausência de dentes do ciso em humanos? 
As respostas para essas e outras infinitas dúvidas surgiram das observações de 
dois homens: Alfred Russel Wallace e Charles Darwin.
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UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
A evolução por seleção natural 
Uma percepção ou “sacada” sobre algo que ninguém se deu conta é chamada 
em inglês de “insight”, um termo que foi adotado sem uma versão clara para a 
língua portuguesa. Duas pessoas que não se conheciam e com histórias de vida 
muito diferentes tiveram o mesmo “insight”, sobre o mecanismo central que produz 
a evolução biológica, em momentos distintos e a partir de diferentes exemplos. 
Charles Darwin e Alfred Russel Wallace conheceram-se, e publicaram juntos 
em 1864, uma nova teoria que mudou a forma de interpretarmos a natureza. 
Os mais extensos, significativos e brilhantes trabalhos foram de Darwin, que se 
tornou muito mais conhecido que Wallace.
Charles Darwin
Figura 1: Charles Darwin
Fonte: Wikimedia/Commons
Charles Darwin nasceu na Inglaterra em 1809, em uma família tradicional 
e abastada. Seu avô foi um importante cientista naturalista, Erasmus Darwin, 
deixando forte herança intelectual. Seu pai, no entanto, lhe deu duas opções 
profissionais honrosas para a sociedade da época: médico ou padre. Ele até 
tentou, mas considerava suas coleções de insetos muito mais interessantes que os 
conhecimentos oferecidos nas profissões designadas pelo pai. 
Ainda muito jovem, foi convidado para ser naturalista e servir de companhia ao 
capitão do navio HMS Beagle que faria uma viagem oceânica de volta ao mundo 
de 1831 a 1836, passando pela América do sul, chegando até Ásia. Passou pelo 
Brasil no início de 1832, Argentina e aportou nas Ilhas Galápagos, oceano pacífico, 
território equatoriano em 1835. Foi pela observação da fauna desse arquipélago, 
que surgiu a clara percepção dos mecanismos direcionadores da evolução biológica 
e da formação de novas espécies.
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Figura 2: O roteiro de viagem de Darwin no navio HMS Beagle
Fonte: Wikimedia/Commons
As ilhas Galápagos eram um importante porto de preparação dos navios para a 
longa travessia do oceano pacífico até Ásia. Lá se abasteciam com água e comida, 
mas particularmente das enormes tartarugas terrestres que serviam como fonte viva 
de carne, no tempo em que não havia refrigeração. As tartarugas eram baratas e 
permaneciam vivas sem água ou comida por muitos meses sendo abatidas durante o 
percurso. Essas tartarugas eram tão grandes que podiam ser montadas ou galopadas, 
daí serem chamadas “galápagos”, e em grande abundância, dando nome as ilhas. 
Darwin presenciou o embarque das tartarugas, mas notou que havia muitas 
variedades. Perguntou então ao morador responsável, de onde vinham. Recebeu a 
seguinte resposta: cada ilha tem suas próprias variedades de tartaruga, pois o tipo 
de comida existente nas ilhas também é diferente. Existem ilhas, com floresta, sem 
floresta, secas, úmidas, altas e baixas.
Nesse momento Darwin teve seu “insight”. As ilhas são vulcânicas e estão 
ainda hoje em atividade e crescimento, formando novas ilhas durante o tempo. 
As diversas espécies de tartaruga eram claramente aparentadas. Mas de onde 
vieram? As tartarugas de Galápagos são jabutis terrestres e seus ancestrais 
chegaram a partir do continente provavelmente em balsas naturais feitas de 
entulho de vegetação formada nos rios durante grandes enchentes e atiradas ao 
mar. Mas o número de indivíduos capazes de resistir à jornada deveria ser muito 
pequeno, e a partir de poucos animais se iniciou uma lenta colonização das ilhas, 
com o a sobrevivência dos indivíduos capazes de se alimentar e se reproduzir nos 
diferentes ambientes.
Figuras 3 e 4: Duas espécies distintas, encontradas em duas diferentes ilhas do arquipélagode galápagos
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
Note o padrão das duas espécies de tartarugas gigantes. A primeira possui um 
casco curvo sobre a cabeça para esticar o pescoço e conseguir chegar em alimentos 
altos(cactos) a segunda se alimenta rente ao chão.
Esse o “insight” ficou marcado em seus livros pelo desenho representado com a 
inscrição “I think”, “penso eu que”.
Figura 5: A primeira descrição de Darwin , encontrada em seus diários, 
mostrando a irradiação adaptativa a partir de um ancestral comum
Fonte: Wikimedia/Commons
A partir dessa “sacada”, visitou as diversas ilhas e constatou que não só as 
tartarugas, mas um grande número de animais aparentados entre si apresentavam 
espécies únicas em cada ilha, como as aves chamadas de tentilhões (finches), que 
possuem corpos semelhantes, mas com bicos bastante diferentes entre as espécies, 
com modificações específicas para conseguir se alimentar de diferentes recursos 
encontrados nas várias ilhas, como grandes e pequenas sementes entre outros 
alimentos. Esse processo ficou conhecido como irradiação adaptativa, ou irradiação 
evolutiva, isto é, o surgimento de muitas variedades a partir de um ancestral comum.
Figura 6: Os tentilhões de Darwin, encontrados em diferentes ilhas, 
mas também derivados de um ancestral comum
Fonte: Wikimedia/Commons
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Figura 7: As Ilhas Galápagos
Fonte: https://www.discovergalapagos.com/map1000.html
As variedades e novas espécies surgem a partir de um processo de sobrevivência 
seletiva. Todas as espécies possuem variações naturais que podem ou não ajudar 
um indivíduo a sobreviver. Quando um desafio ambiental surge, como doenças, 
competidores, alterações climáticas, redução de água e alimento entre tantos 
outros, muitos indivíduos não conseguem sobreviver. 
Os organismos capazes de sobreviver ao desafio podem produzir descendentes, 
que por sua vez podem herdar essa característica e passar essa capacidade para 
as futuras gerações. As variantes incapazes de sobreviver desaparecem junto com 
suas características.
Na época, Darwin chamou de “luta pela sobrevivência”. Como em nossas lutas 
físicas, geralmente vencem o mais fortes, a seleção natural acabou sendo erroneamente 
interpretada como a sobrevivência do mais forte. Mas, muitas vezes, não é a força 
que garante a vida, mas uma cor que serve como camuflagem, o tamanho reduzido 
que consome menos água, ou enzimas que permitem que um animal se alimente de 
diferentes fontes ou ainda que uma planta sobreviva ao congelamento.
Importante!
A seleção natural é baseada na sobrevivência de indivíduos mais aptos, não 
necessariamente mais fortes. O que garantiu a evolução humana nem sempre foi a 
força, mas a inteligência.
Importante!
Comparando-se com o lamarquismo, a seleção natural não segue uma força 
propulsora inata guiada por energias vitais que impulsionam para um progresso 
inexorável. Simplesmente, sem rodeios, romantismo ou moral, a vida é para quem 
pode, não é para quem quer.
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UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
Essa visão nua e crua da natureza não é agradável para a moral humana. Muito 
menos para as visões que buscam na natureza, apenas a harmonia de um Criador 
100% bom. 
Na Oceania, existe uma ilha chamada ilha de Flores. Lá foram encontrados 
fósseis de elefantes, rinocerontes e outros animais, incluindo fósseis humanos, 
todos em tamanho reduzido. Literalmente uma ilha de anões. O fenômeno hoje é 
conhecido como redução de tamanho por efeito de ilha. 
Simples: em uma ilha pequena e com recursos escassos, não sobrevivem os mais 
fortes, mas os menores, que necessitam de menos água e comida para sobreviver. 
Os animais maiores gastam mais matéria e energia, tendo menor chance de crescer 
e se reproduzir.
Assista a animação brasileira Quer que eu desenhe?, sobre o tema seleção natural.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=N-SrvGfwiTgEx
pl
or
Utilizando novamente a hipótese do aumento do pescoço das girafas, por 
seleção natural a história seria diferente: na natureza existem girafas mais altas e 
mais baixas, com uma diferença de estatura de pouco centímetros, imperceptível 
para nós, mas de vital importância para os animais. Supondo mudanças 
climáticas que tenha por ventura reduzido os pastos (secas), as folhas das árvores 
passam a ser a fonte de alimento disponível. Imaginando grandes áreas, se uma 
girafa for apenas 1 cm maior que os outros indivíduos, ela terá disponível uma 
enorme quantidade de comida extra, inacessível para os mais baixos. O mais alto 
comerá mais, será mais saudável e poderá ter mais filhos, que podem carregar 
a característica e aumentar também suas chances de sobrevivência, enquanto os 
indivíduos mais baixos morrem mais ou se reproduzem menos. Com o passar de 
dezenas de milhares de anos, restarão apenas a populações compostas indivíduos 
altos, sem deixar pistas de que seus ancestrais possuíam baixa estatura. 
Uma mutação genética aparentemente negativa causadora de doenças 
genéticas como as anemias hereditárias (falciforme, talassemia) podem proteger 
seus portadores contra a malária, diminuindo a chance de sobrevivência de poucos 
indivíduos quando na versão homozigota recessiva, mas aumentando a chance de 
sobrevivência da maioria, quando em heterozigose (Cunha, 2012). Os ancestrais 
dos peixes de caverna possuíam olhos funcionais. Mas olhos são estruturas que 
captam a luz com neurônios sensoriais que sempre gastam energia, na presença 
ou ausência de luz. No escuro um olho também consome energia, assim como um 
equipamento eletrônico em “stand by”. As mutações genéticas que “estragam” os 
olhos acabam por poupar energia, sendo vantajoso principalmente em ambientes 
cavernícolas, com pouquíssimo alimento disponível. Os cegos gastam menos 
energia e sobrevivem em situações de fome, podendo direcionar o excedente 
para a reprodução.
14
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Figura 8: As seis espécies modernas de girafas e um parente de pescoço curto, o ocapi
Fonte: www.lynxeds.com
Importante!
A seleção natural atua sobre os indivíduos, e a pressão seletiva não muda 
instantaneamente as características dos organismos, mas seleciona as variações que 
serão passadas para as próximas gerações desses indivíduos sobreviventes.
Em Síntese
Ao voltar para a Inglaterra, ele começou a recolher provas sobre a veracidade 
de suas ideias. Durante décadas coletou dados sobre seleção natural, mas a maior 
parte de suas pesquisas se concentrou nas modificações das espécies domesticadas 
pelo homem, fenômeno chamado de seleção artificial.
Seleção artifi cial
Em seu livro a “Origem das espécies”, publicado em 1859, Darwin fez 
impressionantes e detalhados estudos sobre a origem dos pombos domésticos. 
Assim como existem modernamente criadores de raças de cães, na Inglaterra 
daquela época, a criação de pombos de diferentes raças era não só um passatempo 
para colecionadores, mas uma atividade rentável. 
Os criadores selecionavam variedades e faziam cruzamentos seletivos, produzindo 
pombos de diferentes tamanhos, cores, plumagens e comportamentos, como os 
impressionantes pombos correio, capazes de se guiar por misteriosas bússolas internas 
que lhes dão a habilidade de perceber as linhas geomagnéticas da Terra, mesmo em 
caixas fechadas, sem contato com o sol ou estrelas, voltando para o local de onde saíram.
15
UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
Como os criadores deixaram relatos sobre as origens de seus animais, foi 
possível traçar a história dos pombos domésticos através dos séculos. Seus estudos 
apontavam para uma inequívoca constatação: todos os pombos, incluindo as 
pombas urbanas que foram introduzidas no Brasil são descendentes de pombos 
silvestres que faziam seus ninhos em escarpas rochosas da Europa.
Diferentemente da seleção natural, a seleção artificial pode ocorrer de forma 
muito rápida, podendo produzir grandes mudanças em poucas décadas, dependendo 
da velocidade de reprodução do animal ou planta e o empenho do serhumano em 
conseguir novas variedades.
Todos os nossos alimentos passaram por algum tipo de seleção artificial. Em muitos 
casos ainda é possível encontrar indivíduos na natureza, semelhantes aos ancestrais das 
variedades que selecionamos. Ainda é possível encontrar na mata atlântica, espécies de 
mandioca que se reproduzem naturalmente por sementes, sem qualquer intervenção 
humana, ou ainda, variedades de banana que possuem sementes viáveis. 
No entanto a maioria das plantas e animais que foram domesticados há mais 
tempo, já são muito raros ou foram perdidos. As plantas ancestrais que deram 
origem ao milho e ao arroz já não podem mais ser encontradas em ambientes 
naturais, muitas vezes alterados profundamente pela ação humana.
A partir de uma única espécie ancestral, podem ser selecionadas diversas 
variedades, como ocorre com laranjas ou feijão. Um interessante caso ocorreu com 
a espécie Brassica oleracea que originou plantas muito diferentes como o repolho, 
a couve mineira, a couve-flor, a couve de Bruxelas e o brócolis, mas que podem 
ainda ser cruzadas para obtenção de outras variedades de interesse (Cunha, 2012).
Importante!
Charles Darwin sabia do impacto que sua descoberta teria sobre o mundo e hesitou em 
publicar suas ideias durante décadas, principalmente em respeito à sua esposa, que era 
muito religiosa. 
Você Sabia?
Dentre as espécies domesticadas mais antigas, estão o cão doméstico (15.000 anos) 
e os gatos (10.000 anos). Nossos melhores amigos não derivam diretamente dos lobos 
europeus modernos, mas de uma espécie já extinta que provavelmente viveu no norte 
do continente africano. Algumas raças de cães ainda mantém grande semelhança física 
com os lobos (pastor alemão, rusky), enquanto outras foram tão modificadas que é 
difícil imaginar seu parentesco com de animais silvestres (pinscher, poodle).
Historicamente os cães eram úteis ao homem e assim foram selecionadas por 
um motivo específico. Existem cães selecionados para montar guarda, e assim, são 
muito territorialistas e barulhentos para chamar a atenção; os cães pastores que 
instintivamente mantém outros animais agrupados; os cães de companhia, muito 
dóceis; os caçadores, especialistas em buscar e trazer a caça para o dono, entre 
tantas outras variedades, às vezes meramente estética. 
16
17
Porém, todos descendem de ancestrais comuns e um cão doméstico pode 
manifestar alguns comportamentos típicos desses ancestrais como o hábito de se 
enrodilhar antes de dormir, mesmo que não exista mais um capinzal para fazer um 
ninho aconchegante. Também pode ser difícil treinar o animal para que não corra 
atrás das rodas dos veículos, pois em seus cérebros, o movimento indica a caça de 
alimento, fazendo parte de seus instintos de sobrevivência. 
Curiosamente, a mais importante das diferenças entre cães e seus ancestrais 
lobos é uma mutação genética que permite aos nossos melhores amigos, a 
capacidade de digerir amido. A amplificação gênica que aumentou a produção da 
enzima amilase, permitiu que os domesticados há milhares de anos vivessem no 
entorno dos homens, comendo nossos restos de alimento. Os cães, ao contrário 
dos lobos, são capazes de digerir arroz, polenta de milho, trigo, mandioca, entre 
outros restos de alimentos humanos que vão para o lixo.
Neutralismo 
O raciocínio de seleção natural é bastante simples: se uma característica física, 
comportamental ou intelectual geneticamente dependente é positiva para o 
indivíduo, aumentam as chances de sobrevivência. Se atrapalha, reduz a taxa de 
sobrevivência ou reduz a taxa de reprodução diminuindo a frequência desses genes 
na população e por consequência, há redução numérica da característica. 
Porém, existem certas áreas do genoma de qualquer ser vivo que são naturalmente 
propensas a gerar variabilidade genética. No nosso caso, por exemplo, existe um 
sistema de alta variabilidade para produção de infinitas combinações de tipos de 
anticorpos diariamente, que são produzidos de forma aleatória. Se uma combinação 
é positiva, se é negativa, tende a desaparecer. Mas e se a combinação for neutra?
Certas características do nosso corpo não são úteis para a sobrevivência, como 
os vários tipos sanguíneos (ABO, fator Rhesus, sistema MN etc.). Nada muda em 
nossa taxa de sobrevivência, se somos portadores do tipo sanguíneo M, N ou MN. 
Mas então, por que ele existe?
Se um gene não expressa uma característica que altera a taxa de sobrevivência, 
ele pode permanecer indefinidamente numa população sem que saibamos da sua 
existência. Esse fenômeno é denominado de seleção neutra ou neutralismo.
Temos o músculo adutor da orelha, que permite o movimento das nossas orelhas, 
de um gene que permite dobrar a língua na longitudinal, outro na vertical, gene para 
o cóccix, sem contar uma infinidade de proteínas que nem sabemos que existem. 
Mas, se não atrapalham nossa existência, tais genes são repassados sem que saibamos 
de sua existência. 
Na natureza, uma característica observável ou não, nem sempre tem um 
propósito ou função, ao contrário do que se possa imaginar, fundamentada pelo 
princípio da seleção neutra.
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UNIDADE Evolucionismo Lamarquista e Darwinista
Resistência a antibióticos e inseticidas
Os processos de seleção podem induzir o crescimento de populações de seres 
vivos nocivos ao homem.
Insetos resistentes a inseticidas e bactérias capazes de resistir aos principais 
antibióticos surgem constantemente, Note que o assunto é comum e abordado com 
frequência nos noticiários com nomes como “insetos mutantes”, “superbactérias” ou 
“bactérias assassino”, comumente acompanhado por uma explicação lamarquista: 
os inseticidas induziram mutações nos insetos ou que os antibióticos tornam as 
bactérias mais fortes.
 O princípio é o mesmo para os dois casos. A cada geração, surgem novas 
variedades por mutação genética espontânea, por reprodução sexuada ou 
recombinações aleatórias. A mesma dose de certo inseticida pode ser fatal para um 
inseto, mas não para outro. Se o inseto mais resistente sobreviver e se reproduzir, 
ele poderá repassar essa característica para a próxima geração. O processo será 
mais rapidamente induzido quando se utilizam doses inadequadas. O antibiótico 
precisa manter uma concentração adequada no corpo para fazer o efeito desejado, 
mantido pelo tempo necessário. Se a recomendação é o uso do antibiótico por 
sete dias, de 8 em 8 horas, há um motivo para isso. Ao perceber a melhora, 
o paciente para de tomar a droga, selecionando as variedades mais resistentes. 
Se o inseticida para o controle de piolhos tem a recomendação de uso em várias 
aplicações, uma única dose vai apenas matar uma parte e estimular o aumento 
das populações mais resistentes.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Ilhas Galápagos - descubra o laboratório vivo de Darwin
Visite as ilhas do arquipélago de galápagos em imagens terrestres e subaquáticas pelo 
Google Street View Treks. Imperdível. Imagens panorâmicas em 360º.
http://www.google.com/maps/about/behind-the-scenes/streetview/treks/galapagos-islands/
 Vídeos
Charles Darwin - Resumo
Documentário sobre Charles Darwin.
https://www.youtube.com/watch?v=uhp1Ri3W-FU
 Visite
Wikipedia: Museus de história natural do Brasil
Principais museus de história natural no Brasil.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Museus_de_hist%C3%B3ria_natural_do_Brasil
 Leitura
A Origem das Espécies 
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies, no meio da seleção natural ou a luta
pela existência na natureza, 1 vol., tradução do doutor Mesquita Paul. 
http://ecologia.ib.usp.br/ffa/arquivos/abril/darwin1.pdf
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Referências
CUNHA, Claudio da. Genética e Evolução Humana. Campinas, SP: Átomo, 2011.
FUTUYMA, Douglas. Biologia Evolutiva. 3.ed. Editora Funpec, 2009.
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