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Exercício - U F E S - Constitucional

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U F E S 
Departamento de Direito 
Teoria da Constituição 
 
EXERCÍCIOS 
 
I - Questionário 
 
1) Quais são as principais características dos modelos de controle difuso e 
concentrado de constitucionalidade? 
 
No controle difuso, modelo concebido pelos norte-americanos, a competência para fazer 
esse controle da relação de inferência entre objeto infraconstitucional e parâmetro 
constitucional pertence a todos juízes e tribunais. E existe o exame dessa 
constitucionalidade de forma incidente em casos concretos. Essa decisão retroage, vale 
apenas para as partes e é incidente uma vez que não é um mérito do processo. 
No controle concentrado, a competência é de apenas um tribunal. O exame da questão de 
constitucionalidade se dá de maneira abstrata, de uma forma que não se tem uma lide no 
sentido clássico (de pretensão de existir). A decisão tem eficácia erga omnes. Em teoria a 
decisão não deve retroagir (princípio da proteção da confiança do cidadão). E a matéria de 
constitucionalidade não é um incidente, é o próprio mérito do processo. 
 
2) Quais são os principais defeitos de cada um desses modelos? 
 
Os defeitos do modelo difuso correspondem a possibilidade de decisões contraditórias. 
Conflitos entre órgãos jurisdicionais e entre estes e órgãos administrativos. Tratamento 
desigual das partes em matéria comum e também, a irracionalidade do modelo decisório, 
por conta da falta de uniformidade no tratamento da questão de constitucionalidade. 
Em contrapartida, o modelo concentrado não é imune as críticas. A primeira critica diz 
respeito a legitimidade política, uma vez que não é todo mundo que está qualificado a ir a 
tribunal suscitar a questão de constitucionalidade. Ademais, há o questionamento relativo 
ao fato de as decisões possuírem mais o caráter político do que o jurídico. E, também se 
atribui um excesso de importância a doutrina de separação dos poderes e da lei. 
 
 
3) Diferencie inconstitucionalidade de controle de constitucionalidade. 
 
A inconstitucionalidade é um fenômeno que ocorre quando existe uma quebra da relação de 
inferência, do ponto de vista deontológico entre um objeto infraconstitucional e um 
parâmetro constitucional segundo um critério de validade. 
Uma lei ordinária tira seu fundamento de uma norma superior, no caso a constituição. E 
quando existe uma quebra dessa relação de inferência, quando não se consegue remeter a lei 
ordinária a constituição, surge o fenômeno da inconstitucionalidade. Pois existe uma quebra 
da relação de validade. 
E o controle da constitucionalidade é relativo a existência de órgãos específicos com uma 
competência expressa para fazer o controle de regularidade dessa relação causal de 
inferência 
 
 
4) Descreva o argumento da rigidez constitucional apresentado no caso Marbury v. 
Madison, de 1803. 
 
Constituições rígidas exigem procedimento e quórum qualificados para sua alteração, de 
modo que leis inconstitucionais não podem ficar a salvo de um controle de 
constitucionalidade, porque do contrário alterariam impunimente a Constituição. Daí a 
competência de todos os órgãos de todos os órgãos jurisdicionais para o controle de 
constitucionalidade, já que a função primordial de interpretar as leis ao Poder Judiciário. 
 
5) De acordo com o mérito, indique a natureza do provimento (declaratório, 
constitutivo/desconstitutivo, condenatório, mandamental, executivo lato sensu) nas 
ADI`s. comissiva e omissiva, na ADC e na ADPF. 
 
Quando julgada procedente, a ADI comissiva é desconstitutiva. E quando julgada 
improcedente, ante o efeito dúplice, a ADI comissiva é constitutiva. 
Quanto a ADI omissiva, o provimento será mandamental na omissão normativa executiva 
(quando a violação é cometida pelo Executivo e se estipula o prazo de 30 dias para 
administração proceder com a correção) e declaratória na omissão legislativa, com a 
notificação do legislativo acerca da inconstitucionalidade, sem prazo (em regra) ou com 
prazo razoável (exceção). 
A natureza do provimento da ADC é constitutiva quando julgada procedente e quando 
julgada improcedente é considerada desconstitutiva. 
E, a ADPF com ação de proteção de direitos difusos o provimento é mandamental. A ADPF 
como ação de controle interpretativo o provimento é constitutivo da norma adotada e 
desconstitutivo das normas excluídas e na ADPF como ADI substitutiva o provimento é 
desconstitutivo. 
 
6) Quais são os três objetos da ADPF? 
 
Ação mandamental para proteção de direito difuso, ação interpretativa para controle de 
normas acerca de preceito fundamentais controvertidos nos tribunais e ela é uma ADI 
substitutivas para leis pré-constitucionais, para leis municipais e para leis pós constitucionais 
já revogadas quando em conflito com a Constituição Federal. 
 
7) Explique o efeito dúplice entre a ADI e a ADC, dizendo se ele ocorre ou não, e por 
que, quando julgado improcedente o pedido em ADI Comissiva de lei ou ato normativo 
estadual questionado diante da CF. 
 
ADI´s e ADC´s são ações espelho ou de sinais trocados. Logo, para os atos constitutivos 
federais (apenas), quando estão submetidos a controle de constitucionalidade por uma dessas 
ações, podem resultar naquilo que se pretende com a outra opção. Dessa forma, um pedido 
de pronúncia de inconstitucionalidade, considerado improcedente, resulta na declaração de 
constitucionalidade do ato normativo e vice e versa. Desse modo, o efeito dúplice ocorre. 
E, os atos normativos estaduais, apesar de constituírem objeto de ADI Comissiva e Federal, 
não sofrem esse efeito dúplice porque não são objeto de ADC. A ADC só pode ser solicitada 
quanto for relativa a um ato federal. 
 
 
 
8) Por que a omissão normativa legislativa e executiva representa uma 
inconstitucionalidade? 
 
Porque a falta do complemento normativo infraconstitucional compromete a plena eficácia 
da Constituição e por que a omissão normativa representa uma renúncia tácita de uma 
competência constitucional impositiva. 
 
9) Trace um paralelo entre a ADI por Omissão e o Mandado de Injunção. 
 
O Mandado de Injunção é um tipo de ação que pode ser usado no controle difuso, permitindo 
que qualquer cidadão brasileiro requeira um direito que está desassistido por omissão. Ele 
se estabelece dentro de uma relação concreta. 
Já a ADI por omissão pretende que seja editado ato normativo genérico e complementar, de 
caráter abstrato, desvinculada de uma relação jurídica concreta e que dote a Constituição de 
eficácia plena. 
 
 
II - Solução de Problemas 
 
 
1) O art. 220, ▪ 1, da CF, vem sendo interpretado pelos TJ´s do ES, do RJ e de SP de 
modo divergente, à luz de leis estaduais que impõem aos jornais de cada estado a 
seguinte conduta, respectivamente: sujeitar os artigos de editoriais, redatores e 
colaboradores à censura prévia de um órgão público criado pela lei estadual; obrigar 
que os próprios jornais tenha órgãos internos de censura; permitir qualquer 
publicação, sem qualquer censura prévia, desde que sujeitos os jornais à 
responsabilidade civil correspondente. Nesse caso, qual ação de controle pode ser 
movida? Qual será o mérito principal dessa ação? Pode haver o controle de 
constitucionalidade dessas leis estaduais, e por qual motivo? 
 
No caso em tela, a ação é a ADPF, uma vez que existe um preceito fundamental da liberdade 
de informação que está sendo interpretado de forma divergente por três tribunais e nesse 
caso a decisão quando adotar uma norma irá selecionar a mais adequada para o princípio 
fundamental e vai excluir as outras normas por arrastamento quando por exclusão não se 
puder adotar nenhuma outra norma acerca da interpretação do princípio fundamental. 
 
 
2) Uma lei estadual é objeto de ADI Federal Comissiva, perante o STF, e de ADI 
Estadual, perante o TJ, sendo que o dispositivo constitucional que se diz ofendido é 
idêntico, ou seja, foi reproduzido literalmente no texto da CE. Nesse caso,existe 
autonomia entre essas duas ações, ou seja, as decisões que se acham possibilitadas não 
são prejudiciais uma da outra. Sim ou não, e por que? 
 
Existe. Pois o TJ possui competência para apreciar essa reprodução. Contudo, caso 
sobrevenha uma decisão do STF, a decisão do TJ fica prejudicada. 
 
 
3) Uma lei estadual é objeto de ADI Federal Comissiva, perante o STF, e de ADI 
Estadual, perante o TJ, sendo que os dispositivos constitucionais supostamente 
ofendidos são distintos. Nesse caso, se o STF julga improcedente o pedido e o TJ julga 
procedente o pedido, a lei continua no ordenamento ou é excluída do ordenamento. 
Explique a resposta. 
 
Neste caso, a decisão do STF não gera efeito dúplice e a decisão do TJ se aplica de forma 
autônoma com a consequente exclusão do objeto controlado da ordem jurídica. Isso pois, o 
parâmetro do controle é distinto e há uma autonomia das decisões dos tribunais. 
 
III - Parte Objetiva 
 
1) (OAB/SP-115) A decisão do Tribunal de Justiça do Estado de SP que, em ADI, proposta 
pelo Procurador-Geral de Justiça, declarou inconstitucional a lei de determinado município:
a) poderá ser revista pelo STF, por meio de recurso extraordinário, desde que esteja 
em discussão a afronta às normas constitucionais de repetição obrigatória 
pela Constituição do Estado; 
b) nunca poderá ser revista pelo STF por meio de recurso extraordinário; 
c) só poderá ser revista por meio de ADI proposta junto ao STF; 
d) será nula, uma vez que o Procurador-Geral de Justiça não é legitimado para propor tal 
ação. 
 
2) (OAB/SP-113) Quando se diz caber a todos os componentes do Poder Judiciário 
o exercício do controle de compatibilidade vertical das normas da ordenação 
jurídica de um país, está-se falando em: 
a) controle constitucional difuso, por via de ação; 
b) jurisdição constitucional concentrada, por via de exceção; 
c) jurisdição constitucional difusa, por via de exceção; 
d) controle constitucional concentrado, por via de ação. 
 
 
3) A ação direta de inconstitucionalidade por omissão caracteriza-se: 
a) pelo objeto tendente a tornar efetiva a norma constitucional faltante para o caso 
concreto, dispensada qualquer providência posterior no sentido de provocar a 
edição normativa; 
b) pelo objeto tendente a tornar efetiva a norma constitucional faltante para o caso 
concreto, comunicando-se à autoridade administrativa ou legislativa, ato 
contínuo, da necessidade da edição normativa, no prazo de 30 dias; 
c) pelo objeto tendente apenas a provocar a edição normativa da autoridade 
administrativa, em 30 dias, e de dar ciência à autoridade legislativa para fazê-
lo, com a brevidade possível; 
d) pelo objeto tendente apenas a provocar a edição normativa da autoridade administrativa 
ou legislativa, em 30 dias; 
e) nenhuma das respostas acima. 
 
4) Compete ao STF processar e julgar: 
 
a) a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de 
lei ou ato normativo federal; 
b) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual 
e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 
c) a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de 
lei ou ato normativo federal ou estadual; 
d) a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de 
lei ou ato normativo estadual; 
e) nenhuma das alternativas acima. 
 
5) Em controle concentrado de constitucionalidade, a pronúncia de 
inconstitucionalidade, do ponto de vista teórico e técnico, deve gerar de regra: 
a) efeitos ex tunc, dispensada a suspensão de eficácia da lei pelo Senado Federal; 
b) efeitos ex tunc, sendo porém necessária a suspensão de eficácia pelo Senado Federal; 
c) efeitos ex nunc, dispensada a suspensão de eficácia da lei pelo Senado Federal; 
d) efeitos ex nunc, sendo porém necessária a suspensão de eficácia pelo Senado Federal; 
e) efeitos erga omnes, somente após a suspensão de eficácia pelo Senado Federal, diante 
do princípio da publicidade. 
 
6) Ainda sobre os efeitos da pronúncia de inconstitucionalidade pela via concentrada 
é correto dizer, do ponto de vista teórico e técnico, que: 
a) os efeitos de regra devem ser ex nunc, salvo por razões de segurança jurídica ou 
de excepcional interesse social, quando os efeitos podem ser restringidos ou 
diferidos para o trânsito em julgado ou outro momento que venha a ser 
fixado; 
b) os efeitos de regra devem ser ex tunc, salvo por razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, quando os efeitos podem ser restringidos ou diferidos 
para o trânsito em julgado ou outro momento que venha a ser fixado; 
c) os efeitos de regra devem ser ex nunc, salvo por razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, quando os efeitos podem ser restringidos ou diferidos 
para o trânsito em julgado; 
d) os efeitos de regra devem ser ex nunc, salvo por razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, quando os efeitos podem ser restringidos ou diferidos 
para outro momento que venha a ser fixado; 
e) nenhuma das respostas acima. 
 
7) São legitimados ativos à proposição da ação direta de inconstitucionalidade, salvo: 
a) o Presidente da República; 
b) o Procurador-Geral da República; 
c) o Procurador-Geral de Justiça no Estado; 
d) o Governador do Distrito Federal; 
e) o Partido Político com representação no Congresso Nacional. 
 
 
8) Leis e atos normativos municipais podem ser objeto das seguintes ações de 
controle concentrado de constitucionalidade, expressamente previstas na CF e nas 
Leis ns: 9.868/99 (ADI´s e ADC´s) e 9.882/99 (Argüição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental): 
a) ADI interventiva municipal e ADI federal, esta última para questionar a infringência 
da Constituição Federal por lei ou ato normativo municipal, de competência do STF; 
b) ADI federal, exclusivamente, para questionar a infringência da Constituição Federal 
por lei ou ato normativo municipal, de competência do STF; 
c) ADI estadual, exclusivamente, para questionar a infringência de Constituição Estadual 
por lei ou ato normativo municipal, de competência do TJ; 
d) ADI estadual, para questionar a infringência de Constituição Estadual por lei ou 
ato normativo municipal, de competência do TJ, e argüição de descumprimento de 
preceito fundamental, perante o STF; 
e) ADI estadual, para questionar a infringência de Constituição Estadual por lei ou ato 
normativo municipal, e argüição de descumprimento de preceito fundamental, ambas de 
competência do TJ. 
 
9) Associe as ações de controle concentrado de constitucionalidade da primeira 
coluna com os objetos respectivos da segunda coluna, assinalando a questão correta: 
PRIMEIRA COLUNA: 
I - ADI federal, comissiva e omissiva; 
II - ADI estadual; 
III - ADI Interventiva Federal; 
IV - ADI Interventiva Estadual; 
V - Ação Declaratória de Constitucionalidade-ADC; 
VI - Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 
SEGUNDA COLUNA 
( V ) leis e atos normativos federais, diante da Constituição Federal-CF; 
(I ) leis e atos normativos federais e estaduais, perante a CF; 
(IV ) Decreto de Intervenção de Estado em Município; 
(III) Decreto de Intervenção da União em Estado; 
( II) leis e atos normativos estaduais e municipais, perante a Constituição Estadual-
CE; 
(VI ) leis e atos normativos federais, estaduais e municipais, perante a CF. 
a) I, II, III, IV, V e VI; 
b) V, I, IV, III, II e VI; 
c) V, I, III, IV, II e VI; 
d) I, V, IV, III, II e VI; 
e) V, VI, IV, III, II e I. 
 
 
10) São objetivos do controle concentrado de constitucionalidade, exceto: 
a) evitar decisões contraditórias; 
b) evitar proliferação de demandas individuais; 
c) evitar conflitos entre órgãos judiciais de graus distintos e destes com órgãos 
administrativos; 
d) evitar a incerteza jurídica; 
e) favorecer a quebrado princípio da separação de poderes. 
 
11) São defeitos do controle concentrado de constitucionalidade, exceto: 
a) a uniformidade das decisões; 
b) legitimidade política; 
c) afastamento do demandante individual; 
d) decisões políticas, mais do que jurídicas; 
e) valoração extrema da lei e da separação de poderes.

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