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História da Reabilitação no Mundo (Resumo)

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História da Reabilitação 
no Mundo 
HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO 
ANTIGUIDADE 
Na antiguidade ou idade antiga, período entre 4000 a.C. e 
395 d.C., houve uma grande preocupação com as doenças 
que eram consideradas como morbidade, que se referiam 
não só aos aspectos orgânicos das doenças, mas também 
aos sociais, comportamentais e outros. A preocupação 
principal era a diminuição ou eliminação dessas comorbi-
dades por intermédio de meios físicos nas quais eram dis-
poníveis naquela época. 
Pode-se dizer que a profissão, antes mesmo de ser conhe-
cida pelo nome, surgiu nesse momento histórico com o 
foco na terapia ou no tratamento de doenças já instaladas, 
por meio de recursos físicos utilizados até hoje, como por 
exemplo, já se utilizava a eletroterapia sob formas de cho-
ques elétricos transmitidos pelos peixes-elétricos; bem 
como a cinesioterapia, por meio do costume de usar o 
movimento do corpo humano no tratamento de doenças já 
estabelecidas e, portanto, com finalidades terapêuticas. 
Os peixes-elétricos eram utilizados terapeuticamente, 
pois algumas espécies de peixes possuem um órgão que é 
especializado ou elétrico composto por células, chamadas 
de eletrócitos, que se carregam e descarregam continua-
mente. Pesquisas mostram que todas as outras espécies de 
peixes elétricos produzem descargas fracas, que podem 
variar entre menos de 1 e 5v. Provavelmente, foram esses 
os tipos de choques elétricos utilizados para o alívio de dor 
e outras doenças na antiguidade. 
 
IDADE MÉDIA 
Na idade média ou época medieval, período entre os sécu-
los IV e XV, predominou-se uma ordem social estabelecida 
no plano divino em que a fé era uma obrigação elementar 
ou básica dos homens que se organizavam em forma de 
hierárquica, ou seja, de acordo com uma relação de 
subordinação entre os membros da sociedade. 
A sociedade se dividia em três grupos: 
• O clero, que tinha como a função principal o serviço 
divino e que tinha o poder determinante das decisões 
sobre os caminhos a serem seguidos pela sociedade. 
• A nobreza, que devia guerrear. 
• As camadas populares ou camponeses, que deviam 
trabalhar ou produzir. 
 
Sendo assim, as classes mais privilegiadas e beneficiadas 
eram o clero e a nobreza. Para eles, as relações impostas 
de servidão eram convenientes, em especial para o clero, 
que, por meio da religião da época, também difundiu seus 
interesses próprios, como a valorização do culto de alma e 
 
 
 
 
espírito e não do corpo. Na verdade, o corpo era conside-
rado como inferior e inimigo e acreditava-se que o que 
acontecia com ele externamente era causado pelo que es-
tava dentro dele, como se fosse um mero recipiente. Esses 
pensamentos refletiam o desinteresse pelos avanços dos 
estudos na área da saúde e cuidados com o corpo. Para se 
ter uma ideia, os hospitais, naquela era da história, esta-
vam interligados com as igrejas, e suas salas de enfermos, 
como eram chamadas, se localizavam literalmente ao lado 
das capelas. Havia inclusive altares nessas salas, porém 
nenhum espaço físico apropriado para realização de exer-
cícios, por exemplo. 
Em determinado momento durante esse período, a nobre-
za e o clero começaram a se interessar por atividade física. 
Porém, não era um interesse pelo exercício físico focado 
na reabilitação, similar à idade antiga, e sim por uma ativi-
dade física específica dirigida para o aumento da força e 
potência física com foco no que constituía responsabili-
dades deles, no controle da população, bens e guerra. 
Desta forma, para as camadas populares, a atividade física 
era um tipo de lazer acessível que apenas compensava as 
más condições em que viviam e trabalhavam. Para os 
burgueses e lavradores, os exercícios serviam, cada vez 
mais, unicamente como diversão; não havia interesse em 
aumentar a potência corporal. 
 
RENASCIMENTO 
O renascimento, período compreendido entre os séculos 
XV e XVI, se iniciou na Itália e depois se espalhou para os 
outros países da Europa por meio de um movimento artís-
tico e literário que contribuiu para o desenvolvimento da 
arquitetura, escultura, pintura, artes decorativas, literatu-
ra e música. Neste período, a beleza e culto ao físico come-
çaram a ser valorizados, enquanto os valores morais e reli-
giosos rígidos da idade média não foram mais aceitos e 
sofreram decadência. Surgiram também as universidades, 
onde se buscava conhecimento e compreensão do mundo, 
o que proporcionou a retomada de estudos relativos aos 
cuidados com o corpo e o bem-estar físico do homem. Por 
exemplo, Mercurialis, professor de medicina em Pádua, 
Itália, desenvolveu os princípios da ginástica médica: 
• Exercícios para conservar estado saudável existente. 
• Regularidade no exercício. 
• Exercícios individuais especiais para convalescentes. 
• Exercícios para pessoas com ocupações sedentárias. 
 
A partir daí, as ações profissionais não se dirigiam somen-
te para o tratamento do corpo doente, mas também para a 
manutenção das condições normais existentes em indiví-
duos saudáveis, o que fortalecia o conceito da prevenção. 
 
INDUSTRIALIZAÇÃO 
Os novos conceitos sobre cuidados com o corpo se inicia-
ram no renascimento sofreram alterações significativas 
com a revolução industrial. A industrialização, período 
entre os séculos XVIII e XIX, começou na Inglaterra e se 
caracterizou por grandes transformações sociais devido à 
mecanização, aumento do sistema de produção nas indús-
trias e consequentemente intensificação do trabalho ope-
rário. Nesta fase da história, as jornadas de trabalho eram 
estafantes, visto que giravam em torno de 16 horas por 
dia, e como a população se aglomerava ao redor das cida-
des, as condições sanitárias, alimentares, de vida, trabalho 
e moradia se tornaram precárias e insatisfatórias, o que 
contribuiu para o aparecimento e a proliferação de novos 
problemas de saúde, até então não conhecidos, como cóle-
ra, tuberculose pulmonar, alcoolismo e as sequelas dos 
acidentes de trabalho. 
Com isso, inovações tecnológicas e científicas inicialmente 
voltadas para a construção de máquinas e formação de 
engenheiros foram canalizadas também para as escolas de 
medicina. O saber médico estava a serviço das classes do-
minantes, às quais não convinham modificações profun-
das nas relações de trabalho sob pena de diminuir a pro-
dução e o lucro. Ao invés disso, o tratamento puro das 
doenças decorrentes das condições adversas de trabalho 
interessava mais do que mudar esta situação. Portanto, 
essa forma de tratamento, dadas as relações do homem 
com o seu trabalho, influenciou grandemente atividades 
profissionais e áreas de estudo ligadas à saúde do homem, 
concentrando esforços na busca de novos métodos de 
tratamento. A preocupação passou a ser sobre o doente, 
descontextualizado de todos os fatores que contribuíram 
para a industrialização da doença. 
Houve o surgimento do atendimento hospitalar, em que o 
hospital, além de prestar atendimento à população com 
ênfase no tratamento das doenças, e, portanto, na assis-
tência curativa, recuperativa e reabilitadora; serviu, na 
época, como local de treinamento de profissionais e labo-
ratório de estudos clínicos e anatômicos. Todo esse dire-
cionamento da pesquisa contribuiu para o surgimento das 
especializações ainda no século XIX. Portanto, surgem 
nessa época, na medicina, as especialidades que conhece-
mos hoje como a dermatologia, pediatria, oftalmologia, 
psiquiatria, otorrinolaringologia e outras derivadas de um 
tronco central formadas pela cirurgia, obstetrícia e clínica 
médica. 
 
FISIOTERAPIA NA IDADE CONTEMPORÂNEA 
Seguindo a mesma direção das especialidades médicas no 
sentido de compartimentalizar áreas de estudo e campos 
de atuação profissional, os conhecimentos e formas de 
trabalho que caracterizariam a fisioterapia apareceram na 
metade do século XIX na Europa. Como por exemplo na 
Inglaterra, os trabalhos sobre massoterapia foram inicia-
dos por Mendell e Cyriax; sobre cinesioterapia respira-
tória, por Linton;e sobre fisioterapia neurológica, por 
Berta e Karel Bobath, que criaram o Método Bobath para 
o tratamento de pacientes com paralisia cerebral. 
No início do século XX, exercícios físicos foram desenvol-
vidos com a preocupação voltada para o tratamento, como 
os de Klapp, que desenvolveu exercícios na “posição de 
gato” para o tratamento de desvios laterais da coluna 
vertebral, também conhecidos como a escoliose; e o 
Kohlransch, que criou os fundamentos do tratamento para 
enfermidades ginecológicas baseados em exercícios terá-
pêuticos. Além disso, não só a industrialização, mas como 
também as guerras mundiais produziram um grande nú-
mero de pessoas com lesões, mutilações e sequelas que 
necessitavam de tratamento para a recuperação, a reabili-
tação e a obtenção de condições mínimas para o retorno 
às atividades sociais e produtivas. Desta forma, as guerras 
contribuíram de forma decisiva para a fragmentação das 
áreas de atuação na fisioterapia, pois o que importava não 
era a percepção global dos problemas, e sim as técnicas 
diretas e efetivas visando a resolução dos problemas antes 
desconhecidos, para que o indivíduo voltasse rápidamen-
te a produzir. Acredita-se também que a poliomielite ou 
paralisia infantil influenciou fortemente o desenvolvimen-
to da fisioterapia e de suas técnicas em grande parte do 
mundo. A primeira grande epidemia de poliomielite nos 
Estados Unidos ocorreu em 1916, levando a milhares de 
mortes. O presidente norte-americano Franklin Delano 
Roosevelt contraiu a poliomielite em 1921 e criou a 
Fundação Nacional para Paralisia Infantil, que investiu 
mais de um milhão de dólares para o avanço da fisiotera-
pia como forma de tratamento. 
Escolas de cinesioterapia foram criadas a partir de clínicas 
universitárias, e as especializações de tratamento se tor-
naram convenientes ao sistema existente pelo compro-
misso implícito com a recuperação da parte afetada, sem 
se preocupar com as causas que originaram as doenças. 
Fazendo parte da área da saúde e tendo sofrido oscilações 
no decorrer da história, a fisioterapia teve os seus recur-
sos quase que exclusivamente direcionados a uma prática 
de atendimento ao indivíduo doente. O próprio nome 
“fisioterapia” já evidencia essa atuação terapêutica, sob as 
formas de cinesioterapia, eletroterapia, massoterapia, ter-
moterapia, e crioterapia. Dessa forma, o objeto de trabalho 
da fisioterapia parece, hoje, não se apresentar de forma 
muito diferente da época do seu surgimento, quando havia 
a preocupação com as comorbidades. Essa somatória de 
fatores gerou avanços tecnológicos para muitos campos e 
atividades, ao mesmo tempo que originou um compro-
misso com essa concepção do papel do fisioterapeuta.

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