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Avaliação Fisioterapêutica ANAMNESE O fisioterapeuta deverá ser capaz de avaliar o seu paciente e a partir de uma avaliação minuciosa, determinar os quais objetivos e as condutas a serem realizadas com ele. Para isso, o fisioterapeuta deverá realizar uma boa anamnese. A anamnese é caracterizada por uma entrevista minuciosa com o paciente onde serão coletados os dados pessoais do paciente, a história clínica do paciente, antecedentes fami- liares, sinais e sintomas etc. para que seja elaborado o pla- no de tratamento do paciente. É a primeira parte da ava- liação e no dia a dia ela se torna cada vez mais completa. Sinais: Os sinais são tudo aquilo que podemos verificar no paciente, por meio dos nossos sentidos. Ou seja, sinais são os objetivos. Ex.: Febre. Sintomas: Os sintomas são queixas do paciente. Ou seja, sintomas são os subjetivos. Ex.: Dor. A avaliação do paciente depende de um exame minucioso e sistemático, que para levar a um diagnóstico correto, é necessário que o fisioterapeuta possua conhecimento de anatomia, histórico preciso do paciente e um exame físico detalhado. Quando um fisioterapeuta se depara com um paciente e vai realizar a anamnese, ele deve colher primei- ramente os dados pessoais do paciente, como: • Nome. • Data de nascimento. • Gênero. • Cor. • Estado civil. • Peso. • Nacionalidade. • Naturalidade. • Profissão/ocupação. O fisioterapeuta, de acordo com o código de ética, deverá sempre chamar seu paciente pelo nome, respeitar, tratar com dignidade e oferecer um tratamento integral e iguali- tário a todos os pacientes, independentemente de cor, ra- ça, credo, condição socioeconômica, além de respeitar a intimidade e o pudor do paciente. Ainda de acordo com o código de ética, o fisioterapeuta deverá estar com o crachá em local visível, para que o paciente possa identificá‑lo. Após a coleta dos dados pessoais, o fisioterapeuta deverá averiguar a história clínica do paciente, ou seja, colher os dados referentes à doença apresentada pelo paciente ou, no caso de crianças, pelo acompanhante. Para a anamnese, o fisioterapeuta deverá realizar perguntas claras e de fácil entendimento do paciente e, ao mesmo tempo, mostrar‑se interessado durante o procedimento, anotando todos os comentários realizados pelo paciente, pois eles podem ser de extrema importância para elaboração do tratamento fisioterapêutico. Nesta história clínica, o fisioterapeuta deverá conhecer: Queixa principal do paciente: Quais são os sintomas que apresentados por ele. • Exemplos: Por que procurou a fisioterapia? Qual é a queixa? História da moléstia atual (HMA): Colher informações sobre o processo saúde‑doença atual do paciente; deve ser bem detalhada, e os sinais e sintomas deverão ser bem caracterizados. Essas informações deverão ser escritas em uma ordem cronológica, obedecendo uma ordem de insta- lação dos sintomas, dos mais antigos para os mais recen- tes. • Exemplos: Como aconteceu? Foi por causa de trauma, dor intensa quando movimenta, dor à noite etc? Onde localizava a dor ou outros sintomas no início do pro- blema? Quais movimentos ou atividades causam dor? Há quanto tempo existe o problema? História da moléstia pregressa (HMP): Colher informa- ções sobre o passado do paciente, que a princípio não apa- rentam correlação direta ou indireta de causa e efeito com a HMA. Devem constar dados sobre doenças prévias, trau- matismos, gestações e partos, cirurgias, hospitalizações, exames laboratoriais realizados, medicamentos, tabagis- mo, etilismo, uso de tóxicos, fatores de risco, imunizações, sono e hábitos alimentares, entre outros. Esta é uma parte da anamnese muito importante e que pode trazer aspectos relevantes ao tratamento do paciente. Sempre usar uma linguagem coloquial, sem muitos termos técnicos, para que o paciente consiga entender o seu questionamento e fornecer as informações relevantes e necessárias ao seu tratamento. Antecedentes familiares: Doenças apresentadas pelos familiares (avós, pais, irmãos e filhos) que podem estar relacionadas com a patologia do paciente, ou podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de determinada patologia. • Exemplos: Histórico de câncer na família, doenças cardíacas, diabetes, etc. As informações devem ser colhidas diariamente, seja com o próprio paciente, com seu responsável legal ou mesmo com o seu acompanhante no momento da internação em casos em que o paciente está impossibilitado de se comu- nicar. Muitas informações podem ser omitidas ou esque- cidas na primeira avaliação, e após o estabelecimento do vínculo terapeuta‑paciente, elas poderão ser compartilha- das. Uma boa anamnese não termina após o primeiro contato com o paciente. Ela deve ser feita durante todo o período de terapia do paciente. SINAIS VITAIS Os sinais vitais são medidas, que fornecem os dados fisio- lógicos, indicando o estado de saúde de uma função corpo- ral com o objetivo de auxiliar na avaliação do estado de saúde. Os sinais vitais são compostos por: • Pressão arterial (PA). • Frequência cardíaca (FC). • Frequência respiratória (FR). • Temperatura. PRESSÃO ARTERIAL (PA) A pressão arterial (PA) informa a força que o sangue está exercendo sobre a parede das artérias. PA = volume sanguíneo x resistência periférica. É composto por dois números, sendo o primeiro, ou o de maior valor, chamado de sistólico, o qual corresponde à pressão da artéria no momento que o sangue foi bombea- do pelo coração. O segundo número, ou o de menor valor, é chamado de diastólico, e corresponde à pressão na mes- ma artéria, no momento em que o coração está relaxado após uma contração. A unidade de medida utilizada é o milímetro de mercúrio (mmHg). Ex.: 120 x 80 mmHg. Para se realizar a aferição dessa medida, deve‑se utilizar um estetoscópio e o esfigmomanômetro. FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC) É uma sensação ondular que pode ser palpada em uma das artérias periféricas (radial, braquial, carótida, temporal, femoral, poplítea, tibial posterior) quando ocorre contra- ção ventricular. A cada contração ventricular, aproxima- damente de 60 a 70ml de sangue entram na aorta (volume sistólico). A frequência cardíaca é o número de pulsações periféricas palpadas a cada minuto. Para se verificar a fre- quência de pulsação, frequência cardíaca ou pulso, deve- se realizar uma palpação nas grandes artérias e no período de um minuto, contar quantas sensações de onda que são sentidas a palpação. A unidade de medida é batimentos por minuto (BPM). Ela também pode ser aferida por meio de equipamentos como monitores cardíacos ou oxímetros. Ex.: Ao palpar a artéria radial de um paciente internado na enfermaria ortopédica devido a uma fratura de fêmur ocasionada por um atrope- lamento, foi encontrada frequência cardíaca de 95BPM. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (FR) A respiração é a troca de gases dos pulmões com o meio exterior, que tem como objetivo a absorção do oxigênio e a eliminação do gás carbônico. A frequência respiratória, por intermédio do ritmo, profundidade e som, reflete o estado metabólico do corpo e a condição do diafragma e dos músculos do tórax, fornecendo O2 ao trato respirató- rio e aos alvéolos. Deve‑se contar a frequência respiratória do paciente em um minuto, e cada frequência corresponde a inspiração e expiração. A FR também pode ser fornecida por meio do ventilador mecânico, caso o paciente se encontre sob o uso de uma via aérea artificial, internado em uma UTI por não conseguir realizar as incursões respi- ratórias voluntariamente. A unidade de medida é expressa em respirações por minu- to (RPM) ou incursões por minuto (IPM). Ex.: Ao avaliar um paciente internado na enfermaria ortopédica devido a uma fratura de fêmur ocasionada por um atropelamento em 1 minuto, ele apresenta uma FR de 19 RPM (cada RPM corresponde ao movimento de inspiração e expiração). TEMPERATURA Consiste no equilíbrio entre a produçãoe a perda de calor do organismo, mediado pelo centro termorregulador loca- lizado no hipotálamo. Para obtenção da medida deve‑se utilizar um termômetro digital, pois o termômetro de mer- cúrio não pode mais ser utilizado. A temperatura também pode estar visível em monitores de sinais vitais, e é aferida através de sensores posicionados na axila do paciente. A unidade de medida é graus Celsius. Os sinais vitais bem como análise do nível de consciência do paciente, também deverão ser coletados e analisados não somente na pri- meira avaliação, mas durante todo o período que o pacien- te permanecer em terapia, ou no mínimo antes e após rea- lização da terapia. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA O nível de consciência do paciente também é um fator mui- to importante a ser avaliado e analisado pelo profissional durante sua avaliação, pois através dela o fisioterapeuta consegue detectar se o paciente em questão encontra‑se confuso, por exemplo, ou se está apresentando uma redu- ção do seu nível de consciência, sendo necessária a utiliza- ção de alguns recursos, como uso de oxigênio ou aborda- gem médica imediata para uma intervenção mais invasiva. Para uma avaliação do nível de consciência, o fisioterapeu- ta poderá utilizar‑se de recursos como: • Escala de coma de Glasgow que avalia o comprome- timento do nível de consciência através da análise de três parâmetros, que são abertura ocular, resposta verbal e resposta motora associadas à presença ou não do reflexo pupilar. • Escala de Ramsay ou RAAS que avalia o paciente que encontra‑se sob uso de sedação. EXAME FÍSICO Após a coleta da história do paciente, fisioterapeuta deve- rá realizar com ele o exame físico e, juntamente com os da- dos obtidos na anamnese, elaborar o diagnóstico fisiotera- pêutico, os objetivos e as condutas de tratamento, locali- zar uma queixa, associá‑la a uma região anatômica especí- fica e qualificá‑la, definir sua relação com o movimento e a função. O exame físico clarifica a história e os sintomas de um paciente (examinador conhecedor de anatomia). O exame físico do paciente deverá ser realizado de forma global, avaliando o paciente em sua totalidade, porém com enfoque na real necessidade do paciente. Portanto, poderá conter itens específicos de avaliação de acordo com espe- cialidade fisioterapêutica. INSPEÇÃO (OBSERVAÇÃO) O ato de observar o paciente detalhadamente deve ser rea- lizado bilateralmente de forma comparativa. Ao realizar a inspeção, a área que será avaliada deve estar despida, o ambiente deve ser adequado e todo o procedimento preci- sa ser bem esclarecido ao paciente ou ao responsável. O paciente deve ser observado detalhadamente. Os principais itens a serem inspecionados pelo fisiotera- peuta no paciente são: • Face: Expressões e assimetrias. • Ombros: Desníveis, assimetria da cintura escapular. • Cintura pélvica: Assimetria. • Tipo de tórax. • Alterações posturais. • Pele: Aspecto, sinais de inflamação, cicatrizes, derma- tites, deformidades. • Tipo de marcha (se usa auxílio para locomoção). • Musculatura: Tônus (hipertonia, hipotonia). • Trofismo: Hipertrofismo, hipotrofismo. • Movimentos involuntários. • Edema. O fisioterapeuta, durante seu exame físico, também deve atentar‑se à avaliação da marcha do paciente, verificando se tem alguma alteração importante em alguma de suas fases. A avaliação da marcha será realizada apenas para pacientes que consigam realizá‑las, ou seja, em um pacien- te que está internado em uma UTI sob sedação, esse item não é aplicável, bem como em uma paciente que possui amputação bilateral sem uso de próteses. O estado geral do paciente também deverá ser avaliado pelo fisioterapeuta, o que inclui coloração de pele (verifi- car se o paciente apresenta coloração azulada de pele, indicando falta de oxigenação em tecidos, cianose), pre- sença de deformidades já instaladas, presença de feridas, entre outros. A dor do paciente também deverá ser avalia- da, a dor é um sintoma relatado pelo paciente, porém é um item de avaliação subjetivo, e como referência de dor, pode-se utilizar uma escala visual analógica (EVA). PALPAÇÃO Ato de tocar o paciente, deve ser realizado através do tato ou pressão. Durante a palpação, o fisioterapeuta poderá sentir a temperatura do local avaliado, sentir se há defor- midades ósseas ou alterações referentes à altura de estru- turas, verificar a expansibilidade torácica do paciente, bem como simetria ou assimetria de regiões, alinhamento de processos vertebrais na coluna, aderências ou não das cicatrizes, trofismo muscular. AUSCULTA PULMONAR Também deverá ser realizada para avaliação de alterações no som pulmonar fisiológico (murmúrio vesicular ou ape- nas som pulmonar) e de presenças de sons patológicos (roncos, sibilos inspiratórios, sibilos expiratórios) que podem ser indicativos de afecções pulmonares, como ate- lectasias, derrames pleurais, broncoespasmo e presença de secreções pulmonares. A ausculta pulmonar é realizada com o auxílio de um estetoscópio em pontos específicos do tórax, tanto em sua parte anterior quanto posterior. FORÇA MUSCULAR A força muscular do paciente deverá ser avaliada, para se verificar a força que um músculo ou grupo muscular possui para vencer ou suportar determinada resistência. Essa avaliação é fundamental para verificar a funcionali- dade do paciente com o objetivo de uma medida preditiva ou prognóstica para a ocorrência de limitações na realiza- ção das atividades de vida diária, ocorrência frequente de quedas, retorno às atividades esportivas pós‑cirurgias. GONIOMETRIA O fisioterapeuta, com o auxílio de um goniômetro, deverá avaliar a amplitude de movimento das articulações a se- rem avaliadas, para determinar alterações e limitações de movimento e desta forma traçar seu objetivo de tratamen- to para ganhar a amplitude de movimento. A Goniometria deverá ser realizada em todas as etapas do tratamento, devendo ser anotada no prontuário. PERIMETRIA Ainda com um auxílio de uma fita métrica, o fisioterapeuta deverá realizar a perimetria, uma medida de membros para verificar a presença ou não de edemas e alterações no trofismo muscular. Deverá ser realizada de forma bilateral e comparativa. TESTE DE SENSIBILIDADE Deve ser realizado para verificar a presença de anestesia ou hipoestesia no território do nervo lesado; verificar a sensibilidade cutânea; verificar se a região inervada por determinada raiz nervosa foi afetada devido à lesão apre- sentada. O teste de sensibilidade poderá ser realizado com o auxílio de objetos de diferentes texturas ou com o auxílio do este- siômetro que é um kit de monofilamentos que tem função de testar a sensibilidade da pele. TESTES PARA AVALIAÇÃO DE REFLEXOS São testes utilizados para analisar as raízes nervosas que suprem o reflexo e avaliar o reflexo normal, ou seja, a inte- gridade do arco reflexo. Os testes determinam a presença ou não de espasticidade, lesão do neurônio motor. Para a realização desses testes, o fisioterapeuta utiliza o martelo de reflexo de Buck, que também possui dispositi- vos que avaliam a sensibilidade do paciente, ou o martelo de reflexos de Taylor. AVALIAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES São considerados exames complementares todos os exa- mes que são apresentados pelo paciente e que podem complementar a avaliação do fisioterapeuta e, dessa for- ma, tornar o objetivo de seu tratamento mais específico, visando o bem‑estar e melhora do quadro clínico e quali- dade de vida do paciente. Além do exame físico, o fisioterapeuta deverá estar apto a avaliar exames complementares, como: • RX. • Tomografia computadorizada. • Ressonância magnética. • Ultrassonografia. • Ecocardiograma. • Eletrocardiograma. • Exames de sangue (hemograma, gasometria arterial, função renal, enzimas cardíacas etc.). • Teste ergométrico e ergoespirométrico. • Espirometria. FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Todosos dados colhidos deverão ser anotados em uma fi- cha de avaliação do paciente, bem como os testes realiza- dos sinais vitais e interpretação de exames complemen- tares. Todas as sessões realizadas pelo paciente deverão ser anotadas no prontuário com especificações de sinais vitais, avaliações e terapia realizadas no dia, em questão, evolução do paciente durante e após o atendimento fisio- terapêutico. • Identificação. • Anamnese. • Exame físico. • Avaliação neurológica. • Palpação. • Avaliação da marcha. • Avaliação postural PRONTUÁRIOS Conforme a resolução do Coffito n.414/12, é obrigação do fisioterapeuta registrar dados pessoais, avaliação física, história clínica, diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico, exames complementares, recursos utilizados, plano tera- pêutico incluindo exercícios realizados e os objetivos tera- pêuticos a serem alcançados, bem como a descrição do estado de saúde do paciente, tratamento realizado e even- tuais intercorrências. O registro deverá ser efetuado com letra legível ou em prontuário eletrônico, que seja assina- do e carimbado pelo profissional fisioterapeuta que reali- zou o atendimento. Os dados contidos no prontuário são sigilosos, e apenas a equipe multiprofissional e o paciente, caso mesmo ou seu responsável legal o solicite, poderá ter acesso aos dados ali contidos. O prontuário deverá ser guardado em local que garanta seu sigilo e sua privacidade e é de responsabilidade do fisioterapeuta ou da instituição em que o atendimento foi realizado guardar o prontuário por no mínimo cinco anos após o último registro. Se o atendimento for realizado no domicílio do paciente, o prontuário deverá ser guardado no próprio domicílio, e sendo de responsabilidade do fisioterapeuta orientar aos familiares sobre o sigilo dos dados ali contidos, e ele pode- rá guardar consigo uma cópia de inteiro teor do prontuá- rio do paciente.
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