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PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS Maurício Thomas Conceitos, definições e terminologia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Expressar os principais conceitos de patologia voltada às edificações. Identificar e conceituar as terminologias utilizadas no diagnóstico de patologias das estruturas. Definir os principais conceitos relacionados ao desempenho ao longo da vida útil das estruturas. Introdução Para a engenharia civil, a área de estudo da patologia relacionada às estruturas é de extrema importância, uma vez que nenhuma edificação é eterna. A casa ou o edifício em que você mora, as lojas e os supermer- cados que você frequenta, e, até mesmo, as pontes e os viadutos pelos quais você cruza: todas essas edificações se deterioram com o passar do tempo. As estruturas precisam ser muito bem projetadas e executadas por engenheiros e profissionais especializados e, após a sua construção, devem ser preservadas pelos usuários, a fim de evitar ao máximo a neces- sidade de manutenção. Quanto maior o número de falhas nessas etapas, maior a chance de as edificações apresentarem defeitos antes do tempo previsto — considerando a vida útil para que foram planejadas — e maior a necessidade de gastos com reparos, para que sejam mantidas as suas condições de uso e segurança. Neste capítulo, você vai conhecer e saber diferenciar os principais conceitos relacionados à patologia nas construções e vai compreender a importância de se projetar e executar corretamente as estruturas, além das causas que podem levá-las à deterioração. U N I D A D E 1 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 13 25/04/2018 11:43:48 esaito Retângulo esaito Retângulo Patologia das estruturas: principais conceitos e diagnóstico Há bastante tempo, o homem se envolve com a construção de estruturas, sejam elas casas, edifícios, indústrias, galpões, escritórios, pontes, barragens, as quais são adaptadas de acordo com as suas necessidades. O passar do tempo permitiu que um grande desenvolvimento tecnológico ocorresse na área da construção civil, tanto na concepção estrutural, no cálculo, na análise e no detalhamento, como também nos materiais e nas técnicas de construção. Alguns países tiveram um crescimento bastante acelerado no ramo da construção civil e precisaram implementar inovações, as quais vieram acom- panhadas de maiores riscos. Dessa forma, obras tiveram de ser executadas muito rapidamente, reduzindo assim o controle de materiais e de serviços. O desenvolvimento tecnológico ocorreu de maneira genuína, uma vez que a expansão do conhecimento acerca das estruturas e dos materiais que as com- põem se deu por meio da investigação das falhas verificadas, como acidentes e deterioração precoce em edificações. Além das falhas, observa-se que muitas estruturas não apresentam um comportamento satisfatório diante do propósito para que foram construídas. O conjunto de fatores involuntários, que incluem tanto o desgaste natural em estruturas, como acidentes e casos de imprudência, ao se utilizarem materiais inadequados por questões de economia, promovem a deterioração das estruturas. Nesse contexto, percebeu-se a necessidade da realização de estudos científicos sobre o comportamento das estruturas e os problemas que eram averiguados nelas, surgindo então a área de patologia no âmbito da engenharia civil. Define-se como patologia das estruturas a área responsável pelo estudo das origens, formas de manifestação e consequências, bem como dos mecanismos responsáveis pela ocorrência dos defeitos em construções civis. De maneira aná- loga à patologia na área da medicina, além do estudo e da identificação das causas desses defeitos, há outros termos que podem ser empregados em edificações: Profilaxia: é o conjunto de precauções que devem ser tomadas para evitar uma manifestação patológica e a sua propagação. Diagnóstico: é a classificação do problema, ou seja, a identificação da causa, da origem e do mecanismo responsável pela manifestação patológica. Prognóstico: é a previsão de evolução do problema, com base no diag- nóstico e na terapia, com relação ao progresso da manifestação patológica. Terapia: é o tratamento e a correção de uma manifestação patológica. Conceitos, definições e terminologia14 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 14 25/04/2018 11:43:48 Anamnese: é a informação sobre o princípio e a evolução de uma manifestação patológica, de modo a relembrar todos os fatos que podem estar relacionados ao problema. Os termos patologia e manifestação patológica têm significados diferentes! Pato- logia é denominada uma área de estudo dentro da engenharia civil e manifestação patológica é o sintoma (defeito) que a estrutura apresenta. De acordo com Helene (1988), o diagnóstico de uma manifestação pato- lógica deve ser feito de modo a abranger os vários aspectos do problema que a estrutura está tendo. Ele é composto pela identificação dos seguintes itens: Sintomas: caracterizam a manifestação patológica em si, as lesões ou os defeitos, que podem ser caracterizados e classificados mediante inspeções visuais. Entre os sintomas mais comuns, encontram-se as fissuras ou trincas, as eflorescências, as deformações ou flechas ex- cessivas, a corrosão de armaduras, os ninhos de concretagem devido à segregação dos materiais que constituem o concreto e também as manchas em estruturas de concreto. A Figura 1 apresenta um tipo de manifestação patológica bastante comum: as fissuras. Figura 1. Manifestação patológica (fissuração) em uma parede de alvenaria. Fonte: Buffy1982/Shutterstock.com. 15Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 15 25/04/2018 11:43:49 Causa: as manifestações patológicas podem ter agentes causadores bastante distintos, como as cargas a que estão sujeitas as estruturas, a variação de umidade e de temperatura, agentes biológicos e atmosféri- cos, incompatibilidade de materiais, etc. As fissuras em uma viga, por exemplo, têm a carga como o agente causador, independentemente da origem do problema (projeto inadequado, materiais menos resistentes ou sobrecarga); se não houver a carga, a fissura não aparecerá. Origem: algumas das etapas que envolvem o processo construtivo são o planejamento, o projeto, a fabricação de materiais e demais componentes (fora do canteiro de obras), a execução da edificação e, por fim, o seu uso — que é a etapa mais longa. Um diagnóstico adequado deverá identificar em qual etapa o fenômeno patológico teve início, sendo possível constatar, por exemplo, se as fissuras em uma viga foram con- sequência de um projeto inadequado, de um aço de qualidade inferior, da utilização de concreto de baixa resistência ou ainda da colocação de sobrecarga sobre a estrutura. Mecanismo: toda manifestação patológica decorre de um processo (mecanismo) que envolve agentes agressivos externos ou internos à estrutura, sendo de extrema importância a sua identificação, para que se possa contornar o problema. A corrosão de armaduras, por exem- plo, é o resultado de um processo que envolve a presença de ar e água (agentes externos) e de características da estrutura de concreto armado (agentes internos). Consequências: o comportamento geral de uma estrutura sujeita a manifestações patológicas pode ser afetado, fundamentalmente, de duas maneiras: quando envolvem as condições de segurança (estados limites últimos) ou quando envolvem apenas as condições de utilização e funcionamento da construção (estados limites de serviço). Os danos já existentes tendem a piorar com o tempo e causar mais transtornos ainda, devendo ser remediados o quanto antes. Conceitos, definições e terminologia16 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 16 25/04/2018 11:43:49 As estruturas são dimensionadas de modo a atender a duas situações: coeficientes apropriados de segurança relacionados ao colapso e comportamento satisfatório sob açãode cargas de serviço. Tais situações estão relacionadas aos estados limites últimos (ELU) e aos estados limites de serviço (ELS), respectivamente. Os estados limites são utilizados para verificar o comportamento e a conformidade da estrutura para o seu uso, tornando-a inadequada quando eles são atingidos. Segundo Pfeil (1988), os estados limites têm relação com as seguintes condições: Estados limites últimos (ELU): relacionados ao máximo da capacidade portante da estrutura, determinando a paralisação do uso da edificação. O ELU é caracterizado basicamente por perda de equilíbrio da estrutura (risco de tombamento, escorrega- mento) e deformações excessivas dos materiais (causando instabilidade ou ruptura). Estados limites de serviço (ELS): relacionados com as condições de utilização normal da estrutura e com a sua durabilidade. O ELS é caracterizado basicamente pela abertura de fissuras, por deformações e vibrações excessivas. Desempenho, durabilidade e vida útil das edificações De acordo com a ABNT NBR 15575-1:2013, conceitua-se desempenho como o “[...] comportamento em uso de uma edifi cação e de seus sistemas [...]” (p. 6). Ainda segundo a norma, há uma série de requisitos exigidos pelos usuários, relacionados a segurança, habitabilidade e sustentabilidade. É requerido um nível mínimo de desempenho, o qual dependerá, muitas vezes, dos materiais utilizados. Assim, pode-se inferir que, para que uma edifi cação tenha um bom desempenho, além de atender às exigências e necessidades dos usuários, é fundamental que o comportamento dos materiais e de todos os componentes e elementos que a compõem sejam igualmente avaliados. Nesse sentido, durabilidade e vida útil são termos correlacionados, mas que possuem significados distintos. A durabilidade é a característica relacionada à deterioração dos materiais e elementos estruturais e depende do ambiente em 17Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 17 25/04/2018 11:43:49 que estes estão inseridos — sendo determinante, portanto, para a vida útil das edificações. A vida útil, por sua vez, é o tempo em que a edificação apresenta níveis de desempenho satisfatórios para o uso que lhe foi determinado, levando em conta a execução adequada dos procedimentos de manutenção necessários. Para entender melhor esses conceitos, a Figura 2 apresenta um gráfico que relaciona o desempenho ao longo da vida útil de três edificações. A edifica- ção que sofreu perda de desempenho devido ao desgaste natural volta a ter desempenho acima do mínimo exigido para o seu uso, depois de realizada a intervenção técnica (manutenção). No caso da edificação que sofreu um acidente, a intervenção técnica precisou ser imediata, para que o desempenho voltasse a ser satisfatório. No último caso, a edificação possuía falhas já na fase de projeto ou execução — ou precisou se adaptar a outro tipo de uso — e teve de ser reforçada logo no início da sua vida útil. Figura 2. Desempenho ao longo da vida útil de diferentes edificações. Fonte: Souza e Ripper (1998). Conceitos, definições e terminologia18 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 18 25/04/2018 11:43:49 Uma condição ideal de edificação a ser construída deve possuir um projeto que possi- bilite uma boa execução e que simplifique a realização da manutenção, preservando um desempenho satisfatório ao longo da vida útil, ao minimizar a deterioração. As manifestações patológicas, diretamente ligadas à perda de desempenho de uma estrutura, costumam aparecer somente após o início da execução das edificações, sendo mais comuns durante a etapa de utilização. Estudos realizados em diversos países mostram que, entre as três etapas básicas do processo construtivo — concepção, execução e utilização —, a maioria das manifestações patológicas têm origem nas fases de concepção (projeto) e de execução (construção). Durante a etapa de concepção da edificação, as falhas podem acontecer ao longo do estudo preliminar (lançamento da estrutura), durante o anteprojeto ou ainda na composição do projeto de execução (projeto final). Erros no estudo preliminar ou no anteprojeto costumam encarecer o processo construtivo, enquanto erros no projeto final costumam ser os responsáveis pelo apareci- mento de manifestações patológicas. Má avaliação de cargas atuantes ou de resistência do solo, deficiência de cálculo das estruturas, incompatibilização entre projetos arquitetônicos e estruturais, materiais especificados inadequa- damente, detalhamento de armaduras insuficiente são alguns dos exemplos de falhas que ocorrem nessa fase do processo construtivo. Já durante a etapa de execução da edificação, a não qualificação da mão de obra, a falta de cuidado com as condições de trabalho e consequente desmo- tivação dos trabalhadores, a ausência de controle de qualidade da execução, materiais e componentes de qualidade ruim e irresponsabilidades técnicas são alguns exemplos das falhas dessa fase do processo construtivo. Há uma série de normas de desempenho disponíveis para evitar a ocor- rências das falhas mencionadas, a exemplo da ABNT NBR 15575-1:2013 (Edificações habitacionais – desempenho), dividida em seis partes. O foco dessa norma é atender aos requisitos dos usuários e também ser utilizada como procedimento de avaliação do desempenho de sistemas construtivos, devendo ser complementada por normas específicas. Nesse sentido, há a ABNT NBR 6118:2003 (Projeto de estruturas de concreto – procedimento) para o projeto e a ABNT NBR 14931:2004 (Execução de estruturas de concreto – procedi- mento) para a execução. 19Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 19 25/04/2018 11:43:49 A qualidade de uma edificação nada mais é do que as características que ela possui, levando em conta a satisfação do usuário, a economia de insumos (materiais, mão de obra, equipamentos), a proteção dos trabalhadores e a preservação da natureza. Ela é função direta de como se realizam o projeto e a construção das edificações. Os requisitos de desempenho, por sua vez, representam qualitativamente os atributos que uma edificação deve ter, de acordo com os requisitos do usuário. Estes são classificados em (ABNT NBR 15575-1:2013): Requisitos de segurança: segurança estrutural, contra fogo e durante o uso. Requisitos de habitabilidade: estanqueidade; desempenho térmico, acústico e lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico. Requisitos de sustentabilidade: durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental. Principais causas de deterioração das estruturas A deterioração, como já mencionado, é o resultado das transformações dos materiais de construção ao longo do tempo, as quais comprometem o de- sempenho de uma estrutura. Esse desempenho — que é basicamente o seu comportamento durante o uso — pode ser satisfatório ou insatisfatório, em função da deterioração. O processo de deterioração das estruturas precisa ser entendido para que, além de realizar a correta manutenção por meio do seu reparo, seja possível evitar que os mesmos problemas venham a aparecer novamente na estrutura. Se dividirmos o processo construtivo nas três etapas principais (concepção, execução e utilização), as causas dos processos de deterioração das estruturas podem ter duas classificações, de acordo com a sua origem: Causas intrínsecas São aquelas diretamente relacionadas à própria estrutura, decorrentes dos materiais e das peças utilizadas durante a construção e a utilização das edifi - cações. As causas intrínsecas podem ser inerentes ao material ou resultantes de falhas humanas e de ações externas, veja a seguir: Conceitos, definições e terminologia20 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 20 25/04/2018 11:43:49 Falhas humanas na etapa de construção: resultado do trabalho equi- vocado das equipes técnicas. ■ Deficiências na execução das partes de uma edificação e seus sub- sistemas:não atendimento ao que foi especificado no projeto de fundações, lajes, pilares, vigas e paredes de alvenaria, pinturas, coberturas, instalações elétricas e hidráulicas. ■ Utilização incorreta dos materiais de construção: de responsabilidade dos projetistas, as falhas mais frequentes são o uso de fck menor e de aço diferente do especificado, fundações executadas em solo de menor capacidade resistente, a dosagem desajustada do concreto, a utilização de blocos de vedação em paredes estruturais. ■ Ausência de controle de qualidade: pode ser considerada a mais relevante de todas as falhas humanas relacionadas na etapa de cons- trução. Ela tem influência inclusive sobre as demais falhas citadas nos itens acima, visto que, caso houvesse o controle da qualidade, muitas delas seriam minimizadas. Falhas humanas na etapa de utilização: há apenas um ponto, em termos de causas intrínsecas, que relaciona falhas humanas com o uso da edificação, que é a ausência de manutenção. A manutenção corresponde a uma série de providências que são tomadas, para que os materiais e as estruturas permaneçam íntegros e tenham o desem- penho esperado. Causas naturais: dependem apenas do comportamento dos materiais frente ao ambiente e a esforços solicitantes, não sendo decorrentes de falhas humanas. ■ Próprias dos materiais e das estruturas: no caso do concreto, tem-se a porosidade, a permeabilidade, as reações internas, bem como questões relacionadas à má qualidade de todos os materiais de construção, como o cimento e os blocos de alvenaria. ■ Físicas: durante o endurecimento do concreto (cura), a variação da temperatura, a insolação, o vento, a chuva, o gelo e a umidade são causas da deterioração de estruturas na etapa de construção das edificações. ■ Biológicas: o crescimento e a instalação de raízes de plantas, al- gas ou fungos em fissuras, assim como grandes poros resultantes do ataque químico por ácidos e a ação de sulfetos, por meio de bactérias de esgotos, promovem a degradação do concreto e de outros materiais. 21Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 21 25/04/2018 11:43:49 Causas extrínsecas São aquelas que independem da própria estrutura, sendo provocadas por fatores que agridem as edifi cações “de fora para dentro”. As causas extrínsecas podem ser resultantes de falhas humanas e de ações externas, veja a seguir (SOUZA; RIPPER, 1998): Falhas humanas na etapa de projeto: em um projeto estrutural, há diversos aspectos que podem resultar em problemas graves, se não forem avaliados corretamente. ■ Modelização estrutural inadequada: questões de segurança e de comportamento estrutural devem ser avaliadas na escolha do sistema que melhor se adapta à situação de obra. É preciso definir as condições de engastamento que serão utilizadas em cada elemento estrutural, conhecendo as suas inércias e deformações, bem como o uso de coeficientes de majoração das cargas e minoração das resistências compatíveis com a segurança. ■ Avaliação incorreta das cargas: todos os tipos de carregamentos (permanentes, variáveis, acidentais e climáticos) podem ser corre- tamente avaliados por meio da utilização das normas na realização do projeto, garantindo que não serão superados durante a vida útil da estrutura. ■ Detalhamento deficiente de armaduras: um detalhamento falho pode levar a vários erros de execução e comprometer seriamente a estru- tura. Por isso, os desenhos devem ser realizados pelo profissional responsável (o projetista), em escala adequada e com precisão de detalhes, para a correta interpretação de quem for construir (mestre de obras ou armador). ■ Inadequação ao ambiente: apesar de bem dimensionadas, as es- truturas às vezes se tornam vulneráveis, dependendo do ambiente em que estão inseridas. Por isso, devem ser utilizados cobrimentos compatíveis com a classe de agressividade do ambiente. Além disso, as questões arquitetônicas devem prever a interação da estrutura com a água, com pingadeiras e sistemas de escoamento e drenagem. ■ Interação solo-estrutura defeituosa: o terreno deve resistir aos es- forços a que será submetido pela estrutura. Ele deve ser investigado por meio de sondagens, e as fundações devem ser corretamente escolhidas e dimensionadas, evitando recalques de apoio e con- sequentes danos. Conceitos, definições e terminologia22 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 22 25/04/2018 11:43:49 ■ Juntas de dilatação falhas: se forem mal vedadas, permitem a entrada de água em estruturas de concreto armado ou alvenaria estrutural, podendo comprometer armaduras ou danificar aparelhos de apoio em pontes. Falhas humanas na etapa de utilização: proprietários acabam por cau- sar danos nas estruturas, ao realizar intervenções sem respaldo técnico. ■ Alterações nas estruturas e nas condições do terreno: remoção de paredes, aberturas em elementos estruturais (vigas ou lajes), adição de andares em edifícios sem avaliar se as estruturas existentes supor- tam, e realização de escavações no terreno, alterando as condições de estabilidade. ■ Sobrecargas excessivas: locais com estrutura dimensionada para determinado fim, previamente definido pelo usuário, acabam por receber cargas acimas das previstas no projeto. Ações mecânicas: ■ Recalque de fundações: qualquer edificação está submetida a deslocamentos verticais por algum tempo, até que o equilíbrio entre os carregamentos atuantes e o solo se estabeleça. Por isso, devem ser tomadas medidas para evitar o aparecimento de trincas nas estruturas. ■ Acidentes: episódios inesperados podem causar grandes solicitações nas estruturas, como choques de veículos, sismos e ventos. Além disso, podem promover a perda de resistência do concreto, após certo tempo, como no caso dos incêndios. Ações físicas: variações de temperatura ambientais e gradientes térmi- cos (insolação), movimentos relativos entre dois materiais com coefi- cientes de dilatação térmica distintos e a água (umidade, chuva, gelo) são os agentes agressores das estruturas. Ações químicas: são as mesmas que as consideradas para a etapa de construção (e por isso foram consideradas como causas intrínsecas), mas agora agem durante a etapa de uso da edificação, sendo os am- bientes industriais mais suscetíveis a danos. Ar, gases, águas puras e agressivas, contato com ácidos, sais e sulfatos são os agentes agressores das estruturas. Ações biológicas: o crescimento da vegetação que se estabelece em fissuras e juntas promove o aparecimento de microrganismos. Além disso, cupins e formigas são capazes de danificar certos materiais e comprometer as estruturas. 23Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 23 25/04/2018 11:43:50 1. A patologia das estruturas pode ser entendida, de forma sucinta, como um estudo da deterioração de edificações. O diagnóstico adequado e completo consiste em estabelecer os seguintes aspectos do problema: a) mecanismo, origem, causas, sintomas e comportamento. b) sintomas, mecanismo, origem, projeto e execução. c) sintomas, causas, origem, mecanismo e consequências. d) causas, origem, construção, mecanismo e consequências. e) patologia, causas, origem, mecanismo e comportamento. 2. Caso as edificações não apresentem níveis mínimos de desempenho ao longo da sua vida útil, devem ser submetidas à manutenção. A alternativa que apresenta o melhor conceito para desempenho é: a) o nível de deterioração de uma estrutura. b) a durabilidade que os materiais e elementos estruturais possuem. c) o tempo que uma edificação demora até se deteriorar. d) o comportamento de uma edificação durante o seu uso. e) a qualidade de uma edificação. 3. A deterioração é o resultado das modificações que acontecem nos materiais e componentes de uma estrutura, tendo como origem causas que podem ser classificadas em intrínsecas ou extrínsecas. A alternativa que apresenta apenas exemplos de causasintrínsecas é: a) deficiências de concretagem, reações internas do concreto e avaliação incorreta das cargas. b) execução não adequada do projeto, porosidade do concreto e ausência de controle de qualidade na construção. c) utilização incorreta dos materiais, sobrecargas exageradas e recalque de fundações. d) má qualidade dos materiais, deficiências de concretagem e sobrecargas exageradas. e) ausência de controle de qualidade na construção, reações internas do concreto e choques de veículos. 4. De acordo com a ABNT NBR 15575- 1:2013, denomina-se __________ “o período de tempo que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos, com atendimento dos níveis de _________ previstos nesta Norma”. As palavras que preenchem corretamente as lacunas são, respectivamente: a) vida útil; desempenho. b) durabilidade; desempenho. c) desempenho; durabilidade. d) vida útil; durabilidade. e) desempenho; vida útil. Conceitos, definições e terminologia24 Patologia_das_Estruturas_Book.indb 24 25/04/2018 11:43:50 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2003. Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14931:2004. Execução de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013. Edificações habitacionais – desempenho – parte 1: requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. HELENE, P. R. L. Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1988. PFEIL, W. Concreto armado 1: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1998. Leitura recomendada VERÇOSA, E. J. Patologia das edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991. 173 p. 5. O processo construtivo pode ser dividido em três etapas básicas. Estudos demonstraram que a maior parte das manifestações patológicas nas estruturas são originadas em duas delas, que são as fases de: a) concepção e projeto. b) construção e utilização. c) projeto e construção. d) execução e utilização. e) construção e execução. 25Conceitos, definições e terminologia Patologia_das_Estruturas_Book.indb 25 25/04/2018 11:43:51 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. C04_Patologia_das_Estruturas.indd 24 22/03/2018 11:55:45
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