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Prévia do material em texto

SAÚDE COLETIVA
Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; FURTADO, Marcela Demitto; OLIVEIRA, Raquel Gus-
mão. 
Saúde Coletiva. Marcela Demitto Furtado; Raquel Gusmão Oli-
veira. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. (Reimpresso - 2020) 
177 p.
“Graduação - EaD”.
1. Saúde 2. Coletiva . 3. Hospitalar 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0851-7
CDD - 22 ed. 610
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Coordenador de Conteúdo
Silvio Cesar de Castro
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
Iconografia
Isabela Soares Silva
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Fernando Henrique Mendes
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Cíntia Prezoto Ferreira
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Marta Kakitani
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou 
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista 
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores 
e tutores que se encontra disponível para sanar suas 
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e 
segurança sua trajetória acadêmica.
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem 
da UEM. Título da tese: Gestantes de risco atendidas na Rede Mãe Paranaense: 
Prematuridade e óbito Neonatal. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação 
em Enfermagem da UEM. Título da dissertação: Aleitamento materno entre 
usuárias da rede pública de saúde em município da região sul do Brasil. Pós-
graduada em Enfermagem Pediátrica pelo Departamento de Enfermagem 
da Universidade Estadual de Londrina - UEL (modalidade: Residência em 
Enfermagem em Saúde da Criança). Enfermeira graduada pela Universidade 
Estadual de Maringá - UEM (2007). Atualmente é docente no Unicesumar no 
curso de Medicina.
Endereço para acessar este CV: <http://lattes.cnpq.br/8007832036059597>
Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira
Doutoranda pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- EERP- Universidade 
de São Paulo, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de 
Maringá (2005), graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual de 
Maringá (2000). Docente do Curso de Medicina do Unicesumar - Maringá. 
Tem exercido docência no ensino superior nos últimos 8 anos com ênfase em 
Saúde Coletiva, Saúde da Família e Gestão de Serviços de Saúde.
Endereço para acessar este CV: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/
visualizacv.do?id=K4769011J1>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Este material foi cuidadosamente preparado para você! Tendo como objetivo introduzir 
alguns temas da Saúde Coletiva em uma perspectiva atualizada, buscando ajudá-lo(a) 
na compreensão acerca da temática e subsidiar sua prática como Gestor Hospitalar.
Este material está dividido em cinco unidades:
A Unidade I busca discutir o binômio saúde-doença em uma perspectiva atualizada, 
discutindo as mudanças e a evolução do conceito de saúde ao longo dos tempos e os 
modelos de saúde preventivista e de promoção à saúde, também discute os fatores 
condicionantes e determinantes no processo saúde-doença e seu impacto na realidade 
brasileira e, ainda, nesse sentido, apresenta os modelos de Atenção à saúde no Brasil.
A Unidade II trata da História da Saúde Pública no Brasil, tendo como marco o Sistema 
Único de Saúde (SUS), descrevendo seu período antecedente, seus processos de cons-
trução, destacando interesses, conflitos e necessidadessociais que deram origem ao 
SUS, seus princípios e diretrizes, bem como as diretrizes do pacto pela Saúde e as Redes 
de Atenção à saúde.
A Unidade III discute Vigilância em saúde, os sistemas de informação em saúde, indica-
dores de saúde e os desafios atuais diante do trabalho no contexto da vigilância.
A Unidade IV sintetiza as principais políticas de saúde no Brasil, relacionadas à Saúde 
da mulher, da criança, do adulto e idoso, bem como políticas voltadas às populações 
vulneráveis e à saúde mental.
E, finalmente, a Unidade V destaca os objetivos e princípios da Política Nacional de Hu-
manização (PNH), bem como suas diretrizes e os dispositivos, relacionando-os aos direi-
tos e a segurança do paciente, à saúde do trabalhador e aos desafios de sua operaciona-
lização no contexto hospitalar.
Nossa intenção não é esgotar o assunto, mas abrir as portas para a ampliação do seu co-
nhecimento, estimulando novas buscas para que possa enriquecer sua área de atuação 
e torná-lo(a) um profissional mais crítico e reflexivo, capaz de atuar de forma eficiente 
em seu contexto de trabalho.
Um grande abraço e uma ótima leitura!
Professora Marcela Demitto Furtado
Professora Raquel Gusmão Oliveira
APRESENTAÇÃO
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
15 Introdução
16 Conceito de Saúde e Doença 
20 O modelo preventivista e o modelo de promoção à saúde 
24 Fatores Condicionantes e Determinantes do Processo Saúde-Doença 
28 Os Principais Determinantes Sociais de Saúde no Brasil 
34 Organização dos Serviços de Saúde no Brasil 
38 Considerações Finais 
43 Referências 
44 Gabarito 
UNIDADE II
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
48 Introdução
49 Antecedentes do Sus 
52 O Processo de Construção do Sus 
55 Entendendo o Sus 
60 Pactos Pela Saúde 
62 Redes de Atenção à Saúde 
66 Considerações Finais 
SUMÁRIO
10
71 Referências 
74 Gabarito 
UNIDADE III
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
78 Introdução
79 Vigilância em Saúde 
82 Vigilância Epidemiológica 
86 Sistema de Informação em Saúde 
92 Indicadores de Saúde 
98 Alguns Desafios da Vigilância em Saúde 
102 Considerações Finais 
108 Referências 
109 Gabarito 
UNIDADE IV
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
112 Introdução
113 Atenção à Saúde da Mulher 
117 Políticas de Atenção à Saúde da Criança 
121 Políticas Públicas de Saúde do Adulto/Idoso 
SUMÁRIO
11
125 Políticas de Saúde e Populações Vulneráveis 
131 Políticas Públicas de Saúde Mental 
136 Considerações Finais 
143 Referências 
146 Gabarito 
UNIDADE V
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
150 Introdução
151 Conhecendo a PNH 
154 Diretrizes e Dispositivos da PNH 
157 Segurança e Direito do Paciente 
162 Atenção à Saúde do Trabalhador 
166 Desafios Para a Humanização nos Serviços da Saúde 
169 Considerações Finais 
175 Referências 
177 Gabarito 
178 Conclusão 
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Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira 
SAÚDE E DOENÇA - UMA 
PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Discutir as mudanças e a evolução do conceito de saúde e doença. 
 ■ Conhecer os modelos de saúde preventivista e de promoção à saúde. 
 ■ Compreender o conceito da determinação social na saúde. 
 ■ Apresentar os principais determinantes sociais da saúde e seu 
impacto na realidade brasileira.
 ■ Conhecer os modelos de Atenção à saúde no Brasil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O Conceito de saúde e doença 
 ■ O modelo preventivista e o modelo de promoção à saúde
 ■ Fatores condicionantes e determinantes no processo saúde-doença
 ■ Os principais determinantes sociais de saúde no Brasil
 ■ Organização dos serviços de Saúde no Brasil
INTRODUÇÃO
Quando decidimos ser profissionais de saúde, muitas preocupações vem à nossa 
mente, nos preocupamos com as ações de saúde que podemos realizar, que recur-
sos temos disponíveis, como melhorar a vida das pessoas e como contribuir para 
um mundo melhor e com saúde. Isso é muito importante!
Mas, muito além de nos preocuparmos com tudo isso, precisamos estar cien-
tes e compreender, antes de realizar ou propor qualquer ação, que por trás de toda 
ação existe um conceito ou um modo de entender a realidade, e precisamos bus-
car compreender tal realidade, tendo como pressuposto básico que ela é dinâmica, 
sujeita a modificações, influenciadas pela cultura, política e momento histórico.
Vamos observar, nesta unidade, que ao longo da história humana, a saúde 
das pessoas sempre foi alvo de preocupação, por isso convidamos você para 
dar uma volta na história, tanto antiga quanto atual e reconhecer pensamen-
tos e ações acerca da saúde.
O conceito de saúde sofreu mudanças no decorrer dos tempos, várias expli-
cações foram dadas e, ainda hoje, vários entendimentos coexistem quando 
buscamos entender o processo saúde-doença.
Mas queremos destacar no texto dois modelos explicativos acerca do pro-
cesso saúde-doença: um com características biologicistas e outro buscando 
compreender o ser humano de forma integral, considerando sua história, cul-
tura, contexto e estilos de vida.
Buscamos, também, ampliar o entendimento do conceito de saúde e os seus 
determinantes sociais (estilos de vida, rede sociais e comunitárias e as condi-
ções de vida e de trabalho), visando uma compreensão da evolução do cenário 
da saúde da população brasileira e da estruturação e organização dos serviços 
de saúde ao longo dos anos.
Vamos juntos, então, nos aproximar desse universo de conhecimento tão 
fundamental para o trabalho do gestor.
Bom estudo! Vamos lá ...
Introdução
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SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA
Antes de iniciarmos a unidade, gostaria de fazer uma pergunta:
- O que significa ter saúde para você? Pense nisso por alguns minutos…
Pergunte para algumas pessoas próximas a você: o que é ter saúde? 
Agora, compare as respostas. Você certamente vai perceber que a ideia de 
saúde entre as pessoas é diferente. Cada pessoa possui um entendimento acerca 
do que é ter saúde.
Ao longo da história, muitas explicações foram dadas acerca do que é ter 
saúde ou estar doente: as explicações mágico-religiosas, a explicação natura-
lística, o olhar bacteriológico, a explicação multicausal e a produção social da 
saúde e da doença.
Vejamos um pouco dessas explicações. 
AS EXPLICAÇÕES MÁGICO - RELIGIOSAS
Na Antiguidade, acreditava-se que as doenças poderiam ser causadas por ele-
mentos naturais ou sobrenaturais. Nesse período, a compreensão das doenças 
era por meio da filosofia religiosa. Partiam do princípio de que doença era resul-
tado de ação de forças alheias ao organismo, eram consequência de pecado ou 
de maldição, um sinal de desobediência ao mandamento divino. Tal ideia per-
durou por muito tempo e teve seu ápice na Idade Média (SCLIAR, 2007).
Na Idade Média europeia, a influência da religião cristã manteve a concep-
ção da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé; o cuidado 
de doentes estava, em boa parte, entregue a ordens religiosas, que administra-
vam, inclusive, o hospital, o qual era visto não como um lugar de cura, mas de 
abrigo e de conforto para os doentes (SCLIAR, 2007).
Conceito de Saúde e Doença
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A UNICAUSALIDADE
No início da modernidade, a concepção religiosa foi superada devido ao desenvol-
vimento do conhecimento na época. O desenvolvimento da mecânica influenciou 
as ideias de René Descartes (1596-1650), no século XVII, que postulava um dua-
lismo mente-corpo e o funcionamento do corpo como umamáquina. Com o 
desenvolvimento da anatomia, identificou-se que a doença era localizada nos 
órgãos (SCLIAR, 2007). No final do século XIX, os estudos de Louis Pasteur 
(1822-1895), a descoberta do microscópio, revelou a existência de micro-or-
ganismos causadores de doença e possibilitou a introdução de soros e vacinas. 
Foi uma revolução pois, pela primeira vez, fatores causais, até então desco-
nhecidos, estavam sendo identificados; as doenças agora poderiam ser prevenidas 
e curadas. Para cada doença, um agente etiológico deverá ser identificado e com-
batido por meio de vacinas ou produtos químicos (SCLIAR, 2007). 
A MULTICAUSALIDADE
A insuficiência da formulação unicausal só ficou evidente no início do séc. XX, 
devido ao processo de mudanças ocorridas na sociedade e na insuficiência de dar 
explicações sobre a saúde e a doença das pessoas e das comunidades, bem como 
o efeito da transição epidemiológica - fenômeno no qual evidencia a diminuição 
de doenças infecciosas e o aumento de doenças crônicas degenerativas, em que 
o homem passa a ser considerado como um ser biopsicossocial. 
Nesse sentido, a saúde e a doença são reconhecidas como o equilíbrio e/ou 
desequilíbrio entre o ambiente, o agente e o hospedeiro, envolvendo dimensões 
subjetivas e não apenas biologicamente científicas e objetivas. No entanto, a crí-
tica a tal explicação se dá ao fato de não considerar as variações das doenças 
verificadas historicamente, em relação ao seu aparecimento e desaparecimento, 
aumento ou diminuição de sua frequência, da menor ou maior importância, 
que adquirem nas variadas formas de organização social (BACKES et al., 2009).
Uma nova proposta de consenso sobre saúde ocorreu em 7 de abril de 1948 
(desde então, o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do direito 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde. “Saúde é o 
estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausên-
cia de enfermidade” (SCLIAR, 2007). 
O conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) reflete, de um lado, 
uma aspiração nascida dos movimentos sociais do pós-guerra: o fim do colo-
nialismo, a ascensão do socialismo. Saúde deveria expressar o direito a uma vida 
plena, sem privações, um conceito amplamente difundido, mas que carrega em si 
um estado inatingível de equilíbrio em um cenário de neutralidade, que o torna 
pouco operacional e prático (BACKES, et al., 2009).
A PRODUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE E DA DOENÇA
Um novo paradigma surge diante da crise de desenvolvimento das sociedades 
modernas - o reconhecimento de que tudo o que existe é produto da ação humana. 
A saúde de um indivíduo, de um grupo de indivíduos ou de uma comuni-
dade, depende, também, de coisas que o homem criou e faz, das interações dos 
grupos sociais, das políticas adotadas pelo governo, inclusive os próprios meca-
nismos de atenção à doença, do ensino da medicina, da enfermagem, da educação 
e das intervenções sobre o meio ambiente (SANTOS; WESTPHAL, 1999). 
Nesse sentido, Santos e Westphal (1999) ressaltam que ter saúde não pode 
ser apenas não estar doente, significa, também, a possibilidade de atuar, de pro-
duzir a sua própria saúde, quer mediante cuidados tradicionalmente conhecidos, 
quer por ações que influenciam o seu meio – ações políticas para a redução de 
O livro de Moacyr Scliar, intitulado Do Mágico ao Social: trajetória da saúde 
pública, apresenta, de uma forma mais detalhada, os caminhos percorridos 
pela condição humana no contexto da saúde e da doença, em uma pers-
pectiva histórica, apontando olhares e características das matrizes do pen-
samento sobre o paradoxo saúde-doença.
Fonte: Scliar (2005).
Conceito de Saúde e Doença
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desigualdades, educação, cooperação intersetorial, participação da sociedade 
civil nas decisões que afetam sua existência – para, usando uma expressão bem 
conhecida, o exercício da cidadania. 
Para que uma população possa ser saudável, no paradigma da história social 
da saúde, é necessário: paz (contrário de violência); habitação adequada em 
tamanho por habitante, em condições adequadas de conforto térmico; educa-
ção, pelo menos, fundamental; alimentação imprescindível para o crescimento 
e desenvolvimento das crianças e necessária para a reposição da força de traba-
lho; renda decorrente da inserção no mercado de trabalho, adequada para cobrir 
as necessidades básicas de alimentação, vestuário e lazer; ecossistema saudável 
preservado e não poluído; justiça social e equidade, garantindo os direitos fun-
damentais dos cidadãos (DE OTAWA, 1986).
No Brasil, o movimento de Reforma Sanitária, articulado nos anos 80, for-
mulou um “conceito ampliado de saúde” e passou a entendê-la como um estado 
resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso à terra e aos 
serviços de saúde, apontando, assim, para a determinação social e cultural da 
saúde e da doença.
Para operar com o conceito ampliado de saúde, precisamos pensar na saúde 
como um processo em detrimento da concepção de saúde como um atribu-
to (tenho/não tenho).
(Stela Nazareth Meneghel)
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
O MODELO PREVENTIVISTA E O MODELO DE 
PROMOÇÃO À SAÚDE 
É possível verificar que o conceito de saúde foi influenciado, no decorrer dos tem-
pos, por questões sociais, culturais e econômicas. Vale destacar que as ações de 
saúde e a forma de organização da assistência também acompanham as mudan-
ças do conceito de saúde.
Na tentativa de explicar essas mudanças, diversos autores propuseram mode-
los explicativos do processo saúde-doença. Vejamos dois deles - o modelo de 
Atenção à Saúde Preventivista e o Modelo da Promoção à Saúde.
O MODELO PREVENTIVISTA
O modelo preventivista surge devido à crise do capitalismo e à incapacidade 
dos governos de arcarem com os custos da saúde no contexto médico hospita-
lar, com base na proposta de Leavell e Clarck do modelo da história natural da 
doença (evolução natural da doença) .
O modelo preventivista e o modelo de promoção à saúde 
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21
Quadro 1 - Modelo da História Natural Da Doença
PERÍODO 
PRÉ 
PATOGÊNESE
PATOGÊNESE 
PRECOCE
PATOGÊNESE 
AVANÇADA
RECUPERAÇÃO, 
INCAPACIDADE OU 
MORTE
Interação 
entre agente 
e hospedei-
ro
Doença sub-
clínica
Horizonte 
clínico
Alterações 
celulares
Doença com 
manifestação 
clínica
Ultrapassagem 
do horizonte 
clínico
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA
 Promoção à 
saúde
 Proteção 
específica
Diagnóstico
 Precoce
Limitação do 
dano
Reabilitação
Fonte: Meneghel (2015).
O modelo pressupõe que toda doença tem um percurso natural de pré patogê-
nese, patogênese e de recuperação, e que, para cada momento da história natural 
da doença, preconiza ações sanitárias que correspondem aos três níveis de pre-
venção - primário, secundário e terciário (MENEGHEL, 2015).
No período pré patogênico, os agentes causadores de doenças e o indivíduo 
vivem em equilíbrio com o ambiente. No período patogênico, inicialmente, não 
há sinais e sintomas da doença, também chamado de período de incubação, só 
então aparecem as manifestações clínicas da doença que pode evoluir para recu-
peração, incapacidade ou morte. 
As intervenções nos diferentes estágios da doença são chamadas de preven-
ção primária, secundária e terciária e têm como objetivo prevenir doenças ou 
seu agravamento. As ações de prevenção primáriapodem ser medidas gerais e 
educativas de resistência e bem-estar geral dos indivíduos, as de prevenção secun-
dária buscam a redução de fatores de risco e as de prevenção terciária reduzem 
e intervêm nas sequelas de doenças.
A crítica a esse modelo se dá pelo fato dele não considerar os efeitos positivos 
e negativos das condições de vida e de trabalho e a inserção social dos indiví-
duos nos níveis de saúde da população, o que reduz o conceito de saúde como 
estritamente biológico, ignorando a dimensão social que envolve o processo saú-
de-doença (MENEGHEL, 2015). 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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IU N I D A D E22
O MODELO DE PROMOÇÃO À SAÚDE
Com as mudanças ocorridas na sociedade pós-guerra, os estudiosos descreve-
ram um fenômeno denominado de transição demográfica e epidemiológica no 
mundo todo. 
Tal fenômeno apontou para incapacidade do Modelo da história natural da doença 
dar explicações para várias doenças e agravos, como as doenças crônicas, os aci-
dentes, a crescente violência, entre outros. Diante disso, diversas propostas foram 
elaboradas no sentido de buscar uma visão e atenção mais integral da saúde. 
Discussões acerca do tema “saúde integral” foram realizadas no cenário 
Internacional. A Conferência realizada em Alma-Ata, em 1978, é considerada 
um marco para a discussão de uma visão de saúde integral, pois reconhece, em 
seu relatório, que a saúde é um direito; também vale destacar a I Conferência 
A teoria da transição epidemiológica, proposta por Omran (1971) foca nas 
complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações entre 
eles, determinantes demográficos, econômicos e sociais, e suas consequên-
cias. As ideias abaixo destacam em sua teoria:
(i) o processo de mudanças nos padrões de mortalidade e adoecimento são 
longos, as pandemias por doenças infecciosas são gradativamente substitu-
ídas pelas doenças degenerativas e agravos;
(ii) as mais profundas mudanças nos padrões de saúde-doença ocorrem nas 
crianças e nas mulheres jovens;
(iii) as mudanças são fortemente associadas às transições demográfica e so-
cioeconômica que constituem o complexo da modernização;
(iv) as variações peculiares no padrão, no ritmo, nos determinantes e nas 
consequências das mudanças na população diferenciam três modelos bási-
cos de transição epidemiológica, o modelo clássico ou ocidental, o modelo 
acelerado e o modelo contemporâneo ou prolongado.
Fonte: Duarte; Barreto (2012).
O modelo preventivista e o modelo de promoção à saúde 
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Internacional de Promoção à Saúde, realizada no Canadá, em 1986, que redigiu 
a Carta de Otawa, a qual propõe um conceito amplo de saúde, relacionando-a 
ao bem-estar dos indivíduos e na ampla causalidade do processo saúde doença, 
em que a saúde é considerada um recurso para a vida e não objetivo de vida 
(WESTPHAL, 2012).
Em uma visão ampliada da saúde, considera-se os fatores socioambientais na 
produção e determinação da saúde e da doença, sendo que a promoção à saúde 
prevê uma visão holística e socioambiental do mesmo processo, colocando-se 
como uma prática emancipatória e um imperativo ético, com foco no cidadão, 
família, coletividade, condições de vida, iniquidades e potencialidades do terri-
tório em que vivem e trabalham (WESTPHAL, 2012).
Quadro 2 - Visão socioambiental da saúde, determinantes e estratégias e programas de saúde
Conceitos de saúde Bem estar biopsicossocial
Necessidades de saúde.
Determinantes de saúde Condições de riscos diversas.
Estratégias Ação política, espaços saudáveis, empoderamento 
da população, desenvolvimento de habilidades, 
reorientação de serviços.
Desenvolvimento de pro-
gramas
Comunidade em diálogo crítico com profissionais 
e agências.
Fonte: Westphal (2012).
A agenda 2030 da ONU prevê 17 medidas para a transformação do mundo, 
a terceira trata da saúde - Assegurar uma vida saudável e promover o 
bem-estar para todos, em todas as idades.
A Promoção de saúde é considerada uma estratégia fundamental para en-
frentar as iniquidades sociais e de saúde. Juntamente com outras 16 medi-
das, dando a ideia de um conceito ampliado de saúde.
(Organização das Nações Unidas) 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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IU N I D A D E24
FATORES CONDICIONANTES E DETERMINANTES DO 
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
Figura 1 - Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODMBrasil
Fonte: ONU ([2017], on-line)1.
Porque as pessoas adoecem?
Desde as primeiras investigações acerca da saúde de grupos e populações, 
foi possível identificar as diferenças sociais existentes das condições de vida e da 
situação de trabalho, dentre estas destacam-se Engels, que investigou os traba-
lhadores ingleses; Snow, que descobriu a cólera em Londres; Louis, trabalhadores 
na França; e Virchow, o Tifo na Silésia, ressaltando o excesso de risco de adoecer 
e morrer entre as camadas mais pobres da população (BARATA, 2012).
Na América Latina, estudos sobre desigualdades sociais e saúde são recen-
tes, datam da segunda metade do século XX e surgiram devido às consequências 
da globalização sobre as condições de vida e a situação de saúde dos povos sob 
a ótica da exclusão social.
O Processo Saúde Doença está diretamente atrelado à forma como o ser 
humano, no decorrer de sua existência, se apropria da natureza para trans-
formá-la, buscando o atendimento às suas necessidades, representando um 
conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e 
doença de uma população, que se modifica nos diversos momentos históricos 
Fatores Condicionantes e Determinantes do Processo Saúde-Doença 
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e do desenvolvimento científico da humanidade, não sendo um conceito abs-
trato, ele varia segundo a época em que vivemos, assim como os interesses dos 
diversos grupos sociais (GUALDA; BERGAMASCO, 2004).
Diante disso, é necessário conhecer os determinantes mais complexos do 
comportamento humano, além das condições materiais de vida – para que seja 
possível a efetivação das práticas de promoção e prevenção da saúde e a dimi-
nuição das desigualdades, visto que o Brasil ocupa o 11º lugar entre os lugares 
mais desiguais do mundo (COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2.
Há uma vasta literatura sobre aspectos conceituais e modelos de referência rela-
cionados aos determinantes sociais e iniquidades em saúde.
A Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde os define como 
“fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e compor-
tamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de 
risco na população” (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). 
E adotou o modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren 
e Whitehead (WESTPHAL, 2012). 
Desigualdades sociais em saúde
Diferença na inserção social dos indivíduos, repartição do poder e proprie-
dade.
Positiva = valores de cooperação e solidariedade.
Negativa = exploração, dominação e produção de doença.
(Rita Barradas Barata)
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IU N I D A D E26
Figura 02 - Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead
Fonte: Comissão Nacional (2008, on-line)2.
O modelo entende que a saúde compreende três dimensões: a biológica, a social 
e cultural (BARATA, 2012).
A dimensão biológica compreende as características biológicas marcadas 
pela interação genótipo-fenótipo, ou seja, a genética e a modulação das poten-
cialidades são herdadas pelas condições concretas da existência que irãoresultar 
nas manifestações fenotípicas, como a idade/sexo e fatores hereditários X estilo 
de vida. Na dimensão social, inclui os grupos sociais e as formas de consciên-
cia e condutas resultantes de suas interações, bem como a forma de constituição 
dessas comunidades.
A dimensão cultural inclui as condições de vida e de trabalho e suas for-
mas de organização que compreende as condições socioeconômicas, culturais 
e ambientais gerais.
O relatório da Comissão Nacional de determinantes sociais de saúde 
(COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2, ao analisar a situação de saúde 
de uma população relacionando os Determinantes sociais de saúde, consi-
dera os seguintes itens:
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1) Situação e tendências da evolução demográfica, social e econômica do 
país: traça um panorama geral de referência para a análise da situação de saúde, 
descrevendo a evolução desses macrodeterminantes, particularmente nas últi-
mas quatro décadas. Inclui dados sobre crescimento populacional, fecundidade, 
mortalidade, migrações, urbanização, estrutura do mercado de trabalho, distri-
buição de renda e educação.
2) A estratificação socioeconômica e a saúde: apresenta a situação atual e 
tendências da situação de saúde no país, destacando as desigualdades de saúde 
segundo variáveis de estratificação socioeconômica, como renda, escolaridade, 
gênero e local de moradia.
3) Condições de vida, ambiente e trabalho: apresenta as relações entre situ-
ação de saúde e condições de vida, ambiente e trabalho, com ênfase nas relações 
entre saneamento, alimentação, habitação, ambiente de poluição, acesso à infor-
mação e serviços de saúde e seu impacto nas condições de saúde dos diversos 
grupos da população.
4) Redes sociais, comunitárias e saúde: inclui evidências sobre a organiza-
ção comunitária e redes de solidariedade e apoio para a melhoria da situação 
de saúde, destacando, particularmente, o grau de desenvolvimento dessas redes 
nos grupos sociais mais desfavorecidos.
5) Comportamentos, estilos de vida e saúde: inclui evidências existen-
tes no Brasil sobre condutas de risco, como hábito de fumar, alcoolismo, 
sedentarismo, dieta inadequada, entre outros, segundo os diferentes estra-
tos socioeconômicos da população.
6) Saúde materno-infantil e saúde indígena: por sua importância social e 
por apresentarem necessidades específicas de políticas públicas, são dedicadas 
seções especiais sobre saúde materno-infantil e saúde indígena.
Além disso podem ser incluídos: Saúde e ambiente nas grandes cidades; 
Seguridade social e saúde; Cultura e promoção da saúde; Distribuição, acesso e 
utilização de serviços de saúde em áreas urbanas; Violência e saúde; Iniciativas 
comunitárias de promoção e proteção da saúde, Desemprego e saúde, entre outros.
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OS PRINCIPAIS DETERMINANTES SOCIAIS DE 
SAÚDE NO BRASIL 
E a saúde do Brasil como vai? 
A situação de saúde, vida e trabalho da população brasileira vem passando por 
grandes transformações nas quatro últimas décadas, influenciadas pelas mudanças 
econômicas, sociais e demográficas ocorridas no país, é o que mostra o Relatório 
elaborado pela Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde.
A seguir, elaboramos uma síntese com base no Relatório, destacando os 
principais aspectos que marcam a evolução demográfica, social e econômica 
A COMISSÃO NACIONAL SOBRE OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE 
foi criada, em 2006, para produção de conhecimentos e informações sobre 
os determinantes sociais e de saúde (DSS), bem como revisão e análise de 
políticas e programas de intervenção sobre os DSS e comunicação sobre a 
importância e possibilidades de atuação sobre eles.
Fonte: Comissão Nacional (2008, on-line)2.
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relacionadas à saúde, questões de vida, ambiente e trabalho, as redes sociais e o 
comportamento e estilo de vida dos brasileiros, agrupados em três grandes itens: 
1) Tendências demográfica, social e econômica, 2) Redes socias e 3) Condições 
de vida e de saúde (COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2. 
1) Tendências demográficas, social e econômica
A urbanização foi apontada como um fator importante de mudanças, em que, a 
partir da década de 70, influenciada pela industrialização, promoveu mudanças no 
setor econômico e na forma de viver das pessoas que, saindo do campo para viver 
na cidade, buscavam trabalho e melhores condições de vida; no entanto, a oferta de 
infraestrutura e serviços urbanos não acompanhou a grande demanda, a tal ponto 
que, em 1980, havia 38,2 milhões de moradores em domicílios urbanos inadequados.
O PIB per capita passou de 2.060 dólares, em 1960, para 5.250 em 2000 e 
5.720 em 2006. Entretanto, esse extraordinário aumento da riqueza produzida 
e a modernização da economia não significaram melhoria na distribuição e 
urbanização, o crescimento do transporte e das indústrias, assim como a expan-
são da fronteira agrícola, criaram as condições propícias para uma permanente 
exposição de contingentes populacionais, progressivamente maiores, à poluição 
atmosférica e dos corpos hídricos. 
Alterações na fecundidade - a taxa média geométrica de crescimento anual 
da população passou de 2,89%, no período 1960/70, para 1,64%, no período 
1991/2000. A taxa de fecundidade, que se mantinha estável desde 1940, passou 
a cair de maneira acelerada a partir de 1960.
Envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida. A propor-
ção de jovens de 0 a 14 anos que era de 42,6%, em 1960, passou para 30%, em 
2000, e deverá atingir 18% em 2050, enquanto que a de idosos maiores de 65 
anos, que era de 2,7%, em 1960, passou para 5,4%, em 2000, e no ano de 2050 
deverá superar a de jovens, alcançando 19%.
Quanto à esperança de vida ao nascer, houve um ganho de mais de 20 
anos, entre 1960 e 2006, para o Brasil como um todo. O valor de 72,4 anos 
em 2006 é 9 anos inferior ao do Japão, país com a maior expectativa de vida 
ao nascer em todo o mundo. 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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IU N I D A D E30
O crescimento rápido do peso relativo dos idosos tem um impacto impor-
tante na economia e na sociedade, obrigando a definição de políticas públicas 
que possam fazer frente a esse fenômeno sem paralelo na experiência mundial.
O Brasil gasta 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, cerca de 530 
dólares per capita, abaixo de Argentina (US$1.045), Chile (US$827) e Uruguai 
(US$ 781), para citar alguns países do Cone Sul.
2) Redes sociais
Diversos estudos mostram que não são as sociedades mais ricas as que possuem 
melhores níveis de saúde, mas as que são mais igualitárias e com alta coesão 
social. Nessas sociedades, as pessoas são mais envolvidas com a vida pública, 
vivem mais, são menos violentas e avaliam melhor sua própria saúde.
Um importante indicador da riqueza do capital social é relação de confiança entre 
as pessoas. Segundo dados da Pesquisa Social Brasileira (PSB), que realizou 2.363 
entrevistas entre julho e outubro de 2002, as relações de confiança, no Brasil, são 
extremamente débeis, praticamente limitando-se à confiança em familiares; enquanto 
84% das pessoas confiam na família, apenas 15% confiam na maioria das pessoas.
3) Condições de vida e de saúde
Os índices de cobertura dos serviços de água e esgoto, no período de 1999 a 2004, 
têm aumentado. Entretanto, enquanto nas regiões Sul e Sudeste, respectivamente, 
83% e 91% da população estavam cobertos pela rede geralde abastecimento de 
água, na região Norte a cobertura desses serviços alcançava apenas 54,8% da 
população e no Nordeste 72%. Estudos apontam para o fato que 53% da popu-
lação brasileira ainda não teriam acesso a um saneamento adequado, e no atual 
ritmo de ampliação do acesso a universalização só se daria em 115 anos.
Quanto à educação, em 1940, 56% da população brasileira era analfabeta, 
percentual que cai para 40% em 1960 e 13,6% no ano 2000. No nível fundamen-
tal, a cobertura é quase universal, entre 7 a 14 anos em todas as regiões, tanto 
na área urbana como rural; já no ensino médio, a taxa de frequência entre 15 a 
17 anos ainda é bastante baixa para o Brasil como um todo; no ensino superior, 
é possível observar que quanto maior a renda maior é o acesso ao ensino supe-
rior público em todas as regiões.
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Os efeitos do nível de instrução se manifestam das mais diferentes formas: 
na percepção dos problemas de saúde; na capacidade de entendimento das 
informações sobre saúde; na adoção de estilos de vida saudáveis; no consumo 
e utilização dos serviços de saúde; e na adesão aos procedimentos terapêuticos.
O acesso equitativo aos serviços de saúde é de grande importância para a quali-
dade de vida e de saúde de um país; os números do SUS impressionam pela magnitude. 
No ano de 2005, foram realizadas cerca de 450 milhões de consultas médicas; 11,8 
milhões de internações; 2,6 milhões de partos; 250 milhões de exames laboratoriais; 
40 milhões de vacinações; 80 mil cirurgias cardíacas e 20 mil transplantes de órgãos. 
O Programa de saúde da família, iniciado em 1994, conta, em 2008, com cerca 
de 27,5 mil equipes (mais de 150 mil profissionais) atuando em 5.131 municípios 
(92% do total de municípios brasileiros, com cobertura de 44% da população). O 
Programa Nacional de Imunização (PNI) alcançou uma cobertura praticamente 
universal em menores de um ano de idade, a partir de 1999, quando chegou a 
94,7%, enquanto que em 1978 atingia somente 40% das crianças.
No entanto, o relatório aponta que, apesar desses inegáveis avanços na pro-
dução de serviços e dos princípios de universalidade e equidade que regem o 
SUS, ainda se observam importantes desigualdades na oferta de recursos e servi-
ços, assim como uma forte influência da posição social dos indivíduos no acesso, 
utilização e qualidade dos serviços de saúde.
Quanto à situação de saúde, a taxa de mortalidade infantil (TMI), que era 
de 124 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos em 1960, 
caiu para 48,3 em 1990; 35,26 em 2000; e 25,1 em 2006. 
A proporção de mortes de menores de um ano de idade, sobre o total de 
óbitos, reduziu-se de 24%, em 1980, para 5%, em 2005, variando de 11,3%, na 
Região Norte, a 3,4%, na Região Sul. Em 2003, 58% dos óbitos informados ocor-
reram na faixa de 60 ou mais anos de idade, com variações de 43%, na Região 
Norte, a 62%, na Região Sul.
Quanto à mortalidade masculina e a feminina, entre 1960 e 2006, a sobre-
mortalidade masculina cresceu acentuadamente, principalmente na faixa dos 20 
aos 24 anos de idade: em 1960, a chance de um homem com 20 anos de idade 
morrer antes de passar para o grupo etário seguinte (25 a 29 anos) era 1,1 vez 
maior que a de uma mulher do mesmo grupo etário. 
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IU N I D A D E32
Já em 2006, a chance masculina, na mesma comparação com a chance 
feminina, no mesmo grupo etário (20 a 24 anos), aumentou para 4,1 vezes. A 
principal causa do aumento da sobremortalidade masculina são os óbitos por 
causas externas (ou violentos).
Nas regiões Sudeste e Sul, pela primeira vez, a mortalidade por doenças 
cardiovasculares superou a mortalidade por doenças infecciosas, o que viria 
a ocorrer nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste duas décadas depois, 
durante os anos 80. 
Observa-se um processo de transição nutricional, que consiste na substituição 
de um padrão alimentar, baseado no consumo de cereais, feijões, raízes e tubér-
culos, por uma alimentação mais rica em gorduras (especialmente hidrogenadas) 
e açúcares, além da crescente ingestão de ingredientes químicos, aumentando o 
risco de sobrepeso e obesidade, aparecimento de doenças crônicas e incapacidades.
Os fatores relacionados a comportamentos e estilos de vida, como tabagismo, 
baixo consumo de frutas, de legumes e de verduras e o consumo de álcool são 
os principais fatores de risco para morte por câncer em países de baixa e média 
renda, o que é o caso brasileiro. 
Estima-se que o tabagismo seja responsável por 18% das mortes por câncer; o 
baixo consumo de frutas, legumes e verduras por 6%; o consumo de álcool por 5%. 
A saúde do trabalhador também é uma preocupação, pois os problemas de 
saúde dos trabalhadores estão intimamente relacionados com o grau de desen-
volvimento alcançado por um país ou uma região. 
A esses problemas se associam o deterioramento das condições de trabalho 
e crescentes danos ambientais. Os acidentes de trabalho são um dos subprodutos 
dessas tendências, juntamente com uma grande carga de doenças profissionais e 
doenças relacionadas ao trabalho, cujas consequências contribuem para o agra-
vamento dos problemas sociais que o país enfrenta.
No Brasil, verifica-se a presença de algumas doenças já controladas em paí-
ses desenvolvidos, como a silicose e outras pneumoconioses, envenenamento 
por chumbo, asbestose, síndrome do túnel do carpo, doenças dermatológicas 
causadas por compostos químicos, além dos sintomas e desordens mentais rela-
cionadas ao stress, como a síndrome do Burnout. 
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A poluição também é uma preocupação, devido aos efeitos adversos sobre 
a saúde das populações expostas. Estima-se que o número de mortes causadas 
por problemas decorrentes da poluição atmosférica no mundo é de cerca de 3 
milhões por ano, o que representa 5% do total de 55 milhões de mortes que ocor-
rem anualmente no mundo. 
Em algumas populações, cerca de 30% a 40% dos casos de asma e 20% a 30% 
de todas as doenças respiratórias podem ser relacionadas à poluição atmosfé-
rica. Outros efeitos referem-se a perdas econômicas, aumento no absenteísmo 
escolar, dias de trabalho perdidos e nebulizações.
Busque saber sobre os membros da Comissão Nacional de Determinantes 
Sociais de Saúde (CNDSS) e reflita sobre a importância da diversidade de 
olhares sobre os determinantes de saúde.
Para saber mais e se inteirar, acesse na íntegra o relatório da comissão nacio-
nal sobre os determinantes sociais da saúde, intitulado As causas sociais das 
iniquidades em saúde no Brasil.
Fonte: Comissão Nacional Sobre Determinantes Sociais da Saúde (2008, on-
-line)2.
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IU N I D A D E34
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO 
BRASIL
É possível observar as mudanças ocorridas nas condições de vida e de saúde da 
população brasileira, condicionadas aos fatores econômicos, socioculturais e 
políticos, ao longo dos anos.
Agora, quando tomamos como foco os serviços de saúde no Brasil, é pos-
sível observar mudanças significativas no decorrer dos anos, do mesmo modo, 
influenciados por fatores econômicos, socioculturais e políticos.
Diversos autores fazem análises e escrevem sobre o sistema de saúde brasi-
leiro, mas tomamos por referência a análise de Carvalho, Martin e Cordoni Jr 
(2001), os quais identificaram quatro tendências - Sanitarismo Campanhista, 
período de Transição, Modelo médico assistencial privatista eo Modelo plural.
Vejamos um pouco de cada uma dessas tendências.
1) Sanitarismo Campanhista
Tal tendência vigorou no país do início do século XX até 1945 e recebeu esse nome 
porque tinha, nas campanhas sanitárias, sua principal estratégia de saneamento.
O Brasil tinha sua economia baseada na agricultura e na exportação do café; 
o comércio e o espaço nos portos era prioridade, devendo ser livre de doenças e 
saneados. Devido a isso, o sistema de saúde adotado foi o modelo das campanhas 
sanitárias, com foco no combate das endemias urbanas e rurais. A assistência 
Organização dos Serviços de Saúde no Brasil
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individual era privada, a hospitalar com caráter de assistência social e as Santa 
Casas de Misericórdia atendiam quem não podia pagar. 
Em 1923, com a Lei Elói Chaves, surge a assistência previdenciária no país 
e a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão nas empresas de estradas de 
ferro para os empregados, que oferecia benefícios de aposentadorias e pensões, 
assistência médica e farmacêutica; logo em seguida, os portuários e marítimos 
criaram seus Institutos de Previdência, nascendo uma nova estrutura de pre-
vidência social por categoria de trabalhadores, denominadas de Institutos de 
Aposentadorias e Pensão (IAP). 
Em 1930, o ministério da Educação e Saúde passa a coordenar as ações de 
saúde coletiva. 
2) Período de Transição
Esse período é compreendido entre 1945 a 1960, marcado pelo pós-guerra e a 
crise previdenciária. Nesse período, a previdência social passa a ter grande impor-
tância e a ser utilizada como instrumento político; também foi nesse período 
que o Ministério da Saúde foi criado (1953). 
Ocorre, também, a unificação dos Institutos (IAPs), em 1967, e a criação 
do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), marcada pela exclusão de 
trabalhadores e empregados da gestão pela crescente influência da indústria far-
macêutica, médico hospitalares e os proprietários de hospitais. 
3) Modelo médico assistencial privatista
O modelo médico assistencial privatista marca o período entre 1960 a 1980, 
caracterizado pela prática médica curativa, individual, assistencialista e especia-
lizada em detrimento da saúde pública e a criação com intervenção estatal de 
um complexo médico privado, organizando o estado como financiador, o setor 
privado nacional como prestador de serviços e o setor privado internacional 
como produtor de insumos. 
O Brasil vivia o período da ditadura militar, marcado por atos institucionais 
e decretos presidenciais de cunho arbitrário e que alteravam direitos de cidada-
nia, informação, organização social e política. 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A saúde, que estava ligada à assistência social, tem sua ampliação na década de 
70, com a cobertura para os trabalhadores rurais, as empregadas domésticas e os 
trabalhadores autônomos domésticos. Em 1974, cria-se o Ministério da Previdência 
e Assistência Social, que atua no atendimento médico assistencial individualizado 
e o Ministério da Saúde se volta ao atendimento coletivo e vigilância sanitária. 
Com a crise econômica no final da década de 70, foi impulsionado o Movimento 
da Reforma Sanitária que discutia reformas nas políticas de saúde, surgindo as 
ideias de medicina comunitária e o conceito de Atenção Primária à Saúde (OMS). 
O Movimento da Reforma Sanitária ajuda a fortalecer o processo de Transição 
democrática, ocorrido em 1984 com a 8° conferência Nacional de Saúde, em 
1986, em que se discutiu a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e culmi-
nou com sua promulgação na Constituição em 1988. 
4) Modelo plural
A partir de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi incluído ao sistema de 
saúde brasileiro privado, garantindo acesso universal e igualitário às ações e ser-
viços de saúde a todos os brasileiros, colocando a saúde como direito de todos 
e dever do estado. 
O setor lucrativo privado de atenção médica supletiva, que iniciou-se em 
1954, se fortalece na década de 80 pela precariedade dos serviços públicos, 
criando, assim, a medicina de grupo, as cooperativas médicas, os seguro saúde. 
Regulamentados e fiscalizados pelo Estado, aliado ao setor não lucrativo, as insti-
tuições filantrópicas (Santas Casas) configuram o sistema de saúde atual brasileiro. 
Reflita sobre as características do SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO discutidas 
por Amélia Cohn e pense no quanto você tem participado para a sua cons-
trução. 
Organização dos Serviços de Saúde no Brasil
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Em síntese, gostaria de trazer o pensamento de Cohn (2012) acerca da política 
de saúde brasileira, o qual considera que tanto sua configuração e implementa-
ção são processos complexos de jogos de interesses e valores múltiplos existentes 
na sociedade e que, em nossa sociedade desigual, as políticas sociais e de saúde 
devem priorizar os segmentos socialmente mais vulneráveis, com a lógica da 
universalização, integralidade e da equidade da atenção à saúde, o que depende 
tanto da vontade política dos governantes quanto da sociedade, para que os direi-
tos sociais se constituam como uma realidade marcada com maior justiça social.
Para saber mais da história do sistema brasileiro de saúde, leia o texto de 
Paim (2011), O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios, dis-
ponível em: <http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/
brazilpor1.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2017.
O artigo, publicado em 2011 pelo periódico The Lancet, faz parte de uma 
série de publicações que analisam as melhorias nas condições de saúde e na 
expectativa de vida da população brasileira. Nesse artigo, é apresentado um 
panorama das principais conquistas e desafios relativos às políticas públicas 
de saúde no Brasil, com especial destaque ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: a autora. 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao prestar a assistência ao indivíduo, à família ou à comunidade, deve ser con-
siderado quem é ou quem são os usuários, como se apresentam na situação 
de necessidade de saúde, seus direitos, deveres, valores e prerrogativas. O ser 
humano é complexo e não há como abranger sua totalidade por uma única defi-
nição. Mesmo que a pessoa seja considerada um ser biopsicossocial e espiritual, 
não consegue expressar toda sua individualidade e singularidade. Os profissio-
nais da saúde aprendem sobre estrutura e função humana por meio do estudo 
da anatomia, da fisiologia, da psicologia, da sociologia e da patologia, além das 
várias maneiras de assistir, de abordar e se relacionar profissionalmente com o 
indivíduo, a família ou a comunidade.
Não podemos nos esquecer de que o ambiente é o local onde a pessoa se 
encontra com as coisas ao seu redor e que exercem nela influências, afetando-a de 
várias maneiras. É necessário compreender as condições impostas como passíveis 
de interferência e atentar para não culpar os indivíduos quando tais condições 
forem insalubres e interferirem em seu estilo de vida. Trabalhar com as condições 
de vida impostas requer um trabalho interdisciplinar e intersetorial. A área da 
saúde, sozinha, não consegue assegurar qualidade de vida e, consequentemente, 
de saúde. É na esfera da ética que compreenderemos a necessidade do empenho 
de parte significativa da sociedade para assegurar a dignidade da vida humana.
Cabe aos profissionais da saúde rever em sua prática, buscando entender 
que não basta trabalhar com as doenças, é necessário compreender o indivíduo 
no todo como alguém que vive a experiênciada necessidade, do adoecimento, 
carregada de valores e significados subjetivos, únicos, capazes de interferir na 
qualidade do cuidado prestado. Assim, resta-nos, como profissionais da saúde, 
enfrentar o desafio de construir estratégias para conceber a saúde no âmbito da 
atenção básica de forma mais solidária e menos punitiva na convivência com os 
estilos de vida individuais.
39 
Fragmento do texto - A Operacionalização de um Conceito Amplo (Carlos Batistella)
Uma vez analisado o conceito ampliado de saúde, outro dilema aflige os trabalhadores 
da saúde, em especial aqueles que lidam diretamente com a população: como opera-
cionalizá-lo? Como fazer com que suas premissas ganhem concretude e expressão nas 
práticas cotidianas dos serviços?
Pensar saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer e alimentação, implica 
a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores capazes 
de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda voltado às 
ações curativas e assistenciais.
O conceito e as práticas de promoção da saúde têm representado uma possibilidade 
concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de conceber e in-
tervir no campo da saúde.
A ‘criação de ambientes favoráveis à saúde’ diz respeito não apenas à conservação 
dos recursos naturais, mas também daqueles ambientes construídos pelo homem. Im-
plica, sobretudo, “o reconhecimento da complexidade das nossas sociedades e das rela-
ções de interdependência entre os diversos setores” (BUSS, 2003, p. 27).
O ‘reforço da ação comunitária’, também chamado de empowerment comunitário, 
refere-se ao
incremento do poder das comunidades na fixação de prioridades, na tomada de 
decisões e na definição e implementação de estratégias para alcançar um melhor 
nível de saúde (...), ou seja, à aquisição de poder técnico e consciência política para 
atuar em prol de sua saúde (BUSS, 2003, p. 27). 
Esse processo, entre outras ações, depende substancialmente da garantia de acesso da po-
pulação à informação, às oportunidades de aprendizagem e ao planejamento das ações.
Já o ‘desenvolvimento de habilidades pessoais’ tem sido um dos campos de ação 
mais polêmicos dessa proposta. Boa parte das críticas à promoção da saúde incidem 
sobre esse aspecto. Se, por um lado, é imprescindível a divulgação de informações sobre 
diferentes aspectos relativos à saúde – de modo que a população tenha como orientar 
suas condutas –; por outro, quando essa perspectiva é adotada como o próprio concei-
to de promoção, opera-se um reducionismo que empobrece a potencialidade de seu 
alcance.
Dessa forma, em uma outra perspectiva de modelo de atenção, o ‘objeto das práticas de 
saúde’ se expande para além da doença, dos doentes, dos modos de transmissão e dos 
fatores de risco, passando a englobar as necessidades e os determinantes (condições 
de vida e de trabalho); os sujeitos da atenção já não podem ser considerados apenas os 
médicos, os sanitaristas e seus auxiliares, mas as equipes de saúde (de todos os níveis), 
trabalhadores de outros setores e a própria população; os ‘meios de trabalho’ incorpo-
ram, para além das consagradas tecnologias médicas e sanitárias, a contribuição de ou-
http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/nav.php?s_livro_id=6&capitulo_id=22&autor_id=&sub_capitulo_id=701&arquivo=ver_pop_up
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http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/tec.html
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tros conhecimentos e instrumentos fundamentais para uma ação mais ampla, capaz de 
produzir impactos na esfera dos determinantes e condicionantes.
A mudança paradigmática envolve mais atores na operacionalização da promoção da 
saúde. Mais do que médicos, enfermeiros, técnicos, agentes e demais trabalhadores da 
saúde, serão incorporados ambientalistas, engenheiros, advogados, antropólogos, artis-
tas, jornalistas, garis e a própria população envolvida direta ou indiretamente na produ-
ção e/ou na solução do problema.
As práticas, por sua vez, passam a contar com uma dimensão comunicativa mais forte, 
buscando estabelecer vínculos sociais com a comunidade e suas formas culturais – vi-
sando a troca de saberes populares e científicos, o fortalecimento técnico e o amadure-
cimento político a partir do reconhecimento da história, dos problemas e das próprias 
potencialidades do território.
O planejamento participativo é ferramenta fundamental para a viabilidade do encontro 
de saberes, interesses e visões sobre a realidade. Desde a identificação e definição de 
prioridades até a construção de propostas de intervenção são necessárias várias etapas 
e uma significativa capacidade de mobilização. A formação dessa capacidade normativa 
(CANGUILHEM, 2006) põe em evidência outra importante dimensão de uma nova prá-
tica: a ação educativa.
A análise da viabilidade pode interpor a necessidade de estabelecer objetivos estratégi-
cos, soluções parciais e incremento de recursos. As operações podem ser atingidas somen-
te a médio e longo prazo, porém, terão seguramente um impacto mais amplo e formativo 
na sociedade do que a persistência única e exclusiva nas reformas da atenção setorial.
A implementação e a avaliação contínua dos processos e dos resultados serão sempre 
consequência da capacidade mobilizadora dos atores sociais envolvidos, sejam profis-
sionais de saúde, de outros setores ou a própria comunidade.
Fonte: adaptado de Batistella (2007).
http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/nav.php?s_livro_id=6&capitulo_id=14&autor_id=&sub_capitulo_id=134&arquivo=ver_pop_up
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1. O grande desafio do conceito ampliado de saúde é a operacionalização de suas 
particularidades pelos trabalhadores da saúde, em especial aqueles que lidam 
diretamente com a população. Diante disso, em relação às premissas abaixo, as-
sinale a alternativa que possibilita a concretude e expressão do conceito 
nas práticas cotidianas dos serviços.
a. Criando ambientes favoráveis à saúde, reforçando a ação comunitária, au-
mentando o número de serviços de saúde.
b. Reforçando a ação comunitária, desenvolvendo habilidades pessoais e for-
mando um maior número de profissionais de saúde.
c. Criando ambientes favoráveis à saúde, reforçando a ação comunitária, desen-
volvendo habilidades pessoais.
d. Reforçando a ação comunitária, educando a população e formando um maior 
númerode profissionais de saúde.
e. Aumentando o número de serviços de saúde, formando mais profissionais de 
saúde e criando ambientes favoráveis à saúde.
2. Procure uma música ou um filme que traga uma percepção da situação de saú-
de ou noção de saúde, ou que retrate a “cara” da sociedade em que vivemos, 
registre em seu caderno e justifique a escolha com base nos determinantes 
sociais de saúde.
3. De acordo com a Visão Socioambiental da saúde, descreva o conceito de saú-
de, seus determinantes, as estratégias e os programas de saúde.
4. Explique o modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e 
Whitehead.
5. Qual a crítica ao Modelo Plural de saúde brasileiro?
MATERIAL COMPLEMENTAR
Tratado de Saúde Coletiva
Gastão Wagner de Sousa Campos
Editora: Hucitec
Sinopse: o livro apresenta um panorama dos principais assuntos de 
que se ocupa a saúde coletiva, estabelecendo um diálogo com docentes e discentes de graduação e 
pós-graduação das profissões de saúde.
História da saúde pública no Brasil - Um século de luta pelo 
direito à saúde
o documentário “POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: Um século de 
luta pelo direito à saúde” conta a história das políticas de saúde em 
nosso país, mostrando como ela se articulou com a história política 
brasileira, destacando os mecanismos que foram criados para sua 
implementação, desde as Caixas de Aposentadorias e Pensões até 
a implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como a saúde 
era considerada, no início do século XX, um dever da população, com as práticas sanitárias 
implantadas autoritariamente pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e 
como, no decorrer do século, por meio da luta popular, essa relação se inverteu, passando a ser 
considerada, a partir da Constituição de 1988, um direito do cidadão e um dever do Estado. Toda 
essa trajetória é contada por meio de uma narrativa ficcional, vivida por atores, com reconstrução 
de época, apoiada por material de arquivo. Para tornar a narrativa mais leve e atraente, o filme 
se vale da linguagem dos meios de comunicação dominantes em cada época, como o jornal, o 
rádio, a TV Preto e branco, a TV colorida e, por fim, a internet. O filme foi realizado por iniciativa 
da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde, em parceria com 
a Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS e a Universidade Federal Fluminense/UFF. A 
obra, de caráter formativo, terá distribuição gratuita em todo o país, dirigida especialmente aos 
Conselhos de Saúde, instituições de ensino e movimentos sociais ligados à saúde. Estimula-se 
que o filme seja utilizado nas etapas municipais e estaduais da 13ª Conferência Nacional de 
Saúde. Uma versão legendada em espanhol e inglês está sendo discutida com a OPAS, para 
divulgação junto a países da América Latina, Caribe e África, que buscam no SUS uma referência. 
O documentário é composto por 5 capítulos, que podem ser assistidos em sequência, com 60 
minutos de duração, ou separadamente; cobrindo os seguintes períodos: 1900 a 1930; 1930 a 
1945; 1945 a 1964; 1964 a 1988; e 1988 a 2006.
Visite o portal da saúde do Ministério da Saúde. Você encontrará: Blog da saúde, Web rádio saúde 
e Canal saúde, que contribuem com informações e notícias sobre a saúde, aberto a todos os 
cidadãos, trabalhadores e gestores de saúde e Ministério da Saúde.
E muito mais! Acesso disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/> 
REFERÊNCIAS
43
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saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, 2012, p. 457-486.
BATISTELLA, C. et al. O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: Fio-
cruz, 2007.
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, v. 17, 
n. 1, p. 77-93, 2007.
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DUARTE, E. C.; BARRETO, S. M. Transição demográfica e epidemiológica: a Epidemio-
logia e Serviços de Saúde revisita e atualiza o tema. Epidemiologia e Serviços de 
Saúde, v. 21, n. 4, p. 529-532, 2012.
GUALDA, D. M. R.; BERGAMASCO, R. B. Enfermagem, cultura e o processo saúde-
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MENEGHEL, S. N. Epidemiologia: exercícios indisciplinados. In: Epidemiologia: 
exercícios indisciplinados. Porto Alegre: Tomo, 2015.
SANTOS, J. L. F.; WESTPHAL, M. F. Práticas emergentes de um novo paradigma de 
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SCLIAR, M. Do mágico ao social: trajetória da saúde pública. 2 ed. São Paulo: SENAC, 
2005.
______. História do conceito de saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 
v. 17, n. 1, p. 29-41, 2007. 
WESTPHAL, M. F. Promoção da saúde e prevenção de doença. In: CAMPOS, G. W. S. et 
al. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, p. 635-668, 2012.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 Em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em: 10 mai. 2017.
2 Em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/causas_sociais_iniquidades.
pdf>. Acesso em: 16 mai. 2017.
GABARITO
QUESTÃO
1) C.
2) O aluno é livre na escolha, mas deve justificá-la relacionando os determinantes 
sociais de saúde (biológico, social e cultural).
3) 
Conceitos de saúde Bem-estar biopsicossocial
Necessidades de saúde
Determinantes de 
saúde
Condições de riscos diversas
Estratégias Ação política, espaços saudáveis, empoderamento da 
população, desenvolvimento de habilidades, reorienta-
ção de serviços
Desenvolvimento de 
programas
Comunidade em diálogo crítico com profissionais e 
agências
4) O modelo entende que a saúde compreende três dimensões - a biológica, a 
social e cultural.
A dimensão biológica compreende as características biológicas marcadas pela 
interação genótipo-fenótipo, ou seja, a genética e a modulação das potencia-
lidades são herdada pelas condições concretas da existência que irão resultar 
nas manifestações fenotípicas, como exemplo, a idade/sexo e fatores hereditá-
rios X, estilo de vida. Na dimensão social, inclui os grupos sociais e as formas de 
consciência e condutas resultantes de suas interações, bem como a forma de 
constituição dessas comunidades. A dimensão cultural inclui as condições de 
vida e de trabalho, suas formas de organização que compreende as condições 
socioeconômicas, culturais e ambientais gerais.
5) “E um sistema público de saúde dual, políticas de saúde centralizadas e verti-
calizadas, tradição histórica da saúde vinculada ao mercado de trabalho, o sis-
tema privado prestador com origem na década de 20 como fruto da política 
previdenciária, distribuição de equipamentos de saúde altamente desigual, 
modelo de atenção comandado pela lógica médica e hospitalocêntrico, duplo 
comando da previdência social que prestava serviços de assistência à saúde e 
o Ministério da Saúde relativos a ações coletivas, dualidade na assistência dos 
trabalhadores por categorias (década de 30), e na diferenciação do acesso se-
gundo a posição no mercado de trabalho (década de 70), herança de um setor 
privado de produção de assistência médica que se constituiu sob as sombras e 
financiamento do Estado”.
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
HISTÓRIA DA SAÚDE 
PÚBLICA NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer brevemente a história que antecedeu o SUS.
 ■ Identificar os interesses, conflitos e necessidades sociais que deram 
origem ao SUS.
 ■ Conhecer os objetivos e princípios do SUS.
 ■ Descrever as diretrizes contidas nos pactos intergestores: Pacto pela 
vida,Pacto em defesa do SUS e Pacto de gestão.
 ■ Compreender o conceito de rede de atenção e seus componentes.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Antecedentes do SUS
 ■ O processo de construção do SUS
 ■ Entendendo o SUS
 ■ Pactos pela saúde
 ■ Redes de atenção à saúde
INTRODUÇÃO
Olá, caro (a) aluno(a). Já demos o primeiro passo na compreensão do processo 
saúde-doença quando estudamos, na unidade anterior, um pouco sobre alguns 
conceitos, os fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença 
e a realidade brasileira, bem como os modelos de Atenção à Saúde.
Para compreendermos um pouco mais como esse processo se dá na atualidade, 
é fundamental resgatarmos um pouco de história, afinal, todos nós somos frutos 
de um passado e de uma história, sofremos influências ao longo da vida, faze-
mos escolhas, e tudo isso contribuiu para a formação da pessoa que somos hoje.
Da mesma forma, o setor saúde também foi construído com base na história. 
O contexto político-social, a economia, o desenvolvimento da ciência e pesquisa 
e a situação geral do Brasil, bem como acontecimentos a nível mundial, ao longo 
dos anos, refletiram diretamente na saúde e construção das políticas públicas.
Nesta unidade, estudaremos a história e a evolução da saúde pública no 
Brasil, destacando a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) que é um dos 
maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Abordaremos seus objetivos e 
suas diretrizes filosóficas e organizativas, bem como as reformas institucionais 
que deram origem aos Pactos pela Saúde, além de discutirmos sobre as mudan-
ças no modelo de atenção com a implantação das Redes de Atenção à Saúde.
O conhecimento adquirido aqui será fundamental para a compreensão das 
demais Unidades, além de permitir uma visão mais ampliada e crítica sobre a 
organização dos serviços de saúde no Brasil, contexto no qual o gestor de tec-
nologia hospitalar irá atuar.
Vamos, então, mergulhar nessa linha do tempo, buscando entender um pouco 
mais desse universo tão vasto de informações no contexto da Saúde Pública.
Junte-se a nós e bons estudos!
Introdução
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HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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IIU N I D A D E48
ANTECEDENTES DO SUS
Para conhecer a história da saúde no Brasil precisamos entender um pouco da 
história do nosso país, já que os acontecimentos sociais, políticos e econômicos 
refletiram diretamente na construção da saúde pública. 
Como é de conhecimento de todos, em meados de 1500, a saúde retra-
tava a brutalidade imposta pela colonização portuguesa: abandono social 
do homem livre, extermínio de bandeirantes e civilizações indígenas, escra-
vidão dos negros africanos, os quais viviam em senzalas, sob tortura e sem 
condições mínimas de higiene.
As doenças, nesse período, eram vistas, muitas vezes, como castigos divinos 
pelo pecado do homem. Para o tratamento, as pessoas procuravam por feiticei-
ros, curandeiros, boticários e, também, pelas Casas de Saúde filantrópicas ligadas 
à Igreja Católica ou aos militares. Tudo isso custava dinheiro, logo, quem não 
podia pagar ficava sem assistência. A estratégia de controle adotada nessa época 
para as doenças pestilenciais, como lepra e varíola, era o confinamento, tratan-
do-se, portanto, de uma medicina de exclusão.
Antecedentes do Sus
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A partir do século XIX, com a vinda da família real ao Brasil, é que se começou 
a pensar em políticas públicas de saúde; afinal, era preciso uma estrutura sani-
tária mínima que pudesse dar suporte ao poder que se instalava na cidade do 
Rio de Janeiro (POLIGNANO, 2001).
Até meados de 1850, a saúde pública estava limitada às juntas municipais e 
ao controle de navios e saúde dos portos (BERTOLOZZI; GRECO, 1996).
Com a Proclamação da República, em 1889, o país adotou uma forma de orga-
nização capitalista. O período compreendido entre 1889 e 1930, denominando 
de Primeira República, foi marcado pelo surgimento das primeiras indústrias e 
investimento estrangeiro (BERTOLOZZI; GRECO, 1996).
Com a falta de um modelo sanitário, a saúde tornou-se caótica, caracterizada 
pelo predomínio de diversas doenças graves, como tuberculose, sífilis, varíola, 
febre amarela, entre outras. Tal situação gerou sérias consequências, tanto para a 
saúde coletiva quanto para o setor do comércio exterior, já que os navios estran-
geiros não queriam mais atracar no porto do Rio de Janeiro (POLIGNANO, 2001).
Nesse período, Rodrigues Alves, o atual presidente do Brasil, nomeou 
Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, com 
a finalidade de erradicar a epidemia da febre amarela. Assim, várias condu-
tas arbitrárias e que não haviam sido esclarecidas à população foram tomadas 
Você sabia que a lepra é uma das doenças mais antigas do mundo, mas que 
hoje tem tratamento e cura?
A lepra, também conhecida como hanseníase, é uma doença infecciosa, 
contagiosa, causada por uma bacilo chamado Mycobacterium leprae, o 
qual afeta nervos e pele. A transmissão se dá pelas vias aéreas, como 
secreções nasais, gotículas da fala, tosse e espirro de pacientes consi-
derados bacilíferos, ou seja, sem tratamento. Antigamente, as pessoas 
doentes ficavam nos leprosários, isoladas da sociedade. Hoje, todos os 
casos têm tratamento e cura. Os pacientes podem ser tratados gratuita-
mente no Sistema Único de Saúde. 
Fonte: Brasil (2008).
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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para combater o mosquito que transmite a doença, o que gerou insatisfação e 
revolta da população. Esse modelo de intervenção ficou conhecido como cam-
panhista (SINGER; CAMPO, 1978).
Somado a isso, em 1904, a Lei federal n° 1.261 instituiu a vacinação obrigatória 
anti-varíola para todo o território nacional, o que culminou com vários conflitos 
entre a população e as forças do governo (policiais e militares). Essa manifesta-
ção popular ficou conhecida como Revolta da Vacina (SINGER; CAMPO, 1978).
Mesmo permeado por abusos, o modelo campanhista obteve conquis-
tas no controle das epidemias, conseguindo, por exemplo, erradicar a febre 
amarela do Rio de Janeiro. Ainda nesse período, foi incorporado o registro 
demográfico que permitiu conhecer a população e suas necessidades, o labo-
ratório para auxiliar no diagnósticos das doenças e a fabricação de produtos 
profiláticos (BERTOLLI FILHO, 1996). 
Com a 1° Guerra Mundial (1914-1918), envolvendo as grandes potências do 
mundo, o Brasil sofreu consequências na sua economia, o que gerou desemprego, 
redução de salários e elevação do custo de vida. Atrelado a isso, as péssimas con-
dições de trabalho e a falta de direitos trabalhistas deram origem às greves gerais 
(BERTOLLI FILHO, 1996).
A partir de então, os trabalhadores passam a conquistar alguns direitos 
sociais que, a princípio, se relacionam apenas ao trabalho e depois abrangem a 
questão da saúde. 
Discutiremos esse assunto no próximo tópico!
O Processo de Construção do Sus 
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O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SUS 
Uma série de eventos, cujas datas serão apresentadas abaixo, contribuíram para 
a construção do SUS como a principal política pública de saúde do Brasil. 
Em 1923, foi criada a lei Eloy Chaves - que estabelece as Caixas de 
Aposentadoria e Pensões (CAPs) -, marco inicial da Previdência Social no Brasil. 
Tal lei visava garantir pensão aos trabalhadores em caso de algum acidente ou 
afastamento do trabalho

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