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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6584-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 8 4 4
Código Logístico
59181
Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o 
trabalho docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, 
com conteúdo e objetivos claros que garantam o processo de ensino-
-aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores e os 
alunos possam contar com o amparo e auxílio do pedagogo.
Com base em todas essas questões, é ressaltado, no decorrer dos 
capítulos deste livro, o papel do pedagogo – desde a educação infantil 
até o ensino médio –, buscando reflexões que possam enriquecer o 
significado da educação básica e sua qualidade.
PRISCILA CHUPIL
PR
ISC
ILA
 C
H
U
PIL
ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Organização didática 
da educação básica
Priscila Chupil
IESDE
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: karen roach/Evgeny Karandaev/Shutterstock
envatoelements
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C487o
Chupil, Priscila
Organização didática da educação básica / Priscila Chupil. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
88 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6584-4
1. Ensino - Metodologia. 2. Prática de ensino. 3. Educação pré-escolar. 
I. Título.
19-61713 CDD: 371.3
CDU: 37.026
Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em 
Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro 
Universitário Internacional (Uninter). Professora 
no ensino superior, ministrando as disciplinas de 
Didática e Gestão Escolar. Atua também como 
psicopedagoga clínica.
SUMÁRIO
1 O trabalho do pedagogo na educação infantil 9
1.1 Características das crianças da educação infantil 10
1.2 A educação infantil e sua função social 17
1.3 Múltiplos papéis do pedagogo na educação infantil 20
2 Organização didática na educação infantil 23
2.1 Planejamento e práticas educativas 24
2.2 A metodologia no ensino de crianças pequenas 28
2.3 Avaliação na educação infantil 31
3 Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37
3.1 Processo de transição e adaptação para o ensino fundamental 37
3.2 Identidade do pedagogo nos anos iniciais do ensino 
 fundamental 40
3.3 Planejamento com os professores 44
3.4 Métodos e metodologia para enriquecer o trabalho docente 46
3.5 Orientações para avaliação 52
4 Organização didática do ensino fundamental – anos finais 56
4.1 Da infância para a adolescência 56
4.2 O papel do pedagogo nos anos finais do ensino fundamental 59
4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos 61
4.4 Como avaliar? 63
5 Desafios do pedagogo no ensino médio 67
5.1 A idade da pressão 67
5.2 A formação continuada do professor para além da sua 
 especialização 70
5.3 O papel do pedagogo no ensino médio e na educação 
 profissional 73
6 Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77
6.1 Envolvendo os professores e os alunos no aprendizado 77
6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem 80
6.3 A escola e as novas exigências da sociedade contemporânea 83
7 Gabarito 85
APRESENTAÇÃO
Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o trabalho 
docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, com conteúdo 
e objetivos claros que garantam o processo de ensino-aprendizagem. Além 
disso, é fundamental que os professores e os alunos possam contar com o 
amparo e auxílio do pedagogo.
Nesse viés, no primeiro capítulo, discorremos sobre o trabalho do 
pedagogo na educação infantil, reconhecendo inicialmente as características 
das crianças nessa faixa etária, a função social dessa etapa da educação, bem 
como o papel do pedagogo nessa fase.
No segundo capítulo, tratamos da organização didática na educação 
infantil em que, pautados nos conhecimentos do Capítulo 1, será possível 
visualizar os planejamentos e práticas educativas, bem como metodologias e 
a avaliação pertinente à criança pequena.
O terceiro capítulo propõe reflexões sobre a organização didática no ensino 
fundamental – anos iniciais. Em especial, esse capítulo trata inicialmente da 
transição entre a educação infantil e o ensino fundamental – anos iniciais e 
suas implicações. Além dessa questão, é abordado o reconhecimento do papel 
do pedagogo nesse nível, assim como sua atuação frente ao planejamento 
dos professores, com metodologias que possam enriquecer o trabalho em 
sala de aula e a avaliação.
Ainda a respeito do ensino fundamental, o quarto capítulo tratará dos 
anos finais. Iniciamos com uma reflexão sobre o processo de transição entre a 
infância e a adolescência. Veremos também o papel do pedagogo, bem como 
sua atuação com os alunos e professores dessa etapa, fora de sala de aula.
No quinto capítulo, tratamos os desafios do pedagogo no ensino médio. 
Inicialmente, refletimos sobre a idade típica do ensino médio, suas características 
e desafios. Nesse contexto, surgem novos desafios para o pedagogo e para o 
professor, que vão além de sua formação inicial. Tratar dessas questões e do 
papel do pedagogo no ensino médio é uma questão necessária.
No último capítulo, abordamos a organização didática do ensino médio e da 
educação profissional, assim como o envolvimento efetivo entre professores, 
alunos e pedagogo nesse processo. Será ressaltada a necessidade de 
reflexão sobre novas metodologias e projetos interdisciplinares que atinjam a 
abrangência de exigências do aluno nessa faixa etária, voltadas a sua formação 
para os vestibulares e o Enem.
Com base em todas essas discussões, será ressaltado, no decorrer 
dos capítulos, o papel do pedagogo na educação básica, do início ao fim, 
buscando reflexões que possam enriquecer o significado da educação básica 
e sua qualidade.
Bons estudos!
O trabalho do pedagogo na educação infantil 9
O trabalho do pedagogo na educação básica, em todos os 
seus aspectos, seja em sala de aula ou no acompanhamento de 
todos os processos dentro da escola, requer muita organização, 
além de direcionamento e clareza. Isso é oportunizado pela for-
mação pedagógica.
Dessa forma, o pedagogo pode assumir o trabalho em sala de 
aula como professor, desde a educação infantil até o quinto ano 
do ensino fundamental, ou como gestor, coordenador e orienta-
dor no ensino fundamental anos finais e ensino médio, acompa-
nhando, assim, o trabalho dos demais professores.
Diante da complexidade que envolve todos esses níveis, inicial-
mente, é preciso compreender o trabalho do pedagogo no nível que 
é base de desenvolvimento de todos os outros: a educação infantil.
Organizar os processos didáticos nessa fase escolar é um gran-
de e prazeroso desafio. Essa organização tem por responsabilida-
de o desenvolvimento humano, em que cada processo tem um 
valor imensurável, especificidades únicas, e necessita de um cui-
dado especial.
Mas o que torna esse momento tão importante? Que caracte-
rísticas correspondem ao universo infantil da criança entre zero e 
cinco anos? Para compreender melhor algumas questões iniciais, 
vamos tratar, neste capítulo, da função social desse primeiro con-
tato da criança com a escola, o qual é determinante para todo o 
seu desenvolvimento escolar.
Trataremos também das características das crianças da educa-
ção infantil, conhecimento fundamental para que o professor pos-
sa organizar, planejar e executar suas aulas. Vamos lá?
O trabalho do pedagogo 
na educação infantil
1
10 Organização didática da educação básica
Estágio sensório-motor: compreende o primeiro estágio do desenvolvimento,desde 
o nascimento até, aproximadamente, os dois anos de idade. Nesse estágio, a criança 
começa a identificar o ambiente à sua volta, ou seja, suas capacidades sensoriais estão 
sensíveis a essas novas descobertas e prontas para recebê-las. Além de compreender 
esse meio, a criança começa a agir sobre ele, onde sua percepção atua na identificação 
inicial do que é imediatamente percebido pelos seus sentidos.
1.1 Características das crianças 
da educação infantil Videoaula
Ao pensarmos nas características da criança de educação infan-
til e identificarmos a fase que se estende até os cinco anos de idade, 
deparamo-nos com um mundo cheio de descobertas e novas possibi-
lidades que sustentam a base para o desenvolvimento integral do ser 
humano, ou seja, frente aos aspectos cognitivos, emocionais, sociais e 
motores. A criança é um todo integrado, composto por esses aspectos, 
que geram seu desenvolvimento e aprendizagem.
Muitas pesquisas em relação ao desenvolvimento infantil foram e 
são realizadas. Dentre os autores que trouxeram contribuições para 
que hoje possamos compreender a relevância dessa fase, estão Piaget, 
Vygotsky e Wallon. Recentemente, outros autores trouxeram conheci-
mentos voltados ao desenvolvimento motor como um dos pontos prin-
cipais nesse processo de evolução. 
Outra área que muito tem contribuído para o entendimento do ser 
humano é a neurociência, que busca, na compreensão do cérebro, no-
vas descobertas voltadas ao desenvolvimento e à aprendizagem. Va-
mos, então, conhecer um pouco sobre cada uma dessas contribuições. 
Iniciaremos por Piaget, que acredita na aprendizagem como uma 
“interpretação pessoal do mundo, ou seja, é uma atividade individuali-
zada, um processo ativo no qual o significado é desenvolvido com base 
em experiências” (MOREIRA, 1995, p. 34). Para ele, essas experiências 
são vivenciadas ao longo da primeira infância, em que o desenvolvi-
mento infantil ocorre em quatro estágios (MOREIRA,1995).
O trabalho do pedagogo na educação infantil 11
Esse momento proporciona ao professor a possibilidade de traba-
lhar diversos estímulos referentes aos cinco sentidos: tato, visão, olfa-
to, paladar e gustação. A partir do momento em que a criança começa a 
compreender o mundo por meio desses sentidos, consequentemente, 
a aquisição da aprendizagem será melhor.
Estágio pré-operacional: inicia-se aproximadamente aos dois anos de idade e estende-
-se até os seis ou sete anos. A principal característica a ser desenvolvida nesse momento 
é a capacidade simbólica e o desenvolvimento da linguagem. Essas transformações 
ocorrem no decorrer desse estágio, que deve ser o marco dos estímulos relacionados 
à fala e aos materiais que compõem os espaços por elas vivenciados. Nesse estágio, 
encontram-se as crianças de educação infantil, que já estão em fase de preparação para 
o ingresso no ensino fundamental.
Nessa fase, graças ao início de uma capacidade maior de abstração, 
a criança começa a interagir com o mundo da leitura e da escrita. Por 
tratar-se de estágio de transição, é importante lembrar que as ativida-
des lúdicas e concretas ainda se fazem necessárias.
Estágio das operações concretas: ocorre dos seis aos doze anos, aproximadamente. Está-
gio em que a criança se torna apta a manipular mentalmente os símbolos internos que 
construiu durante o período sensório-motor.
Nesse estágio, agora com a capacidade de abstração mais desen-
volvida, surge a necessidade de estimular ainda mais a autonomia de 
pensamento e trabalho com regras e grupos.
Estágio operatório formal: inicia-se a partir dos onze anos. Nesse estágio, a criança 
já possui capacidade de pensar abstratamente, criar hipóteses, observar, relacionar 
e finalizar.
12 Organização didática da educação básica
Nessa fase, a criança está com várias funções cognitivas já maduras, 
porém os estímulos e desafios devem sempre fazer parte das aulas e 
dos projetos em sala.
Figura 1
Os quatro estágios de desenvolvimento segundo Piaget
IE
SD
E 
Br
as
il 
S/
A
0 a 2 anos – Sensório-motor 2 a 7 anos – Pré-operacional
7 a 11 anos – 
Operações concretas 11 em diante – Operatório formal
O trabalho do pedagogo na educação infantil 13
Compreendidas as fases que, para Piaget, marcam o desenvol-
vimento infantil, podemos perceber que a criança, na educação 
infantil, se encontra no estágio sensório-motor e pré-operacional. 
Por isso, é essencial que o pedagogo conheça e compreenda as 
possibilidades e os limites do trabalho efetivo com as crianças 
nessas fases.
Os aspectos emocionais e sociais também fazem parte de todo 
esse contexto de desenvolvimento. Associada a eles, surge a afe-
tividade, considerada por Piaget como a parte responsável pelo 
desenvolvimento da inteligência na infância e por propiciar cons-
tantes interações (PIAGET, 2001). Esta, para o autor, é entendida 
em dois aspectos:
 • A afetividade estimula, acelera e perturba as operações da 
inteligência, ou seja, causa um movimento em suas ações 
que a levam a desenvolver novas experiências.
 • A afetividade ajuda nas construções das estruturas cogniti-
vas, pois, ao viver novas experiências, interage, constrói, re-
solve problemas e busca soluções para diferentes situações.
Para o autor, a afetividade pode provocar modificações nas 
estruturas de desenvolvimento da inteligência, porém “não pode 
nem produzir nem modificar as estruturas” (PIAGET, 2001, p. 103). 
Ainda, em sua perspectiva, o desenvolvimento psicológico é en-
tendido como único, pois, durante toda a vida, existe uma relação 
entre as construções afetivas e cognitivas.
Henri Wallon também contribui fortemente para o entendi-
mento do desenvolvimento infantil. Seu trabalho sobre o tema 
foi baseado no estudo das personalidades em cada faixa etária 
e contemplou aspectos da motricidade e da inteligência. Ele con-
sidera cinco estágios principais do desenvolvimento da criança , 
sendo os três primeiros parte da educação infantil (WALLON apud 
CARDOSO, 2015). São eles:
14 Organização didática da educação básica
Impulsivo emocional (0 a 3 me-
ses/3 meses a 1 ano): trata-se do 
período em que os bebês estão 
desenvolvendo as condições 
sensório-motoras, como olhar e 
pegar, explorando o ambiente e 
as relações emocionais que ele 
traz. O bebê começa sua desco-
berta do mundo e de si próprio. 
É a fase em que o pedagogo 
tem as melhores oportunidades 
de desenvolver sentidos, como 
o tato, a visão, entre outros, que 
constituirão a base para os de-
mais desenvolvimentos ao longo 
de cada estágio.
Personalismo: divide-se em três 
etapas: crise de oposição (3 a 
4 anos), idade da graça (4 a 5 
anos) e imitação (5 a 6 anos). 
Nesse estágio, o que prevalece, 
de maneira geral, é a construção 
das relações afetivas, a cons-
trução de si. Contudo, a criança 
ainda não consegue desenvolver 
a empatia, ou seja, ela ainda não 
consegue se colocar no lugar do 
outro. Suas vontades imperam e, 
por isso, o entendimento do con-
vívio e das relações começa a ser 
um desafio e a ganhar sentido.
Sensório-motor e projetivo (1 ano 
a 18 meses/3 anos): trata-se de 
quando a criança começa a explorar 
o ambiente em que está inserida 
nos aspectos físicos e a simbolizar, 
conseguindo reconhecer certos 
objetos apenas pronunciando o 
nome, não havendo necessidade de 
possuir ou tocar o objeto concreto. 
Além disso, predominam aspec-
tos referentes à cognição, já que a 
criança compreende comandos, co-
meça a conceber a diferença entre o 
sim e o não, imita ações e reproduz 
o que o adulto solicita, iniciando 
o desenvolvimento de memória e 
atenção com pequenas brincadeiras 
e descobertas cotidianas.
0 a 1 ano 
Impulsivo 
Emocional
1 a 3 anos 
Sensório-motor 
e Projetivo
3 a 6 anos 
Personalismo
O trabalho do pedagogo na educação infantil 15
Categorial (6 a 11 anos): estágio 
mais voltado para o desenvol-
vimento cognitivo em si, pois 
a criança está em processo de 
alfabetização. Lembrando que 
esse processo se estende por 
todo o ensino fundamental, no 
sentido de aprimorara escrita 
ano a ano. A capacidade cogniti-
va e de abstração estão em pleno 
desenvolvimento.
Ie
sd
e 
Br
as
il 
S/
A
Adolescência (a partir de 11 
anos): nesse estágio, a pessoa, 
agora adolescente, está desen-
volvendo os valores morais e 
pessoais. O que mais predomina 
nessa idade é a afetividade, pois 
se estabelecem fortes relações 
sociais e, principalmente, há a 
necessidade de se posicionar no 
mundo, colocar suas ideias e ser 
aceito socialmente.
3 a 6 anos 
Personalismo
6 a 11 anos 
Pensamento 
Categorial
11 em diante 
Puberdade e 
Adolescência
16 Organização didática da educação básica
Desse modo, por meio das diferentes concepções voltadas às fases 
do desenvolvimento infantil, percebemos que, desde o nascimento, a 
criança passa por momentos intensos de transformação e que são pre-
dominantes em seu desenvolvimento.
Na educação infantil, além dos conhecimentos sobre as fases do 
desenvolvimento e a importância da afetividade, outro fator de extre-
ma relevância é o desenvolvimento motor, que é marcado pelo aper-
feiçoamento das habilidades de locomoção e pela ampliação dessas 
possibilidades. Dentro dessas habilidades, temos aquelas relacionadas 
ao desenvolvimento motor amplo, como correr, saltar, pular em um 
pé só, pedalar, entre outras, e ao desenvolvimento motor fino, como 
o movimento de pinça – essencial para a escrita.
Tais conhecimentos nos trazem uma visão ampla sobre as caracte-
rísticas das crianças e o seu desenvolvimento. Porém, recentemente, a 
neurociência trouxe novas contribuições, que complementam o papel 
do pedagogo frente ao trabalho com o desenvolvimento infantil e nos 
fazem refletir ainda mais sobre o assunto.
Todas as funções desenvolvidas nos aspectos citados anteriormen-
te estão diretamente ligadas ao sistema nervoso. Este desempenha vá-
rios papeis que fazem parte do controle do organismo. Normalmente, 
as atividades rápidas do organismo são controladas pelo sistema ner-
voso, como as contrações musculares e os fenômenos viscerais que se 
modificam depressa.
O sistema nervoso recebe milhares de estímulos a partir das infor-
mações de diferentes órgãos sensoriais. Na sequência, abrange todas 
elas para designar a resposta a ser realizada pelo organismo. Se não 
fossem os bilhões de células que formam o sistema nervoso, não seria 
possível termos a capacidade sensitiva, tão importante durante toda a 
vida, que começa a se desenvolver logo na primeira infância – no perío-
do sensório-motor.
Portanto, para entender o mecanismo de aprender, é preciso saber 
um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso central, o orga-
nizador dos nossos comportamentos:
Cada tipo de habilidade ou comportamento pode ser bem rela-
cionado a certas áreas do cérebro em particular. Assim, há áreas 
habilitadas a interpretar estímulos que levam à percepção visual 
O trabalho do pedagogo na educação infantil 17
e auditiva, à compreensão e à capacidade linguística, à cognição, 
ao planejamento de ações futuras, inclusive movimento, e assim 
por diante. (RELVAS, 2010, p. 14)
Sendo assim, o desenvolvimento humano é algo extraordinário e 
complexo, desde o nascimento. Nesse âmbito, o pedagogo é o entende-
dor principal desse desenvolvimento, levando em consideração todos 
os fatores que envolvem a aprendizagem, seu maior campo de atuação.
Compreender as características do desenvolvimento da criança de 
educação infantil e como ela aprende leva o pedagogo a tornar seu 
trabalho em sala de aula mais concreto e significativo, planejando aulas 
de acordo com a capacidade cognitiva da criança e promovendo evolu-
ções constantes em seu desenvolvimento.
Não podemos esquecer que a educação infantil possui uma grande 
função no desenvolvimento, em seus mais diferentes aspectos – afeti-
vo, cognitivo, motor –, e uma função social de grande relevância para a 
formação do cidadão.
1.2 A educação infantil e sua função social 
Videoaula Para compreender os aspectos específicos relacionados à educação 
infantil e, assim, atribuir sentido à sua função social, vamos inicialmente 
tratar da concepção de infância. Podemos nos basear, inicialmente, no 
texto do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
A concepção de criança é uma noção historicamente construída 
e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não 
se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior 
de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por 
exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras 
de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe 
social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. 
(BRASIL, 1998, p. 21)
Esse reconhecimento do ser individual se inicia na educação infantil, 
que é o momento em que a criança tem o primeiro contato com o am-
biente escolar. Nesse instante, ela traz para si a responsabilidade de que 
a apresentação a esse novo mundo, agora fora do ambiente familiar, 
seja repleta de boas experiências e riqueza de novos conhecimentos.
18 Organização didática da educação básica
Sabe-se que a criança de hoje não é a mesma de antigamente. Em 
todo o mundo, a infância não é tida como um padrão único e imutá-
vel. Tal como todos os aspectos sociais que nos rodeiam, ela também 
sofre mudanças.
Você faz parte do processo social e humano de constante trans-
formação. Essa transformação chega também ao ambiente escolar; à 
construção de novos sujeitos, que, hoje, habitam diferentes configu-
rações de organização familiar, participam das diferentes práticas de 
criação dos filhos e da divisão de tarefas; e aos papéis que modificam 
a criação da criança pequena e, consequentemente, tornam cada vez 
mais coletiva a responsabilidade sobre sua educação e seu cuidado.
Não podemos deixar de atribuir ainda mais valor e respeito à identi-
dade da educação infantil para o desenvolvimento da criança, além de 
repensar constantemente a ação pedagógica que nela é aplicada.
Essa ação pedagógica deve ter o objetivo de desenvolver as habili-
dades cognitivas, motoras, emocionais e afetivas da criança, a fim de 
formá-la e torná-la uma pessoa capaz de identificar suas próprias indi-
vidualidades e de atuar coletivamente. Nesse sentido, incentiva-se as 
habilidades socioemocionais, que são as competências que podem ser 
ensinadas, praticadas e aprendidas tanto na escola quanto em casa, 
por meio de diversas atividades, e que são consideradas a base do de-
senvolvimento humano.
Dentro desse contexto de relevância social e cognitiva, devemos ter 
claro, ainda, que a educação infantil desempenha um trabalho preven-
tivo quanto a dificuldades de aprendizagem, pois proporciona o supor-
te necessário para que as demais aprendizagens ocorram durante a 
vida escolar.
A responsabilidade da educação infantil é muito grande. Por esse 
motivo, é preciso pensar seriamente sobre as possibilidades de atua-
ção, mediando os estímulos que serão oferecidos à criança em seu 
crescimento por meio de um processo evolutivo, visando atingir o mais 
amplo desenvolvimento biopsicossocial 1
O desenvolvimento biopsicosso-
cial considera todos os âmbitos 
do desenvolvimento: o biológi-
co, o psicológico e o social.
1
. A banalização ou a subvalo-
rização de sinais que apontam para o desenvolvimento infantil podem 
adiar a tomada de decisão em oferecer à criança os atendimentos ne-
cessários, trazendo prejuízos na aprendizagem escolar e no desenvol-
vimento biopsicossocial da criança (AYRES, 2012).
O livro Educação Infantil: 
teoria e práticas para 
uma proposta pedagó-
gica trata de questões 
amplas sobre a função 
da educação infantil no 
desenvolvimento da 
criança, além de trazer 
exemplos de como essa 
prática deve acontecer de 
forma significativa.
AYRES, S. N. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2012.
Livros
O trabalho do pedagogo na educação infantil 19
Além disso, os pedagogos precisam ter a consciência de que o tra-
balho com a realidade sociocultural que a educação infantil requer está 
diretamente ligado ao ato de educar e de cuidar.
Apesarde sentidos distintos, educar e cuidar são premissas para a 
educação infantil, pois segundo o RCNEI:
Educar é propiciar situações de cuidados, brincadeiras e apren-
dizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir 
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação 
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude de 
aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos co-
nhecimentos mais amplos da realidade cultural e social. (BRASIL, 
1998, p. 23)
Assim, o ato de educar envolve questões de maneira direcionada, 
com a intencionalidade que um objetivo deve ser alcançado. Precisa 
ser pensado em prol da faixa etária das crianças a serem atendidas 
e que desenvolvam questões necessárias para seu desenvolvimento, 
sejam elas cognitivas, afetivas ou sociais.
Contudo, na educação infantil, além de educar é necessário tam-
bém cuidar, o que o RCNEI define do seguinte modo:
Cuidar significa a base do cuidado humano, é compreender como 
ajudar o outro a desenvolver como ser humano. Cuidar significa 
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um 
ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão 
expressiva em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24)
Dessa forma, cuidar representa uma necessidade primária do ser 
humano para que ele possa se desenvolver. Por meio das relações 
estabelecidas, cuidar se torna parte até mesmo de uma necessidade. 
Quando tratamos de educação infantil, esse cuidado, muitas vezes, 
também é efetivo frente à dependência que crianças menores ainda 
apresentam. Por isso, cuidar e educar caminham juntos nessa cons-
trução social e humana da criança na educação infantil, suprindo suas 
necessidades básicas e agindo com intencionalidade no seu desenvol-
vimento cognitivo, afetivo, motor e social.
Por conta de todos esses aspectos e pela relevância destacada des-
se período do desenvolvimento infantil, cada vez mais os professores e 
a sociedade podem visualizar a educação infantil como a base de sus-
tentação para toda a vida escolar e social das crianças. Trata-se de um 
período único e de extrema importância em suas vidas.
20 Organização didática da educação básica
1.3 Múltiplos papéis do pedagogo 
na educação infantil Videoaula
Assim como em todos os níveis de ensino, na educação infantil são 
vários os papéis assumidos pelo pedagogo. Porém, o que se diferencia 
nesse nível é a delicadeza do momento, no sentido de compreender fa-
tores de adaptação diferentes dos demais níveis de construção de base 
e desenvolvimento específico, que marcarão toda a vida escolar do alu-
no. Por isso, inicialmente, entende-se que seu papel principal é enten-
der o que representa essa fase cognitiva e de desenvolvimento infantil, 
assim como suas fases e os principais momentos em que cabem os 
estímulos necessários para um desenvolvimento amplo e efetivo.
Dessa forma, entende-se que o pedagogo que trabalha com a edu-
cação infantil assume o papel de mediador do conhecimento, criando 
oportunidades de desenvolver pensamento, imaginação, criatividade e 
proporcionado integração social, refletindo constantemente sobre sua 
ação frente a esses processos.
De acordo com o conceito de ação docente, a profissão de edu-
cador é uma prática social. Como tantas outras, é uma forma de 
se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação 
que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensi-
no. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo prática e 
ação. (PIMENTA; LIMA, 2008, p. 41)
Para que esse processo ocorra, o pedagogo deve utilizar sua base 
teórica de conhecimento, a fim de elaborar práticas que alcancem as 
necessidades da idade no contexto da educação infantil. Essas práticas 
compreendem desde o ato de brincar até o investimento de rotinas 
com intencionalidades diferenciadas, proporcionando adequações du-
rante o planejamento para que os projetos possam ser desenvolvidos 
de forma significativa para a criança, contemplando, assim, as mais va-
riadas dificuldades.
Além de educar, o professor também precisa ter cuidado e zelo pela 
criança. Ele deve realizar tais atividades de maneira simultânea e inte-
grada. Esse cuidado envolve, também, acompanhar e orientar a família, 
que precisa estar presente no desenvolvimento da criança e incorpora-
da a essa responsabilidade. Pedagogo, aluno e família devem caminhar 
rumo ao melhor desenvolvimento da criança.
Baseado em uma história 
real, Escritores da Liberda-
de narra os desafios en-
frentados pela professora 
Erin Gruwell ao perceber 
que os problemas da es-
cola são provenientes da 
comunidade e que eles 
começam a agir sobre 
ela também. Esse filme 
demonstra a importância 
e o potencial da formação 
humana e as influências 
do professor sobre ela, 
reforçando os múltiplos 
papéis do pedagogo/
professor.
Direção: Richard LaGravenese. EUA: 
Paramount Pictures, 2007.
Filme
O trabalho do pedagogo na educação infantil 21
Essa é uma das maiores peculiaridades da educação infantil, uma 
vez que o desenvolvimento do trabalho necessita efetivamente do 
cumprimento de todos esses personagens: escola, família e aluno. Por 
ser pequena, a criança ainda se apresenta dependente em muitos as-
pectos, que se tornam parte integrante das responsabilidades da famí-
lia e da escola ao ingressar na vida escolar.
Assim, na educação, consideramos múltiplos os papéis do peda-
gogo, que são visualizados em dois aspectos: enquanto professor e 
enquanto pedagogo. Dentre as características que mais contemplam 
esse profissional, estão: conhecer a criança; planejar as atividades de 
acordo com sua faixa etária; contemplar e respeitar cada momento do 
seu desenvolvimento; e proporcionar relação saudável e próxima com 
as famílias e demais envolvidos no trabalho pedagógico.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Compreender quem é a criança que está na educação infantil e a fun-
ção e a importância dessa fase escolar no desenvolvimento humano são 
questões fundamentais. Durante o planejamento das aulas, o pedagogo, na 
função de professor desse nível ou de coordenador pedagógico, deve ter 
clareza dessa importância, fazendo uso de metodologias que respeitem os 
aspectos emocionais da criança e da sua faixa etária.
Subestimar a capacidade infantil com metodologias ineficazes pode ser 
prejudicial ao progresso da criança. Por isso, é importante sempre plane-
jar as aulas tendo em vista as fases do desenvolvimento infantil estudadas 
neste capítulo.
Assim, cabe ao pedagogo a responsabilidade de, ao atuar como do-
cente ou coordenador da educação infantil, conhecer as características 
e capacidades cognitivas da criança, para, então, propor uma atuação 
significativa.
ATIVIDADES
1. Sabemos que, atualmente, o estímulo às habilidades é essencial para a 
formação completa da criança. Com base nisso, escreva o significado de 
habilidades socioemocionais e argumente o porquê de sua importância.
22 Organização didática da educação básica
2. Sabendo que o período sensório-motor e o período pré-operacional 
correspondem às fases em que a criança está na educação 
infantil, como as características desses períodos determinam o 
desenvolvimento da criança?
3. Na educação infantil, o pedagogo deve se preocupar com o ato de 
educar seus alunos, mas também deve se preocupar com o ato de 
cuidar. Comente a relação entre esses dois fatores: cuidar e educar.
REFERÊNCIAS
AYRES, S. N. Educação Infantil. Teoria e práticas para uma proposta pedagógica. Petrópolis, 
RJ: Vozes, 2012.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para 
Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC, 1998. Disponível em: https://www.novaconcursos.
com.br/blog/pdf/referencial-curricular-nacional-educacao-infantil-pref-limeira-sp.pdf. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
CARDOSO, M. G. Importância da Afetividade na Educação Infantil. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Universidade Estadual da 
Paraíba, Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/10463/1/PDF%20-%20Michelle%20Gertrudes%20Cardoso.pdf. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagens. São Paulo: EPU, 1995.
PIAGET, J. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2001.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2008.
RELVAS, M. P. Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros humanos em sala de 
aula. Rio de Janeiro: WAK, 2010.
Organização didática na educação infantil 23
Além de um ato complexo, o trabalho com crianças da educação 
infantil é um ato de grande amor, responsabilidade e organização, 
pois, a cada ação, o pedagogo necessita de intencionalidade e de 
planejamento frente ao que será executado. Para isso, iremos 
refletir sobre a organização didática necessária ao trabalho na 
educação infantil.
Inicialmente, o planejamento e as práticas educativas são 
os grandes momentos nos quais o pedagogo irá pensar sobre 
as mais amplas questões que envolvem a tomada de decisões 
sobre os processos educacionais em sala de aula. Para optar 
pela prática ou metodologia mais adequada, o planejamento 
das aulas perpassa por preocupações voltadas à faixa etária da 
criança e, consequentemente, pelas suas capacidades cognitivas 
e pelas condições do espaço de atuação; ou seja, os recursos 
que a escola disponibiliza. Paralelamente, o pedagogo deve se 
preocupar com sua formação continuada e a busca por novas 
possibilidades metodológicas.
A partir dessa preocupação inicial, é necessário, também, 
refletirmos sobre a continuidade e a verificação desse processo, ou 
seja, os resultados a serem avaliados. Precisamos nos perguntar: 
a aula, ou o projeto, alcançou os objetivos propostos? Atingiu 
os alunos a ponto de contribuir com novos conhecimentos e 
sistematizá-los? A avaliação também serve para o próprio pedagogo 
rever sua prática e repensar possíveis melhorias nesse processo.
Organização didática 
na educação infantil 
2
24 Organização didática da educação básica
Cada um desses elementos ganha proporção teórica 
e direcionamento legal, uma vez pautados no Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse 
documento trata justamente das referências base para todo o 
desenvolvimento do trabalho na educação, sua significância e 
cuidados em cada momento.
Então, vamos refletir mais a fundo sobre essas questões?
2.1 Planejamento e práticas educativas 
Videoaula O ato de planejar faz parte da atividade humana. Planejamos nosso 
dia, nossas férias, o quanto economizaremos para trocar de carro etc. 
O planejamento está em nossas vidas nas formas mais amplas e, até 
mesmo, nas atividades mais simples, como o que cozinhar para o jantar 
ou que caminho seguir para chegar ao trabalho de maneira mais rápi-
da; enfim, planejamos constantemente.
Esse mesmo planejamento que faz parte do nosso dia a dia também 
ocorre no ambiente de trabalho, independentemente da profissão. No 
entanto, ao pensarmos especificamente sobre as atividades desenvol-
vidas em sala de aula, o planejamento certamente se torna o principal 
aspecto que as move, pois também é o ponto de partida para que os pro-
cessos curriculares, cognitivos e organizacionais ocorram efetivamente.
Algumas escolas organizam reuniões pedagógicas no início e duran-
te o ano letivo, nas quais planejam suas ações anuais, e os professores, 
por sua vez, organizam suas práticas e como elas irão ocorrer a cada 
momento: os eventos, as avaliações, as tarefas, a metodologia a ser 
utilizada e o material didático, isto é, o dia a dia em sala de aula.
Já o trabalho desenvolvido pelo pedagogo na educação infantil 
deve ser seguido de intencionalidade, objetivos e recursos que tornem 
essas práticas significativas. Nesse sentido, o que irá assegurar, em boa 
parte, o sucesso dessas ações é a formação de pedagogos cientes da 
importância de suas práticas.
É preciso formar os professores em sua prática docente diária e ins-
truí-los quanto ao saber prático, como profissionais da educação, em 
Organização didática na educação infantil 25
relação ao conjunto de recursos didáticos que podem ser usados no 
exercício da docência (JULIATTO, 2013). É uma exigência dos alunos que 
os profissionais do magistério exerçam a atividade com responsabilida-
de e competência. Assim sendo, a docência é um trabalho fundamental 
prestado à coletividade, uma vez que dela decorrem consequências im-
portantes, que podem ser boas ou más.
A partir dessa reflexão sobre a relevância da prática docente, 
entendendo o planejamento como um dos principais pontos a serem 
tratados, ele não deve ser considerado algo simples e óbvio, mas, sim, 
ser visto com a delicadeza que o trabalho do professor requer, pois, 
dessa forma, renderá bons frutos de modo organizado, estruturado, 
eficiente e prazeroso, tanto para o pedagogo como para o aluno.
Para que esse alinhamento ocorra, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz eixos 
norteadores que indicam o trabalho a ser desenvolvido para um ensino 
de qualidade nessa etapa e que, por isso, devem fazer parte do plane-
jamento do professor:
 • O primeiro deles trata de identidade e autonomia. Esse eixo 
ressalta a importância de despertar na criança o sentimento de 
ser único, conhecendo suas qualidades e potenciais. Entendemos 
que, a partir do momento em que o aluno conhece e compreen-
de a si mesmo, consequentemente as relações com os demais 
será mais saudável e produtiva.
 • A matemática refere-se ao desenvolvimento, desde cedo, do 
raciocínio lógico e do raciocínio matemático, que formam a base 
para toda a sequência de entendimentos da criança nos anos 
posteriores relativos a esses temas e para a busca de solução 
de problemas.
 • Natureza e sociedade trazem todas as discussões de mundo, 
envolvendo conhecimentos de história, geografia e ciências de 
maneira integrada. Em seu planejamento, o professor deve levar 
a criança a se sentir como parte do meio em que vive e, automa-
ticamente, responsável por ele.
 • O trabalho com a música é outro fator importante, visto que esse 
conhecimento, desde o início, proporciona grandes benefícios ao 
desenvolvimento neuronal e à criatividade.
 • O movimento vem, também, como aspecto relevante, pois, na 
educação infantil, o desenvolvimento motor está em um dos seus 
períodos mais evidentes. Tanto a motricidade ampla (como correr, 
O livro Planejamento na Sala de 
aula traz, de maneira objetiva, 
aspectos importantes e que 
devem ser considerados pelo 
professor ao planejar e executar 
suas aulas. Trata, também, da 
relação tão importante entre 
planejamento e avaliação.
GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. 4. ed. São 
Paulo: Vozes, 2010.
Livro
26 Organização didática da educação básica
saltar, organizar-se no espaço) quanto a motricidade fina (movi-
mentos de escrita) são elementos de extrema importância e que 
devem, portanto, ser contemplados no planejamento do professor.
 • Diretamente ligada à motricidade está a linguagem oral e escri-
ta. O movimento da escrita e a expressão corporal possuem uma 
forte ligação com os pré-requisitos para a alfabetização, que virá 
nos anos posteriores. Essa ligação se dá ao fato de que a criança, 
inicialmente, por meio de suas expressões corporais, desenvolve 
a sua linguagem, a qual, quando bem estabelecida, abre cami-
nhos para que seja feito o seu registro no papel.
 • O trabalho com as artes visuais é outro fator que deve ser con-
siderado, pois contribui para o desenvolvimento das habilidades 
motoras e desenvolve a criatividade e o conhecimento de ele-
mentos, tais como cores, formas e texturas, que levam a criança 
a essa identificação de mundo, tão necessária nessa fase.
Além desses eixos, podemos falar em princípios e valores como 
algo importante nessa etapa, para um ensino de qualidade. Eles de-
vem ser inseridos no cotidiano das aulas do professor, pois a fase de 
zero a seis anos é uma época em que a socialização, o convívio com os 
demais, o entendimento e a aceitação de regras começam a ser desen-
volvidos gradativamente.Considerando esses eixos, devemos analisar quais fatores envol-
vem o ato de planejar na educação infantil. Desse modo, o número de 
alunos em sala, inicialmente, é um fator de extrema importância ao se 
pensar em um planejamento para uma aula ou, ainda, para um ano 
letivo. Assim, pensar e elaborar a prática a partir do número de alunos 
seria, até mesmo, o ponto principal desse planejamento.
As turmas de educação infantil, no geral, apresentam um número 
reduzido de alunos em comparação às do ensino fundamental. Mesmo 
com esse diferencial, faz parte da prática do pedagogo considerar o 
número de alunos em sala para a concretização do que se imaginou.
Identificado o espaço a ser trabalhado, os recursos disponíveis a 
serem utilizados e as possibilidades de realização, conforme a quanti-
dade de alunos, outro fator essencial para o planejamento adequado 
do professor é conhecer a faixa etária dos alunos e o que cada uma de-
las significa. Afinal, as características das crianças em suas respectivas 
Organização didática na educação infantil 27
idades e as fases de desenvolvimento interferem no planejamento do 
professor, que deve preparar atividades viáveis para essas realidades.
Além de o professor conhecer e aprofundar seus conhecimentos 
sobre as fases do desenvolvimento infantil, ele deve também tomar 
cuidado para que o planejamento e o direcionamento das atividades 
estejam de acordo com as condições de aprendizagem dos alunos, 
a fim de não desfavorecer suas capacidades, mas, sim, encorajar as 
crianças em seu desenvolvimento, com o cuidado de não ultrapassar o 
que é característico de cada fase.
Por isso, ao iniciar um novo ano, muitos pensamentos e dúvidas vêm 
à cabeça dos pedagogos: será que a turma tem um comportamento agi-
tado? Será que terei muitos alunos com dificuldades de aprendizagem?
Boa parte dessa curiosidade inicial, e até mesmo de certa ansieda-
de, pode ser resolvida nas primeiras semanas de aula, quando se é 
aconselhado realizar um levantamento inicial das facilidades e das di-
ficuldades de cada aluno. Ressalta-se, nesse momento, as facilidades 
pelo fato de que o pedagogo deve identificar, também, os pontos em 
que os alunos se destacam, visto que esta será uma informação precio-
sa no planejamento estratégico anual e, até mesmo, nos trabalhos em 
grupos entre os alunos.
Por meio desse levantamento, a elaboração de estratégias será mais 
direcionada, pois, conhecendo as dificuldades existentes, o pedagogo 
poderá planejar a melhor maneira de encaminhar a aula para que 
esses desafios sejam superados. No caso da educação infantil, ficam 
evidentes as questões voltadas ao desenvolvimento motor, socialização 
e oralidade.
Realizado esse levantamento e detectadas todas as características 
iniciais que a turma e a instituição escolar apresentam, torna-se neces-
sário, então, planejar de acordo com esses aspectos.
Na educação infantil, os conteúdos vêm distribuídos de maneira 
contínua e gradativa. Devemos lembrar que a criança, nessa faixa etá-
ria, aprende também por meio de repetições; assim, é preciso ensiná-la 
diversas vezes e de diferentes formas um mesmo tema. Ou seja, algo 
trabalhado em fevereiro deve ser relembrado mês a mês até dezem-
bro, para que, aos poucos, as novas descobertas ganhem sentido.
28 Organização didática da educação básica
Outro momento que deve aparecer no planejamento do professor 
e que é um fator a ser trabalhado é o aprender a compartilhar brin-
quedos, o que gera certa socialização. Este não é tema de aula, é algo 
diário, assim como a hora da roda e outras metodologias que serão 
vistas logo após.
Segundo Libâneo (2004, p. 222),
o planejamento é um processo de racionalização, organização e 
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e 
a problemática do contexto social. A escola, os professores e os 
alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o 
que acontece no meio escolar está atravessado por influências 
econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de 
classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar 
– objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implica-
ções sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa 
razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das 
nossas opções; se não pensarmos detidamente sobre o rumo 
que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos 
rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade. 
Dessa forma, planejar uma aula é algo complexo, não óbvio, em que 
deverá haver cautela com os detalhes e com as possibilidades. Assim, 
nesse processo, também cabe ao professor a flexibilidade, a adaptação 
do proposto com sua realidade e a predisposição para criar e inovar.
2.2 A metodologia no ensino de 
crianças pequenas Videoaula
A escolha pela melhor metodologia em sala de aula envolve sele-
cionar métodos que possam colaborar de maneira significativa para o 
desenvolvimento da criança.
Sabemos que o ser humano aprende em grupo, mas seu desenvol-
vimento ocorre de modo individual, pois cada um possui uma capaci-
dade e lógica diferentes frente ao que lhe é apresentado. Considerando 
essa diversidade na forma de aprender, é necessário que, ao planejar 
suas aulas, o pedagogo opte por metodologias e procedimentos que 
contribuam para a evolução do processo de aprendizagem infantil.
Desse modo, dentro dessas metodologias existem rotinas utilizadas 
em sala de aula que indiretamente trazem para a criança grandes pos-
sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe-
cimentos cognitivos.
É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre 
a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a 
avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação 
do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento 
de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap-
tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes 
estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala 
de aula de educação infantil.
Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, 
por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente 
sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, 
a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa 
etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. 
Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada 
e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança 
desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são 
elementos importantes no desenvolvimento infantil.
Organização didática na educação infantil 29
Figura 1
A hora da roda promove 
elementos importantes no 
desenvolvimento infantil.
Rawpixel.com/Shutterstock
sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe-
cimentos cognitivos.
É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre 
a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a 
avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação 
do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento 
de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap-
tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes 
estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala 
de aula de educação infantil.
Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, 
por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente 
sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, 
a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa 
etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. 
Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada 
e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança 
desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são 
elementosimportantes no desenvolvimento infantil.
Organização didática na educação infantil 29
Figura 1
A hora da roda promove 
elementos importantes no 
desenvolvimento infantil.
Rawpixel.com/Shutterstock
Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no 
que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu-
cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um 
tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem 
ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre 
ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter-
disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian-
ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com 
crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade.
Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas 
sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor 
possa contemplar cada parte do processo.
A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o 
tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti-
nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado 
da melhor forma.
A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, 
que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando 
os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa-
ber o que fazer, mas também quando e onde.
A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às 
observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer 
ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção.
Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia-
das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por 
objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem 
o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas.
 O fato de relatar situações que já aconteceram, falando de forma a 
ser entendido pelos demais, ajuda a desenvolver questões de oralida-
de essenciais à criança. Salvo esses importantes fatores, há também a 
socialização e o respeito ao próximo; saber ouvir o que o outro tem a 
dizer é uma habilidade a ser desenvolvida, assim como esperar sua vez 
de falar, o que gradativamente contribui para a organização mental de 
ideias e controle de ações da criança.
Outro exemplo de metodologia a ser utilizada na educação infantil 
é o hábito de deixar claro para as crianças a rotina do dia. A partir do 
momento em que a criança identifica o que acontecerá durante o pe-
ríodo em que ficará na escola, seu grau de ansiedade se estabiliza. Esse 
hábito traz, também, benefícios para a organização mental da criança 
e controle do tempo. Desse modo, o pedagogo pode expor essa rotina 
de diferentes formas, como em formato de imagens, palavras ou sím-
bolos que representem cada momento: hora da roda, educação física, 
lanche, atividade e assim por diante.
O dia do brinquedo é outra forma de tornar as aulas atrativas e di-
vertidas para a criança. No entanto, sua função é acima de tudo social. 
Geralmente, as escolas elegem um dia específico da semana em que 
os alunos trazem seus brinquedos para brincar na escola. Nesse dia, 
a criança aprende a compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a 
vontade dos colegas e socializar. O pedagogo, ao planejar esse momen-
to, deve ter a consciência dessas questões e explorar situações de con-
flito que os alunos podem enfrentar, orientando-os adequadamente. 
30 Organização didática da educação básica
Figura 2
O dia do brinquedo tem 
a socialização como 
principal função.
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Organização didática na educação infantil 31
Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no 
que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu-
cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um 
tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem 
ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre 
ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter-
disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian-
ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com 
crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade.
Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas 
sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor 
possa contemplar cada parte do processo.
A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o 
tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti-
nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado 
da melhor forma.
A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, 
que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando 
os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa-
ber o que fazer, mas também quando e onde.
A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às 
observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer 
ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção.
Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia-
das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por 
objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem 
o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas.
2.3 Avaliação na educação infantil 
Videoaula Executadas todas as estratégias e tomados todos os cuidados perti-
nentes à garantia do bem-estar e da educação da criança, como visua-
lizar os resultados desse processo?
Para essa questão, só existe uma resposta: avaliar. Esse ato na edu-
cação infantil está diretamente ligado à tomada de decisões. Decisões 
32 Organização didática da educação básica
essas relacionadas à própria atuação profissional do pedagogo, aos 
processos que envolvem as rotinas da escola e a efetivação de sua pro-
posta curricular e à aprendizagem dos alunos.
 Segundo Sousa (2008, p. 56),
o ato de avaliar deve estar fundamentado nos seguintes pontos:
1. Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o 
processo educacional, e não somente em períodos específicos;
2. Compatibilidade com os objetivos propostos: a avaliação deve 
estar em conformidade com os objetivos definidos como nortea-
dores do processo educacional para que venha realmente cum-
prir a função de diagnóstico;
3. Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as pers-
pectivas do processo educacional, avaliando assim todos os com-
portamentos do domínio (cognitivo, afetivo e psicomotor);
4. Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias téc-
nicas possíveis, visando também avaliar todos os comportamentos.
Após essas reflexões sobre a importância da continuidade, compati-
bilidade, amplitude e diversidade da avaliação, devemos também pen-
sar de modo mais prático a avaliação em momentos diferentes, porém 
com mesmo grau de importância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em dezembro 
de 1996, estabelece, na Seção II, referente à educação infantil, artigo 
31, inciso I, que a avaliação deve ocorrer “mediante acompanhamento 
e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo-
ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 1996).
Assim, o primeiro momento seria o de avaliar os conhecimentos 
prévios dos alunos, descobrindo o que eles já sabem sobre o que preci-
sa ser desenvolvido naquele estágio. Uma vez que as crianças sempre 
têm algo a apresentar a partir da realidade social em que vivem, é im-
portante a sensibilidade do pedagogo, pois essa verificação inicial trará 
informações para a elaboração do seu planejamento.
O momento da avaliação pode aparecer,no caso da educação infan-
til, no formato de brincadeiras, rodas de conversa e, também, realizan-
do uma entrevista com os pais para conhecer mais sobre a realidade da 
criança, suas habilidades e possíveis dificuldades, levando em conside-
ração a perspectiva da família.
Um segundo momento está relacionado ao processo. As estraté-
gias ao longo do período, os erros, os acertos, as dificuldades encontra-
Organização didática na educação infantil 33
das no caminho, as habilidades, as aprendizagens e os conhecimentos 
adquiridos pelos alunos no decorrer das aulas devem ser considerados 
ao realizar a avaliação do aluno.
No caso da educação infantil, esse momento da avaliação pode 
ocorrer por meio de instrumentos de acompa-
nhamento em que o professor faz anota-
ções diárias do rendimento dos alunos, 
observando a evolução que tiveram e o 
que ainda precisa ser alcançado. Esse 
instrumento pode ser em formato 
de fichas, em que o pedagogo irá 
registrar diariamente a evolução 
dos alunos. Outra forma impor-
tante de acompanhamento fre-
quente é a observação da 
resolução das atividades. Dessas 
duas formas, o pedagogo conse-
guirá observar de maneira proces-
sual e contínua a evolução da criança 
nos âmbitos social e cognitivo.
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), a avaliação nessa etapa deve 
ser processual e destinada a auxiliar na evolução da aprendizagem, for-
talecendo a autoestima das crianças. Nesse documento, a avaliação é 
entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam 
o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e, 
com isso, ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
É um elemento indissociável do processo educativo que possi-
bilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e 
criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crian-
ças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecio-
nar esse processo como um todo (BRASIL, 1998, p. 59).
Dessa forma, espera-se visualizar os resultados das aprendizagens, 
ou seja, o que efetivamente foi desenvolvido e assimilado pelos alunos. 
Essa etapa pode ocorrer com atividades direcionadas, que intencional-
mente analisam o que o aluno atingiu em termos de conhecimento e 
desenvolvimento, como “avaliações finais”.
Phat1978/Shutterstock
Figura 3
A participação da família 
no processo de avaliação 
na educação infantil.
34 Organização didática da educação básica
Torna-se importante visualizar, durante cada um desses tipos de avalia-
ção e em diferentes momentos, a diversidade que compõe a sala de aula. 
Cada aluno é único em seu desenvolvimento, e o sucesso ou não de 
sua aprendizagem dependerá de diferentes fatores que devem ser 
considerados pelo professor. Sabe-se que os estímulos externos nessa 
fase são um marco importantíssimo frente ao desenvolvimento do alu-
no. Crianças mais estimuladas desde cedo apresentarão desempenho 
mais acelerado. Esses estímulos podem ocorrer com a simples exposi-
ção da criança a diferentes materiais desde cedo, com formas e cores 
diversas, participando de contação de histórias e utilizando brinquedos 
educativos. Porém, muitas podem não apresentar esses estímulos pre-
coces e, assim, se desenvolverão no seu tempo.
Nesse sentido, o planejamento de uma aula e, consequentemente, 
a sua avaliação e a do aluno devem partir de princípios em que a diver-
sidade, bem como as dificuldades e deficiências, sejam consideradas. 
Muitas vezes, esse momento necessita de um olhar diferenciado do pe-
dagogo, no que diz respeito à adaptação das avaliações para a capacida-
de cognitiva em que a criança se encontra, respeitando suas limitações.
Após todo esse acompanhamento e cuidado, outro momento 
muito importante é a devolutiva das avaliações aos pais. Na maioria 
das escolas de educação infantil, isso ocorre na forma de relatórios, 
nos quais o desenvolvimento da criança é descrito sob a perspectiva 
pedagógica em seus diferentes aspectos (afetivo, cognitivo, motor 
e outros). A entrega desse relatório pode ocorrer bimestralmente, 
trimestralmente ou semestralmente, com a presença dos pais em 
reunião com o professor.
Por se tratar de um momento importante do desenvolvimento in-
fantil, as famílias precisam acompanhar e atentar-se a todos os âmbitos 
de desenvolvimento de seus filhos. Nesse sentido, cabe ao pedagogo a 
qualidade dessa devolutiva, sabendo apontar, com seus conhecimen-
tos teóricos, quais os aspectos a serem trabalhados com a criança, o 
por quê e de que forma. Dessa maneira, busca-se a aproximação com 
a família em prol do desenvolvimento da criança, estabelecendo um 
trabalho com união e parceria.
Por fim, o feedback que é dado às crianças com relação ao seu de-
senvolvimento tem uma grande importância nesse processo. Explicar 
com clareza o que precisam fazer, o que se espera, e dizer como se 
No vídeo Reflexões sobre 
a avaliação na escola 
infantil, publicado pelo 
canal Instituto Advento, 
Jussara Hoffmann, em 
uma entrevista, relata 
os processos e desafios 
de avaliar na educação 
infantil, tema tratado aqui 
de maneira prática e pró-
xima à realidade aplicada 
em sala de aula.
Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=FL3gjVUWs2M. 
Acesso em: 22 jan. 2020. 
Vídeo
Organização didática na educação infantil 35
saíram no resultado é motivador e importante para perceberem o ca-
minho a ser trilhado. Lembrando que a valorização das conquistas e do 
quanto a criança conseguiu se desenvolver dentro de sua capacidade 
deve ser vista pelo pedagogo.
No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas 
acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas possi-
bilidades ao longo de seu processo de aprendizagem. Para que 
isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas ob-
servações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de 
superação das dificuldades (BRASIL, 1998, p. 60).
Assim, percebemos que avaliar é um processo importante, rico em 
conhecimentos da individualidade de cada um, e é também uma ferra-
menta de autoavaliação para o pedagogo, pois, por meio desses resul-
tados, ele perceberá o quanto a sua prática está tendo sucesso em sala 
de aula, ou o quanto é necessário revê-la.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Entendemos a educação infantil como a base que sustenta o de-
senvolvimento cognitivo, afetivo e motor do ser humano. Dessa forma, 
ressaltamos a importância de o pedagogo ter claro os processos que a 
compõem. Desde o planejamento à escolha pela metodologia adequada 
e ao processo de avaliação, torna-se rico esse momento de descobertas e 
de novas possibilidades de desenvolvimento.
Fica evidente que o pedagogo, como o principal profissional que 
conduz os saberes nessa etapa da educação, deve prezar pelo bom 
desenvolvimento da criança, favorecendo a criação das bases que o sus-
tentarão para toda a sua vida escolar e social. Lembrando que essa atua-
ção do professor-pedagogo deve pautar-se no profundo conhecimento 
teórico e no entendimento das recomendações legais apresentados por 
documentos como o RCNEI, que traz apoio e direcionamento ao tra-
balho do professor e é seu grande aliado no trabalho desenvolvido na 
educação infantil.
Seja o professor em sala de aula ou o pedagogo escolar, o profissional 
que atua na educação infantil tem a missão de fazer com que os proces-
sos ocorram da melhor forma, prezando por uma organização didática 
que contemple todas as necessidades das crianças nesse momento.
36 Organização didática da educação básica
ATIVIDADES
1. Discorra sobre as preocupações que o pedagogo deve ter ao realizar 
o planejamento na educação infantil.
2. Dentre as diferentes metodologias utilizadas na educação infantil, o 
dia do brinquedo possui um significado muito importante frente ao 
desenvolvimento infantil. Escreva sobre seus benefícios.
3. Ao pensarmos sobre avaliação, podemos considerar que ela deve 
ser feita nos primeiros momentos com a turma, sendo realizada 
novamente durante o processo e, também, no final do período.O que 
se espera obter com a avaliação em um segundo momento, durante o 
processo de aprendizagem?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação 
infantil. Brasília: MEC, 1998.
JULIATTO, C. I. De professor para professor, falando de educação. Curitiba: Champagnat, 
2013.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004. 
SOUSA, C. P. Dimensões da avaliação educacional. São Paulo: Vozes, 2008.
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37
Após a jornada que a criança percorre durante o período na 
educação infantil e os desafios enfrentados, iniciamos um perío-
do cheio de possibilidades e que exige um novo olhar voltado ao 
desenvolvimento. Nessa fase que se inicia, a criança se apresenta 
um pouco mais madura e aberta às novas descobertas; é o mo-
mento em que novas capacidades cognitivas são experimentadas.
Os anos iniciais do ensino fundamental contam com a beleza 
de uma criança capaz de compreender o próximo e de socializar 
de uma maneira diferente, que a leva a uma integração mais efe-
tiva. Essa fase conta também com a inserção no mundo letrado 
por meio da leitura e escrita aprendidas durante a alfabetização.
Corresponde, portanto, a uma fase de transição da educação 
infantil para o ensino fundamental, em que é preciso compreender 
o papel do pedagogo em relação à didática, metodologia e avalia-
ção empregadas pelos professores em sala de aula. Neste capítulo, 
vamos refletir sobre esse tema e fatores como planejamento e mé-
todos pertinentes ao ensino fundamental – anos iniciais.
Organização didática 
no ensino fundamental 
– anos iniciais
3
3.1 Processo de transição e adaptação 
para o ensino fundamental Videoaula
O universo da educação infantil é repleto de criatividade, imagina-
ção, cor e movimento. Brincar faz parte do dia a dia e as atividades são 
diversificadas e lúdicas. Porém, ao fim do último ano letivo dessa fase 
da educação, a criança é inserida em uma nova realidade.
38 Organização didática da educação básica
 Salas de aula diferentes, trabalho individualizado, silêncio e uma 
gama diferente de atividades são disponibilizadas para as crianças, al-
gumas vezes esquecendo que o ingresso nessa nova etapa da educa-
ção básica não representa o final da infância. Tal processo, algumas 
vezes, pode ocasionar certa resistência por parte das crianças, ou até 
mesmo desmotivação com o ambiente escolar, por não encontrar tan-
to tempo de liberdade de criação, para brincar e resolver com esponta-
neidade suas atividades.
Esses fatores, mesmo não sendo uma regra, representam uma rea-
lidade comum nesse momento de transição da educação infantil para 
o primeiro ano do ensino fundamental. Por isso, torna-se um motivo 
de atenção e cuidado por parte do pedagogo que acompanha esse mo-
mento, a fim de que não se perca a infância com mudanças repentinas 
de postura por parte do professor em sala de aula.
Em nosso país, esse momento de transição já foi discutido e modi-
ficado algumas vezes. A Lei n. 11.274 de 2006 reduziu para seis anos 
a idade de ingresso da criança no ensino fundamental e, em 2016, a 
Emenda Constitucional n. 59/2009 determinou que as crianças de qua-
tro e cinco anos devem ingressar na educação infantil. 
Dessa forma, o ingresso da criança na escola passa a ser mais cedo, 
o que nos faz pensar que esse ambiente deve estar adequadamente 
apropriado para recebê-la, em todos os aspectos, desde os físicos e 
curriculares até a formação de pedagogos e professores.
Tanto a necessidade de uma transição tranquila para o ensino 
fundamental quanto a garantia de espaços adequados de 
permanência na escola são ressaltados nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2010. 
Elas se preocupam em estabelecer 
a relação entre esses dois pe-
ríodos – a educação infantil 
e o ensino fundamental 
– como uma continuida-
de, e não uma quebra 
que possa afetar o de-
sempenho e a motivação 
da criança em aprender 
e em permanecer o 
ambiente escolar.
Figura 1
A entrada no ensino 
fundamental representa 
grandes mudanças na vida 
da criança.
Monkey Business Images/Shut
tersto
ck
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 39
Para tanto, destaca-se que a formação do pedagogo, responsável 
pelo trabalho nesses níveis, seja como professor seja como coordena-
dor pedagógico, deve estar voltada aos saberes e às peculiaridades que 
essa fase apresenta, estando sempre ciente de questões como:
 • A contínua necessidade de brincar e a interação com os seus co-
legas por meio de atividades lúdicas.
 • A peculiaridade de cada um e o respeito às diferenças, relaciona-
das a fatores emocionais e cognitivos.
 • O desenvolvimento de uma proposta pedagógica que continue 
priorizando o movimento durante as aulas, destacando a diver-
sidade de atividades propostas, os saberes prévios e o contexto 
sociocultural.
Desse modo, se os procedimentos e cuidados utilizados até então 
na educação infantil forem tratados como uma continuidade no ensino 
fundamental, todos os aspectos maturacionais que se espera da crian-
ça virão gradativamente. As novas configurações de turma, professo-
res, ambiente, autonomia e hábitos diferentes de estudos, bem como 
a curiosidade pelo novo, devem ser elementos de motivação e anseio 
por novas experiências. 
Dentro das novas experiências, vários fatores devem ser considera-
dos, estes que vão desde o planejamento e formação do professor até 
elementos predominantes dessa mudança, como o processo de avalia-
ção, o qual deve ser visto como algo que faz parte da aprendizagem, e 
não como um desafio negativo. 
O conceito de avaliação deve ser recebido pelo aluno por meio de 
um trabalho consciente e direcionado do professor ou pedagogo que 
assume a turma. É ele que deve explicar o sentido, processo e objetivo 
de cada atividade realizada, pois a prática de provas que geralmente 
surge nesse período, muitas vezes, não é encontrada na educação in-
fantil. Sabe-se que muito do que o aluno levará para a sua vida acadê-
mica é respaldo de uma fase de base inicial, como o momento tratado 
aqui, ou seja, os primeiros anos da educação básica. Na educação in-
fantil e no ensino fundamental, o aluno cria alicerces que serão a base 
da sua vida acadêmica no que se refere à leitura, à escrita, ao letramen-
to e aos hábitos de estudos. 
É preciso ainda ter cuidado quanto às expectativas das famílias em 
relação aos novos desafios encontrados pelos filhos nessa nova fase de 
40 Organização didática da educação básica
ensino. O pedagogo deve, nesse momento, adotar uma postura aco-
lhedora, de escuta e segurança, que transmita confiança e serenidade 
frente às novas fases da vida escolar da criança. Ou seja, em todos os 
momentos, o olhar do pedagogo durante essa transição deve ser per-
meado por sensibilidade e clareza, com o intuito de tornar esse mo-
mento algo prazeroso e significativo.
Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo A 
pré-escola e a construção da autonomia, das autoras Patrícia Ligocki Silva e Tâ-
nia Mara Sperb, traz uma reflexão sobre o preparo da criança na educação 
infantil para se adaptar ao ensino fundamental. 
Acesso em: 22 jan. 2020.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1999000100007
Artigo
Por fim, cabe ressaltar que cada criança e cada família apresentam 
peculiaridades, como tempos diferentes de aprendizagem, de adapta-
ção e formas diferentes de lidar com processos de mudanças. O peda-
gogo, como profissional à frente desse processo, deve ter estratégias, 
de acordo com o ambiente em que atua, que as auxiliem nesse proces-
so de transição.
3.2 Identidade do pedagogo nos anos 
iniciais do ensino fundamental Videoaula
Compor a própria identidadeé extremamente relevante em todos 
os aspectos da vida. Ao implantar nossa identidade, realçamos nosso 
modo de pensar, agir e viver que foram construídos com base em nos-
sa educação e nossas vivências. 
Nesse sentido, a identidade profissional também é desenvolvida 
por meio de estudos, vivências e experiências, que devem nos levar a 
acreditar e desenvolver o trabalho de maneira ética e coerente com o 
papel que ocupamos. Essa mudança de papel, ora professor, ora coor-
denador, ou ainda atuando em ambientes empresariais, cabe muito 
bem na formação do pedagogo, uma vez que o profissional de pedago-
gia pode atuar nas mais diferentes organizações voltadas ao trabalho 
com educação, como escolas, empresas, ONGs e hospitais. 
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 41
Com relação à identidade do pedagogo, construída ao longo de seus 
estudos e de sua experiência profissional, Marcelo (2009) reconhece a 
identidade profissional como um processo de aprendizagem ao lon-
go da vida, visto que seu desenvolvimento é interminável. Nessa pers-
pectiva, faz-se necessário considerar que os professores e pedagogos 
precisam constantemente questionar-se: “Quem eu quero ser?” e, com 
isso, buscar saber qual é o seu espaço na sociedade.
Brzezinski (2011, p. 122) afirma também que 
a identidade profissional é uma identidade coletiva, pois vai se 
delineando. E no caso do pedagogo, tal como o professor, as re-
lações de trabalho se estabelecem no interior da escola, no con-
texto da comunidade, mas o pedagogo, por força de lei em vigor, 
atua também em espaços não escolares.
Dessa forma, a atuação do pedagogo se amplia a diferentes áreas, e 
sendo estas relevantes em todos os campos de atuação e níveis, vamos 
pensar agora no que se refere especificamente ao ensino fundamental. 
Quais saberes e questões devem ser considerados pelo pedagogo para 
firmar sua identidade e personificação em sua prática?
Inicialmente, é preciso deixar evidente que a escola precisa dos sa-
beres e das práticas que o pedagogo realiza. Para Pimenta (1996, p. 
248), o “fazer pedagógico que ultrapassa a sala de aula, configura-se 
como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para 
que esta seja efetivamente democrática’’. 
As DCN para o curso de Pedagogia definem o pedagogo como pes-
soa habilitada para atuar no ensino, na gestão e na organização de 
projetos educacionais, sistemas, unidades e na produção e difusão do 
conhecimento, nas mais diversas áreas da educação, tendo a docência 
como base obrigatória de sua formação e identidade de profissional. 
Com isso, o papel da formação inicial do pedagogo remete ao trabalho 
em sala de aula. Porém, sua formação abrange outras áreas que se 
responsabilizam frente ao trabalho docente e à organização escolar. 
Nesse momento, vamos evidenciar a identidade do pedagogo en-
quanto professor do ensino fundamental e refletir sobre essa identida-
de, a qual é construída desde os anos iniciais de sua formação, durante 
a graduação, até o que os anos de prática em sala de aula o transfor-
mam, por meio de suas experiências. 
42 Organização didática da educação básica
Nesse sentido, podemos considerar a importância da práxis, isto é, 
a relação entre teoria e prática, que traz sentido ao que o professor faz 
em sala de aula e contribui para o desenvolvimento da sua identidade 
frente a sua ação.
O conceito de práxis remete ao processo de reflexão-ação-reflexão. 
O ato de refletir sobre a sua prática e agir sobre ela torna o profes-
sor muito mais próximo da realidade e capaz de pensar em estratégias 
para mudar sua prática – mudanças essas tão necessárias diante dos 
desafios diários da sala de aula, em especial no ensino fundamental. 
Nessa etapa, os desafios do pedagogo/professor estão relacionados 
inicialmente ao processo de alfabetização e letramento.
A alfabetização, além de representar fonemas (sons) em grafe-
mas (letras), no caso da escrita, e representar os grafemas (le-
tras) em fonemas (sons), no caso da leitura, os aprendizes, sejam 
eles crianças ou adultos, precisam, para além da simples codi-
ficação/decodificação de símbolos e caracteres, passar por um 
processo de ‘compreensão/expressão de significados do código 
escrito’. (PARANÁ, 2015, p. 7)
O trabalho minucioso com fonemas e grafemas faz parte de um 
primeiro momento e deve ser desenvolvido com total clareza, pois é 
a base para uma boa compreensão escrita durante os processos de 
alfabetização e letramento.
De acordo com Soares (2013), esses dois processos introduzem a 
criança e o adulto que ainda não passou pelo processo de alfabetiza-
ção ao mundo da escrita. Segundo a autora, a alfabetização 
é o processo pelo qual a criança adquire o sistema con-
vencional de escrita, enquanto o letramento 
se refere ao desenvolvimento do uso 
desse sistema em práticas de leitura 
e escrita.
A alfabetização é um proces-
so complexo e que não 
ocorre somente nos 
anos iniciais. Ler e es-
crever é um dos princi-
pais objetivos dos anos 
iniciais, porém letrar e 
inserir o aluno em um 
Figura 2
A alfabetização é um dos 
principais objetivos dos 
anos iniciais.
wavebreakmedia/Shutterstock
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 43
mundo de criticidade e interpretação da realidade é um processo que se 
estende por todo o ensino fundamental e que deve ser objeto de preocu-
pação e constante trabalho do pedagogo que atua nesse nível de ensino. 
Saber as especificidades dessa etapa e desenvolver um trabalho 
que venha ao encontro dessas características, muitas vezes, direciona 
o pedagogo a se tornar um especialista em alfabetização – o que abran-
ge um campo de muitas descobertas e novas possibilidades.
Contudo, o ensino fundamental traz outros desafios, relacionados 
à continuidade desse processo ao longo dos demais anos, e que vão 
ser tratados na próxima seção. Por isso, a identidade do pedagogo en-
quanto professor dessa etapa vai se expandindo no que se refere à 
formação continuada, para a compreensão especificamente em letra-
mento, criticidade e autonomia e, ao trabalhar com habilidades e com-
petências, contribui para o ser cidadão.
A identidade do pedagogo no ensino fundamental pode ser cons-
truída como professor e como gestor, ou seja, aquele que acompanha 
o andamento do trabalho desenvolvido na escola, o trabalho do profes-
sor, seu sucesso e insucesso. 
Conforme Lück (2013, p. 39), 
é importante ter em mente que o fracasso escolar de um aluno 
não acontece apenas no final do ano e nem por acaso, ou por 
culpa do professor. Ele acontece no dia a dia, desde as primeiras 
aulas do ano letivo, a partir de pequenas aprendizagens que dei-
xam de acontecer, que ficam desatendidas pelos professores e 
que vão se acumulando no dia a dia, gerando mais dificuldade, 
insucessos e construindo gradualmente uma atitude discente 
negativa em relação ao processo de aprender.
Nessa perspectiva, o gestor assume grande responsabilidade sobre 
o que acontece também em sala de aula, uma vez que participa indire-
tamente do planejamento do professor, com orientações, por meio do 
contato com os pais, da estruturação do currículo e demais demandas 
que envolvam a aprendizagem dos alunos.
Entendemos, assim, que a busca pela identidade do pedagogo no 
ensino fundamental estará pautada na sua escolha de atuação, no 
aprofundamento teórico realizado frente a essa escolha e, principal-
mente, na sua predisposição, tão característica da pedagogia, que sig-
nifica o compromisso transformador frente aos educandos, seja em 
sala de aula seja como gestor desse processo.
44 Organização didática da educação básica
3.3 Planejamento com os professores 
Videoaula Pensar no papel do pedagogo no ensino fundamental pode remeter 
ao trabalho como gestor, direcionado aos professores, com orientação 
direta de seu trabalho e planejamento. Ao pensar em planejamento 
nessa etapa, inicialmente, o pedagogo deve orientar o professor sobre 
alguns cuidados específicos, como a atenção relativa

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