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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6584-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 8 4 4 Código Logístico 59181 Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o trabalho docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, com conteúdo e objetivos claros que garantam o processo de ensino- -aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores e os alunos possam contar com o amparo e auxílio do pedagogo. Com base em todas essas questões, é ressaltado, no decorrer dos capítulos deste livro, o papel do pedagogo – desde a educação infantil até o ensino médio –, buscando reflexões que possam enriquecer o significado da educação básica e sua qualidade. PRISCILA CHUPIL PR ISC ILA C H U PIL ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA Organização didática da educação básica Priscila Chupil IESDE 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: karen roach/Evgeny Karandaev/Shutterstock envatoelements CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C487o Chupil, Priscila Organização didática da educação básica / Priscila Chupil. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 88 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6584-4 1. Ensino - Metodologia. 2. Prática de ensino. 3. Educação pré-escolar. I. Título. 19-61713 CDD: 371.3 CDU: 37.026 Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro Universitário Internacional (Uninter). Professora no ensino superior, ministrando as disciplinas de Didática e Gestão Escolar. Atua também como psicopedagoga clínica. SUMÁRIO 1 O trabalho do pedagogo na educação infantil 9 1.1 Características das crianças da educação infantil 10 1.2 A educação infantil e sua função social 17 1.3 Múltiplos papéis do pedagogo na educação infantil 20 2 Organização didática na educação infantil 23 2.1 Planejamento e práticas educativas 24 2.2 A metodologia no ensino de crianças pequenas 28 2.3 Avaliação na educação infantil 31 3 Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37 3.1 Processo de transição e adaptação para o ensino fundamental 37 3.2 Identidade do pedagogo nos anos iniciais do ensino fundamental 40 3.3 Planejamento com os professores 44 3.4 Métodos e metodologia para enriquecer o trabalho docente 46 3.5 Orientações para avaliação 52 4 Organização didática do ensino fundamental – anos finais 56 4.1 Da infância para a adolescência 56 4.2 O papel do pedagogo nos anos finais do ensino fundamental 59 4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos 61 4.4 Como avaliar? 63 5 Desafios do pedagogo no ensino médio 67 5.1 A idade da pressão 67 5.2 A formação continuada do professor para além da sua especialização 70 5.3 O papel do pedagogo no ensino médio e na educação profissional 73 6 Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77 6.1 Envolvendo os professores e os alunos no aprendizado 77 6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem 80 6.3 A escola e as novas exigências da sociedade contemporânea 83 7 Gabarito 85 APRESENTAÇÃO Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o trabalho docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, com conteúdo e objetivos claros que garantam o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores e os alunos possam contar com o amparo e auxílio do pedagogo. Nesse viés, no primeiro capítulo, discorremos sobre o trabalho do pedagogo na educação infantil, reconhecendo inicialmente as características das crianças nessa faixa etária, a função social dessa etapa da educação, bem como o papel do pedagogo nessa fase. No segundo capítulo, tratamos da organização didática na educação infantil em que, pautados nos conhecimentos do Capítulo 1, será possível visualizar os planejamentos e práticas educativas, bem como metodologias e a avaliação pertinente à criança pequena. O terceiro capítulo propõe reflexões sobre a organização didática no ensino fundamental – anos iniciais. Em especial, esse capítulo trata inicialmente da transição entre a educação infantil e o ensino fundamental – anos iniciais e suas implicações. Além dessa questão, é abordado o reconhecimento do papel do pedagogo nesse nível, assim como sua atuação frente ao planejamento dos professores, com metodologias que possam enriquecer o trabalho em sala de aula e a avaliação. Ainda a respeito do ensino fundamental, o quarto capítulo tratará dos anos finais. Iniciamos com uma reflexão sobre o processo de transição entre a infância e a adolescência. Veremos também o papel do pedagogo, bem como sua atuação com os alunos e professores dessa etapa, fora de sala de aula. No quinto capítulo, tratamos os desafios do pedagogo no ensino médio. Inicialmente, refletimos sobre a idade típica do ensino médio, suas características e desafios. Nesse contexto, surgem novos desafios para o pedagogo e para o professor, que vão além de sua formação inicial. Tratar dessas questões e do papel do pedagogo no ensino médio é uma questão necessária. No último capítulo, abordamos a organização didática do ensino médio e da educação profissional, assim como o envolvimento efetivo entre professores, alunos e pedagogo nesse processo. Será ressaltada a necessidade de reflexão sobre novas metodologias e projetos interdisciplinares que atinjam a abrangência de exigências do aluno nessa faixa etária, voltadas a sua formação para os vestibulares e o Enem. Com base em todas essas discussões, será ressaltado, no decorrer dos capítulos, o papel do pedagogo na educação básica, do início ao fim, buscando reflexões que possam enriquecer o significado da educação básica e sua qualidade. Bons estudos! O trabalho do pedagogo na educação infantil 9 O trabalho do pedagogo na educação básica, em todos os seus aspectos, seja em sala de aula ou no acompanhamento de todos os processos dentro da escola, requer muita organização, além de direcionamento e clareza. Isso é oportunizado pela for- mação pedagógica. Dessa forma, o pedagogo pode assumir o trabalho em sala de aula como professor, desde a educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental, ou como gestor, coordenador e orienta- dor no ensino fundamental anos finais e ensino médio, acompa- nhando, assim, o trabalho dos demais professores. Diante da complexidade que envolve todos esses níveis, inicial- mente, é preciso compreender o trabalho do pedagogo no nível que é base de desenvolvimento de todos os outros: a educação infantil. Organizar os processos didáticos nessa fase escolar é um gran- de e prazeroso desafio. Essa organização tem por responsabilida- de o desenvolvimento humano, em que cada processo tem um valor imensurável, especificidades únicas, e necessita de um cui- dado especial. Mas o que torna esse momento tão importante? Que caracte- rísticas correspondem ao universo infantil da criança entre zero e cinco anos? Para compreender melhor algumas questões iniciais, vamos tratar, neste capítulo, da função social desse primeiro con- tato da criança com a escola, o qual é determinante para todo o seu desenvolvimento escolar. Trataremos também das características das crianças da educa- ção infantil, conhecimento fundamental para que o professor pos- sa organizar, planejar e executar suas aulas. Vamos lá? O trabalho do pedagogo na educação infantil 1 10 Organização didática da educação básica Estágio sensório-motor: compreende o primeiro estágio do desenvolvimento,desde o nascimento até, aproximadamente, os dois anos de idade. Nesse estágio, a criança começa a identificar o ambiente à sua volta, ou seja, suas capacidades sensoriais estão sensíveis a essas novas descobertas e prontas para recebê-las. Além de compreender esse meio, a criança começa a agir sobre ele, onde sua percepção atua na identificação inicial do que é imediatamente percebido pelos seus sentidos. 1.1 Características das crianças da educação infantil Videoaula Ao pensarmos nas características da criança de educação infan- til e identificarmos a fase que se estende até os cinco anos de idade, deparamo-nos com um mundo cheio de descobertas e novas possibi- lidades que sustentam a base para o desenvolvimento integral do ser humano, ou seja, frente aos aspectos cognitivos, emocionais, sociais e motores. A criança é um todo integrado, composto por esses aspectos, que geram seu desenvolvimento e aprendizagem. Muitas pesquisas em relação ao desenvolvimento infantil foram e são realizadas. Dentre os autores que trouxeram contribuições para que hoje possamos compreender a relevância dessa fase, estão Piaget, Vygotsky e Wallon. Recentemente, outros autores trouxeram conheci- mentos voltados ao desenvolvimento motor como um dos pontos prin- cipais nesse processo de evolução. Outra área que muito tem contribuído para o entendimento do ser humano é a neurociência, que busca, na compreensão do cérebro, no- vas descobertas voltadas ao desenvolvimento e à aprendizagem. Va- mos, então, conhecer um pouco sobre cada uma dessas contribuições. Iniciaremos por Piaget, que acredita na aprendizagem como uma “interpretação pessoal do mundo, ou seja, é uma atividade individuali- zada, um processo ativo no qual o significado é desenvolvido com base em experiências” (MOREIRA, 1995, p. 34). Para ele, essas experiências são vivenciadas ao longo da primeira infância, em que o desenvolvi- mento infantil ocorre em quatro estágios (MOREIRA,1995). O trabalho do pedagogo na educação infantil 11 Esse momento proporciona ao professor a possibilidade de traba- lhar diversos estímulos referentes aos cinco sentidos: tato, visão, olfa- to, paladar e gustação. A partir do momento em que a criança começa a compreender o mundo por meio desses sentidos, consequentemente, a aquisição da aprendizagem será melhor. Estágio pré-operacional: inicia-se aproximadamente aos dois anos de idade e estende- -se até os seis ou sete anos. A principal característica a ser desenvolvida nesse momento é a capacidade simbólica e o desenvolvimento da linguagem. Essas transformações ocorrem no decorrer desse estágio, que deve ser o marco dos estímulos relacionados à fala e aos materiais que compõem os espaços por elas vivenciados. Nesse estágio, encontram-se as crianças de educação infantil, que já estão em fase de preparação para o ingresso no ensino fundamental. Nessa fase, graças ao início de uma capacidade maior de abstração, a criança começa a interagir com o mundo da leitura e da escrita. Por tratar-se de estágio de transição, é importante lembrar que as ativida- des lúdicas e concretas ainda se fazem necessárias. Estágio das operações concretas: ocorre dos seis aos doze anos, aproximadamente. Está- gio em que a criança se torna apta a manipular mentalmente os símbolos internos que construiu durante o período sensório-motor. Nesse estágio, agora com a capacidade de abstração mais desen- volvida, surge a necessidade de estimular ainda mais a autonomia de pensamento e trabalho com regras e grupos. Estágio operatório formal: inicia-se a partir dos onze anos. Nesse estágio, a criança já possui capacidade de pensar abstratamente, criar hipóteses, observar, relacionar e finalizar. 12 Organização didática da educação básica Nessa fase, a criança está com várias funções cognitivas já maduras, porém os estímulos e desafios devem sempre fazer parte das aulas e dos projetos em sala. Figura 1 Os quatro estágios de desenvolvimento segundo Piaget IE SD E Br as il S/ A 0 a 2 anos – Sensório-motor 2 a 7 anos – Pré-operacional 7 a 11 anos – Operações concretas 11 em diante – Operatório formal O trabalho do pedagogo na educação infantil 13 Compreendidas as fases que, para Piaget, marcam o desenvol- vimento infantil, podemos perceber que a criança, na educação infantil, se encontra no estágio sensório-motor e pré-operacional. Por isso, é essencial que o pedagogo conheça e compreenda as possibilidades e os limites do trabalho efetivo com as crianças nessas fases. Os aspectos emocionais e sociais também fazem parte de todo esse contexto de desenvolvimento. Associada a eles, surge a afe- tividade, considerada por Piaget como a parte responsável pelo desenvolvimento da inteligência na infância e por propiciar cons- tantes interações (PIAGET, 2001). Esta, para o autor, é entendida em dois aspectos: • A afetividade estimula, acelera e perturba as operações da inteligência, ou seja, causa um movimento em suas ações que a levam a desenvolver novas experiências. • A afetividade ajuda nas construções das estruturas cogniti- vas, pois, ao viver novas experiências, interage, constrói, re- solve problemas e busca soluções para diferentes situações. Para o autor, a afetividade pode provocar modificações nas estruturas de desenvolvimento da inteligência, porém “não pode nem produzir nem modificar as estruturas” (PIAGET, 2001, p. 103). Ainda, em sua perspectiva, o desenvolvimento psicológico é en- tendido como único, pois, durante toda a vida, existe uma relação entre as construções afetivas e cognitivas. Henri Wallon também contribui fortemente para o entendi- mento do desenvolvimento infantil. Seu trabalho sobre o tema foi baseado no estudo das personalidades em cada faixa etária e contemplou aspectos da motricidade e da inteligência. Ele con- sidera cinco estágios principais do desenvolvimento da criança , sendo os três primeiros parte da educação infantil (WALLON apud CARDOSO, 2015). São eles: 14 Organização didática da educação básica Impulsivo emocional (0 a 3 me- ses/3 meses a 1 ano): trata-se do período em que os bebês estão desenvolvendo as condições sensório-motoras, como olhar e pegar, explorando o ambiente e as relações emocionais que ele traz. O bebê começa sua desco- berta do mundo e de si próprio. É a fase em que o pedagogo tem as melhores oportunidades de desenvolver sentidos, como o tato, a visão, entre outros, que constituirão a base para os de- mais desenvolvimentos ao longo de cada estágio. Personalismo: divide-se em três etapas: crise de oposição (3 a 4 anos), idade da graça (4 a 5 anos) e imitação (5 a 6 anos). Nesse estágio, o que prevalece, de maneira geral, é a construção das relações afetivas, a cons- trução de si. Contudo, a criança ainda não consegue desenvolver a empatia, ou seja, ela ainda não consegue se colocar no lugar do outro. Suas vontades imperam e, por isso, o entendimento do con- vívio e das relações começa a ser um desafio e a ganhar sentido. Sensório-motor e projetivo (1 ano a 18 meses/3 anos): trata-se de quando a criança começa a explorar o ambiente em que está inserida nos aspectos físicos e a simbolizar, conseguindo reconhecer certos objetos apenas pronunciando o nome, não havendo necessidade de possuir ou tocar o objeto concreto. Além disso, predominam aspec- tos referentes à cognição, já que a criança compreende comandos, co- meça a conceber a diferença entre o sim e o não, imita ações e reproduz o que o adulto solicita, iniciando o desenvolvimento de memória e atenção com pequenas brincadeiras e descobertas cotidianas. 0 a 1 ano Impulsivo Emocional 1 a 3 anos Sensório-motor e Projetivo 3 a 6 anos Personalismo O trabalho do pedagogo na educação infantil 15 Categorial (6 a 11 anos): estágio mais voltado para o desenvol- vimento cognitivo em si, pois a criança está em processo de alfabetização. Lembrando que esse processo se estende por todo o ensino fundamental, no sentido de aprimorara escrita ano a ano. A capacidade cogniti- va e de abstração estão em pleno desenvolvimento. Ie sd e Br as il S/ A Adolescência (a partir de 11 anos): nesse estágio, a pessoa, agora adolescente, está desen- volvendo os valores morais e pessoais. O que mais predomina nessa idade é a afetividade, pois se estabelecem fortes relações sociais e, principalmente, há a necessidade de se posicionar no mundo, colocar suas ideias e ser aceito socialmente. 3 a 6 anos Personalismo 6 a 11 anos Pensamento Categorial 11 em diante Puberdade e Adolescência 16 Organização didática da educação básica Desse modo, por meio das diferentes concepções voltadas às fases do desenvolvimento infantil, percebemos que, desde o nascimento, a criança passa por momentos intensos de transformação e que são pre- dominantes em seu desenvolvimento. Na educação infantil, além dos conhecimentos sobre as fases do desenvolvimento e a importância da afetividade, outro fator de extre- ma relevância é o desenvolvimento motor, que é marcado pelo aper- feiçoamento das habilidades de locomoção e pela ampliação dessas possibilidades. Dentro dessas habilidades, temos aquelas relacionadas ao desenvolvimento motor amplo, como correr, saltar, pular em um pé só, pedalar, entre outras, e ao desenvolvimento motor fino, como o movimento de pinça – essencial para a escrita. Tais conhecimentos nos trazem uma visão ampla sobre as caracte- rísticas das crianças e o seu desenvolvimento. Porém, recentemente, a neurociência trouxe novas contribuições, que complementam o papel do pedagogo frente ao trabalho com o desenvolvimento infantil e nos fazem refletir ainda mais sobre o assunto. Todas as funções desenvolvidas nos aspectos citados anteriormen- te estão diretamente ligadas ao sistema nervoso. Este desempenha vá- rios papeis que fazem parte do controle do organismo. Normalmente, as atividades rápidas do organismo são controladas pelo sistema ner- voso, como as contrações musculares e os fenômenos viscerais que se modificam depressa. O sistema nervoso recebe milhares de estímulos a partir das infor- mações de diferentes órgãos sensoriais. Na sequência, abrange todas elas para designar a resposta a ser realizada pelo organismo. Se não fossem os bilhões de células que formam o sistema nervoso, não seria possível termos a capacidade sensitiva, tão importante durante toda a vida, que começa a se desenvolver logo na primeira infância – no perío- do sensório-motor. Portanto, para entender o mecanismo de aprender, é preciso saber um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso central, o orga- nizador dos nossos comportamentos: Cada tipo de habilidade ou comportamento pode ser bem rela- cionado a certas áreas do cérebro em particular. Assim, há áreas habilitadas a interpretar estímulos que levam à percepção visual O trabalho do pedagogo na educação infantil 17 e auditiva, à compreensão e à capacidade linguística, à cognição, ao planejamento de ações futuras, inclusive movimento, e assim por diante. (RELVAS, 2010, p. 14) Sendo assim, o desenvolvimento humano é algo extraordinário e complexo, desde o nascimento. Nesse âmbito, o pedagogo é o entende- dor principal desse desenvolvimento, levando em consideração todos os fatores que envolvem a aprendizagem, seu maior campo de atuação. Compreender as características do desenvolvimento da criança de educação infantil e como ela aprende leva o pedagogo a tornar seu trabalho em sala de aula mais concreto e significativo, planejando aulas de acordo com a capacidade cognitiva da criança e promovendo evolu- ções constantes em seu desenvolvimento. Não podemos esquecer que a educação infantil possui uma grande função no desenvolvimento, em seus mais diferentes aspectos – afeti- vo, cognitivo, motor –, e uma função social de grande relevância para a formação do cidadão. 1.2 A educação infantil e sua função social Videoaula Para compreender os aspectos específicos relacionados à educação infantil e, assim, atribuir sentido à sua função social, vamos inicialmente tratar da concepção de infância. Podemos nos basear, inicialmente, no texto do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI): A concepção de criança é uma noção historicamente construída e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. (BRASIL, 1998, p. 21) Esse reconhecimento do ser individual se inicia na educação infantil, que é o momento em que a criança tem o primeiro contato com o am- biente escolar. Nesse instante, ela traz para si a responsabilidade de que a apresentação a esse novo mundo, agora fora do ambiente familiar, seja repleta de boas experiências e riqueza de novos conhecimentos. 18 Organização didática da educação básica Sabe-se que a criança de hoje não é a mesma de antigamente. Em todo o mundo, a infância não é tida como um padrão único e imutá- vel. Tal como todos os aspectos sociais que nos rodeiam, ela também sofre mudanças. Você faz parte do processo social e humano de constante trans- formação. Essa transformação chega também ao ambiente escolar; à construção de novos sujeitos, que, hoje, habitam diferentes configu- rações de organização familiar, participam das diferentes práticas de criação dos filhos e da divisão de tarefas; e aos papéis que modificam a criação da criança pequena e, consequentemente, tornam cada vez mais coletiva a responsabilidade sobre sua educação e seu cuidado. Não podemos deixar de atribuir ainda mais valor e respeito à identi- dade da educação infantil para o desenvolvimento da criança, além de repensar constantemente a ação pedagógica que nela é aplicada. Essa ação pedagógica deve ter o objetivo de desenvolver as habili- dades cognitivas, motoras, emocionais e afetivas da criança, a fim de formá-la e torná-la uma pessoa capaz de identificar suas próprias indi- vidualidades e de atuar coletivamente. Nesse sentido, incentiva-se as habilidades socioemocionais, que são as competências que podem ser ensinadas, praticadas e aprendidas tanto na escola quanto em casa, por meio de diversas atividades, e que são consideradas a base do de- senvolvimento humano. Dentro desse contexto de relevância social e cognitiva, devemos ter claro, ainda, que a educação infantil desempenha um trabalho preven- tivo quanto a dificuldades de aprendizagem, pois proporciona o supor- te necessário para que as demais aprendizagens ocorram durante a vida escolar. A responsabilidade da educação infantil é muito grande. Por esse motivo, é preciso pensar seriamente sobre as possibilidades de atua- ção, mediando os estímulos que serão oferecidos à criança em seu crescimento por meio de um processo evolutivo, visando atingir o mais amplo desenvolvimento biopsicossocial 1 O desenvolvimento biopsicosso- cial considera todos os âmbitos do desenvolvimento: o biológi- co, o psicológico e o social. 1 . A banalização ou a subvalo- rização de sinais que apontam para o desenvolvimento infantil podem adiar a tomada de decisão em oferecer à criança os atendimentos ne- cessários, trazendo prejuízos na aprendizagem escolar e no desenvol- vimento biopsicossocial da criança (AYRES, 2012). O livro Educação Infantil: teoria e práticas para uma proposta pedagó- gica trata de questões amplas sobre a função da educação infantil no desenvolvimento da criança, além de trazer exemplos de como essa prática deve acontecer de forma significativa. AYRES, S. N. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. Livros O trabalho do pedagogo na educação infantil 19 Além disso, os pedagogos precisam ter a consciência de que o tra- balho com a realidade sociocultural que a educação infantil requer está diretamente ligado ao ato de educar e de cuidar. Apesarde sentidos distintos, educar e cuidar são premissas para a educação infantil, pois segundo o RCNEI: Educar é propiciar situações de cuidados, brincadeiras e apren- dizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos co- nhecimentos mais amplos da realidade cultural e social. (BRASIL, 1998, p. 23) Assim, o ato de educar envolve questões de maneira direcionada, com a intencionalidade que um objetivo deve ser alcançado. Precisa ser pensado em prol da faixa etária das crianças a serem atendidas e que desenvolvam questões necessárias para seu desenvolvimento, sejam elas cognitivas, afetivas ou sociais. Contudo, na educação infantil, além de educar é necessário tam- bém cuidar, o que o RCNEI define do seguinte modo: Cuidar significa a base do cuidado humano, é compreender como ajudar o outro a desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24) Dessa forma, cuidar representa uma necessidade primária do ser humano para que ele possa se desenvolver. Por meio das relações estabelecidas, cuidar se torna parte até mesmo de uma necessidade. Quando tratamos de educação infantil, esse cuidado, muitas vezes, também é efetivo frente à dependência que crianças menores ainda apresentam. Por isso, cuidar e educar caminham juntos nessa cons- trução social e humana da criança na educação infantil, suprindo suas necessidades básicas e agindo com intencionalidade no seu desenvol- vimento cognitivo, afetivo, motor e social. Por conta de todos esses aspectos e pela relevância destacada des- se período do desenvolvimento infantil, cada vez mais os professores e a sociedade podem visualizar a educação infantil como a base de sus- tentação para toda a vida escolar e social das crianças. Trata-se de um período único e de extrema importância em suas vidas. 20 Organização didática da educação básica 1.3 Múltiplos papéis do pedagogo na educação infantil Videoaula Assim como em todos os níveis de ensino, na educação infantil são vários os papéis assumidos pelo pedagogo. Porém, o que se diferencia nesse nível é a delicadeza do momento, no sentido de compreender fa- tores de adaptação diferentes dos demais níveis de construção de base e desenvolvimento específico, que marcarão toda a vida escolar do alu- no. Por isso, inicialmente, entende-se que seu papel principal é enten- der o que representa essa fase cognitiva e de desenvolvimento infantil, assim como suas fases e os principais momentos em que cabem os estímulos necessários para um desenvolvimento amplo e efetivo. Dessa forma, entende-se que o pedagogo que trabalha com a edu- cação infantil assume o papel de mediador do conhecimento, criando oportunidades de desenvolver pensamento, imaginação, criatividade e proporcionado integração social, refletindo constantemente sobre sua ação frente a esses processos. De acordo com o conceito de ação docente, a profissão de edu- cador é uma prática social. Como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensi- no. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo prática e ação. (PIMENTA; LIMA, 2008, p. 41) Para que esse processo ocorra, o pedagogo deve utilizar sua base teórica de conhecimento, a fim de elaborar práticas que alcancem as necessidades da idade no contexto da educação infantil. Essas práticas compreendem desde o ato de brincar até o investimento de rotinas com intencionalidades diferenciadas, proporcionando adequações du- rante o planejamento para que os projetos possam ser desenvolvidos de forma significativa para a criança, contemplando, assim, as mais va- riadas dificuldades. Além de educar, o professor também precisa ter cuidado e zelo pela criança. Ele deve realizar tais atividades de maneira simultânea e inte- grada. Esse cuidado envolve, também, acompanhar e orientar a família, que precisa estar presente no desenvolvimento da criança e incorpora- da a essa responsabilidade. Pedagogo, aluno e família devem caminhar rumo ao melhor desenvolvimento da criança. Baseado em uma história real, Escritores da Liberda- de narra os desafios en- frentados pela professora Erin Gruwell ao perceber que os problemas da es- cola são provenientes da comunidade e que eles começam a agir sobre ela também. Esse filme demonstra a importância e o potencial da formação humana e as influências do professor sobre ela, reforçando os múltiplos papéis do pedagogo/ professor. Direção: Richard LaGravenese. EUA: Paramount Pictures, 2007. Filme O trabalho do pedagogo na educação infantil 21 Essa é uma das maiores peculiaridades da educação infantil, uma vez que o desenvolvimento do trabalho necessita efetivamente do cumprimento de todos esses personagens: escola, família e aluno. Por ser pequena, a criança ainda se apresenta dependente em muitos as- pectos, que se tornam parte integrante das responsabilidades da famí- lia e da escola ao ingressar na vida escolar. Assim, na educação, consideramos múltiplos os papéis do peda- gogo, que são visualizados em dois aspectos: enquanto professor e enquanto pedagogo. Dentre as características que mais contemplam esse profissional, estão: conhecer a criança; planejar as atividades de acordo com sua faixa etária; contemplar e respeitar cada momento do seu desenvolvimento; e proporcionar relação saudável e próxima com as famílias e demais envolvidos no trabalho pedagógico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreender quem é a criança que está na educação infantil e a fun- ção e a importância dessa fase escolar no desenvolvimento humano são questões fundamentais. Durante o planejamento das aulas, o pedagogo, na função de professor desse nível ou de coordenador pedagógico, deve ter clareza dessa importância, fazendo uso de metodologias que respeitem os aspectos emocionais da criança e da sua faixa etária. Subestimar a capacidade infantil com metodologias ineficazes pode ser prejudicial ao progresso da criança. Por isso, é importante sempre plane- jar as aulas tendo em vista as fases do desenvolvimento infantil estudadas neste capítulo. Assim, cabe ao pedagogo a responsabilidade de, ao atuar como do- cente ou coordenador da educação infantil, conhecer as características e capacidades cognitivas da criança, para, então, propor uma atuação significativa. ATIVIDADES 1. Sabemos que, atualmente, o estímulo às habilidades é essencial para a formação completa da criança. Com base nisso, escreva o significado de habilidades socioemocionais e argumente o porquê de sua importância. 22 Organização didática da educação básica 2. Sabendo que o período sensório-motor e o período pré-operacional correspondem às fases em que a criança está na educação infantil, como as características desses períodos determinam o desenvolvimento da criança? 3. Na educação infantil, o pedagogo deve se preocupar com o ato de educar seus alunos, mas também deve se preocupar com o ato de cuidar. Comente a relação entre esses dois fatores: cuidar e educar. REFERÊNCIAS AYRES, S. N. Educação Infantil. Teoria e práticas para uma proposta pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC, 1998. Disponível em: https://www.novaconcursos. com.br/blog/pdf/referencial-curricular-nacional-educacao-infantil-pref-limeira-sp.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020. CARDOSO, M. G. Importância da Afetividade na Educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/10463/1/PDF%20-%20Michelle%20Gertrudes%20Cardoso.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020. MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagens. São Paulo: EPU, 1995. PIAGET, J. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2001. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2008. RELVAS, M. P. Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros humanos em sala de aula. Rio de Janeiro: WAK, 2010. Organização didática na educação infantil 23 Além de um ato complexo, o trabalho com crianças da educação infantil é um ato de grande amor, responsabilidade e organização, pois, a cada ação, o pedagogo necessita de intencionalidade e de planejamento frente ao que será executado. Para isso, iremos refletir sobre a organização didática necessária ao trabalho na educação infantil. Inicialmente, o planejamento e as práticas educativas são os grandes momentos nos quais o pedagogo irá pensar sobre as mais amplas questões que envolvem a tomada de decisões sobre os processos educacionais em sala de aula. Para optar pela prática ou metodologia mais adequada, o planejamento das aulas perpassa por preocupações voltadas à faixa etária da criança e, consequentemente, pelas suas capacidades cognitivas e pelas condições do espaço de atuação; ou seja, os recursos que a escola disponibiliza. Paralelamente, o pedagogo deve se preocupar com sua formação continuada e a busca por novas possibilidades metodológicas. A partir dessa preocupação inicial, é necessário, também, refletirmos sobre a continuidade e a verificação desse processo, ou seja, os resultados a serem avaliados. Precisamos nos perguntar: a aula, ou o projeto, alcançou os objetivos propostos? Atingiu os alunos a ponto de contribuir com novos conhecimentos e sistematizá-los? A avaliação também serve para o próprio pedagogo rever sua prática e repensar possíveis melhorias nesse processo. Organização didática na educação infantil 2 24 Organização didática da educação básica Cada um desses elementos ganha proporção teórica e direcionamento legal, uma vez pautados no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse documento trata justamente das referências base para todo o desenvolvimento do trabalho na educação, sua significância e cuidados em cada momento. Então, vamos refletir mais a fundo sobre essas questões? 2.1 Planejamento e práticas educativas Videoaula O ato de planejar faz parte da atividade humana. Planejamos nosso dia, nossas férias, o quanto economizaremos para trocar de carro etc. O planejamento está em nossas vidas nas formas mais amplas e, até mesmo, nas atividades mais simples, como o que cozinhar para o jantar ou que caminho seguir para chegar ao trabalho de maneira mais rápi- da; enfim, planejamos constantemente. Esse mesmo planejamento que faz parte do nosso dia a dia também ocorre no ambiente de trabalho, independentemente da profissão. No entanto, ao pensarmos especificamente sobre as atividades desenvol- vidas em sala de aula, o planejamento certamente se torna o principal aspecto que as move, pois também é o ponto de partida para que os pro- cessos curriculares, cognitivos e organizacionais ocorram efetivamente. Algumas escolas organizam reuniões pedagógicas no início e duran- te o ano letivo, nas quais planejam suas ações anuais, e os professores, por sua vez, organizam suas práticas e como elas irão ocorrer a cada momento: os eventos, as avaliações, as tarefas, a metodologia a ser utilizada e o material didático, isto é, o dia a dia em sala de aula. Já o trabalho desenvolvido pelo pedagogo na educação infantil deve ser seguido de intencionalidade, objetivos e recursos que tornem essas práticas significativas. Nesse sentido, o que irá assegurar, em boa parte, o sucesso dessas ações é a formação de pedagogos cientes da importância de suas práticas. É preciso formar os professores em sua prática docente diária e ins- truí-los quanto ao saber prático, como profissionais da educação, em Organização didática na educação infantil 25 relação ao conjunto de recursos didáticos que podem ser usados no exercício da docência (JULIATTO, 2013). É uma exigência dos alunos que os profissionais do magistério exerçam a atividade com responsabilida- de e competência. Assim sendo, a docência é um trabalho fundamental prestado à coletividade, uma vez que dela decorrem consequências im- portantes, que podem ser boas ou más. A partir dessa reflexão sobre a relevância da prática docente, entendendo o planejamento como um dos principais pontos a serem tratados, ele não deve ser considerado algo simples e óbvio, mas, sim, ser visto com a delicadeza que o trabalho do professor requer, pois, dessa forma, renderá bons frutos de modo organizado, estruturado, eficiente e prazeroso, tanto para o pedagogo como para o aluno. Para que esse alinhamento ocorra, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz eixos norteadores que indicam o trabalho a ser desenvolvido para um ensino de qualidade nessa etapa e que, por isso, devem fazer parte do plane- jamento do professor: • O primeiro deles trata de identidade e autonomia. Esse eixo ressalta a importância de despertar na criança o sentimento de ser único, conhecendo suas qualidades e potenciais. Entendemos que, a partir do momento em que o aluno conhece e compreen- de a si mesmo, consequentemente as relações com os demais será mais saudável e produtiva. • A matemática refere-se ao desenvolvimento, desde cedo, do raciocínio lógico e do raciocínio matemático, que formam a base para toda a sequência de entendimentos da criança nos anos posteriores relativos a esses temas e para a busca de solução de problemas. • Natureza e sociedade trazem todas as discussões de mundo, envolvendo conhecimentos de história, geografia e ciências de maneira integrada. Em seu planejamento, o professor deve levar a criança a se sentir como parte do meio em que vive e, automa- ticamente, responsável por ele. • O trabalho com a música é outro fator importante, visto que esse conhecimento, desde o início, proporciona grandes benefícios ao desenvolvimento neuronal e à criatividade. • O movimento vem, também, como aspecto relevante, pois, na educação infantil, o desenvolvimento motor está em um dos seus períodos mais evidentes. Tanto a motricidade ampla (como correr, O livro Planejamento na Sala de aula traz, de maneira objetiva, aspectos importantes e que devem ser considerados pelo professor ao planejar e executar suas aulas. Trata, também, da relação tão importante entre planejamento e avaliação. GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. 4. ed. São Paulo: Vozes, 2010. Livro 26 Organização didática da educação básica saltar, organizar-se no espaço) quanto a motricidade fina (movi- mentos de escrita) são elementos de extrema importância e que devem, portanto, ser contemplados no planejamento do professor. • Diretamente ligada à motricidade está a linguagem oral e escri- ta. O movimento da escrita e a expressão corporal possuem uma forte ligação com os pré-requisitos para a alfabetização, que virá nos anos posteriores. Essa ligação se dá ao fato de que a criança, inicialmente, por meio de suas expressões corporais, desenvolve a sua linguagem, a qual, quando bem estabelecida, abre cami- nhos para que seja feito o seu registro no papel. • O trabalho com as artes visuais é outro fator que deve ser con- siderado, pois contribui para o desenvolvimento das habilidades motoras e desenvolve a criatividade e o conhecimento de ele- mentos, tais como cores, formas e texturas, que levam a criança a essa identificação de mundo, tão necessária nessa fase. Além desses eixos, podemos falar em princípios e valores como algo importante nessa etapa, para um ensino de qualidade. Eles de- vem ser inseridos no cotidiano das aulas do professor, pois a fase de zero a seis anos é uma época em que a socialização, o convívio com os demais, o entendimento e a aceitação de regras começam a ser desen- volvidos gradativamente.Considerando esses eixos, devemos analisar quais fatores envol- vem o ato de planejar na educação infantil. Desse modo, o número de alunos em sala, inicialmente, é um fator de extrema importância ao se pensar em um planejamento para uma aula ou, ainda, para um ano letivo. Assim, pensar e elaborar a prática a partir do número de alunos seria, até mesmo, o ponto principal desse planejamento. As turmas de educação infantil, no geral, apresentam um número reduzido de alunos em comparação às do ensino fundamental. Mesmo com esse diferencial, faz parte da prática do pedagogo considerar o número de alunos em sala para a concretização do que se imaginou. Identificado o espaço a ser trabalhado, os recursos disponíveis a serem utilizados e as possibilidades de realização, conforme a quanti- dade de alunos, outro fator essencial para o planejamento adequado do professor é conhecer a faixa etária dos alunos e o que cada uma de- las significa. Afinal, as características das crianças em suas respectivas Organização didática na educação infantil 27 idades e as fases de desenvolvimento interferem no planejamento do professor, que deve preparar atividades viáveis para essas realidades. Além de o professor conhecer e aprofundar seus conhecimentos sobre as fases do desenvolvimento infantil, ele deve também tomar cuidado para que o planejamento e o direcionamento das atividades estejam de acordo com as condições de aprendizagem dos alunos, a fim de não desfavorecer suas capacidades, mas, sim, encorajar as crianças em seu desenvolvimento, com o cuidado de não ultrapassar o que é característico de cada fase. Por isso, ao iniciar um novo ano, muitos pensamentos e dúvidas vêm à cabeça dos pedagogos: será que a turma tem um comportamento agi- tado? Será que terei muitos alunos com dificuldades de aprendizagem? Boa parte dessa curiosidade inicial, e até mesmo de certa ansieda- de, pode ser resolvida nas primeiras semanas de aula, quando se é aconselhado realizar um levantamento inicial das facilidades e das di- ficuldades de cada aluno. Ressalta-se, nesse momento, as facilidades pelo fato de que o pedagogo deve identificar, também, os pontos em que os alunos se destacam, visto que esta será uma informação precio- sa no planejamento estratégico anual e, até mesmo, nos trabalhos em grupos entre os alunos. Por meio desse levantamento, a elaboração de estratégias será mais direcionada, pois, conhecendo as dificuldades existentes, o pedagogo poderá planejar a melhor maneira de encaminhar a aula para que esses desafios sejam superados. No caso da educação infantil, ficam evidentes as questões voltadas ao desenvolvimento motor, socialização e oralidade. Realizado esse levantamento e detectadas todas as características iniciais que a turma e a instituição escolar apresentam, torna-se neces- sário, então, planejar de acordo com esses aspectos. Na educação infantil, os conteúdos vêm distribuídos de maneira contínua e gradativa. Devemos lembrar que a criança, nessa faixa etá- ria, aprende também por meio de repetições; assim, é preciso ensiná-la diversas vezes e de diferentes formas um mesmo tema. Ou seja, algo trabalhado em fevereiro deve ser relembrado mês a mês até dezem- bro, para que, aos poucos, as novas descobertas ganhem sentido. 28 Organização didática da educação básica Outro momento que deve aparecer no planejamento do professor e que é um fator a ser trabalhado é o aprender a compartilhar brin- quedos, o que gera certa socialização. Este não é tema de aula, é algo diário, assim como a hora da roda e outras metodologias que serão vistas logo após. Segundo Libâneo (2004, p. 222), o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implica- ções sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade. Dessa forma, planejar uma aula é algo complexo, não óbvio, em que deverá haver cautela com os detalhes e com as possibilidades. Assim, nesse processo, também cabe ao professor a flexibilidade, a adaptação do proposto com sua realidade e a predisposição para criar e inovar. 2.2 A metodologia no ensino de crianças pequenas Videoaula A escolha pela melhor metodologia em sala de aula envolve sele- cionar métodos que possam colaborar de maneira significativa para o desenvolvimento da criança. Sabemos que o ser humano aprende em grupo, mas seu desenvol- vimento ocorre de modo individual, pois cada um possui uma capaci- dade e lógica diferentes frente ao que lhe é apresentado. Considerando essa diversidade na forma de aprender, é necessário que, ao planejar suas aulas, o pedagogo opte por metodologias e procedimentos que contribuam para a evolução do processo de aprendizagem infantil. Desse modo, dentro dessas metodologias existem rotinas utilizadas em sala de aula que indiretamente trazem para a criança grandes pos- sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe- cimentos cognitivos. É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap- tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala de aula de educação infantil. Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são elementos importantes no desenvolvimento infantil. Organização didática na educação infantil 29 Figura 1 A hora da roda promove elementos importantes no desenvolvimento infantil. Rawpixel.com/Shutterstock sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe- cimentos cognitivos. É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap- tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala de aula de educação infantil. Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas, por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que, a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento. Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são elementosimportantes no desenvolvimento infantil. Organização didática na educação infantil 29 Figura 1 A hora da roda promove elementos importantes no desenvolvimento infantil. Rawpixel.com/Shutterstock Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade. Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu- cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter- disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian- ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade. Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor possa contemplar cada parte do processo. A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti- nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado da melhor forma. A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa- ber o que fazer, mas também quando e onde. A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção. Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia- das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas. O fato de relatar situações que já aconteceram, falando de forma a ser entendido pelos demais, ajuda a desenvolver questões de oralida- de essenciais à criança. Salvo esses importantes fatores, há também a socialização e o respeito ao próximo; saber ouvir o que o outro tem a dizer é uma habilidade a ser desenvolvida, assim como esperar sua vez de falar, o que gradativamente contribui para a organização mental de ideias e controle de ações da criança. Outro exemplo de metodologia a ser utilizada na educação infantil é o hábito de deixar claro para as crianças a rotina do dia. A partir do momento em que a criança identifica o que acontecerá durante o pe- ríodo em que ficará na escola, seu grau de ansiedade se estabiliza. Esse hábito traz, também, benefícios para a organização mental da criança e controle do tempo. Desse modo, o pedagogo pode expor essa rotina de diferentes formas, como em formato de imagens, palavras ou sím- bolos que representem cada momento: hora da roda, educação física, lanche, atividade e assim por diante. O dia do brinquedo é outra forma de tornar as aulas atrativas e di- vertidas para a criança. No entanto, sua função é acima de tudo social. Geralmente, as escolas elegem um dia específico da semana em que os alunos trazem seus brinquedos para brincar na escola. Nesse dia, a criança aprende a compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a vontade dos colegas e socializar. O pedagogo, ao planejar esse momen- to, deve ter a consciência dessas questões e explorar situações de con- flito que os alunos podem enfrentar, orientando-os adequadamente. 30 Organização didática da educação básica Figura 2 O dia do brinquedo tem a socialização como principal função. Ra wp ixe l.c om / S hu tte rs to ck Organização didática na educação infantil 31 Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade. Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu- cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter- disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian- ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade. Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor possa contemplar cada parte do processo. A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti- nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado da melhor forma. A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais, que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa- ber o que fazer, mas também quando e onde. A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção. Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia- das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas. 2.3 Avaliação na educação infantil Videoaula Executadas todas as estratégias e tomados todos os cuidados perti- nentes à garantia do bem-estar e da educação da criança, como visua- lizar os resultados desse processo? Para essa questão, só existe uma resposta: avaliar. Esse ato na edu- cação infantil está diretamente ligado à tomada de decisões. Decisões 32 Organização didática da educação básica essas relacionadas à própria atuação profissional do pedagogo, aos processos que envolvem as rotinas da escola e a efetivação de sua pro- posta curricular e à aprendizagem dos alunos. Segundo Sousa (2008, p. 56), o ato de avaliar deve estar fundamentado nos seguintes pontos: 1. Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o processo educacional, e não somente em períodos específicos; 2. Compatibilidade com os objetivos propostos: a avaliação deve estar em conformidade com os objetivos definidos como nortea- dores do processo educacional para que venha realmente cum- prir a função de diagnóstico; 3. Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as pers- pectivas do processo educacional, avaliando assim todos os com- portamentos do domínio (cognitivo, afetivo e psicomotor); 4. Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias téc- nicas possíveis, visando também avaliar todos os comportamentos. Após essas reflexões sobre a importância da continuidade, compati- bilidade, amplitude e diversidade da avaliação, devemos também pen- sar de modo mais prático a avaliação em momentos diferentes, porém com mesmo grau de importância. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em dezembro de 1996, estabelece, na Seção II, referente à educação infantil, artigo 31, inciso I, que a avaliação deve ocorrer “mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo- ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 1996). Assim, o primeiro momento seria o de avaliar os conhecimentos prévios dos alunos, descobrindo o que eles já sabem sobre o que preci- sa ser desenvolvido naquele estágio. Uma vez que as crianças sempre têm algo a apresentar a partir da realidade social em que vivem, é im- portante a sensibilidade do pedagogo, pois essa verificação inicial trará informações para a elaboração do seu planejamento. O momento da avaliação pode aparecer,no caso da educação infan- til, no formato de brincadeiras, rodas de conversa e, também, realizan- do uma entrevista com os pais para conhecer mais sobre a realidade da criança, suas habilidades e possíveis dificuldades, levando em conside- ração a perspectiva da família. Um segundo momento está relacionado ao processo. As estraté- gias ao longo do período, os erros, os acertos, as dificuldades encontra- Organização didática na educação infantil 33 das no caminho, as habilidades, as aprendizagens e os conhecimentos adquiridos pelos alunos no decorrer das aulas devem ser considerados ao realizar a avaliação do aluno. No caso da educação infantil, esse momento da avaliação pode ocorrer por meio de instrumentos de acompa- nhamento em que o professor faz anota- ções diárias do rendimento dos alunos, observando a evolução que tiveram e o que ainda precisa ser alcançado. Esse instrumento pode ser em formato de fichas, em que o pedagogo irá registrar diariamente a evolução dos alunos. Outra forma impor- tante de acompanhamento fre- quente é a observação da resolução das atividades. Dessas duas formas, o pedagogo conse- guirá observar de maneira proces- sual e contínua a evolução da criança nos âmbitos social e cognitivo. De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), a avaliação nessa etapa deve ser processual e destinada a auxiliar na evolução da aprendizagem, for- talecendo a autoestima das crianças. Nesse documento, a avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e, com isso, ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possi- bilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crian- ças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecio- nar esse processo como um todo (BRASIL, 1998, p. 59). Dessa forma, espera-se visualizar os resultados das aprendizagens, ou seja, o que efetivamente foi desenvolvido e assimilado pelos alunos. Essa etapa pode ocorrer com atividades direcionadas, que intencional- mente analisam o que o aluno atingiu em termos de conhecimento e desenvolvimento, como “avaliações finais”. Phat1978/Shutterstock Figura 3 A participação da família no processo de avaliação na educação infantil. 34 Organização didática da educação básica Torna-se importante visualizar, durante cada um desses tipos de avalia- ção e em diferentes momentos, a diversidade que compõe a sala de aula. Cada aluno é único em seu desenvolvimento, e o sucesso ou não de sua aprendizagem dependerá de diferentes fatores que devem ser considerados pelo professor. Sabe-se que os estímulos externos nessa fase são um marco importantíssimo frente ao desenvolvimento do alu- no. Crianças mais estimuladas desde cedo apresentarão desempenho mais acelerado. Esses estímulos podem ocorrer com a simples exposi- ção da criança a diferentes materiais desde cedo, com formas e cores diversas, participando de contação de histórias e utilizando brinquedos educativos. Porém, muitas podem não apresentar esses estímulos pre- coces e, assim, se desenvolverão no seu tempo. Nesse sentido, o planejamento de uma aula e, consequentemente, a sua avaliação e a do aluno devem partir de princípios em que a diver- sidade, bem como as dificuldades e deficiências, sejam consideradas. Muitas vezes, esse momento necessita de um olhar diferenciado do pe- dagogo, no que diz respeito à adaptação das avaliações para a capacida- de cognitiva em que a criança se encontra, respeitando suas limitações. Após todo esse acompanhamento e cuidado, outro momento muito importante é a devolutiva das avaliações aos pais. Na maioria das escolas de educação infantil, isso ocorre na forma de relatórios, nos quais o desenvolvimento da criança é descrito sob a perspectiva pedagógica em seus diferentes aspectos (afetivo, cognitivo, motor e outros). A entrega desse relatório pode ocorrer bimestralmente, trimestralmente ou semestralmente, com a presença dos pais em reunião com o professor. Por se tratar de um momento importante do desenvolvimento in- fantil, as famílias precisam acompanhar e atentar-se a todos os âmbitos de desenvolvimento de seus filhos. Nesse sentido, cabe ao pedagogo a qualidade dessa devolutiva, sabendo apontar, com seus conhecimen- tos teóricos, quais os aspectos a serem trabalhados com a criança, o por quê e de que forma. Dessa maneira, busca-se a aproximação com a família em prol do desenvolvimento da criança, estabelecendo um trabalho com união e parceria. Por fim, o feedback que é dado às crianças com relação ao seu de- senvolvimento tem uma grande importância nesse processo. Explicar com clareza o que precisam fazer, o que se espera, e dizer como se No vídeo Reflexões sobre a avaliação na escola infantil, publicado pelo canal Instituto Advento, Jussara Hoffmann, em uma entrevista, relata os processos e desafios de avaliar na educação infantil, tema tratado aqui de maneira prática e pró- xima à realidade aplicada em sala de aula. Disponível em: https://www.youtu- be.com/watch?v=FL3gjVUWs2M. Acesso em: 22 jan. 2020. Vídeo Organização didática na educação infantil 35 saíram no resultado é motivador e importante para perceberem o ca- minho a ser trilhado. Lembrando que a valorização das conquistas e do quanto a criança conseguiu se desenvolver dentro de sua capacidade deve ser vista pelo pedagogo. No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas possi- bilidades ao longo de seu processo de aprendizagem. Para que isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas ob- servações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de superação das dificuldades (BRASIL, 1998, p. 60). Assim, percebemos que avaliar é um processo importante, rico em conhecimentos da individualidade de cada um, e é também uma ferra- menta de autoavaliação para o pedagogo, pois, por meio desses resul- tados, ele perceberá o quanto a sua prática está tendo sucesso em sala de aula, ou o quanto é necessário revê-la. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendemos a educação infantil como a base que sustenta o de- senvolvimento cognitivo, afetivo e motor do ser humano. Dessa forma, ressaltamos a importância de o pedagogo ter claro os processos que a compõem. Desde o planejamento à escolha pela metodologia adequada e ao processo de avaliação, torna-se rico esse momento de descobertas e de novas possibilidades de desenvolvimento. Fica evidente que o pedagogo, como o principal profissional que conduz os saberes nessa etapa da educação, deve prezar pelo bom desenvolvimento da criança, favorecendo a criação das bases que o sus- tentarão para toda a sua vida escolar e social. Lembrando que essa atua- ção do professor-pedagogo deve pautar-se no profundo conhecimento teórico e no entendimento das recomendações legais apresentados por documentos como o RCNEI, que traz apoio e direcionamento ao tra- balho do professor e é seu grande aliado no trabalho desenvolvido na educação infantil. Seja o professor em sala de aula ou o pedagogo escolar, o profissional que atua na educação infantil tem a missão de fazer com que os proces- sos ocorram da melhor forma, prezando por uma organização didática que contemple todas as necessidades das crianças nesse momento. 36 Organização didática da educação básica ATIVIDADES 1. Discorra sobre as preocupações que o pedagogo deve ter ao realizar o planejamento na educação infantil. 2. Dentre as diferentes metodologias utilizadas na educação infantil, o dia do brinquedo possui um significado muito importante frente ao desenvolvimento infantil. Escreva sobre seus benefícios. 3. Ao pensarmos sobre avaliação, podemos considerar que ela deve ser feita nos primeiros momentos com a turma, sendo realizada novamente durante o processo e, também, no final do período.O que se espera obter com a avaliação em um segundo momento, durante o processo de aprendizagem? REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394. htm. Acesso em: 22 jan. 2020. BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília: MEC, 1998. JULIATTO, C. I. De professor para professor, falando de educação. Curitiba: Champagnat, 2013. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004. SOUSA, C. P. Dimensões da avaliação educacional. São Paulo: Vozes, 2008. Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37 Após a jornada que a criança percorre durante o período na educação infantil e os desafios enfrentados, iniciamos um perío- do cheio de possibilidades e que exige um novo olhar voltado ao desenvolvimento. Nessa fase que se inicia, a criança se apresenta um pouco mais madura e aberta às novas descobertas; é o mo- mento em que novas capacidades cognitivas são experimentadas. Os anos iniciais do ensino fundamental contam com a beleza de uma criança capaz de compreender o próximo e de socializar de uma maneira diferente, que a leva a uma integração mais efe- tiva. Essa fase conta também com a inserção no mundo letrado por meio da leitura e escrita aprendidas durante a alfabetização. Corresponde, portanto, a uma fase de transição da educação infantil para o ensino fundamental, em que é preciso compreender o papel do pedagogo em relação à didática, metodologia e avalia- ção empregadas pelos professores em sala de aula. Neste capítulo, vamos refletir sobre esse tema e fatores como planejamento e mé- todos pertinentes ao ensino fundamental – anos iniciais. Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 3 3.1 Processo de transição e adaptação para o ensino fundamental Videoaula O universo da educação infantil é repleto de criatividade, imagina- ção, cor e movimento. Brincar faz parte do dia a dia e as atividades são diversificadas e lúdicas. Porém, ao fim do último ano letivo dessa fase da educação, a criança é inserida em uma nova realidade. 38 Organização didática da educação básica Salas de aula diferentes, trabalho individualizado, silêncio e uma gama diferente de atividades são disponibilizadas para as crianças, al- gumas vezes esquecendo que o ingresso nessa nova etapa da educa- ção básica não representa o final da infância. Tal processo, algumas vezes, pode ocasionar certa resistência por parte das crianças, ou até mesmo desmotivação com o ambiente escolar, por não encontrar tan- to tempo de liberdade de criação, para brincar e resolver com esponta- neidade suas atividades. Esses fatores, mesmo não sendo uma regra, representam uma rea- lidade comum nesse momento de transição da educação infantil para o primeiro ano do ensino fundamental. Por isso, torna-se um motivo de atenção e cuidado por parte do pedagogo que acompanha esse mo- mento, a fim de que não se perca a infância com mudanças repentinas de postura por parte do professor em sala de aula. Em nosso país, esse momento de transição já foi discutido e modi- ficado algumas vezes. A Lei n. 11.274 de 2006 reduziu para seis anos a idade de ingresso da criança no ensino fundamental e, em 2016, a Emenda Constitucional n. 59/2009 determinou que as crianças de qua- tro e cinco anos devem ingressar na educação infantil. Dessa forma, o ingresso da criança na escola passa a ser mais cedo, o que nos faz pensar que esse ambiente deve estar adequadamente apropriado para recebê-la, em todos os aspectos, desde os físicos e curriculares até a formação de pedagogos e professores. Tanto a necessidade de uma transição tranquila para o ensino fundamental quanto a garantia de espaços adequados de permanência na escola são ressaltados nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2010. Elas se preocupam em estabelecer a relação entre esses dois pe- ríodos – a educação infantil e o ensino fundamental – como uma continuida- de, e não uma quebra que possa afetar o de- sempenho e a motivação da criança em aprender e em permanecer o ambiente escolar. Figura 1 A entrada no ensino fundamental representa grandes mudanças na vida da criança. Monkey Business Images/Shut tersto ck Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 39 Para tanto, destaca-se que a formação do pedagogo, responsável pelo trabalho nesses níveis, seja como professor seja como coordena- dor pedagógico, deve estar voltada aos saberes e às peculiaridades que essa fase apresenta, estando sempre ciente de questões como: • A contínua necessidade de brincar e a interação com os seus co- legas por meio de atividades lúdicas. • A peculiaridade de cada um e o respeito às diferenças, relaciona- das a fatores emocionais e cognitivos. • O desenvolvimento de uma proposta pedagógica que continue priorizando o movimento durante as aulas, destacando a diver- sidade de atividades propostas, os saberes prévios e o contexto sociocultural. Desse modo, se os procedimentos e cuidados utilizados até então na educação infantil forem tratados como uma continuidade no ensino fundamental, todos os aspectos maturacionais que se espera da crian- ça virão gradativamente. As novas configurações de turma, professo- res, ambiente, autonomia e hábitos diferentes de estudos, bem como a curiosidade pelo novo, devem ser elementos de motivação e anseio por novas experiências. Dentro das novas experiências, vários fatores devem ser considera- dos, estes que vão desde o planejamento e formação do professor até elementos predominantes dessa mudança, como o processo de avalia- ção, o qual deve ser visto como algo que faz parte da aprendizagem, e não como um desafio negativo. O conceito de avaliação deve ser recebido pelo aluno por meio de um trabalho consciente e direcionado do professor ou pedagogo que assume a turma. É ele que deve explicar o sentido, processo e objetivo de cada atividade realizada, pois a prática de provas que geralmente surge nesse período, muitas vezes, não é encontrada na educação in- fantil. Sabe-se que muito do que o aluno levará para a sua vida acadê- mica é respaldo de uma fase de base inicial, como o momento tratado aqui, ou seja, os primeiros anos da educação básica. Na educação in- fantil e no ensino fundamental, o aluno cria alicerces que serão a base da sua vida acadêmica no que se refere à leitura, à escrita, ao letramen- to e aos hábitos de estudos. É preciso ainda ter cuidado quanto às expectativas das famílias em relação aos novos desafios encontrados pelos filhos nessa nova fase de 40 Organização didática da educação básica ensino. O pedagogo deve, nesse momento, adotar uma postura aco- lhedora, de escuta e segurança, que transmita confiança e serenidade frente às novas fases da vida escolar da criança. Ou seja, em todos os momentos, o olhar do pedagogo durante essa transição deve ser per- meado por sensibilidade e clareza, com o intuito de tornar esse mo- mento algo prazeroso e significativo. Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo A pré-escola e a construção da autonomia, das autoras Patrícia Ligocki Silva e Tâ- nia Mara Sperb, traz uma reflexão sobre o preparo da criança na educação infantil para se adaptar ao ensino fundamental. Acesso em: 22 jan. 2020. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1999000100007 Artigo Por fim, cabe ressaltar que cada criança e cada família apresentam peculiaridades, como tempos diferentes de aprendizagem, de adapta- ção e formas diferentes de lidar com processos de mudanças. O peda- gogo, como profissional à frente desse processo, deve ter estratégias, de acordo com o ambiente em que atua, que as auxiliem nesse proces- so de transição. 3.2 Identidade do pedagogo nos anos iniciais do ensino fundamental Videoaula Compor a própria identidadeé extremamente relevante em todos os aspectos da vida. Ao implantar nossa identidade, realçamos nosso modo de pensar, agir e viver que foram construídos com base em nos- sa educação e nossas vivências. Nesse sentido, a identidade profissional também é desenvolvida por meio de estudos, vivências e experiências, que devem nos levar a acreditar e desenvolver o trabalho de maneira ética e coerente com o papel que ocupamos. Essa mudança de papel, ora professor, ora coor- denador, ou ainda atuando em ambientes empresariais, cabe muito bem na formação do pedagogo, uma vez que o profissional de pedago- gia pode atuar nas mais diferentes organizações voltadas ao trabalho com educação, como escolas, empresas, ONGs e hospitais. Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 41 Com relação à identidade do pedagogo, construída ao longo de seus estudos e de sua experiência profissional, Marcelo (2009) reconhece a identidade profissional como um processo de aprendizagem ao lon- go da vida, visto que seu desenvolvimento é interminável. Nessa pers- pectiva, faz-se necessário considerar que os professores e pedagogos precisam constantemente questionar-se: “Quem eu quero ser?” e, com isso, buscar saber qual é o seu espaço na sociedade. Brzezinski (2011, p. 122) afirma também que a identidade profissional é uma identidade coletiva, pois vai se delineando. E no caso do pedagogo, tal como o professor, as re- lações de trabalho se estabelecem no interior da escola, no con- texto da comunidade, mas o pedagogo, por força de lei em vigor, atua também em espaços não escolares. Dessa forma, a atuação do pedagogo se amplia a diferentes áreas, e sendo estas relevantes em todos os campos de atuação e níveis, vamos pensar agora no que se refere especificamente ao ensino fundamental. Quais saberes e questões devem ser considerados pelo pedagogo para firmar sua identidade e personificação em sua prática? Inicialmente, é preciso deixar evidente que a escola precisa dos sa- beres e das práticas que o pedagogo realiza. Para Pimenta (1996, p. 248), o “fazer pedagógico que ultrapassa a sala de aula, configura-se como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para que esta seja efetivamente democrática’’. As DCN para o curso de Pedagogia definem o pedagogo como pes- soa habilitada para atuar no ensino, na gestão e na organização de projetos educacionais, sistemas, unidades e na produção e difusão do conhecimento, nas mais diversas áreas da educação, tendo a docência como base obrigatória de sua formação e identidade de profissional. Com isso, o papel da formação inicial do pedagogo remete ao trabalho em sala de aula. Porém, sua formação abrange outras áreas que se responsabilizam frente ao trabalho docente e à organização escolar. Nesse momento, vamos evidenciar a identidade do pedagogo en- quanto professor do ensino fundamental e refletir sobre essa identida- de, a qual é construída desde os anos iniciais de sua formação, durante a graduação, até o que os anos de prática em sala de aula o transfor- mam, por meio de suas experiências. 42 Organização didática da educação básica Nesse sentido, podemos considerar a importância da práxis, isto é, a relação entre teoria e prática, que traz sentido ao que o professor faz em sala de aula e contribui para o desenvolvimento da sua identidade frente a sua ação. O conceito de práxis remete ao processo de reflexão-ação-reflexão. O ato de refletir sobre a sua prática e agir sobre ela torna o profes- sor muito mais próximo da realidade e capaz de pensar em estratégias para mudar sua prática – mudanças essas tão necessárias diante dos desafios diários da sala de aula, em especial no ensino fundamental. Nessa etapa, os desafios do pedagogo/professor estão relacionados inicialmente ao processo de alfabetização e letramento. A alfabetização, além de representar fonemas (sons) em grafe- mas (letras), no caso da escrita, e representar os grafemas (le- tras) em fonemas (sons), no caso da leitura, os aprendizes, sejam eles crianças ou adultos, precisam, para além da simples codi- ficação/decodificação de símbolos e caracteres, passar por um processo de ‘compreensão/expressão de significados do código escrito’. (PARANÁ, 2015, p. 7) O trabalho minucioso com fonemas e grafemas faz parte de um primeiro momento e deve ser desenvolvido com total clareza, pois é a base para uma boa compreensão escrita durante os processos de alfabetização e letramento. De acordo com Soares (2013), esses dois processos introduzem a criança e o adulto que ainda não passou pelo processo de alfabetiza- ção ao mundo da escrita. Segundo a autora, a alfabetização é o processo pelo qual a criança adquire o sistema con- vencional de escrita, enquanto o letramento se refere ao desenvolvimento do uso desse sistema em práticas de leitura e escrita. A alfabetização é um proces- so complexo e que não ocorre somente nos anos iniciais. Ler e es- crever é um dos princi- pais objetivos dos anos iniciais, porém letrar e inserir o aluno em um Figura 2 A alfabetização é um dos principais objetivos dos anos iniciais. wavebreakmedia/Shutterstock Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 43 mundo de criticidade e interpretação da realidade é um processo que se estende por todo o ensino fundamental e que deve ser objeto de preocu- pação e constante trabalho do pedagogo que atua nesse nível de ensino. Saber as especificidades dessa etapa e desenvolver um trabalho que venha ao encontro dessas características, muitas vezes, direciona o pedagogo a se tornar um especialista em alfabetização – o que abran- ge um campo de muitas descobertas e novas possibilidades. Contudo, o ensino fundamental traz outros desafios, relacionados à continuidade desse processo ao longo dos demais anos, e que vão ser tratados na próxima seção. Por isso, a identidade do pedagogo en- quanto professor dessa etapa vai se expandindo no que se refere à formação continuada, para a compreensão especificamente em letra- mento, criticidade e autonomia e, ao trabalhar com habilidades e com- petências, contribui para o ser cidadão. A identidade do pedagogo no ensino fundamental pode ser cons- truída como professor e como gestor, ou seja, aquele que acompanha o andamento do trabalho desenvolvido na escola, o trabalho do profes- sor, seu sucesso e insucesso. Conforme Lück (2013, p. 39), é importante ter em mente que o fracasso escolar de um aluno não acontece apenas no final do ano e nem por acaso, ou por culpa do professor. Ele acontece no dia a dia, desde as primeiras aulas do ano letivo, a partir de pequenas aprendizagens que dei- xam de acontecer, que ficam desatendidas pelos professores e que vão se acumulando no dia a dia, gerando mais dificuldade, insucessos e construindo gradualmente uma atitude discente negativa em relação ao processo de aprender. Nessa perspectiva, o gestor assume grande responsabilidade sobre o que acontece também em sala de aula, uma vez que participa indire- tamente do planejamento do professor, com orientações, por meio do contato com os pais, da estruturação do currículo e demais demandas que envolvam a aprendizagem dos alunos. Entendemos, assim, que a busca pela identidade do pedagogo no ensino fundamental estará pautada na sua escolha de atuação, no aprofundamento teórico realizado frente a essa escolha e, principal- mente, na sua predisposição, tão característica da pedagogia, que sig- nifica o compromisso transformador frente aos educandos, seja em sala de aula seja como gestor desse processo. 44 Organização didática da educação básica 3.3 Planejamento com os professores Videoaula Pensar no papel do pedagogo no ensino fundamental pode remeter ao trabalho como gestor, direcionado aos professores, com orientação direta de seu trabalho e planejamento. Ao pensar em planejamento nessa etapa, inicialmente, o pedagogo deve orientar o professor sobre alguns cuidados específicos, como a atenção relativa
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