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Dóris Rocha. Relatorio Visita Museu de Arte Sacra

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Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências da Arte Faculdade de Artes Visuais Disciplina: História da Arte Brasileira
Professor: Emanoel Fernandes Jr.
Aluna: Dóris Karoline Rocha da Costa
Número de matrícula: 201704540017 
RELATÓRIO DE VISITA AO MUSEU DE ARTE SACRA
1. Introdução
Dentro do que antes era o complexo igreja/escola jesuíta aqui em Belém está o museu de arte sacra, localizado na praça Dom Frei Caetano Brandão, no bairro da Cidade Velha. Seu horário de funcionamento é de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábado e domingo, das 10h às 14h. A visita guiada ao museu ocorreu no dia 22 de dezembro de 2017. A primeira parte foi a visita a igreja de santo alexandre, em que podemos observar ao vivo as características da arquitetura colonial jesuíta. Na segunda parte observamos esculturas e algumas pinturas achadas no local, outras doações e outras em comodato pela arquidiocese. O presente relatório visa descrever a visita guiada fazendo a relação entre o conteúdo dado em sala, o conteúdo dos matérias lidos, as informações dadas pela mediadora e a própria percepção pessoal do local.
2. Desenvolvimento
Servidos do conhecimento transmitido em sala de aula, o contato material com tudo que estudamos, foi muito enriquecedor desde a chegada a Igreja de Santo Alexandre, no momento em que pomos os olhos em sua fachada. Agora com olhar diferente, vários detalhes que antes não eram percebidos, nas visitas a passeio ao complexo feliz Luzitânia, nos saltam aos olhos e conseguem, como pretendiam os jesuítas, causar comoção, afrontamento e ao mesmo tempo acolhimento e deslumbramento, expressando todo o poder político desse grupo em sua época, é como lemos em sala a arquitetura foi – e é – usada como forma de dominação ideológica. É possível até esquecer por um instante todas as atrocidades cometidas na região diante do monumento histórico. 
Esteticamente na fachada, temos o uso explícito da decoração barroca: o frontão, as volutas decorativas, as duas torres, divisão em planos, simulação de colunas. Além disso, temos simulações de várias flores, feito não usual das fachadas barrocas, isto nos remete a discussão que existe entre historiadores sobre existir um estilo particular de cada lugar ocupado pelos jesuítas ou existir só um estilo seguindo as diretrizes de Roma. A observação do prédio nos faz concordar sobre existir um estilo ao mesmo tempo global e particular, conforme considera Rhuan.
Ao entrarmos na igreja: completo deslumbramento. Temos a sensação de que toda a imponência da decoração nos afronta e nos deixa pequenos. Ao olhar com mais atenção a sensação é de que nunca conseguiremos prestar atenção e capturar cada detalhe, realmente uma saturação de estruturas visuais. A igreja segue os moldes de muitas outras igrejas católicas tanto na Europa como no Brasil, tendo o transepto que dá o formato de cruz na igreja e o coro – local acima da entrada da entrada onde as famílias ricas assistiam a missa, tal qual a capela Pombo estudada na disciplina.
A mediadora começa fazendo um apanhado histórico sobre a construção, que é fruto da missão jesuíta na Amazônia. A igreja foi construída em três etapas, sendo que na última etapa foram utilizados pedra e cal. Por ser perto do forte do castelo, precisou ter paredes muito espessas, cerca de um metro e meio, visto que teria que aguentar sofrer eventuais ataques militares sem ser destruída. 
Quanto a decoração, a mediadora as tratou como instrumentos pedagógicos, já que a maioria não sabia ler, nem mesmo falar a língua do colonizador e a imagem foi utilizada como forma de catequizar. Do lado direito temos peças em Cedro vermelho que foram esculpidas por indígenas nas oficinas jesuítas, com detalhes de frutos, as colunas como de costume e a representação do pelicano para a dor e sofrimento de Jesus. Do outro lado, já não temos o uso da madeira e vemos predominantemente o Rococó e seus tons pastéis, colunas salomônicas e colunas que lembram as dos templos gregos. De ambos os lados, acima do piso, temos o púlpito em madeira e também todo esculpido em detalhes, era ali que os padres realizavam as missas, pois não se podia ficar de costas para o altar.
No transepto, para fins de exposição, foram colocadas três esculturas no alto: Santo Alexandre, São Francisco Xavier e outro não identificado. Esses dois foram encontrados emparedados na fachada da igreja. Além disso, nesse momento surgiu uma dúvida a respeito de quadros espalhados e eles serem barrocos ou não. Na verdade, eles não são, pois são feitos de ferro fundido, técnica do século XIV.
Ao fundo temos o altar com todo seu esplendor, o ápice da obra. Quando sob o domínio da ordem dos inacianos, as peças de madeira que o compõe eram todas banhadas a ouro, no entanto, quando foram expulsos e a nova ordem chegou, relacionaram a ostentação do altar aos crimes que os inacianos haviam cometido contra a coroa e resolveram deixar somente a madeira tal qual é atualmente, em sua cor natural. Os vãos das paredes eram preenchidas com quadros, temos colunas salomônicas com esculturas antropomorfas em sua base, inclusive trazendo traços físicos bem aproximados da aparência dos indígenas que as produziam.
Em seguida, visitamos a sacristia, que se mostrou uma caverna dourada, amplamente decorada. No teto temos no centro a pintura da Santíssima Trindade, e a paleta de cores usadas no rococó: cores pastéis e muito dourado.
A segunda etapa da visitação aconteceu no espaço que funcionava o colégio jesuíta, onde foram dispostas esculturas e algumas pinturas achadas no local, doadas ou em estado de comodato. De forma geral, por meio da paleta de cores e do exagero na dramaticidade, podemos dizer que são peças do estilo rococó, feitas em madeira. Fica clara a impressão das características físicas indígenas nas peças, até porque eles que as produziam: corpos mais curtos e cheios, da mesma forma, o formato do rosto é arredondado e com traços fortes. Essa impressão do local onde foram feitas remete ao debate feito em sala sobre exitir um estilo local, e como pudemos constatar, de fato há um abismo entre produções indigenas e obras que chegaram prontas.
Ainda que todo este legado da estética jesuíta tenha sido construído sobre os ombros de homens que não o escolheram carregar, é, de certa forma, mágico imaginar que tudo isso veio das mãos daquele seres originais, os quais podemos olhar e nos encontrar de forma identitária, os traços de nosso rosto, o nariz, a boca. Ainda estão alí, resistindo, mesmo que apagados de sua natureza pura e dizendo no silêncio que lhes foi imposto: eu estou aqui, apesar de tudo. Está nisso a importância de conservar o máximo que pudermos as manifestações estéticas do período colonial, e por isso é tão triste ver a falta de infraestrutura na conservação da escola/igreja jesuíta aqui em Belém.

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