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CONTABILIDADE E ANÁLISE GERENCIAL Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALMEIDA, Rodrigo Gaspar de. Contabilidade e Análise Gerencial. Rodrigo Gaspar de Almeida. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Análise. 2. Contabilidade. 3. Gerencial. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1788-5 CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Juliana Moraes da Silva Designer Educacional Ana Claudia Salvadego Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Ellen Jeane da Silva Qualidade Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Ilustração Marta Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe- cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó- runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis- ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2018). Especialista em Administração pela Universidade Paranaense (2010). Graduado em Gestão Estratégica pela Universidade Paranaense (2008) e em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Atuou em organizações industriais e prestadoras de serviço (controladoria, planejamento, orçamento, auditoria interna e jurídico - gestão de contratos). No ano de 2017, realizou o curso nível profissional de Relato Integrado na BSD Consulting, em São Paulo - SP. Desde 2018, ministra disciplinas na Educação a Distância (EAD) do Unicesumar, nos cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira. <http://lattes.cnpq.br/6488559129142413> SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, prezado(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de contabilidade e análise gerencial. Meu nome é Rodrigo Gaspar de Almeida e fiquei lisonjeado em receber o convite para escrever este material que foi organizado a fim de aperfeiçoar os seus estudos em Ciências Contábeis, Gestão Financeira e Administração, entre outras áreas do conhecimento relacionadas. Os conteúdos abordados neste livro contribuirão para a sua formação enquanto aca- dêmico(a) e para a sua atuação no mercado de trabalho, incluindo as atividades en- volvendo o gerenciamento e o controle de organizações. Para tanto, foram reunidas as perspectivas teóricas de autores renomados nas áreas da Contabilidade, Administração, Economia, entre outros. O foco do livro consiste em propiciar conhecimentos sobre a análise gerencial. Desse modo, você compreenderá qual é a função da contabilidade gerencial para subsidiar as tomadas de decisões nas organizações. A Unidade I, denominada Contabilidade Gerencial, análise Gerencial e Tomada de De- cisão, contribuirá para que você conheça os conceitos de contabilidade e de análise gerencial e compreenda a origem das informações da contabilidade gerencial. Não só, mas você conhecerá os estágios evolutivos desta contabilidade, as técnicas de análise gerencial e os tipos de tomada de decisão. Na Unidade II, cujo título é Análise Custo x Volume x Lucro (I), você conhecerá os concei- tos sobre custeio variável e análise custo x volume x lucro. Além disso, a análise gerencial de margem de contribuição será conceituada e calculada, assim como será compreen- dido o cálculo do Ponto de Equilíbrio, da Margem de Segurança e da Alavancagem Ope- racional. Em seguida, na Unidade III, Análise Custo x Volume x Lucro (II), você conhecerá exemplos de limitações da análise custo x volume x lucro sob o custeio variável. Não só, mas tam- bém será compreendida a análise custo x volume x lucro utilizando o custeio ABC. Por fim, será compreendida a análisecusto x volume x lucro envolvendo fatores de restrição. A Unidade IV propiciará conhecimentos relativos às Decisões Gerenciais sobre o Preço de Venda. Nessa perspectiva, você conhecerá artefatos da contabilidade gerencial para a formação do preço de venda. Ademais, serão compreendidas a formação do preço de venda com base nos custos e a formação do preço de venda com base no mercado. Para finalizar, serão apresentados os fatores que influenciam na formação do preço de venda das organizações industriais, comerciais e prestadoras de serviço. Por fim, na Unidade V, intitulada Mensuração do Desempenho, você conhecerá os con- ceitos de mensuração do desempenho e compreenderá a importância dos indicadores financeiros. Não só, mas você entenderá os atributos dos indicadores não financeiros e conhecerá o Balanced Scorecard (BSC). Serão apresentados exemplos de indicadores APRESENTAÇÃO CONTABILIDADE E ANÁLISE GERENCIAL financeiros e não financeiros acompanhados de exemplos de análises gerenciais. Por fim, serão apresentados indicadores de cada perspectiva do BSC. Bons estudos! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO 15 Introdução 16 Contabilidade Gerencial e Análise Gerencial 20 Origem das Informações da Contabilidade Gerencial 24 Estágios Evolutivos da Contabilidade Gerencial 32 Técnicas de Análise Gerencial 35 Tipos de Tomada de Decisão 38 Considerações Finais 48 Referências 49 Gabarito UNIDADE II ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO (I) 53 Introdução 54 Custeio Variável e Análise Custo x Volume x Lucro 60 Margem de Contribuição 63 Ponto de Equilíbrio 75 Margem de Segurança 78 Alavancagem Operacional 82 Considerações Finais SUMÁRIO 10 88 Referências 89 Gabarito UNIDADE III ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO (II) 91 Introdução 92 Limitações da Análise Custo x Volume x Lucro sob o Custeio Variável 96 Análise Custo x Volume x Lucro Utilizando o Custeio ABC 104 Análise Custo x Volume x Lucro Envolvendo Fatores de Restrição 110 Considerações Finais 120 Referências 121 Gabarito UNIDADE IV DECISÕES GERENCIAIS SOBRE O PREÇO DE VENDA 123 Introdução 124 Artefatos da Contabilidade Gerencial para Formação do Preço de Venda 126 Formação do Preço de Venda com Base nos Custos 130 Formação do Preço de Venda com Base no Mercado 135 Fatores que Influenciam o Preço de Venda das Organizações Industriais, Comerciais e Prestadoras de Serviço SUMÁRIO 11 144 Considerações Finais 153 Referências 154 Gabarito UNIDADE V MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO 155 Introdução 156 Mensuração do Desempenho 160 Indicadores Financeiros 165 Indicadores não Financeiros 169 Balanced Scorecard 175 Considerações Finais 185 Referências 186 Gabarito 187 CONCLUSÃO 188 ANOTAÇÕES U N ID A D E I Prof. Me. Rodrigo Gaspar de Almeida CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer os conceitos sobre contabilidade gerencial e análise gerencial. ■ Compreender a origem das informações da contabilidade gerencial. ■ Apresentar os estágios evolutivos da contabilidade gerencial. ■ Conhecer as técnicas de análise gerencial. ■ Demonstrar os tipos de Tomada de Decisão. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Contabilidade gerencial e análise gerencial ■ Origem das informações da contabilidade gerencial ■ Estágios evolutivos da contabilidade gerencial ■ Técnicas de análise gerencial ■ Tipos de Tomada de Decisão INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, discorreremos sobre a contabilidade gerencial (mensuração, acumulação e evidenciação de informações operacionais, econô- micas e financeiras para funcionários e administradores), a análise gerencial (utilização das informações gerenciais para subsidiar as decisões operacionais e de investimento da organização) e a Tomada de Decisões (estruturadas, semies- truturadas e não estruturadas). Nesse sentido, em um primeiro momento, serão relacionados os conceitos de distintos autores sobre contabilidade gerencial e análise gerencial. Destarte, será apresentado um exemplo para ilustrar a diferença entre os referidos conceitos. Prosseguindo, você compreenderá a origem das informações da contabilidade gerencial, que podem ser de fontes internas (relatórios da contabilidade finan- ceira, tributária, de custos e relatórios da própria organização) e fontes externas (associações setoriais, pesquisas acadêmicas, pesquisas de mercados e dados macroeconômicos) à organização. Visando a ilustrar a evolução da contabilidade gerencial, serão apresentados os seus quatro Estágios Evolutivos, a saber: 1) Custo e Controle Financeiro (até 1950); 2) Planejamento de Controle Gerencial (entre 1950 e 1965); 3) Redução das Perdas e Análises dos Processos (entre 1965 e 1985); e 4) Criação de Valor (de 1985 até hoje). Ainda, você conhecerá as principais técnicas de análise gerencial (técnicas analíticas da contabilidade financeira e técnicas analíticas da contabilidade geren- cial). Por fim, serão demonstrados os tipos de Tomada de Decisão dos usuários internos da informação, que são as decisões estruturadas, semiestruturadas e não estruturadas, e a forma como a análise gerencial deve ser empregada nesses tipos de decisões, pois, dependendo do tipo, há maior ou menor necessidade de informações da contabilidade gerencial. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONTABILIDADE GERENCIAL E ANÁLISE GERENCIAL A contabilidade gerencial é o processo de produzir informações operacionais, econômicas e financeiras para funcionários e administradores da organização (usuários internos da informação). No que diz respeito às tomadas de decisões, a contabilidade gerencial tem relevância na medida que fornece indicadores sobre os valores decorrentes das ações de curto e longo prazo da organização, tais como informações sobre introdução ou corte de produtos, administração do preço de venda, decisão entre comprar ou produzir, entre outros (ATKINSON et. al, 2011; MARTINS, 2018). Cabe destacar que a contabilidade gerencial não se restringe à identificação, mensuração, acumulação, ao controle e à evidenciação de informações aos usu- ários internos. Devido à capacidade de congregar aspectos não financeiros nos relatórios gerenciais (satisfação dos clientes, percentuais de venda por região, taxas de devolução dos produtos, produtividade por equipamentos e etc.), a contabili- dade gerencial tem, como finalidade, embasar a análise gerencial (IUDÍCIBUS, 2010; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). A análise gerencial é a utilização das informações gerenciais para subsidiar as decisões operacionais e de investimento da organização. O processo de análise Contabilidade Gerencial e Análise Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 gerencial é sistemático e conduzido em bases racionais, portanto, permite que a organização escolha entre duas ou mais alternativas, aquela que se ajusta aos objetivos da organização (ATKINSON et al., 2011). Desse modo, a contabilidade gerencial e a análise gerencial são conceitos relacionados, imbricados e interdependentes. Para ilustrar a diferença entre a contabilidade gerencial e a análise gerencial, considere o Quadro 1, que demons- tra o fluxo de receitas operacionais da organização Vendedora Ltda.: Quadro 1 - Fluxo de Receitas Operacionais da Vendedora Ltda PERÍODO QUANTIDADE ADQUIRIDA (UNIDADES) QUANTIDADE VENDIDA (UNIDADES) PREÇO UNITÁRIO(EM R$) VALOR DA RECEITA (EM R$) % RECEITAS EM RELAÇÃO AO TOTAL 20x0 1.000 800 10,00 8.000,00 26,71% 20x1 1.000 600 11,00 6.600,00 22,03% 20x2 800 800 10,00 8.000,00 26,71% 20x3 1.000 700 10,50 7.350,00 24,55% Total 3.800 2.900 29.950,00 100,00% Fonte: o autor. A contabilidade gerencial da Vendedora Ltda. é responsável por estruturar as informações de: a. Vendas (em unidades) por período. b. Quantidade de mercadorias adquiridas por período. c. Preço unitário por período. d. Percentual (%) de Receitas do Período sob Receitas Totais. A análise gerencial se volta para os motivos que levaram a Vendedora Ltda. aumentar ou diminuir as vendas. Por exemplo, nos períodos em que a Vendedora Ltda. vendeu seus produtos ao preço unitário de R$ 10,00 (20x0 e 20x2), ela ven- deu 800 unidades. Em contraste, nos períodos em que vendeu seus produtos a CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 preços unitários superiores, R$ 10,50 e R$ 11,00, vendeu, respectivamente, 700 unidades e 600 unidades. Assim, se a Vendedora Ltda. desejar vender em 20x4 (se o seu objetivo for market share), a melhor decisão é manter os preços unitá- rios a R$ 10,00 (observando a tendência). Outra possível análise gerencial das informações do Quadro 1, seria afirmar que apenas em 20x2, o setor de compras foi eficiente (adquiriu 800 unidades e vendeu 800), pois, nos demais períodos, a quantidade adquirida foi superior à quantidade vendida e as mercadorias ficaram estocadas. Dependendo do tipo de mercadoria, podem ocorrer perdas por obsolescência (setor de tecnologia), vali- dade (setor de alimentos), troca de moda ou estação (setor do vestuário), entre outros tipos de perdas, causando a redução no lucro operacional da Vendedora Ltda. Portanto, uma tomada de decisão para reduzir os custos de estoques seria adquirir 800 unidades (ou menos) (mantendo-se as circunstâncias de mercado). No Quadro 2, foram dispostos exemplos de informações sobre contabilidade gerencial e os respectivos exemplos de análise gerencial e de Tomada de Decisão: Quadro 2 - Contabilidade gerencial, análise gerencial e Tomada de Decisão CONTABILIDADE GERENCIAL ANÁLISE GERENCIAL TOMADA DE DECISÃO Custo do produto. Aumento no preço do material. Adquirir material de outro fornecedor. Diminuir perdas de mate- riais no processo produ- tivo. Despesas administrativas. Aumento no valor da fatura telefônica devido a ligações internacionais. Tentar negociar com clientes internacionais por meio de e-mail/aplicativos (gratuitos). Ser mais direto e incisivo nas vendas para clientes internacionais. Priorizar clientes nacionais (se houver demanda). Contabilidade Gerencial e Análise Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 CONTABILIDADE GERENCIAL ANÁLISE GERENCIAL TOMADA DE DECISÃO Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Apurar o custo x benefício, a expecta- tiva de rentabilidade futura, custos e os riscos do produto/ projeto. Continuar o projeto. Encerrar o projeto. Postergar o projeto para períodos de maior deman- da. Fonte: o autor. Cabe destacar que os relatórios da contabilidade gerencial têm caráter estratégico. Portanto, a divulgação de tais informações aos usuários externos da contabili- dade (acionistas, governo, comunidades, sindicatos, fornecedores, mídia, entre outros stakeholders) poderia comprometer os objetivos, bem como o futuro da organização (ATKINSON et al., 2011; IUDÍCIBUS, 2010). Além disso, o contador gerencial deve ter a sensibilidade e a percepção para estruturar os relatórios gerenciais condizentes com a necessidade do usuário da informação. Para tanto, a informação deve ser útil, tempestiva, relevante, fide- digna e representar a essência sobre a forma, pois não se pode induzir o usuário interno ao erro na tomada de decisão. As informações da contabilidade gerencial podem ser evidenciadas em tabelas, quadros ou gráficos (de setores, de barras, séries temporais). Ainda, o simples fato de produzir inúmeras informações não é sinônimo de qualidade para a contabilidade gerencial. Isso se deve ao fato de que a infor- mação gerencial só é útil e relevante ao usuário interno, se ela subsidiar a sua tomada de decisão. Desse modo, o importante não é a quantidade de informa- ções geradas, e sim, a aplicação dessas informações em um contexto, seja por meio de indicadores comparáveis (benchmarking) de outras entidades, indicado- res do setor econômico ou pela evolução do desempenho interno (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 ORIGEM DAS INFORMAÇÕES DA CONTABILIDADE GERENCIAL São diversas as fontes de informação que a contabilidade gerencial utiliza para estruturar os seus relatórios, as quais podem ser fontes internas ou externas à organização (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Na Figura 1, vislumbra-se exemplos de fontes internas e exter- nas de informações utilizadas pela contabilidade gerencial: Origem das Informações da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Fontes Internas de Informação Contabilidade Financeira (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado, etc.). Contabilidade Tributária (impostos sobre vendas, sobre compras de matéria-prima etc.). Contabilidade de Custos (custo do produto, custo dos materiais, custo da mão de obra etc.). Contabilidade Socioambiental (investimentos em ações ambientais, projetos sociais, infraestrutura etc.). Relatório do setor produtivo/ad- ministração (capacidade produtiva, produtividade por funcionário, ociosidade etc.). Fontes Externas de Informação Contabilidade Gerencial Associações setoriais (média de vendas do setor, inadimplência do setor, novos concorrentes). Pesquisas Acadêmicas (novos sistemas de mensuração, estratégias etc.). Pesquisas de Mercado (satisfação do cliente, novos produtos, oferta x demanda etc.). Dados Macroeconômicos (Produto Interno Bruto, taxa de in�ação, taxa SELIC etc.). Figura 1 - Fontes internas e externas de informação da contabilidade gerencial Fonte: o autor. Destaca-se que as informações obtidas pela contabilidade gerencial precisam ser tratadas, estruturadas, sistematizadas e aplicadas ao contexto da organização para se tornarem úteis aos usuários da informação (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Por exemplo: se a contabili- dade financeira fornecer informações referentes ao faturamento, a contabilidade gerencial pode transformar essas informações em outros relatórios, tais como: a. Vendas por região. b. Por cliente. c. Vendas para novos clientes e etc. Exemplos de análises gerenciais seriam: comparar o faturamento da organização com o faturamento de outras organizações do mesmo porte ou setor econômico, CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 demonstrar a evolução do faturamento dos concorrentes e relacionar as vendas com os investimentos em marketing. As informações gerenciais podem ter periodicidade diária, semanal, men- sal, bimestral, semestral, anual e etc. Destoando da contabilidade financeira que, geralmente, é realizada em bases trimestrais, anuais ou conforme o ciclo ope- racional da organização (superior a um ano) (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Outra especificidade da contabilidade gerencial advém da ausênciade estru- turas padronizadas para a evidenciação das informações e dos indicadores gerenciais aos usuários internos. Tal característica a diferencia da contabilidade financeira e da contabilidade tributária, as quais são regidas por normas, legisla- ção, regulação, frameworks, pronunciamentos contábeis, entre outros mecanismos jurídicos. Além disso, é necessário ressaltar que as informações da contabilidade gerencial devem ser sistemáticas e produzidas em bases racionais (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). As informações gerenciais devem ser elaboradas conforme os princípios e normas contábeis. Por exemplo: para que um item possa ser considerado ativo na contabilidade gerencial, devem ser observadas: a. A capacidade de gerar benefícios futuros. b. A mensuração confiável. c. A capacidade de controlar o ativo. d. Assumir os riscos associados à liquidez. Da mesma forma que um ativo na contabilidade financeira (FREZATTI, et al., 2009), o que se pode diferenciar entre os valores da contabilidade financeira e da contabilidade gerencial são os valores reconhecidos pelo regime de competência, tais como despesas antecipadas, gastos com pesquisa e desenvolvimento, gastos de depreciação dos imobilizados, entre outros (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; ATKINSON et al., 2011; FREZATTI et al., 2009; MARTINS, 2018). Para compreender as diferenças entre a contabilidade financeira e a gerencial, ana- lise os exemplos 1 e 2: Origem das Informações da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 1. EXEMPLO Considere uma organização que apurou, como gastos com pesquisa e desenvol- vimento do produto A, o montante de R$ 100.000,00. O contador gerencial pode incluir, no custo (ou despesa) do produto A, o montante de R$ 100.000,00, pois ele pôde identificar a despesa com o produto A, e o valor pôde ser mensurado com confiabilidade. Já para reconhecer o valor de R$ 100.000,00 como pesquisa e desenvolvimento na contabilidade financeira, ou seja, nas demonstrações con- tábeis (com base nas normas internacionais), além de identificar o gasto com o produto, o contador deve possuir a certeza de que os investimentos produzirão benefícios no futuro. Do contrário, o valor de R$ 100.000,00 será reconhecido como despesas do período e, desse modo, o lucro do período será diminuído. 2. EXEMPLO A organização B necessita apurar o valor da depreciação dos seus veículos, os quais estão reconhecidos no Balanço Patrimonial sob o montante de R$ 10.000,00 no grupo Imobilizado, subgrupo veículos. A organização B estimou que o seu veículo possuiria uma vida útil de oito anos, ao passo que as normas da Receita Federal sugerem que o veículo tem uma vida útil de cinco anos (a organiza- ção não contratou especialista para emitir um laudo atestando a real vida útil do veículo). Portanto, o contador gerencial pode reconhecer, como despesa de depreciação do veículo, o valor de R$ 1.250,00 (R$ 10.000,00/8). Por sua vez, o contador que elaborará as demonstrações contábeis reconhecerá, como despesa de depreciação, o montante de R$ 2.000,00 (R$ 10.000,00/5), dado que a orga- nização B não tinha um laudo de profissional habilitado, conforme recomenda as normas internacionais de contabilidade. Tendo em vista que o montante apu- rado como depreciação é reduzido do lucro do exercício, o valor apurado como lucro na contabilidade gerencial será superior a R$ 750,00. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 ESTÁGIOS EVOLUTIVOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL Até o século XIX, as transações comerciais, assim como as organizações, não eram complexas. Basicamente, adquiriam matéria-prima, empregavam mão de obra e vendiam seus produtos. Dessa forma, a embrionária contabilidade geren- cial voltava-se para a mensuração e a apuração dessas operações mercantis, pois era condizente com a demanda dos usuários da informação (proprietá- rios) naquela época. Não havia muita concorrência e nem diversidade nas linhas de produção (BROMWICH; SCAPENS, 2016; MARTINS, 2018; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; SOUTES, 2006). Com a Revolução Industrial e com o passar do tempo, houve uma notória evolução da economia e das organizações. Desse modo, a contabilidade e aná- lise gerencial precisaram evoluir, já que, em novos contextos socioambientais e econômicos, novas tomadas de decisões são demandadas e, por conseguinte, há a necessidade de novas informações e análises gerenciais. Os autores Bromwich e Scapens (2016), Iudícibus (2010), Martins (2018), Anthony e Govindarajan (2008) e Soutes (2006) citaram algumas mudanças no âmbito organizacional: Você conhece as características fundamentais e de melhoria da informação contábil (contabilidade financeira e contabilidade gerencial)? As características fundamentais são: relevância (materialidade) e represen- tação fidedigna (completa, neutra e livre de erro). Por sua vez, as caracterís- ticas de melhoria são: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade. Tais características são os princípios que tornam a in- formação útil e corroboram para a tomada de decisão dos usuários. Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis ([2018], on-line)¹. Estágios Evolutivos da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 ■ Produção em escala, trabalho assalariado, jornadas de trabalho. ■ As organizações passaram a ser descentralizadas (Conselhos de Administração e Diretorias). ■ As melhores práticas de Governança Corporativa (prestação de contas ou Accountability) perpassaram o mercado acionário. ■ Qualidade total, gestão de estoques, responsabilidade social corporativa, gestão de cadeia de valores, gestão de stakeholders. ■ A internet propiciou o avanço dos sistemas de gestão integrada (Enterprise Resource Planning - ERP). ■ Controles contra fraude e corrupção. ■ Mensuração do desempenho não financeiro. A contabilidade e a análise gerencial são influenciadas pela evolução da socie- dade e pela economia das nações e organizações (BROMWICH; SCAPENS, 2016; IUDÍCIBUS, 2010; MARTINS, 2018; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; SOUTES, 2006). Neste tópico da Unidade 1, a evolução da contabilidade gerencial será abor- dada em função da evolução dos artefatos (práticas) contábeis, que são: a. Os métodos de custeio. b. Os sistemas de mensuração de desempenho. c. Os modelos (ou filosofias) de gestão, os quais propiciam informações para a contabilidade gerencial e a análise gerencial (Figura 2): CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Artefatos Clássicos Artefatos Modernos Foco: Custo e Controle Financeiro Foco: Planejamento e Controle Gerencial Estágio 1 Estágio 2 Até o ano de 1950. Entre os anos de 1950 a 1965. Foco: Redução de Perdas e Análise dos Processos Foco: Criação de Valor Estágio 3 Estágio 4 Entre os anos de 1965 a 1985. Entre os anos de 1985 até hoje. Figura 2 - Quatro Estágios Evolutivos da contabilidade gerencial Fonte: adaptado de Grande e Beuren (2011), Guerreiro, Cornachione Júnior e Soutes (2011) e Soutes (2006). Cabe destacar que essa classificação dos estágios é consonante ao documento International Management Accounting Practice 1, de 1998, emitido pelo Institute of Management Accountants (IMA) (SOUTES, 2006). Em cada transição de está- gio, houve uma acumulação dos artefatos do estágio anterior, de modo que os artefatos do 1º Estágio são utilizados até hoje. Como demonstrado na Figura 2, os artefatos do 1º e 2º Estágios referem-se aos artefatos clássicos e, no 3º e 4º Estágios,há os artefatos modernos. No Estágio nº 1 (até o ano de 1950), a contabilidade gerencial tinha foco técnico, com base nos custos para atingir os objetivos. Os principais métodos de custeio utilizados pelas organizações eram: Custeio por Absorção, Custeio Variável e Custeio Padrão. A principal medida de mensuração de desempenho organizacional era o Retorno sobre o Investimento (ROI). Não havia modelos de gestão neste estágio (Quadro 3): Estágios Evolutivos da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Quadro 3 - Artefatos contábeis do 1º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial ARTEFATOS DEFINIÇÃO Métodos de Custeio Custeio por Absorção Apropriação de todos os custos de produção (diretos e indi- retos) aos produtos e serviços. No Brasil, é o método utilizado para avaliar os estoques da contabilidade financeira, Audi- torias Externas e, em muitos casos, serve de base de cálculo para a apuração de impostos da contabilidade tributária. Sua principal falha (ou fraqueza) são os critérios (arbitrários) de rateio dos custos indiretos. Custeio Variável Separação dos Custos em Fixos e Variáveis (em relação ao vo- lume produzido). Neste método, somente os custos variáveis compõem o custo do produto. Os Custos Fixos são considera- dos despesas do período. Custeio Padrão Aparece sob duas formas: custo ideal e custo corrente. O ideal consiste no custo que seria obtido pelas melhores práticas operacionais, a plena utilização da capacidade produtiva e nenhuma ociosidade dos trabalhadores, logo, é um “custo de laboratório” (situação perfeita, às vezes, inatingível). O custo corrente trata do custo esperado (projetado), com base em metas alcançáveis. Ele considera os padrões reais e as falhas operacionais, e é mais realista que o custo ideal. MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO Retorno sobre o Investimento (ROI) Relaciona a lucratividade da empresa com o investimento para gerá-la. Modelos de Gestão Não há. Não há. Fonte: adaptado de Atkinson et al. (2011) e Martins (2010). O 2º Estágio da evolução dos artefatos refere-se ao período em que a contabi- lidade gerencial era vista como uma ferramenta de apoio e gerenciamento, por meio de informações para planejamento e controle. Não surgiram novos métodos de custeio, mas foram desenvolvidas novas medidas de mensuração de desem- penho organizacional, como: Preço de Transferência, Moeda Constante e Valor Presente. O Orçamento e a Descentralização foram os modelos de gestão que emergiram nesse Estágio Evolutivo (Quadro 4): CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Quadro 4 - Artefatos Contábeis do 2º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial ARTEFATOS DEFINIÇÃO Métodos de Custeio Não há. Não há. MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO Preço de Transfe- rência Valor estabelecido para transferir produtos ou serviços em transações internas (ou intraorganizacionais), por exem- plo, entre departamentos, filiais e unidades de negócios. Trata-se de um preço estipulado internamente e que deve ser condizente com o preço pelo qual a empresa venderia o produto/serviço externamente. Moeda Constante Conversão de valores históricos dos relatórios e das transa- ções em valores correntes (moeda constante). Serve para corrigir o efeito do tempo sobre o poder aquisitivo (ou de compra). Os valores são corrigidos por índices de poder aquisitivo (por exemplo, a inflação). Valor Presente Valor de um fluxo monetário futuro no momento zero, ou seja, valor futuro no momento atual. MODELOS DE GESTÃO Orçamento Expressão quantitativa das entradas e saídas de dinheiro para determinar se um plano financeiro atingirá as metas organizacionais. Portanto, refere-se às receitas e despesas projetadas, geralmente, para o período de um ano. Descentralização Delegação de autoridade para tomar decisões nos níveis mais baixos da organização. Fonte: adaptado de Anthony e Govindarajan (2008) e Atkinson et al. (2011). A partir do ano de 1965, iniciou-se a fase dos artefatos modernos da contabili- dade gerencial e, nesse momento, a contabilidade e a análise gerencial passaram a ser vistas como componentes indispensáveis do processo decisório, e a infor- mação gerencial ganhou destaque no âmbito organizacional. No Estágio 3, o foco da contabilidade gerencial era o de reduzir as perdas por meio da análise dos processos. Surgiram dois novos métodos de custeio: Custeio Baseado em Atividades (ABC) e o Custeio Meta. A nova medida de mensuração de desempenho foi o Benchmarking. Os modelos de gestão do 3º Estágio foram: Estágios Evolutivos da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Kaizen, Just in Time (JIT), Teoria das Restrições, Planejamento Estratégico e a Gestão Baseada em Atividades (ABM) (Quadro 5): Quadro 5 - Artefatos Contábeis do 3º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial ARTEFATOS DEFINIÇÃO Métodos de Custeio Custeio Basea- do em Ativida- des (ABC) Mensura os custos dos produtos e serviços em função dos direcionadores de atividades (cost drivers). Primeiramente, os recursos (mão de obra, materiais e etc.) são atribuídos às atividades e, em seguida, são alocados aos produtos que se beneficiaram dessa atividade. A premissa do ABC é a de que as atividades consomem os recursos da organização. Custeio Meta Utilizado para planejamento. Neste método, estimam-se os custos ainda na fase de Pesquisa e Desenvolvimento e de- fine-se o valor máximo que o custo do produto (ou projeto) pode atingir. Custo-meta é a diferença entre o Preço-meta e a Margem-meta de lucro. MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO Benchmarking É a comparação sistemática do desempenho da organização com o desempenho de outras ou da própria organização em outros períodos. As organizações são selecionadas por serem conhecidas e possuírem excelente desempenho. Entretanto, nada impede que sejam feitas comparações com organizações similares, mas com desempenhos inferiores. MODELOS DE GESTÃO Kaizen Filosofia japonesa que significa melhoria contínua. O foco des- se modelo de gestão é buscar reduzir, constantemente, o custo do produto durante o ciclo total de fabricação. As decisões são tomadas enquanto o produto ainda está no processo produti- vo (ciclo de fabricação). Demanda o envolvimento dos funcio- nários da empresa e a análise das rotinas de trabalho, visando a sua melhoria. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Just in Time (JIT) Filosofia japonesa de gestão operacional dos estoques. A premissa é a de que os estoques são ineficiências operacionais (setor de vendas, por exemplo). No JIT, os estoques devem ter o menor nível (volume, valor), considerando custos, tais como: armazenamento, aluguel e obsolescência. Devem ser observa- dos os prazos de entrega dos fornecedores e a disponibilidade dos recursos no mercado. Teoria das Restrições Identificação das restrições (ou gargalos) do processo produ- tivo, com o intuito de otimizar a produção nesses pontos e maximizar o lucro da empresa. O foco desse método é o de administrar o fluxo dos processos. Planejamento Estratégico É o processo de decidir sobre os programas que a organização empreenderá e sobre o montante aproximado dos recursos que serão distribuídos para cada programa nos próximos anos. É um plano sistemático para a implementação de estratégias organizacionais, geralmente, em longo prazo (orçamentos são utilizados em curto prazo). Gestão Baseada em Atividades Processo administrativo que utiliza a informação fornecida por uma análise de custos baseados em atividadespara melhorar a lucratividade da empresa. A Gestão Baseada em Atividades (ABM) busca eliminar as atividades que não adicionam valor para os clientes, melhorando o custo do produto/projeto. Fonte: adaptado de Anthony e Govindarajan (2008) e Atkinson et al. (2011). O 4º Estágio é o momento atual da contabilidade gerencial, o qual os gestores e administradores devem utilizar os recursos organizacionais de modo a criar valor (não apenas financeiro, mas valor para sociedade, os funcionários e para a melhoria dos processos), e a contabilidade gerencial atua fornecendo informa- ções úteis e relevantes para o processo da análise gerencial. Não surgiram novos métodos de custeio. O método de mensuração do desempenho desse estágio foi o Economic Value Added (EVA®). Os novos modelos de gestão foram: Simulação Empresarial (Análise de Cenários), Balanced Scorecard e Gestão Baseada em Valor (VBM) (Quadro 6): Estágios Evolutivos da Contabilidade Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Quadro 6 - Artefatos Contábeis do 4º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial ARTEFATOS DEFINIÇÃO Métodos de Custeio Não há. Não há. Mensuração do Desempenho Economic Value Added (EVA®) O Valor Econômico Agregado (EVA®) é marca registrada da Stern Stewart & Co. É uma mensuração do desempenho monetária e não proporcional aos ativos, como o ROI. Para calcular o EVA®, deve-se subtrair os encargos de capital do lucro operacional líquido. MODELOS DE GESTÃO Simulação Empresarial (Análise de Cenários) Projeção de resultados considerando apenas a continuidade da situação atual, ou outros cenários com variações ou mudanças cogitadas (simulações). A análise de cenários objetiva auxiliar os gestores a se anteciparem e a prepararem as melhores estraté- gias. Explora o efeito de uma estratégia no desempenho (finan- ceiro ou não financeiro). Balanced Scorecard Sistema de gerenciamento que mensura o desempenho de uma atividade ou um negócio sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e da aprendizagem empresarial. Demonstra indicadores financeiros e não financeiros, apresen- tando relações de causas e efeito entre eles. Útil para avaliar objetivos empresariais, além dos financeiros. Enfatiza a criação de valor. Gestão Base- ada em Valor (VBM) Método de gestão integrado, cujo objetivo é a maximização do valor ao acionista (se esse for o objetivo da organização). Con- siste em analisar e estruturar os processos organizacionais, com vistas aos objetivos, bem como a comunicação aos acionistas. Fonte: adaptado de Anthony e Govindarajan (2008), Atkinson et al. (2011), Martins (2018) e Soutes (2006). Após discorrer sobre os estágios evolutivos da contabilidade gerencial, no pró- ximo tópico, serão apresentadas as técnicas de análise gerencial. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 TÉCNICAS DE ANÁLISE GERENCIAL Caro(a) aluno(a), neste tópico, você conhecerá as principais técnicas de análise gerencial utilizadas pela contabilidade gerencial. Serão apresentados dois conjuntos de técnicas analíticas: a. Técnicas oriundas da Administração Financeira e da contabilidade financeira. b. Técnicas oriundas da contabilidade gerencial (ATKINSON et al., 2011; MATARAZZO, 1998). O primeiro conjunto de técnicas analíticas são as que derivam da administração financeira e da contabilidade financeira (Quadro 7): Quadro 7 - Técnicas de análise gerencial da administração e contabilidade financeira TÉCNICA DE ANÁLISE DEFINIÇÃO Análise por meio de índices (i) índices de balanço (ii) índices-padrão Transformar as informações divulgadas nas Demons- trações Contábeis (principalmente o Balanço Patrimo- nial e a Demonstração do Resultado) em indicadores customizados para medir a liquidez, o endividamento e a aplicação dos recursos (ativos). Permite comparar o de- sempenho da organização com outras organizações ou com desempenho projetado pela própria organização. Recomendado para a análise de crédito dos clientes. As organizações continuam evoluindo devido à tecnologia, às técnicas de gestão e às pesquisas acadêmicas. A contabilidade gerencial é influenciada por tais transformações e evolui para atender os seus usuários da informação. Técnicas de Análise Gerencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 TÉCNICA DE ANÁLISE DEFINIÇÃO Análise Vertical e Horizontal Comparação das variações das contas ou demonstra- ções contábeis. Ao comparar distintos períodos de uma mesma conta patrimonial ou do mesmo grupo de con- tas, tem-se a análise horizontal (Caixa em 20x0 e Caixa em 20x1; Ativo em 20x0 e Ativo em 20x1). Ao comparar contas ou grupos em relação ao total do grupo patrimo- nial, tem-se a análise vertical (comparar Caixa em 20x0 com o Ativo Total em 20x0, comparar o passivo circulan- te em 20x0 com o passivo + patrimônio líquido de 20x0). Análise de Capital de Giro Subsidia as decisões de necessidade de capital de giro por meio de indicadores de rotação e prazo médio (rece- bimento, pagamento e estoques de produtos). Analisa a capacidade da administração em gerir o capital de giro da organização. Análise de Rentabili- dade (i) ROI (ii) Alavancagem Financeira Permite analisar os elementos que geram rentabilidade na organização. O ROI é uma medida que relaciona a lucratividade do período com os ativos utilizados para obtê-la. Já a Alavancagem Financeira permite analisar os investimentos em longo prazo ao comparar o custo do capital obtido com o retorno da organização. Análise de Fluxos de Caixa Utilizada para avaliar a gestão de caixa da entidade, bem como a proporção entre os fluxos: operacionais (mais relevantes), financeiros e de investimento. Análise Prospectiva Trata-se da projeção de informações contábeis manten- do-se as mesmas circunstâncias do mercado ou acres- centando novas variáveis (como inflação, crescimento da oferta x demanda, novas leis e etc.). Não se trata de simples estimativa com base no passado, e sim, do pos- sível efeito de novas circunstâncias no desempenho da organização (sistemática e em bases racionais). Fonte: adaptado de Matarazzo (1998). É plausível afirmar que tais técnicas analíticas são empregadas na análise gerencial, mas devem ser adaptadas para a realidade do usuário da informação gerencial. Por exemplo, os indicadores financeiros devem ser inseridos em contextos macro- econômicos e é necessário comparar o desempenho com outras organizações (benchmarking), apresentar os indicadores de liquidez e endividamento, acompa- nhados de indicadores de qualidade, de produtividade, de satisfação do cliente etc. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 O segundo grupo de técnicas analíticas é oriundo da contabilidade geren- cial e estão relacionadas no Quadro 8 (ATKINSON et al., 2011): Quadro 8 - Técnicas de análise gerencial da contabilidade gerencial TÉCNICA DE ANÁLISE DEFINIÇÃO Análise das Variações (Previsto x Realizado) Análise das diferenças entre os valores estimados (pre- vistos) e os valores incorridos (realizados). A análise volta-se para a apuração das causas da distorção (po- sitiva ou negativa). Por exemplo: variações no preço, no volume e na eficiência dos processos. Análise what if (Análise de Cenários) Explora o efeito de uma alteração dos parâmetros- cha ve de desempenho. Consiste na predição dos resultados. Um exemplo seria alterar a capacidade produtiva e verificar o possível efeito nas receitas e nos custos e, por conseguinte, no lucro do período. Análise de Ponto de Equilíbrio Utilizadapara determinar qual é o nível de produ- ção/vendas que cobre os recursos comprometidos e garanta a lucratividade desejada pela organização. Trata-se da quantidade mínima a ser vendida para não ter lucros e nem prejuízos. Análise Econômica das Decisões de Preço Comparação dos preços de venda praticados pela organização com os preços dos concorrentes. Além disso, a análise deve focar nos custos variáveis e fixos, pois representam medidas operacionais, tais como eficiência e eficácia. É importante destacar quais variá- veis influenciam o preço de venda (impostos, despe- sas, mão de obra etc.). Fonte: adaptado de Atkinson et al. (2011). Conforme já destacado, a análise gerencial deve subsidiar a tomada de decisão dos usuários da informação e não deve ser otimista ou pessimista, mas neutra, pois não deve induzir a organização a tomar decisões equivocadas. Desse modo, salienta-se a qualidade da informação contábil, a qual deve ser livre de erro, rele- vante, tempestiva, produzida em bases racionais e sistemática. Tipos de Tomada de Decisão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 TIPOS DE TOMADA DE DECISÃO No cotidiano das organizações, inúmeras decisões são tomadas pelos administra- dores, diretores, proprietários, contadores, funcionários do setor produtivo, entre outros. Existem três tipos de tomada de decisões: as estruturadas (ou rotineiras), as semiestruturadas (em que é possível prever parte dos efeitos da decisões) e as não estruturadas (ou atípicas, anormais). Cada tipo de decisão exige uma aná- lise gerencial distinta (ATKINSON et al., 2011). As decisões estruturadas são tomadas no âmbito operacional da organização e têm a característica de serem rotineiras. Desse modo, a análise gerencial volta- -se para a exatidão dos valores. Com base em experiências anteriores, é possível estimar o impacto das decisões no desempenho da organização (ATKINSON et al., 2011). São exemplos de decisões estruturadas: aquisição de matéria-prima, vendas a prazo abaixo de R$ 100,00 e pagamento de boletos bancários para sal- dar dívidas com fornecedores. A análise gerencial pode restringir-se à apuração dos valores previstos e realizados. As decisões semiestruturadas demandam um volume maior de informa- ções da contabilidade gerencial do que as decisões estruturadas. No entanto é possível prever o efeito das decisões no desempenho da empresa ou, pelo menos, parte do efeito. São as decisões tomadas no âmbito gerencial (ATKINSON et al., 2011). Exemplos de decisões semiestruturadas: contratar mão de obra ou ter- ceirizar?; Contratar funcionários temporários em períodos de maior demanda?; Mudar de fornecedor de matéria-prima?; A análise gerencial, nesse tipo de deci- são, deve projetar os resultados (análise de cenários), analisar os custos variáveis e efetuar o benchmarking. A análise gerencial, para fornecer crédito em vendas inferiores a R$ 100,00, é mais simples do que uma análise para vendas acima de R$ 5.000,00. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 As decisões não estruturadas são as decisões atípicas, cujos efeitos não podem ser tão previsíveis e estão expostas aos fatores macroeconômicos e de mercado. Esse tipo de decisão demandará análises gerenciais adicionais, tais como: análise de cenários, análise de ponto de equilíbrio, análise custo x volume x lucro. São tomadas no nível mais alto da administração (diretoria, conselhos de administração, proprietários) (ATKINSON et al., 2011). Exemplos de deci- sões não estruturadas são: lançamento de novos produtos, dar férias coletivas em períodos de recessão econômica, adquirir novo maquinário para a produ- ção e vendas a prazo acima de R$ 5.000,00. A relação entre a análise gerencial, o volume de informações e os tipos de decisão das organizações está disposta na Figura 3: VO LU M E D E IN FO RM A ÇÃ O CO N TA BI LI D A D E G ER EN CI A L Decisões Não Estruturadas (alta administração) Decisões Semiestruturadas (gerencial) Decisões Estruturadas (operacional) Análise de cenários, análise de ponto de equilíbrio, análise custo x volume x lucro Análise de cenários, análise de custos variáveis, Benchmarking Comparar Previsto x Realizado (Alto) (Tipos de Decisão) (Exemplos de Análise Gerencial) (Médio) (Baixo) Figura 3 - Tipos de decisão, volume de informações e exemplos de análise gerencial Fonte: o autor. Conforme pode ser observado na Figura 3, quanto mais complexa for a tomada de decisão (não estruturada), maior é o volume demandado de informações da conta- bilidade gerencial para subsidiar a análise gerencial. O contrário também é válido: quanto mais simples for a tomada de decisão (estruturada), menor é o volume de informações e as análises gerenciais, mais simples (ATKINSON et al., 2011). Tipos de Tomada de Decisão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 Assim como foi discorrido, a informação gerencial é importante para o processo decisório dos usuários da contabilidade gerencial. Além disso, foi demonstrado que a contabilidade gerencial e a análise gerencial são conceitos relacionados e distintos, de modo que a análise gerencial trata-se da utilização das informações da contabilidade gerencial para o subsídio das tomadas de decisão. CONTABILIDADE GERENCIAL, ANÁLISE GERENCIAL E TOMADA DE DECISÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, foi discorrido sobre a contabilidade gerencial, a análise gerencial e o processo de tomada de decisões. Por meio das definições apresentadas acerca da contabilidade gerencial e da análise gerencial, vislumbrou-se que ambos os conceitos são relacionados. No entanto a contabilidade gerencial é a responsável pela acumulação, preparação, estruturação e evidenciação das informações, enquanto a análise gerencial trata da utilização de tais informações no processo decisório do usuário. A contabilidade gerencial produz informações customizadas utilizando fon- tes internas e externas de informação. Portanto, são evidenciadas informações financeiras, não financeiras, operacionais e prospectivas (futuras). Contudo o simples fato de produzir uma variedade de informações não faz da contabili- dade gerencial uma ferramenta útil para o processo decisório. É necessário que as informações sejam empregadas na análise gerencial. Em relação aos quatro Estágios Evolutivos da contabilidade gerencial e os respectivos artefatos contábeis apresentados, salienta-se que a informação tem papel primordial no processo de criação de valor. Destarte, a sociedade e a econo- mia, assim como a contabilidade gerencial, estão em evolução, o que demandará aperfeiçoamento dos artefatos contábeis para suprir novas necessidades de infor- mação dos usuários. As técnicas de análise gerencial conhecidas nessa unidade são oriundas da contabilidade financeira e da contabilidade gerencial. Salienta-se que a análise gerencial não deve se ater apenas aos indicadores financeiros, logo, os indica- dores devem ser inseridos em um contexto, devem ser analisadas as causas do desempenho, as projeções cenários, benchmarking com outras organizações, entre outras análises gerenciais. Por fim, com base nos tipos de tomada de decisão demonstrados, infere-se que, quanto maior a complexidade da decisão, maior é a necessidade de infor- mações para subsidiar a análise gerencial e a tomada de decisão. 39 1. A contabilidade gerencial e a análise gerencial são conceitos distintos e com- plementares, de modo que ambos são importantes componentes do processo decisório (ATKINSON et al., 2011). Considerandoo enunciado e os conceitos de contabilidade gerencial e análise gerencial, avalie as afirmativas a seguir: I. A contabilidade gerencial é a responsável por estruturar as informações para que os usuários internos possam efetuar a análise gerencial. II. A análise gerencial é responsável por estruturar as informações nos relatórios, a fim de que os usuários internos decidam, de modo que não há participação da contabilidade gerencial no processo decisório. III. A contabilidade gerencial é elaborada após a tomada de decisão (sempre), pois a primeira trata apenas de informações históricas e de eventos passados. O potencial informativo da contabilidade gerencial é quase nulo para a análise gerencial. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. O proprietário da organização Controla Tudo Ltda. precisa decidir entre dois projetos, A e B. Para subsidiar a sua análise, ele obteve informações gerenciais junto aos gestores dos dois projetos. Desse modo, o proprietário da Controla Tudo Ltda. elaborou seus próprios relatórios gerenciais e efetuou a análise ge- rencial para decidir em qual projeto (A ou B) investir os recursos financeiros. Considerando o enunciado e os conceitos sobre contabilidade gerencial e aná- lise gerencial, avalie as afirmativas a seguir: I. O proprietário da Controla Tudo Ltda. elaborou um relatório de vendas por região. Esse é um exemplo de aplicação da contabilidade gerencial. II. O proprietário da Controla Tudo Ltda. observou o relatório de vendas por re- gião e concluiu que as vendas nas regiões 1 e 2 foram baixas devido à alta concorrência. Esse é um exemplo de aplicação da análise gerencial. 40 III. O proprietário da Controla Tudo Ltda. elaborou um relatório de vendas e um relatório de custos. Esse é um exemplo de aplicação da análise gerencial. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. Os relatórios da contabilidade gerencial são elaborados mediante informações obtidas de fontes internas e externas à organização (ATKINSON et al., 2011). Considerando o enunciado e as fontes de informações sobre a contabilidade gerencial, avalie as afirmativas a seguir: I. São exemplos de fontes de informações internas da contabilidade gerencial: contabilidade societária, de custos e tributária, e a capacidade produtiva. II. São exemplos de fontes de informações externas da contabilidade gerencial: relatórios de associações setoriais, informações do desempenho dos concor- rentes e banco de dados do governo. III. Um exemplo de fonte interna de informações da contabilidade gerencial são os relatórios dos concorrentes. Um exemplo de fontes externas da contabili- dade são os dados da contabilidade tributária. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 41 4. A contabilidade gerencial utiliza a contabilidade financeira (ou societária) como fonte de informação para estruturar os seus relatórios. No entanto sabe-se que a contabilidade gerencial possui especificidades se comparada à contabilidade financeira (ou societária), por exemplo, os usuários da informação e a periodici- dade dos relatórios (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando o enunciado e as fontes de informação da contabilidade geren- cial, avalie as afirmativas a seguir: I. A contabilidade gerencial elabora somente relatórios anuais e padronizados. Já a contabilidade financeira (ou societária) elabora relatórios diários, semanais, mensais e customizados. II. A contabilidade gerencial não pode produzir relatórios customizados aos usuá- rios internos, o que implica no baixo potencial informativo dos relatórios desta contabilidade. III. A contabilidade financeira (ou societária) elabora relatórios somente conforme as normas contábeis. Já a contabilidade gerencial pode elaborar relatórios diá- rios, semanais, mensais e outros, os quais possuem, como característica, o fato de serem customizados. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 5. Em relação aos artefatos do 1º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial, mencionam-se os três métodos de custeio: custeio por absorção, custeio variá- vel e custeio padrão (SOUTES, 2006). Considerando o enunciado e os Estágios Evolutivos da contabilidade gerencial, avalie as afirmativas a seguir: I. No custeio por absorção, os rateios dos custos indiretos podem ser arbitrários. II. No custeio variável, os custos fixos são despesas do período. III. No custeio padrão, tem-se o custo ideal, que pode ser inatingível, porque consi- dera as melhores práticas e as reais capacidades da organização. 42 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 6. Em relação aos artefatos do 2º Estágio Evolutivo da contabilidade gerencial, mencionam-se as três medidas de desempenho: preço de transferência, moe- da constante e valor presente (SOUTES, 2006). Considerando o enunciado e os Estágios Evolutivos da contabilidade gerencial, avalie as afirmativas a seguir com (V) para Verdadeiras e (F) para Falsas: I. O preço de transferência é a conversão dos valores históricos dos relatórios em valores correntes. Além disso, serve para corrigir o efeito de variáveis, tais como a inflação. II. A moeda constante é o valor de um fluxo futuro na data atual. III. O valor presente é o preço estipulado para transferir produtos ou serviços en- tre organizações ou departamentos. As afirmações I, II e III são, respectivamente: a) V, F, V. b) F, F, V. c) V, F, F. d) F, V, F. e) F, F, F. 43 7. A análise gerencial utiliza técnicas analíticas oriundas da Administração Finan- ceira e da contabilidade financeira para subsidiar as tomadas de decisões (MA- TARAZZO, 1998). Considerando o enunciado e as técnicas de análise gerencial, avalie as afirmati- vas a seguir com (V) para Verdadeiras e (F) para Falsas: I. Um exemplo de análise prospectiva é a Projeção do Desempenho, quando uma organização espera aumentar a sua produção, visando a aumentar as suas ven- das se as condições de mercados forem constantes. II. Um exemplo de análise horizontal seria comparar a Conta Caixa e o seu valor em relação ao Ativo Total. III. Um exemplo de análise vertical, seria comparar a Conta Caixa e o seu valor em relação ao Ativo Total. As afirmações I, II e III são, respectivamente: a) V, F, V. b) F, F, V. c) V, F, F. d) F, V, F. e) F, F, F. 44 8. A análise gerencial utiliza técnicas analíticas oriundas da contabilidade geren- cial para subsidiar as tomadas de decisões (ATKINSON et al., 2011). Considerando o enunciado e as técnicas de análise gerencial, avalie as afirma- tivas a seguir com (V) para Verdadeiras e (F) para Falsas: I. Um exemplo de análise de ponto de equilíbrio é quando a organização es- perava apurar R$ 10,00 como custo e, devido ao aumento da matéria-prima, apurou R$ 11,00. Essa análise volta-se para as causas das distorções. II. Um exemplo de análise de ponto de equilíbrio é quando a organização con- clui que o montante referente à venda de 200 unidades equivale ao montante em que a organização não apura lucros e nem prejuízos (resultado zero). III. Um exemplo de análise de cenários é quando a organização conclui que o montante referente à venda 200 unidades equivale ao montante em que a organização não apura lucros e nem prejuízos (resultado zero). As afirmações I, II e III são, respectivamente: a) V, F, V. b) F, F, V. c) V, F, F. d) F, V, F. e) F, F, F. 9. As decisões estruturadas são tomadas no âmbito operacional da organização e têm a característica de serem rotineiras. Desse modo, a análise gerencial se volta para a exatidão dos valores (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando o enunciado e os tipos de tomada de decisão, avalie as afirma- tivas a seguir:I. Um exemplo de decisão estruturada é quando a organização decide adquirir uma concorrente que possui uma localização estratégica, fato que não ocorre regularmente. II. Um exemplo de decisão estruturada é quando a organização decide adquirir matéria-prima de um fornecedor com quem ela possui relacionamento há dez anos. III. Um exemplo de decisão estruturada é quando a organização decide vender produtos a prazo, conforme política de vendas. 45 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 10. As decisões não estruturadas são tomadas em situações atípicas, com resulta- dos imprevisíveis, e as quais, muitas vezes, a organização não tem históricos (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando o enunciado e os tipos de tomada de decisão, avalie as afirma- tivas a seguir: I. Um exemplo de decisão não estruturada é quando a organização decide ad- quirir uma concorrente que possui localização estratégica, fato que não ocorre regularmente. II. Um exemplo de decisão não estruturada é quando a organização decide ad- quirir matéria-prima de um fornecedor com quem ela possui relacionamento há sete anos. III. Um exemplo de decisão não estruturada é quando a organização decide ven- der produtos à vista. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 46 APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL NA CONTABILIDADE FINANCEIRA Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, foram apresentadas algumas diferenças entre a conta- bilidade gerencial e a contabilidade financeira, tais como os usuários da informação, o formato das informações, a periodicidade dos relatórios, entre outras. Neste trecho, você conhecerá exemplos de aplicações da contabilidade gerencial para as demonstrações contábeis, que são os relatórios elaborados pela contabilidade finan- ceira sob as International Financial Reporting Standards (IFRS). Ao evidenciar informações gerenciais aos usuários externos, a organização proporciona maior transparência e indi- cadores econômicos sobre suas atividades (além dos financeiros tradicionais) (FREZATTI et al., 2009). Frezatti et al. (2009) relacionaram exemplos de informações (ou aplicações) que a con- tabilidade gerencial pode proporcionar para a contabilidade financeira (e aos usuários externos): • Critérios de apuração de custos dos produtos e premissas para a valorização dos estoques. • Informações por segmentos, tais como: desempenho da organização por área geo- gráfica, por linha de produtos e por unidade de negócio. • Informações estratégicas, incluindo características sobre o modelo de negócio, in- formações ambientais e outras que compõem o Relatório de Administração. • Critérios para cálculo do valor justo (fair value) dos ativos e passivos. • Critérios para definir o montante sob o qual incidem a compensação e/ou remune- ração dos executivos. As contribuições da contabilidade gerencial para a contabilidade financeira corroboram para a melhoria da qualidade e a relevância das demonstrações contábeis. Fonte: Frezatti et al. (2009). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Contabilidade Gerencial Anthony A. Atkinson, Rajiv D. Banker, Robert S. Kaplan e S. Mark Young Editora: Atlas Sinopse: este livro fala sobre informações gerenciais contábeis, orçamento de custeio de produto e de serviço, controle e avaliação de desempenho, e gestão estratégica de custos, que são temas presentes na contabilidade gerencial. Walt Antes de Mickey Ano: 2015 Sinopse: este filme retrata a vida de Walt Disney, ainda criança, que tinha o hábito de desenhar os animais da fazenda onde morava. Ao crescer, ele decidiu tentar a sorte como animador na cidade grande. Decidido a ter uma empresa própria, que lhe permitisse trabalhar no que gostasse, ele enfrenta diversos obstáculos até ter a grande ideia de sua vida: um pequeno rato chamado Mickey Mouse. O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma valiosa fonte de informações sociais, econômicas e até mesmo ambientais. O Instituto divulga séries temporais, tais como índices de correções de preços, dados demográficos, dados da indústria, comércio e serviços e entre outros indicadores. Web: <https://www.ibge.gov.br/>. REFERÊNCIAS ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de Controle Gerencial. 12. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. ATKINSON, A. A.; KAPLAN, R. S.; MATSUMURA, E. M.; YOUNG, S. M. Contabilidade Gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BROMWICH, M.; SCAPENS, R. W. Management Accounting Research: 25 years on. Management Accounting Research, v. 31, p. 1-9, 2016. FREZATTI, F.; ROCHA, W.; NASCIMENTO, A. R.; JUNQUEIRA, E. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comporta- mental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. GRANDE, J. F.; BEUREN, I. M. Mudanças nas práticas de contabilidade gerencial de empresas. Revista de Administração FACES Journal, Belo Horizonte, v. 11, n. 3, p. 84-104, 2011. GUERREIRO, R.; CORNACHIONE JÚNIOR, E. B.; SOUTES, D. O. Empresas que se desta- cam pela qualidade das informações a seus usuários externos também se destacam pela utilização de artefatos modernos de contabilidade gerencial? Revista Conta- bilidade & Finanças, v. 22, n. 55, p. 88-113, 2011. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade Gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. SOUTES, D. O. Uma investigação do uso de artefatos da contabilidade gerencial por empresas brasileiras. 2006. 116 f. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universi- dade de São Paulo, São Paulo, 2006. Referência on-line ¹Em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018. http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf GABARITO 49 1. Alternativa A. 2. Alternativa C. 3. Alternativa C. 4. Alternativa B. 5. Alternativa E. 6. Alternativa E. 7. Alternativa A. 8. Alternativa D. 9. Alternativa D. 10. Alternativa A. U N ID A D E II Prof. Me. Rodrigo Gaspar de Almeida. ANÁLISE CUSTO x VOLUME x LUCRO (I) Objetivos de Aprendizagem ■ Conceituar o Custeio Variável e a Análise Custo x Volume x Lucro. ■ Conceituar e calcular a Margem de Contribuição. ■ Compreender e calcular o Ponto de Equilíbrio. ■ Conceituar e calcular a Margem de Segurança. ■ Conceituar e calcular a Alavancagem Operacional. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Custeio Variável e Análise Custo x Volume x Lucro ■ Margem de Contribuição ■ Ponto de Equilíbrio ■ Margem de Segurança ■ Alavancagem Operacional Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na Unidade 2, serão apresentadas as Análises de Custo x Volume x Lucro, as quais indicam o efeito das alterações dos níveis produtivos (volume) nos custos e no lucro da organização. Portanto, tais análises gerenciais subsidiam as decisões produtivas e econômicas. Inicialmente, serão apresentados conceitos sobre Custeio Variável e Análise Custo x Volume x Lucro. O Custeio Variável é um artefato contábil que classifica os Gastos de Produção (Custos e Despesas) em Variáveis e Fixos, mas atribui aos produtos somente os custos variáveis. Na utilização do artefato Custeio Variável, os custos fixos são subtraídos da margem de contribuição. Já a Análise de Custo x Volume x Lucro refere-se à estimação dos lucros decorrentes de oscilações na atividade produtiva. O próximo conceito abordado será a Margem de Contribuição, que trata da diferença entre a Receita Bruta e os Custos e Despesas Variáveis. A Margem de Contribuiçãoé um montante que deve ser suficiente para cobrir os custos e as despesas fixas, e obter a rentabilidade desejada pela organização. Será efetuado o cálculo da Margem de Contribuição da Madeireira Ltda. Em seguida, será estudado o Ponto de Equilíbrio (Ponto de Ruptura). Para tanto, vislumbrar-se-ão conceitos dos três tipos de Ponto de Equilíbrio, a saber: Contábil, Econômico e Financeiro. Posteriormente, será conceituada a Margem de Segurança juntamente com um cálculo na Madeireira Ltda. Por fim, serão relacionados os conceitos de Alavancagem Operacional, que são os efeitos de aumentos ou reduções das vendas que ocasionam ganhos ou perdas despropor- cionais ao lucro obtido. As tomadas de decisões envolvendo Análises de Custo x Volume x Lucro podem ser facilitadas se analisadas sob a ótica do Custeio Variável. Além disso, as análises gerenciais: margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e grau de alavancagem operacional corroboram para decisões que envolvem os aspectos produtivos econômico da organização. ANÁLISE CUSTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 CUSTEIO VARIÁVEL E ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO Os artefatos contábeis propiciam identificação, mensuração, acumulação, estrutu- ração, análise e evidenciação das informações gerenciais nos relatórios utilizados na análise gerencial, a qual subsidia a tomada de decisão. Dentre os artefatos contá- beis, há o Custeio Variável, que proporciona análises gerenciais de Custo x Volume x Lucro, tais como Ponto de Equilíbrio, Margem de Segurança e Alavancagem Operacional (ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). O Custeio Variável é um artefato contábil que serve como método de cus- teio (critério para atribuir custos aos produtos), mas é utilizado apenas para fins gerenciais (âmbito interno). Devido a Lei Societária vigente no Brasil, para elabo- rar as demonstrações contábeis, as organizações utilizam o Custeio por Absorção (ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). O Custeio Variável classifica os Gastos de Produção (Custos e Despesas) em Variáveis e Fixos. Essa classificação é útil para as tomadas de decisão, pois os Custos Variáveis são identificáveis e alocados com segurança aos produtos. Por sua vez, os Custos Fixos são atribuídos por meio de rateios arbitrários (gastos com mão de obra direta, com matéria-prima, horas de produção etc) e, desse modo, um produto pode receber uma parcela de custo fixo equivocadamente Custeio Variável e Análise Custo x Volume x Lucro Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 (superavaliação) ou pode deixar de receber os custos fixos pertinentes (subava- liação) (ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Visando a resolver o problema de arbitrariedade de rateio dos Custos Fixos, no Custeio Variável, são alocados, ao Custo do Produto, somente os Custos Variáveis e as Despesas Variáveis. Os Custos Fixos não são alocados aos produtos e devem ser subtraídos da Margem de Contribuição (receita menos Custos e Despesas Variáveis) para apurar o lucro (ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Os Custos e Despesas Variáveis são os gastos que sofrem variação direta e proporcional ao volume de produção ou outra medida de atividade. Exemplos de Custos Variáveis em relação ao volume de produção são matéria-prima e mão de obra direta. Como exemplos de Custos e Despesas Variáveis em função das unidades vendidas (medida de atividade), há as comissões sobre vendas e emba- lagens customizadas (ATKINSON et al., 2011; MARTINS, 2018). Para compreender o comportamento dos Custos Variáveis (matéria-prima e mão de obra direta) e dos Custos Fixos em função do volume de produção, analise o Quadro 1: Quadro 1 - Relação entre Custos Variáveis e Fixos e volume de produção DESCRIÇÃO QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO TOTAL Custos Totais para Produzir 1 Unidade Matéria-Prima 1 kg R$ 10,00 R$ 10,00 Mão de Obra Direta 1 hora R$ 20,00 R$ 20,00 Custos Fixos Não há R$ 500,00 R$ 500,00 Custos Totais para Produzir 10 Unidades Matéria-Prima 10 x 1 kg R$ 10,00 R$ 100,00 Mão de Obra Direta 10 x 1 hora R$ 20,00 R$ 200,00 Custos Fixos Não há R$ 500,00 R$ 500,00 Custos Totais para Produzir 50 Unidades Matéria-Prima 50 x 1 kg R$ 10,00 R$ 500,00 Mão de Obra Direta 50 x 1 hora R$ 20,00 R$ 1.000,00 Custos Fixos Não há. R$ 500,00. R$ 500,00. Fonte: o autor. ANÁLISE CUSTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 Observe, no Quadro 1, que, conforme há aumento nas unidades produzi- das, há aumentos proporcionais nos montantes de matéria-prima e mão de obra direta. Já os Custos Fixos permanecem constantes: R$ 500,00. Os Custos Fixos não sofrem variação proporcional ao volume produzido (alguns aumentam, mas em forma de degraus, não de forma linear) e, por esse motivo, são classificados como Custos Fixos no Custeio Variável (por exemplo: aluguel, depreciação, tele- fone) (IUDÍCIBUS, 2010; MARTINS, 2018). Para calcular o valor dos custos das despesas variáveis, pode ser aplicada a seguinte fórmula: Quadro 2- Fórmula para apurar custos e despesas variáveis C = P x Q Onde, C = custo do recurso utilizado; P = preço por unidade de recurso; Q = quantidade (número de unidades) do recurso Fonte: Atkinson et al. (2011, p. 128). De acordo com Atkinson et al. (2011) e Martins (2018), o artefato contábil Custeio Variável também subsidia as Análises de Custo x Volume x Lucro, que são aná- lises gerenciais envolvendo aspectos financeiros e operacionais da organização: Custos: gastos associados à produção de um produto. O custeio é a forma de avaliar e designar os custos aos produtos. Os custos podem ser direcionados aos produtos conforme há consumo dos recursos ou pela previsão dos gastos (se a organização utiliza planejamento, custeio-meta, e entre outros artefatos contábeis). Volume de produção: medida global dos produtos fabricados pela organi- zação, expresso em quantidade de unidades em um período de tempo. Lucro: medida de desempenho. Enfatiza o montante remanescente depois de deduzir, das receitas, todos os custos e despesas operacionais (e ajustes patri- moniais). Se as despesas e custos forem superiores às receitas, tem-se prejuízo. Custeio Variável e Análise Custo x Volume x Lucro Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 De acordo com Martins (2018), a Análise Custo x Volume x Lucro auxilia as organizações a responderem às seguintes perguntas: a. Em que medida o volume de atividades operacionais afeta a margem de lucro? b. A partir de qual ponto de produção e vendas a empresa obtém lucros? c. Qual é o lucro obtido se houver variações na atividade produtiva? A análise gerencial de Custo x Volume x Lucro, portanto, indica o efeito das alte- rações dos níveis produtivos (volume) nos custos e no lucro da organização. Em outras palavras, ela se refere à estimativa dos lucros decorrentes de oscilações na atividade produtiva. Desse modo, a Análise Custo x Volume x Lucro auxilia as organizações a tomarem decisões referentes aos aspectos produtivos (volume de produção) e econômicos (custo e lucro). No Quadro 3, há informações sobre o processo produtivo e os Custos Variáveis e Fixos da organização Madeireira Ltda. (fictícia), a qual produz mesas. Tais infor- mações referem-se ao mês de janeiro de 20x0: Quadro 3- Informações do processo produtivo da Madeireira Ltda. (fictícia) Organização: Madeireira ltda. Relatório referente às atividades do mês de janeiro de 20x0 Produção de Mesas em Jan./20x0 400 unidades. Vendas de Mesas em Jan./20x0 400 unidades. Funcionários da Produção 4 Funcionários. Horas Disponíveis para Produção 752,4 horas (198 horas x 4 funcionários x 95 %, sendo 5% ociosidade). Horas Utilizadas na Produção
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