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ISBN 978-85-85014-92-6 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Álvaro José Back Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Florianópolis 2020 Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502 CEP 88034-901, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Fone: (48) 3665-5000 Fax: (48) 3665-5010 Site: www.epagri.sc.gov.br Editado pelo Departamento Estadual de Marketing e Comunicação (DEMC)/ Epagri Assessoria técnico-científica: Prof. Dr. Fernando Mainardi Fan, UFRGS Editoração técnica: Lúcia Morais Kinceler, Luiz Augusto Martins Peruch, Márcia Cunha Varaschin e Paulo Sergio Tagliari Revisão textual: Tikinet Arte final: Victor Berretta Fotos: Álvaro José Back e outros Primeira edição: Março 2020 Tiragem: On–line Este trabalho é fruto do Projeto de Pesquisa com apoio do CNPq (Processo CNPq 473107/2013) É permitida a reprodução parcial deste trabalho desde que a fonte seja citada. Ficha catalográfica BACK, Á. J. Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC). Florianópolis: Epagri, 2020. 157p. 1. Clima. 2. Hidrologia. 3. Índices Climáticos. 4. Erosão. 5. Chuva. ISBN 978-85-85014-92-6 AUTOR Álvaro José Back Engenheiro-agrônomo, mestre em Engenharia Agrícola, doutor em Engenharia, Estação Experimental de Urussanga, Rodovia SC 108, km 353, 1.563, Bairro da Estação, Urussanga, SC, 88840-000, fone: (48) 3403-1382, e-mail: ajb@epagri.sc.gov.br Apresentação Esta publicação tem como objetivo apresentar uma revisão dos principais fatores que afetam o clima catarinense, reunindo informações de diversas fontes que, devidamente sistematizadas, permitem obter uma descrição das características climáticas e hidrológicas de todos os municípios de Santa Catarina. A obra se destina, primordialmente, aos profissionais da área da engenharia, não apenas como um importante referencial teórico, mas também como uma ferramenta para auxiliar no planejamento das atividades nos meios rural e urbano. O programa HidroClimaSC, disponível em http://docweb.epagri.sc.gov. br/pub/HidroClimaSC.zip, é uma ferramenta que possibilita obter informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses e também realizar cálculos de acordo com a necessidade do usuário. Disponibilizar e difundir essas informações representam uma colaboração significativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) para projetos de hidrologia e climatologia da população de Santa Catarina. A Diretoria Executiva PREFÁCIO Esta obra, idealizada e realizada pelo Dr. Álvaro José Back, apresenta de forma clara e, ao mesmo tempo, brilhante, uma contextualização sobre os principais conceitos e fundamentos climático-hidrológicos, sem embargo, engrandecida por sua extensa e rica carreira de professor e pesquisador, em que veemente aportam dados e estudos clássicos, até metodologias de ponta. Ao discorrer pelo texto, o leitor terá a possibilidade intrínseca de qualificação e atualização sobre as situações de contorno referentes ao estado de Santa Catarina, contribuindo, assim, com o estado da arte na propagação de clássicos conceitos e hodiernas características sul-brasileiras, mas sem se privar de imbuir relevante análise crítica e uma organização esmerada na sua experiência e jornada de substancial pesquisador. Destarte, deixo aqui minha pungente recomendação e profundo agradecimento por fazer parte do seu contexto de um bom período de azáfama, desejando uma excelente leitura para todos! Prof. Dr. Cristiano Poleto Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) AGRADECIMENTOS Aos engenheiros agrimensores Anderson Bonetti, Jóri Ramos Pereira e à engenheira ambiental Luana Pasini Miguel, pelo auxilio na elaboração dos mapas Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio com o financiamento do projeto “Caracterização de chuvas intensas e erosividade de chuvas em Santa Catarina”, processo CNPq 473107/2013. SUMÁRIO Introdução ....................................................................................... 15 1 Elementos climáticos .....................................................................19 1.1 Radiação solar .................................................................................................. 19 1.1.1 Balanço de radiação .......................................................................................20 1.1.2 Saldo de radiação de onda curta (Rns) .........................................................20 1.1.3 Saldo de radiação de onda longa ...................................................................22 1.1.4 Saldo de radiação ..........................................................................................23 1.1.5 Medidas de radiação ......................................................................................23 1.1.6 Cálculo da radiação solar ..............................................................................26 1.1.6.1 Radiação solar no topo da atmosfera (Ra) .........................................26 1.1.6.2 Cálculo do fotoperíodo ................................................................ 28 1.1.6.3 Estimativa da radiação de ondas longas .......................................29 1.1.6.4 Estimativa do saldo de radiação .................................................. 30 1.2 Temperatura do ar ...........................................................................................30 1.2.1 Medição da temperatura ............................................................................... 31 1.2.2 Variações da temperatura .............................................................................32 1.2.3 Variação diária ..............................................................................................32 1.2.4 Variação anual da temperatura ....................................................................33 1.2.5 Efeito da altitude ...........................................................................................33 1.2.6 Efeito da continentalidade ............................................................................34 1.2.7 Cálculo da temperatura média diária ...........................................................34 1.2.8 Denominações...............................................................................................34 1.2.9 Estimativa da temperatura mensal ..............................................................35 1.2.10 Horas frio ....................................................................................................37 1.3.1 Variação diária da umidade relativa .............................................................45 1.3.2 Variação anual da umidade relativa .............................................................45 1.3.3 Cálculo da umidade relativa média diária ....................................................46 1.4 Precipitação ......................................................................................................46 1.4.1 Medidas de precipitação ...............................................................................47 1.4.2 Distribuição da chuva no estado de Santa Catarina .....................................49 1.4.3 Probabilidade de ocorrência de chuvas ........................................................50 1.5 Vento ................................................................................................................52 1.5.1 Medidas de velocidade e direção do vento ....................................................53 1.5.2 Variação diária e anual .................................................................................55 1.5.3 Variação vertical ............................................................................................581.6 Evaporação e evapotranspiração .....................................................................58 1.6.1 Evapotranspiração potencial (ETP) ..............................................................60 1.6.2 Evapotranspiração de referência (ETo) .......................................................60 1.6.3 Evapotranspiração da cultura (ETc) ............................................................ 61 1.6.4 Evapotranspiração real (ETr) .......................................................................63 1.6.5 Fatores que afetam a evapotranspiração ......................................................63 1.6.6 Medidas de ET ..............................................................................................64 1.6.7 Cálculo de evapotranspiração a partir de dados meteorológicos .................65 1.6.7.1 Equação de Thornthwaite ..................................................................65 1.6.7.2 Estimativas por regressão ...........................................................67 1.6.7.3 Equação de Penman .................................................................... 68 1.6.7.4 Método Penman-Monteith ........................................................... 71 2 Balanço hídrico .............................................................................75 2.1 Cálculo do balanço hídrico ...............................................................................76 2.2 Representação do balanço hídrico ..................................................................78 3 Classificação climática...................................................................81 3.1 Classificação de Thornthwaite ......................................................................... 81 3.1.1 Variação dos Índices de umidade e aridez ....................................................82 3.1.2 Índice de eficiência térmica ou evapotranspiração potencial (EP) ........................................................................................................83 3.1.3 Variação sazonal da evapotranspiração potencial .......................................84 3.1.4 Fórmula climática .........................................................................................84 3.2 Classificação de Köppen ..................................................................................85 3.2.1 Subdivisão do Grupo A .................................................................................86 3.2.2 Subdivisão do Grupo B .................................................................................87 3.2.3 Variedades específicas em temperatura do clima B ....................................88 3.2.4 Subdivisão do Grupo C .................................................................................88 3.2.5 Subdivisão do Grupo D .................................................................................89 3.2.6 Subdivisão do Grupo E .................................................................................90 3.3 Proposta de diferenciação climática para Santa Catarina ..............................90 4 Modelagem matemática da precipitação ...................................... 93 4.1 Definição de dia seco e dia de chuva................................................................93 4.2 Cadeias de Markov ..........................................................................................94 4.3 Modelagem da quantidade de precipitação ....................................................97 4.4 Probabilidade de dias secos ou dias chuvosos consecutivos ..........................98 5 Chuvas intensas ........................................................................... 107 5.1 Chuvas máximas diárias ................................................................................ 107 5.2 Chuvas máximas de curta duração ................................................................108 6 Erosividade das chuvas ................................................................111 6.1 Modelos de erosão do solo ..............................................................................112 6.2 O fator erosividade da chuva ..........................................................................114 6.3 Definição da chuva erosiva .............................................................................115 6.4 Determinação da energia cinética ..................................................................116 6.5 Índice de erosividade EI30 .............................................................................116 6.6 Índice de erosividade KE>25 .........................................................................118 6.7 Exemplo de cálculo dos índices EI30 e KE>25 ..............................................119 6.8 Estimativa dos índices de erosividade com dados pluviométricos .............. 122 6.9 Classificação da erosividade .......................................................................... 127 6.10 Variação sazonal da erosividade.................................................................. 128 6.11 Exemplo de estimativa de erosividade pelo método pluviométrico............ 129 7 Programa HidroClimaSC ............................................................. 131 Referências .................................................................................... 143 Introdução A meteorologia é o ramo da ciência que estuda dos fenômenos físicos da atmosfera terrestre, em particular da camada mais próxima à superfície, denominada troposfera, que se caracteriza pela presença da umidade e pelo gradiente térmico. Na ciência da atmosfera, usualmente, é feita uma distinção entre tempo e clima, e entre meteorologia e climatologia. O termo tempo é empregado para designar o estado instantâneo das condições da atmosfera em determinado lugar. Já o termo clima é usado para referenciar as condições médias de longo período (geralmente 30 anos) da atmosfera num dado lugar. O clima, portanto, se refere às características da atmosfera, inferidas de observações contínuas durante um longo período. A hidrologia é definida como a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e sua relação com o meio ambiente, incluindo a relação com as formas vivas (CHOW, 1964). Os principais processos do ciclo hidrológico como a precipitação e evaporação são diretamente dependentes das características meteorológicas, existindo assim uma relação entre as características climáticas e hidrológicas de uma região. O clima de uma região é determinado por fatores relativamente estáticos, como latitude, altitude, continentalidade (distância do mar), tipo de superfície e outros fatores dinâmicos, caracterizados por influências de massas de ar que cobrem uma região. O estudo do clima está na dependência da análise da circulação geral da atmosfera, uma vez que as variações dos elementos estão associadas aos deslocamentos das massas de ar. Na região Sul do Brasil, a circulação atmosférica é controlada pelos sistemas de massas de ar tropicais e polares, regulada pelos fenômenos resultantes do choque dessas, a frente polar. Atuam sobre o estado de Santa Catarina as seguintes massas de ar: Tropical Atlântica (mTa), Polar Atlântica (mPa), Tropical Continental (mTc) e Equatorial Continental (mEc) (Figura 1). As massas Tropical Atlântica e Polar Atlântica predominam alternadamente em todas as estações do ano (MIRA, 1994). No estado de Santa Catarina, além das massas de ar, o relevo também exerce influência no clima, afetando principalmente a variação da temperatura e das chuvas (MONTEIRO, 2001). Embora, em termos médios, diga-se que as chuvas são normalmente bem distribuídas, as variações temporais e espaciais da chuva evidenciam a ocorrência de eventos extremos como inundações, enxurradas e estiagens severas. Santa Catarina é um dos estados brasileiros mais atingidos por granizos, vendavais, tornados e deslizamentos. A Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC, 2016) fez o relatório de danos materiais e prejuízos de desastres em Santa Catarina do período de 1995 a 2014. Para este relatório, os desastres naturais foram divididos em cinco grupos, de acordo com as características dos eventos adversos causadores dos danos e prejuízos: Hidrológico, Meteorológico, Climatológico, Geológico e Biológico. No grupo Hidrológico foram agrupados os seguintes eventos: inundações, enxurradas, alagamentos, tempestade local/convectiva – chuvas intensas e os relacionados a movimentos de massa, como os deslizamentos e fluxos de lama e detritos. No grupo Climatológico se enquadram as seguintes tipologias: ondas de calor, ondas de frio – friagem, ondas de frio – geadas, estiagem e seca. Por fim, as tipologias agrupadas como Meteorológicas são: ciclones – ventos costeiros (mobilidade de dunas), ciclones – marés de tempestade (ressacas), frentes frias/zonas de convergência, tornados, tempestade de raios, granizo e vendaval. Os dados do relatório mostraram que o estado é atingido por eventos naturais de origens diversas, com registros relevantes relacionados ao excesso e à falta de chuva, mas também aos de evolução súbita, como vendavais, granizo, tornados e, inclusive, o único furacão registrado na costa brasileira. No período entre 1995 e 2014, os municípios catarinenses registraram algum tipo de dano material ou prejuízos decorrentes de desastres naturais. Os registros mais comuns são relacionados aos eventos decorrentes do excesso de chuva, com destaque Figura 1. Massas de ar que atuam no Brasil. Fonte: <https://goo.gl/cEej2b> 17Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) para aqueles identificados como enxurradas. Destacam-se também os prejuízos decorrentes dos períodos de estiagem e seca, fundamentalmente registrados na região oeste do estado. Esses estudos mostram a importância do conhecimento dos riscos de ocorrência de eventos extremos para o planejamento de medidas preventivas e mitigadoras. As condições climáticas de uma região indicam o tipo de atividade agrícola mais viável de um determinado local, podendo indicar as condições de agressividade do ambiente sobre produtos armazenados, como também condições de intemperismo que as superfícies são expostas ou condições para desenvolvimento de microrganismos. Dessa forma, o conhecimento das características climáticas é de grande interesse para a área da agronomia, assim como para a engenharia, a biologia e a área da saúde. Este trabalho teve como objetivo revisar os principais fatores que afetam o clima catarinense e permitir a descrição climática e a obtenção de informações hidrológicas de cada município catarinense. Foram reunidas informações divulgadas em vários trabalhos, alguns especialmente realizados para esta publicação. Com o programa HidroClimaSC, que é descrito no capítulo 7, pretendeu-se facilitar a apresentação dos resultados, bem como possibilitar ao usuário realizar cálculos de acordo com sua necessidade. 19Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1 Elementos climáticos O clima de uma região é caracterizado pela variação de uma série de elementos ou variáveis climáticas que determinam o estado da atmosfera, como radiação solar, temperatura, umidade do ar, pressão atmosférica, velocidade e direção do vento, e precipitação. Esses elementos climáticos sofrem influência de outros fatores como latitude, altitude, continentalidade, movimentos atmosféricos e os movimentos da Terra em relação ao Sol. 1.1 Radiação solar A radiação solar é a principal fonte de energia para a Terra e é também o principal elemento climático. A energia da radiação solar desencadeia os processos de fotossíntese – responsável ela produção vegetal –, como também é a fonte de energia para os processos de evaporação e evapotranspiração, influenciando diretamente no ciclo hidrológico, na distribuição de água e na temperatura do planeta. O fluxo radioativo por unidade de área, denominado de densidade de fluxo, é utilizado nos cálculos de evaporação, evapotranspiração e no balanço de radiação de uma superfície. A unidade recomendada internacionalmente para exprimir o fluxo radioativo é o watt (W). No entanto, é comum o uso da unidade caloria por minuto (cal min−1) ou do Joule (J). Na hidrologia é habitual expressar a radiação como unidade equivalente à altura de evaporação, em mm dia−1. As unidades mais utilizadas para o fluxo de radiação por unidade de área são indicadas na Tabela 1 com seus respectivos fatores de conversão. Tabela 1. Fator de conversão para radiação MJ m−² dia−1 J cm−² dia-1 cal cm−² dia−1 W m−² mm dia−1 MJ m−² dia−1 1 100 23,9 11,6 0,408 J cm−² dia−1 0,01 1 0,0239 0,116 0,00408 cal cm−² dia−1 0,041868 4,1868 1 0,485 0,0171 W m−² 0,0864 8,64 2,06 1 0,035 mm dia−1 2,45 245 58,5 28,4 1 20 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.1.1 Balanço de radiação O Sol emite radiação em praticamente todos os comprimentos de onda, porém 99,9% da energia se situam na faixa compreendida entre 0,15 a 0,40µ de comprimento de onda, conhecida como domínio da radiação solar. A radiação solar que atinge o topo da atmosfera terrestre (Ra) é variável ao longo do ano em virtude dos efeitos astronômicos e também varia de acordo com fenômenos que ocorrem na própria fonte (Sol), como manchas e erupções solares. Ao atravessar a atmosfera terrestre, a radiação solar é atenuada pelos processos de espalhamento, absorção e reflexão. O espalhamento ocorre quando toda a energia do feixe luminoso incidente sobre uma partícula da atmosfera tenha se dispersado em todas as direções. A absorção solar é um processo seletivo, sendo o vapor d’água, ozônio e gás carbônico os principais agentes absorvedores. Dentre eles, o ozônio atua principalmente na região do ultravioleta, o vapor de água e o gás carbônico atuam na faixa do infravermelho. As nuvens refletem parte da radiação para o espaço. A atmosfera é praticamente transparente à radiação solar, porém, com a relação à radiação terrestre, ocorre uma grande absorção impedindo a saída dessa radiação. As nuvens exercem importante papel no balanço de radiação do planeta. Elas refletem intensamente a radiação solar e absorvem a radiação emitida pela Terra. Dessa forma, a presença de nuvens impedirá a ocorrência de grande aquecimento diurno, assim como a ocorrência de grande resfriamento noturno. A parte da denominada radiação solar (Rs) que chega à superfície (Figura 2) é caracterizada por um pequeno comprimento de ondas. A superfície, por sua vez, também emite radiação que tem comprimento de ondas longas (Rb). O balaço dessas radiações é importante como saldo de energia para os processos de evapotranspiração, fotossíntese e aquecimento. 1.1.2 Saldo de radiação de onda curta (Rns) Parte da radiação solar é refletida pela superfície terrestre (água, solo e planta), e essa fração é chamada de refletância (r) ou coeficiente de reflexão, ou, ainda, albedo. Para as folhas das plantas, o albedo geralmente é menor que o coeficiente de reflexão, o qual, para uma superfície vegetal, se altera com o ângulo de incidência dos raios solares, sendo quase constante até 50°, aumentado de 50° a 90°. Quando a radiação incide sobre uma superfície clara de água num ângulo inferior a 45°, o coeficiente de reflexão é de cerca de 5% (r = 0,05) e, se maior que 45°, o coeficiente de reflexão pode atingir 100% (r = 1,0). 21Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na Tabela 2 encontram-se alguns valores de coeficiente de reflexão de culturas para as condições do hemisfério Norte. Tabela 2. Coeficiente de reflexão (r) de algumas culturas nas condições do hemisfério Norte Culturas Latitude ° N R Culturas Latitude ° N r Cevada 52 0,23 Pastagem 32 0,25 Beterraba 52 0,26 Pastagem 7 0,18 Trigo 52 0,26 Abacaxi 22 0,15Trigo 43 0,22 Sorgo 7 0,20 Feijão 52 0,27 Cana 7 0,15 Milho 43 0,22 Algodão 7 0,21 Milho 7 0,18 Cevada 32 0,26 Fumo 43 0,24 Florestas coníferas 51 0,16 Fumo 7 0,19 Eucalipto 32 0,19 Abóbora 43 0,26 Floresta tropical 7 0,13 Tomate 43 0,23 Fonte: Monteith (1973). Figura 2. Representação do balanço de radiação 22 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) O coeficiente de reflexão dos solos depende de fatores como teor de umidade, teor de matéria orgânica, ângulo de incidência e tamanhos das partículas do solo. Como a água absorve grande parte da radiação solar (aproximadamente 95%), as superfícies úmidas têm menor reflexão da radiação. Na Tabela 3 encontram-se valores de coeficiente de reflexão para diferentes tipos de superfície. Tabela 3. Valores de coeficiente de reflexão (r) para diferentes tipos de superfície Superfície r Superfície r Floresta de coníferas 0,10 – 0,15 Solos cultivados 0,07 – 0,14 Floresta temporárias 0,15 – 0,20 Solos turfosos 0,05 – 0,15 Floresta 0,06 – 0,20 Argila seca 0,20 – 0,25 Savana 0,22 Água sol a 90 – 40° 0,02 Cereais 0,10 – 0,25 Água sol a 30° 0,06 Batata 0,15 - 0,25 Água sol a 20° 0,13 Algodão 0,20 – 0,25 Água sol a 10° 0,35 Campo 0,15 – 0,20 Água sol a 5° 0,59 Solos arenosos 0,05 – 0,20 Neve recente 0,80 – 0,95 Culturas anuais 0,12 – 0,25 Neve velha 0,42 – 0,70 Parreiral (vinhedo) 0,18 – 0,19 Lago congelado 0,10 Solo arenoso seco 0,15 – 0,45 Lago congelado com neve 0,46 Areia clara 0,25 – 0,45 Superfície do mar calmo 0,07 – 0,08 Pedras 0,15 – 0,25 Superfície do mar agitado 0,12 – 0,14 Fonte: Adaptado de Klar (1984) e Reichardt (1985). Portanto, o saldo de radiação de ondas curtas (Rns) é dado por Rns = Rs(1−r); eq. (1) em que: Rns = Saldo de radiação de onda curta. Rs = Radiação Solar r = coeficiente de reflexão 1.1.3 Saldo de radiação de onda longa A superfície terrestre, com qualquer outro corpo negro que se encontre a uma temperatura acima do zero absoluto, emite radiação. A maior parte de energia emitida corresponde à região do espectro compreendido entre 4 a 100 µm, com pico em torno de 10 µm. Essa radiação é denominada de radiação de onda longa, e é parcialmente absorvida pela atmosfera e, de novo, remetida em direção à 23Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) superfície terrestre. O saldo de radiação em curtos intervalos de tempo pode ser negativo, positivo ou nulo. No entanto, em termos médios, é negativo, revelando que a superfície emite mais radiação do que recebe da atmosfera. Portanto, o balaço de radiação de onda longa é dado por Rb = Rb↓ - Rb↑ eq. (2) em que: Rb↓ = Radiação de onda longa emitida pela atmosfera em direção a superfície; Rb↑ = Radiação de onda longa emitida pela superfície em direção à atmosfera. 1.1.4 Saldo de radiação O saldo de radiação, ou a radiação líquida (Rn), pode ser estimado como a soma dos balanços e radiação de onda curta e radiação de onda longa, isto é: Rn = Rns + Rb eq. (3) O saldo de radiação (Rn) é, então, utilizado pela superfície nos processos de vaporação (λE), aquecimento do ar (H, calor sensível), do solo (G, calor sensível) e das plantas (P, calor sensível) e na (F, fotossíntese), isto é: Rn = λE + H + G + P +F eq. (4) O processo fotossintético (F) utiliza, em média, menos de 3 % de Rn, sendo quantitativamente desprezível. O calor armazenado nas plantas depende do porte vegetativo e, no caso de plantas anuais, é desprezível, no entanto, para florestas, pode variar de 3 a 10% de Rn (PEREIRA et al.,1997). Dependendo do tipo de vegetação e do seu estágio de desenvolvimento, o fluxo de calor no solo (G) também pode ser desprezível, visto que a presença de plantas funciona como isolante evitando que os raios solares atinjam a superfície do solo. 1.1.5 Medidas de radiação A radiação solar pode ser medida com actinógrafos, (Figura 3), piranômetro (Figura 4A), solarímetros (Figura 4B) e radiômetros. Atualmente, existem equipamentos que medem o saldo da radiação sobre a superfície (Figura 5). No entanto, devido ao custo relativamente alto desses equipamentos, não são realizadas avaliações rotineiras da radiação solar na maioria das estações meteorológicas, daí a necessidade de se estimar o valor da radiação solar global. Nos locais onde não é medida a radiação, esta pode ser estimada pela duração do brilho solar (n), medida com Heliógrafo Campbell-Stokes (Figura 6). 24 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Figura 3. Actinógrafo, instrumento para registrar a radiação solar Figura 4. Instrumentos para medir a radiação solar (A - piranômetro, B – solarímetro) (A) (B) 25Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Figura 5. Equipamento para medição do saldo de radiação Figura 6. Heliógrafo, instrumento usado para registrar as horas de insolação 26 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A relação entre o número de horas de sol e a duração máxima de brilho solar (n/N) é denominada de razão de insolação. A duração máxima do brilho solar (N) e a radiação extraterrestre (Ra) dependem da posição do sol e são função da latitude e do dia do ano, podendo ser estimadas por meio de equações derivadas da astronomia. A relação entre o índice de claridade e a razão de insolação pode ser expressa pela equação de Angström-Prescott, conforme: β+α= N n RaRs eq. (5) em que: Rs = radiação solar na superfície; Ra = radiação solar no topo da atmosfera; n = horas de insolação observada (h); N = duração máxima do brilho solar (h); α = constante da equação de regressão expressa a fração da radiação solar que chega a superfície da Terra em dias completamente nublados (n = 0); α+ β = fração da radiação solar que chega a superfície terrestre em dias de céu limpo (n = N). Os valores de α e β variam de acordo com as condições atmosféricas (umidade, poluição, nebulosidade) e a declinação solar (latitude e época do ano), quando não há dados de radiação solar e os valores de α e β não foram calibrados para o local. Allen et al. (1998) recomendam adotar os valores 0,25 e 0,50 para α e β, respectivamente, na estimativa da radiação solar que chega na superfície do solo. 1.1.6 Cálculo da radiação solar Devido às dificuldades de medidas de radiação solar, foram desenvolvidas várias fórmulas para estimar os termos do balanço de radiação e obter o saldo de radiação na superfície terrestre. Essas fórmulas são muito utilizadas nas metodologias para estimar a evapotranspiração ou a evaporação de água em reservatórios. 1.1.6.1 Radiação solar no topo da atmosfera (Ra) Aplicando as equações derivadas da astronomia, pode-se estimar a radiação solar que chega no topo da atmosfera pela equação: 27Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) eq. (6) em que: Ra = radiação solar no topo da atmosfera (MJ m−2 dia−1); Gs = constante solar média Gs = 1367 (W m−2); Eo = fator de correção da excentricidade da órbita terrestre; Ws = duração do dia solar (rad); δ = declinação solar (rad); φ = latitude do local (rad). Em virtude da forma elíptica da órbita terrestre, a distância Terra-Sol varia ao longo do ano em um valor médio de 149,6 milhões de quilômetros. A esse valor, denomina-se Unidade Astronômica de distância (UA), ou seja, 1 UA = 149,6 × 106 km. A distância mínima é de aproximadamente 147,1 × 10 6km, e a máxima de 152,1 × 10 6km. O fator de correção da excentricidade da órbita terrestre é dado por: eq. (7) em que: DTS = distância da Terra ao Sol; Dm = distância média da Terra ao Sol. Chamando Eo de distância relativa (dr), Smith (1991) apresenta a equação para estimá-la como: eq. (8) em que: J = dia do ano [0 a 364]. O ângulo do pôr do solé estimado pela equação (Smith, 1991): eq. (9) em que: latitude (rad.); ψ = declinação solar (rad.); ωs = angulo do pôr do sol (rad.). A declinação solar como pode ser calculada por: eq. (10) em que: eq. (11) 28 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Dj = o dia do calendário juliano; Nda = número de dias do ano (365 ou 366). Na Figura 7 constam os valores de radiação no topo da atmosfera calculados para diferentes latitudes, onde pode-se avaliar a variação sazonal da radiação solar para o estado de Santa Catarina, com latitudes aproximadas entre 26,0°S e 29,4°S. Figura 7. Variação sazonal da radiação solar para diferentes latitudes 1.1.6.2 Cálculo do fotoperíodo O intervalo de tempo entre o nascer e o pôr do sol em determinado dia é chamado de fotoperíodo ou duração do dia, ou ainda insolação máxima teórica, que pode ser estimada por: eq. (12) N = insolação máxima teórica (horas); ωs = ângulo do pôr do sol (rad.). O fotoperíodo interfere nas atividades civis e principalmente nas atividades fisiológicas de plantas e animas. Na agricultura, o conhecimento do fotoperíodo é importante para várias finalidades, como a seleção de cultivares e a definição de 29Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) época de prática de tratos culturais. Na economia, em geral, o conhecimento do fotoperíodo permite o planejamento das atividades que exigem luz natural bem como permite a economia de energia elétrica. Na Figura 8 pode-se visualizar a variação sazonal do fotoperíodo para as diferentes latitudes. No estado de Santa Cataria, com latitude variando de aproximadamente 26,0°S a 29,4°S, pode-se encontrar amplitude sazonal no fotoperíodo superior a três horas. Figura 8. Variação sazonal da fotoperíodo para diferentes latitudes 1.1.6.3 Estimativa da radiação de ondas longas O balanço ou saldo de radiação de ondas longas pode ser estimado pela seguinte equação: eq. (13) em que: σ = constante de Stefan-Boltzmann (= 1,1907 × 10−7cal cm−2 dia−1 =2,0 × 10−9mm); T = temperatura média do ar (K); e = pressão de vapor (mb); n = horas de insolação diária observada (h); N = insolação máxima diária (h); 30 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.1.6.4 Estimativa do saldo de radiação O saldo de radiação ou radiação líquida (Rn) pode ser estimado pela diferença entre o saldo e radiação de ondas curtas e o saldo de radiação de ondas longas, isto é: Rn = Rns + Rnl eq. (14) Exemplo 1: Considerando o dia 15 de janeiro de 2006, em que foi registrado no heliógrafo da estação meteorológica e Urussanga (latitude 28,31 S) 9,6 horas de sol, calcular o saldo de radiação de onda curta. Cálculos: δ – declinação solar = −0,3713rd (equação 10) ωs – ângulo do pôr do sol = 1,7821rd (equação 9) N – insolação máxima teórica = 13,6h (equação 12) dr – distância relativa = 1,0343 (equação 8) Ra – Radiação solar no topo da atmosfera = 43,12MJ m−2 dia−1 (equação 6) Rs – radiação solar na superfície = 24,79MJ m−2 dia−1 (equação 5) r – reflectância = 0,23 Rns – Saldo de radiação de onda curta = 19,09MJ m−2 d−1(equação 1) Rnl – Saldo de radiação de onde longa = 3,09MJ m−2 d−1(equação 11) Rn = 19,09 − 3,09 = 16,00MJ m−2 d−1 (equação 3) 1.2 Temperatura do ar A temperatura do ar é um dos elementos do clima mais estudados e possui grande importância para a climatologia. A temperatura do ar influencia a evaporação, a transpiração e o desenvolvimento das plantas e animais. A temperatura é um índice que expressa a quantidade de calor sensível de um corpo. A temperatura do ar reflete o aquecimento da atmosfera numa determinada altura da superfície. Determina-se a temperatura de um corpo pelo balanço entre a radiação que chega e que sai e pela sua transformação em calor latente e calor sensível. Assim, a temperatura do ar ou da superfície terrestre está diretamente relacionada com o balanço de radiação na superfície. 31Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.2.1 Medição da temperatura A Organização Meteorológica Mundial (OMM) normatizou as formas de medir os dados meteorológicos de modo a permitir comparar dados entre diferentes locais. Essa padronização diz respeito a instrumentos, locais e horários de medição. A temperatura do ar deve ser medida em locais com área plana, gramada, dentro de um abrigo meteorológico que permita livre passagem do ar, mas impeça a incidência de radiação solar nos equipamentos. Utilizam-se termômetros comuns, termômetro de máxima e termômetro de mínima para medir a temperatura do ar. Esta também pode ser registrada com termógrafo. O termômetro indica a temperatura do ar no momento enquanto o termógrafo registra de forma contínua a variação da temperatura. As temperaturas extremas do dia são medidas com os chamados termômetros de máximas e termômetros de mínimas (Figura 9). O termômetro de mínima registra a temperatura mínima que ocorre durante o dia. É feito de álcool em vidro, no qual um indicador na forma de halteres com 2cm é imerso. Quando o álcool se contrai pela diminuição da temperatura, desloca o indicador. Se houver aumento da temperatura, o álcool se dilata e escoa ao redor do indicador, deixando-o na posição correspondente à temperatura mínima ocorrida. O termômetro de máxima, de mercúrio em vidro, apresenta uma pequena constrição logo acima do bulbo, impedindo que a coluna de mercúrio regrida com a diminuição da temperatura, de modo que o mercúrio permanece na posição de maior temperatura alcançada. É colocado em posição quase horizontal no suporte termométrico dentro do abrigo, acima do termômetro de mínima. O termógrafo (Figura 10) é um aparelho registrador de temperatura, que funciona pela variação do elemento sensível com a temperatura. As variações da temperatura são registradas continuamente sobre um tambor movido por um mecanismo de relógio Figura 9. Termômetro de máxima (A) e termômetro de mínima (B) (A) (B) 32 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.2.2 Variações da temperatura A temperatura da atmosfera em um mesmo lugar está sujeita a dois tipos de variações: regulares e irregulares. As variações irregulares de temperatura são causadas pelos ventos fortes, chuvas, nevoeiros e outros fenômenos meteorológicos. As variações regulares podem ser diárias e anuais, e ser influenciadas pela altitude e continentalidade. 1.2.3 Variação diária A variação diária da temperatura do ar é explicada pelo balanço de radiação na superfície do solo. Quando o balanço de radiação da superfície do solo começa a ser positivo, o ar, em contato com o solo, começa a ser aquecido por condução. O ar aquecido se expande e se eleva, sendo sucessivamente substituído pelo ar mais frio e de maior densidade. O ar próximo à superfície se aquece mais rapidamente, e Figura 10. Termo-higrógrafo para registro da temperatura e umidade relativa do ar 33Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) a temperatura máxima do ar em contato com o solo ocorre praticamente de forma simultânea com a temperatura máxima da superfície do solo. À medida que se afasta da superfície, há uma defasagem no tempo de ocorrência da temperatura máxima do ar em relação com a superfície. Para a altura de 2m, essa defasagem é de aproximadamente duas horas. Por isso, a temperatura máxima do dia normalmente é registrada nas estações meteorológicas por volta das 14h ou 15h, apesar de a insolação máxima, em geral, ocorrer às 12h, quando o sol está a pino. A amplitude térmica diária varia conforme a época do ano, a latitude e longitude do local e de acordo com as condições de nebulosidade e umidade da atmosfera. De modo geral, nas regiões de baixa latitude, observa-se pequena amplitudetérmica diária e, nas regiões da latitude elevada, ocorre grande amplitude térmica. Como a água tem propriedades térmicas diferentes das do solo, a amplitude térmica sobre os oceanos ou grandes massas de água é menor que sobre as superfícies continentais. Sobre os oceanos, a amplitude diurna da temperatura é usualmente menor que 0,7°C. O vento também influencia na amplitude diurna da temperatura de determinada superfície, sendo que a variação da temperatura na superfície é menor nos dias com vento do que nos dias calmos, sem grande ventilação. Isso ocorre porque, em dias com ventos, a troca de calor afeta uma camada mais profunda de ar do que em dias calmos. 1.2.4 Variação anual da temperatura As variações sazonais na temperatura refletem principalmente as variações na quantidade de insolação recebida, com temperaturas mais elevadas registradas no verão, quando a insolação é maior, e mais baixas no inverno, quando a recepção de insolação é menor. As variações sazonais da temperatura aumentam com a latitude e com o grau de continentalidade pelos mesmos aspectos comentados no item anterior. 1.2.5 Efeito da altitude Com o aumento da altitude, a densidade do ar e a pressão atmosférica diminuem, o que implica no resfriamento da atmosfera de aproximadamente 6,5°C km−1. Assim, a altitude é um fator que influencia fortemente a temperatura e o clima de um local, como observado na região serrana de Santa Catarina. 34 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.2.6 Efeito da continentalidade Também é conhecido que as massas de água têm capacidade de se aquecer e se resfriar mais lentamente que a superfície do solo. Dessa forma, no período de maior radiação solar, o ar continental se aquece mais que o ar sobre os oceanos e, por outro lado, se resfria mais no período de pouca insolação. Desse modo, à medida que avança para o interior do continente, as amplitudes térmicas anuais aumentam, fenômeno que recebe o nome de continentalidade. 1.2.7 Cálculo da temperatura média diária Temperatura média expressa a temperatura média das 24 horas do dia e, se existir registros contínuos da temperatura do ar durante o dia (registrado em termógrafos ou equipamentos automáticos), pode-se utilizar a média aritmética dos valores medidos. Nas estações meteorológicas convencionais são realizadas medidas às 9h, 15h e 21h. Nesses casos, a temperatura média pode ser estimada por: eq. (15) em que: Tm = temperatura média do dia; Tmax = temperatura máxima do dia medida com o termômetro de máxima; Tmin = temperatura mínima do dia, medida com o termômetro de mínima. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) adota como temperatura média: eq. (16) em que: T9 e T21 = temperatura das 9h e 21h, respectivamente, medidas no termômetro de bulbo seco (°C); Tmax = temperatura máxima do ar (°C); Tmin = temperatura mínima do ar (°C). 1.2.8 Denominações Para caracterizar a temperatura de uma região, podem-se utilizar os seguintes dados: 35Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Temperatura média mensal: representa a temperatura média do mês calculada pela média aritmética das temperaturas médias diárias do mês em questão. Temperatura média máxima mensal: corresponde à média das temperaturas máximas do mês calculada pela média aritmética das temperaturas máximas diárias do mês em questão. Temperatura média mínima mensal: representa a média das temperaturas mínimas do mês calculada pela média aritmética das temperaturas mínimas diárias do mês em questão. Temperatura máxima absoluta: diz respeito à temperatura máxima registrada no mês. Temperatura mínima absoluta: representa a temperatura mínima registrada no mês. Temperatura normal: refere-se à média de um período de 30 anos (normal climatológica) das temperaturas médias mensais. 1.2.9 Estimativa da temperatura mensal Como a temperatura varia conforme a altitude, a latitude e a continentalidade, vários trabalhos foram realizados no sentido de ajustar equações de regressão múltipla para estimar em função das coordenadas geográficas. Para Santa Catarina, Massignam & Pandolfo (2006b) ajustaram equações que permitem estimar os valores médios decendiais da temperatura máxima, temperatura média e temperatura mínima conforme T = a + b Alt + c Lat + d Lon eq. (17) em que: Alt = altitude em metros; Lat = Latitude em graus e décimos, sempre positivo; Lon = Longitude em graus e décimos, sempre positivo; a, b, c, d = coeficientes obtidos da regressão múltipla, para cada mês decêndio. Wrege et al. (2012) ajustaram equações para as estimativas dos valores médios mensais das temperaturas máxima absoluta, máxima, média, mínima e mínima absoluta, válidas para os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná: T = a + b Alt + c Lat + d Lon eq. (18) 36 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) em que: Lat = Latitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul; Lon = Longitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul; Alt = altitude em metros; a, b, c, d = coeficientes obtidos da regressão múltipla, para cada mês (Tabelas 4 a 6). Tabela 4. Coeficientes para estimativa das temperaturas média e mínima mensal da região Sul do Brasil Período Temperatura média (°C) Temperatura mínima (°C) a b c d R² a b c d R² Jan. 16,238 0,402 −0,388 −0,005 0,827 25,89 0,47 -0,152 -0,005 0,825 Fev. 23,24 0,396 −0,244 −0,005 0,812 30,54 0,462 -0,056 -0,005 0,820 Mar. 24,723 0,499 −0,251 −0,005 0,797 32,116 0,512 −0,032 −0,005 0,823 Abr. 29,912 0,676 −0,194 −0,005 0,754 34,034 0,644 −0,014 −0,005 0,780 Maio 31,63 0,581 −0,047 −0,005 0,762 32,203 0,671 −0,005 −0,005 0,734 Jun. 31,814 0,692 −0,062 −0,004 0,788 30,579 0,698 −0,009 −0,004 0,717 Jul. 30,177 0,742 −0,155 −0,004 0,803 27,657 0,68 −0,046 −0,004 0,687 Ago. 27,266 0,801 −0,227 −0,004 0,791 27,028 0,708 −0,094 −0,004 0,680 Set. 27,848 0,934 −0,315 −0,004 0,771 32,558 0,776 −0,052 −0,004 0,806 Out. 23,233 0,782 −0,366 −0,004 0,812 29,583 0,735 −0,132 −0,005 0,814 Nov. 21,168 0,681 −0,388 −0,004 0,806 28,733 0,683 −0,154 −0,005 0,822 Dez. 15,577 0,511 −0,44 −0,004 0,679 25,324 0,585 −0,201 −0,005 0,815 Ano 25,037 0,639 −0,256 −0,004 0,811 29,58 0,632 −0,08 −0,005 0,795 Fonte: Wrege et al. (2012). Tabela 5. Coeficientes para estimativa da temperatura mínima absoluta e temperatura máxima mensal da região Sul do Brasil Período Temperatura mínima absoluta (°C) Temperatura máxima (°C) a b c d R² a b c d R² Jan. 6,392 1,167 −0,781 −0,006 0,251 19,766 0,455 −0,461 −0,005 0,634 Fev. 12,169 1,211 −0,692 −0,007 0,451 27,088 0,483 −0,322 −0,004 0,681 Mar. 12,626 1,214 −0,652 −0,007 0,470 29,783 0,637 −0,339 −0,004 0,775 Abr. 9,775 1,255 −0,654 −0,007 0,447 39,371 0,823 −0,203 −0,005 0,839 Maio 8,076 1,092 −0,535 −0,007 0,409 43,353 0,786 −0,047 −0,005 0,865 Jun. 5,408 0,993 −0,488 −0,007 0,446 46,530 0,870 0,015 −0,004 0,879 Jul. 3,541 1,044 −0,537 −0,007 0,424 43,932 0,962 −0,082 −0,004 0,865 Ago. −2,496 1,156 −0,782 −0,007 0,378 37,324 1,038 −0,275 −0,003 0,838 Set. 10,747 1,294 −0,602 −0,008 0,513 31,946 13,039 −0,397 −0,004 0,805 Out. 8,218 1,258 −0,681 −0,007 0,494 24,977 0,955 −0,531 −0,004 0,784 Nov. 14,058 1,301 −0,639 −0,008 0,552 23,575 0,812 −0,522 −0,004 0,750 Dez. 6,863 1,208 −0,766 −0,006 0,518 19,305 0,547 −0,500 −0,004 0,708 Ano 7,948 1,183 −0,647 −0,007 0,518 32,129 0,782 −0,307 −0,004 0,814 Fonte: Wrege et al. (2012). 37Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 6. Coeficientes para estimativa da temperatura máxima absoluta mensal da região Sul do Brasil Período Temperatura mínima absoluta (°C) a b c d R² Jan. 51,684 0,093 0,210 −0,006 0,508 Fev. 57,9930,293 0,234 −0,006 0,697 Mar. 54,163 0,318 0,169 −0,006 0,572 Abr. 56,504 0,489 0,163 −0,005 0,558 Maio 63,899 0,395 0,401 −0,006 0,614 Jun. 67,780 0,497 0,453 −0,006 0,755 Jul. 67,044 0,386 0,489 −0,005 0,575 Ago. 66,901 0,432 0,422 −0,004 0,490 Set. 71,841 0,752 0,322 −0,004 0,522 Out. 1,648 0,589 0,006 −0,004 0,448 Nov. 51,917 0,416 0,076 −0,004 0,311 Dez. 53,983 0,240 0,180 −0,005 0,506 Ano 41,897 0,178 0,029 −0,005 0,513 Fonte: Wrege et al. (2012). 1.2.10 Horas frio Certas espécies vegetais necessitam de determinado número de horas de baixas temperaturas durante o período de hibernação. As condições térmicas nesse período de dormência afetam o nível das substâncias reguladoras de crescimento que controlam as mudanças metabólicas de entrada e saída da dormência (PETRI et al., 2006). As espécies de plantas perenes de folhas caducas são as que mais demonstram exigência de frio, razão pela qual são também chamadas criófilas. A produtividade e a qualidade dos frutos são influenciadas pelas condições térmicas durante a fase de dormência. Quando as exigências de horas frio não são atendidas, as plantas frutíferas caducifólias podem permanecer em estado de dormência ou apresentar brotação das gemas e floração insuficientes e desuniformes. Nas regiões em que as exigências de horas frio não são atendidas, recomenda-se aplicar produtos químicos para a quebra de dormência, visando garantir uma melhor brotação das gemas foliares e de frutificação. De modo geral, temperatura abaixo ou acima da faixa de 0 a 7°C parece não contribuir para o acúmulo de unidades de frio. Dependendo da espécie e do cultivar, temperaturas fora dessa faixa podem atuar positiva ou negativamente 38 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) na acumulação de horas de frio e a alternância entre temperaturas moderadas e baixas pode aumentar a eficiência das baixas temperaturas. Essas respostas podem apresentar grandes variações entre espécies, na mesma espécie em diferentes anos, entre cultivares, entre gemas com idades distintas e em posições distintas dos ramos. O método mais utilizado para medir a necessidade de frio invernal das fruticulturas de clima temperado é o somatório das horas de frio abaixo de 7,2°C. Por outro lado, esse modelo tem restrições, uma vez que o número de horas requeridas para a superação da dormência não é o mesmo em anos com regimes diferentes de temperatura, além de não considerar temperaturas em faixa mais ampla. Atualmente, existem outros modelos de estimativa de acúmulo de frio que não consideram um valor fixo de temperatura. Esses novos modelos são mais acurados por apresentarem maior abrangência de temperaturas efetivas e incorporarem efeitos negativos para temperaturas mais elevadas. Entre os modelos desenvolvidos, destacam-se os de horas de frio ponderadas, de Utah e Carolina do Norte. Na Tabela 7 constam os valores para conversão de temperatura em unidade frio para os dois modelos. Tabela 7. Conversão de temperatura para unidades frio (UF) para os modelos Utah e Carolina do Norte Modelos Utah Modelo Carolina do Norte Temperatura (°C) UF Temperatura (°C) UF <1,4 0,0 <−1,1 0,0 1,5 a 2,4 0,5 1,6 0,5 2,5 a 9,1 1,0 7,2 1,0 9,2 a 12,4 0,5 13,0 0,5 12,5 a 15,9 0,0 16,5 0,0 16,0 a 18,0 −0,5 19,0 −0,5 >18,0 −1,0 20,7 −1,0 – – 22,1 −1,5 – – 23,3 −2,0 Fonte: Petri et al. (2006). A quantidade de frio requerida, assim como as temperaturas efetivas para a superação da dormência, são muito diferentes entre espécies e cultivares de uma mesma espécie. Além disso, as respostas às baixas temperaturas para a saída da dormência variam de acordo com a idade e posição das gemas nos ramos, do vigor dos ramos, porta-enxerto utilizado, estado nutricional das plantas, entre outros fatores. Vários estudos foram realizados estimando a exigência de horas 39Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) frio para os cultivares com potencial de cultivo. Na Tabela 8 encontram-se valores de exigência de horas frio para algumas espécies e cultivares da região Sul do Brasil. Nas recomendações de cultivares frutícolas (EPAGRI, 2016), podem-se encontrar os cultivares recomendados para cada região, levando em consideração as exigências de horas frio. Tabela 8. Exigência de horas frio (<7,2°C) de frutícolas cultivadas no Sul do Brasil Espécie/cultivar Exigência (horas frio) Maçã Fuji 700 a 800 Maçã Gala 600 Maçã Eva 100 a 450 Maçã Castel Gala, Princesa, Condessa, Baronesa 300 e 400 Pereira 300 a 1.200 Pereira de menor exigência como cultivares Tenra, Cascatense, Triunfo, Primorosa, Centenária e Selet 300 a 350 Pera Housui, Kousui, Santa Maria, Rocha >700 Mirtilo 200 a 850 Pêssego Precocinho 150 Pêssego Aurora 100 Pêssego Mondardo, Tropic Beauty, Premier 150 Pêssego Chimarrita, Marli 300 Pêssego Planalto e Della Nonna 200 Nectarina Julema, Sunraycer, Sunblase, Sunripe 300 Nectarina Sungold 450 Ameixeira de baixa exigência como Centenária, Harry Pickstone, Reubennel e Gema de Ouro 400 Ameixeira de média exigência como Santa Rosa, Pluma 7 e Fortuna 400 a 600 Ameixeira Monty 550 Ameixeira de exigência alta >600 Ameixa de exigência moderada (cultivar Fortune, Pluma 7 400 – 600 Ameixa de exigência baixa cultivar Harry Picstone, Amarelinha <400 Uva Chardonnay 150 Uva Merlot 300 Uva Sauvignon 400 Fonte: Epagri (2016). 40 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) O conhecimento das horas de frio de uma região pode constituir um parâmetro que possibilite avaliar a aptidão climática de determinada região em função de exigências específicas de certas espécies e variedades de fruteiras de clima temperado. Do mesmo modo, permitem prever a adaptabilidade de determinadas plantas em regiões com clima capaz de satisfazer suas necessidades básicas de hibernação. Wrege et al. (2012) estabeleceram as equações para a estimativa das horas frio para a região Sul do Brasil, conforme: Para o período de horas frio de maio a agosto: HF = −1073,233 −45,294(Lat)+1,707*Lon+0,307(Alt) eq. (19) Para o período de maio a setembro: HF = −10214,557 −53,205(Lat)+3,064*Lon+0,351(Alt) eq. (20) Em que : HF = horas frio (horas); Lat = latitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul; Lon = longitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul; Alt = altitude em metros. Massignam et al. (2005) apresentam a equação para estimativa da média e desvio padrão de horas frio, o que permite aferir o intervalo de confiança para essa variável. As equações podem ser expressas por: eq. (21) e o desvio padrão de horas frio anual eq. (22) em que: HF é a média de horas frio anual (H); Alt é a altitude do local (m); DPhf é o desvio padrão de horas frio anual (h). 1.3 Umidade atmosférica A umidade do ar exerce importante função no clima e no ciclo hidrológico, principalmente nos processos de evaporação e evapotranspiração, que são fortemente influenciados pela umidade do ar. Também a umidade do ar é a fonte de água para os processos de precipitação, sendo, por isso, de interesse na hidrologia. Outro papel importante exercido pela é a germinação de sementes, disseminação de fungos, interessando, assim, também outras áreas da agronomia e biologia. A umidade atmosférica se refere somente ao vapor contido na atmosfera, não contando com a água nos estados sólido e líquido. De maneira geral, o conteúdo de 41Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) vapor pode variar de zero (ar seco) até 4% do volume (em condições de ar quente e muito úmidas). A quantidade de vapor é expressa pela pressão parcial que o vapor exerce na atmosfera, chamada de pressão de vapor (e). O conteúdo de vapor na atmosferaé controlado pelas condições físicas da atmosfera, que determinam três princípios básicos: i) quanto maior a quantidade de vapor existente no ar, maior é a pressão de vapor; ii) a uma dada temperatura, existe um máximo de vapor que o ar pode reter e, neste máximo, o ar é denominado saturado e sua pressão de vapor é denominada de pressão de saturação (es); iii) quanto maior a temperatura do ar, maior a quantidade de vapor que o ar pode reter, isto é, quanto maior t, maior es (Figura 11). Figura 11. Variação da pressão saturação de vapor com a temperatura do ar. A pressão de vapor de saturação (es) pode se estimada pela equação de Tetens como: eq. (23) sendo es dado em kPa e t a temperatura do ar em °C. Existem outras formas de expressar a umidade do ar como umidade absoluta: eq. (24) Em que Ua é a umidade absoluta (g kg-1); e é a pressão de vapor (kPa) e T = temperatura (K). 42 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A forma mais comumente utilizada para expressar a umidade atmosférica é a umidade relativa (UR), que é a relação entre a pressão parcial de vapor (e) a pressão de saturação de vapor (es) na mesma temperatura expressa em termos percentuais, isto é: eq. (25) A umidade relativa pode ser medida com um instrumento chamado psicrômetro (Figuras 12A e 12B), que consiste basicamente de dois termômetros, sendo que um tem o bulbo envolvido por uma gaze saturada de água. Devido à evaporação da água, ocorre um consumo de calor e, com isso, a temperatura do termômetro de bulbo úmido (TW) é menor que a temperatura do bulbo seco (TD). A diferença entre os dois termômetros, chamada de depressão psicrométrica, é maior quanto menor for a umidade do ar e quanto maior for a temperatura. Existem psicrômetros que vêm acompanhados de uma ventoinha em que o observador deve acionar 15 segundos antes da leitura, provocando a ação do vento sobre o bulbo úmido. Esse psicrômetro é denominado de psicrômetro aspirado ou de ventilação artificial. Figura 12. Tipos de psicrômetros para determinação da umidade relativa do ar (A - Psicrômetro comum, B -Psicrômetro aspirado). (A) (B) 43Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) O conhecimento do valor da pressão de vapor é importante nos cálculos de evapotranspiração, bem como para o cálculo da umidade absoluta. Uma vez medida a umidade relativa (UR), pode-se calcular a pressão de vapor (e) por: eq. (26) eq. (26) Considerando uma massa de ar com temperatura (t) e pressão de vapor, como indicado na Figura 14, e estando com pressão de vapor (e) inferior à pressão de saturação (e < es). Verifica-se que essa massa de ar poderia absorver mais vapor de água mantendo a temperatura t constante até a pressão de vapor aumentar verticalmente, atingindo a saturação do ar, o que resulta na curva de pressão de saturação de vapor. A diferença (es – e) é chamada de déficit de saturação ou déficit de pressão de vapor (DPV). Figura 13. Higrógrafo, instrumento para registro da umidade relativa do ar. Os higrógrafos (Figura 13) são aparelhos que registram a umidade do ar em gráficos e têm a vantagem de fornecer a variação diária da umidade relativa do ar. 44 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A temperatura do ponto de orvalho é definida como a temperatura na qual ocorreria a saturação se o ar fosse resfriado a pressão constante e sem adição ou remoção de vapor de água. Assim, a temperatura do ponto de orvalho pode ser estimada por: eq. (27) em que: Td é a temperatura do ponto de orvalho (°C), e é a pressão de vapor (kPa). Exemplo 2: Calcular a pressão de vapor, a temperatura do ponto de orvalho e a umidade absoluta para uma massa de ar com 27,8°C e umidade relativa de 81,3%. Cálculos: Pressão de saturação de vapor: es = 3,736kPa (equação 23). Pressão de vapor: e = 3,037kPa (equação 26). Déficit de pressão de vapor: DPV= 0,699kPa. Temperatura do ponto de orvalho: Td =24,3°C (equação 27). Umidade absoluta: Ua = 21,9g kg-1 (equação 24) Figura 14. Representação da pressão de vapor e temperatura do ponto de orvalho 45Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.3.1 Variação diária da umidade relativa A umidade relativa tem uma variação diária bem característica, alterando inversamente com a temperatura do ar. A Figura 15 representa a variação da temperatura e umidade relativa na estação meteorológica de Urussanga, no dia 19 de fevereiro de 2017. Em geral, observa-se que, com o decréscimo da temperatura do ar no período da noite, a umidade relativa aumenta, podendo chegar a 100% nas regiões mais úmidas. Nas primeiras horas do dia, verifica-se que há aumento da temperatura com decréscimo da umidade relativa que tem seu menor valor por volta das 15h. Essa variação da temperatura e umidade do ar explica os fenômenos de formação e dissipação da neblina nas regiões com clima frio e úmido. Figura 15. Variação da umidade relativa e da temperatura durante o dia 1.3.2 Variação anual da umidade relativa A variação anual da umidade relativa depende das condições do clima da região. No entanto observa-se que a variação nos dados médios de umidade relativa média mensal em Santa Catarina é menor que a maioria das outras variáveis climáticas e que a variação observada na umidade relativa do ar dentro do dia. Na Figura 16 constam os valores médios mensais de umidade relativa de Urussanga. 46 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.3.3 Cálculo da umidade relativa média diária Nas estações meteorológicas, a umidade do ar é medida com psicrômetros às 9h, 15h e 21h. A umidade relativa média diária é calculada conforme: eq. (28) em que: UR = Umidade relativa média diária; UR9, UR15, UR21 = umidade relativa às 9h, 15h e 21h, respectivamente. 1.4 Precipitação Entende-se por precipitação a água proveniente do vapor da atmosfera depositada na superfície terrestre, no estado líquido ou sólido. O termo precipitação engloba, portanto, a chuva e outras formas de precipitação, como granizo, neve, nevoeiro, neblina ou geada. Para as condições de clima do Brasil, a chuva é a forma de precipitação predominante e sua ocorrência extrema ou ausência prolongada é responsável pelos maiores problemas hidrológicos. Como as demais formas de precipitação tem pouca importância nos processos hidrológicos, neste capítulo será tratada apenas a chuva. Figura 16. Variação da umidade relativa do ar em Urussanga, SC 47Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A chuva é o elemento climático que apresenta a maior variação, tanto espacial quanto temporal. O conhecimento do regime pluviométrico é de interesse para várias áreas, como climatologia, ecologia e agronomia. A falta de chuva (estiagem) causa problemas como a diminuição da produção agrícola, problemas de abastecimento de água e redução na geração de energia. Por outro lado, o excesso de chuva ou a ocorrência de chuvas intensas podem causar danos e colocar em risco obras como barragens e açudes. Nas áreas urbanas as chuvas intensas podem causar problemas de alagamento de ruas até inundações em áreas residenciais e comercias com elevado prejuízo econômico. Na zona rural as chuvas intensas podem ocasionar problemas diversos, como erosão dos solos, inundações de pastagens e de lavouras. 1.4.1 Medidas de precipitaçãoOs principais instrumentos utilizados para medir a chuva são o pluviômetro e o pluviógrafo. Os pluviômetros são aparelhos mais simples que acumulam a água da chuva no interior de um recipiente. A altura pluviométrica é dada pela relação entre o volume de água coletado e a área da superfície do pluviômetro, isto é: eq. (29) onde: h = altura pluviométrica (mm); V = volume coletado no pluviômetro (cm3); A = área dos pluviômetros (cm2). Os pluviômetros normalmente são observados uma ou duas vezes por dia, não fornecendo o valor da duração da chuva, somente a altura pluviométrica. Existem vários modelos de pluviômetros, sendo os mais utilizados o modelo Ville de Paris (Figura 17A), que tem área de captação de 400cm². A Agência Nacional de Águas utiliza o modelo semelhante (Figura 17B), também com área de captação de 400cm². Os pluviógrafos são instrumentos que registram a altura pluviométrica e a duração da chuva em gráficos, tendo a vantagem de fornecer a intensidade da chuva e sua distribuição ao longo de sua duração (distribuição temporal). Existem diferentes tipos de pluviógrafos, variando de aparelhos que registram em gráficos diários e outros semanais. Dentre os tipos mais utilizados destacam-se os pluviógrafos Hellmann Fuess (Figura 18) e o de fabricação nacional (Figura 19). 48 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Figura 17. Pluviômetro modelo Ville de Paris (a) e modelo ANA (b) Figura 18. Pluviógrafo modelo Hellmann Fuess (A) (B) 49Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.4.2 Distribuição da chuva no estado de Santa Catarina Segundo Orselli (1991), os menores valores observados no litoral sul de Santa Catarina refletem a atuação de corrente fria das Malvinas e as modificações locais da circulação atmosférica, determinadas pela passagem livre de ventos vindos do oceano que, na sua rota do mar até as encostas da Serra Geral, perdem umidade. Segundo Monteiro & Furtado (1995), no litoral centro-norte os valores pluviométricos se mostram relativamente mais elevados. Particularmente, essa região sofre influência direta da massa tropical marítima, fato que pode ser explicado pela forma de relevo, voltado para a direção da fluência dos ventos originários dessa massa. Com seu anticiclone localizado na região Sudeste do Brasil, os ventos que se originam desta fluem do Nordeste, na região centro-norte catarinense. Figura 19. Pluviógrafo da Rede hidrológica da Agência Nacional de Águas 50 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Coan et al. (2015) avaliaram a distribuição sazonal e espacial da precipitação no estado de Santa Catarina. Os autores constataram que existe variação da distribuição das precipitações mensais no território catarinense, com maior índice de ocorrência na região do litoral norte entre os meses de novembro a março. Na região do oeste catarinense, os maiores valores ocorrem entre os meses de abril a outubro, e os menores valores de precipitação ocorrem na região sul do estado. A precipitação anual com probabilidade de 50% varia de 1.300 a 1.400mm no litoral sul do estado, de 2.600 a 2700mm no litoral norte e de 2.000 a 2.100mm no oeste do estado. Além da precipitação total, o número de dias de chuva também apresenta variação significativa em Santa Catarina, conforme exposto na Figura 20, que mostra a variação da precipitação média anual em Santa Catarina. Figura 20. Precipitação média de Santa Catarina do período de 1980 a 2015. Fonte: BACK & POLETO (2018). 1.4.3 Probabilidade de ocorrência de chuvas Em função da grande variação temporal da chuva, em muitas situações deve-se conhecer o valor de chuva associado a um nível de probabilidade. Diversas distribuições de probabilidade são utilizadas para modelar a quantidade de precipitação dos períodos chuvosos. Thom (1958) mostrou que a distribuição gama pode ser considerada como a mais adequada para períodos curtos (uma semana, 51Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) cinco dias, um dia) e, nas últimas décadas, vários trabalhos foram realizados aplicando a distribuição gama na estimativa da chuva mensal ou em períodos mais curtos (ASSIS, 1993; ASSIS et al. 1996). A distribuição Gama, que tem como função densidade de probabilidade: eq. (30) com γ e β>0, onde Γ(γ) é a função gama. Os parâmetros da distribuição gama podem ser estimados pelo método dos momentos, usando as expressões: eq. (31) eq. (32) A distribuição normal, que tem como função densidade de probabilidade, é: eq. (33) sendo µ e σ os parâmetros da distribuição. Coan et al. (2015), analisando dados de 92 estações pluviométricas de Santa Catarina, observaram que a distribuição gama apresentou melhor ajuste que a distribuição normal para totais mensais e anual de chuva. Na Tabela 9 constam os valores dos parâmetros da distribuição gama estimados com base nos dados observados na estação pluviométrica de Abelardo Luz. Na Tabela 10 apresentam- se os valores de precipitação estimados para diferentes níveis de probabilidade. Tabela 9. Resumo estatístico e parâmetros da distribuição gama para precipitação total mensal e anual da estação Abelardo Luz Período Média (mm) Desvio-padrão (mm) Beta Gama Janeiro 189,5 88,4 41,250 4,594 Fevereiro 170,8 90,9 48,350 3,532 Março 150,9 76,9 39,230 3,848 Abril 165,2 97,9 58,020 2,848 Maio 170,3 123,7 89,870 1,895 Junho 160,8 75,3 35,210 4,568 Julho 161,1 119,4 88,440 1,822 Agosto 144,3 90,3 56,460 2,557 Setembro 172,2 73,6 31,420 5,481 Outubro 228,7 97,8 41,780 5,473 Novembro 161,1 94,1 55,020 2,928 Dezembro 182,8 102,5 57,450 3,182 Ano 2061,7 547,9 145,580 14,161 52 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 10. Precipitação provável para estação Abelardo Luz Prob. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Ano 0,05 70,9 53,2 50,2 43,0 28,2 60,0 25,3 33,8 71,5 94,8 43,0 52,4 1250,4 0,10 88,6 69,5 64,5 58,6 43,0 75,0 39,1 47,3 87,2 115,7 58,2 69,8 1398,0 0,20 114,0 93,6 85,5 82,6 67,8 96,6 62,5 68,4 109,3 145,1 81,5 96,0 1592,2 0,25 124,9 104,1 94,6 93,3 79,5 105,8 73,6 78,0 118,6 157,5 91,9 107,5 1670,5 0,30 135,2 114,2 103,3 103,7 91,2 114,6 84,7 87,3 127,5 169,2 102,0 118,7 1743,1 0,40 155,4 134,2 120,4 124,5 115,3 131,8 107,7 106,1 144,6 191,9 122,1 140,9 1879,5 0,50 175,9 155,0 138,1 146,4 141,5 149,3 132,8 126,0 161,9 214,9 143,2 164,1 2013,2 0,60 198,3 177,7 157,4 170,7 171,4 168,3 161,6 148,4 180,5 239,7 166,6 189,6 2153,2 0,70 224,2 204,4 180,0 199,5 207,9 190,3 196,8 175,0 202,0 268,2 194,3 219,8 2310,0 0,75 239,4 220,3 193,4 216,8 230,1 203,3 218,3 191,0 214,6 284,9 210,9 237,8 2400,0 0,80 257,2 238,9 209,1 237,2 256,6 218,4 243,9 209,9 229,2 304,3 230,5 258,9 2502,9 0,90 307,9 292,6 254,1 296,5 335,5 261,6 320,4 265,3 270,6 359,4 287,3 320,2 2787,4 0,95 354,4 342,3 295,7 352,0 410,9 301,2 393,8 317,5 308,3 409,5 340,5 377,3 3037,6 1.5 Vento A circulação do ar é determinante para a redistribuição do calor e da umidade da atmosfera, bem como na ativação da evaporação e na caracterização de certos tipos climáticos. O estudo dos ventos têm aplicação prática em várias atividades da engenharia e da agronomia. Na engenharia destaca-se o uso da energia eólica como fonte de energia, comumente utilizada em vários países. Nos projetosde obras de engenharia, além da intensidade, também é importante o conhecimento dos valores de direção predominante dos ventos. Na engenharia hidráulica interessa ao engenheiro conhecer os efeitos da componente horizontal da força do vento sobre superfícies terrestres e aquáticas (SALLES, 1993). O vento é um elemento meteorológico que afeta várias atividades na área da agronomia. O vento interfere na taxa de evaporação e transpiração. Na irrigação por aspersão a distribuição da água é influenciada pela velocidade do vento, e a escolha dos aspersores e sua disposição no campo devem ser feitas com base nos dados de velocidade e direção do vento na altura do aspersor. O vento pode interferir na distribuição de fertilizantes aplicados no solo a lanço, e principalmente na aplicação de agrotóxicos. Rajadas de vento prejudicam a uniformidade de distribuição e podem arrastar os produtos, contaminando áreas próximas. As aplicações terrestres nunca devem ser feitas com velocidade do vento acima de 8km h-1 (AREVALO & CAMARGO, 1982). 53Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) O vento também é responsável pelo transporte de pólen, sementes e frutos, propagando diversas espécies de plantas (KLAR, 1984). Por outro lado, o vento também pode provocar acamamento das culturas, injúrias, quebra de galhos e derruba a produção. Em citricultura, ventos de 20 a 30km h-1 podem facilitar a infecção de patógenos; ventos entre 40 e 50km h-1 podem provocar a queda de folhas e frutos; entre 50 e 65km h-1 ocorre quebra de ramos novos ou grandes, se carregados de frutos (MOREIRA, 1985; STENZEL et al., 1992). O vento é o movimento do ar em relação à superfície terrestre. É gerado pela ação de gradientes de pressão atmosférica, mas sofre influências modificadoras pela rotação da terra e pelo atrito com a superfície. Os ventos variam muito de local para local, principalmente devido as condições topográficas, e por isso a extrapolação de dados de vento deve ser feita somente para locais mais próximos. Diferenças de pressão atmosférica e de relevo terrestre são os principais fatores causadores de vento, que se forma entre áreas nas quais o ar se encontra a diferentes temperaturas e, portanto, a pressões desiguais. O vento sopra das áreas de alta para as de baixa pressão. Os ventos sempre trazem consigo as características dos lugares de onde vêm. Assim, podem ser: quentes ou frios, úmidos ou secos. Dessa maneira, são responsáveis pelas variações de temperatura e umidade atmosférica. Por exemplo, os ventos úmidos oriundos do mar provocam chuvas sobre os continentes. Do mesmo modo, os ventos frios vindos das regiões polares ocasionam quedas de temperatura nos lugares por onde passam. 1.5.1 Medidas de velocidade e direção do vento A velocidade do vento é uma grandeza vetorial, portanto, para sua completa definição, exige da indicação do módulo, direção e sentido. O módulo é a intensidade do vento, normalmente determinada por anemômetros ou anemógrafos. Um aparelho mais comum é o Catavento tipo Wild (Figura 21) para medir a velocidade e direção do vento. A direção e o sentido são determinados por instrumentos denominados de cata-vento. Nas estações automáticas, adota-se o anemômetro (Figura 22) para registrar a velocidade e direção do vento. A direção e o sentido do vento são dados simplesmente pela indicação do local de onde ele vem. Assim, um vento que sopre de SE para NW é simplesmente designado por vento SE. A direção do vento é expressa em ângulo ou pela posição em relação aos pontos cardeais segundo a rosa dos ventos, normalmente são consideradas as oito direções fundamentais simbolizadas, conforme Tabela 11. 54 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Figura 21. Catavento Wild para medidas de direção e velocidade do vento Figura 22. Anemômetro da estação automática para registro da direção e velocidade do vento 55Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 11. Direção do vento, simbologia e intervalo angular Direção Símbolo Posição média Intervalo angular Norte N 0° ou 360° 337°30’ a 22°30' Nordeste NE 45° 22°30’ a 67°30' Leste E 90° 67°30’ a 112°30' Sudeste SE 135° 112°30’ a 157°30' Sul S 180° 157°30’ a 202°30' Sudoeste SW 225° 202°30’ a 247°30' Oeste W 270° 247°30’ a 292°30' Noroeste NW 315° 292°30’ a 337°30' Fonte: Adaptado de Tubelis (1989). 1.5.2 Variação diária e anual A variação diária do vento próximo à superfície do solo é fortemente influenciada pelo balanço de radiação. Assim, a velocidade do vento é maior durante o dia e menor durante a noite. A variação anual da velocidade do vento depende do domínio dos diversos centros de pressão existentes na América do Sul. Na Figura 23 está representada a variação anual da velocidade média do vento nos diferentes horários de observação de Urussanga. Pode-se observar que a maior velocidade média do vento observada ocorre às 15h, e a menor às 21h. Também se verifica que a velocidade média dos ventos nos meses de setembro a dezembro tende a ser superior aos valores dos demais meses do ano. Figura 23. Variação anual da velocidade do vento medida às 9h (V9), às 15h (V15) e às 21h (V21), e da velocidade média diária (Vento média) observado em Urussanga, SC, no período de 1977 a 1997 Fonte: BACK (1999). 56 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Nas Figuras 24 a 26 estão representados os valores médios da velocidade do vento registrado na estação automática de Urussanga, no período de 2004 a 2012 (BACK, 2012). A velocidade média do vento no período diurno (7h – 19h) é de 1,60m s-1. Para o vento noturno (19h – 7h), a velocidade média é de 0,53m s-1, sendo a relação entre vento diurno e noturno de 3,02. Essa relação tem menor valor nos meses de junho e julho, com valores de 1,92 e 1,94, aumentando para 2,85 em dezembro (Figura 24). A variação da velocidade do vento nos diferentes horários do dia, com maior valor nos horários das 14h às 15h horas, e menor nos horários da meia-noite às 7h (Figura 25). Também se observa que a velocidade média do vento é maior nas estações da primavera e verão. As frequências dos valores de velocidade do vento variam conforme a época do ano (Figura 26). Figura 24. Velocidade do vento horário registrado na estação meteorológica automática de Urussanga, SC, no período de 13/5/2004 a 31/4/2012 Fonte: Back (2012). Figura 25. Variação sazonal da velocidade do vento horário registrado na estação meteorológica automática de Urussanga, SC, no período de 13/5/2004 a 31/4/2012. Fonte: Back (2012). 57Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A direção predominante do vento horário para cada estação do ano está representado na Figura 27. A frequência de vento calmo varia de 18% no inverno a 20,7% no verão, com média anual de 19%. A direção predominante é SE no verão (13,9%) e primavera (12,9%), SW no outono (17,5%) e inverno (17,4%), e NW (8,4%). Considerando o ano todo, o predomínio é nas direções SW (14,2%), S (12,4%) e SE (11,7%), e menor na direção W (6,8%). Figura 26. Frequência de velocidade do vento horário registrado na estação meteorológica automática de Urussanga, SC, no período de 13/5/2004 a 31/4/2012 Fonte: Back (2012). Figura 27. Direção predominante do vento horário de Urussanga, SC, no período de 13/5/2004 a 31/4/2012. Fonte: Back (2012). 58 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.5.3 Variação vertical Em consequência do atrito entre a massa de ar em seu deslocamento e a superfície do solo, a velocidade do vento aumenta com a altura, sendo nula junto à superfície. A variação vertical da velocidade do vento é denominada perfil da velocidade do vento. Para superfícies vegetadas, a velocidade do vento aumenta exponencialmentecom a altura acima da altura das culturas, e também decresce exponencialmente entre a altura das plantas e a superfície do solo. Quando se deseja comparar valores de velocidade de vento medidos em diferentes alturas, é necessário ajustar os valores de velocidade do vento para uma altura padrão, por meio de uma equação do tipo: eq. (34) em que: Vk = velocidade corrigida para a altura k; Vz = velocidade medida na altura z; Zk = altura desejada; Zz = altura em que a velocidade do vento é medida. O expoente a varia entre 0 e 1, de acordo com as condições atmosféricas e a rugosidade da superfície. Sob fortes condições de instabilidade, o valor do coeficiente a é próximo a 1/7 e, com condições neutras ou intermediárias, é próximo a 1/3. Para condições relativamente estáveis, o valor de a é aproximadamente ½. Exemplo 3: Calcular o valor da velocidade do vento a 2m, sabendo que foi medido o valor de velocidade do vento de 3,5m em um anemômetro instalado a 10m de altura. Resposta: dados Zz = 10m; Vz = 3,5m s-1, Zk = 2,0m 1.6 Evaporação e evapotranspiração O conhecimento da perda de água de uma superfície natural é de suma importância nos diferentes campos do conhecimento científico. Na hidrologia, o conhecimento da evaporação e evapotranspiração é necessário para determinar as perdas de água em reservatórios, canais de irrigação, ou numa bacia hidrográfica. Mais especificamente na área agronômica, o conhecimento da evapotranspiração 59Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) é de fundamental importância nos projetos de irrigação e drenagem, tanto para o dimensionamento como para o manejo do sistema de irrigação. A evaporação é o processo pelo qual a água do estado líquido é convertida em vapor e removida da superfície evaporante. No ambiente, a água evapora de superfícies liquidas (tais como lagos, rios e poças) e também da umidade da superfície (como umidade do solo, da vegetação e dos pavimentos). Para mudar uma molécula do estado líquido para o de vapor é necessário energia. A energia solar, e em menor escala a temperatura ambiente do ar, fornecem essa energia. A força para remover esse vapor da superfície evaporante é a diferença entre a pressão de vapor dessa superfície e daquela do ar circulante. Com a evaporação, o ar se torna gradualmente saturado e o processo de evaporação diminui até se tornar nulo quando o ar circulante fica totalmente saturado. A reposição do ar saturado por ar mais seco depende grandemente da velocidade do vento. Portanto, radiação solar, temperatura e umidade do ar e a velocidade do vento são os fatores climatológicos principais no processo de evaporação. Quando o solo é capaz de fornecer umidade suficiente para atender à demanda de evaporação, a taxa de evaporação desses solos é determinada exclusivamente por fatores meteorológicos. Contudo, quando o intervalo entre chuvas ou irrigações se torna muito grande e a capacidade do solo em conduzir a umidade até a superfície é pequena, o conteúdo de água nas camadas superficiais do solo diminui e o solo seca. Nessas circunstâncias, a limitada disponibilidade de água exerce um fator de controle da evaporação. Na ausência de outra fonte de suprimento de água, a evaporação diminui rapidamente e pode até cessar completamente em poucos dias. Transpiração é a evaporação da água que foi utilizada nos diversos processos metabólicos necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas. As plantas absorvem água e nutrientes por meio das raízes e são transportados pelo vegetal. A vaporização ocorre no interior da folha, nos chamados espaços intercelulares, e a passagem do vapor para atmosfera é controlada pela abertura dos estômatos, que permite a comunicação entre a parte interna da planta e a atmosfera. A transpiração, assim como a evaporação, depende do fornecimento de energia, do gradiente de pressão de vapor e da velocidade do vento. A umidade do solo e sua habilidade em conduzir a água até as raízes determinam a taxa de transpiração. Esta também é controlada por características das plantas, condições ambientais e práticas de cultivo. Diferentes plantas podem ter taxas de evaporação diferentes, não somente o tipo de planta, mas o estágio de desenvolvimento, o 60 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) manejo e o ambiente devem ser considerados na determinação da transpiração. Numa superfície vegetada, a evaporação e a transpiração ocorrem simultaneamente, sendo difícil determinar separadamente cada processo, por isso denomina-se de evapotranspiração a perda total de água por evaporação e transpiração. A relação entre a evaporação e a transpiração depende do grau de cobertura do solo pela vegetação. Quando o grau de cobertura vegetal é pequeno, a evaporação é o processo predominante, no entanto, se as plantas cobrem totalmente o solo, mais de 90% da evapotranspiração vem da transpiração. 1.6.1 Evapotranspiração potencial (ETP) O termo evapotranspiração potencial foi introduzido por Thornthwaite (1948) que a definiu como a água utilizada por uma extensa área vegetada, em crescimento ativo e cobrindo totalmente a superfície do terreno, em condições ótimas de umidade do solo. 1.6.2 Evapotranspiração de referência (ETo) Termo introduzido por Jensen et al. (1971), utilizando as condições de contorno propostas por Thornthwaite e aplicado na cultura da alfafa (Medicago sativa L.). Doorembos & Pruitt (1977) definem a evapotranspiração de referência como aquela que ocorre em uma extensa superfície de grama com altura de 0,08 a 0,15m, em pleno desenvolvimento, cobrindo totalmente o terreno e sem restrição hídrica do solo. Logo, a evapotranspiração de referência coincide, quantitativamente com a evapotranspiração potencial. Peres (1994) define como evapotranspiração potencial o uso da água do solo, na forma de vapor decorrente dos processos de evaporação e transpiração, em uma extensa superfície vegetada padrão, normalmente com grama batatais (Paspalum notatun L.), em crescimento ativo e cobrindo totalmente o terreno, sem restrição hídrica, ou seja, em nenhum momento a demanda atmosférica é restringida por falta d’água no solo. Para Pereira et al. (1997), a taxa de evapotranspiração de uma superfície de referência, sem restrição de umidade, é chamada de evapotranspiração de referência, representada por ETo. A superfície de referência é uma grama hipotética com algumas características específicas. Outras denominações, como evapotranspiração potencial (ETP), não são mais recomendadas devido à ambiguidade nas definições. Com objetivo de apresentar um padrão para a definir a evapotranspiração de 61Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) referência e visando, principalmente, à utilização do modelo de Penman-Monteith, Smith (1991) apresentou uma conceituação da ETo como aquela que ocorre em uma cultura hipotética, com altura fixa de 0,12m, poder refletor (albedo) de 23% e resistência difusiva do dossel ao transporte de vapor d’água de 69s/m. Essa proposição coincide com a evapotranspiração de uma superfície coberta com grama, em crescimento ativo e sem restrições de água no solo. O conceito de Evapotranspiração de referência foi introduzido no estudo da demanda evaporativa da atmosfera independentemente do tipo de planta, estágio de desenvolvimento e prática de manejo. Como a umidade é abundante, os fatores de solo não afetam a evapotranspiração. Os únicos fatores que afetam a ETo são os parâmetros meteorológicos e, assim, a ETo é um parâmetro meteorológico e pode ser calculado a partir de dados meteorológicos. ETo expressa o poder evaporante da atmosfera num local e época do ano específicos, e não considera as características da planta nem do solo. 1.6.3 Evapotranspiração da cultura (ETc) A evapotranspiração da cultura em condições padrão(ETc) é a evapotranspiração de uma planta livre de doenças, bem fertilizada, cobrindo uma extensa área sob condições ótimas de umidade e alcançando produções máximas sob determinada condições climáticas. O conhecimento de ETc é de grande importância nos projetos de irrigação, pois representa a água que deve ser reposta no solo para manter o crescimento em condições ideais. A ETc depende das condições meteorológicas, expressas por meio da ETo, do tipo de cultura (maior ou menor resistência à seca) e da área foliar, expressas por um coeficiente de cultura Kc. Como a área foliar da cultura padrão é constante e a da cultura real varia, o valor de Kc (tabelado) também irá variar com o tipo de cultura e a fase fenológica. Assim, a evapotranspiração da cultura ETc pode ser relacionada com a Evapotranspiração de referência como: ETc = Kc ETo eq.(35) em que: Kc = coeficiente que relaciona a evapotranspiração da cultura com a evapotranspiração de referência. O coeficiente de cultura varia de acordo com a espécie vegetal, com seu estádio de desenvolvimento e também do método de estimativa de ETo. Doorembos & Kassan (1994) indicam valores Kc para várias culturas (Tabela 12) que podem ser usados quando não existem informações mais adequadas. 62 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 12. Coeficiente de cultura (Kc) de algumas culturas em vários estádios de desenvolvimento Cultura Estádios de desenvolvimento da cultura Período total de crescimento(I) (II) (III) (IV) (V) Alfafa 0,3-0,4 1,05-1,2 0,85-1,05 Algodão 0,4-0,5 0,7-0,8 1,05-1,25 0,8-0,9 0,65-0,7 0,8-0,9 Amendoim 0,4-0,5 0,7-0,8 0,95-1,1 0,75-0,85 0,55-0,6 0,75-0,8 Arroz 1,1-1,15 1,1-1,5 1,1-1,3 0,95-1,05 0,95-1,05 1,05-1,2 Banana tropical 0,4-0,5 0,75-0,85 1,0-1,1 0,9-1,0 0,75-0,85 0,7-0,8 subtropical 0,5-0,65 0,8-0,9 1,0-1,2 1,0-1,15 1,0-1,15 0,85-0,95 Batata 0,4-0,5 0,7-0,8 1,05-1,02 0,85-0,95 0,7-0,75 0,75-0,9 Beterraba 0,4-0,5 0,75-0,85 1,05-1,2 0,9-1,0 0,6-0,7 0,8-0,9 Cana-de-açúcar 0,4-0,5 0,7-1,0 1,0-1,30 0,75-0,8 0,5-0,6 0,85-1,05 Cebola seca 0,4-0,6 0,7-0,8 0,95-1,1 0,85-0,9 0,95-0,85 0,8-0,9 Cebola verde 0,4-0,6 0,6-0,75 0,95-1,05 0,95-1,05 0,95-1,05 0,65-0,8 Citros com controle de ervas 0,65-0,75 sem controle de ervas 0,85-0,9 Ervilha (fresca) 0,4-0,5 0,7-0,85 1,05-1,2 1,0-1,15 0,95-1,1 0,8-0,95 Feijão Vagem 0,3-0,4 0,65-0,75 0,95-1,05 0,9-0,95 0,85-0,95 0,85-0,9 p/ grãos 0,3-0,4 0,7-0,8 1,05-1,2 0,65-0,75 0,25-0,3 0,7-0,8 Fumo 0,3-0,4 0,7-0,8 1,0-1,2 0,9-1,0 0,75-0,85 0,85-0,95 Girassol 0,3-0,4 0,7-0,8 1,0-1,2 0,7-0,8 0,35-0,45 0,75-0,85 Melancia 0,3-0,5 0,7-0,8 0,95-1,05 0,8-0,9 0,65-0,75 0,75-0,85 Milho-verde 0,3-0,5 0,7-0,9 1,05-1,2 1,0-1,15 0,95-1,1 0,8-0,95 Milho grãos 0,3-0,5 0,8-0,85 1,05-1,2 0,8-0,95 0,55-,06 0,75-0,9 Pimenta (fresca) 0,3-0,4 0,6-0,75 0,95-1,1 0,85-1,0 0,8-0,9 0,7-0,8 Repolho 0,3-0,5 0,7-0,8 0,95-1,1 0,9-1,0 0,8-0,95 0,7-0,8 Soja 0,3-0,4 0,7-0,8 1,0-1,15 0,7-0,8 0,4-0,5 0,75-0,9 Sorgo 0,3-0,4 0,7-0,75 1,0-1,15 0,75-0,8 0,5-0,55 0,75-0,85 Tomate 0,3-0,5 0,7-0,8 1,05-1,25 0,8-0,95 0,6-0,65 0,75-0,9 Trigo 0,3-0,4 0,7-0,8 1,05-1,2 0,65-0,75 0,2-0,25 0,8-0,9 Videira 0,35-0,55 0,6-0,8 0,7-0,9 0,6-0,8 0,55-0,7 0,55-0,75 Primeiro número: sob alta umidade (Urmin > 70%) e vento fraco (V < 5 m s-1). Segundo número: sob baixa umidade (Urmin < 20%) e vento forte (V > 5 m s-1). Fonte: Doorenbos & Kassam (1994). 63Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.6.4 Evapotranspiração real (ETr) É a evapotranspiração nas mesmas condições de contorno de ETc, porém, com ou sem restrição hídrica. Sempre que a umidade do solo é limitante, de forma que a planta não consiga atender a demanda, a evapotranspiração real é menor que a da cultura, caracterizando déficit hídrico. Se a umidade não é limitante, a evapotranspiração real é igual à da cultura, isto é: ETr ≤ ETc. A evapotranspiração real da cultura pode ser estimada por: ETr = ETo Kc Ks eq. (36) Em que ETr = Evapotranspiração real de uma determinada cultura; ETo = evapotranspiração de referência; Kc = coeficiente de cultura; Ks = coeficiente de estresse, que varia em função de acordo com o conteúdo de umidade do solo (0 ≤ Ks ≤1,0). 1.6.5 Fatores que afetam a evapotranspiração Os fatores que afetam a evapotranspiração podem ser agrupados em fatores meteorológicos, características das plantas, manejo e condições do ambiente. Os principais fatores meteorológicos que afetam a evapotranspiração são radiação solar, temperatura, umidade do ar e velocidade do vento. A radiação solar é o elemento mais importante na demanda evaporativa sendo, geralmente, a principal fonte de energia utilizada no processo de evapotranspiração. A umidade do ar interfere no déficit de saturação de vapor de água. O efeito do vento é exercido pela remoção do ar saturado na camada limite mantendo o processo ativo. A temperatura do ar interfere no déficit de pressão de vapor. O tipo, variedade, estágio de desenvolvimento são alguns dos fatores que devem ser considerados na evapotranspiração. As diferenças na resistência a transpiração, altura da planta, rugosidade da vegetação, reflexão da radiação, grau de cobertura e características das raízes resultam em diferentes taxas de evapotranspiração. Também o grau de cobertura vegetal, a densidade de plantio e a umidade do solo interferem na taxa de ET. O solo afeta a evapotranspiração pela condutividade hidráulica, por meio da reflexão da radiação solar. Assim, características como cor e densidade do solo, textura, composição mineral, ângulo de exposição, rugosidade da superfície, que afetam o balanço energético, têm influência na evaporação. 64 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.6.6 Medidas de ET A evapotranspiração pode ser obtida por meio de medições diretas ou por estimativas. As medições diretas são feitas basicamente por dois grupos de métodos: os métodos baseados na equação do balanço hídrico e os métodos micrometeorológicos. Esses métodos são muitos utilizados para aferição dos métodos de estimativa em âmbito regional. A medição direta da evapotranspiração, na grande maioria dos casos, é muito difícil. Equipamentos e medidas precisas de vários parâmetros físicos ou o balanço hídrico em lisímetros são requeridos para a determinação de evapotranspiração. Lisímetros são estruturas especiais em que um volume de solo vegetado é devidamente isolado, a fim de que todas as entradas e saídas de água deste sistema sejam controladas. Os lisímetros são estruturas destinadas a medir, de maneira precisa, eventos de precipitação, evaporação e drenagem. Os lisímetros podem ser classificados em duas categorias: os de pesagem (mecânica, eletrônica, hidráulica e de flutuação) e os não pesáveis, também chamados de volumétricos, como o lisímetro de drenagem (PEREIRA et al., 1997). Esses métodos têm custo elevado, requerem equipamentos sofisticados e mão de obra especializada, e são indicados para trabalhos de pesquisa e/ou da avaliação da estimativa de outros métodos indiretos para estimativa de ET. A evapotranspiração pode ser determinada pela medida de diversos componentes do balanço de água (Figura 28). Esse método consiste nas medidas de entrada e saída de água na camada de solo explorada pelas raízes num determinado período. Figura 28. Representação do balanço hídrico da camada de solo explorado pelas raízes 65Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Aplicando a equação do balanço hídrico, pode-se escrever: ET = I + P-RO- DP + CR ± SF ±SW eq. (37) em que: ET = evapotranspiração (mm); I = Irrigação (mm); P = precipitação (mm); RO = escoamento superficial (mm); DP = percolação profunda (mm); CR = ascensão capilar (mm);SF = fluxo subsuperficial (mm); SW = conteúdo de água no solo (mm). Alguns fluxos como percolação profunda e ascensão capilar são difíceis de se medir em curtos períodos de tempo e não podem ser considerados. Outros, como fluxo subsuperficial, também podem ser desprezados. O método do balanço hídrico pode ser calculado usualmente para estimativas de ET de longos períodos de tempo, da ordem de uma semana, ou dez dias quando se estiver trabalhando com lisímetros. Para bacias hidrográficas, o intervalo mínimo razoável é de um ano, sendo recomendável utilizar longas séries para obter uma estimativa mais confiável. 1.6.7 Cálculo de evapotranspiração a partir de dados meteorológicos Dada a dificuldade de obter medidas de campo, a evapotranspiração é normalmente calculada a partir de dados meteorológicos. Existe grande número de equações empíricas ou semiempíricas para estimar a ETo. Alguns métodos somente são válidos para condições climáticas e agronômicas específicas e não podem ser aplicadas em condições diferentes daquelas em foram originalmente desenvolvidas. 1.6.7.1 Equação de Thornthwaite A evapotranspiração potencial média mensal padrão para um mês de 30 dias, e cada dia com 12 horas de fotoperíodo, é estimada pelas equações: eq. (38) em que: ETo = evapotranspiração (mm mês-1); 66 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) T = temperatura média mensal (°C) I = índice de calor obtidos a partir de dados normais da região, calculados por: eq. (39) em que: Ti = temperatura média mensal mês i (°C). eq. (40) Como Thornthwaite considerou o mês com 30 dias e 12 horas, o fator de correção para o número de dias do mês e para o comprimento do dia conforme: eq. (41) em que: N = duração média mensal do fotoperíodo do mês (h); ND = número de dias do mês (dias); Esse método tem sido extensivamente utilizado em todo o mundo, principalmente pelo fato de requerer somente dados de temperatura que, juntamente com a precipitação, são as informações meteorológicas mais disponíveis. Também é muito utilizado para classificação climática, pela facilidade de calcular e possibilidade de comparar dados de diferentes regiões. Exemplo 4. Com as temperaturas médias mensais de Urussanga (latitude 28,5°S), foram calculados os valores de evapotranspiração mensal pelo método Thornthwaite, conforme a Tabela 13. Tabela 13. Exemplo de cálculo da evapotranspiração pelo Método Thornthwaite Período T média (°C) N (horas) fc ETo (mm mês-1) Janeiro 24,0 10,75 13,6 1,171 131,8 Fevereiro 24,1 10,82 12,9 1,003 114,0 Março 23,1 10,15 12,2 1,051 109,0 Abril 20,5 8,47 11,3 0,942 75,7 Maio 17,0 6,38 10,6 0,913 49,1 Junho 15,0 5,28 10,2 0,850 35,0 Julho 14,4 4,96 10,3 0,887 33,5 Agosto 15,9 5,76 10,9 0,939 43,8 Setembro 17,2 6,49 11,7 0,975 53,8 Outubro 19,6 7,91 12,6 1,085 79,2 Novembro 21,6 9,16 13,4 1,117 100,3 Dezembro 23,3 10,28 13,8 1,188 125,6 Soma 96,40 950,8 I = 96,40 (equação 39) a = 2,14 (equação 40) 67Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 1.6.7.2 Estimativas por regressão Para o estado de Santa Catarina, Massignam & Pandolfo (2006b) apresentaram a equação para estimar a evapotranspiração mensal pelo método de Thornthwaite em função das coordenadas geográficas e altitude conforme: eq. (42) em que: ETo = evapotranspiração de referência; Alt = altitude (metros); Lon = longitude (graus e décimos positiva); Lat = latitude (graus e décimos positiva); a, b, c e d os parâmetros do modelo (Tabela 14). Tabela 14. Coeficiente de determinação parcial e total e valores dos coeficientes das equações de regressão da estimativa da evapotranspiração de referência mensal e anual em função da altitude, latitude e longitude no estado de Santa Catarina Mês Coeficientes das equações de regressão R²Intercepto (a) Altitude (b) Longitude (c) Latitude (d) Janeiro 7,57 −0,0360 3,40 −1,61 0,89 Fevereiro 66,32 −0,0306 2,07 −2,02 0,93 Março 123,89 −0,0287 1,03 −2,44 0,92 Abril 178,66 −0,0188 −0,68 −2,52 0,84 Maio 152,99 −0,0120 −1,16 −1,49 0,77 Junho 126,27 −0,0064 −1,07 −1,22 0,64 Julho 107,11 −0,0052 −0,46 −1,69 0,53 Agosto 78,41 −0,0056 0,46 −2,02 0,58 Setembro 40,45 −0,0085 1,21 −1,63 0,77 Outubro 43,75 −0,0147 2,26 −2,88 0,77 Novembro 19,15 −0,0210 2,87 −2,43 0,82 Dezembro 1,59 −0,0303 3,70 −2,37 0,86 Anual 834,40 −0,2255 15,90 −24,28 0,91 Fonte: Massignam & Pandolfo (2006b). 68 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Wrege et al. (2012) ajustaram a equação para estimar a evapotranspiração válida para os três estados do Sul do brasil, expressa por: ETP = a + b Lat + c Lon + d Alt eq. (43) em que: ETP = evapotranspiração potencial (mm mês−1); Lat = latitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul; Lon = longitude em graus e décimos, negativo para o hemisfério Sul Alt = altitude em metros; a, b, c, d = coeficientes obtidos da regressão múltipla, para cada mês (Tabela 15). Tabela 15. Coeficientes para estimativa da evapotranspiração potencial ETP Período Coeficientes da equação a b c d R² Janeiro 22,459 2,032 −3,341 −0,035 0,821 Fevereiro 93,443 1,825 −1,444 −0,03 0,796 Março 113,89 2,719 −1,406 −0,028 0,765 Abril 137,3 3,132 −0,525 −0,019 0,675 Maio 129,31 1,502 0,691 −0,012 0,618 Junho 110,02 1,686 0,505 −0,006 0,740 Julho 103,84 1,956 0,226 −0,006 0,749 Agosto 99,165 2,762 −0,48 −0,006 0,738 Setembro 106,1 4,118 −1,29 −0,011 0,618 Outubro 84,589 3,753 −1,733 −0,014 0,793 Novembro 70,348 3,649 −2,557 −0,022 0,771 Dezembro 13,594 2,765 −3,725 −0,029 0,567 Ano 1084,1 31,898 −15,09 −0,219 0,798 Fonte: Wrege et al. (2012). 1.6.7.3 Equação de Penman O método de Penman considera dois termos: o termo de energia (radiação) e o termo aerodinâmico (vento e umidade) (PENMAN, 1948, 1956, 1963). A importância relativa de cada termo varia com as condições climáticas. Sob condições de clima calmo, o termo aerodinâmico geralmente é menos importante 69Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) do que o de energia. A equação de Penman para a estimativa da evapotranspiração pode ser representada por: eq. (44) em que: ET = evapotranspiração (mm dia-1); ∆ = tangente à curva pressão de saturação de vapor versus temperatura (mb°C−1); γ = constante psicrométrica, (mb°C−1); Rn = saldo de radiação em equivalente de evaporação (mm); G = fluxo de calor no solo em equivalente de evaporação (mm); Ea = termo aerodinâmico de transporte e vapor, em equivalente de evaporação (mm). O valor de ∆ pode ser calculado como de acordo com a fórmula de Bosen: ∆ = 2,0 ( 0,00738T + 0,8072)7 – 0,00116 eq. (45) em que: T = temperatura do ar (°C) A constante psicrométrica pode ser calculada por: eq. (46) sendo: Cp = calor específico do ar à pressão constante (0,240 cal g−1 K−1) P = pressão atmosférica (mb) L = calor latente de evaporação (cal g−1) estimado por: L = 595,9 – 0,549 t eq. (47) em que: L = calor latente de vaporização (cal.g−1); t = temperatura média do ar (°C). A pressão pode ser estimada por: P = 1013 –0,1055 h eq. (48) sendo: h = elevação em metros. O saldo de radiação pode ser medido por meio de instrumentos denominados saldo radiômetros, instalados sobre a superfície onde se deseja calcular a evapotranspiração. Como são raros os dados de radiação medida, esta pode ser estimada pormeio de fórmulas empíricas ou relacionada com outras variáveis observadas. Entre as fórmulas empíricas, destaca-se a fórmula de Brunt dada por: eq. (49) em que: Rs é a radiação solar incidente, em equivalente de evaporação (mm); r = albedo da superfície; 70 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) σ = constante de Stefman-Boltzman (2,0349 × 10−9mm dia-1); T = temperatura média do ar (K); n = horas de insolação diária observada (h); N = insolação máxima diária (h); e = pressão de vapor do ar (mb) A radiação solar (Rs) pode ser estimada pela equação de Angström-Prescott como: eq. (50) em que: Ra = radiação solar no topo da atmosfera (mm); α e β = coeficientes que dependem das condições atmosféricas locais. O termo aerodinâmico pode ser calculado por: eq. (51) sendo: f(u) é a função vento estimada por: eq. (52) em que : U a velocidade do vento a 2,0 m sobre o solo (m s-1); (es - ed) representam o déficit de pressão de vapor (mb). Exemplo 5: Calcular a evapotranspiração de referência com os dados observados na estação meteorológica de Urussanga (Latitude 28,51°, longitude 49,31° e altitude 48,2m), onde foram registrados os seguintes dados: • Temperatura média do ar: 27,8°C • Umidade relativa 81,6% • Velocidade do vento: 1,0m s-1 • Altura do anemômetro : 10m • Insolação: 6,0h • Data: 10/1/2015 • Local: Urussanga – Santa Catarina (latitude 28,5°S, altitude 48,2m). Resultados: ✓ L = 580,638 ✓ P = 1007,83mb γ = 0,6697mb°C−1 (equação 45) Δ = 2,17849mb°C−1 (equação 44) ✓ es = 37,31mb (equação 45) ✓ e = 30,33mb (equação 45) ✓ DPV = 6,977mb 71Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) ✓ Ra = 17,71mm dia-1 (tabelas ou equação 6) ✓ N = 13,7h (tabelas ou equação 12) ✓ Rs = 8,304mm dia−1 (equação 49 com α = 0,25 e β = 0,50) ✓ Rn = 5,411mm dia−1 (equação 48 ) ✓ EA = 2,395mm dia−1 (equação 50) ✓ ETo = 4,70mm dia−1 (equação 43) 1.6.7.4 Método Penman-Monteith A evapotranspiração de referência pelo método de Penman-Monteith pode ser calculada seguindo as recomendações de Smith (1991), e Allen et al. (1998) com a seguinte notação: eq. (53) em que: ETo = evapotranspiração de referência (mm.d−1); Rn = saldo de radiação a superfície (MJ m −2 d−1); G = fluxo de calor sensível no solo (MJ m−2 d−1); T = temperatura média do ar (°C); U2 = velocidade do vento à 2m de altura (m s −1); (es – ea) = déficit de pressão de vapor (kPa); δ = declividade da curva de pressão de saturação (kPa °C−1); λ e = calor latente de evaporação ( MJ kg−1); γ * = constante psicrométrica modificada (kPa °C−1); γ = constante psicrométrica (kPa °C−1); A pressão de saturação do vapor de água es é dada pela equação: eq. (54) em que: es = pressão de saturação de vapor (kPa). A pressão atual de vapor definida como a pressão de saturação de vapor na temperatura de ponto de orvalho pode ser estimada por: T eq. (55) A declividade da curva que relaciona a pressão de saturação com a temperatura é dada por: eq. (56) 72 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A constante psicrométrica é calculada pela equação: eq. (57) em que: Pa = pressão atmosférica calculada pela equação: , eq. (58) em que: Pa = pressão atmosférica na altitude z (kPa); z = altitude do local (m); A constante psicrométrica modificada é calculada pela equação: eq. (59) Para converter a velocidade do vento medida em altura diferente de 2m, utiliza-se a seguinte expressão: eq. (60) em que: Uzv = velocidade do vento medida a uma altura de zv (m s −1). O saldo de radiação a superfície é dado pela equação: Rn = Rns + Rb eq. (61) em que: Rns = saldo do balanço de ondas curtas (MJ m −2 d−1); Rb = saldo do balanço de ondas longas em (MJ m −2 d−1). O saldo de radiação de ondas curtas é calculado pela seguinte equação: eq. (62) em que: r = albedo, considerado como 0,23; a1 e a2 = coeficientes da equação de Angström; ins = insolação observada (h); N = insolação máxima teórica (h); Ra = radiação no topo da atmosfera (MJ m−2 d−1). O balanço de ondas longas pode ser calculado pela equação: eq. (63) em que σ = constante de Stefan Boltzmann (σ = 4,903. 10−9MJm−2 K4 d−1); Tkx = temperatura máxima diária (K); Tkn = temperatura mínima diária em (K). O fluxo de calor no solo G pode ser desprezado. O método Penman-Monteith é recomendado como padrão para determinar 73Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) a ETo. Esse método foi selecionado devido aos resultados muito próximos com a evapotranspiração medida em grama, por ser baseado fisicamente e incorporar parâmetros fisiológicos e aerodinâmicos. Além disso, foram desenvolvidos procedimentos para a estimativa de ETo na ausência de alguns dados climáticos. Exemplo 6: Calcular a evapotranspiração de referência com os dados observados na estação meteorológica de Urussanga (Latitude 28,51°, longitude 49,31° e altitude 48,2m), onde foram registrados os seguintes dados: ✓ Data: 10/1/2015 ✓ Temperatura média: 27,8°C ✓ Temperatura máxima: 34,0°C ✓ Temperatura mínima: 23,5°C ✓ Umidade relativa média : 81,3% ✓ Velocidade do vento: 1,0m s-1 ✓ Altura do anemômetro: 10m Cálculos: ✓ es = 3,736kPa (equação 54) ✓ ea = (es * UR/100) = 3,037kPa ✓ λe = 2,435kPa (equação 55) ✓ δ =0,2178kPa oC−1 (equação 56) ✓ Pa = 100,738 kPa (equação 58) ✓ γ = 0,0673kPa °C−1 (equação 57) ✓ U2 = 0,748m s −1 (equação 60). ✓ γ* = 0,0840kPa °C−1 (equação 59) ✓ Ra = 43,4MJ m−2 d−1 (tabelas ou equação 6) ✓ N = 13,7h (tabelas ou equação 12) ✓ Rns = 15,672MJ m−2 d−1 (r = 0,23, a1 = 0,25 a2 = 0,50) (equação. 60) ✓ Rb = −1,932MJ m−2 d-1 (equação 63) ✓ Rn = 13,74MJ m−2 d−1 (equação 61) ✓ ETo = 4,42mm dia-1 ou 137,1mm mês-1 (equação 53). 75Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 2 Balanço hídrico O balanço hídrico consiste na contabilização das quantidades de água que entram e saem de um elemento de volume de controle, num dado intervalo de tempo. Os modelos de balanço hídrico possíveis de serem usados são fundamentados na lei de conservação de massas, representados pela equação da continuidade, apresentando simplificações e limitações. O balanço hídrico pode ser calculado com os dados médios anuais de longo período – o chamado balanço climático – ou utilizando-se dados sequenciais de toda a série de dados existentes – o chamado de balanço hídrico seriado. A principal vantagem do balanço hídrico seriado é de possibilitar o estudo de frequências para a determinação da probabilidade de ocorrências de déficits e excessos hídricos (CUNHA, 1992). O balanço hídrico calculado com as médias mensais de precipitação e evapotranspiração, desenvolvido por Thornthwaite & Mather (1955), é muito utilizado para a descrição climática e para relacionar o clima com a distribuição da vegetação. Esse balanço hídrico tem a vantagem de ser simples, exigindo somente dados de precipitação e temperatura do ar. No entanto, apresenta como desvantagem a simplificação dos processos, desprezando perdas por escoamento superficial, percolação profunda, e não levar em conta a distribuição das chuvas no mês. Outra limitação é dada pelo uso dos valoresmédios de precipitação, que apresenta alta variabilidade temporal, podendo mascarar os períodos de deficiência hídrica. Segundo Varejão-Silva (2001), os resultados do modelo de balanço hídrico climáticos constituem uma estimativa média temporal e, portanto, não necessariamente refletem com o desejado grau de fidedignidade, o balanço hídrico real esperado em um ano particular. O autor também cita limitações no método de Thornthwaite para a estimativa da evapotranspiração potencial, mas afirma que este método permite realizar comparações com outros locais e identificar áreas favoráveis à exploração de determinada cultura. Os modelos de balanço hídrico de água no solo podem ser considerados como modelos de reservatórios, definidos pelo perfil do solo explorado pelo sistema radicular. O armazenamento de água é a quantidade de água retida pelo solo entre os limites que correspondem a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente em um determinada profundidade. O valor da capacidade de água disponível (CAD) pode ser determinado por: eq. (64) 76 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) em que: CAD = capacidade de água disponível (mm); θcc = umidade no limite da capacidade de campo (cm³ cm −3); θpm = umidade no limite do ponto de murcha permanente (cm³ cm −3); Z = profundidade do solo (mm). 2.1 Cálculo do balanço hídrico Na dinâmica do cálculo do balanço hídrico, faz-se o cotejo entre a precipitação e a evapotranspiração potencial: PET(i) = P(i)- ETP(i), eq. (65) em que: PET = saldo entre precipitação e evapotranspiração (mm); P = precipitação (mm); i = mês em consideração. Se PET apresenta valores negativos, estes são considerados como negativos acumulados, representando a perda potencial de água, que pode ocorrer em virtude de a precipitação não atender à demanda imposta pela evapotranspiração. Os valores de negativo acumulado são obtidos pelo somatório dos valores negativos sequenciais, quando a evapotranspiração supera a precipitação, na equação a seguir: NEG(i) = NEG(i-1) PET(i), quando PET(i) < 0 eq. (66) em que NEG = negativo acumulado As colunas NEG(i) e ARM(i) devem ser preenchidas simultaneamente. Inicia-se a coluna NEG no primeiro mês que aparecer um valor negativo de P-ET. Neste mês o valor de NEG será o valor absoluto de P-ET, e calcula se o valor de ARM como: eq. (67) Caso no mês seguinte continuem a ocorrer valores negativos de P-ET, vai- se acumulando os valores de NEG e repete-se o procedimento anterior, até o aparecimento de um valor P-ET positivo. Quando PET é positivo, isto é, a precipitação supera o valor de ETP, interrompendo a sequência de valores negativos, o valor do armazenamento é encontrado na equação: ARM(i) = ARM(i-1) + PET(i) eq. (68) Com a condição de que se: ARM(i) > CAD então ARM(i) = CAD eq. (69) 77Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Com o valor de ARM calcula-se o valor de NEG pela equação: eq. (70) Quando o armazenamento de água no solo é igual a sua capacidade de água disponível, o valor do negativo acumulado é nulo, isto é: NEG(i) = 0, para ARM = CAD eq. (71) Uma vez calculado o valor de armazenamento de água no solo para o período considerado, determina-se a alteração no armazenamento em relação ao período anterior com a seguinte expressão: ALT(i) = ARM(i) - ARM(i-1) eq. (72) onde ALT é a alteração de água no solo (mm). Com o valor da alteração da umidade do solo, pode-se calcular a evapotranspiração real, que depende da condição hídrica do solo. Quando o valor da alteração de armazenamento de água no solo for nulo ou positivo, a evapotranspiração real é igual à evapotranspiração potencial, isto é: ETr(i) = ETP(i) para ALT(i) ≥ 0 eq. (73) E quando o valor da alteração de água no solo for negativo, a evapotranspiração real é calculada pela soma do módulo da alteração com o saldo entre a precipitação que infiltra e a evapotranspiração potencial, isto é: ETr(i) = |ALT| + (P(i) - ETP(i) ) para ALT < 0 eq. (74) O déficit hídrico no período é determinado pela diferença entre evapotranspiração potencial e a evapotranspiração real, sendo calculado pela expressão: DEF(i) = ETP(i) – ETr(i) eq. (75) Quando o armazenamento calculado apresentava valores superiores a CAD o excedente (EXC) calculado como: EXC = PET – ALT eq. (76) Na Tabela 16 consta o balanço hídrico climático de Urussanga. 78 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 16. Balanço hídrico climático de Urussanga, SC, para CAD de 100mm Mês T (°C) P (mm) ETP (mm) P – ET (mm) Neg (mm) ARM (mm) ALT (mm) ETr (mm) Def (mm) Exc (mm) Janeiro 23,7 199,8 125,0 74,8 0,0 100,0 0,0 125,0 0,0 74,8 Fevereiro 23,5 201,6 106,6 95,1 0,0 100,0 0,0 106,6 0,0 95,1 Março 22,6 169,7 102,5 67,2 0,0 100,0 0,0 102,5 0,0 67,2 Abril 19,9 105,0 70,6 34,4 0,0 100,0 0,0 70,6 0,0 34,4 Maio 16,9 95,5 49,0 46,5 0,0 100,0 0,0 49,0 0,0 46,5 Junho 15,0 84,1 36,0 48,1 0,0 100,0 0,0 36,0 0,0 48,1 Julho 14,4 91,9 34,4 57,5 0,0 100,0 0,0 34,4 0,0 57,5 Agosto 15,5 110,8 42,8 68,0 0,0 100,0 0,0 42,8 0,0 68,0 Setembro 17,0 128,9 53,7 75,2 0,0 100,0 0,0 53,7 0,0 75,2 Outubro 18,9 133,2 73,9 59,3 0,0 100,0 0,0 73,9 0,0 59,3 Novembro 20,8 122,4 92,0 30,5 0,0 100,0 0,0 92,0 0,0 30,5 Dezembro 22,6 145,8 115,3 30,6 0,0 100,0 0,0 115,3 0,0 30,6 Anual 19,2 1588,8 901,7 687,1 – – 0,0 901,6 0,0 687,1 2.2 Representação do balanço hídrico A representação do balanço hídrico (Figura 29) permite visualizar a variação anual dos elementos principais e identificar as épocas de ocorrências de déficit e excessos. Plotando as variáveis P, ETP e ETR, visualizam-se as épocas e magnitudes de: Excesso: dado pela área entre as linhas P e ETP, sendo, nesta situação, ETR = ETP. Déficit: Período em que ETR é menor que ETP. Retirada de água no solo: Observa-se que, no início do período em que P < ETP, não ocorre déficit pois a água armazenada no solo ainda é suficiente para suprir as demandas. Nesse período ocorre a retirada de água armazenada no solo. Reposição: Da mesma forma, no início do período em que P > ETP, os primeiros valores do excedente de P-ET são usados como reposição da água no solo. Camargo & Camargo (1993) propuseram uma representação denominada extrato do balanço hídrico, somente com os valores de EXC e DEF, permitindo a visualização da variação sazonal desses valores. 79Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Figura 29. Balanço hídrico climatológico de Urussanga, SC, para CAD = 100mm 81Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 3 Classificação climática O clima sobre uma localidade é o resultado da combinação e interação de todos os elementos climáticos. Dessa forma, existe uma grande variedade de clima ou tipos climáticos reinantes sobre a superfície terrestre. A classificação climática procura sintetizar e agrupar os elementosclimáticos similares e, adotando critérios adequados, permite mapear as regiões climáticas semelhantes. Na caracterização e classificação climática, frequentemente são utilizados os dados de temperatura e precipitação, que são os elementos climáticos que afetam a distribuição da vegetação e também são as variáveis climáticas com maior rede de monitoramento. Com frequência, apenas os valores médios desses elementos são empregados no exercício da classificação. 3.1 Classificação de Thornthwaite A classificação de Thornthwaite (1948) também adota letras e símbolos para montar a fórmula climática, no entanto, não adota valores absolutos de temperatura e umidade para determinar os limites do clima. Na classificação de Thornthwaite são incorporados conceitos de eficiência da temperatura, por meio da evapotranspiração potencial, e de precipitação efetiva, usando índices de umidade e aridez por meio do balanço hídrico. O Índice hídrico (Ih), dado pela relação entre o excesso de água (Exc) e necessidade de água (ETP), é calculado por: eq. (77) O Índice de aridez (Ia), determinado pela relação entre deficiência hídrica (Def) e necessidade de água (ETP), é calculado por: eq. (78) Como na maioria dos casos temos estações de excesso e de falta e água, o índice efetivo de umidade Im pode ser expresso pela seguinte fórmula: ou eq. (79) Valores de Im maiores que zero significam climas úmidos, pois o índice de umidade é maior que o índice de aridez (o excesso é maior que o déficit). Com base no índice de umidade (Im) foram definidos nove tipos climáticos, com os respectivos critérios apresentados na Tabela 17. 82 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 17.Tipos climáticos baseados no índice de umidade Tipos Climáticos Índice de umidade (Im) A – Superúmido Im ≥ 100 B4 – Úmido 80 ≤ Im < 100 B3 – Úmido 60 ≤ Im < 80 B2 – Úmido 40 ≤ Im < 60 B1 – Úmido 20 ≤ Im < 40 C2 - Subúmido 0 ≤ Im < 20 C1 – Subúmido seco −20 ≤ Im < 0 D – Semiárido −40 ≤ Im < −20 E – Árido −60 ≤ Im < −40 Fonte: Thornthwaite (1948). 3.1.1 Variação dos Índices de umidade e aridez Os climas úmidos podem apresentar estações secas, da mesma forma que os climas secos podem exibir estações úmidas. Identicamente, os climas úmidos podem possuir períodos de deficiência ou excesso d’água. Tentando quantificar tais características, Thornthwaite (1948) propôs as seguintes subdivisões, expressas em função dos índices hídricos e de aridez, conforme demonstram as Tabelas 18 e 19. Tabela 18. Subdivisão dos tipos climáticos com base no índice de aridez Climas úmidos (A, B, C2) Índice de aridez, Ia r – deficiência d’água pequena ou nula 0 ≤ Ia < 16,7 s – deficiência d’água moderada no verão 16,7 ≤ Ia < 33,3 w – deficiência d’água moderada no inverno 16,7 ≤ Ia < 33,3 s2 – grande deficiência d’água no verão Ia ≥ 33,3 w2 – grande deficiência d’água no inverno Ia ≥ 33,3 Fonte: Thornthwaite (1948). 83Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 19. Subdivisão dos tipos climáticos com base no índice hídrico Climas úmidos (C1, D, E) Índice hídrico, Ih d – excesso d’água pequena ou nula 0 ≤ Ih < 10 s – excesso d’água moderada no verão 10 ≤ Ih < 20 w – excesso d’água moderada no inverno 10 ≤ Ih < 20 s2 – grande excesso d’água no verão Ih ≥ 20 W2 – grande excesso d’água no inverno Ih ≥ 20 Fonte: Thornthwaite (1948). 3.1.2 Índice de eficiência térmica ou evapotranspiração potencial (EP) Existem outras subdivisões climáticas propostas por Thornthwaite, com base no índice de eficiência térmicas (ET). A evapotranspiração potencial (EP) é uma quantidade que pode ser obtida em função da temperatura do ar e da duração do dia. Essa quantidade, portanto, normalmente é usada como índice de eficiência térmica, isto é, ET = EP. Os valores limites de evapotranspiração potencial anual, propostos por Thornthwaite, são apresentados na Tabela 20, separando os tipos climáticos desde o gelado (gelo perpétuo) até o equatorial (megatérmico). Tabela 20. Subdivisões dos tipos climáticos com base no índice térmico (evapotranspiração potencial anual – mm) Tipo climático EP anual (mm) A’ – Megatérmico EP ≥ 1.140 B’4 – Mesotérmico 1140 EP ≥ 997 B’3 – Mesotérmico 997 EP ≥ 855 B’2 – Mesotérmico 855 EP ≥ 712 B’1 – Mesotérmico 712 EP ≥ 570 C’2 – Microtérmico 570 EP ≥ 427 C’1 – Microtérmico 427 EP ≥ 285 D’ – Tundra 285 EP ≥ 142 E’ – Gelo perpétuo EP < 142 Fonte: Adaptado de Thornthwaite (1948). 84 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 3.1.3 Variação sazonal da evapotranspiração potencial Outro critério também usado por Thornthwaite se refere à porcentagem de evapotranspiração potencial acumulada no verão, em relação à acumulada durante todo o ano (entende-se por verão, na classificação climática de Thornthwaite, o período que compreende três meses consecutivos mais quentes). Nas regiões equatoriais, onde a evapotranspiração potencial praticamente não varia durante o ano, a quantidade acumulada nos três meses do verão representa aproximadamente 25% do total anual. Por outro lado, na região polar, onde a estação de crescimento se reduz a apenas três meses, a evapotranspiração potencial acumulada nesse período, pode ser considerada igual a 100% do total anual. Entre tais limites, Thornthwaite propôs a subdivisão dos tipos climáticos (Tabela 21) com base na referida porcentagem da evapotranspiração potencial acumulada no verão (ETV). Tabela 21. Subdivisões dos tipos climáticos com base na porcentagem da evapotranspiração potencial concentrada no “verão” (ETV) Subtipo climático ETV (%) a’ ETV < 48,0 b’4 48,0 ≤ ETV < 51,9 b’3 51,9 ≤ ETV < 56,3 b’2 56,3 ≤ ETV < 61,6 b’1 61,6 ≤ ETV < 68,0 c’2 68,0 ≤ ETV < 76,3 c’1 76,3 ≤ ETV < 88,0 d’ ETV ≥ 88,0 Fonte: Adaptado de Thornthwaite (1948). 3.1.4 Fórmula climática A fórmula climática é representada por quatro letras ou símbolos consecutivos, de acordo com as Tabelas 17 a 27. A primeira letra diz respeito ao Índice Hídrico (Im); a segunda indica a evapotranspiração potencial anual (EP); a terceira revela os traços dominantes da variação sazonal do índice hídrico (Im); e a quarta indica a concentração de verão da evapotranspiração potencial. 85Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Exemplo 7: tipo climático AB’4 ra’ é identificado como superúmido, mesotérmico, sem deficiência de água em qualquer estação do ano e regime da evapotranspiração megatérmico. Tabela 22. Dados do balanço hídrico, segundo Thornthwaite (1948), de Viçosa – MG Meses Temperatura (°C) Precipitação (mm) Evapotranspiração potencial (mm) Déficit (mm) Excesso (mm) Janeiro 22,1 233 107 0 126 Fevereiro 22,0 176 92 0 84 Março 21,4 154 92 0 62 Abril 19,5 66 71 0 0 Maio 17,1 29 54 0 0 Junho 15,4 20 42 0 0 Julho 15,0 12 41 0 0 Agosto 16,0 12 50 19 0 Setembro 18,2 50 65 14 0 Outubro 19,8 124 81 0 0 Novembro 20,7 183 89 0 37 Dezembro 21,32 283 100 0 183 Média 19,0 – – – – Soma 1342 883 33 492 Fonte: Adaptado de Vianello & Alves (1991). 3.2 Classificação de Köppen A classificação climática de Köppen, que adota uma abordagem empírica, é um dos métodos mais usados e citados no Brasil. Internacionalmente, Köppen é reconhecido como o primeiro a classificar os climas levando em conta, simultaneamente, a temperatura e a precipitação, porém, fixando limites ajustados à distribuição dos tipos de vegetação (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2009). A classificação de Köppen é considerada a primeira classificação climática planetária com base científica, e ainda hoje é a mais usada no Brasil e no mundo. No modelo de Köppen, o clima é classificado em cincozonas fundamentais (ou grandes grupos) de clima, representadas por letras maiúsculas (Tabela 23). 86 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Destas, quatro são definidas com base na temperatura (A, C, D, E) e uma com base na precipitação (B). Nessas cinco zonas constam os 12 tipos fundamentais de climas (ou subgrupos), divididos conforme a distribuição sazonal da precipitação. Os subgrupos são representados pela letra minúscula (segunda letra) que, por sua vez, se dividem em variedades específicas de acordo com a característica da temperatura. Desse modo, a fórmula climática é composta por três letras, em que a primeira (maiúscula) indica a zona climática, a segunda considera a distribuição da precipitação e a terceira indica a variação sazonal da temperatura. Tabela 23. Grupos climáticos de acordo com a classificação de Köppen Letra Denominação e descrição A Clima Tropical – Megatérmico O mês mais frio tem temperatura média superior a 18°C. A precipitação anual é maior que a evapotranspiração anual. A isoterma de inverno de 18°C é crítica para a sobrevivência de certas plantas tropicais (AYODE, 2001). B Clima Seco A evapotranspiração potencial média anual é maior que a precipitação média anual, e não existe excedente de água. A vegetação característica é do tipo de estepes ou desértica. C Clima Subtropical Úmido – Mesotérmico O mês mais frio tem temperatura média entre −3°C e 18°C. O mês mais quente tem temperatura média superior a 10°C. D Clima Temperado Continental – Microtérmico O mês mais frio tem temperatura média abaixo de −3°C, e o mês mais quente superior a 10°C. E Clima Polar A temperatura média do mês mais quente é inferior a 10°C. Fonte: Adaptado de Alvares et al. (2013). 3.2.1 Subdivisão do Grupo A Os tipos fundamentais do clima do Grupo A são separados de acordo com a relação entre a precipitação do mês mais seco e o total anual de chuvas conforme a Tabela 24. 87Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 24. Subdivisão do Grupo climático A na classificação de Köppen Letras Denominação e descrição Af Clima tropical de floresta chuvosa, sem estação seca definida. A precipitação média do mês mais seco é superior a 60mm. Aw Clima tropical com inverno seco A época mais seca é o inverno, com pelo menos um mês de precipitação inferior a 60mm. Am Clima tropical de monção Forma intermediária entre Af e Aw. Fonte: Adaptado de Alvares et al. (2013). 3.2.2 Subdivisão do Grupo B Os tipos fundamentais de clima da Zona B são apresentados na Tabela 25. Tabela 25. Subdivisão do grupo climático B na classificação de Köppen Letra Denominação e descrição BW Clima de deserto (árido), apresenta estação seca no verão. BS Clima de estepes (semiárido), apresenta estação seca no inverno. Fonte: Adaptado de Alvares et al. (2013). Köppen considera três casos, segundo a distribuição de precipitação ao longo do ano. Chamando de T a temperatura média anual (em °C) e de R a precipitação média anual (em cm), evidencia-se: 1º caso: máximo de precipitação no inverno R<T……………..BW T<R<2T………..BS R>2T…………….A, C, OU D 2º caso: precipitação mais ou menos uniformemente distribuída no ano R<(T+7)……………………………BW (T+7)<R<2(T+7)………………..BS 3º caso: máximo de precipitação no verão R<(T+14)…………………………..BW (T+14)<R<2(T+14)……………..BS 88 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 3.2.3 Variedades específicas em temperatura do clima B Em função da distribuição de temperaturas, ao clima B poderá ser anexada ainda uma terceira letra na fórmula climática, de acordo com os limites da Tabela 26. Tabela 26. Variedades específicas para subdivisão do grupo climático B na classificação de Köppen Temperatura média anual Temperatura média mensal Tipo de clima h’ >18° C >18°C Mês mais frio Muito quente h >18°C <18°C Quente k <18°C >18°C Mês mais quente Frio k’ <18 C <18°C Muito frio Fonte: Adaptado de Ometto (1981). 3.2.4 Subdivisão do Grupo C Os tipos fundamentais do clima C são três, separados de acordo com o critério apresentado na Tabela 27. Tabela 27. Subdivisão do grupo climático C na classificação de Köppen Letra Denominação e descrição Cw Clima temperado úmido com inverno seco. Quando as chuvas são de verão e a precipitação máxima de verão é maior ou igual a 10 vezes a precipitação do mês mais seco (precipitação mínima). Cs Clima temperado úmido com verão seco. Quando as chuvas são de inverno e a precipitação máxima de inverno é igual ou maior do que três vezes a precipitação do mês mais seco (precipitação mínima) tendo, porém, o mês mais seco, total menor que 30mm. Se o total do mês mais seco for maior que 30mm, teremos o caso particular Cfs (o clima não pode mais ser considerado seco de verão e apenas diz-se que a época mais seca é o verão). Cf Clima temperado úmido sem estação seca. Quando no caso de chuvas de verão a precipitação máxima de verão for menor que 10 vezes a precipitação do mês mais seco, e no caso de chuvas de inverno for menor que três vezes a precipitação do mês mais seco. Fonte: Adaptado de Alvares et al. (2013). 89Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Para os climas C, existem quatro variedades específicas em temperatura classificada e separadas de acordo com o critério da Tabela 28. Tabela 28. Variedades específicas em temperatura para climas C (também para climas D) na classificação de Köppen. Temperatura média mensal Tipos de clima letra Quatro ou mais meses com temperaturas maiores que 10°C A temperatura do mês mais quente é superior a 22°C Subtropical a A temperatura do mês mais quente é inferior a 22°C Temperado b Menos que quatro meses com temperaturas maiores que 10ºC A temperatura do mês mais frio é superior a 38°C Frio c A temperatura do mês mais frio é inferior a −38°C Muito frio b Fonte: Adaptado de Vianello & Alves (1991). 3.2.5 Subdivisão do Grupo D São dois tipos fundamentais do Grupo D, separados conforme a distribuição das precipitações (Tabela 29). Tabela 29. Subdivisão do grupo climático D na classificação de Köppen Letra Denominação e descrição Dw Clima Boreal com chuvas de verão( inverno seco). Ocorre quando a precipitação máxima no verão é maior que 10 vezes a do mês mais seco. Aqui a vegetação característica é de bosque de árvore altas. Df Clima boreal de inverno úmido Ocorre quando a precipitação máxima do verão é menor do que 10 vezes a do mês mais seco. Aqui também temos bosques altos compondo a paisagem botânica. Fonte: Adaptado de Vianello & Alves (1991). A separação em variedades específicas de temperatura para o clima D é feita da mesma maneira que para os climas C, de acordo com Tabela 28. 90 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 3.2.6 Subdivisão do Grupo E Existem três tipos fundamentais de climas E, de acordo com a temperatura média anual, separados conforma a Tabela 30. Tabela 30. Subdivisão do grupo climático E na classificação de Köppen Temperatura média anual Tipo de clima ET A temperatura do mês mais quente é superior a 0°C. Clima de tundra EF A temperatura do mês mais quente é inferior a 0°C. Clima de gelo perpétuo EB A temperatura do mês mais quente é superior a 10°C devido à altitude. Clima de tundra ou gelo perpétuo Fonte: Adaptado de Vianello & Alves (1991). 3.3 Proposta de diferenciação climática para Santa Catarina Considerando a classificação de Köppen, o estado de Santa Catarina apresenta clima mesotérmico úmido (sem estação seca) Cf, compreendendo dois subtipos – Cfa e Cfb –, distintos em verão quente e verão fresco, respectivamente. Braga & Ghellre (1999) apresentaram uma proposta de diferenciação climática para Santa Catarina, em que os autores utilizaram alguns critérios também usados por Köppen, e outros de Gaussen & Bagnouls (1953) e adaptadospor Nimer (1989). Esses critérios dizem respeito à determinação do mês mais frio, bem como aos limites das isotermas que definem os climas em: • quentes - temperatura do mês mais frio > 18ºC; • subquentes – temperatura do mês mais frio entre 18°C e 15°C; • mesotérmico brando – temperatura do mês mais frio entre 15°C e 10°C; • mesotérmico médio – temperatura do mês mais frio entre 10°C e 0°C. A proposta de Braga & Ghellre (1999) subdivide a classificação proposta para clima mesotérmico brando em três subclasses, da seguinte forma: Clima mesotérmico brando (1): isoterma do mês mais frio (≥13,0°C < 15,0°C); 91Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Clima mesotérmico brando (2): isoterma do mês mais frio (≥11,5°C < 13,0°C); Clima mesotérmico brando (3): isoterma do mês mais frio (≥10ºC < 11,5°C). Essas alterações foram introduzidas com objetivo de permitir uma diferenciação climática mais adequada para Santa Catarina e se baseiam, também, na distribuição da vegetação ativa original do estado de Santa Catarina, conforme o mapa fitogeográfico do estado (REITZ et al., 1978). Para determinar a seca, os autores adotaram o critério de Nimer (1989), baseado em trabalhos de ecologia vegetal de Gaussen & Bagnouls (1953). Considerou-se seco o mês cujo total das precipitações, em milímetros, é igual ou inferior ao dobro da temperatura em graus Celsius (P ≥ 2T). Para a determinação de subseca, adotou-se a fórmula (P≥3T), de Walter & Lieth (1960), aplicáveis aos locais que não possuem sequer um mês seco. Assim, a classificação, quanto ao aspecto de umidade mês seco, fica assim definida: – clima superúmido (sem seca ou com subseca); – úmido (com 1 a 3 meses secos); – semiúmido (com 4 a 5 meses secos); – semiárido brando (com 6 meses secos); – mediano (com 7 a 8 meses secos); – forte (com 9 a 10 meses secos); – muito forte ou subdesértico (com 11 meses secos); – desértico (com 12 meses secos). Na diferenciação climática proposta para o estado de Santa Catarina, foram definidos cinco tipos climáticos, ampliando portando a classificação de Köppen que era de apenas duas. Pela aplicação de variáveis climáticas adicionais foi possível gerar dez subtipos climáticos (Figura 30), fortemente relacionados com a vegetal natural, a geologia e a geomorfologia existentes no território catarinense. 92 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na Tabela 31 consta a descrição desses tipos climáticos. Tabela 31. Descrição da proposta de diferenciação climática para o estado de Santa Catarina Domínio climático Temp. média mês mais frio Subdomínio climático Variedade climática Tipo climático Subtipo climático Subquente ≥15 e <18°C Superúmido Sem seca Subtropical 1 1A, 1B Mesotérmico brando (1) ≥13 e <15°C Superúmido Sem seca Temperado 2 2A, 2B, 2C Mesotérmico brando (2) ≥11,5 e < 13°C Superúmido Sem seca Temperado 3 3A, 3B, 3C Mesotérmico brando (3) ≥10 e < 11,5°C Superúmido Sem seca Temperado 4 4A, 4B Mesotérmico médio ≥0 e <10°C Superúmido Sem seca Temperado 5 5 Fonte: adaptado de Braga & Ghellre (1999). A Epagri vem adotando essa classificação climática nos trabalhos de zoneamento e descrição climática (DUFLOTH et al., 2005; EPAGRI, 2016). Figura 30. Representação espacial da proposta de diferenciação climática para o estado de Santa Catarina Fonte: adaptado de Braga & Ghellre (1999). 93Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 4 Modelagem matemática da precipitação Os dados de chuva, tanto do ponto de vista da sua ocorrência quanto da sua quantidade, podem ser analisados mediante a obtenção das frequências observadas dos seus registros históricos, ou através da elaboração de um modelo teórico. A modelagem teórica da chuva com vistas ao planejamento ambiental apresenta algumas vantagens sobre os modelos empíricos, ou seja, baseados em dados. Stern & Coe (1982) discutem estes aspectos, evidenciando o fato de que o modelo teórico apresenta a grande vantagem de resumir os dados de uma série histórica de forma bastante concisa. Os modelos teóricos também permitem utilizar técnicas de simulação e, com isso, a obtenção de séries climatológicas bem maiores que as históricas. A modelagem da precipitação, bem como a estimativa das probabilidades de ocorrências de dias secos ou chuvosos consecutivos, são ferramentas importantes para auxiliar nos estudos hidrológicos e no planejamento de atividades exercidas no campo, como obras de terraplanagem, construção de estradas e atividades agrícolas. Na maioria dos estudos, a chuva é analisada visando à caracterização da probabilidade de ocorrência de determinada lâmina precipitada e de sequências de períodos chuvosos e não chuvosos. Nesse sentido, têm sido realizados trabalhos para estimar a duração de períodos secos ou veranicos, caracterizados por uma sequência de dias sem chuva, que podem trazer prejuízos à agricultura, principalmente quando a estiagem atinge a cultura na fase reprodutiva. Da mesma forma, a sequência de dias chuvosos também acarreta prejuízos econômicos, uma vez que pode prejudicar a qualidade dos produtos agrícolas caso ocorra em época de colheita. 4.1 Definição de dia seco e dia de chuva Na literatura técnica encontram-se diferentes conceitos sobre a definição de dias sem chuva, ou dias “secos”, e também sobre a de dias chuvosos. Assim, é necessário estabelecer o critério de distinção. A seca, no entendimento de Monteiro (1968), é considerada uma condição em que a quantidade de água disponível no solo é inferior àquela necessária para a planta atender à demanda atmosférica. É, portanto, dependente das condições do solo, da planta e da atmosfera. A busca de simplificação tem levado alguns autores a considerarem dia sem chuva como dia seco enquanto outros definiram dia seco como aquele em que a chuva não excedia a evapotranspiração (SILVA et al., 1977; WOLF, 1977). 94 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Para facilitar a classificação, considera-se dia seco o com precipitação inferior a determinado limite. Na grande maioria dos trabalhos, esse limite é 0,1mm, que é o valor mínimo de precipitação registrado nos pluviômetros. Outros valores também foram sugeridos. Na avaliação da ocorrência de “períodos secos” em Brasília, Wolf (1977), por exemplo, considerou como dias com no mínimo 5,0mm de chuva, assumindo esse valor como representativo da evapotranspiração média da região. Milde (1983) utilizou como limite o valor de 0,5mm, num estudo sobre chuva na região cacaueira. Para projetos de engenharia, como a construção de rodovias, é comum considerar como dia seco os com precipitação inferior a 3mm. 4.2 Cadeias de Markov No método das cadeias de Markov, as séries temporais de chuvas diárias consistem de dias secos e chuvosos, portanto, podem ser vistas como séries binárias de “0”s e “1”s, com o “0” representando um dia seco e o “1” representando um dia chuvoso. O método mais empregado – por ser considerado mais simples – tem sido a cadeia de Markov, que utiliza dois estados (dia seco ou chuvoso), podendo ser de primeira, segunda e terceira ordem, sendo esta última muito pouco utilizada, pois, conforme os dados fica normalmente impossível de operar. Gabriel & Neumann (1962) utilizaram cadeias homogêneas de Markov para descrever a alta persistência de dias secos consecutivos em Tel Aviv, Israel. Stern & Coe (1982) definiram um modelo de simulação para a precipitação pluvial diária, no qual a ocorrência de dias chuvosos é gerada por uma cadeia de Markov, e a quantidade de chuva é gerada por uma distribuição gama. Posteriormente, Stern & Coe (1984) melhoraram o modelo utilizando as séries de Fourier para representar as probabilidades de transição durante o ano. Com base nestes estudos pioneiros surgiram vários trabalhos aplicando as cadeiasde Markov para modelar a precipitação e determinar as probabilidades de ocorrências de dias secos e chuvosos. Destacam-se alguns trabalhos, como o realizado por Assis (1991), que modelou a ocorrência de dias secos e úmidos em Piracicaba (SP) e Pelotas (RS). Back (1997) utilizou a cadeia de Markov com séries de Fourier para modelagem da precipitação diária de Urussanga, SC. Também se destaca o trabalho de Andrade Júnior et al. (2001), que simularam a precipitação pluvial diária para gerar sequências de dias secos e úmidos para Parnaíba e Teresina (PI), baseadas nas cadeias de Markov. 95Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A matriz de probabilidade de transição P que descreve o modelo de cadeias de Markov de dois estados é dada por: Em que as probabilidades de transição são calculadas por: eq. (80) eq. (81) eq. (82) eq. (83) em que: P00 = probabilidade de um dia ser seco, dado que o anterior também foi seco; P10 = probabilidade de um dia ser seco, dado que o anterior foi chuvoso; P01 = probabilidade de um dia ser chuvoso, dado que o anterior foi seco; P11 = probabilidade de um dia ser chuvoso, dado que o anterior foi chuvoso; N10 = frequência observada da sequência de dia chuvoso seguido por dia seco; N11 = frequência observada de sequência de dois dias chuvosos; N00 = frequência observada da sequência de dois dias secos; N01 = frequência observada de um dia seco seguido por dia chuvoso. Na Tabela 32 constam as frequências observadas das sequências de transição entre dias secos e chuvosos de Içara, no sul de Santa Catarina. Também são apresentados os valores da matriz de probabilidade de transição entre dias secos e chuvosos do modelo de cadeia de Markov de primeira ordem. Para janeiro, a probabilidade de ocorrência de dois dias secos (P00) é de 76,71%, e seu complemento, dado pela probabilidade do dia ser seco seguido por dia chuvoso (P01), é de 23,29%. A probabilidade de ocorrência de dois dias seguidos chuvosos (P11) é de 46,91%. Observa-se a variação sazonal das probabilidades de transição, sendo os maiores valores de P00 ocorrem de abril a setembro, com valores superiores a 0,81 (Figura 31). Para a sequência de dias chuvosos, foi observado maior valor no mês de fevereiro (P11 = 0,5016) e menor valor em abril (P11 = 0,3447). 96 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 32. Frequência observada das sequencias de transição entre dias secos e chuvosos, e probabilidade de transição entre dias secos e chuvosos para Içara, Santa Catarina Período Frequências de transição Probabilidade de transição N00 N10 N01 N11 N7 1 Total P00 P10 P01 P11 Janeiro 573 163 174 144 93 1054 0,767 0,531 0,233 0,469 Fevereiro 493 152 163 153 84 961 0,752 0,498 0,249 0,502 Março 618 163 168 105 93 1054 0,786 0,608 0,214 0,392 Abril 704 135 140 71 60 1050 0,834 0,655 0,166 0,345 Maio 752 116 124 91 64 1083 0,858 0,560 0,142 0,440 Junho 764 131 134 81 0 1110 0,851 0,618 0,149 0,382 Julho 737 145 156 109 0 1147 0,825 0,571 0,175 0,429 Agosto 769 133 145 100 0 1147 0,841 0,571 0,159 0,429 Setembro 663 137 148 131 31 1079 0,818 0,511 0,183 0,489 Outubro 655 167 172 121 32 1115 0,792 0,580 0,208 0,420 Novembro 657 151 158 111 33 1077 0,806 0,576 0,194 0,424 Dezembro 687 162 172 90 36 1111 0,800 0,643 0,200 0,357 Ano 8072 1755 1854 1307 526 12988 0,813 0,573 0,187 0,427 1N7 representa o número de dias com falhas nos registros de dados. Fonte: Adaptado de Back & Miguel (2017b). Figura 31. Probabilidade de sequência de dias secos (P00) e dias chuvosos (P11) observadas e simuladas para Garuva, SC. Fonte: Back et al. (2013b). 97Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 4.3 Modelagem da quantidade de precipitação A segunda parte do modelo, representando a quantidade de chuva, geralmente é expressa por uma função de distribuição cumulativa de probabilidade. Diversas distribuições de probabilidade são utilizadas para modelar a quantidade de chuva, dos períodos chuvosos, sendo mais utilizadas as distribuições gama e exponencial (BACK et al., 2014; BACK & MIGUEL, 2017a). A distribuição exponencial tem como função cumulativa de probabilidade: eq. (84) O parâmetro α da distribuição exponencial pode ser estimado pelo método dos momentos como: eq. (85) em que: X é a média observada de precipitação dos dias com chuva. A precipitação X com probabilidade P(X ≤ x) pode ser estimada por: eq. (86) A distribuição gama tem como função cumulativa de probabilidade: eq. (87) em que: β e γ são os parâmetros da distribuição. Γ(γ) é a função gama. Os parâmetros da distribuição gama podem ser estimados com base no método dos momentos por: eq. (88) eq. (89) em que: X é a média observada de precipitação dos dias com chuva (mm); S2 é a variância dos dados observados (mm²). Na Figura 32 estão representados os valores médios da série observada de Guaruva e as médias das séries simuladas com a distribuição exponencial e gama (BACK et al., 2013b). 98 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 4.4 Probabilidade de dias secos ou dias chuvosos consecutivos A probabilidade de ocorrência de períodos secos ou chuvosos pode ser estimada com base na análise das sequências de dias secos e chuvosos, estabelecida de acordo com o processo de Markov. Assis (1991) utilizou as distribuições Geométrica, Logarítmica e Binomial Negativa Truncada para analisar a probabilidade de sequência de dias chuvosos e secos nas cidades de Pelotas (RS) e Piracicaba (SP). Na oportunidade, o autor observou que, mesmo havendo superioridade da distribuição binomial negativa truncada, a distribuição geométrica se ajustou bem para análise de sequência de dias secos e de dias com chuva. O conhecimento da probabilidade de ocorrência de períodos secos é de grande utilidade em vários setores de atividade e podem ser usados objetivando o planejamento e economia do projeto (BACK et al., 2015). Na construção de estradas, pontes e outras obras, conhecer os períodos que serão secos ou em que ocorrerão chuvas em quantidade que não prejudique o andamento das obras permite o planejamento e a elaboração de cronograma das atividades com economia de materiais, maquinários e mão de obra. Segundo Souza et al. (1992), pode-se utilizar a cadeia de Markov para determinar o número de dias trabalháveis com trator Figura 32. Médias mensais da chuva observada e simulada com a distribuição exponencial e distribuição gama, para Garuva, SC Fonte: Back et al. (2013a). 99Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) agrícola, modelando a umidade do solo com base na precipitação. Para previsão do número provável de dias trabalháveis em serviços rodoviários em Minas Gerais, Oliveira & Buzati (1983) também utilizaram a cadeia Markov. Virgens Filho & Cataneo (1999) empregaram a mesma cadeia de primeira ordem em dois estados para simular a sequência de dias úmidos, considerando o valor mínimode 0,2mm para o dia ser considerado úmido. Clarke (1988) apresenta descrição detalhada do modelo de Markov e cita diversas aplicações na hidrologia. Monteiro et al. (2001) utilizaram a cadeia de Markov para determinar as probabilidades condicionais e o número sequencial de dias favoráveis ao tráfego de máquinas no campo. Silva et al. (2010) valeram-se da cadeia de Markov de dois estados para determinar as chances de ocorrência dos períodos secos e chuvosos, com objetivo de subsidiar a definição da melhor época de plantio de milho em Sete Lagos (MG). Mesquita et al. (2013) estabeleceram as sequências de dias chuvosos como fator de risco à colheita em Goiás. De acordo com Cox & Miller (1965), a sequência de dias úmidos e secos pode ser considerada como infinita no eixo do tempo, em que se pode considerar qualquer ponto inicial como dia seco ou chuvoso. Assim, após um período de tempo suficientemente longo, é esperado que o sistema atinja uma condição de equilíbrio estatístico com probabilidades estáveis que são independentes da condição inicial. Essas probabilidades, correspondentes a dia seco e chuvoso, são dadas respectivamente por: eq. (90) eq. (91) Os comprimentos do período chuvoso e seco são descritores estatísticos muito importantes de períodos secos e chuvosos em uma área geográfica. Partindo do princípio de que os comprimentos de períodos chuvosos e secos (representado por W e D, respectivamente) seguem distribuição geométrica (BACK & MIGUEL, 2017a, BHARGAVA et al., 1973; RAVINDRAN & DANI, 1993; SUNDARARAJ & RAMACHANDRA, 1975). De acordo com a distribuição geométrica, a probabilidade de uma sequência de dias com chuva prolongar-se por “r” dias é dada por: eq. (92) e, dessa forma, o comprimento esperado do período chuvoso é obtido como: 100 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) eq. (93) De forma análoga, a sequência de dias secos será dada por: eq. (94) E a duração esperada para o período seco e dada por: eq. (95) Chamando a sequência de um período seco seguido de um período chuvoso de comprimento do ciclo do tempo (C), a duração esperada desse ciclo pode ser estimada por: eq. (96) Segundo Cox & Miller (1965), a ocorrência de períodos chuvosos e secos podem ser facilmente tratadas como ensaios de Bernoulli dependentes. Assim, os valores esperados do número de dias secos e chuvosos em um período de n dias, representados por Wn e Dn, respectivamente, são obtidos como: eq. (97) eq. (98) Assumindo que n é um período suficientemente grande, a variância assintótica do número de dias molhados (ou secos) num período de dia é dada por: eq. (99) Na Tabela 33 constam os valores calculados a partir das observações de Içara (Tabela 32). A maior probabilidade de ocorrência de dias secos ocorre em junho (πo = 0,8055), sendo que no período de março a dezembro os valores da probabilidade de dias secos estão acima de 0,73. A menor probabilidade de ocorrência de dia seco é em fevereiro (πo = 0,6673), cuja duração média do período seco E(D) é de 4,02 dias, e a do período chuvoso E(W) é de 2,01 dias. Assim, pode- se afirmar que no mês de fevereiro, após um período de 4 dias secos consecutivos, espera-se que ocorram dois dias consecutivos chuvosos. Dessa forma, a duração estimada do ciclo climático é de 6 dias. 101Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 33. Probabilidade de ocorrência de dias secos e chuvosos, e duração média do período seco e do período chuvoso para Içara, Santa Catarina Período π0 π1 EW (dias) ED (dias) EC (dias) Vn (dias) SD (dias) Janeiro 0,695 0,305 1,88 4,29 6,18 10,63 3,261 Fevereiro 0,667 0,333 2,01 4,02 6,03 10,52 3,244 Março 0,740 0,260 1,64 4,68 6,32 8,55 2,924 Abril 0,798 0,202 1,53 6,03 7,55 6,94 2,635 Maio 0,798 0,202 1,78 7,06 8,85 9,23 3,038 Junho 0,806 0,195 1,62 6,70 8,32 7,55 2,748 Julho 0,766 0,234 1,75 5,72 7,48 9,36 3,059 Agosto 0,783 0,218 1,75 6,30 8,06 9,19 3,031 Setembro 0,737 0,263 1,96 5,48 7,44 10,95 3,309 Outubro 0,736 0,264 1,72 4,81 6,53 9,27 3,044 Novembro 0,748 0,252 1,74 5,16 6,89 9,02 3,004 Dezembro 0,763 0,238 1,56 4,99 6,55 7,70 2,776 Ano 0,754 0,246 1,74 5,35 7,10 110,49 10,511 Fonte: Back & Miguel (2017b). O número médio de dias chuvosos (EW) e de dias secos em janeiro é de, respectivamente, 9,5 e 21,5 (Tabela 34). Considerando que o número de dias secos (e dias chuvosos) tem distribuição normal e adotando o intervalo de confiança de 95%, espera-se que número de dias chuvosos de janeiro seja de 3,1 a 15,8 dias. Da mesma forma, acredita-se que o número de dias secos em janeiros seja de 15,2 até 27,9 dias. Para o período anual, espera-se que o número de dias chuvosos seja de 69,2 a 110,4 dias, e o de dias secos, entre 254,9 a 296,1 dias. Esses valores podem ser usados no planejamento de rodovias, em que se considera somente os dias secos (com precipitação) abaixo de 3,0mm com dias trabalháveis com máquinas. 102 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 34. Valores esperados do número de dias secos e dias chuvosos para Içara, Santa Catarina Período Dias chuvosos Dias secos Médio Int. de confiança (95%) Médio Int. de confiança (95%) EW Lim. Inferior Lim. superior ED Lim. inferior Lim. superior Janeiro 9,5 3,1 15,8 21,5 15,2 27,9 Fevereiro 9,4 3,0 15,8 18,8 12,5 25,2 Março 8,1 2,3 13,8 22,9 17,2 28,7 Abril 6,1 0,9 11,2 23,9 18,8 29,1 Maio 6,3 0,3 12,2 24,7 18,8 30,7 Junho 5,8 0,4 11,2 24,2 18,8 29,6 Julho 7,6 1,3 13,3 23,7 17,7 29,7 Agosto 6,7 0,8 12,7 24,3 18,3 30,2 Setembro 7,9 1,4 14,4 22,1 15,6 28,6 Outubro 8,2 2,2 14,2 22,8 16,8 28,8 Novembro 7,5 1,7 13,4 22,5 16,6 28,3 Dezembro 7,4 1,9 12,8 23,6 18,2 29,1 Ano 89,8 69,2 110,4 275,5 254,9 296,1 Fonte: Back & Miguel (2017b). Na Tabela 35 constam os valores de número máximo (Nx) de dias secos e dias chuvosos consecutivos, e valores de Dmax, do teste de Kolmogorov-Smirnov, e críticos (Dcrit) ao nível de significância de 5%. Observou-se uma sequência de 36 dias secos iniciada em janeiro, sendo que a maior sequência observada teve a duração de 43 dias, iniciando-se em abril. Para os dias chuvosos consecutivos, a maior sequência foi de 12 dias, iniciada em fevereiro. Observa-se que, para todas as séries, os valores de Dmax foram inferiores aos valores de Dcrit, indicando que a distribuição geométrica pode ser usada na estimativa das probabilidades de ocorrência de dias secos e chuvosos. 103Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 35. Valores do número máximo (Nx) de dias secos e chuvosos consecutivos, valores de Dmax do teste de Kolmogorov-Smirnov e valores críticos (Dcrit) ao nível de significância de 5% Período Dias secos consecutivos Dias chuvosos consecutivos Nx Dmax Dcrit Nx Dmax Dcrit Janeiro 36 0,0413 0,224 9 0,0563 0,391 Fevereiro 23 0,0403 0,281 12 0,0402 0,454 Março 33 0,0505 0,234 6 0,191 0,563 Abril 43 0,0768 0,205 7 0,0353 0,519 Maio 31 0,0340 0,242 7 0,0264 0,519 Junho 24 0,0619 0,275 4 0,0434 0,708 Julho 33 0,0313 0,234 7 0,0144 0,519 Agosto 24 0,0616 0,275 7 0,0353 0,519 Setembro 26 0,0487 0,2647 0,0469 0,519 Outubro 27 0,0628 0,259 8 0,0228 0,483 Novembro 46 0,0450 0,198 9 0,0496 0,454 Dezembro 20 0,0440 0,301 7 0,0158 0,519 Ano 36 0,0154 0,224 12 0,0089 0,391 Fonte: Back & Miguel (2017b). Na Tabela 36 constam os valores estimados de probabilidade de ocorrência de dias secos consecutivos. Para janeiro, verifica-se que a probabilidade de ocorrência de até três dias secos consecutivos é de 54,97%, assim, existe, 45,1% de risco de ocorrer mais de três dias secos consecutivos. Observa-se que, para o período de até 10 dias consecutivos, de janeiro a março e outubro, esse risco é menor que 10%, sendo em maio superior a 20%. Na Figura 33 está representada a aderência das séries de dias secos e chuvosos consecutivos de janeiro a junho de Içara, pela distribuição geométrica. 104 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 36. Probabilidade de ocorrência de dias secos consecutivos em Içara, Santa Catarina Período Número de dias secos consecutivosAté 3 dias Até 5 dias Até 7 dias Até 10 dias Até 15 dias Janeiro 0,549 0,734 0,844 0,930 0,981 Fevereiro 0,576 0,760 0,865 0,943 0,986 Março 0,514 0,700 0,814 0,910 0,973 Abril 0,420 0,596 0,719 0,837 0,934 Maio 0,367 0,534 0,656 0,783 0,899 Junho 0,384 0,554 0,677 0,801 0,911 Julho 0,438 0,617 0,739 0,853 0,944 Agosto 0,404 0,578 0,702 0,822 0,925 Setembro 0,454 0,635 0,756 0,867 0,951 Outubro 0,503 0,688 0,805 0,903 0,970 Novembro 0,476 0,660 0,779 0,884 0,961 Dezembro 0,488 0,673 0,791 0,893 0,965 Ano 0,462 0,644 0,765 0,874 0,955 Fonte: Back & Miguel (2017b). Figura 33. Probabilidade observada e estimada de dias secos e chuvosos consecutivos Fonte: adaptado de Back & Miguel (2017b). 105Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) As probabilidades de ocorrência de dias chuvosos consecutivos são apesentadas na Tabela 37. Nota-se que somente em janeiro, fevereiro e setembro o risco de ocorrer mais de três dias chuvosos consecutivos é superior a 10%, e para os demais meses este risco é inferior a 10%. Tomando como base o período de cinco dias consecutivos, o risco é inferior a 5%. Tabela 37. Probabilidade de ocorrência de dias chuvosos consecutivos em Içara, Santa Catarina Número de dias chuvosos consecutivos Período Até 1 dia Até 2 dias Até 3 dias Até 5 dias Até 7 dias Janeiro 0,531 0,780 0,897 0,977 0,995 Fevereiro 0,498 0,748 0,874 0,968 0,992 Março 0,608 0,847 0,940 0,991 0,999 Abril 0,655 0,881 0,959 0,995 0,999 Maio 0,560 0,807 0,915 0,984 0,997 Junho 0,618 0,854 0,944 0,992 0,999 Julho 0,571 0,816 0,921 0,985 0,997 Agosto 0,571 0,816 0,921 0,985 0,997 Setembro 0,511 0,761 0,883 0,972 0,993 Outubro 0,580 0,824 0,926 0,987 0,998 Novembro 0,576 0,821 0,924 0,986 0,998 Dezembro 0,643 0,872 0,954 0,994 0,999 Ano 0,573 0,818 0,922 0,986 0,997 Fonte: Back & Miguel (2017b). 107Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 5 Chuvas intensas O dimensionamento das obras de drenagem superficial é feito adotando como chuva de projeto as chuvas que ocorrem com frequência média relativamente baixa, variando normalmente entre valores de chuvas ocorridas com frequência de uma vez a cada 5 anos, até valores pouco frequentes, como uma vez a cada 100 anos. Para obter essas chuvas, de modo geral utilizam-se as séries de máximas anuais e ajustam-se distribuições teóricas de probabilidade. Nesse sentido, existem vários trabalhos indicando as distribuições teóricas apropriadas (BACK, 2001; CLARKE, 1994; KITE, 1978), sendo que a distribuição de extremos tipo I (ou distribuição de Gumbel) tem se mostrado adequada para o estudo de chuvas máximas. 5.1 Chuvas máximas diárias Para os projetos de drenagem superficial, normalmente usam-se valores de chuva com duração diária ou inferior. Assim, quando existem dados de pluviógrafos, podem-se determinar as séries de máximas anuais para precipitação de curta duração, geralmente de 5 a 120 minutos. No entanto, as cheias que ocorrem em grandes bacias são devido a chuvas de longa duração, que pode chegar a vários dias. Com os valores da média, desvio-padrão e número de dados, pode-se estimar os parâmetros da distribuição de Gumbel-Chow, (CHOW et al., 1988), como: eq.(100) e eq. (101) em que: α é o parâmetro de escala da distribuição de Gumbel; β é o parâmetro de posição da distribuição Gumbel; x é a média dos valores observados de X; S é o desvio-padrão dos valores observados de X; Yn, Sn são, respectivamente, a média e o desvio-padrão da variável reduzida Y, tabelados em função do número de valores da série de dados (BACK, 2002). A chuva máxima com período de retorno de T anos é estimada por: eq. (102) 108 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A variável reduzida Y é estimada por: eq. (103) 5.2 Chuvas máximas de curta duração A análise dos dados de precipitação registrada em pluviômetros e pluviógrafos em várias estações pluviométricas, nos diversos países, mostra que as chuvas intensas observadas em diferentes durações apresentam relações semelhantes. Essa constatação permite uma aplicação muito útil na hidrologia para estimar chuvas de curta duração a partir de chuvas observadas em durações maiores. No Brasil é muito usual utilizar as relações entre durações estabelecidas pela antiga Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do estado de São Paulo, atual Companhia Ambiental do estado de São Paulo – Cetesb (1986) – ou as relações estabelecidas por Bell (1969). De acordo com a Cetesb (1986), se as únicas informações disponíveis são as chuvas de 1 dia de duração, observadas em postos pluviométricos, pode-se avaliar a chuva de 24 horas de determinada frequência, e a partir dessa as chuvas de menor duração com a mesma frequência, utilizando-se das relações entre chuvas de diferentes durações. Na Tabela 38 são apresentadas relações entre chuvas de diferentes durações obtidas do estudo do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) com dados de todo o Brasil, valores encontrados por Lobo & Magni (1987) em estações do estado de São Paulo, bem como os valores adotados pelo Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (US Weather Bureau) e outros adotados em Denver, nos EUA. Back (2013) apresentou as relações entre precipitações de diferentes durações para Santa Catarina (Tabela 39). Back & Bonetti (2014) utilizaram essas relações para desagregar as chuvas máximas diárias e obter chuvas de curta duração. Aplicando essa metodologia, os autores mostraram os valores de chuva de projeto para instalações prediais de águas pluviais para o estado de Santa Catarina. 109Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 38. Relações entre chuvas de diferentes durações Relação entre durações Relação entre alturas pluviométricas Cetesb (1986)1 US W. Bureau Denver Lobo & Magni2 5min/30min 0,34 0,37 0,42 – 10min/30min 0,54 0,57 0,63 0,51 15min/30min 0,70 0,72 0,75 0,67 20min/30min 0,81 – 0,84 0,80 25min/30min 0,91 – 0,92 0,91 30min/1h 0,74 0,79 – 0,74 1h/24h 0,42 – – 0,51 6h/24h 0,72 – – 0,78 8h/24h 0,78 – – 0,82 10h/24h 0,82 – – 0,85 12h/24h 0,85 – – 0,88 24h/1dia 1,14 1,13 - 1,00 1 Baseados nas curvas de intensidade de precipitação-duração-frequência para 98 localidades do Brasil obtidas por Pfafstetter (1957). 2 Valores médios para 11 cidades do estado de São Paulo alcançados por Lobo & Magni (1987). Fonte: Back (2013). 110 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programaHidroClimaSC) Tabela 39. Relações médias entre precipitações de diferentes durações observadas nas estações pluviográficas de Santa Catarina Relação entre durações Santa Catarina Brasil Geral Interior1 Litoral2 Cetesb (1986) 5min/30min 0,35 0,34 0,39 0,34 10min/30min 0,53 0,52 0,54 0,54 15min/30min 0,68 0,68 0,66 0,70 20min/30min 0,81 0,81 0,80 0,81 25min/30min 0,91 0,91 0,90 0,91 30min/1h 0,75 0,77 0,65 0,74 35min/1h 0,80 0,83 0,70 – 40min/1h 0,85 0,87 0,76 – 45min/1h 0,89 0,91 0,82 – 50min/1h 0,93 0,94 0,87 – 55min/1h 0,96 0,97 0,94 – 1h/24h 0,35 0,38 0,23 0,42 1,25h/24h 0,38 0,41 0,27 – 1,50h/24h 0,41 0,44 0,30 – 1,75h/24h 0,44 0,47 0,32 – 2h/24h 0,46 0,49 0,34 – 2,5h/24h 0,49 0,52 0,37 – 3h/24h 0,51 0,54 0,40 – 4h/24h 0,55 0,58 0,44 – 5h/24h 0,58 0,61 0,47 – 6h/24h 0,61 0,63 0,52 0,72 7h/24h 0,64 0,66 0,55 – 8h/24h 0,66 0,68 0,58 – 10h/24h 0,71 0,73 0,63 0,82 12 h/24 h 0,76 0,78 0,70 0,85 14h/24h 0,81 0,81 0,77 – 16h/24h 0,85 0,85 0,84 – 18h/24h 0,89 0,89 0,88 – 20h/24h 0,93 0,93 0,92 – 22h/24h 0,97 0,97 0,96 – 24hh/1dia 1,16 1,18 1,24 1,14 1 Média das relações observadas em todas estações, exceto Florianópolis, Itajaí e Laguna. 2 Médias das relações observadas nas estações de Florianópolis, Itajaí e Laguna. Fonte: Back et al. (2012). 111Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 6 Erosividade das chuvas A erosão é um dos principais fatores responsáveis pela degradação do solo, afetando principalmente as áreas de agricultura, mas a erosão também é verificada em pastagens, áreas de estradas e em algumas áreas urbanizadas. A erosão hídrica é a principal causa de degradação de solos agrícolas devido à remoção de nutrientes da camada superficial que ocorre pelo desprendimento e arraste das partículas do solo. Isso resulta na redução da capacidade produtiva em razão da perda da camada de solo mais bem formada e com maior teor de matéria orgânica, além de carrear fertilizantes e pesticidas aplicados na adubação para rios, reservatórios, lagos, açudes podendo gerar problemas de assoreamento e contaminação dos recursos hídricos (CASSOL et al., 2008). Dentre os tipos de erosão, destaca-se a hídrica, provocada pelo impacto da chuva no solo e pelo escoamento superficial, associando-se a características como intensidade da chuva, infiltração da água no solo, escoamento superficial, declividade da superfície e cobertura do solo. Nas áreas agrícolas a erosão hídrica é potencializada pela adoção de práticas inadequadas de cultivo que levam à exposição do solo e à diminuição da capacidade de infiltração. Embora a erosão seja um processo natural ocorrido em quase toda a superfície terrestre, ela se dá de forma mais intensa nas áreas com clima tropical, nas quais os índices pluviométricos são mais elevados. Assim, o conhecimento do potencial erosivo das chuvas e sua distribuição ao longo do ano contribuem para o planejamento de práticas de manejo e conservação do solo que visem à redução da erosão hídrica, diminuindo perdas de solo e aumentando a produtividade agrícola. Considerando os efeitos da chuva sobre o solo, a característica de maior influência no fenômeno erosivo é a intensidade, seguida da duração, que determina a chuva total. Pruski (2009) afirma que, no processo de ocorrência de erosão hídrica, mais importante que os totais anuais precipitados é a distribuição do tamanho, a velocidade e a energia cinética das gotas, a intensidade, duração e frequência da chuva, sendo o conjunto desses fatores conhecido como erosividade da chuva. A energia cinética da chuva determina a erosividade, que corresponde à habilidade da chuva em causar erosão. É o parâmetro mais utilizado por diversos autores para predizer a perda de solo. Para determinar o potencial erosivo, é preciso conhecer os parâmetros de erosividade e as características das gotas de chuva, que variam no tempo e no espaço. 112 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 6.1 Modelos de erosão do solo Como as técnicas de medição da erosão são difíceis de serem aplicadas, de alto custo e trabalhosas, desenvolveram-se modelos matemáticos para estimar perdas de solo por erosão e avaliar práticas de manejo do solo e planejamento ambiental. A alta heterogeneidade dos fatores causadores de erosão do solo combinada com a carência de dados disponíveis são obstáculos para aplicar modelos complexos para estimativa da erosão do solo. Conforme Wischmeier & Smith ( 1978), dentre estes modelos, destaca-se a Equação Universal de Perdas de Solo (USLE – Universal Soil Loss Equation). A USLE é um modelo de erosão projetado para predizer a média de perdas de solo ao longo do tempo, considerando o escoamento superficial de áreas especificadas em condições de manejo também especificadas. A USLE é constituída pelos principais fatores que causam a erosão hídrica, ressaltando-se que o produto de todos os fatores resultará na estimativa das perdas médias de solo, em t ha−1ano−1 (KINNELL, 2010). Essa equação pode ser expressa, matematicamente, da seguinte forma: eq. (104) em que: A = perda anual média de solo, t ha–1 ano–1. R = fator erosividade da chuva, expresso por um índice numérico que estima a capacidade da chuva de provocar erosão, MJ mm ha−1 h−1 ano−1. K = fator erodibilidade do solo, representando a suscetibilidade do solo à erosão, expresso numericamente pela relação entre a perda anual média de solo e o fator erosividade da chuva de uma parcela-padrão com 9% de declividade e 25m de comprimento, mantida continuamente sem cobertura vegetal e cultivada morro abaixo, de forma a manter a superfície do solo livre de crostas, em t ha h MJ−1 mm−1. L = fator comprimento do declive, que é a relação de perdas de solo entre uma encosta com certo comprimento e a padrão, com 25m, sendo as demais condições iguais. S = fator grau de declive, que é a relação de perdas de solo entre uma encosta com certo declive e a padrão, com 9%, sendo as demais condições iguais. C = fatores uso e manejo, que são a relação de perdas de solo entre um solo cultivado com determinada cultura e esse mesmo solo mantido constantemente sem cobertura, isto é, nas mesmas condições do fator K. 113Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) P = fator prática conservacionista, que é a relação de perdas de solo entre um solo com determinada prática de controle da erosão e um solo sem prática conservacionista (WISCHMEIER & SMITH, 1978). A equação universal de perdas de solo pode ser utilizada para prever as perdas de solo por erosão, selecionar práticas de conservação de forma a minimizar as perdas, determinar os declives máximos para cultivo de acordo com os tipos de solo e manejos e para estudos de pesquisa (CARVALHO, 2012). De acordo com Leprun (1981), a finalidade principal da equação universal de perdas de solo é orientar a escolha da melhor técnica de conservação do solo e da água para determinadas condições específicas. Além do uso da USLE para terras agrícolas, atualmente, pesquisadores a utilizam também em outros tipos de uso e ocupação do solo, como em áreas de construção urbana e aterros para construir estradas (RENARD et al., 1991). Um das principais limitações de aplicação da USLE é sua base ser totalmente empírica, implicando na necessidade obter os parâmetros da equação para o local do estudo. Outras limitações na USLE são o fato de não considerar a variabilidade espacial e temporal dos fatores; não apresentar precisão na estimativa da erosão para eventos específicos, determinada estação ou mesmo um ano; não estimar a erosão por fluxo concentrado (voçorocas) e locais de deposição; não dispor de informações sobre tamanhos, densidade, área de superfície e outras características requeridas para estimar o potencial de deposição e adsorção e transporte de químicosnos sedimentos. Apesar dessas limitações, a USLE é considerada um bom instrumento para prever perdas de solo por erosão superficial, por exigir menor número de informações se comparada a modelos mais complexos, além de ser bastante conhecida e estudada. Em função das limitações, algumas modificações e revisões foram realizadas na USLE possibilitando criar modelos MUSLE e RUSLE, além de vários outros modelos empíricos, bem como físicos e conceituais. A Equação Universal de Perdas de Solo Modificada (MUSLE – Modified Universal Soil Loss Equation) foi uma mudança no modelo original proposta por Williams (1975), exibindo maior aperfeiçoamento no cálculo do fator hidrológico, a fim de permitir a avaliação da perda de solo para eventos individuais de chuva, permanecendo os outros parâmetros idênticos aos da USLE. Em 1987, o Serviço de Conservação de Solo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, conjuntamente com o Serviço de Pesquisa na Agricultura e com outros organismos, começou a revisar a USLE. O resultado ficou conhecido 114 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) como Equação Universal de Perdas de Solo Revisada (RUSLE – Revised Universal Soil Loss Equation), a qual, entre outras modificações, incorpora o conceito de vários valores do fator K ao longo do ano agrícola, um novo método para o cálculo do fator C e outro para o cômputo do fator P (RENARD et al., 1991). Segundo Renard et al. (1997), a RUSLE tem melhor comportamento que a USLE em solos que são cultivados aplicando-se técnicas de preparo conservacionistas, como o plantio direto. A versão revisada (RUSLE), que permite estimar a perda média anual de solos resultantes do impacto de gotas de chuva e escoamento sobre superfícies inclinadas, é o modelo mais utilizado em larga escala espacial (KINNEL, 2010; PANAGOS et al. 2015). 6.2 O fator erosividade da chuva A erosividade da chuva é um índice numérico que expressa a capacidade da chuva, esperada em dada localidade, de causar erosão em uma área sem proteção (FAO, 1967). É determinada por meio de fatores como distribuição do tamanho, velocidade de queda, número, momento e energia cinética das gotas e também a intensidade, duração e frequência da chuva. É expressa como uma função potencial da intensidade de precipitação. Os primeiros estudos para determinar a energia cinética das gotas de chuva foram realizados por Wischmeier & Smith (1960), os quais propuseram o fator Erosividade da chuva (R) incorporado à USLE, que representa o produto da energia cinética de cada chuva e sua intensidade máxima observada em 30 minutos. Para obter o fator R, deve-se analisar os registros pluviográficos e, para obter um valor confiável para o fator R, estima-se que sejam necessários de 10 a 20 anos de coleta de dados (WISCHMEIER & SMITH, 1978). Para calcular o R é necessário dividir o diagrama pluviográfico de cada chuva em segmentos uniformes, calcular a energia cinética de cada seguimento e multiplicar essa energia total pela maior quantidade de chuva registrada no período de 30 minutos consecutivos (CASSOL et al., 2007). Entre os fatores da USLE e RUSLE, o fator R tem sido considerado um dos mais importantes, não só por sua capacidade em medir os efeitos do impacto das gotas de chuva, mas também por ser utilizado nos cálculos dos fatores K e C. Além de seu papel como componente da USLE, esse fator pode servir ainda como parâmetro de suporte a trabalhos de extensão e assistência rural (BERTOL, 1994), pois permite definir épocas críticas quanto à ocorrência da erosão. Segundo 115Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Roque et al. (2001), pesquisas têm indicado que, quando todos os fatores da USLE, com exceção da erosividade, são mantidos constantes, as perdas de solo causadas por uma chuva qualquer são diretamente proporcionais ao índice de erosividade. Panagos et al. (2015) ressaltam que o fator R é um índice médio plurianual que mede a energia cinética da precipitação para descrever o efeito da precipitação erosão laminar e em sulcos. Comentam ainda que a erosividade da chuva pode ser utilizada em outros modelos, como Unit Stream Power – Based Erosion Deposition (USPED), Soil Erosion Model for Mediterranean Regions (SEMMED) e Sediment Delivery Model (SEDEM). Além disso, o fator R pode também ser interessante para as previsões de perigo de eventos naturais, tais como deslizamentos de terra e inundação, que são principalmente desencadeados por eventos de alta intensidade de chuva. 6.3 Definição da chuva erosiva Os critérios adotados para individualizar as chuvas erosivas foram propostos por Wischmeier & Smith (1965) e modificados por Cabeda (1976), em que consideraram-se chuvas erosivas aquelas que apresentaram altura total precipitada igual ou superior a 10mm ou que, no mínimo, sejam igual a 6mm em um período de 15 minutos. São considerados chuvas independentes aquelas ocorridas em intervalo igual ou superior a seis horas consecutivas, em que a precipitação, nesse intervalo, foi inferior a 1mm. Exemplo 8: Identificar e classificar as chuvas erosivas representadas na Figura 34 que consiste na sequencia dois pluviogramas seguidos (colocados às 9h dos dias 10 e 11/1/2000) em que é possível identificar três chuvas que, de acordo com os critérios, seriam assim classificadas: Chuva 1: com início às 17h50 min do dia 10, terminando à 1h10 min do dia 11, com total de 63,9mm. Essa é classificada como chuva erosiva. Observe que entre 1h10min até às 14h50min não ocorre chuva, correspondendo ao intervalo de 13 horas e 40 minutos (>6h), com precipitação igual ou inferior a 1,0mm. Chuva 2: iniciando no dia 11, às 14h50min, termina às 18h14min do dia 11, com 16,4mm, portanto, também é chuva erosiva. Chuva 3: com início no dia 12 às 0h30min e término no dia 12, às 2h20min (duração de 50 minutos), com 4,6mm. Esta chuva é classificada como não erosiva, pois é inferior a 10mm. 116 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 6.4 Determinação da energia cinética A energia cinética das chuvas pode ser determinada por meio das equações sugeridas por Foster et al. (1981), como: eq. (105) EC = energia cinética, em MJ ha−1 mm−1; e I = intensidade de chuva, em mm h−1. Segundo Foster et al. (1981), o diâmetro das gotas de chuva não aumenta quando as intensidades são iguais ou superiores a 76mm h−1 e, dessa forma, a energia cinética passa a ter valor máximo de 0,283MJ ha−1 mm−1. 6.5 Índice de erosividade EI30 Wischmeier & Smith (1958), pesquisando a relação entre as diferentes características físicas da chuva e as perdas de solo evidenciadas nos Estados Unidos, com objetivo de estabelecer um índice de erosividade que melhor estimasse a capacidade da chuva em provocar erosão, verificaram que a perda de solo provocada pelas chuvas em áreas cultivadas apresentou elevada correlação com o Figura 34. Individualização e classificação das chuvas erosivas 117Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) produto entre duas características das chuvas: energia cinética total e intensidade máxima em 30 minutos. Esse produto foi denominado índice EI30, que foi capaz de explicar de 72 a 97% das perdas de solo causadas pelas chuvas. De acordo com Wischmeier & Smith (1978), o produto da energia cinética da chuva, por sua intensidade máxima em 30 minutos, representa os efeitos do impacto das gotas e turbulências combinados com a capacidade de transporte do escoamento superficial. A determinação do EI30 feita com base na metodologia proposta por Wischmeier & Smith (1958), consta dos procedimentos: • determinação dos intervalos de chuva com intensidade constante; • identificação da chuva erosiva; • cálculo da energia cinética unitária para cada segmento uniformede chuva com o uso das equações propostas por Foster et al. (1981); • cálculo da energia cinética do segmento expressa em MJ ha−1, multiplicando a EC pela quantidade de chuva no respectivo segmento uniforme, isto é: ECs = EC h eq. (106) em que: ECS é a energia cinética do segmento (MJ ha −1); e h é a altura pluviométrica do segmento (mm). • cálculo da energia cinética total da chuva, somando-se a energia cinética de cada segmento uniforme, isto é: ECt = ∑ ECs eq. (107) • cálculo da intensidade máxima da chuva em um período de 30 minutos (I30); • determinação do índice EI30, que representa a erosividade de cada chuva individual e erosiva por meio da seguinte expressão, conforme Cassol et al. (2008): EI30 = ECt I30 eq. (108) em que: EI30 é o índice de erosividade da chuva erosiva individual (MJ mm ha−1h−1); ECt é a energia cinética total da chuva (MJ ha -1); e I30 é a intensidade máxima média de precipitação em 30 minutos (mm h -1). • Obtenção das somas mensais e anuais dos índices EI30 determinados para cada chuva individual e erosiva. No entanto, a utilização do EI30 passou a ser discutida em países tropicais onde a intensidade das chuvas pode ultrapassar 150mm h-1, sendo propostos, em razão disso, índices alternativos como KE>25 (HUDSON, 1973). 118 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 6.6 Índice de erosividade KE>25 Hudson (1973), estudando a erosividade da chuva na África, verificou que o índice EI30 não se apresentava tão eficiente como nos Estados Unidos. Partindo da observação de que para baixas intensidades a erosão do solo era inexpressiva, esse autor desenvolveu um método alternativo para calcular o índice de erosividade da chuva. O valor limite de intensidade, no qual a chuva inicia o processo erosivo, foi considerado como 25mm h−1. Observou-se uma excelente correlação entre a erosão e a energia cinética da chuva, quando foram omitidas as energias das chuvas ou dos segmentos de chuva que apresentassem intensidades menores do que 25mm h−1. O novo índice de erosividade da chuva determinado por Hudson (1973) foi denominado KE>25, que significa a energia cinética da chuva para intensidades de precipitação maiores do que 25mm h−1. A determinação do índice de erosividade KE>25 pode ser feita com base na metodologia desenvolvida por Hudson (1973), abrangendo as seguintes etapas: • determinação dos intervalos de chuva com intensidade constante; • identificação da chuva erosiva, quando o total precipitado é igual ou superior a 10mm, ou igual ou superior a 6mm em um período máximo de 15 minutos; • determinação das energias cinéticas parciais para as intensidades superiores ou iguais a 25mm h−1, nos respectivos intervalos com o uso das equações propostas por Foster et al. (1981); • soma dos valores do produto das energias cinéticas parciais, calculadas para intensidades maiores que 25mm h−1, em MJ ha−1 mm−1, pela altura precipitada nos respectivos intervalos, em mm, resultando na energia total da chuva, em MJ ha−1. ECs = EC h eq. (109) em que: Ecs é a energia cinética do segmento (MJ ha−1); h é a altura pluviométrica do segmento (mm); cálculo do índice KE>25 é dado por KE>25 = ∑ ECs eq. (110) Este índice considera a erosividade como a energia cinética apenas para os segmentes das chuvas que apresentam intensidade de precipitação maior que 25mm h-1 (WAGNER & MASSAMBANI, 1988). De acordo com Lal (1976), o índice KE>25 é de mais fácil obtenção comparado ao EI30, uma vez que dispensa o uso da 119Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) intensidade máxima em 30 minutos. Por outro lado, estudos realizados em vários locais do Brasil têm mostrado não haver diferença estatística entre o EI30 e outros índices de erosividade (MARQUES et al., 1997). Morais et al. (1988) afirmam que, para o Rio Grande do Sul, o índice EI30 é considerado o mais adequado para estimar o potencial erosivo das chuvas baseado em estudo de correlações com perdas de solo por erosão. Bertol et al. (2002) avaliaram dados experimentais de perdas de solo de Lages e concluíram que o fator de erosividade recomendado para Lages (SC), para predizer as perdas de solo, é o EI30. Marques et al. (1998) calcularam a erosividade da chuva para a região de Sete Lagoas e obtiveram os valores médios de 5835MJ mm ha−1 h−1 ano−1 e 116,3MJ ha-1 ano−1, para o EI30 e KE>25, respectivamente. Silva et al. (1997), analisando a erosividade das chuvas da região de Goiânia, encontraram os valores de 8.353,0MJ mm ha−1 h−1 ano−1 e 129,8MJ ha−1 ano−1 para os índices EI30 e KE>25, respectivamente. 6.7 Exemplo de cálculo dos índices EI30 e KE>25 Nas Tabelas 40 e 41 encontram-se os cáclulos dos índices de erosividade EI30 e KE>25 para as chuvas 1 (Figura 35 ) e 2 do exemplo 8. Figura 35. Representação da chuva erosiva 1 120 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 40. Cálculo dos índices de erosividade EI30 e KE>25 para a chuva 1 Dia Hora Chuvah (mm) Duração t− (min) Intensidade I (mm h−1) EC MJ ha–1 mm–1 ECs MJ ha−1 KE>25 MJ ha−1 10 17h50 0,0 – – 0,000 0,000 0,0 10 17h56 0,9 6 9,0 0,202 0,182 0,0 10 18h03 9,1 7 78,0 0,283 2,575 2,575 10 18h09 9,2 6 92,0 0,283 2,604 2,604 10 18h10 0,5 1 30,0 0,248 0,124 0,124 10 18h16 8,8 6 88,0 0,283 2,490 2,490 10 18h19 0,8 3 16,0 0,224 0,179 0,0 10 18h24 8,4 5 100,8 0,283 2,377 2,377 10 18h26 1,3 2 39,0 0,258 0,335 0,335 10 18h32 8,8 6 88,0 0,283 2,490 2,490 10 18h44 1,1 12 5,5 0,184 0,202 0,0 10 19h00 4,5 16 16,9 0,226 1,018 0,0 10 19h29 1,4 29 2,9 0,159 0,223 0,0 10 19h46 1,1 17 3,9 0,170 0,188 0,0 10 19h59 1,0 13 4,6 0,177 0,177 0,0 10 20h09 1,4 10 8,4 0,200 0,280 0,0 10 20h29 0,5 20 1,5 0,134 0,067 0,0 10 21h03 0,8 34 1,4 0,132 0,106 0,0 10 21h19 0,3 16 1,1 0,124 0,037 0,0 10 21h59 1,6 40 2,4 0,152 0,244 0,0 10 22h23 1,4 24 3,5 0,167 0,233 0,0 10 22h55 0,5 32 0,9 0,117 0,058 0,0 10 23h10 0,2 15 0,8 0,111 0,022 0,0 11 1h10 0,3 120 0,2 0,047 0,014 0,0 Total 63,9 440 16,225 12,996 121Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) A intensidade máxima em 30 minutos (I30) ocorreu no horário entre 18h02min e 18h32min, com precipitação de 39,32mm, obtendo-se, assim, I30 = 78,4mm/h. O índice EI30 para esta chuva é de EI30 = 16,225*78,40 = 1272,1MJ mm ha−1 h−1. O índice KE>25 = 12,996MJ ha−1 Para a chuva 2, representada na figura 36, os cálculos constam na Tabela 41. Figura 36. Representação da chuva erosiva 2 122 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 41. Cálculo dos índices de erosividade EI30 e KE>25 para a chuva 2 Dia Hora Chuvah (mm) Duração t− (min) Intensidade I (mm h−1) EC MJ ha−1 mm–1 ECs MJ ha−1 KE>25 MJ ha−1 11 14h55 0,3 5 3,60 0,168 0,050 0,000 11 15h25 6,2 30 12,40 0,215 1,330 0,000 11 15h30 0,6 5 7,20 0,194 0,116 0,000 11 15h39 0,2 9 1,33 0,130 0,026 0,000 11 16h01 0,1 22 0,27 0,070 0,007 0,000 11 16h04 2,4 3 48,00 0,266 0,638 0,640 11 16h15 3,2 11 17,45 0,227 0,728 0,000 11 16h22 0,9 7 7,71 0,197 0,177 0,000 11 16h43 0,5 21 1,43 0,133 0,066 0,000 11 17h05 0,2 22 0,55 0,096 0,019 0,000 11 17h31 0,2 26 0,46 0,090 0,018 0,000 11 17h45 0,4 14 1,71 0,139 0,056 0,000 11 17h56 0,3 11 1,64 0,138 0,041 0,000 11 18h05 0,5 9 3,33 0,165 0,082 0,000 11 18h14 0,4 9 2,67 0,156 0,063 0,000 Soma 16,4 204 0,640 A intensidade máxima em 30minutos foi observada no intervalo entre 14h55 min e 15h25 min, com a altura de 6,2mm, obtendo-se I30 de 12,4mm h−1. O índice EI30 é de EI30 =3,417 * 12,4 = 42,4MJ mm ha−1 h−1. O índice KE>25 foi dado por um único segmento de chuva com o valor de KE>25 = 0,640MJ ha−1 6.8 Estimativa dos índices de erosividade com dados pluviométricos A determinação da chuva erosiva de uma chuva individual é realizada com a análise dos pluviogramas, sendo necessárias longas séries de dados. Vários autores comentam da dificuldade de alcançar esses dados, tanto no Brasil como em outros países (BESKOW et al., 2009; MELLO et al., 2007). Devido à dificuldade de obtenção de dados para o cálculo do índice de erosividade da chuva, o fator R tem 123Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) sido estimado com base em totais mensais de chuva (FERRO et al., 1991). Fournier (1956) desenvolveu um índice que considerou correlacionado com a carga de sedimentos em rios, denominado de Fournier, que é dado por: eq. (111) Em que IF = índice de Fournier (mm); Pmax = precipitação média mensal do mês mais chuvoso (mm); P = precipitação média anual (mm). No entanto, foram verificadas deficiências do IF como estimador do índice de erosividade da chuva dentro do USLE. Entre as deficiências, constatou-se que pequenas quantidades de chuvas mensais podem ter poder erosivo e, assim, um aumento na quantidade total de precipitação deve resultar em um aumento da erosividade. Também se criticou a lógica em que, embora o máximo de precipitação mensal permaneça o mesmo, com o aumento da precipitação anual média, o IF diminui. Diante essas deficiências do IF, Arnoldus (1980) modificou o IF considerando a quantidade de chuva de todos os meses do ano, que passou a ser denominado para índice de Fournier modificado (IFM), estimado por: eq. (112) Em que IFM: índice de Fournier modificado (mm); pi é a precipitação média mensal (mm) e P é a precipitação média anual (mm). O índice IFM tem sido usado para determinar a agressividade da chuva de uma região, e é uma indicação do grau de erosividade das chuvas, no entanto, não deve ser confundido com o índice de erosividade para uso na USLE. O conhecimento da agressividade das chuvas de uma região permite propor de forma sustentável seu uso presente e futuro, realizar o zoneamento de áreas de acordo com seu potencial erosivo e planejar o uso adequado do solo conforme o risco de erosão (RAMÍREZ-ORTIZ et al., 2007). O cálculo do IFM tem como vantagens a facilidade de alcançar longas séries de dados mensais de chuva e, assim, poder representar espacialmente sua variação e também a boa correlação entre o índice IFM e a erosividade da chuva. Ainda destaca-se que as séries pluviométricas disponíveis são relativamente longas e, dessa forma, pode-se obter o valor médio mais representativo e analisar sua variabilidade temporal. Na Europa tem sido adotada a classificação do grau de erosividade da chuva de acordo com a Commission of the European Communities (CEC, 1992). No entanto esses limites se mostram baixos para avaliar a agressividade das chuvas 124 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) nas condições tropicais. Gomez (1975) apresentou valores limites bem superiores aos propostos pela CEC (1992), que parecem mais indicados para as condições do Sul do Brasil (Tabela 42). Tabela 42. Classificação da erosividade das chuvas Grau de agressividade Características da precipitação Limites de IFM (mm) Gomez (1975) CEC (1992) Leve Chuvas leves, frequentes, bem distribuídas <140 <60 Baixa Chuvas de baixa intensidade, frequentes, bem distribuídas 140 – 210 60 – 90 Média Chuvas de intensidade mediana, frequentes, de boa a regular distribuição 210 – 280 90 – 120 Alta Chuvas fortes, frequentes ou não, de distribuição boa ou má 280 – 350 120 – 160 Muito alta Chuvas frequentes ou não, de distribuição boa a má >350 >160 Com a dificuldade de obter séries de chuvas de alta resolução temporal, uma alternativa muito usada é a estimativa do índice de erosividade a partir das médias pluviométricas mensais, que Waltrick et al. (2015) denominaram de método pluviométrico. Esse método tem a vantagem de poder ser aplicado facilmente em um número grande de locais, uma vez que os dados de pluviômetros são os mais simples de serem atingidos e possuem séries históricas longas na maioria das localidades brasileiras (CASSOL et al., 2008; MAZURANA et al., 2009). No entanto, para utilizar o método pluviométrico, há necessidade de uma equação de correlação com o método pluviográfico (WALTRICK et al., 2015). O meio mais utilizado para estimativa da erosividade por método pluviométrico consiste em correlacionar os valores médios mensais de erosividade EI30 com os valores do coeficiente de chuva (Rc), que são dados pelo IFM, obtido por: eq. (113) 125Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) em que: Rc = coeficiente de chuva, em mm; p = precipitação mensal média, em mm; e P = precipitação anual média, em mm. Na regressão, geralmente são empregados os modelos linear e potencial, conforme: eq. (114) eq. (115) Em que a e b são os coeficientes ajustados para determinada estação pluviográfica. A Figura 37 traz o exemplo das equações ajustadas para Chapecó (BACK et al., 2016) em que foi alcançado melhor ajuste no modelo linear (R²= 0,744). Figura 37. Equação de regressão ajustada para Chapecó, Santa Catarina. Fonte: adaptado de Back et al. (2018). Na Tabela 43 constam os valores de erosividade obtidos em estudos baseados nas estações pluviográficas em Santa Catarina e duas estações no Paraná que, devido à localização, podem ser usadas para alguns municípios catarinenses. Na Figura 38 consta a representação das áreas de influência dessas estações. Na Tabela 44 constam as equações ajustadas para cada estação. 126 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 43. Estações pluviográficas com estudos de erosividade de chuvas de interesse em Santa Catarina com o período de dados usados, valores de precipitação média anual e erosividade Estação Período Precip.(mm) Fator R MJ mm ha−1 h−1 ano−1 Autor 1 São Miguel do Oeste 1992-2008 1891,8 9535,3 Back et al. (2018) 2 Chapecó 1976-2014 2050,5 8957,3 Back et al. (2018) 3 Ponte Serrada 1986-2000 2127,8 8904,0 Back et al. (2018) 4 Campos Novos 1984-2014 1790,0 8704,8 Back et al. (2017) 5 Videira 1985-2015 1765,7 7340,8 Back et al. (2017) 6 Caçador 1984-2014 1482,6 6387,1 Back et al. (2017) 7 Porto União 1973-1992 1742,8 6622 Back (2018b) 8 Lages 1969-2014 1484,9 5056,6 Back (2018a) 9 Urussanga 1980-2012 1781,7 5662,0 Valvassori & Back (2014) 10 Florianópolis 1986-2012 1638,2 7522,0 Back & Poleto (2017) 11 Indaial 1970-1983 1705,0 7025,0 Back & Gonçalves (2017) 12 Paraná Sudoeste – – – Rufino et al. (1993) 13 Paraná Leste – – – Rufino et al. (1993) *Trabalhos enviados para publicação. Figura 38. Polígonos de área de representatividade das equações de erosividade. Fonte: Back & Poleto (2018). 127Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 44. Equações de estimativa de erosividade aplicadas para o estado de Santa Catarina Estação Modelo LinearEI30 = aRc+b Modelo Potencial EI30 = aRcb a b R² a b R² 1 São Miguel do Oeste 35,57 299,2 0,7980 83,07 0,8640 0,9039 2 Chapecó 44,31 109,6 0,7440 77,07 0,8484 0,6657 3 Ponte Serrada 41,8599,4 0,7946 68,56 0,8706 0,8424 4 Campos Novos 39,2 101,3 0,7594 64,00 0,8775 0,7433 5 Videira 41,08 46,5 0,7297 48,64 0,9608 0,7702 6 Caçador 23,80 234,6 0,8652 127,5 0,5725 0,8455 7 Porto União 39,6 74,4 0,4442 59,31 0,8883 0,4682 8 Lages 35,4 49,1 0,5137 46,1 0,9262 0,4790 9 Urussanga 45,10 -127,0 0,908 14,74 1,312 0,8483 10 Florianópolis 49,44 -9,52 0,8485 30,41 1,162 0,8927 11 Indaial 40,86 68,74 0,7090 66,54 0,8395 0,6286 12 Paraná Sudoeste 52,20 146,86 – – – – 13 Paraná Leste 40,71 33,26 – – – – 6.9 Classificação da erosividade Para a interpretação da erosividade, foram propostas classificações dos valores de erosividade. Carvalho (2012) apresenta a classificação da erosividade média anual conforme a Tabela 45. Outra proposta de classificação dos valores médios mensais e anuais é apresentada na Tabela 46. Tabela 45. Classes para interpretação dos índices de erosividade Intervalo (tm mm ha−1 ano−1) Interpretação R<250 Erosividade fraca 250<R<500 Erosividade média 500<R<750 Erosividade média a forte 750<R1000 Erosividade forte R>1000 Erosividade muito forte Fonte: Carvalho (2012). 128 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Para converter as unidades do sistema métrico (kgf M-1) de unidades apresentadas na Tabela 45 para o sistema internacional (MJ), Foster et al. (1981) indicam a multiplicação do valor por 9,81. Rufino et al. (1993) apresentam a conversão com o fator de aceleração da gravidade de 9,80665. Tabela 46. Classes de erosividade da chuva média anual e mensal Classe de erosividade Valores de erosividade (MJ mm ha−1h−1) anual mensal Muito baixa R<2500 R<250 Baixa 2500<R<5000 250<R<500 Média 5000<R<7000 500<R<700 Alta 7000<R<10000 700<R<1000 Muito alta R>10000 R>1000 Fonte: adaptado de Santos (2008). 6.10 Variação sazonal da erosividade O conhecimento da variação sazonal da erosividade é importante para programar as práticas de conservação do solo e definir as épocas mais críticas com relação à erosão. As distribuições relativas do índice de erosividade e da precipitação durante o período analisado são representadas com objetivo de identificar as épocas mais críticas. Nessa representação, quanto maior for a inclinação da curva para determinado período, maior é o risco de ocorrência de erosão no solo, demandando maior atenção com aplicação de práticas conservacionistas nesse período. Em Santa Catarina, verificou-se uma distribuição relativamente uniforme da erosividade e da chuva ao longo do ano (BACK et al., 2016; VALVASSORI & BACK, 2014). Em algumas regiões brasileiras existe uma variação sazonal mais acentuada, como observada por Almeida et al. (2012), que citam proporção igual ou maior de 94% da erosividade ocorrendo nas estações de primavera e verão. Lombardi Neto (1977) constatou que, em Campinas (SP), 90,7% do índice de erosividade estiveram associados ao período de outubro a março, quando a precipitação é de 80,1% do total anual. 129Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 6.11 Exemplo de estimativa de erosividade pelo método pluviométrico Na Tabela 47 constam os dados de precipitação média de Saudades, na região oeste de Santa Catarina. Com esses valores foram calculados os valores de coeficiente de chuva e, usando a regressão linear ajustada para Chapecó (Figura 37), foram estimados os valores de erosividade (EI30). Na Figura 39 estão representados os valores de precipitação e erosividade estimada pelo método pluviométrico. A Figura 40 mostra os valores acumulados de precipitação e erosividade. A soma da coluna Rc corresponde ao IFM. No exemplo, obteve-se o valor de IFM de 163,7mm que, na classificação de Gomez (1975), corresponde à classe de baixa agressividade, caracterizado por chuvas de baixa intensidade, frequentes e bem distribuídas. Figura 39. Variação sazonal da precipitação e da erosividade de Saudades, Santa Catarina 130 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Tabela 47. Precipitação média observada e erosividade estimada para Saudades, Santa Catarina Período Precipitação (mm) Rc (mm) EI30 (MJ ha mm−1 h−1) Classe de erosividade Janeiro 169,2 14,94 771,5 Alta Fevereiro 175,5 16,07 821,7 Alta Março 136,9 9,78 542,9 Média Abril 161,2 13,56 710,4 Alta Maio 147,7 11,38 614,0 Média Junho 165,8 14,34 745,2 Alta Julho 143,1 10,68 583,0 Média Agosto 107,6 6,04 377,3 Baixa Setembro 175,1 16,00 818,5 Alta Outubro 216,5 24,46 1193,3 Muito Alta Novembro 149,7 11,69 627,7 Media Dezembro. 168,2 14,76 763,7 Alta Ano 1916,5 163,7 8569,2 Alta Figura 40. Valores acumulados de precipitação e erosividade de Saudades, Santa Catarina 131Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) 7 Programa HidroClimaSC O programa HidroClimaSC, disponível em http://docweb.epagri.sc.gov. br/pub/HidroClimaSC.zip, contém rotinas para calcular e exibir informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses. Na tela Município (Figura 41), deve-se selecionar o município de que se deseja descrição climática e hidrológica. Estão cadastrados os 295 municípios catarinenses, com suas respectivas coordenadas (latitude, longitude e altitude média), que ficam indicadas na tela. No campo Procura, pode-se digitar o município, que o programa o localizará pelos caracteres digitados. Figura 41. Tela “Município”, do programa HidroClimaSC As coordenadas do município e a altitude são importantes nos procedimentos que utilizam as equações de regressão para estimativa das variáveis, como temperatura, horas frio e também no cálculo da radiação solar. Por isso, o usuário poderá digitar o valor mais exato do ponto do qual deseja a descrição. Para os dados de evapotranspiração potencial (ETo), temperatura máxima, temperatura média, temperatura mínima e horas frio, o usuário poderá escolher entre as equações sugeridas por Massignam & Pandolfo (2006a, 2006b) ou a equação apresentada por Wrege et al. (2012), válida para todo Sul do Brasil. Os dados de temperatura máxima e mínima absoluta, umidade relativa, velocidade do vento e insolação foram obtidos por meio geoprocessamento a partir dos dados apresentados por Wrege et al. (2012). As informações de precipitação e dias de chuva foram colhidas do trabalho de Miguel & Back (2015b). 132 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Temp. Decendial (Figura 42), apresentam-se os valores médios descendias de temperatura máxima, média e mínima. Esses valores estão representados no gráfico que permite algumas modificações para sua formatação. Figura 42. Tela “Temp. Decendial”, do programa HidroClimaSC Figura 43. Tela “GraficoTMensal”, do programa HidroClimaSC Na Tela GraficoTmensal (Figura 43) consta o gráfico com os valores de temperatura média mensal, em que o usuário poderá selecionar as variáveis que deseja representar, bem como formatar o gráfico. 133Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela ETo (Figura 44) constam as opções para adquirir o dado de evapotranspiração. As opções disponíveis são: o Mapas – em que os valores são obtidos a partir do geoprocessamento dos dados de Wrege et al (2102). o Thornthwaite – Valores calculados pelo método de Thornthwaite com os dados de temperatura média mensal. o Penman – Valores calculados pelo método de Penman com os dados de temperatura média, umidade relativa, insolação e velocidade do vento mensal. O usuário ainda deverá informar valores de refletância, e os coeficientes da equação de Angström-Prescott, ou aceitar os valores indicados. o Penman-Monteith – Valores calculados pelo método de Penman-Monteith com os dados de temperatura média, umidade relativa, insolação e velocidade do vento mensal. O usuário ainda deverá informar valores de refletância e os coeficientes da equação de Angström-Prescott,ou aceitar os valores indicados. Figura 44. Tela “GraficoTMensal”, do programa HidroClimaSC Ao clicar em Calcular, o programa HidroClimaSC efetua os cálculos e apresenta os resultados na tabela e no gráfico. Ao clicar em Adotar, o programa HidroClimaSC transfere os dados de ETo para a planilha de cálculo do balanço hídrico 134 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Balanço hídrico (Figura 45) constam as rotinas para o cálculo do balanço hídrico climático e classificação climática de Thornthwaite. O usuário deve definir o valor de CAD, sendo indicado o valor padrão de 100mm. São indicados os valores médios de precipitação (P) e evapotranspiração (EP), de acordo com a definição da tela ETo. No entanto, o usuário poderá digitar os valores diretamente na planilha de cálculo. Ao clicar em Calcular, o programa HidroClimaSC efetua os cálculos do balanço hídrico e apresenta os valores dos índices hídricos, de umidade, de aridez e classificação climática. Também são apresentados os gráficos do balanço hídrico climático e o gráfico com déficit e excessos hídricos. Figura 45. Tela “Balanço hídrico”, do programa HidroClimaSC Na tela Köppen (Figura 46) constam as rotinas para a classificação climática de Köppen e indicar o tipo climático, de acordo com a proposta de Braga & Ghellre (1999). Os dados de temperatura e precipitação sugeridos são aqueles definidos na tela Municípios, no entanto, pode-se digitar os dados na planilha. Ao clicar em Classificar, o programa exibe as estatísticas usadas na classificação e as respectivas classificações climáticas. 135Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Chuva mensal (Figura 47) constam as rotinas para os cálculos das chuvas mensais e anuais associadas aos diferentes níveis de probabilidade. São apresentados os valores de média e desvio-padrão obtidos de Miguel & Back (2015b), porém o usuário poderá digitar outros valores. São exibidas as possibilidades de utilizar a distribuição normal ou gama para os valores mensais e para o valor anual. Ao clicar em Calcular, o programa exibe os valores calculados e apresenta os resultados na tela Gráfico chuva (Figura 48). Nessa tela são apresentados dois gráficos – um com as médias mensais e outro com as precipitações para os diferentes níveis de probabilidade. Figura 46. Tela “Balanço hídrico”, do programa HidroClimaSC Figura 47. Tela “Chuva mensal”, do programa HidroClimaSC 136 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Dias de chuva (Figura 49), é apresentado o gráfico com os valores médios mensais do número de dias de chuva. Figura 48. Tela “Gráfico chuva”, do programa HidroClimaSC Figura 49. Tela “Gráfico chuva”, do programa HidroClimaSC 137Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Dias secos (Figura 50) constam as rotinas para calcular as probabilidades de ocorrência de dias secos (e chuvosos) para cada mês. No quadro Opção de limite do dia seco, o usuário deverá selecionar o valor limite, sendo disponíveis os valores de 1,0; 3,0 e 5,0mm com os parâmetros determinados por Miguel & Back (2015a). No quadro Parâmetros são apresentados os parâmetros do modelo segundo a cadeia de Markov de dois estados (secos ou chuvosos) de primeira ordem, que estão representados no gráfico probabilidade de transição. No quadro Período, o usuário deverá escolher para qual mês deseja calcular. Ao clicar em Calcular, os valores no quadro Resultados são exibidos. Figura 50. Tela “Dias secos” do programa HidroClimaSC Na tela Dias consecutivos (Figura 51) constam as rotinas para realizar os cálculos dos dias consecutivos secos e dias consecutivos chuvoso. Deve-se, primeiramente, selecionar o valor limite para definir os dias secos, estando disponíveis três critérios com valores de 1,0, 3,0 e 5,0mm. No quadro dias consecutivos secos, deve-se determinar o mês para o qual se deseja realizar o cálculo e informar o valor do número de dias secos. Ao clicar em Calcular, ou na alteração do número de dias, o programa calcula as seguintes probabilidades: Probabilidade [X=r], que representa a probabilidade de ocorrer r dias secos; Probabilidade [X≤r], que representa a probabilidade acumulada de ocorrer até r dias secos; Probabilidade[X>r], que representa a probabilidade de ocorre mais do que r dias secos no referido mês. 138 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Os procedimentos do quadro Dias chuvosos têm a mesma lógica, calculado a probabilidade de ocorrer r dias consecutivos de chuva. No gráfico estão representados os valores de probabilidade acumulada de ocorrer r dias secos e r dias chuvosos. No quadro Formatação do gráfico pode-se selecionar o mês e definir o limite de dias para os quais se quer representar essas probabilidades. Na tela Radiação (Figura 52), o usuário encontra as rotinas para os cálculos de estimativa da radiação solar e da insolação máxima, de acordo com as fórmulas apresentadas por Allen et al. (1998). O usuário poderá selecionar a unidade de radiação, estando disponives as unidasdes MJ m−2dia−1, J cm−2dia−1, cam cm−2dia−1, W dia−1 e mm. Também podem-se alterar os valores da equação de Angström e o coeficiente de reflexão. Na latitude indicada, é a média do município selecionado na tela Municípios, podendo ser alterada para o ponto de interesse. Os valores de insolação indicados são alcançados por geoprocessamento, a partir dos dados apresentados por Wrege et al. (2012). Ao clicar em Calcular, o programa demonstrará os resultados e gráficos de radiação e insolação. Na tela Chuvas máximas (Figura 53) estão as rotinas para estimativa dos valores de chuvas máximas, de acordo com metodologia descrita em Back et al. (2016). Pode-se estimar a chuva máxima diária com a distribuição de Gumbel ou Gumbel-Chow (BACK, 2001; BACK, 2013). Os parâmetros do modelo (α e β) estão indicados e são sugeridos valores de período de retorno. Esses valores podem ser alterados, embora recomenda-se não extrapolar os limites de 2 e100 anos. Valores mais precisos, por estação pluviométrica, podem ser obtidos em Back (2013). Figura 51. Tela “Dias secos” do programa HidroClimaSC 139Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Ao clicar em Calcular, o programa exibe os resultados da chuva máxima estimada com duração de 1 dia. Para obtenção das chuvas com duração inferior a 1 dia, entre 5 e 1.440 minutos, deve-se informar a chuva máxima diária e o valor da duração desejada, em minutos. Também deve-se selecionar a referência para as relações entre chuvas com diferentes durações, descritas em Back (2013). Figura 52. Tela “Radiação”, do programa HidroClimaSC Figura 53. Tela “Chuvas máximas”, do programa HidroClimaSC 140 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Na tela Erosividade (Figura 54) constam os procedimentos para estimar o fator erosividade da chuva (fator R) da Equação Universal de Perda de Solos. Os valores de precipitação média mensal indicados são os valores médios obtidos para o município baseado em Back et al. (2016). Para cada município, verifica-se a região correspondente e a equação para presumir a erosividade em função do coeficiente de chuva (Rc). O programa apresenta os parâmetros da equação linear e potencial, selecionando aquela com maior coeficiente de determinação (R²). No entanto, o usuário poderá selecionar manualmente essa equação e informar os coeficientes que deseja utilizar, digitando os valores nos respectivos campos. Figura 54. “Tela Erosividade”, do programa HidroClimaSC Ao clicar em Calcular, são exibidos os valores mensais de erosividade, com sua respectiva interpretação de acordo com as classes de erosividade. No quadroFator erosividade exibe-se o valor de R e sua classificação. Também é apresentada a figura com os valores mensais de erosividade e a figura com a variação sazonal da erosividade e da precipitação. Na Tela Mapas (Figura 55), pode-se selecionar o mapa a ser visualizado. Deve-se selecionar a variável desejada, estando disponíveis os mapas de: o Insolação (de janeiro a dezembro e total anual); o Umidade relativa (de janeiro a dezembro e média anual); o Velocidade do vento (de janeiro a dezembro e média anual); 141Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) o Precipitação média (de janeiro a dezembro e total anual); o Precipitação – desvio-padrão (de janeiro a dezembro e total anual); o Precipitação – coeficiente de variação (de janeiro a dezembro e total anual); o Média da série de máximas anuais de precipitação diária; o Desvio-padrão da série de máximas anuais de precipitação diária; o Parâmetro Alfa dia distribuição de Gumbel; o Parâmetro Beta dia distribuição de Gumbel; o Chuva máxima diária com período de retorno de 2 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 5 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 10 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 20 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 25 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 50 anos; o Chuva máxima diária com período de retorno de 100 anos; o Probabilidade de ocorrência de dois dias secos consecutivos (P00), considerando como dia seco valores inferiores a 1,0mm; o Probabilidade de ocorrência de dia chuvoso seguido de dia seco (P10), considerando com dia seco valores inferiores a 1,0mm; o Probabilidade de ocorrência de dois dias secos consecutivos (P00), considerando como dia seco valores inferiores a 3,0mm; Figura 55. Tela “Mapas”, do HidroClimaSC 142 Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) o Probabilidade de ocorrência de dia chuvoso seguido de dia seco (P10), considerando como dia seco valores inferiores a 3,0mm; o Probabilidade de ocorrência de dois dias secos consecutivos (P00), considerando como dia seco valores inferiores a 5,0mm; o Probabilidade de ocorrência de dia chuvoso seguido de dia seco (P10), considerando como dia seco valores inferiores a 5,0mm; o Fator R (Índice de erosividade EI30) da Equação Universal de Perda de Solos; o Fator R (Índice de erosividade EI30) da Equação Universal de Perda de Solos média para cada município; o Classes de erosividade para o estado de Santa Catarina; o Estações pluviométricas e pluviográficas usadas no estudo da erosividade. Na opção Período deve-se selecionar o período (janeiro a dezembro ou, se for, o mapa anual). A cada alteração nas seleções de Variável ou Período, o programa atualiza a exibição do mapa. Na tela Sobre (Figura 56) constam os dados do programa HidroClimaSC, como a versão e data da última atualização e os dados para contato com o autor. Figura 56. Tela “Sobre”, do HidroClimaSC 143Informações climáticas e hidrológicas dos municípios catarinenses (com programa HidroClimaSC) Referências ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. (Irrigation and drainage paper 56). ALMEIDA, C.O.S.; AMORIM, R.S.S.; ELTZ, F.L.F.; COUTO, E.G.; JORDANI, S.A. Erosividade da chuva em municípios do Mato Grosso: distribuição sazonal e correlações com dados pluviométricos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 16, n. 2, p. 142-152, 2012. ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONÇALVES, J.L.M.; SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. 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