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Hemostasia Giovanna Rêgo Baseado no livro “Tratado de fisiologia médica” de Guyton e Hall o O que é hemostasia: É a prevenção da perda de sangue. Quando um vaso é seccionado ou rompido, a hemostasia é ativada pelos mecanismos de: 1- Constrição Vascular; 2- Formação de tampão plaquetário; 3- Formação de coágulo sanguíneo (coagulação do sangue); e 4- Crescimento de tecido fibroso no coágulo para fechamento permanente no orifício do vaso (eventual). o Mecanismo de constrição vascular: Quando ocorre um corte ou rompimento de um vaso sanguíneo, o próprio trauma que ocorre na parede vascular faz com que o músculo liso da parede vascular se contraia, reduzindo instantaneamente o fluxo de sangue no vaso. Resultados: 1- Espasmo miogênico local; 2- Fatores autacoides* locais dos tecidos traumatizados e das plaquetas; e 3- Reflexos nervosos. Os reflexos nervosos são gerados a partir de impulsos nervosos dolorosos ou por impulsos sensoriais vindos do vaso traumatizado ou de tecidos vizinhos. Quanto > a gravidade do trauma no vaso, > o grau de espasmo muscular, podendo durar minutos ou horas. Este tempo refere-se ao processo de formação dos tampões plaquetários e da coagulação sanguínea. * Fatores autacoides: são mediadores inflamatórios (ex.: histamina, serotonina, eicosanoides e PAF e peptídeos – cininas, neuropeptídios, citocinas) o Formação do tampão plaquetário É desenvolvido em casos de cortes ou rupturas pequenas (normalmente ocorrem várias rupturas muito pequenas a cada dia e são seladas por tampões plaquetários, não sendo necessário um coágulo sanguíneo). o Características das plaquetas: São discos pequenos de 1 a 4 micrômetros de diâmetro formadas na medula óssea a partir dos megacariócitos, células hematopoiéticas extremamente grandes. Eles se fragmentam em pequenas plaquetas na medula óssea, mais especificamente quando se espremem pelos capilares. A concentração normal de plaquetas no sangue é entre 150.000 e 300.000 por microlitro. As plaquetas tem características funcionais de células completas, porém não possuem núcleo e não podem se reproduzir. Em seu interior podem ser encontradas: - Actina e miosina, proteínas contráteis presentes nas células dos músculos estriados e a trombostenina, que causa a contração das plaquetas; - Resíduos do retículo endoplasmático e do comlexo de Golgi que sintetizam enzimas e armazenam muitos íons de cálcio; - Mitocôndrias e sistemas enzimáticos capazes de produzir ATP e ADP; - Sistemas enzimáticos que sintetizam prostaglandinas que causam reações vasculares e outras reações teciduais locais; - Proteína “fator estabilizador de fibrina” relacionada à coagulação sanguínea; e - Fator de crescimento que fazem com que as células do endotélio vascular, células da musculatura lisa vascular e fibroblastos se multipliquem e cresçam para produzir crescimento celular e eventualmente ajudar a reparar as paredes vasculares lesadas. Em sua membrana celular existem glicoproteínas que impedem sua aderência ao endotélio normal, porém fornece aderência às áreas que estão lesionadas da parede vascular. Também possui grande quantidade de fosfolipídeos, que ativam múltiplos estágios do processo de coagulação do sangue. Sua meia vida no sangue é de 8 a 12 dias, porém seus processos funcionais tem duração de várias semanas. As plaquetas são retiradas da circulação, principalmente pelos macrófagos do baço. o Mecanismo do tampão plaquetário: Quando a plaqueta entra em contato com a área lesionada, principalmente com as fibras de colágeno da parede muscular, elas alteram suas características de forma rápida e drástica: - Elas se dilatam, assumindo formas irregulares com inúmeros pseudópodos que se projetam em suas superfícies; - As proteínas contráteis se contraem intensamente, liberando grânulos com vários fatores ativos que ficam pegajosos e aderem ao colágeno dos tecidos e à proteína (fator de Willebrand), que vaza do plasma para o tecido traumatizado; - Secreta muito ADP; - Suas enzimas formam o tromboxano A2; - O ADP e o tromboxano ativam as plaquetas vizinhas; - Então, a superfície grudenta das plaquetas recém- ativadas faz com que sejam aderidas as plaquetas originalmente ativadas. Desta forma, a parede vascular lesionada ativa um certo número de plaquetas que atraem mais plaquetas, formando o tampão plaquetário. Este tampão fica inicialmente solto, sendo suficiente para bloquear a perda de sangue se for uma abertura pequena. Caso contrário se inicia os processos de coagulação do sangue, em que são formados filamentos de fibrina para que eles se prendam firmemente às plaquetas, construindo um tampão compacto que a frente será discutido. Importância da formação de tampões plaquetários: Este mecanismo é importante para fechar minúsculas rupturas que ocorrem nos vasos sanguíneos centenas de vezes por dia. Inclusive quando ocorre pequenas rupturas nas próprias células endoteliais, fechadas por plaquetas que se fundem com as células endoteliais para formar uma membrana endotelial adicional. o Coagulação sanguínea do vaso rompido É o terceiro mecanismo para a hemostasia. O coágulo começa a se desenvolver entre 15 e 20 segundos se o trauma for grave, e entre 1 e 2 minutos se for um trauma pequeno. As substâncias ativadoras produzidas pela parede traumatizada, plaquetas e proteínas sanguíneas que se aderem à área traumatizada dão início ao processo de coagulação. Cerca de 3 a 6 minutos após a ruptura do vaso, toda a abertura ou extremidade aberta do vaso é ocupada pelo coágulo se a abertura não for muito grande. E após cerca de 20 minutos a 1 hora, o coágulo se retrai e fecha ainda mais o vaso. o Organização fibrosa ou dissolução do coágulo Quando o coágulo se forma ele pode ter dois caminhos: 1- Ser invadido por fibroblastos, consequentemente forma-se um tecido conjuntivo por todo o coágulo; ou 2- Pode se dissolver. Usualmente, o coágulo formado em um pequeno orifício é invadido por fibroblastos algumas horas depois da formação do coágulo (que é promovida parcialmente pelo fator de crescimento liberado pelas plaquetas). Essa invasão continua até o coágulo estar totalmente organizado em tecido fibroso. Esta ação dura normalmente de 1 a 2 semanas. Por outro lado, quando uma quantidade de sangue em excesso vazou para os tecidos e os coágulos não ocorreram onde eram necessários, algumas substâncias presentes dentro do coágulo são ativadas e elas atuam como enzimas para a dissolução do mesmo. o Mecanismo geral da coagulação sanguínea: Existem mais de 50 substâncias que causam ou afetam a coagulação do sangue: - Procoagulantes: promovem a coagulação - Anticoagulantes: inibem a coagulação A coagulação ou não do sangue depende dos dois grupos de substâncias citados acima. Normalmente, na corrente sanguínea os anticoagulantes são predominantes para que o sangue não coagule enquanto circula nos vasos. Porém, quando o vaso é rompido os procoagulanres da área tecidual afetada são “ativados” e predominam sobre os anticoagulantes, desenvolvendo assim o coágulo. As três etapas da coagulação são: 1- Com a ruptura do vaso ou problemas relacionados ao próprio sangue, a resposta é de uma cascata de reações químicas tendo a participação de mais de 12 fatores de coagulação. Tendo como resultado a formação do complexo de substâncias ativadas que se chama “ativador da protombina”. 2- O ativador da protombina catalisa a conversão da protombina em trombina. 3- A trombina atua como uma enzima que converte o fibrinogênio em fibras de fibrina, formando um emaranhado de plaquetas, células sanguíneas e plasma para formar o coágulo. Esquema de conversão da protombina em trombina e polimerização do fibrinogênio para formar as fibras de fibrinas: Ilustração da coagulação de um vaso traumatizado:
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